EntreContos

Detox Literário.

Homo Erectus (Homo Sapiens)

Tão logo o homem se sustentou sobre duas pernas, começou a viajar. Não sem medo, pois assim não poderia haver a coragem necessária para olhar para trás e arriscar seguir adiante. Alimentar a curiosidade ao invés de recorrer ao estoque de certezas. Centenas de milhares de anos atrás, quando os desertos de hoje eram verdes e o mundo esfriava ao invés de esquentar, os primeiros caminhantes esticaram suas rotas, abandonaram os lagos e rios conhecidos, as matas e os bichos com quem trocavam entre presa e predador, e inauguraram as verdadeiras viagens. Abandonado o continente-berço, andaram por onde antes corriam mares e rumaram ao indefinido.

De todos que partiram, sabe-se muito pouco, mesmo daqueles que poderiam ser os mais excepcionais, de quem todo o espírito de aventura não poderia ser deduzido do mais minucioso exame de suas ossadas. Esses costumavam morrer quase sem deixar vestígios. Neste conto, escreve-se sobre um, este que, numa era de invenções e adaptações realizadas ao longo de milhões de anos, teve o privilégio de descobrir o que é mais verdadeiramente humano. O olho da ficção o encontra – perdão pelo clichê – em uma caverna:

Ele interrompeu o movimento ao avistar a primeira fagulha. O silêncio que substituiu o baque seco das duas pedras se batendo doeu em seus ouvidos e o susto o fez largar os pedregulhos, que rolaram por cima das folhas secas. Avançou sobre as pedras e as recolheu junto do peito como se fossem um tesouro. Eram mesmo tudo o que tinha. Revirou as pedras em suas mãos grosseiras e sentiu em suas superfícies o

calor

Como quando assistiu às chamas engolirem uma floresta inteira e descobriu que o sopro destrutivo do incêndio soava tão terrível quanto trovões. O grupo todo em polvorosa, querendo fugir, buscar abrigo, mas ele não. Manteve-se de pé à beira do penhasco, o ar denso ardia em seu nariz, o fazia tossir, mas ele aprendera a dança das labaredas, sentia a brisa e distinguia que o fogo correria para lá e não para cá, então ali era seguro o bastante para que observasse o incêndio devorar a vida com todo o seu

calor

Pensava que os afoitos de seu grupo teriam fugido daquele espetáculo e que estaria sozinho, mas olhou por cima do ombro e a viu. Percebeu que ela não se interessava pelo mesmo, os olhos claros dela preferiam observá-lo a assistir à destruição que o fascinava. O incêndio também já não o interessava tanto e, sem que soubesse por que, preferiu devolver seu olhar, que, prestando atenção, lembravam duas brasas. Ela chegou perto, correu as mãos pela barba que fiava os contornos do seu rosto e devagar enrolou os dedos em suas sobrancelhas. Trabalhar as pedras, esfolar criaturas, escalar árvores, catar frutos. Nada que se fizesse com aquele toque. Com delicadeza. Ali, à luz ondulante do fogaréu, abraçaram-se e se deitaram. Compartilharam

calor

De início, o grupo não notou. Eram sujeitos entre os quais as regras eram todas não ditas, mas, ainda assim, eram regras. Compunham o entendimento implícito que fazia deles um coletivo e daqueles além deles, os outros. Era comum que as mulheres, uma vez paridas, alternassem entre si o cuidado com as crias. Com os dois, entretanto, o cuidado com o recém-nascido ficou somente entre eles. Pai e mãe sabiam reconhecê-lo à parte dos demais, pois viam em seus olhinhos as mesmas brasas que tinha a mãe. Mesmo quando passaram a comer afastados do grupo e a dividir a comida em uma porção calculada para eles, o restante não se opôs.

Ele detinha respeito dos demais, pois os ensinara a entender os incêndios e andar pelas cinzas, alimentar-se da carne tostada dos animais vitimados, que era tanto mais saborosa como também mais fácil de comer. Foi ela que sugeriu que adentrassem entre as chamas para selecionar uma tocha que pudessem alimentar como fogueira. Os dois sabiam quando choveria e não temiam os relâmpagos, enxergavam neles novas oportunidades, como se o tracejado elétrico do céu desenhasse rotas a orientá-los. E o grupo os seguia.

Por isso, a princípio a digressão dele com pedras atraiu a atenção dos demais como uma possível nova invenção que ajudaria todos. Chegaram a se enfileirar para ver. Ele esfregava uma pedra na outra e chamava o próximo para tocá-la, sentir que esquentava. Era até divertido, qualquer um podia produzir o resultado, mas perdeu a graça rápido e, como no incêndio, eram só ele e ela novamente. E sua cria, que se entretinha com os experimentos do pai. Percebia que os outros zombavam dele, mas não se importava. Ela e seu filho o acompanhavam, bastava. Foram eles dois os primeiros a ver a primeira fagulha e naquilo ele reconheceu uma reprodução humilde do relâmpago e lhe pareceu, estranhamente, que o que estava no céu poderia estar na terra. Nas palmas de suas mãos. Ver que ela e seu filho viam o mesmo lhe dizia que ele tinha razão.

Não foi fácil reproduzir a faísca para o restante do grupo. Primeiro porque não havia dominado a técnica correta, mas principalmente porque não teve o mesmo interesse grupal de antes. As últimas luas não foram fáceis, o céu empalidecera e não havia nenhuma criatura por perto, ouvida ou avistada. O que achavam de água, não achavam de peixe, e a curiosidade que movia o grupo amargava com um sentimento de arrependimento por terem ousado deixar as terras conhecidas para explorar o indefinido. A insistência dele nas pedras, que àquela altura poderiam ter sido trabalhadas para uma machadinha ou a ponta de uma lança – ainda que não houvesse caça – começava a frustrar o grupo, e se uns o julgavam um idiota, outros se irritavam. Diante da luz do lampejo, quando finalmente conseguiu repetir a façanha, alguns se sobressaltaram. A maioria não se impressionou, porém. Acharam inútil.

Mesmo quando apontou para o céu e tentou lembrá-los dos desenhos sinistros dos relâmpagos, não encontrou compreensão. E durante as magras refeições passou a sentir sobre si o peso daqueles olhares. Rancor. Ela também percebia, a cria era a única ignorante do perigo que os cercava. Pois mesmo quinhentos mil anos atrás, são as crianças as primeiras inocentes.

Foi numa refeição como aquela que foi atacado. Foi um só a avançar em sua direção com uma machadinha, com a qual conseguiu abrir um talho em sua sobrancelha. Mas ele não estava só, não mais. Nunca mais. Ela emboscou seu adversário por detrás e o filho saltou sobre o agressor, conseguindo decepar metade de sua orelha com os dentes. Mas foi ele que o matou. Nem sequer pegou sua arma, utilizou-se de uma das pedras com a qual experimentava as angulações em busca da fagulha. Com um desses gumes, abriu a garganta do sujeito. Aqueles indivíduos enterravam os seus mortos, mas eles sabiam que não eram mais daquele grupo. Aos pés dos seus antigos companheiros, uns assustados, uns vingativos, deixaram o cadáver.

Arrumaram as poucas coisas que entendiam como suas e partiram, cientes de que eles agora eram os outros, mas que ainda caminhavam a mesma trajetória difícil daqueles que deixavam para trás. Muitas luas passadas se recordaria disso e sentiria apertar o seu peito o mesmo receio dos antigos companheiros. Olhava para as pedras que catara e com as quais já se habituara a lampejar à noite, sem obter o que realmente queria. Olhava para aquilo e se sentia estúpido, sentia medo de que ele, ela e a cria não conseguissem… o quê? Qual era o sentido de seguir adiante? Lembrava-se de quando se questionaram o motivo de ficar, mas agora não havia para onde voltar, como não havia para onde ir. E ele abandonou um grupo para ficar à mercê de predadores por causa de… pedras.

Mas dormiam abraçados, envoltos nas peles que tinham levado ao abandonar o grupo maior. A princípio, foi como enfrentaram o frio, que a cada noite parecia se aprofundar em seus ossos. Quando ele iniciou sua busca por galhos e folhas secas, nem ela e nem o filho questionaram. Ajudaram, entendendo de imediato o que procurava, bem como se sentaram pacientemente diante da última etapa de seu experimento, ocasião em que as faíscas do atrito das duas rochas deixaram de ser um piscar no escuro para calcinar as folhas e, de pouco em pouco, acender uma chama que sustentava uma luz contra a noite. Já conheciam fogueiras, mas aquele fogo, entretanto, era o primeiro a surgir não do choque entre o céu e a terra, mas do impacto entre duas pedras nas mãos de um hominídeo mais curioso do que os demais. O primeiro de todos. De alguma forma, ele sabia do próprio pioneirismo. Só não sabia o quão grande era o

mundo

Não dormiram com o cair da noite. Aquela fogueira, cujas faíscas originais centelharam desde muito antes, estendeu o dia. Quando a chama ganhou tamanho, mãe e filho gritaram, deram pequenos pulinhos em torno do artesão incendiário, que a essa altura já havia trocado a expressão de foco absoluto que o acompanhava durante o trabalho por um sorriso efusivo enquanto se envolvia nos abraços de sua

família

Um dia, enquanto ensinava ao filho como acender uma fogueira, o menino levou uma rocha avermelhada, dispensada de imediato pelo pai, com um grunhido e um gesto desinteressado com a mão. Apesar disso, o garoto tornou a mostrá-la à noite, e então entendeu que não era a sugestão de um meio de gerar a faísca, mas pura admiração por sua aparência. Beleza.  Revirando-a entre os dedos próxima à fogueira, a luz cintilava entre os cristais, uma nova irradiação a cada posição em que girava a pedrinha. Ao longo de alguns dias, o filho encontrou mais daqueles quartzos e os enrolou em fibras, pendurando-a um colar o pescoço do pai e da mãe, além do próprio. Ele aceitou apenas para não desapontar o garoto, que, para além daquilo, também costumava espalhar lama em uma das mãos para depois pressioná-la contra o tronco das árvores, marcando-as. Ele não entendia a intenção do filho. Mesmo assim, em uma tarde de caçada, já bem distante dos outros dois, segurou seu colar com uma das mãos e percebeu que daquela forma sentia como se estivessem

juntos

Durante toda a segunda gestação, a glaciação acentuava a cada dia e as florestas mortas e congeladas sufocavam suas fogueiras. O parto se iniciou com a alvorada e correu um longo filete de sangue até o entardecer. Ele e o filho não saíram de seu lado até o recém-nascido, pequeno e débil, estar em seus braços. Ela o aninhou e fechou os olhos. Mais tarde, ele teve que se convencer contra a sua vontade de que não era apenas o vento ou a noite. Tocou o corpo de sua amada e constatou que, ao contrário de tudo o que conhecera com ela até então, sua pele estava

fria

O menino era novo demais quando conheceu a morte de perto, ainda quando viajavam junto ao grupo e tentaram tirar a vida de seu pai. À parte disso, havia visto vários animais mortos, mas não era a mesma coisa do que ver um igual morrer. O pai, que só agora passara a conhecer o sentido de uma família como a que possuía, também começava a entender que a morte dela não era como a de outros pares que já tinha visto caírem. Sabia que algo seu morria também, ainda que pudesse confirmar o próprio bem-estar físico.

Foi com uma irritação injusta que convenceu o garoto a enterrá-los. Só na metade do seu trabalho que o menino finalmente se somou ao esforço. Junto dos corpos, acompanharam suas peles e a machadinha que ela usava. Seu colar de quartzo vermelho, pai e filho levaram consigo, o menino aproveitou um pedaço do cabelo da mãe para trançar no colar e só conseguia dormir abraçado àquilo. O pai mal dormia. Sem fogueira, tinham que dormir abraçados, ele sentia o menino tremer em seus braços, enquanto olhava os arredores querendo divisar algo na escuridão. Não era o tremelique do filho ou o medo de predadores que o mantinham acordado. Ele olhava ao redor e não a via ou sentia. A sensação era que se acendesse a maior de todas as fogueiras, tudo continuaria escondido no breu. A surrealidade de uma fogueira enorme sendo sufocada por uma escuridão ainda maior o impedia de dormir. Ele acordava de sobressalto, pois podia ver essa imagem. Não sabia o que era sonhar. Topando a testa chata e cabeluda de seu filho irrequieto, perguntava-se se ele também via coisas de olhos fechados.

Seguir o curso do rio nos dias seguintes os revelou uma cadeia de montanhas. Avaliou que talvez encontrassem abrigo dos ventos gélidos que sopravam entre as árvores cada vez mais raras. A essa altura, estavam magros e fracos demais, o menino andava em marcha sofrida e o pai já não podia carregá-lo como antes. As peles que amarraram como trouxas já não seguravam mais tantos itens, deixados pelo caminho conforme ficava mais difícil avançar. Já fazia muitas luas que não se alimentavam e o menino tossia, tremia dia e noite. Errou em deixá-lo sozinho enquanto inspecionava as entradas na parede rochosa. Quando voltou, apenas suas poucas posses haviam sobrado, meio espalhadas pelo chão. Não havia sangue. Gritar não adiantou. Andou pelos arredores até que o sol caísse e o céu cinzento escurecesse, sem encontrá-lo. Exausto, decidiu retornar, imaginando retomar a busca na manhã seguinte.

Dentro da bolsa encontrou os dois colares, do menino e o da mãe, enrolados um no outro e entremeados pelas mechas dos cabelos de ambos. Mesmo à luz noturna, brilhavam, como as brasinhas que eram os olhos dos dois. Amarrou-os em uma das mãos e refez o caminho pelo qual viera, subindo para a caverna que descobrira. Na escalada de retorno, pegou de mal jeito em uma reentrância do paredão de pedra e acabou se cortando. Por sorte já estava próximo da entrada e conseguiu subir. Era um espaço pequeno, mas adequado para alojar os dois.

Seu sangue fez uma trilha da entrada da caverna ao canto em que escolhera se sentar. O ardor do machucado pulsava o tirando das memórias da família que tivera. Encarou sua carne dilacerada, rubra e brilhante à luz lunar que pincelava de frio o interior de seu abrigo. Lembrou-se do menino e passou os dois dedos da mão saudável na palma da outra mão, espalhando o sangue da ferida do pulso às pontas dos dedos. Então pressionou a mão machucada contra a parede oposta, ignorando o latejar do corte. Ao afastar a mão, viu a parede

marcada

E se lembrou de como durante toda a viagem seu menino havia tentado deixar marcas pelo caminho, como se tentasse lembrar por onde passaram. Refletia se conseguiria reencontrar essas marcas caso fizesse o caminho de volta, mas não via sentido em voltar, como também não havia em seguir. Olhou para os colares amarrados em sua mão boa e se agoniou com a ideia de que qualquer gesto para se lembrar deles não bastaria para trazer a sensação de tê-los por perto novamente. Ainda assim, aquele hominídeo exercitava o que era mais notoriamente humano, ele

imaginava

E então, ao escutar o barulho dos predadores que varavam a desolação gelada fora da caverna, reiniciou seu diligente trabalho com as pedras, tentando se desviar do mau auspício que o fazia se arrepender de sequer ter ousado abandonar o seu lar. Lembrando-se, principalmente, de que se não tivessem viajado, não teriam presenciado as tempestades e seus incêndios, não teriam trazido o fogo celeste à fábrica terrena. E ele não teria a encontrado e nem gerado o garoto. Compreendia que somente da união dele com ela é que poderia ter saído o menino como havia sido. Era uma certeza que o confortava.

O que aquele hominídeo não poderia saber é que, quando os sapiens achassem sua ossada solitária e desmembrada ao longo dos arredores daquela montanha, identificariam com aproximada certeza os carnívoros vorazes que o devoraram, mas discutiriam acerca de sua diferença para os demais de sua espécie, que encontrados em outros sítios arqueológicos, demonstravam indústrias líticas, acampamentos iluminados e pensamento simbólico. E as conjecturas apagariam, como aconteceu e acontecerá à maioria de nós, quem realmente tinha sido ele. Inventor, companheiro, pai. Foi um homem que observou e entendeu o céu, domesticou seus elementos e os utilizou para combater as noites. Foi um homem que amou e foi amado, encontrou dentro de um grupo maior aqueles que chamou de família. Foi um homem que sabia quem ele era.

Este homem, ao acender sua última fogueira, olhou para as trevas que se agigantavam para além do humilde halo luminoso de seu fogo e da iluminação lunar. Apertou os colares da mulher e do menino em sua mão saudável. Não sabia o que faria se não encontrasse o menino. Depois de tanto tempo viajando, percebeu que não importava para onde fosse, portanto que estivesse com eles. E por isso percebeu que, talvez, se morresse também, não estaria

sozinho.

Sobre Fabio Baptista

13 comentários em “Homo Erectus (Homo Sapiens)

  1. Mauro Dillmann
    11 de maio de 2024

    Um texto bem escrito, uma história interessante, embora não original.

    De saída, já lembrei do atual documentário da Netflix: ‘Os segredos dos Neandertais’ e de tantos outros filmes sobre a vida dos hominídeos.

    Com um narrador onisciente, é totalmente narrado em terceira pessoa.

    É bom de ler, flui bem, mas tem a opção, predominantemente, pelo tempo verbal pretérito (perfeito e imperfeito). Por ser praticamente todo no pretérito, cansa um pouco leitor. Cansei um pouco. Seria, na minha opinião, mais dinâmico se, pelo menos, tivessem algumas cenas/diálogos/ações diretas.

    Um aspecto que me causou incômodo, foi a consciência do narrador de que estava escrevendo um conto: “Neste conto, escreve-se sobre um, este que, numa era de invenções e adaptações”. Não haveria problema, se esta perspectiva fosse mantida e aparecesse em outro momento também.

    Às vezes me pareceu existir excesso de explicação. Exemplo: “Eram sujeitos entre os quais as regras eram todas não ditas, mas, ainda assim, eram regras.”. A passagem desnecessária: “mas, ainda assim, eram regras”.

    Frase trucada: “Ver que ela e seu filho viam o mesmo lhe dizia que ele tinha razão”.

    Tem algo de repetitivo, como a ideia do ‘seguir’ e do ‘voltar’.

    Essa foi minha leitura.

    Parabéns!

  2. Givago Thimoti
    7 de maio de 2024

    HOMO ERECTUS (HOMO SAPIENS)

    Bom dia, boa tarde, boa noite!

    Primeiramente, gostaria de parabenizar o autor (ou a autora) por ter participado do Desafio Viagem/Roubo – 2024! É sempre necessária muita coragem e disposição expor nosso trabalho ao crivo de outras pessoas, em especial, de outros autores, que tem a tendência de serem bem mais rigorosos do que leitores “comuns”. Dito isso, peço desculpas antecipadamente caso minha crítica não lhe pareça construtiva. Creio que o objetivo seja sempre contribuir com o desenvolvimento dos participantes enquanto escritores e é pensando nisso que escrevo meu comentário.

    No mais, inspirado pelo Marco Saraiva, também optei por adotar um estilo mais explícito de avaliação, deixando um pouco mais organizado quando comparado com o último desafio. E também peguei emprestado do que o Leo Jardim fazia antes, com categorias e estrelinhas, e também deixando no final um “trecho inspirado”, que é uma parte do conto que achei particularmente digno de destaque.

    Mesmo diante de tudo isso, as notas e os comentários podem desagradar, como percebi hoje, dia 29/04/24. Como já está no meio do desafio, e eu já avaliei alguns participantes, eu vou manter o estilo de avaliação, “anunciando” a nota e tecendo minha opinião do mesmo jeito. A diferença é que essa nota é provisória e sujeita a alterações. Obviamente isso se estende aos contos já avaliados.

    Outra coisa que eu percebi que deu ruído até o momento também foram os critérios. Vamos lá, para tentar esclarecer: refleti bastante sobre o assunto e a minha conclusão é a seguinte: não consigo avaliar um texto literário como um conto, dentro desses critérios, sem considerá-los como um todo.  Afinal, uma técnica apurada pode beneficiar a história do mesmo jeito que o contrário pode ocorrer; um conto com a escrita não tão boa pode afetar a história, seu desenvolvimento e seu impacto e assim por diante.

    Por fim, é isso! Meu critério é esse e não sofrerá mais alteração. Creio que é o mais justo entre meu jeito de avaliar, a lisura do certame e o respeito e a consideração pelo autor/pela autora.

    AVALIAÇÃO + IMPRESSÕES INICIAIS

    Esse conto é conto de peixe grande! É muito bem escrito, sobre um período da humanidade que sequer a literatura, como conhecemos, existia; afinal, a linguagem como nós conhecemos hoje não existia. Era apenas um protótipo.

    HISTÓRIA  (3/3)

    Homo Erectus é conta a história de uma família de Homo Erectus , indivíduos que fazem parte da longa linhagem genética que formou nossa espécie, Homo Sapiens.

    Temos o pai, que descobre as nuances do fogo, a mãe, que se encanta pelo “descobridor do fogo” e, por fim, o filho.

    O conto se desenvolve com a fuga deles, tornando-se nômades, após a tentativa de homicídio que o pai sofre por um integrante da tribo. Assim, eles vão vagando, sem eira nem beira.

    O conto se encerra com o abandono do filho após a morte de mãe e a incapacidade do pai em lidar com isso. Ele se fere com uma pedra, deixando sua palma da mão marcada numa parede de caverna para a posterioridade.

    A história, simples, aborda de uma forma muito inteligente e bem trabalhada, as características do Homo Erectus, a ver:

    • Primeiros a usar o fogo para cozer seus alimentos (a carne) e espantar animais selvagens;
    • Não praticavam agricultura. Alimentavam-se através da caça e da coleta de frutos e raízes;
    • Fabricavam e usavam objetos de pedra e madeira;
    • Não está claro se H. erectus era anatomicamente capaz de falar, embora seja postulado que eles se comunicaram usando alguma protolinguagem.

    O conto respeita o que sabemos sobre o Homo Erectus. Não há diálogos porque, bem, não se sabe se havia linguagem, o que eu achei digno de nota e parabéns. É um detalhe pequeno, mas importantíssimo para a composição da história, trazendo um que de verossimilhança.

    TÉCNICA  (3/3)

             Pessoalmente, penso que a técnica está muito boa, (quase) irretocável. Ainda assim (risos), logo na segunda frase do texto tem uma dupla negativa, somada a ideias contrastantes (medo e coragem), o que sempre traz consigo uma dose de confusão. Pelo menos me confundiu ali. Acho que esse é meu único “a” sobre esse quesito, já que o texto se manteve claro e poético em meio ao seu decorrer.

             Ali no final, o autor/a autora colocou um “portanto” por um “enquanto”.

             De resto, a escrita está muito boa. Tão boa que manteve a nota máxima nesse quesito.

    TEMA  (1/1)

    O conto está extremamente adequado ao tema. Uma das primeiras viagens de indivíduos que viriam a ser conhecidos um dia como Homo erectus.

    IMPACTO  (2/2)

    Extremamente positivo! Esse conto foi uma grata surpresa, um convite do autor para exercitar, por meio de seu texto, um exercício antropológico e quase filosófico de imaginar como foram as primeiras experiências humanas diante do fogo, por exemplo. Ou como se dava, por exemplo, as ligações familiares num tempo que família, dentre outros arquétipos tão bem enraizados nas nossas sociedades ocidentais, ainda não eram “comuns”? Como o homem ereto lida com questões existenciais, como a morte de um ente querido?

    ORIGINALIDADE  (1/1)

             Conto originalíssimo: daquela faixa de tempo que nós pouco sabemos, o autor/ a autora conseguiu explorar bem as características do que era o Homo Erectus, transformando numa história pouco vista por aí. Afinal, quantas vezes as espécies antecessoras dos Homo sapiens foram retratadas como bestiais, limitados a confrontos com feras e confrontos entre si. Embora o conto seja bem definido na linha do tempo, ele flerta com à atemporalidade, quando por exemplo, aborda o impacto do falecimento da mulher tanto no filho quanto no pai.

    Trecho interessante: Como quando assistiu às chamas engolirem uma floresta inteira e descobriu que o sopro destrutivo do incêndio soava tão terrível quanto trovões. O grupo todo em polvorosa, querendo fugir, buscar abrigo, mas ele não. Manteve-se de pé à beira do penhasco, o ar denso ardia em seu nariz, o fazia tossir, mas ele aprendera a dança das labaredas, sentia a brisa e distinguia que o fogo correria para lá e não para cá, então ali era seguro o bastante para que observasse o incêndio devorar a vida com todo o seu calor. (Sim, eu sei que o calor estava separado no conto e etc, mas eu achei um artifício um tanto desnecessário rs).

    Nota: 10

  3. Queli
    4 de maio de 2024

    Adorei o conto, talvez por ser formada em história… talvez pela majestosa forma de escrever do autor… vai saber…

    Ao tempo em que conta a história, talvez até uma história verdadeira, faz o leitor viajar pelas eras antigas, caminhando lado a lado dos primatas humanos… que história linda… senti um nó na garganta quando ela se foi…

    Tema está ok, uma viagem épica, talvez a mais importante que o homem já tenha feito na vida, à frente até da viagem à lua…

    História original, enredo envolvente, muito bem escrita.
    Parabéns! Boa sorte!

  4. Regina Ruth Rincon Caires
    3 de maio de 2024

    Este conto é daqueles que, a cada parágrafo, vai enlaçando o leitor. Mistura a crueza com o humano. Bicho e gente.  Confesso que consegui ouvir a comunicação feita por grunhidos, e senti toda a comunicação feita pelos sentimentos. É de arrepiar. O início do início, o brotar da condição humana, do “humanismo”. E não há nada mais lindo do que sentir amor (dado e recebido), companheirismo, sentir o significado da família. E o “homem” também sentiu a solidão e chegou a encarar a morte como algo que pode não ser sofrimento, que pode ser alívio.

    “Este homem, ao acender sua última fogueira, olhou para as trevas que se agigantavam para além do humilde halo luminoso de seu fogo e da iluminação lunar. Apertou os colares da mulher e do menino em sua mão saudável. Não sabia o que faria se não encontrasse o menino. Depois de tanto tempo viajando, percebeu que não importava para onde fosse, portanto que estivesse com eles. E por isso percebeu que, talvez, se morresse também, não estaria sozinho.”

    E o autor enfatiza a o valor que há e sempre houve na essência do homem. Somos mais que um bicho que come, que bebe, que dorme, que morre.  

    “O que aquele hominídeo não poderia saber é que, quando os sapiens achassem sua ossada solitária e desmembrada ao longo dos arredores daquela montanha, identificariam com aproximada certeza os carnívoros vorazes que o devoraram, mas discutiriam acerca de sua diferença para os demais de sua espécie, que encontrados em outros sítios arqueológicos, demonstravam indústrias líticas, acampamentos iluminados e pensamento simbólico. E as conjecturas apagariam, como aconteceu e acontecerá à maioria de nós, quem realmente tinha sido ele. Inventor, companheiro, pai. Foi um homem que observou e entendeu o céu, domesticou seus elementos e os utilizou para combater as noites. Foi um homem que amou e foi amado, encontrou dentro de um grupo maior aqueles que chamou de família. Foi um homem que sabia quem ele era.”

    Que lindo o sentimento de ternura que envolve cada gesto. As marcas que o filho deixava pelo caminho possuíam razão, a convivência num grupo maior deu sentido de família, o encanto do brilho da pedra trouxe a beleza, a união de dois corpos trouxe a consciência de construir um novo ser, a confecção dos colares com os cabelos mostrou a lembrança (…“segurou seu colar com uma das mãos e percebeu que daquela forma sentia como se estivessem juntos”).

    Não há parágrafo que não mostre a descoberta do “novo”. Do novo no mundo, e do novo no sentimento que nos diferencia. O calor da fricção das pedras, o calor, a pedra amolada, o fogo. A viagem do homem no tempo. O passar do bicho para gente.

    A descrição do parto e da morte da mulher/mãe (e também do bebê) é feita de uma simplicidade poética que enternece. Perder, ali, não era uma dor física, era a dor de perder “parte da vida”. Eu nem sei me expressar diante da forte sensação que sinto. É tudo tão abstrato, e não é nada fácil retratar o abstrato. É mil vezes mais simples apenas “sentir”. E este conto, eu acho, que assimilei a essência. Mas, Homo Sapiens, eu sou suspeita a afirmar tal coisa. Sou esquisita.  

     “À parte disso, havia visto vários animais mortos, mas não era a mesma coisa do que ver um igual morrer. O pai, que só agora passara a conhecer o sentido de uma família como a que possuía, também começava a entender que a morte dela não era como a de outros pares que já tinha visto caírem. Sabia que algo seu morria também, ainda que pudesse confirmar o próprio bem-estar físico.”

    Sobre a escrita, eu achei perfeita. O autor arrasou no “contar” com realidade e lirismo. Coisa mais linda! Eu não sei se são deslizes, mas eu vi uma crase meio estranha e um os no lugar de lhes. Mas, nem vou conferir; a qualidade do conto exime erros, caso haja. Texto primoroso, pensado, e que merece aplauso. Eu gosto de avaliar o cuidado exigido do autor para a construção de uma ideia tão própria, uma visão tão profunda de algo que, para tantos, é apenas “estudo da evolução humana”.  Quando crescer, quero escrever assim…

    Parabéns pelo conto, Homo Sapiens!

    Boa sorte no desafio!

    Abraços…

  5. claudiaangst
    25 de abril de 2024

    Oi, Homo sapiens, tudo bem?

    O conto aborda o tema proposto pelo desafio: viagem. O protagonista afastou-se do grupo, e realmente viajou com a mulher e o filho, e talvez com isso tenha inventado o conceito de núcleo familiar. Além de inventar o fogo inspirado nos relâmpagos.

    Tentei decifrar o quebra-cabeças formado pelas palavras isoladas: calor/ calor/ calor/ pedras/ mundo/ família/ juntos/ fria/ marcada/ imaginava/ sozinho. O homem imaginava sozinho, durante uma noite fria, lembrava da família, os três juntos, enfrentando o mundo e as pedras no caminho. O fogo trazia calor, calor e calor. Além do calor humano que encontrava junto à mulher e ao filho.

    A linguagem empregada é simples, narrativa lenta, quase didática, mas que ganha força e ritmo quando a aventura realmente se inicia. Há momentos poéticos que atestam a humanidade do homo erectus.

    Não encontrei falhas de revisão.

    Um bom texto para ilustrar livros sobre a história da humanidade.

    Boa sorte!

  6. Angelo Rodrigues
    25 de abril de 2024

    Olá, Homo Sapiens.

    Conto gostoso de ler. Tem elementos poéticos ao contar uma história tão antiga quanto o homem pode ser. Um conto com discurso poético acerca de seres primitivos. Isso é muito legal.

    Um conto caminhante. Traça a saga de um grupo de outliers em sua própria comunidade, diferenciados por sua capacidade de compreensão do mundo e suas possibilidades técnicas e afetivas. São os que tomam a vida em suas mãos e dão a ela o rumo que desejam.

    O conto vai lentamente mostrando, num flash do tempo, o surgimento de uma proto família, diferenciada, composta dos componentes básicos, com dedicação exclusiva.

    Adjunto ao que ocorre com a família, vão surgindo as transformações estéticas e filosóficas acerca da vida, da transformação do primitivo em um novo humano.

    O texto esboça uma saga bastante amorosa dentro de um mundo ainda primitivo.

    A despeito de o conto ser muito interessante, creio-o meio deslocado da perspectiva proposta pelo desafio. Não sou de dar bola pra isso, mas fica evidente que o conceito de viagem, foi tomado de forma bastante amplificada se se considerar o ocorrido como uma viagem no tempo, no tempo de transformação dos componentes retratados.

    De qualquer forma, um texto bem bonito.

    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio.

  7. Priscila Pereira
    25 de abril de 2024

    Olá, Homo Sapiens! Tudo bem?

    Vou deixar minhas impressões sobre seu conto, lembrando que é a minha opinião e não a verdade absoluta. (Obviamente)

    Não sei direito o que pensar do seu conto ainda… É quase um documentário, mas eu gostei bastante.

    Está muito bem escrito, de forma densa e profunda. O enredo é simples, mas de uma delicadeza incrível. Todos os pensamentos e sentimentos de pessoas que nem entendiam o que estava acontecendo no mundo e nelas mesmas foi brilhantemente descritos!

    O tema é o ponto central do conto. O desejo de descobrir coisas novas é o que nos impulsiona até hoje a viajar. Estar parado sempre no mesmo lugar teria levado a humanidade à estagnação e a morte.

    Gostei muito de como mostrou os sentimentos familiares, o amor e cuidado de uns para com os outros. No final, o menino sabia que ia morrer e quis poupar o pai de ter que sofrer mais uma perda… É muito tocante!

    Gostei bastante! Parabéns!

    Boa sorte no desafio!

    Até mais!

  8. Kelly Hatanaka
    24 de abril de 2024

    Costumo avaliar os contos com base nos seguintes quesitos: Tema, valendo 1 ponto, Escrita, valendo 2, Enredo, valendo 3 e Impacto, valendo 4. Abaixo, meus comentários.

    Tema
    Dentro do tema. O conto narra a viagem de uma família de homo erectus.

    Escrita
    Correta, elegante, um tanto científica.

    Enredo
    Uma família de homo erectus se afasta de seu grupo e viaja. No caminho, a mãe morre de parto junto do bebê e o filho desaparece, deixando o pai sozinho.

    Impacto
    É uma história bem desenvolvida, mas sem grandes emoções. Como disse acima, achei a escrita um tanto científica. Isso não é um demérito, claro. Só algo que me chamou a atenção. O conto também soou um pouco como um documentário do History Channel, daqueles que ganham uma romanceada para conquistar corações para além de disseminar conhecimento.
    Gostei, embora não tenha me empolgado.

  9. Marco Saraiva
    24 de abril de 2024

    Em primeiro lugar: durante este desafio eu não terei acesso a um teclado brasileiro, então os meus comentários serão desprovidos da maioria dos acentos. Perdão pela dor nos olhos!
    Em segundo lugar: resolvi adotar um estilo mais explícito de avaliação, pegando emprestado do que o Leo Jardim fazia antes, com categorias e estrelinhas, e também deixando no final um “trecho inspirado”, que é uma parte do conto que achei particularmente bela ou marcante.

    Avaliação

    Uma historia tocante, fazendo o que raramente conseguimos em um conto: contar muito em poucas palavras. O homem sem nome – o primeiro a criar uma fogueira com as maos! – foi um excelente personagem para se acompanhar a jornada.

    A leitura me carregou em um mar de emocoes. Primeiro, achei enfadonha. Pensei “ah, nao… serio que vai me contar a historia toda assim, como se fosse um relato simples em terceira pessoa?”. Como deu para notar, costumo nao gostar deste tipo de narrativa. Mas neste conto funcionou muito bem. Foi como ouvir a historia da boca de um amigo a beira de uma fogueira a noite – com todos os devidos paralelos enriquecendo a experiencia.

    A historia me conquistou, e eu me vi curioso, entao apreensivo, entao triste, entao reflexivo. Quando acabou, fiquei um tempo pensando nela. Foi realmente um excelente conto!

    TÉCNICA ●●● (3/3)
    A escrita segue uma especie de narrativa epica, tentando ser tambem um pouco de poema, especialmente com as palavras destacadas em alinhamento diferente. Gostei da estetica. Cada palavra em destaque era uma ideia importante no decorrer da narrativa, algo marcante na vida do personagem. Calor, famila, imaginacao, solidao. Foi um texto muito bem escrito.

    HISTÓRIA ●●◌ (2/3)
    Este com certeza eh o quesito mais subjetivo que uso nestas minhas avaliacoes. Apesar de eu ter gostado muito do conto e da leitura, a historia nao eh o forte deste conto. A forma, a execucao, e o sentimento sao mais poderosos. A historia em si eh ate bem simples. Ainda assim, prende muito.

    TEMA ●● (2/2)
    O conto se encaixa perfeitamente no tema de viagem.

    IMPACTO ● (1/1)
    Fiquei um bom tempo pensando neste conto depois de terminar a leitura. Na verdade, ainda estou refletindo a respeito dele. Entre outros sentimentos, o conto me fez pensar muito na finitude da vida, e de como nossos feitos e nossas identidades se perdem no tempo. Do po viemos e ao po voltaremos. Pegou pesado!

    ORIGINALIDADE ● (1/1)
    A leitura eh diferente, e as sensacoes tambem. Nunca vi este tipo de ideia ser explorado tao bem assim aqui no EC.

    Trecho inspirado

    “O que aquele hominídeo não poderia saber é que, quando os sapiens achassem sua ossada solitária e desmembrada ao longo dos arredores daquela montanha, identificariam com aproximada certeza os carnívoros vorazes que o devoraram, mas discutiriam acerca de sua diferença para os demais de sua espécie, que encontrados em outros sítios arqueológicos, demonstravam indústrias líticas, acampamentos iluminados e pensamento simbólico. E as conjecturas apagariam, como aconteceu e acontecerá à maioria de nós, quem realmente tinha sido ele.”

    Acho que aqui mora o cerne do conto. A ideia de que, apesar dos grandes feitos, da nocao da propria individualidade, este homem foi esquecido, visto no futuro apenas como um conjunto de ossos a serem estudados. Este tipo de ideia bota a vida em perspectiva.

  10. Antonio Stegues Batista
    24 de abril de 2024

    Homem Ereto, aquele que caminha de pé, aliás antes caminhava de quatro pés e aí existe uma teoria que não vem ao caso.

    Homo Sapiens, você pensa muito bem, não resisti ao trocadilho,  teu conto é uma narrativa fictícia e ao mesmo tempo uma análise científica, como bem diz no prólogo, ou, um olhar da ficção e o outro da ciência. Tem todos os elementos das teorias que supõem a vida primitiva, os primórdios da humanidade que começa exatamente nessa era, quando o ser passa a ser humano, por isso, humanidade. O conto não traz nenhuma novidade na questão das teorias da evolução, mas o mote do conto é a importância das relações afetivas, sobrepondo-se à ciência dos fatos, como mostra o “olho” da ficção e da ciência também.. Podemos imaginar que os sentimentos evoluíram, ou nasceram, junto com o raciocínio, com a inteligência, ou por causa dela. O conto mostra que naquele tempo o coletivo, a tribo, era essencial para a sobrevivência do indivíduo. O personagem decidiu explorar o mundo apenas com a mulher e o filho e não demorou muito todos pereceram sozinhos e ignorados.  Achei um bom conto.

  11. Emanuel Maurin
    23 de abril de 2024

    Esse conto mostra um primitivo curioso que faz descobertas. Aprende o manejo do fogo, arruma uma companhia única (foi aí que a humanidade se desenvolveu com o fim do incesto; no seu conto não fala sobre isso, seria legal ter abordado esse tema) e aprende a resolver problemas. Perdeu o filho e ficou sozinho no mundo pré-histórico. Você assistiu à ‘Guerra do Fogo’? Sei que seu conto tem uma abordagem diferente da do filme, mas é tão interessante quanto o filme. Os personagens estão bem aprofundados, a ambientação é boa, tem elementos visuais e cheiro do ambiente. É uma viagem bem descrita do mundo primitivo. Achei a leitura bem acelerada, acho que combinou com a pré-história que tudo acontecia muito rápido. Mas, senti falta do clímax e do anticlímax na sua narrativa. Até que o final foi bom, mas não teve emoção.

  12. Vladimir Ferrari
    23 de abril de 2024

    Particularmente, não aprecio textos com narrativas de frases longas. Mas o que penso sobre escrita pouco importa. Seu texto, na minha opinião, é denso e demanda atenção total na leitura, para não perder palavras. Me lembrou os tempos em que uma de minhas tarefas era procurar referências a empresa que trabalha no Diário Oficial. Mas me policiei e li (e reli) toda a estória. Algumas frases confusas, mas sem comprometer a narrativa. Repetições de palavras (das quais particularmente não gosto, mas isso sou eu).
    No mais o enredo é bem isso: histórico. Há de se destacar a sensibilidade em lembrar ao leitor que ainda que primitivo, há um cérebro “raciocinante” ali, enfrentando desafios que ainda assolam a humanidade. É uma viagem, sem dúvidas e o autor/autora, conduziu isso muito bem. Sucesso

  13. Mariana
    23 de abril de 2024

    Começou bem a leitura dos contos!

    Eu trabalho como professora de história e admito que nunca consigo pensar em nossos ancestrais como seres que eram mais do que um crânio de amostra (sim, eles tinham sentimentos). Assim, a parte toda do drama familiar me incomodou um pouco, mas foi muito mais uma questão minha do que um defeito do texto. Mas a história foi muito boa, eu vejo o Kubrick adaptando ela. Nota – 4,5/5,0

    Eu entendi a poética da ideia das palavras destacadas, mas, a minha leitura foi quebrada por elas. Acredito que já havia bastante lirismo na história, não precisava do reforço. O português correto, a construção das frases eram boas. Nota – 3,0/4,0

    A imagem e o título são bem bons. 1,0/1,0

    8,5/10

    Parabéns pelo conto!

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Informação

Publicado em 22 de abril de 2024 por em Viagem / Roubo.