EntreContos

Detox Literário.

Reconstruindo Sarah Parker (Gustavo Araujo)

Naturalmente, Tony achou curiosa a cena. Mesmo com o metrô lotado, ele conseguiu visualizar a garota que entrava. Tinha o cachecol xadrez enrolado no pescoço, as pontas caindo paralelas sobre o peito. Na cabeça, um gorro verde com o logotipo de um clube de golfe, desses que existem às centenas para vender nas barraquinhas de Greenwich, deixava à vista apenas as pontas dos cabelos castanhos tocando os ombros. A garota vestia um casaco pesado que lembrava aqueles usados pelos trabalhadores do sul de Londres, azul marinho, com botões grandes. Em seu rosto, um óculos de aros invisíveis realçava os olhos também castanhos, grandes e expressivos. Pendurada no ombro, uma bolsa de imitação de couro balançava a esmo, enquanto ela buscava um local para se segurar.

“Mind the gap”, disse a voz mecânica pelos autofalantes. Ninguém prestou atenção. O vagão estava apinhado. A maioria das pessoas se concentrava em seus próprios mundos, conferindo celulares, lendo tabloides ou livros de bolso, enquanto a composição deixava a estação de King’s Cross, deslizando sobre os trilhos com um som afiado.

Tony voltou os olhos para o livro que tinha aberto sobre o colo. “Reconstruindo Sarah Parker”. Era esse o título. Era uma edição pocket, da Random House, já bastante usada. A autora, uma irlandesa chamada Janice Burgess, o dedicara “a todas as vítimas do atentado de 7 de julho de 2005, porque a esperança de um mundo melhor nunca há de morrer”.

Apesar dessa dedicatória piegas, livro era um sucesso incontestável. Por tratar de perdas, de possibilidades que jamais se confirmariam, enfim, por traduzir o estoicismo típico dos ingleses, a história superou, na época de seu lançamento, até o poderoso Harry Potter. Mesmo J.K. Rowling confessara sua admiração pela obra. Por isso tudo, “Reconstruindo Sarah Parker” já figurava há quatro anos na lista de mais vendidos do Times.

Porém, Tony jamais teria começado a ler aquele livro não fosse a insistência de Paul, seu melhor amigo. “Isto aqui vai mudar a sua vida”, disse ele na ocasião, brandindo o exemplar com aquele sotaque inglês típico, que lembra alguém com crise de soluços. Tony até tentou argumentar: “Qual a graça de ler uma história quando já se sabe o fim?”. Mas Paul disse, quase indignado: “Bloody hell, para que tanto preconceito? Só porque é um best seller não significa que é ruim.”

A verdade é que Tony procurava fugir de “sucessos comerciais”, preferindo o universo alternativo de literatura, cinema e música. Gostava disso, de ser diferente, do pouco usual, e nisso Londres era imbatível. Além disso, aquele livro parecia oportunista demais, revelando uma sanha desmedida pelo lucro fácil com a desgraça alheia.

Só que Tony devia muito a Paul e por isso não queria decepcioná-lo. Graças a ele, conseguira a vaga de lavador de pratos no restaurante jordaniano “Encantos de Petra”. Não era, assim, uma ocupação dos sonhos, mas não havia muitas alternativas para imigrantes ilegais, especialmente vindos do Brasil. Era isso ou esfregar o chão de algum pub falsificado e lotado de turistas em Westminster.

O fato é que Tony acabou aceitando e, há alguns dias, vinha lendo a história a conta-gotas, durante o trajeto que fazia diariamente desde Finsbury Park, onde vivia em uma pensão modorrenta, até Earl’s Court, onde ficava o restaurante.

Já estava na página 56 e, até aquele momento, nada havia prendido sua atenção.

Nada até aquela garota entrar no metrô.

Ela parecia uma versão “ao vivo” de Sarah Parker. Sim, a descrição contida no livro correspondia exatamente à dela. Bem, provavelmente era alguém que tinha lido a história e, por algum desses motivos que escapam à compreensão mundana, resolvera homenagear a protagonista. Coisa de adolescente, pensou Tony.

De todo modo, não era difícil compreender a razão por que muita gente se apaixonava pela história de Sarah Parker, e por que, afinal de contas, o livro se tornara um sucesso. Sarah era doce, idealista, o tipo de pessoa que recolhia o lixo da rua, mesmo atirado por outros, sem esperar por olhares de aprovação. E, ao mesmo tempo, era forte, decidida e idealista, o amigo que todos queriam por perto.

Retomou a leitura, por fim. Naquele trecho, Janice Burgess descrevia a rotina diária de Sarah. Antes do atentado, ela trabalhava no escritório do Green Peace, próximo ao Covent Garden, e tomava a Piccadilly Line todas as manhãs, por volta das 8h30, quando deixava a pensão em que vivia, na Collier St.

Tony sorriu consigo mesmo. Era a mesma linha que ele usava. Se tivesse vindo para a Inglaterra cinco anos antes, poderia tê-la conhecido. Pensando nisso, riu de sua ingenuidade. Milhões de pessoas usam o underground. Topar com Sarah Parker teria sido tão provável quanto encontrar o Príncipe Charles na fila do táxi no aeroporto de Heathrow.

Sarah trabalhava na área burocrática do Green Peace, mas tinha esperanças de participar de alguma missão real em breve, de embarcar em um dos navios da organização e dar vazão a todos os anseios que alimentava na busca por um planeta socialmente mais justo.

Ingênua, pensou Tony.

Nos dias que se seguiram, a cena se repetiu. A garota-que-se-comportava-como-Sarah-Parker embarcava em King’s Cross no mesmo horário, precisamente às 8h47. Curiosamente, assim como Tony, ela também preferia o primeiro vagão da composição.

Como consequência, Tony acabou criando uma espécie de expectativa involuntária. De segunda a sexta-feira, lá vinha ela, vestida como a protagonista de um dos livro mais vendidos da Inglaterra. Observá-la todas as manhãs, assim de longe, se tornara um desses pequenos prazeres da vida.

Talvez por esse motivo,Tony começou a gostar do livro de Sarah Parker. A verdadeira. A essa altura, ele já sabia que a infância dela em Newbury fora um tanto difícil. Que a relação complicada que ela teve com os pais, somada à necessidade de proteger as duas irmãs mais novas, ajudaram a forjar a personalidade forte e decidida que lhe era característica. Quando ela chegou a Londres, aos dezenove anos, mesmo sem conhecer ninguém, já sabia exatamente o que queria fazer da vida. E foi exatamente aí que Tony se identificou com ela.

Ele próprio tinha vindo do Brasil com uma mão na frente e outra atrás. Batalhou muito para conseguir o básico. Mas em breve conseguiria um emprego de verdade e logo um visto de residência. Não seria mais Antônio, definitivamente. Disso tinha certeza.

Maldito Paul, pensou ele. E maldita cosplay. Por causa deles, o livro o tinha fisgado.

Certa manhã, em que o frio estava especialmente intenso, Tony se encolhia em seu tradicional assento no fundo do vagão quando a garota-que-se-comportava-como-Sarah embarcou com um livro nas mãos. Fones de ouvido pendurados, cujos fios desapareciam dentro do casaco azul, denunciavam que ela também ouvia música.

Tony lembrou-se de um trecho do livro que revelava o gosto musical de Sarah Parker. Atiçado pela curiosidade, e também porque de alguma forma já se considerava quase íntimo daquela garota maluca, levantou-se e caminhou até onde ela estava. Ela normalmente ficava de pé, recostada nos corrimões próximo à porta, no centro do vagão, sob um adesivo antigo que fazia propaganda de férias improváveis nas Bahamas.

Um pouco nervoso, Tony se aproximou dela. A garota não pareceu notar sua presença até o instante em que ele tocou em seu cotovelo. Com um ar contrariado, ela baixou o livro e puxou um dos fones para ouvir o que ele dizia.

— É Beastie Boys? – perguntou Tony, caprichando na pronúncia, tentando esconder o sotaque.

— Tá muito alto? – devolveu a garota.

— Não, não… É que… Desculpa, meu nome é Tony.

— Ah, sim… Prazer. Eu sou Sarah.

Um segundo de silêncio envolveu o ar incrédulo de Tony.

— É mesmo? – perguntou ele, sem conseguir se conter. – Que nem no livro?

— Que livro? Este aqui?

Ela mostrou a ele o livro que estava lendo. “The Beach”, de Alex Garland.

— Ah, não… Você sabe, o livro…

— Desculpe. Não estou entendendo.

Tony tateou o casaco que vestia, em busca do pocket book. Como assim, não estava entendendo? O livro, caramba. O livro de Sarah Parker, a garota que ela imitava.

— Espere um pouco – disse ele, revirando os bolsos da jaqueta.

Porém, antes que conseguisse encontrá-lo, o metrô chegou a Covent Garden e em um segundo a garota desapareceu em meio à multidão que saía do vagão.

Tony riu do inusitado. Deixa para lá, pensou. “Mind the gap”, disse o autofalante. Em seguida as portas fecharam e a composição seguiu na direção de Leicester Square.

Naquela noite, Tony devorava um sanduíche no Chelsea Kitchen, próximo da pensão em que vivia, quando apanhou o livro de sua mochila. Distraidamente, retomou a leitura. O capítulo que se iniciava na página 123 trazia impresso o título “Underground” e relatava um encontro que Sarah Parker tivera com um estranho a caminho do trabalho.

Tony riu da coincidência. Não havia muito mais do que isso, mas ao que tudo indicava, Janice Burgess começaria a explorar a vida sentimental de Sarah Parker, provavelmente baseada em depoimentos dos amigos. Instintivamente, ele torceu para que o romance engrenasse, mas nas cinquenta páginas que se seguiram não houve mais qualquer menção sobre o tal sujeito.

Por volta de meia noite, uma atendente asiática informou gentilmente que o restaurante precisava fechar. Sem escolha, Tony guardou o livro e bebeu o que restava de sua Guinness.

Aquele amanhecer trouxe consigo uma chuva fina e incessante. Apesar da estranha sensação de urgência que lhe acometia, Tony conseguiu manter sua rotina usual, tomando o ônibus e o metrô nos horários de sempre, obedecendo o mesmo ritual. Primeiro vagão, banco traseiro. O trajeto até King’s Cross nunca demorou tanto, pelo menos em sua mente. Tony conferia o relógio a cada minuto, para se certificar de que não haveria atrasos. Ele queria ver a garota. Estava, de alguma forma, talvez por causa do livro, se afeiçoando a ela.

Por fim, a composição chegou à estação esperada. Tony tentou mostrar calma, mas por dentro sentia que o coração poderia sair pela boca a qualquer momento. Pessoas inundaram o vagão como um estouro de boiada filmado de trás para frente, até que ela, enfim, apareceu. O gorro verde, o casaco azul pesado, os óculos de aros invisíveis. Sarah – fosse esse mesmo o nome dela – era realmente bonita. Não uma beleza dessas de capas de revista, mas uma beleza comum, como as que têm as garotas que gostam de viajar.

Ela trazia às costas um estojo de violoncelo. Tony viu aí sua chance. Acenou para a garota, mas ela, a alguns metros dali, não percebeu seus movimentos atabalhoados. Até que um sujeito grande, com a barba por fazer, cutucou-a e apontou com o queixo para onde ele estava. Sarah relutou um instante, mas acabou cedendo quando o viu se levantar, oferecendo o lugar para que se sentasse.

— Deve ser pesado isso aí – disse ele, meio sem jeito.

— Até que não – respondeu ela sem tirar os fones do ouvido.

— Você toca? – insistiu ele.

— Não. É para um amigo.

Um instante se passou e ela olhou para ele.

— Já nos conhecemos?

Tony pensou em falar do livro, sobre o encontro rápido do outro dia, mas achou melhor deixar isso de lado. Não queria parecer um adolescente descontrolado. Além disso, talvez parecesse ridículo. O melhor era falar de coisas mundanas, como as brigas dos irmãos Gallagher do Oasis ou as razões porque o The Verve deveria ser considerada a melhor banda inglesa da última década.

Quando o metrô chegou ao Covent Garden, Tony desembarcou com Sarah. Por causa disso, iria se atrasar para o trabalho. Dane-se, pensou. Depois pensaria em uma desculpa. Fingindo despreocupação, ofereceu-se para ajudá-la a carregar o violoncelo até onde fosse necessário. Ela pareceu um pouco desconfiada, mas acabou aceitando. Seguiram até a Bow St, falando sobre música e, por fim, chegaram a um prédio de tijolos vermelhos.

— É aqui – disse ela.

— Tudo bem, então – respondeu Tony, entregando-lhe o violoncelo.

Com um breve aperto de mão ela se foi.

Tony fez meia volta, já se questionando por que não fora mais ousado, quando a ouviu dizer:

— Ei, obrigada!

A imagem ficaria em sua mente enquanto vivesse. O sorriso dela. A perfeição de dentes, boca e olhos compondo uma expressão apaixonante. Nem mesmo o mau humor do Senhor Mohammed, que certamente o recepcionaria com sete pedras na mão quando ele enfim chegasse ao trabalho, seria capaz de apagar aquele registro.

À noite, mais uma vez à mesa do Chelsea Kitchen, ele abriu seu pocket book. E, como se fosse um diário, Janice Burgess retratou o momento em que Sarah Parker descobriu-se interessada pelo jovem que conhecera no metrô. O mesmo que a abordara tempos antes e que desta vez se oferecera para ajudá-la a levar um violoncelo até a sede do Green Peace, na Bow St.

Tony leu o trecho três, quatro vezes. Sentiu um calafrio nos ombros. Aquilo tudo era muito mais do que simples coincidência. Fechou o livro e o examinou uma vez mais, como se fosse uma espécie de artefato místico.

Sacou o celular e telefonou para Paul.

— Eu tô no livro – disse ele, sem cerimônia.

— Bloody hell, sabe que horas são?

— Eu tô no livro, Paul. Eu sou o sujeito do violoncelo.

— Do que você tá falando?

— O livro da Sarah Parker, aquele que você me emprestou, esqueceu?

— Ah, sim… O livro. Mas você ainda não acabou?

— Não… É que… Eu tô lá. Eu tô na história. Eu encontro a Sarah todos os dias no metrô. Eu falei…

— Ei, ei! Calma, rapaz. Tá ficando louco, é?

— Mas, Paul… Acredite em mim! Sou eu…

— Tony-boy, eu preciso dormir. Sério. Não tenho tempo para isso agora.

— Mas é que…

— Cara, esse livro foi escrito há cinco anos. Sarah Parker morreu. Você sabe disso. Morreu no atentado.

— Então eu tô encontrando um fantasma.

— É você que está dizendo isso.

Houve um instante de silêncio.

— Amanhã a gente se fala, Tony. Vai dormir.

Obviamente, Tony não conseguiria dormir. A ansiedade já o dominava por completo. Leu mais algumas páginas do livro, até que a atendente asiática se aproximou da mesa em que ele estava. Resignado, guardou o livro e tomou a direção da pensão. Seria uma longa noite.

— Vamos ao Hyde Park? – sugeriu Tony tão logo Sarah entrou no metrô na manhã seguinte. – Quer dizer, se você pudesse, seria fantástico.

— Agora? Assim, já? – espantou-se ela.

Tony fez que sim com a cabeça. Tinha no rosto a expressão de quem esbanja confiança.

— Mas e o meu trabalho? Eu…

— Telefone e diga que você não está passando bem.

Sarah olhou desconfiada.

— Essa desculpa é perfeita – disse Tony. — Sempre funcionou comigo na época da escola.

Sarah pensou por um instante.

— Quer saber? Que se danem.

Prosseguiram até o Hyde Park Corner. Desembarcaram e tomaram a trilha que levava ao lago, seguindo até o restaurante Lido, onde pediram uma mesa. O garçom trouxe-lhes um cappuccino e Sarah acendeu um cigarro.

Conversaram por horas. Sarah contou a Tony sobre os dias em Newbury e como havia batalhado duro até conseguir o emprego no escritório do Green Peace. Tony ouvia extasiado. Estava enfeitiçado por ela. Fosse fantasma, fosse uma impostora, ele já não se importava. Dividiu com ela sua história, desde a infância no Brasil até os planos para conseguir o visto de residência na Inglaterra.

Quando Tony abriu o livro à noite, já sabia o que iria encontrar. Lá estava descrito minuciosamente o encontro de Sarah com o rapaz do metrô no Hyde Park. No livro, chamavam-no Anthony e diziam que ele era argentino, um erro o que só confirmava o óbvio.

Sua história com Sarah Parker estava ali, impressa nas páginas.

Foi quando uma onda de calafrio escalou sua espinha. Instintivamente, analisou quanto faltava para o fim. Pouco. Muito pouco.

“Sarah morreu”, Paul tinha dito. Tony sabia disso. Todo o mundo sabia. Por isso o livro vendera como água. Mas agora… Deus, como ler um livro cujo final já é conhecido, cujo final vai te deixar arrasado? Não, Sarah não podia morrer. Deveria haver alguma coisa, algum jeito para que o fim fosse mudado, para que ela sobrevivesse.

Talvez se ele deixasse de ler o livro… Talvez isso a salvasse. Mas, pensando melhor, não daria certo. Ela só estava viva ali, porque brotava das páginas amareladas daquele exemplar carcomido cada vez que ele o lia. Se Tony o guardasse, ou o escondesse, Sarah simplesmente desapareceria.

— O que aconteceu, aconteceu. Ninguém muda isso.

Paul estava nervoso.

— Mas eu acho que posso salvar ela.

— Para com essa porra… Já deu para a cabeça!

— Não vou deixar que ela embarque no metrô no dia 7 de julho de 2005.

— Como é?

— O livro é uma máquina do tempo, Paul. Cada vez que eu leio, sou transportado para lá. Para 2005. Por isso eu posso salvar a Sarah, entendeu?

— Oh, for Christ’s sake… Que parte do “já aconteceu” você não conseguiu entender? Não existe viagem no tempo.

— Por que você não acredita?

— Porque isso é ridículo. Quer parar? Síndrome de Back to the Future, é?

— Achei que você era meu amigo.

— Não banque o sentimental, isso não tem nada a ver com amizade. Essa garota que você diz encontrar é só uma maluca que se veste como a verdadeira Sarah. Não percebe isso?

— Mas por que tudo o que eu e ela fazemos está descrito aqui?

Paul tomou o livro das mãos de Tony.

— É isto aqui que falta para terminar? – perguntou ele, mostrando o marcador.

— Sim.

— Pois eu vou te dizer. Já li este livro cinco vezes. Em todas elas Sarah Parker morreu. Sei que é difícil para você acreditar, mas é só ler…

— Eu não vou ler. Minha história com ela não vai terminar aí.

— Se você não ler, não vai mais encontrar a garota. Não é essa a sua teoria?

Tony ficou em silêncio.

Paul deixou as palavras decantarem. Então completou, com aquela condescendência que os pais reservam aos momentos de teimosia dos filhos pequenos:

— A história já terminou, Tony. Não dá para mudar nada. Em vinte páginas ela estará morta. E o rapaz também.

Naquela manhã, Tony esperava por Sarah na plataforma de King’s Cross, às 8h30.

Não dormira um segundo sequer na noite anterior. Acabara lendo o livro até o momento em que Sarah Parker embarcava no metrô, às 8h47 do dia de 7 de julho de 2005. Obviamente, Janice Burgess reservara o ápice da história para o final: o instante em que tudo explode, em que o underground é tomado pelas chamas. O instante em que Sarah se vai.

Tony fechara o livro quando faltavam duas páginas para o fim. Não queria encarar o óbvio.

Agora olhava para as pessoas que aguardavam na estação. Em poucos minutos, tudo aquilo iria explodir e não havia nada que ele pudesse fazer.

Por um instante, aferrou-se à ideia de que Paul estaria certo. Tudo poderia ser apenas uma grande coincidência. Ele, Sarah, tudo o que ocorria no livro era só um acaso, uma infeliz trapaça do destino para atormentá-lo. Sua realidade era essa: 2010. Jamais voltara no tempo. Tudo não passava de um delírio, um desejo talvez, mas só imaginação.

Olhou o relógio novamente: 8h45. Nenhum sinal de Sarah. Ele estava ali, próximo ao local em que o primeiro vagão haveria de parar. Sarah entraria por ali, só que até o momento, nada. Ao longe, o apito do metrô anunciava sua aproximação. A ausência de Sarah de certa forma o tranquilizava. Tudo não passava de coincidência mesmo. É o que repetia para si.

“Mind the gap”, despejou o autofalante. As portas se abriram e uma multidão desembarcou. Tony olhou para os lados, mas não viu sinal de Sarah. Em seguida, os passageiros que aguardavam começaram a entrar. Nada dela, porém.

Um sinal indicou que as portas iriam se fechar.

Foi quando ele, com o canto dos olhos, viu uma garota correndo na direção do terceiro vagão da composição, o que ficava mais próximo da escada rolante. Alguém que estava atrasada.

Sarah.

Sem pensar, Tony embarcou também. Em meio à multidão que se espremia, abriu caminho até a porta da retaguarda do vagão. E sem se preocupar em ser educado, afastou as pessoas do vagão seguinte como Moisés abrindo o Mar Vermelho até chegar ao fundo outra vez. E de novo. Até que viu Sarah encostada na porta lateral.

Olhou o relógio: 8h49.

Quando ela o viu, um sorriso se desenhou em seu rosto. Ele também não conseguiu evitar um fugaz instante de felicidade.

Abraçou-a. Um minuto de amor. O mais intenso que poderia ser. Pensou em dizer que a amava, mas isso seria inútil.

Ao fechar os olhos, deixou-se envolver pelo fim do livro.

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37 comentários em “Reconstruindo Sarah Parker (Gustavo Araujo)

  1. Amanda Gomez
    12 de abril de 2019

    Que sensação estranha haha. Terminei de ler o conto é fui no Google pesquisar sobre o livro…pq né… Não é possível que algo dito com tanta clareza e verossimilhança possa não existir. É não existe! Com exceção de Londres e do atentado tudo foi criado de forma minusiosa por você. A referência a JK e etc me fizeram mesmo acreditar que existia, já queria ler o livro e tudo mais rs… Mas passado esse “choque” falemos do conto em sim

    O começo é vago, no sentido de não nos mostrar de imediato a que veio, é uma construção mais lenta. Então aparece Sarah, então ele fala com ela e então o entendimentosobre o que está acontecendo, o que virá fisga completamente o leitor. impossível não pensar na Casa do Lago. Gosto de histórias assim, é complexo necessita habilidade que não faltou aqui.

    Enfim, gostei muito do conto e das emoções conflitantes provinda dele. Parabéns, Gustavo, um conto memorável, você parece gostar bastante dessa criação. Gostei da história dentro da história e tudo ser ficção, claro … infelizmente o atentado não.

    ( Engraçado ler comentários de tempos a atrás quando bem estava por aqui rs)

    • Gustavo Araujo
      13 de abril de 2019

      Oi, Amanda, valeu pelo comentário! Sim, é um dos meus contos favoritos. Na época em que o escrevi eu estava há tempos sem produzir literatura, de modo que isso significou uma retomada dessa atividade tão prazerosa (você é testemunha disso, né?).

      Lendo o conto hoje, percebo muitas mais de suas falhas, em especial as menções insistentes às características de Londres, aos costumes londrinos e tal. Mas ainda gosto muito do plot, desse mergulho de cabeça no livro por parte de Tony, desse amor que ele desenvolve por Sarah. Trata-se, enfim, de uma história de amor e acho que por conta disso é que o pessoal acabou curtindo. Fico feliz que você também tenha gostado.

      Ah, e sim, claro que é curioso ver as impressões do nosso pessoal — tanta gente conhecida, né? — feitas há mais de cinco anos. A maneira como se expressavam, como criticavam, como elogiavam…

      É mesmo uma viagem no tempo.

  2. Iolandinha Pinheiro
    4 de setembro de 2016

    A impressão que se tem, lendo o conto, é que o autor vivenciou a história, que já andou neste metrô, já teve um patrão chamado Mohamed e até lavou pratos para se virar em Londres. Se nunca tiver ido a Londres (embora eu ache que tenha ido) meus parabéns com estrelinhas, a ambientação está perfeita, cuidadosa, convincente. Achei muito interessante utilizar o metrô como fio condutor de Tony ao passado, para viver um romance que jamais aconteceria sem esta ferramenta. Uma pena é saber que ao investir no romance com Sarah Parker ele também está se colocando no cenário da tragédia. Isso, inclusive, dá uma tinta de auto sacrifício que torna o amor de Tony ainda mais intenso, apesar do pouco tempo transcorrido entre o primeiro encontro com Sarah, e o inexorável fim dos personagens. Amigo: Um minuto de amor ficou bonito. Muito. Parabéns pelo conto. Senti seu mergulho na história e mergulhei junto.

    Iolanda,

    • Gustavo Araujo
      13 de abril de 2019

      Lendo seu comentário de novo, Ioio. Devia ter vindo aqui agradecer antes, claro, mas nem mesmo a vergonha me impede de fazer isso agora. Obrigado, minha amiga querida, por suas palavras e pelo incentivo de sempre. Fico feliz que você também tenha se sentido envolvida pela história de amor entre Tony e Sarah. E sim, eu adoro o metrô londrino, com suas histórias, com suas lendas, com seus mistérios. É uma fonte inesgotável de inspiração. Deixo aqui a dica para que você também se deixe perder entre os túneis e as estações.

  3. Gustavo Araujo
    30 de outubro de 2013

    Reproduzo aqui o comentário que fiz no post sobre o resultado do desafio:

    “Sobre ‘Reconstruindo Sarah Parker’, o que dizer? Caramba, o conto ficou em segundo lugar – só perdendo para o fantástico “Spoiler” – o que me deixou extremamente contente. Agradeço de coração os comentários, as observações, as sugestões, as críticas construtivas e até mesmo as destrutivas. Fico muito satisfeito pelo fato de a história ter tocado tanta gente, mesmo com as falhas acertadamente apontadas.

    Confesso que mergulhei fundo para escrevê-la: estudei a cronologia dos atentados ao metrô de Londres em 2005, analisei o sistema do underground londrino, seus mapas, seus horários, o comportamento dos seus usuários, além da geografia da própria capital britânica, com seus bairros operários e aqueles habitados por imigrantes. Tudo isso se refletiu na ambientação, algo fundamental para o desenrolar da trama, e que, felizmente, restou compreendida pela maioria das pessoas que leram o conto.

    É muito bacana ver esse esforço recompensado, especialmente considerando o número de excelentes contos enviados este mês.

    Obrigado mesmo!”

  4. Andrey Coutinho
    29 de outubro de 2013

    Sensacional! A viagem no tempo foi explorada de maneira incrivelmente criativa e inusitada. A introdução se arrastou um pouco, mas logo quando Tony citou que a personagem no metrô era idêntica à Sarah Parker do livro, fiquei imediatamente interessado. O desenvolvimento da situação foi bem previsível, mas mesmo assim muito gostoso. Tudo terminou bem redondo e impecável.

    Tem alguns errinhos bestas (a maior parte de digitação, como a falta do artigo o em “Apesar dessa dedicatória piegas, livro era um sucesso incontestável.”), mas é um conto que tem o mérito de ter conseguido iniciar e finalizar uma ótima história com maestria. Recomendei a muito autores do desafio que investissem mais nos seus textos e adicionassem mais texto à narrativa, mas não é o caso aqui. O que está aí posto já contou tudo de maneira suficiente. Parabéns!

  5. fcoglaucobastos
    29 de outubro de 2013

    Gostei do texto. Achei o enredo bastante envolvente.

  6. Juliano Gadêlha
    29 de outubro de 2013

    Excelente. Me senti como Tony em relação ao livro. Torci o nariz de início, mas logo estava fascinado pela leitura. Muito agradável, muito bem escrito, e uma história bastante interessante. Você tem em mãos um roteiro para uma comédia romântica hollywoodiana, e uma que eu assistiria, veja só. Toda a ambientação na Inglaterra, as referências a lugares, livros, personalidades, fatos históricos, tudo contribui para que o leitor se sinta lá. Adorei os personagens também. Enfim, não tenho o que dizer ao não ser parabéns. Ótimo trabalho.

  7. Thata Pereira
    29 de outubro de 2013

    Ah, outro conto que não tenho como comentar de tão apaixonada que fiquei com a história. Aquelas que sentimos vontade de guardar e sempre poder ler… encantada!

  8. Alexandre Leão.
    28 de outubro de 2013

    Agora falo palavrão:…Êh, butão, sô! É este que eu queria ter escrito e até desconfio de 2 autores que o tenha feito. Parabéns! Para mim foi perfeito e como foi dito, quando for publicado, eu compro. Abraços.

  9. Sérgio Ferrari
    28 de outubro de 2013

    Com certeza está na moda. Um amalgama de varias coisas que já vimos…o trato, que se espera ser diferente…a abordagem…achei que não veio. Por minha pessoa (de tudo aquilo q gosto de consumir) confesso q torci o nariz para toda essa concepção. No entanto…a escrita está ai…vc sabe, mas eu não sei o que vc poderia fazer de diferente… Certeza num novo concurso vou buscar adivinhar curiosamente qual será o teu trabalho. :/

  10. Isabella Beatriz Fernandes Rocha
    28 de outubro de 2013

    O.O Muito bom! Lembra Stranger than Fiction e Ruby Sparks. Acho que foi um pouco forçado a viagem no tempo dentro da história, mas fez sentido. Torci, me apaixonei, vou votar!

  11. Frank
    28 de outubro de 2013

    Ideia me cativou bastante assim como o final aberto. Mas acho que ele pode melhorar bastante especialmente a partir de algumas críticas oportunas que foram feitas aqui nos comentários.

  12. Bia Machado
    26 de outubro de 2013

    Gostei. Bem narrado, envolvente, empolgante e desesperador. Sim, eu me desespero com essas histórias de amor tão atribuladas e construídas mesmo com todas as dificuldades temporais (sim, “Em algum lugar do passado” e “A casa do lago” foram para mim tão bons quanto). No entanto, há os detalhes a serem trabalhados, como o pessoal já apontou, mas esse texto é um material riquíssimo, riquíssimo. Daria um livro que com certeza eu compraria. =)

    • Bia Machado
      26 de outubro de 2013

      Em tempo: adorei o final em aberto. Ficarei aqui, torcendo pelos dois. E são por essas sensações criadas por um texto que valem a pena sua leitura.

  13. José Geraldo Gouvêa
    25 de outubro de 2013

    Além da desnecessária ambientação no exterior (não totalmente desnecessária pelo contexto, mas o próprio contexto já me incomodou) este texto padece de um defeito grave: a linguagem de um estudante de oitava série que é bom em português, com um monte de repetições (conte quantas vezes o nome “Sarah Parker” é mencionado). O português muito direto, sem adornos, sem surpresas. Sem falar na quantidade absurda de clichês por frase: todo inglês fala “bloody hell”, os trabalhadores do sul de Londres usam casacos pesados de um certo tipo, etc. É um exercício de pesquisa superficial sobre uma cultura alheia, vazado numa linguagem sem desafios e sem prazeres.

    Além disso, o autor desconhece os tempos verbais adequados, e frequentemente usa o pretérito perfeito em lugar do mais que perfeito, dificultando a compreensão da sequência da ação. Enfim, eu nem cheguei a saber se gosto da história, porque, para mim, o que importa é como se conta a história, não a história em si. E este texto não me atraiu em nada. De fato me repeliu desde a primeira frase, e foi difícil ler uns quatro ou cinco parágrafos até eu perceber que não estava sendo injusto.

    Estou fazendo esta crítica agressiva porque este texto tem mais pretensões que outros aqui, e foi mais elogiado. Justamente porque muitas pessoas enxergam qualidades e fecham os olhos para os defeitos, é preciso apontar estes. Senão, os textos que possuem menos defeitos se igualam com os que os possuem muitos, retirando o mérito de quem escreve melhor. Em nome do mérito, para evitar que um acúmulo de elogios superficiais influa na votação de um conto que possui graves defeitos de linguagem, eu me pus no papel de advogado do diabo.

  14. Leandro B.
    25 de outubro de 2013

    Não gostei muito do início. A insistência em fazer referência à Inglaterra me incomodou um pouco. Sotaque inglês típico, roupa inglesa típica, expressão inglesa típica, filosofia inglesa típica… Saliento isso porque fiquei surpreendentemente grato a partir da terceira parte da narrativa, quando Tony, por fim, aborda Sarah. A partir dali fiquei extremamente envolvido e li com muito prazer o resto do texto.

    Só fiquei com uma dúvida, Tony não poderia tentar reler o livro, adiando o final, mas ainda fazendo o uso da “máquina do tempo”? E, mesmo que não pudesse, me parece que valeria uma tentativa.

    Aliás, muito bacana a idéia de sugerir o livro como o produtor da viagem. De certo modo, todos os livros nos transportam para algum lugar quando lemos, certo?

    Parabéns pelo conto e agradeço profundamente pela oportunidade de leitura.

  15. fernandoabreude88
    25 de outubro de 2013

    Pah, sensacional! Que história, que cenário, que relação primorosa e bem construída entre os dois personagens, que inveja, rs. Parabéns ao autor.

  16. Claudia Roberta Angst - C.R.Angst
    24 de outubro de 2013

    Lembrei também do filme A Casa no Lago e isso foi bom. Fiquei torcendo pelo casal, dentro e fora do livro. Como se o destino já estivesse traçado e definido por estar contido nas palavras de um escritor. Fiquei esperando um ato heroico do personagem para salvar sua amada, mas isso é uma deturpação romântica minha. Achei a ideia muito boa mesmo e foi fácil seguir com a leitura.

  17. Jefferson Lemos
    23 de outubro de 2013

    Cara, eu acho que a descrição desse texto pode ser feito em apenas uma palavra: Fantástico.

  18. marco nazar
    23 de outubro de 2013

    Ótimo conto. Não culpo Tony por apaixonar-se por Sarah; forte, idealista e doce. E ainda ativista do Green Peace. Fiquei torcendo para que Tony conseguisse mudar o final do livro, já que a viagem acontecia somente em sua mente (me corrija se eu estiver equivocado). Para mim, histórias de amor sempre pedem finais felizes, rsrs. Só me incomodou a ambientação e a citação dos lugares (imagens do google “a todo vapor”). Do resto, perfeito. Parabéns!

  19. Felipe Holloway
    23 de outubro de 2013

    A ambientação londrina parece inevitável por uma série de motivos, e, embora a inserção repetida de expressões típicas e a descrição geográfica por vezes supérflua incomode, está suficientemente bem-feita para não soar como pose. Sarah Parker vai ficando mais visualizável à medida que o conto avança, e se salva de ser uma caricatura por pouco. Senti falta de mais associações silenciosas de Tony entre elementos da Sarah do metrô e a Sarah do livro – algo como uma cicatriz acima do olho esquerdo cuja origem ele conhecia da página 42, ou o incisivo meio tortinho que lhe valera um apelido humilhante na escola. São só exemplos, claro, de coisas que poderiam funcionar como fatores de amplificação dessa afeição que se sente por uma estranha de quem, mesmo sem querer, sabemos tudo – por uma estranha que de estranha não tem nada, enfim. A despeito da escassez desses elementos prosaicos, o autor é bem-sucedido em tornar a personagem um ser humano apaixonante. Alguém por quem se entraria num metrô prestes a ir pelos ares, talvez não para morrer junto, mas para tentar salvar. A frase de encerramento está perfeita.

    Equívoco: a informação “Sarah Parker descobriu-se interessada pelo jovem que conhecera no metrô. O mesmo que a abordara no dia anterior…” é concedida parágrafos depois de o narrador afirmar que Tony passara 50 páginas sem encontrar, no livro, nenhuma nova menção ao encontro. A não ser que as tais cinquenta páginas se tratassem de flashback ou abordassem com minúcias apenas os eventos de um período de 24 horas, creio que seja um lapso.

    O termo “idealista” se repete desnecessariamente na frase seguinte àquela que começa com “Sarah era doce, idealista, o tipo de pessoa…”

    No mais, eis outro autor que eu gostaria muito de conhecer. Se é que já não o conheço, claro. =)

  20. Rodrigues
    23 de outubro de 2013

    Cacete, que conto! Está tudo redondo, até esse jeito metódico de explicar, assim como fazem os ingleses. Essa figura sombria da garota delineando o destino do brasileiro é sensacional. Fora isso, ela tem um ar doce e, ao mesmo tempo, fantasmagórico. Gosto também da vida se reescrevendo no livro, que me fez lembrar de um clip chamado Bachelorette, da Bjork, vale a pena conferir. O final, sem palavras, foi demais. Parabéns ao autor.

  21. Gustavo Araujo
    22 de outubro de 2013

    O conto parte de uma premissa interessante: a viagem psicológica, aquela que acontece – ou parece estar acontecendo – na cabeça do protagonista, com todas as consequências da possível insanidade. A ambientação está adequada, ainda que, talvez, muitas pessoas fiquem boiando sobre os lugares descritos. Ao contrário de outros aqui, não achei que o enredo se assemelhasse a “Em Algum Lugar do Passado”. Ainda que tanto lá como aqui exista um caso de amor com alguém que já deixou de viver, a maneira como o protagonista age para encontrar essa pessoa é bem diferente. Talvez se assemelhe mais com “A Casa do Lago”, como disse o Elton. De todo modo, a história pretende envolver quem lê, mas me parece um tanto apressado o final – clássico problema para adequar o conto ao limite de 3500 palavras.

    • Ricardo
      23 de outubro de 2013

      … Com exceção de um nobre senhor por aqui que, em outro conto, construiu sua obra com exatas e (“re”)buscadas 3.500 palavras…! rs!

      #raivadosgêniosliteráriosqueaparecemporaqui!

      😉

  22. TONINHO LIMA
    22 de outubro de 2013

    Pode ser impressão, mas o autor se inspirou levemente, eu diria que sem nenhum demérito, no filme Em algum Lugar do Passado. Como eu adoro o filme e adorei o conto, nenhum prejuizo se fez a ambos. Reconstruí Sarah parker do começo ao fim, com certo entusiasmo até. Parabéns.

  23. Gina Eugênia Girão
    22 de outubro de 2013

    A-do-rei! História, estilo, ritmo, tudo muito bom! Há que se revisar digitação, mas isso é fácil. No entanto, entendi logo o mote do ‘isso vai mudar sua vida’; talvez por isso não saí procurando pela net o livro (pra mim, a verdadeira personagem do conto) (risos). Valeu a leitura!

  24. selma
    22 de outubro de 2013

    muito bem escrito, impecavel.

  25. Ricardo
    22 de outubro de 2013

    Realmente, um dos melhores desenvolvimentos sobre o tema. Com uma escrita rápida e precisa, em pouco tempo o autor agarra a atenção do leitor mais arredio e o instiga com doses certas de tensão e mistério. Mergulho total na trama e domínio da prosa. Quero conhecer mais trabalhos deste autor…

    …Caso não seja quem eu acho que é. 😉

    Parabéns!

  26. Sandra
    21 de outubro de 2013

    Narrativa que merece ser lida. Enredo ótimo. Envolvente, do título (que causou curiosidade num primeiro olhar) ao final. Cheguei a torcer para que houvesse uma reviravolta que justificasse uma “troca de finais” para Tony e Sarah.

  27. mportonet
    21 de outubro de 2013

    Perfeito.

    Fui atrás do livro citado no conto (não achei), só isso demonstra o quanto fui tocado pela narrativa.

    Confesso que torci o nariz nos primeiros parágrafos, já estava rascunhando uma reclamação sobre a ambientação em Londres e de repente fui sugado para o conto como o protagonista foi capturado pelo livro.

    Gostei muito, está entre os melhores que li até agora.

  28. TONINHO LIMA
    21 de outubro de 2013

    Às vezes é difícil definior porque se gosta tanto de um texto. talvez neste caso, seja a forma com que a história foi me envolvendo e me comovendo… só sei que gostei muito.

  29. charlesdias
    21 de outubro de 2013

    Pelo jeito o autor gostou muito de “Em algum lugar do passado” pq essa história é claramente inspirada no tal. Interessante, mas um tanto superficial em minha humilde opinião. Se o livro levava mesmo o personagem para o passado, não vejo como ele não reconheceria isso … roupas, notícias, referências visuais. O final é paradoxal … coisa normal na temática … pois se ela morreu e o passado não pode ser mudado, ele não poderia morrer no passado já que está vivo no futuro. De qualquer forma foi uma leitura interessante.

  30. rubemcabral
    20 de outubro de 2013

    Linda a história! Realmente traz à memória o ótimo “Em algum lugar do passado”.

    Muito boa a escrita, com poucos erros. Gostei bastante.

  31. Marcellus
    20 de outubro de 2013

    Muito bom texto! Apesar de não ser uma “máquina do tempo” no sentido mais formal, “Em Algum Lugar do Passado”, o filme, também não seria. Portanto, está mais que qualificado para o concurso.

    Confesso que tive que procurar o tal livro, da Wikipedia ao Nickelodeon… e essa é a mágica do texto: ele é de fato envolvente. Parabéns!

  32. Elton Menezes
    20 de outubro de 2013

    Sobre a história… MUITO boa. A montagem dos fatos lembra o filme “Casa no Lago”, mas tem uma perspectiva muito própria, quase me fez acreditar na existência do livro. Não gostei da forma muito intuitiva com que o personagem percebeu que ler o livro era uma máquina do tempo, mas culpo o limite de palavras para o concurso. Então, fica minha sugestão que melhore isso no texto definitivo. Sobre o final, senti falta de algo que justificasse o rapaz não tentar impedir o destino sórdido deles. Mas a melancolia foi deliciosa.
    Sobre a técnica. Considerei perfeita. Textos rápidos, bem construídos, com doses precisas de introspecção mesmo que em terceira pessoa. Bom uso de elementos repetidos, para auxiliar na construção do texto, em especial o “mind the gap”.
    Sobre o título… Ótimo!

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Informação

Publicado às 20 de outubro de 2013 por em Viagem no Tempo e marcado .
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