EntreContos

Detox Literário.

O Experimento (Professor)

Otávio gostava de limpar o laboratório de física da universidade. Sempre ficava algum tempo conversando com o professor. Era inteligente e esperto, mas a vida e as circunstâncias tinham moldado seu destino. Limpava em vez de estudar.

Em uma dessas madrugadas onde o sol custava a dar as caras e a alma demorava a voltar ao corpo, mas mesmo assim o trabalho cobrava sua atenção, Otávio encontrou o professor ainda acordado, desvairado nos últimos retoques de, segundo ele, uma descoberta que iria mudar o mundo.

— Está pronto. Só preciso testar!

Otávio limpava o chão sem dar muita atenção. Bocejava, piscava e nada de despertar completamente. Daria tudo para estar em outro lugar.

— Otávio, quer ser minha cobaia?

Ele parou o vai e vem com o esfregão e perguntou:

— Vai ser perigoso?

— Não, de maneira nenhuma. Já testei sozinho, mas agora preciso fazer algumas verificações.

Imaginou que de qualquer forma seria melhor do que continuar limpando o chão, então aceitou.

— O que tenho que fazer?

O professor mostrou uma espécie de máquina parecida com uma pequena nave, que por fora era simples e muito discreta, mas por dentro era cheia de luzes piscando e marcadores luminosos.

— O que é isso?

— Ainda não tem um nome oficial, mas é basicamente um veículo interdimensional.

Os olhos do professor brilhavam enquanto explicava.

— Então, o senhor descobriu novas dimensões, é isso?

— Sim, mas além disso, eu descobri como viajar de uma para outra.

Otávio olhou para ele descrente. Balançou os ombros e esfregou as mãos.

— Então vamos viajar!

Entraram no veículo, colocaram os cintos de segurança, então o professor fez várias perguntas pessoais, como data e local de nascimento, filiação, entre outras, ajustou os painéis de controle e acionou a alavanca que iniciava a viagem.

A pequena nave desapareceu deixando o laboratório da universidade vazio. Tudo ficou escuro dentro do veículo, e Otávio deu um sorriso cético que o professor não conseguiu ver. Logo depois as luzes piscaram e voltaram a acender.

— E aí, deu certo?

— Veja você mesmo.

O professor acionou um botão que deixou visível o que se passava do lado de fora do veículo, que estava em movimento, mas eles não conseguiam sentir.

Luzes coloridas e brilhantes corriam do lado de fora, dançando e pulsando. De repente tudo parou e aos poucos a imagem ficou nítida.

Dimensão A  (A morte)

Estavam assistindo uma cena familiar. Otávio lavando o rosto.

— Sou eu? Como assim?

Todo ceticismo havia desaparecido dando lugar à curiosidade.

— Você é o objeto de estudo, então visitaremos sua vida em algumas dimensões diferentes. Não em todas, é claro, pois levaria a vida toda. Mas em algumas pré selecionadas, mais relevantes para o experimento.

— Ele pode nos ver?

Enquanto isso, o Otávio da dimensão A escovava os dentes encarando seu reflexo no espelho. Tinha olheiras profundas  e os olhos estavam injetados e vermelhos.

— Não. O veículo tem uma camuflagem que nos torna invisíveis, mas se sairmos aí sim ele nos verá.

Então ficaram assistindo a vida do outro Otávio como a um filme.

Ele saiu do banheiro, foi em direção ao quarto, trocou de roupa, olhou longamente para o retrato de Camille e saiu.

— Nessa dimensão também sou casado com a Camille? Qual é a diferença de uma para outra?

— Calma, vamos descobrir.

Continuaram assistindo um Otávio destruído que vagava pelas ruas aparentemente sem rumo. Ruas sujas. Tudo em volta era marrom. Cor de lama. O vento soprava sem parar e uma chuva fina caía constantemente. Otávio entrou em alguns bares, bebeu até cansar e depois de andar mais um pouco, parou em um cemitério. Chorava sobre a lápide de Camille.

— Não gostei dessa dimensão… a gente pode ir embora?

— Só preciso fazer algumas anotações.

Enquanto o professor rabiscava seu livro, Otávio encarava seu outro eu horrorizado. Já havia se perguntado como seria se Camille morresse antes dele, mas nunca imaginara uma realidade tão devastadora. O Otávio da dimensão A parecia completamente sem rumo. Como se sua vida também houvesse acabado, mas mesmo assim era obrigado a continuar de pé.

Como um zumbi.

Assim que o professor terminou suas anotações, partiram para a próxima dimensão.

Dimensão B (O trabalho)

Quando a imagem ficou nítida, Otávio ficou aliviado ao ver Camille na cozinha preparando o café da manhã. Tão linda e saudável. Viu três crianças ao redor da mesa e ele sorrindo e brincando com elas. Se admirou. Não pensavam em ter filhos. Não ainda. Então assistiu maravilhado à sua versão paternal.

Não parecia ruim. Camille estava radiante. Ele parecia feliz e realizado. Tinham duas meninas e um menino, todos quase da mesma idade. O menino era praticamente um bebê ainda, com suas mãozinhas fofas e grudentas e a mais velha puxava o cabelo da irmã que gritava enquanto pegava o último pedaço de bolo.

Continuaram assistindo em silêncio, hipnotizados.

O Otávio da dimensão B tinha uma casa grande e trabalhava em um escritório. Trabalhava muito. Tinha azia. E uma gaveta de contas vencidas. Discutiu no telefone com credores e implorou um aumento ao chefe sem coração. Parou em um bar na saída do trabalho e bebeu apenas um copo de cerveja.  Ficou no carro até o álcool dissipar e entrou em casa. Beijou as crianças que estavam dormindo e deitou ao lado de Camille que fingia dormir.

— Será que em alguma dimensão eu sou realmente feliz?

— Não é feliz na nossa dimensão?

— Eu sou faxineiro. Como poderia ser feliz?

— Acho que o tipo de trabalho não tem influência na felicidade.

— O senhor não entenderia…

O professor olhou com algo parecido com  piedade para ele antes de partir para outra dimensão.

Dimensão C (A apatia)

Estavam em uma praia. O sol ardia e não havia uma sombra sequer. Otávio da dimensão C estava sentado na areia e encarava o mar. Por horas.

— O que aconteceu com ele?

Otávio se remexia no banco de couro.

— Não sei. Mas seria interessante tentar descobrir. — Respondeu ainda escrevendo em seu livro.

Nada acontecia. Otávio continuava torrando no sol e observando o mar. Sem dizer uma palavra. Sem que mais ninguém aparecesse. 

— Existe mais alguém nessa dimensão?

— Não tem como saber…

— Posso ir lá falar com ele?

— Se você quiser… acho que vai ser muito útil para o experimento. 

O professor não tirava os olhos do livro e não parava de escrever. Acionou uma alavanca e uma porta se abriu. O mormaço que entrou na nave já deixou os tripulantes incomodados. Sair seria bem mais difícil do que Otávio imaginava.

Encarou o clima inclemente e foi deixando pegadas na areia fina. Chegou perto do Otávio imóvel e pigarreou. Nada.

— Com licença? Você está bem?

Nenhuma resposta. Cutucou o ombro do outro. Nada. Passou a mão em frente aos olhos dele e não obteve nenhuma reação. Era inútil. Nessa dimensão ele era um vegetal. Ou havia ficado assim. Sabe-se lá o que teria acontecido com ele. Ou talvez ele fosse assim e pronto. Nunca iriam descobrir.

Enquanto voltava para a nave, pensava em sua vida, em como tudo poderia ser bem pior. Haviam existências piores que a sua. Nunca tinha  pensado nisso. Sempre imaginava como seria aqueles que tinham mais sorte, nunca os que tinham menos.

— Nada?

— Nadinha. Acho que essa dimensão é muito entediante.

— Ou, nós que não conseguimos ver o que realmente acontece aqui.

O que quer que acontecesse, parecia uma existência horrível.

Dimensão D (O êxtase)

Tudo era rosa e lilás.  Absolutamente tudo. Céu, árvores, casas, ruas, nuvens, pessoas. Tudo.

Otávio olhou boquiaberto para sua versão lilás. E  Camille era rosa. Os dois ficaram juntos o dia todo. Plantando um jardim e colhendo frutas no pomar. Jogando milho aos pombos. Andando de bicicleta. Jogando jogos de tabuleiro. Assistindo  a um filme.

Eram quase uma só pessoa. Estavam felizes o tempo todo. Parecia exaustivo.

— Eles são estranhos.

— Não queria uma versão feliz sua?

— Ninguém devia ser tão feliz assim. É quase indecente. Não gostei deles.

— Vocês é que é estranho.

Muitas anotações depois partiram para a próxima dimensão.

Dimensão E (A solidão)

Otávio estava em uma balada. Dançava alucinado, bebia muito e beijava todas as moças que encontrava.

— Gostei dessa dimensão!

— Por que casou tão cedo? Se não se importa que eu pergunte…

— Conheci Camille no jardim de infância. Depois disso, sempre estivemos juntos. Pareceu natural casar cedo, mesmo com todas as dificuldades financeiras. Mas olhando pra ele, acho que não aproveitei nada da vida…

— Calma aí, já sabe que nem tudo é exatamente como parece.

Otávio da dimensão E continuou farreando. Até o amanhecer. Voltou para casa sozinho. Dormiu sozinho. Acordou sozinho. Tomou o café da manhã sozinho. Foi trabalhar sozinho. Trabalhava na bilheteria de uma estação de trem. Falava com inúmeras pessoas, mas não conversava com ninguém. Depois do trabalho parou na casa de uma moça, teve um momento bem rápido de intimidade, se despediu e partiu. Sozinho.

— Ainda acha que é uma boa vida?

— Por que não? — Não soou tão confiante dessa vez.

— Trocaria de lugar com ele?

— Eu tenho essa opção?

— Bem, digo hipoteticamente, claro.

A partir daí, uma ideia começou a se formar na mente de Otávio.

Dimensão F (A escuridão)

Tudo escuro. Nuvens cobriam a lua e as estrelas. Ninguém dormia. Ou trocavam o dia pela noite ou nessa dimensão só havia noite.

Otávio da dimensão F era mal encarado e taciturno. Trabalhava em uma biblioteca secreta que vendia livros proibidos. Tinha uma arma de fogo na cintura e uma faca na botina. Camille trabalhava com ele e era mal humorada e sarcástica. Discutiam o tempo todo e aproveitavam as longas pausas entre clientes para dar uns amassos atrás da prateleira de ficção científica.

Eles brigavam com os clientes e espancavam os encrenqueiros, se escondiam da polícia e moravam em uma van. Viviam uma vida louca nessa noite eterna.

— Gostou deles?

O professor tomava notas com um risinho no canto da boca.

— Acho que não… é tudo muito escuro e frenético. Quantas dimensões vamos conhecer ainda?

O professor olhou para os painéis e respondeu:

— Mais algumas só, por que, já está entediado?

— Não, de forma alguma! Quanto mais, melhor.

Precisava encontrar a dimensão perfeita. Mesmo que fosse improvável que existisse perfeição nesse mundo.

Dimensão G (A guerra)

Caos total. Uma completa zona de guerra. Tiros para todos os lados. A cidade toda destruída. Tudo cinza. Até o céu e o sol.

Demoraram para achar Otávio no meio dos escombros. Não havia um minuto de calmaria.

Otávio da dimensão G estava com um fuzil nas mãos. Uma faixa na cabeça sinalizava sua facção. Seus companheiros iam morrendo um a um e ele continuava a atirar, entediado.

Parecia viver todos os dias exatamente do mesmo jeito. Uma eterna guerra sem vencedores. O ódio gratuito contra o próximo e a paixão doentia pela morte. Tão repetitivo que já não impressionava.

Ficaram assistindo ao tiroteio sem que nenhum sentimento surgisse. Como se tudo fosse um jogo de videogame.

Em um instante uma bala acertou Otávio bem entre os olhos e ele caiu de cabeça no concreto. O sangue escorreu e formou uma poça cinzenta.

Game over.

Otávio não se impressionou com a morte de seu outro eu. Pareceu inevitável. Uma alma irremediavelmente perdida.

Dimensão H (A tranquilidade)

Tudo estava molhado e mofado pois a chuva não parava de cair. As pessoas estavam sempre úmidas e tinham uma cor esverdeada, como se estivessem emboloradas. E o Otávio dessa dimensão parecia não se importar nem um pouco.

Trabalhava animadamente em uma pet shop. Amava os animais, era cordial com as pessoas, tinha muitos amigos, Camille o esperava em casa com uma toalha felpuda e uma sopa quente. Eram tranquilos e felizes. Se amavam a noite toda. Tinham momentos de satisfação na solitude. Praticavam atividades juntos e separados e apreciavam igualmente ambas.

— Se não fosse esse clima horrível…

— O que tem?

— Nada… só estava pensando alto. Seria uma dimensão perfeita se não fosse o clima…

— É verdade. Mas a perfeição não existe… pelo menos não como imaginamos.

Dimensão I (A sabedoria)

Viram uma sala confortável, com janelas enormes que davam para um universo em formação. Otávio da dimensão I se movimentava para frente e para trás em uma cadeira de balanço.

— Por que nessa dimensão eu sou tão velho?

— Não faço ideia. Talvez seja hora de uma boa conversa…

Otávio saiu do veículo meio sem jeito. Não queria assustar o velhinho

— Com licença, senhor.

O idoso olhou para ele sem sombra de espanto.

— Você sou eu. Só que diferente.

Ficou aliviado de não precisar explicar.

— Parece que sim… mas o senhor é tão velho, me desculpe…

O senhor sorriu e balançou a cabeça.

— Sou tão jovem quanto sempre fui e tão velho como nunca serei.

— Então o senhor sempre foi assim?

— Exatamente assim. Imutável e eterno.

Otávio coçou a cabeça.

— Ah…  parece interessante.

— É uma existência sábia.

— Sei…

Não tinha mais o que perguntar. Então olhou para a expansão do universo e só desviou o olhar quando o professor o chamou de dentro da nave.

— Já estou indo. Adeus. — Se despediu do senhor.

O idoso não respondeu.

— Você ficou parado lá um tempão.

— Nem percebi, pra mim pareceu poucos minutos.

— E então? O que achou dessa dimensão?

— Não sei. Meio hipnótica. Sem sentido nenhum.

Mas a imagem do universo se formando diante de seus olhos não deixou sua mente por muito tempo.

Dimensão J (O dinheiro)

Sua casa era enorme, cheia de aparatos tecnológicos. Tinha um ótimo emprego e muito dinheiro. Camille estava mais linda do que nunca. Se davam bem. Se divertiam. Tinham um cachorro. O clima era ameno. A vida era fácil.

Bingo!

— O que aconteceria se eu trocasse de lugar com ele? — Apontou para o Otávio da dimensão J que voltava para casa em um carro que dirigia sozinho.

— Na teoria vocês poderiam trocar de lugar, mas na prática isso nunca foi feito, então não sei o que poderia acontecer.

— E o senhor gostaria de saber?

— Você está falando sério? Quer mesmo trocar de lugar com ele?

— Claro!

— Você precisa saber que podem haver consequências desastrosas.

— Não se preocupe com as consequências. Elas serão, supostamente, só para as cobaias. Imagine o valor dessa experiência para a ciência!

— E como vai convencer o outro a vir em seu lugar?

— Ele não precisa aceitar… eu posso bater na cabeça dele e o trazer desmaiado. Aí o senhor inventa alguma coisa quando estiverem em casa.

— Isso não seria nada ético…

— Que se dane a ética.

Esperou do lado de fora da mansão. Procurou algo pesado que pudesse nocautear o Otávio da dimensão J, achou uma pedra grande e lisa, que servia de ornamento para o jardim.

Assim que o outro saiu do carro, Otávio o abordou:

— Olá, amigo! Que tal fazer uma viagem para bem longe?

Admirado e assustado o outro respondeu:

— Quem é você? E porque se parece tanto comigo?

— Digamos que somos a mesma pessoa, mas vivemos vidas diferentes…. E eu quero ficar no seu lugar.

O outro não conseguiu entender e ficou apreensivo com o olhar incisivo de Otávio.

— Calma aí, amigo… podemos conversar… é dinheiro que você quer? Eu posso te dar!

— Ah, isso vai muito além do que apenas dinheiro! Eu mereço a sua vida!

Otávio deixou a pedra à mostra.

— Eu vou chamar a polícia!

No momento em que o outro desviou os olhos para pegar o celular no bolso, Otávio acertou sua fronte com toda a força de sua ambição.

Logo após, o professor voltou para casa com o Otávio da dimensão J desacordado e Otávio tomou posse de sua nova vida.

Depois de algum tempo se atentou a algo que não tinha cogitado antes. Camille não era a sua Camille. A doce, meiga, forte e resiliente Camille que conhecia desde a infância.

A Camille da dimensão J era uma mulher imatura e mimada que estava acostumada a se preocupar somente consigo e nem notou que ele não era mais o mesmo.

A vida glamourosa e tecnológica deixou Otávio inquieto e apático. Não conseguia entender os negócios do outro Otávio e não queria aprender.  Sua essência não combinava com o ambiente.

Passou a desprezar o luxo que tanto queria e ignorar completamente aquela mulher que não conhecia, não amava e não respeitava.

Começou a chamar o professor sempre que estava sozinho. Sabia que em algum momento ele estaria assistindo a sua vida, afinal ainda era uma cobaia e o experimento não havia terminado.

— Professor, eu quero voltar para casa!

— Eu sei que está me ouvindo. Me leva de volta!

— Pelo menos traga a minha Camille e leve embora essa daqui.

Percebeu horrorizado que em momento algum pensou em sua Camille, e em como havia mandado um completo estranho para ficar ao lado dela para sempre.

Havia sido incrivelmente impulsivo, egoísta e covarde. E só agora conseguia perceber.

Enquanto isso, o professor tomava nota do avanço do outro Otávio, que depois de se recuperar do trauma, se adaptou perfeitamente a sua nova dimensão. Ficou encantado com sua Camille e fez tudo o que foi preciso para que ela fosse feliz, conseguiu, com muito esforço, uma vida financeira estável e tranquila.

Na Dimensão J, Otávio ficava cada dia mais inquieto, descontente e furioso. Passou a não ligar para mais nada, nem se importava com quem presenciasse seus rompantes de fúria.

— Você planejou tudo isso, não foi? Me induziu a trocar de lugar e me levou a pensar que a ideia havia sido minha! — Berrava para quem quisesse ouvir.

— Ética! Onde estava a sua ética, professor? Usar como cobaia o faxineiro da universidade! Alguém completamente descartável, não é?

— O senhor tinha que ter me impedido! Como deixou que eu abandonasse minha vida e minha esposa assim, do nada?

Implorou, gritou, xingou, escreveu recados em espelhos, janelas e paredes.

Nunca houve resposta.

Otávio foi dado como louco e nem todo seu dinheiro conseguiu livrá-lo de uma internação compulsória em um hospital psiquiátrico, onde gritava e esbravejava sem parar que não pertencia àquela dimensão, que era um viajante interdimensional que queria voltar para casa. 

O professor assistia a tudo impassível, afinal, seria ainda mais antiético não terminar seu experimento.

Sobre Fabio Baptista

25 comentários em “O Experimento (Professor)

  1. Mauro Dillmann
    11 de maio de 2024

    Texto tem uma dinâmica. Lembra uma literatura juvenil.

    O título menciona “experimento” que, no enredo, trata-se de “uma espécie de máquina parecida com uma pequena nave”. A nave leva a diferentes “dimensões” que, na verdade, são apresentações de distintos modos de vida do mesmo personagem.

    Esse conto, como outros do desafio, apela para a imaginação, o futurismo, um real irreal, o ficcional da ficção.

    Entendo a opção pela próclise para ficar mais coloquial, mas às vezes seria melhor a forma gramatical padrão. Exemplo: No lugar de “Se despediu”, caberia “Despediu-se”.

    Entendi o conto, cumpre o tema e os requisitos de um conto, mas devo confessar que não gostei. Desculpa.

    De toda forma, parabéns pela escrita e pela criatividade!

  2. Cícero Robson
    11 de maio de 2024

    O conto faz um passeio sobre as inúmeras possibilidades da nossa existência. Achei bem incentivo. Traz a pretensão da ciência em ser esse instrumento técnico capaz de nos conduzir a qualquer caminho e que também pode nos deixar na mão. Penso quero conto poderia ter abordado menos situações e aprofundado um pouco mais essas possibilidades. Nota 8.

  3. Givago Thimoti
    9 de maio de 2024

    O EXPERIMENTO (PROFESSOR)

    Bom dia, boa tarde, boa noite!

    Primeiramente, gostaria de parabenizar o autor (ou a autora) por ter participado do Desafio Viagem/Roubo – 2024! É sempre necessária muita coragem e disposição expor nosso trabalho ao crivo de outras pessoas, em especial, de outros autores, que tem a tendência de serem bem mais rigorosos do que leitores “comuns”. Dito isso, peço desculpas antecipadamente caso minha crítica não lhe pareça construtiva. Creio que o objetivo seja sempre contribuir com o desenvolvimento dos participantes enquanto escritores e é pensando nisso que escrevo meu comentário.

    No mais, inspirado pelo Marco Saraiva, também optei por adotar um estilo mais explícito de avaliação, deixando um pouco mais organizado quando comparado com o último desafio. E também peguei emprestado do que o Leo Jardim fazia antes, com categorias e estrelinhas, e também deixando no final um “trecho inspirado”, que é uma parte do conto que achei particularmente digno de destaque.

    Mesmo diante de tudo isso, as notas e os comentários podem desagradar, como percebi hoje, dia 29/04/24. Como já está no meio do desafio, e eu já avaliei alguns participantes, eu vou manter o estilo de avaliação, “anunciando” a nota e tecendo minha opinião do mesmo jeito. A diferença é que essa nota é provisória e sujeita a alterações. Obviamente isso se estende aos contos já avaliados.

    Outra coisa que eu percebi que deu ruído até o momento também foram os critérios. Vamos lá, para tentar esclarecer: refleti bastante sobre o assunto e a minha conclusão é a seguinte: não consigo avaliar um texto literário como um conto, dentro desses critérios, sem considerá-los como um todo.  Afinal, uma técnica apurada pode beneficiar a história do mesmo jeito que o contrário pode ocorrer; um conto com a escrita não tão boa pode afetar a história, seu desenvolvimento e seu impacto e assim por diante.

    Por fim, é isso! Meu critério é esse e não sofrerá mais alteração. Creio que é o mais justo entre meu jeito de avaliar, a lisura do certame e o respeito e a consideração pelo autor/pela autora.

    AVALIAÇÃO + IMPRESSÕES INICIAIS

    Como alguém levando bala no meio de uma guerra pode estar entediado??? Ainda morreu logo depois

    Otávio, você não vai se interessar por nenhuma dimensão? Vai só falar isso com sua versão mais velha e de outra dimensão? Sério?

    HISTÓRIA  (1,5/3)

    “O Experimento” conta a história de Otávio, um faxineiro de uma faculdade, que se vê como o alvo de um experimento físico interdimensional (com uma forte pegada antropológica). Então, na máquina de múltiplas dimensões, Otávio e o professor viajam pelas dimensões, conhecendo versões de Otávio: rico, desolado no meio da guerra, triste, miserável, sozinho…

    E segue nessa toada até que Otávio resolve assumir a vida de seu doppelganger que esteja numa situação melhor. Otávio escolhe trocar de lugar com o rico. O grande plot twist é a insatisfação de Otávio com a vida endinheirada, enquanto o rico parece estar “muito bem, obrigado” com a vida humilde.

    A história é simples, sem grandes problemas de ser compreendida. Três críticas nesse ponto: 1ª – achei a história um pouco muito longa, especialmente nessa toada de pular de dimensão em dimensão. A sensação que tive é a que você poderia ter cortado umas 2, 3 viagens que não agregaram muita coisa, apenas reforçaram que Otávio estava extremamente insatisfeito com a sua vida e tampouco satisfeito com as outras vidas que levava. Isso daí ficou bem batido e quase já levando ao desfecho final: ele não ia se satisfazer nem com a vida de riqueza.

    Minha segunda crítica é a sensação de falta de profundidade em elementos interessantes do conto: por exemplo, penso que poderia ter sido melhor abordado o porquê de Otávio achar a vida dele de trabalho numa pet shop com a Camile, felizes que nem pintinho no lixo, mas isso não era o suficiente para ele. Por quê? A sensação que tive é que Otávio é um personagem chato por ser chato. Mas um mergulho nos pensamentos dele teriam sido interessante, para além do “ninguém pode ser tão feliz assim”. Esse aprofundamento poderia também para as intenções do cientista.

    A última crítica nem é crítica, tá mais para uma sugestão: acho que esse texto poderia ser reescrito na primeira pessoa, com a mesma linguagem direta, mas do ponto de vista do cientista. A visão fria sob a escolha de seu objeto de experimento, o porquê dele ter escolhido Otavio como cobaia, o que ele quer provar…?

    TÉCNICA  (1,5/3)

             A técnica é simples e direta e por isso flui que é uma beleza. Curta e grossa, beirando à mera descrição científica da história.  Não posso negar que isso me incomodou: acho que foi uma linguagem bastante afastada da carga dramática de uma história baseada em “e se…?”. E acho que faria muito sentido essa linguagem distante se realmente fosse em primeira pessoa, com o professor contando esse experimento, ao invés desse narrador-observador falando.

    A escrita tem alguns deslizes gramaticais ao longo do seu desenvolvimento, o que também prejudicou esse conto.

    TEMA  (1 /1)

    Extremamente adequado ao tema. Viagem interdimensional.

    IMPACTO  (0,5/2)

             O combo de uma história que não é cativante e uma escrita que é até fluida e simples, mas que ao mesmo tempo sofre com alguns deslizes gramaticais, abaixou demais o impacto do conto.

    ORIGINALIDADE  (1/1)

             É um conto original… Geralmente, quando se junta viagem e FC das duas uma: viagem no tempo ou viagem para a galáxia. Pular de dimensão em dimensão geralmente não.

    Trecho interessante: Otávio foi dado como louco e nem todo seu dinheiro conseguiu livrá-lo de uma internação compulsória em um hospital psiquiátrico, onde gritava e esbravejava sem parar que não pertencia àquela dimensão, que era um viajante interdimensional que queria voltar para casa. 

    O professor assistia a tudo impassível, afinal, seria ainda mais antiético não terminar seu experimento.

    Nota: 5,5

  4. Queli
    4 de maio de 2024

    Uau! Que conta mais dahora!

    Eu amei!!! Fiquei preso desde o início… a expectativa foi aumentando e acabei esperando um final surpreendente… então fiquei um pouco decepcionada (mas comigo mesma! Pois o conto é excelente!)

    Os dois temas estão presentes, a escrita é clara, fluida, envolvente. A história, embora seja comum em FC (viagem no tempo/espaço), abordou uma nova perspectiva: as múltiplas vidas em mundos/dimensões distintas.

    Quem nunca se perguntou se não haveria um outro “eu” vivendo em outra dimensão? É assustador!
    Enfim, amei a história e desejo boa sorte no desafio! Parabéns!

    • Professor
      4 de maio de 2024

      Olá, Queli. Fiquei me perguntando como seria um final perfeito para você, já que esse te decepcionou. Sua vida em outras dimensões é bem interessante, quer conhecer? Te dou uma carona.

  5. Regina Ruth Rincon Caires
    3 de maio de 2024

    Neste conto eu vejo um descortinamento das diversas possibilidades que a vida pode nos proporcionar. E é muito comum essa interrogação nos nossos pensamentos. Como eu seria se tivesse nascido em família abastada? E se eu tivesse escolhido outra profissão para ganhar mais dinheiro? E se eu tivesse casado com alguém podre de rico? E o mais triste é que “quase” sempre o dinheiro impera nessas interrogações. E, no texto, Octávio tem a possibilidade de “escolher” a sua vida, o seu caminho. E, óbvio, que optou pela mais abastada. E acho que seria a escolha da maioria, se tivesse essa oportunidade. Basta perceber no dia a dia, as filas extensas nas lotéricas.

    Observe que Octávio fica emocionado com as dimensões que mostram paz, amor, felicidade; mas sempre faltava algo. Apaixonou-se por aquela que “poderia” lhe dar tudo isso + fortuna.  É. As aparências enganam. Mas, sonhar faz parte da vida, fazer o quê?! Tadinho. Enlouqueceu.

    Estamos diante de um conto que trata de ficção científica, tem viagem, tem reflexão sobre valores morais, tem filosofia. Distrai o leitor. Achei interessante a construção da viagem.  

    Alguns poucos deslizes de escrita, a leitura segue sem qualquer problema.

    Parabéns pelo trabalho, Professor!

    Boa sorte no desafio!

    Abraço.

    • Professor
      4 de maio de 2024

      Olá, Regina. Você parece uma mulher muito sábia. Não conseguiria te enganar para ser minha cobaia. Uma pena, porque adoraria te levar para conhecer outros universos e te mostrar seus outros eus.

  6. Thales Soares
    27 de abril de 2024

    Escrita:

    Esse conto tem uma escrita divertida e bastante fluida. Gostei da forma como a história foi conduzida, e as descrições foram boas. Os diálogos ajudam a dar um dinamismo para a narração, mas há algumas falas que não gostei muito, como:

    “Otávio olhou para ele descrente. Balançou os ombros e esfregou as mãos.

    — Então vamos viajar!”

    Não sei… não consigo imaginar alguém falando assim diante de uma situação tão esdrúxula. Não me parece um comportamento normal de uma pessoa, mesmo uma pessoa simples como um faxineiro.

    “— Eu sou faxineiro. Como poderia ser feliz?

    — Acho que o tipo de trabalho não tem influência na felicidade.

    — O senhor não entenderia…”

    Isso me pareceu algo um pouco bobo e inocente demais para um CIENTISTA dizer. Porque… convenhamos, o QI desse tal professor deve ser acima dos 150. Uma pessoa com um QI tão elevado, por mais que tenha um QE (a parte emocional) baixa, sabe como a sociedade se comporta, e também tem pleno conhecimento de que o sistema produção vigente no mundo é o Capitalismo, e que, portanto, a qualidade de vida das pessoas é intrinsicamente ligada à quantidade de dinheiro que ela possui e também ao emprego que ela desempenha. Creio que um cientista, com pensamentos pragmáticos e balizados apenas na lógica, não seria um cara sonhador e que diz que dinheiro não traz felicidade, ou qualquer bobagem do tipo.

    Há alguns pequenos errinhos gramaticais que passaram despercebidos:

    “Haviam existências piores que a sua.”

    Correção: Havia.

    Tema:

    Acredito que uma abordagem dessas era obrigatória aparecer neste desafio. Viagem interdimensional. Gostei. Eu mesmo pensei em escrever algo seguindo esse esquema. Ainda bem que não fiz, pois senão ficaria parecido com o seu conto.

    Achei inclusive um fato interessante de que há bastante contos de ficção científica neste desafio. Não que eu esteja reclamando, pois adoro esse gênero… só fiquei surpreso mesmo, pois eu não esperava que com “roubo” e “viagem” várias pessoas fossem pensar em ficção científica!

    O conto se enquadra perfeitamente ao tema do desafio.

    Enredo:

    Aqui a história me decepcionou um pouco. Senti que a abordagem ficou muito no estilo Rick and Morty, Futurama e filmes atuais da Marvel. Faltou… algum tipo de tempero. Ficar apenas vagando de universo em universo, e ver as diferenças inusitadas dos personagens, é algo um pouco batido, e isso por si só não costuma prender muito minha atenção.

    No final há a ideia de trocar de lugar com uma das versões do faxineiro… mas a forma como isso se desenrolou eu achei pouco desenvolvida. Me parece uma decisão extremamente radical e ousada demais para um homem tão pacato e simples tomar, de forma tão repentina, sem nem mesmo refletir sobre o assunto. A vida dele era tão merda a esse ponto, de ele querer praticamente cometer um suicídio interdimensional? Imagine as bactérias e vírus que havia nessa outra dimensão… ele morreria em poucos meses, por falta de imunidade, assim como ocorreu com os índios da América quando os colonos europeus chegaram no continente. Por que o professor não o alertou sobre isso?

    Na última frase mostra que o professor é malvadão, e tá lá sentado assistindo tudo, só pensando “Minha cobaia se fodeu. Mas tudo bem, porque eu tô aqui de boa, só coletando dados. Depois arrumo outro otário para fazer o próximo experimento”. Achei legal, mas eu esperava mais. Também gostei do faxineiro rico melhorar a vida do faxineiro pobre. Mas acho que seria ainda mais engraçado se o professor buscasse o faxineiro original, e trouxesse de volta à realidade deles. Então, ao ver que a vida dele estava muito melhor, ele meio que diria para o faxineiro rico “Valeu, otário. Agora volta lá pra sua dimensão, e aguente aquela bucha da sua mulher. Deixa que eu colho os frutos que você plantou aqui pra mim”.

    (observação: não leve tão a sério minhas sugestões… são apenas alguns pensamentos malucos que eu tive enquanto lia seu conto)

    Conclusão:

    PONTOS POSITIVOS:

    -Escrita boa e fluida, com uma boa construção da história.

    -Abordagem divertida do tema, com viagem interdimensional.

    PONTOS NEGATIVOS:

    -História um pouco batida, que mais parece um episódio de Futurama. Faltou algum tempero extra.

    -Conclusão um pouco desinteressante, apenas mostrando o professor, todo badass, assistindo um otário se dando mal, para fazer suas anotações.

    • Professor
      27 de abril de 2024

      Olá, Thales. Lamento que meu experimento não tenha te entretido, mas não era essa a minha intenção. Tudo aconteceu como aconteceu, não poderia contar outra história nem que eu quisesse… e não quero. Tudo que eu disse foi só para induzir o Otávio a fazer o que fez. Não conheço os programas de tv que mencionou, interessante que meu experimento tenha te lembrado deles… Eu gostei de você, de verdade. Quer ser minha cobaia? Tenho outros experimentos para realizar e sua ajuda seria imprescindível.

  7. Emanuel Maurin
    26 de abril de 2024

    Otávio é um faxineiro de universidade, chamado a fazer um teste numa máquina que viaja por outras realidades, nelas percebe várias versões dele mesmo, igual ao Doutor estranho no multiverso da loucura só que com temática bem diferente. Nas andanças, descobre que dinheiro não traz felicidade (não traz mesmo, manda buscar). No fim, ele queria vazar da aventura, mas o professor queria prosseguir com o experimento.

    A trama tá bem escrita e bem narrada, tem cenários variados e bem descritos, o final é bom.

    • Professor
      27 de abril de 2024

      Olá,Emanuel. Você tem vários eus bem bacanas, sabia? Quer dar uma volta no meu veículo?

      • Emanuel Maurin
        27 de abril de 2024

        Vamos, me pega hoje, na borda do infinito. Sei que seu veiculo pode. Mas por favor, professor, deixa eu ir embora depois.

  8. Priscila Pereira
    26 de abril de 2024

    Olá, Professor! Tudo bem?

    Vou deixar minhas impressões sobre seu conto, lembrando que é a minha opinião e não a verdade absoluta. (Obviamente)

    Muito legal o conto! Gostei bastante! Gosto de ler sobre realidades alternativas, universos paralelos e essas coisas então gostei muito das diferentes dimensões que você criou.

    Os personagens estão muito bem delineados, o professor obviamente conduzindo o experimento desde o início e levando o pobre Otávio, ambicioso e preguiçoso (mistura terrível) a um final anunciado. Camille pode até parecer uma personagem secundária, mas é importantíssima para a trama.

    O final com o arrebatamento e o desejo de voltar atrás de Otávio e do sangue frio com que o professor assiste a sua desgraça foi a cereja do bolo. Perfeito! Parabéns!

    Boa sorte no desafio!

    Até mais!

    • Professor
      27 de abril de 2024

      Olá, Priscila. Que bom que gostou do meu experimento. Você conseguiu enxergar a essência do Otávio: ambicioso e preguiçoso. Ele não merecia ser salvo, não concorda?

  9. Angelo Rodrigues
    26 de abril de 2024

    Olá, Professor,

    Comentários:

    No início do texto, a construção parecia indicar que Otávio era um aluno esquisito, que limpava o chão ao invés de estudar. Não era isso.

    Ao ler o conto, tive a impressão de estar vendo um daqueles episódios que eram comuns ao Hitchcock Apresenta, ou Além da Imaginação (versões dos anos 50/60).

    O conto pega emprestado valores da ficção científica para tratar um tema moral. Há uma moral no conto, algo com “não queira viver uma vida que você não construiu”, ou “o dinheiro não traz a felicidade”, coisas assim.

    O conto funciona como uma janela aberta às possibilidades de vida de Otávio, segundo o Professor.

    Tem uma engenharia de possibilidades expondo à cobaia algo como um teste moral ao qual ele, sem se dar conta, era submetido.

    Coitado do Otávio, caiu exatamente na tentação da riqueza, e como todos sabemos (sabemos?) a felicidade não vem pela mão da riqueza, e a prova disso foi vir anexa à nova vida uma mulher que estava mais para uma Barbie que pra Camille.

    E Otávio enlouqueceu. Azar dele, que não leu Esopo. Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio.

    • Professor
      27 de abril de 2024

      Olá, Angelo. Você entendeu muito bem o meu experimento e seria uma péssima cobaia, eu teria muita dificuldade em te sugestionar algo. Gostei principalmente da sua frase: “Não queria viver uma vida que você não construiu”. É exatamente isso. Dinheiro é bom, quando se sabe lidar com ele.

  10. Antonio Stegues Batista
    25 de abril de 2024

    Professor, achei que seu conto tem o mesmo estilo, e escrita simples, dos contos de Philip K. Dick, ( 1928-1982) escritor estadunidense de Ficção Científica. Os contos dele tem por tema política, problemas existenciais, filosóficos e sociais, além, é claro, de realidades alternativas, sempre focando em conflitos pessoais de seus personagens. Então, seu conto aborda dimensões paralelas, (conflitos pessoais) onde as pessoas são as mesmas com leves diferenças. Gostei do enredo, da escrita, você tem um estilo que vai direto ao ponto, sem se deter em detalhes da ambientação por exemplo, sabemos que a ação se passa num laboratório e isso é o suficiente. Depois a narrativa segue no mesmo ritmo, coesa e ligeira. Não sei se você se inspirou em algum livro de FC, não lembro de nada parecido, então, achei um enredo original. Bom conto.

    • Professor
      27 de abril de 2024

      Olá, Antonio. O sr parece entender das coisas. Que bom que gostou do meu experimento. Se quiser, adoraria que fosse minha cobaia. Seus outros eus são deveras interessantes, podemos dar uma volta em meu veículo. O que acha?

  11. Vladimir Ferrari
    25 de abril de 2024

    Um conto sobre a grande viagem da própria existência. Atende ao tema. Sua escrita é boa, a não ser os erros já apontados e, NA MINHA OPINIÃO, algumas relações engraçadas. Me explico: sou fã de escritores de ficção científica e sempre achei engraçado você relativizar uma versão da existência como “outra dimensão”. Prefiro mais a nomenclatura de “outro universo”. Mas é apenas tolice minha. Isso não impede de se entender o ponto da sua narrativa, ou seja, várias versões de um mesmo personagem (Otávio) em situações distintas. Eu sempre gosto quando os autores usam “este agora” e o “outro agora”, ou outro termo.
    O interessante da narrativa, é confrontar várias possibilidades de uma mesma vida e a constatação final é de que felicidade são momentos e ninguém nunca está contente com o que tem. E outra mais importante é que toda pessoa que falar de outras dimensões, outros universos e outros agoras, será considerada louca e internada em um hospício, certo?
    Sobre o texto em si, achei estranho você escrever o que escreveu no segundo parágrafo. Lendo-o e encaixando ao contexto, percebe-se que Otávio estava na limpeza, após o expediente normal e o professor ainda estava trabalhando e ambos interagiram na alta madrugada. Ficou estranho falar do Sol, NA MINHA OPINIÃO.
    Sucesso no desafio.

    P.S.: só escrevo em maiúsculas porque a minha opinião pode perfeitamente ser descartada, ok? Abraços.

    • Professor
      25 de abril de 2024

      Olá, Vladimir. Sua opinião é muito valiosa para mim, pode dizer exatamente o que pensa, estou anotando tudo. Você parece ser dos meus, adoraria fazer alguns experimentos, quer ser minha cobaia? Prometo só te levar para universos agradáveis… Sobre o sol… veja bem, eu havia virado a noite ajustando meu veículo e Otávio havia começado o expediente, eram cinco e meia da manhã segundo minhas anotações e o sol não havia nascido ainda. Espero ter sanado sua dúvida.

      • Cícero Robson Pereira
        25 de abril de 2024

        o conto faz um passeio sobre as inúmeras possibilidades da nossa existência. Achei bem incentivo. Traz a pretensão da ciência em ser esse instrumento técnico capaz de nos conduzir a qualquer caminho e que também pode nos deixar na mão. Penso quero conto poderia ter abordado menos situações e aprofundado um pouco mais essas possibilidades. Nota 8.

  12. Professor
    25 de abril de 2024

    Olá, Kelly. Então você acha que sou sádico e mau intencionado, me conte mais, vou fazer algumas anotações sobre isso. Mas você precisa saber que eu sei a qual dimensão você pertence, e posso estar te observando agora mesmo. Que tal uma viagem só de ida à dimensão G? O besta do Otávio foi o causador da própria desgraça, eu bem que tentei impedir.

  13. Kelly Hatanaka
    25 de abril de 2024

    Costumo avaliar os contos com base nos seguintes quesitos: Tema, valendo 1 ponto, Escrita, valendo 2, Enredo, valendo 3 e Impacto, valendo 4. Abaixo, meus comentários.

    Tema
    O conto atende ao tema. Uma viagem interdimensional oferece a Otávio a oportunidade de trocar de lugar com algum outro eu.

    Escrita
    Muito boa, alguns poucos erros, como ”haviam existências” ou “imaginava como seria aqueles”. É uma escrita coloquial e gostosa de ler, cheia de personalidade.

    Enredo
    Interessante e criativo. Me lembrou Um Conto de Natal do Charles Dickens. A diferença é que ao invés dos espíritos dos Natais Passados, Presente e Futuros mostrarem a Scrooge a maneira como ele levava a vida, temos um Professor muito sádico e mal intencionado mostrando a Otávio as possibilidades de outras existências. Também me lembrou um filme velhinho, Um Homem de Família.
    Lá pelas tantas achei que ver todas aquelas dimensões começou a ficar um tiquinho cansativo. Mas gostei da história e, principalmente, do final. Camille se deu bem. Estava com dó dela ser abandonada daquele jeito pela besta do Otávio.

    Impacto
    Por trás da linguagem direta e simples há uma história com questionamentos ricos e uma pegada filosófica interessante. As várias versões de Otávio mostram inquietações bem universais. O luto, o sucesso ilusório, a felicidade excessiva, a solidão acompanhada, o stress, o perigo. Engraçado notar que as versões mais felizes, exceto os esquisitões rosa e lilás, são as que vivenciavam um certo nível de desconforto: a dimensão mofada e a dimensão original do Otávio.

    • Professor
      25 de abril de 2024

      Olá, Kelly. Então você acha que sou sádico e mau intencionado, me conte mais, vou fazer algumas anotações sobre isso. Mas você precisa saber que eu sei a qual dimensão você pertence, e posso estar te observando agora mesmo. Que tal uma viagem só de ida à dimensão G? O besta do Otávio foi o causador da própria desgraça, eu bem que tentei impedir.

      • Kelly Hatanaka
        25 de abril de 2024

        Ah, sei não, Professor. Você não me pareceu muito interessado em impedir o Otávio. Parecia, aliás, que estava contando com aquilo.

        Quanto a me observar, fique à vontade. Aposto que você já caiu no sono, não é mesmo?

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Informação

Publicado em 24 de abril de 2024 por em Viagem / Roubo.