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Detox Literário.

O crânio do dragão – Conto (Renato Silva)

Foram meses de viagem, seguindo por caminhos tortuosos, nos mais diversos terrenos e adversos climas. A paisagem que casava o verde com o azul tornava-se cada vez mais cinza e enegrecida. A vida deu lugar ao nada. A ausência de frio ou calor só aumentava o desejo de voltar. Sabia que estava cada vez mais próximo.

Ele se encontrava em um vasto deserto coberto por rochas e pedregulhos escuros. Não havia plantas, nenhum inseto ou animal adaptado àquelas condições. Água? Nada. Somente ossadas humanas ou vestígios delas. Dos itens que carregava, nada a se aproveitar. Alguns que sobreviveram à travessia do deserto, levaram a sua parte.

Descendo o vale, rumo ao leito do rio, ele via apenas mais pedregulhos. Era visível identificar o antigo leito, pois as pedras tinham formas e cores diferentes, sendo mais arredondadas e lisas. Não havia qualquer vestígio de matéria orgânica. Tão estéril quanto o restante ao seu redor. O rio sem água era o que ele procurava. Seguiu seu antigo leito, descendo cada vez mais. Mais algumas ossadas pelo caminho, nada a se aproveitar. Enfim, um grande paredão à sua frente e uma entrada, por onde a água continuava seu curso. Não havia uma gota d’água naquele lugar. Sorte que ele carregava quantidade suficiente em um pequeno cantil preso à cintura, ao lado da espada curta de bronze.

Por um momento, pensou em dar a meia volta e retornar para a sua aldeia…

Parou, bebeu um pouco de água, respirou fundo e prosseguiu.

Olhou aquela entrada por onde mal passaria um cavalo. E se aproximou… reduzindo a velocidade dos passos cada vez mais.
Ao se aproximar da entrada, um calafrio tomou conta do seu corpo. Pisou em algo semienterrado; era arredondado e sua cor se misturava à da areia escura da entrada da caverna. Ele se agachou e pegou aquele crânio humano sem o maxilar inferior. Estava bastante liso e seco; intacto. Os dentes estavam bem preservados, denotando pouca idade quando pereceu.

O crânio que o encarava apenas aguçou sua curiosidade, não havendo mais hesitação em seu coração para adentrar o recinto. Ele tirou um pequeno cristal de sua bolsa de couro e prendeu-o na ponta de um fêmur achado na entrada da caverna. A gema emitia um brilho frio amarelo, então o jovem caminhou pelo chão acidentado, cheio de pedregulhos e ossos que se esfarelavam quando pisoteados, evitando tocar nas paredes rugosas por onde subiam e desciam pequenos animais peçonhentos. Morcegos desacostumados com a luz voaram para longe, assustados. Enquanto penetrava pelo interior da caverna, o ar tornava-se cada vez mais escasso. Odores indistintos e desagradáveis subiam por suas narinas, causando náuseas e tonturas. No entanto, sua curiosidade e vontade de alcançar seu objetivo ainda eram maiores do que o pavor de estar naquele lugar, de onde pouquíssimas pessoas conseguiram retornar física e mentalmente intactas.

Apesar de todo mal-estar, ele descia pela caverna, naquele ponto completamente ausente da luz externa. Ele trazia pela mão esquerda a gema amarrada na ponta do fêmur. Andando cuidadosamente, percebeu uma declividade, precisando se agachar e segurar nas paredes rugosas, tomando cuidado para não tocar nas pequenas criaturas que se agitavam com a estranha presença naquele ponto. Por estar com uma das mãos ocupadas, segurando o pedaço de fêmur com a gema luminosa, o escorregou em uns pedregulhos enquanto descia, e acabou rolando por uns metros até parar semiconsciente mais abaixo.

Ele não sabia quanto tempo havia passado, mas a cabeça girava enquanto tentava se levantar. Seus braços e canelas estavam bastante arranhados, com sangramentos superficiais. Ardia mais do que doía, exceto o joelho direito, que bateu com força enquanto ele rolava pelo declive cheio de pedregulhos e pequenas feras rastejantes.

Estava escuro, olhou para várias direções até enxergar um brilho adiante. Resgatou sua fonte de luz e seguiu em frente. Por conta da queda e do tempo em que esteve quase desmaiado, ficou um tanto desorientado, deparando-se com várias bifurcações e repetindo o trajeto. Não sabia nem mais como retornar. Veio a fome, então ele abriu sua pequena bolsa e comeu uma tira de carne seca.

O velho havia avisado sobre os perigos da caverna. Antes de lhe entregar a gema de luz fria, avisou sobre como ela reagiria em seu interior. O brilho ficaria mais intenso ao se aproximar do objetivo. O rapaz caminhou em frente e percebeu uma estranha oscilação no brilho, que havia diminuído. Ele parou e observou ao redor, então viu uma passagem estreita entre a parede da caverna, à sua direita. Um homem mais corpulento jamais passaria ali, mas o jovem esbelto e de forte musculatura conseguiu passar com relativa facilidade. O problema foi movimentar o joelho, bastante dolorido pela queda, algum tempo antes.

O local era ainda mais fechado e escuro. O ambiente opressivo o fez pensar mais uma vez em desistir, principalmente após pisar em algo com a consistência de um fruto podre, exalando um cheiro pútrido que o tonteou. Ele continuava descendo vagarosamente pelos estreitos túneis da caverna, enquanto a temperatura aumentava e a concentração de oxigênio diminuía. Apresentava maiores dificuldades para respirar, por isso caminhava cada vez mais devagar; e mancava um pouco por causa do joelho. O brilho da gema continuava o mesmo, sendo bastante intenso e iluminando muitos metros à frente. Havia algo lá. Um corpo? Ele ficou surpreso, pois era alguém que acessou aquele local pouco tempo atrás. Vestindo túnica clara de linho, casaco com capuz feito de material rústico e escuro. O rosto era negro, sem barba, de lábios vermelhos e espessos. O cabelo era curto e feito em um corte tribal típico dos homens do seu povo. O corpo estava quente.

– Água… por favor… – murmurou.

Sem pensar, ofereceu o pouco de água que tinha. O homem tomou o cantil de sua mão e bebeu tão desesperado que logo o deixou vazio. O rapaz recolheu o recipiente e o amarrou de volta ao corpo.

O homem suspirou, olhou para o jovem e disse, com a voz fraca:

– Obrigado. Os deuses devem ter te enviado… era para eu estar morto.

– Descansa, meu amigo. Vamos sair daqui – disse-lhe, apreensivo sobre como escapar daquele lugar, estando perdidos em um ambiente tão opressivo e mortal.

Após um breve descanso para recobrar a consciência e as forças, disse-lhe o homem:

– Sei porque está aqui. Vim pelo mesmo motivo. Você não vai conseguir sozinho, assim como eu também falhei, mesmo tendo o dobro da sua idade.

Eis que se levantou e parecia bastante restabelecido para continuar andando sem ajuda. O jovem pegou a tocha fria e seguiram em frente.

– Onde conseguiu esta gema, rapaz?

– Com um velho que conheci durante a minha viagem para cá.

– Não é a primeira que vejo, mas também não foram muitas que vi na vida. – O homem deu uma pausa e continuou. – Ela tem outras utilidades, além de servir como tocha. – Terminou a frase com um leve sorriso.

– O que mais ela faz? – Perguntou o jovem, bastante surpreso.

– Você irá descobrir mais à frente.

O brilho da gema aumentou mais um pouco. A caverna agora estava bastante iluminada, o suficiente para que o rapaz percebesse estar diante de um grande portão cujo metal ele desconhecia. Parecia bastante antigo. Suas grades eram grossas, rústicas, cobertas por antigas camadas de poeira. Ele sacudiu o portão, tentando abri-lo, mas apenas provocou grande barulho com o ranger das dobradiças enferrujadas, atritando contra a rocha da caverna. As criaturas próximas se assustaram com o som atípico e se esconderam.

– Tudo que você fizer será inútil, não irá soltar as correntes. Elas estão sob um poder obscuro, que está além da nossa compreensão. Nada fabricado pelos homens pode soltá-las – disse calmamente seu companheiro de viagem, ao se aproximar e tocar-lhe o ombro.

– Não vou retornar até pegar o que vim buscar aqui – disse o rapaz, rangendo os dentes enquanto sacava a espada para golpear a corrente, na vã tentativa de abri-la.

– Calma, meu rapaz. Você não chegou vivo até aqui por acaso, assim como nosso encontro também deve ter um propósito.

O jovem pareceu se acalmar por um instante e olhou para o seu companheiro de viagem, sem saber o que dizer. Por fim, voltou a espada à bainha. Esta teria se quebrado caso fosse usada.

– Como conseguiu este cristal? – perguntou o homem.

– Eu… – disse o rapaz, pausadamente, tentando se lembrar. – Eu estava viajando… por muito tempo… não lembro quanto. – Respirou e continuou calmamente. – Passei por uma pequena vila, onde celebravam a divindade deles. Queria achar um poço – disse, colocando a mão no cantil amarrado à cintura. – Ao me afastar, vi dois homens agredindo um velho para roubar-lhe suas coisas. Fui lá e os derrubei. Eles saíram correndo, feridos. O velho me agradeceu e me deu este objeto, dizendo que seria de grande utilidade quando eu chegasse ao lugar que estava procurando. Achei estranho, ele parecia saber que eu estava vindo para cá. Quando coloquei o pé na entrada desta caverna, a gema começou a brilhar. Foi quando eu lembrei das palavras dele. – Então o rapaz se deu conta de algo. – Ele vestia uma túnica parecida com a sua… mas era mais clara.

– Somos da mesma ordem, mas eu venho do Sul. Estamos nos quatro extremos do mundo – respondeu o sacerdote, pacientemente. – Agora, use a gema.

O rapaz olhou para o fascinante objeto em sua mão, brilhando mais forte do que nunca. Sem que fosse preciso dizer-lhe mais alguma coisa, ele tocou suavemente sobre a grossa corrente de ferro, que deslizou por entre as grades e caiu no chão. O portão se deslocou na direção deles, obrigando-os a tomarem certa distância antes entrar.

Ao contrário do restante da caverna, a partir dali o solo era plano e o ambiente parecia esculpido por algum ser inteligente. Andaram mais uns metros, então desceram um bom lance de escadas em degraus rusticamente esculpidos, até atingirem um amplo salão cheio de ossos gigantes. O brilho desta vez ficou tão forte que poderia cegar quem olhasse diretamente para sua gema à curta distância. Foi quando o rapaz a prendeu em uma coluna de pedra rústica e seguiu pelo salão, impressionado com a ossada ali presente. Costelas, vértebras, ossos menores que, provavelmente, formaram suas asas, além de um longo osso do que poderia ter sido a pata dianteira de uma grande fera. E na ponta deste imenso osso, pedaços menores queratinosos encurvados e pontiagudos em uma das extremidades.

Ao olhar mais à frente, viu o enorme crânio da criatura que jazia ali. Era uma formação óssea muito grande, com órbitas que pareciam abismos, presas do tamanho de um homem.

Ele andou apressadamente em direção à grande estrutura, mas ao se aproximar, o solo tremeu, levantando poeira e brotando da pilha de ossos seres humanoides de raças distintas, portando antigas armas de bronze.
O jovem sacou a espada e enfrentou as criaturas, que foram facilmente destroçadas por golpes rápidos e certeiros. No entanto, os guerreiros de ossos não paravam de emergir do solo, tornando o avanço até o crânio gigante uma tarefa praticamente impossível.

– Você nunca irá derrotá-los desta maneira! – gritou o sacerdote.

– E tem outra saída? – gritou o rapaz, em resposta.

– Olhe à sua volta!

O jovem percebeu que os soldados de ossos não se aproximavam do andarilho, que estava próximo ao objeto luminoso amarrado junto à parede. As criaturas pareciam se esconder por entre a penumbra.

– Passe a gema para mim, homem!

O sacerdote retirou a tocha de onde estava amarrada e arremessou na direção do rapaz, caindo a seus pés. O brilho em volta dele fez todas as criaturas de ossos recuarem. Por fim, ele tomou seu objeto luminoso e avançou rumo ao crânio do dragão, visualizando o que tanto procurava.

Diga o que queres, jovem guerreiro.

Uma voz poderosa ecoou em sua mente, interrompendo o avanço à grande caixa craniana à sua frente.

Ele abaixou a cabeça e pediu humildemente:
– Ó grande Criatura Ancestral, não venho aqui atrás de tesouros. Quero apenas o está preso no topo da sua cabeça.

Muitos jovens como tu entraram aqui atrás dos meus tesouros, tentaram e falharam. Seus ossos se tornaram parte desta caverna e aterrorizaram outros aventureiros, que também acabaram deixando suas carcaças aqui.

Após uma pequena pausa da voz, ela continuou:

Por que tanto queres este artefato?

O jovem guerreiro não soube como responder, ficando hesitante.

Não adianta esconder. Vieste aqui em busca da Lança da Lua, que um antigo guerreiro da sua raça, considerado lendário, usou-a contra mim. Agora, queres usá-la para derrubar meu irmão.

Levantou a cabeça e encarou o crânio cujas presas eram do seu tamanho.

– Farei o que for necessário para proteger o meu povo. – Que vem sendo exterminado. Ele lembrou.

Um breve silêncio. Então, a voz soou na mente do jovem sem inflexão:

Sua determinação e ousadia me impressionam, mas tenho alguns desafios.

– Estou pronto – disse, com a mão na empunhadura para desembainhar novamente.

Tenho um enigma.

O jovem guerreiro ficou surpreso e desfez a guarda.

Um é pouco. Mil não satisfazem. Milhões são incontáveis.

Ele ficou pensativo e buscava respostas olhando para as paredes de quartzo do vasto salão de teto alto e coberto pelas sombras. Sabia que uma resposta errada seria seu fim. A voz não soou mais em sua mente. Ele teria todo o tempo necessário dentro daquele salão para responder.

O sacerdote se aproximou.

– Eu não posso responder por você, mas posso ajudá-lo.

O jovem guerreiro pensou se isso seria certo, mas nenhuma voz o censurou. Ele aceitou a ajuda.

– Eles nos desprezam, mas nos temem – respondeu o sábio sacerdote.

Então, o jovem guerreiro respondeu:

– A sua raça nos subestimou quando surgimos. Mesmo quando erámos muitos, ainda nos pisoteavam. Mas quando nos espalhamos pelo mundo e construímos nossas fortalezas, vocês não sobreviveram aos nossos avanços.

Uma breve pausa.

O que tanto procuras está à sua frente. Pegue e vá embora!

Ele avançou e subiu sobre o grande crânio do dragão, para retirar a lança fincada sobre aquela grossa massa óssea por séculos. Enquanto realizava grande esforço para tentar desenterrar a arma, ouviu um grito

– Arrrrgh!

Ao se virar, viu uma enorme serpente escura, com olhos que refletiam a luz do local, engolir quase que instantaneamente o andarilho.

Corra antes que a guardiã deste recinto te devore. A porta se fechará e ela não irá te alcançar.

– Não posso! Preciso resgatá-lo!

 Ele pode estar morto.

– Não está morto! Posso salvá-lo!

Este será o seu fim. Humano tolo.

O jovem aumentou seus esforços para desenterrar a lança do espesso crânio e, assim, finalizar a criatura para libertar seu companheiro e fugirem dali. Com um puxão mais forte, conseguiu retirar a arma, após muito séculos no mesmo local. Para sua surpresa, o metal estava bastante corroído, estando a lança completamente inutilizada. Mas não havia tempo para decepção, ele precisava dar um jeito naquela criatura imediatamente.

Saltou ao solo e deixou a lança enferrujada no chão; desembainhou sua espada e retomou a tocha que estava encostada. Devidamente armado, avançou contra a criatura imensa e hedionda. Sua face iluminada era o suficiente para petrificar um homem de terror, mas o espírito indômito daquele jovem guerreiro era mais forte.

Apontou para a criatura a tocha fria, cuja gema brilhava intensamente. Mas a criatura se mostrou totalmente indiferente, abocanhando-a, despedaçando o osso na qual estava presa. Por pouco não levou seu braço.
O ambiente estava completamente escuro… exceto pelo forte brilho da gema, que se irradiou por todo o corpo da serpente, principalmente seus olhos.

Basta um arranhão dos dentes desta serpente para que um homem morra em poucos dias com o corpo cheio de feridas.

Enquanto desviava dos botes rápidos da serpente, ele teve inúmeras oportunidades de correr rumo à saída. A criatura não poderia segui-lo para fora do grande salão por conta dos corredores estreitos adiante.

Pegue o que veio buscar e vá embora. Não perca seu tempo com um estranho. Não sejas tolo.

– Cale-se! – gritou o jovem guerreiro. – Saia da minha mente agora! Irei matar esta criatura e resgatar o que me é por direito!

Com o brilho que a criatura emanava, era plenamente possível enxergá-la naquele ambiente. Sem precisar segurar a joia com a mão esquerda, o jovem teve mais facilidade de movimentos enquanto tentava atacar com a espada.

A serpente tentou mais um mergulho na direção daquele ser pequeno e frágil. Ao errar novamente, sentiu uma forte dor vinda do topo de sua cabeça e uma pressão esmagadora em sua mandíbula. Depois disso, sua visão foi escurecendo e ela não sentiu mais nada.

O jovem guerreiro usou o pé para se apoiar na cabeça do animal morto e puxar a espada presa em meio a fragmentos de ossos e espessa massa encefálica. Imediatamente, ele cortou seu ventre. Havia muita coisa em seu estômago, além da sua gema de luz, mas nenhum vestígio do sacerdote.

– Incrível! – exclamou o sacerdote, saindo de um dos cantos da sala.

– Ah! Como assim?

– A criatura era real, mas o homem que ela engoliu, não – disse, exibindo uma fileira de dentes perfeitamente brancos num sorriso de satisfação.

– Por que fez isso? – perguntou o jovem guerreiro, confuso.

O sacerdote passou por ele, indo até o crânio do dragão. Pegou a lança e a olhou atentamente. Suas mãos emitiram um belíssimo brilho azulado e a lança foi restaurada integralmente. Por fim, ele se aproximou do jovem guerreiro e estendeu a arma para ele.

­– Você mostrou grande bravura e honra, não só a mim, mas para o espírito guardião desta caverna. Espero te ver novamente um dia, irmão – e sorriu novamente. Juntou as palmas das mãos e um intenso brilho azul tomou conta de todo seu corpo. Aos poucos, sua imagem se desfez no ar.

O guerreiro estava sozinho novamente. Limpou sua espada e a embainhou. Amarrou a gema no cabo da lança. E deixou o salão pelo mesmo caminho que tinha vindo antes. Ignorou o espólio do guardião da caverna e sua escolha foi acertada, pois o espectro não suporta saqueadores e oportunistas levando o espólio pelo qual deu a vida para conseguir. Mais uma vez, o velho que conheceu durante a viagem salvou sua vida, ao aconselhá-lo a pegar apenas o que precisava e sair.

O retorno pelos escuros corredores da caverna foi tranquilo, estranhamente sem qualquer criatura por entre as a paredes ou cheiros fétidos, apenas muitos ossos; mais do que lembrava ter visto durante sua descida.

Ao sair, encontrou a mesma paisagem que tinha encontrado. Um sol apontando a leste. Verificou seus pertences, ficando surpreso ao constatar que seu cantil estava cheio de água e em sua pequena bolsa de couro, além das tiras de carne seca que trazia consigo, um punhado de sementes suculentas e nutritivas, bastando algumas para saciar a fome por boa parte do dia.

O guerreiro não perdeu tempo pensando em como essas coisas foram parar lá e seguiu viagem de volta, para libertar seu povo e cumprir a Profecia.

13 comentários em “O crânio do dragão – Conto (Renato Silva)

  1. Antonio Stegues Batista
    2 de abril de 2024

    Um conto de Fantasia trazendo os elementos clássicos a jornada do herói para cumprir uma profecia, o dragão, o talismã sagrado, tudo muito bem encaixado na trama. Algumas frases são bem elaboradas criando boas imagens mentais. Só achei que o primeiro parágrafo está meio truncado na sonoridade, não casou bem como descrição da paisagem, mas o resto está legal.

    • Renato Silva
      4 de abril de 2024

      Olá, Antonio. Tudo bem?

      Agradeço pela leitura e comentários sobre o conto. Sim, vou dar uma revisada no conto como um todo, cortar trechos que parerecerem redundantes e talvez reescrever algumas partes que não soam muito bem, ficaram ambíguas ou não são coesas com o restante do texto, a partir dos apontamentos que vocês fizeram nos comentários.

  2. Angelo Rodrigues
    1 de abril de 2024

    Olá, Renato.

    O conto tem um quê de vim, vi e venci. Uma típica jornada do herói. Imagino que, a despeito de ser um conto bem legal de ler, acredito que possa ganhar um pouco mais de corpo tratando mais os personagens que o ambiente por onde o herói transita, cortando alguns excessos simbólicos. Essa força visual dada ao texto, acaba por esconder um pouco quem é quem na obra, faz sucumbir objetivos primários que dançam na cabeça do leitor. Ao menos na minha, creio.

    Acredito que essa arrumação faça o conto acontecer com mais profundidade, e responda com simplicidade o que ele fazia ali. Sim, ele precisava fazer um resgate, mas isso implicava exatamente em quê? Imagino que isso tenha significado para o leitor, ou pelo menos para mim.

    No mais, o conto é bem legal, embora eu não seja um bom crítico desse ramo de literatura, que lida com fantasias e tal.

    A imagem que ilustra o conto me lembrou uma visita que fiz ao Peru, ao Ossuário do Museo Convento Francisco y Catacumbas, do século XVIII, em Lima. No poço de exposição, tal como a foto que ilustra o texto, eram depositados restos mortais da população, uma espécie de cemitério público

    Abraços, Renato, e parabéns pelo conto.

    • Renato Silva
      4 de abril de 2024

      Olá, Angelo. Tudo bem?

      Muito obrigado pelo seu comentário. Seus apontamentos são de grande valia para mim, pois mesmo que eu leia e releia meus textos infinitas vezes, um olhar de fora pode me apontar o que eu nunca veria sozinho. E este olhar humano é algo que nenhuma I.A. seria capaz de realizar.

      O conto foi inspirado numa canção de power metal, por isso carrega todos os elementos clássicos da espada e feitiçaria que está letra. Como grande admirador da obra de Robert E. Howard, tentei dar a minha versão.

      Pretendo visitar o Peru futuramente. Visitarei esse local, achei bem interessante. Sei que em Portugal também tem uma igreja cheia de crânios humanos, não lembro a cidade.

      Abraços.

  3. Kelly Hatanaka
    30 de março de 2024

    Gostei muito da história.

    Achei um pouco descritivo demais em alguns momentos, mas penso que seja algo do próprio gênero. Senti falta de saber o motivo pelo qual aquela lança era tão importante. Dá pra deduzir que ela tem algum poder, mas isso é meio genérico. O que ela faz?

    Também senti falta da resposta ao enigma. Enfim, o que é que, um é pouco, mil não satisfazem e milhões são incontáveis?

    • Renato Silva
      31 de março de 2024

      Oi, Kelly. Tudo bem?

      Antes de qualquer coisa, agradeço pela sua leitura e colaboração com os comentários. Bem, vamos lá:

      “Gostei muito da história.

      Achei um pouco descritivo demais em alguns momentos, mas penso que seja algo do próprio gênero.”

      A intenção das descrições é de gerar uma sensação de imersão, mas também passar o que o protagonista estava sentindo através da descrição do ambiente, a sensação de sufocamento.

      “Senti falta de saber o motivo pelo qual aquela lança era tão importante. Dá pra deduzir que ela tem algum poder, mas isso é meio genérico. O que ela faz?”

      Você não viu isso no conto? Vou postar uma “fala” do espírito do dragão que habita a caverna:

      Não adianta esconder. Vieste aqui em busca da Lança da Lua, que um antigo guerreiro da sua raça, considerado lendário, usou contra mim. Agora, queres usá-la para derrubar meu irmão.” Percebeu?

      “Também senti falta da resposta ao enigma. Enfim, o que é que, um é pouco, mil não satisfazem e milhões são incontáveis?”

      E a resposta foi a seguinte:

      “– A sua raça nos subestimou quando surgimos. Mesmo quando erámos muitos, ainda nos pisoteavam. Mas quando nos espalhamos pelo mundo e construímos nossas fortalezas, vocês não sobreviveram aos nossos avanços.”

      Dá uma lida novamente, vê se você consegue deduzir. Esse enigma me deu trabalho. Parece que não sou muito bom com eles, hahaha.

      Dica:

      “Eles (dragões?) nos desprezam, mas nos temem”

      Se não ficou claro, me avisa.

      Obrigado, novamente, por ler e comentar.

  4. Gustavo Araujo
    29 de março de 2024

    O conto traz a típica jornada de herói num contexto de fantasia, em que o caráter do protagonista é testado durante um desafio de proporções homéricas. Gostei do início, da ambientação, em que não dá para saber direito quem é ou o que busca o protagonista — acho essa estratégia muito boa para fisgar o leitor. O problema começa quando explicações demais começam a aparecer, repetindo-se. Às vezes é melhor deixar lacunas para o leitor mesmo preencher. Também me incomodou um pouco a honestidade à toda prova do personagem principal. Pessoalmente, prefiro gente mais complexa, com dubiedades, falhas e defeitos, pois são mais fáceis de gerar empatia. Quando o sujeito é perfeito demais, a distância fulmina o interesse.

    Noto ainda uma preferência pela descrição das ações, em detrimento das questões filosóficas que certamente estariam bagunçando a cabeça dos personagens — não há nada de errado em adotar essa linha mais simplista, mas confesso que me incomodam descrições e mais descrições de ações. O que há de positivo no conto, por outro lado, além da ambientação inicial, como falei, é a mistura competente dos clichês do gênero, como os sacerdotes místicos, as criaturas demoníacas e, claro, a caverna que colapsa quando o grande prêmio é conquistado. Sim, já vimos tudo isso antes, mas aqui o caldo ficou interessante justamente pela mescla desses fatores, o que denota um ótimo nível de criatividade.

    Na minha opinião, portanto, um conto irregular, mas que pode se tornar muito bom com um tanto mais de meticulosidade.

    • Renato Silva
      31 de março de 2024

      Oi, Gustavo. Tudo bem?

      Antes de qualquer coisa, agradeço pela sua leitura e colaboração com os comentários. Bem, vamos lá:

      “O conto traz a típica jornada de herói num contexto de fantasia, em que o caráter do protagonista é testado durante um desafio de proporções homéricas. Gostei do início, da ambientação, em que não dá para saber direito quem é ou o que busca o protagonista — acho essa estratégia muito boa para fisgar o leitor. O problema começa quando explicações demais começam a aparecer, repetindo-se. Às vezes é melhor deixar lacunas para o leitor mesmo preencher.”

      O conto busca explicar o mínimo possível, exatamente por isso, nada de nomes. As descrições do início têm como objetivo buscar uma imersão por parte do leitor, por isso esta parte mais lenta e demorada no começo, indicando bastante insegurança por parte do protagonista, diante da solidão e escuridão.

      Com os apontamentos aqui no campo de comentários, pretendo realizar uma nova revisão e eliminar possíveis repetições de palavras e ideias.

      “Também me incomodou um pouco a honestidade à toda prova do personagem principal. Pessoalmente, prefiro gente mais complexa, com dubiedades, falhas e defeitos, pois são mais fáceis de gerar empatia. Quando o sujeito é perfeito demais, a distância fulmina o interesse.”

      Eu entendo, mas neste caso, o personagem não poderia ser diferente. Com tais “falhas”, talvez nem teria chegado vivo à caverna. Como foi apresentado no conto, o ambiente era completamente hostil e as chances de uma pessoa jovem, inexperiente, de sobreviver, eram praticamente zero. O protagonista não era um “escolhido” ou algo do tipo, mas se ele tinha o perfil para entrar naquele lugar e cumprir seu objetivo. E ele só conseguiu isso graças aos sacerdotes que o ajudaram. Isso não significa que ele era uma pessoa “perfeita”, mas honrada.

      “Noto ainda uma preferência pela descrição das ações, em detrimento das questões filosóficas que certamente estariam bagunçando a cabeça dos personagens — não há nada de errado em adotar essa linha mais simplista, mas confesso que me incomodam descrições e mais descrições de ações. O que há de positivo no conto, por outro lado, além da ambientação inicial, como falei, é a mistura competente dos clichês do gênero, como os sacerdotes místicos, as criaturas demoníacas e, claro, a caverna que colapsa quando o grande prêmio é conquistado. Sim, já vimos tudo isso antes, mas aqui o caldo ficou interessante justamente pela mescla desses fatores, o que denota um ótimo nível de criatividade.”

      Como eu havia deixado uma observação no texto de Word, o conto foi inspirado numa canção da banda sueca de power metal chamada Steel Attack, “Dragons’s Skull”. O conto foi escrito para um desafio interno, onde cada um escolheria uma canção e escreveria baseado na letra.

      Gosto muito da obra de Robert E. Howard, o “pai” do Conan e um dos popularizadores do gênero “Espada e Feitiçaria”. Suas histórias são marcadas por muita ação e descrição detalhada de cenários. Era mais focado nas aventuras do que em questões existenciais ou relacionamentos muito complexos. Não é mesmo um gênero considerado “elevado” do ponto de vista literário, tanto que a sua popularização veio através das antigas revistas “pulp”, muito consumidas por jovens da primeira metade do século XX, antes da “Era de Ouro dos Quadrinhos”.

      “Na minha opinião, portanto, um conto irregular, mas que pode se tornar muito bom com um tanto mais de meticulosidade.”

      Levarei em consideração seus apontamentos. Obrigado.

  5. Priscila Pereira
    28 de março de 2024

    Olá, Renato! Tudo bem?

    Gostei bastante do seu conto! Uma fantasia típica bem pensada narrando a jornada do herói. Gostei que o herói se manteve íntegro o tempo todo, mas caberia um mergulho nos sentimentos de dúvida, deixando a escolha dele de salvar o companheiro menos óbvia, seria mais interessante de acompanhar. A ambientação está correta, mas óbvia demais, exatamente o que se esperaria, principalmente dentro da caverna. O enigma não ficou claro o suficiente pra mim, a resposta era os humanos? Achei meio estranho…

    Sobre a escrita, está bem insegura no começo, muito repetitiva, dava pra enxugar muito do começo. E quando ele cai e machuca o joelho, logo adiante você volta a tocar no assunto como se estivesse lembrando ao leitor o porque dele estar mancando, mas nós acabamos de ler, não dá pra esquecer… do meio pro final você fica mais confiante e a escrita mais ágil e limpa.

    Muito bom seu conto, principalmente por ser uma fantasia de qualidade! Parabéns!

    Até mais!

    • Renato Silva
      31 de março de 2024

      Oi, Priscila. Tudo bem?

      Antes de qualquer coisa, agradeço pela sua leitura e colaboração com os comentários. Bem, vamos lá:

      “Gostei que o herói se manteve íntegro o tempo todo, mas caberia um mergulho nos sentimentos de dúvida, deixando a escolha dele de salvar o companheiro menos óbvia, seria mais interessante de acompanhar.”

      Pelo que ele demonstrou ao longo da sua jornada, não consigo imaginar ele agindo de modo diferente. Mesmo num mundo cheio de corrupção e violência, algumas pessoas não sei deixam corromper. E foram todas essas atitudes que o levaram a conquistar seu objetivo e sair vivo da caverna.

       “O enigma não ficou claro o suficiente pra mim, a resposta era os humanos? Achei meio estranho…”

      Aparentemente, a era dos dragões entrou em declínio com o surgimento de uma nova raça. Qual você acha que foi?

      “Sobre a escrita, está bem insegura no começo, muito repetitiva, dava pra enxugar muito do começo. E quando ele cai e machuca o joelho, logo adiante você volta a tocar no assunto como se estivesse lembrando ao leitor o porque dele estar mancando, mas nós acabamos de ler, não dá pra esquecer… do meio pro final você fica mais confiante e a escrita mais ágil e limpa.”

      Sim, verei os trechos redundantes e cortarei as ideias que se repetem, no entanto, o ritmo lento e descritivo é a maneira que o conto usa para apresentar ao leitor ambiente terrível ao qual o rapaz deve adentar, ainda que cheio de medo.

      Ao encontrar o sacerdote e a pedra passar a iluminar melhor a caverna, ele tornou-se mais confiante. Por isso que dali para frente tudo foi mais dinâmico e ágil.

      “Muito bom seu conto, principalmente por ser uma fantasia de qualidade! Parabéns!

      Até mais!”

      Agradeço novamente e irei considerar suas sugestões.

  6. fabiodoliveirato
    28 de março de 2024

    Buenas, Renato!

    Vou te falar, gostei da história, principalmente do final, revelando que o sacerdote era, na verdade, parte do teste do guardião da caverna. Se era uma entidade independente, ou apenas uma extensão do guardião, nunca saberemos. Gosto assim. Temos a visão de que o protagonista está numa jornada justa. E gosto da abertura do final, possibilitando outros contos com o mesmo herói.

    Agora, sobre a escrita, tenho alguns apontamentos. Acho que dá pra dividir o conto em dois atos: a jornada solitária do guerreiro e o desafio final. A narrativa da primeira parte é um tanto insegura. Você reforça muitas ideias, se preocupa demais em explicar tudo, entregando um texto prolixo e repetitivo. Como exemplo, destaco a parte em que descreve o cristal de luz fria e amarelada, ressaltando que o protagonista a prendeu num fêmur. No parágrafo seguinte, você repete a mesma informação, sem qualquer necessidade. O mesmo se repete em alguns momentos, como falar toda hora da trilha de ossos, do cheiro forte da caverna e o ar rarefeito. Essas repetições cansam o leitor. Torna o conto mais longo do que deveria. E tira a agilidade da leitura, tornando-a trôpega. Ah, um detalhe que pode ser uma falha. No terceiro parágrafo, você menciona que o rio estava seco, sem água, mas depois, quando menciona a entrada da caverna, fala que a água continua o seu curso por lá. E, pra piorar, ainda comenta que não tem um pingo de água lá dentro, HAHAHA. Fiquei sem entender nada. Olha a sequência:

    O rio sem água era o que ele procurava. Seguiu seu antigo leito, descendo cada vez mais. Mais algumas ossadas pelo caminho, nada a se aproveitar. Enfim, um grande paredão à sua frente e uma entrada, por onde a água continuava seu curso. Não havia uma gota d’água naquele lugar.

    Se foi intencional, não capturei a intenção, de fato. Apenas mencionando caso tenha sido um descuido.

    Eu adoro fantasia, Renato. E sempre achei mais difícil de escrever fantasia e FC, até terror, do que algo mais rotineiro. Insista. Não desista. Estou no mesmo caminho, aprendendo um pouco mais a cada dia que passa. Ainda estou encontrando minha voz literária.

    Continue escrevendo, Renato!

    • fabiodoliveirato
      28 de março de 2024

      Ah, esqueci de mencionar que a narrativa da segunda parte, assim que ele encontra o sacerdote, é mais segura e menos repetitivo, ficando assim mais ágil e entregando uma leitura mais atraente. Claro, a primeira ainda deixou um impacto meio negativo, pois me cansou, mas me senti mais cativado pela segunda parte, que foi onde o negócio ficou bom.

      • Renato Silva
        31 de março de 2024

        Oi, Fabio. Tudo bem?

        Antes de qualquer coisa, agradeço pela sua leitura e colaboração com os comentários. Bem, vamos lá:

        “Acho que dá pra dividir o conto em dois atos: a jornada solitária do guerreiro e o desafio final. A narrativa da primeira parte é um tanto insegura. Você reforça muitas ideias, se preocupa demais em explicar tudo, entregando um texto prolixo e repetitivo. Como exemplo, destaco a parte em que descreve o cristal de luz fria e amarelada, ressaltando que o protagonista a prendeu num fêmur. No parágrafo seguinte, você repete a mesma informação, sem qualquer necessidade. O mesmo se repete em alguns momentos, como falar toda hora da trilha de ossos, do cheiro forte da caverna e o ar rarefeito. Essas repetições cansam o leitor. Torna o conto mais longo do que deveria. E tira a agilidade da leitura, tornando-a trôpega. Ah, um detalhe que pode ser uma falha.”

        A intenção nesta parte foi a de apresentar o cenário com mais detalhamento, ao mesmo tempo que a descrição pudesse passar ao leitor a impressão bastante opressiva do lugar. Esta lentidão reflete o andar cheio de dúvidas no coração do jovem, que se vê completamente indefeso naquele local. É bem essa coisa de tatear no escuro, sem saber o que vai encontrar pela frente. Os ossos pelo caminho servem para mostrar quantos morreram tentando a mesma coisa que ele; jovens da sua idade. E os cheiros e o a descrição do ar também servem para passar ao leitor o mal-estar do protagonista naquele lugar. No entanto, eu concordo que alguns trechos podem ser enxugados. Te digo que esteve pior e eu cacei muitas repetições de palavras. Farei uma nova revisão e tentarei suprimir alguns trechos que parecerem redundantes, mas ainda manterei o ritmo lento e descritivo nesta primeira parte.

        “No terceiro parágrafo, você menciona que o rio estava seco, sem água, mas depois, quando menciona a entrada da caverna, fala que a água continua o seu curso por lá. E, pra piorar, ainda comenta que não tem um pingo de água lá dentro, HAHAHA. Fiquei sem entender nada.”

        Posso ter usado o tempo verbal errado neste caso.

        “O rio sem água era o que ele procurava. Seguiu seu antigo leito, descendo cada vez mais. Mais algumas ossadas pelo caminho, nada a se aproveitar. Enfim, um grande paredão à sua frente e uma entrada, por onde a água continuava seu curso. Não havia uma gota d’água naquele lugar.

         
        E se trocar “continuava” por “continuaria”?

        Este trecho indica que o protagonista seguiu pelo leito seco de um antigo rio e que este continuaria através da caverna. Aquele lugar, milhares de anos antes, era trilhado por um rio.

        “Ah, esqueci de mencionar que a narrativa da segunda parte, assim que ele encontra o sacerdote, é mais segura e menos repetitivo, ficando assim mais ágil e entregando uma leitura mais atraente. Claro, a primeira ainda deixou um impacto meio negativo, pois me cansou, mas me senti mais cativado pela segunda parte, que foi onde o negócio ficou bom.”

        Que bom que você gostou desta parte. Posso te dizer que eu estava bem mais inseguro em relação a parte final, pois levei muitos meses para concluir o conto, justamente pensando no que o rapaz realmente procurava quais seriam seus desafios. Até essa coisa de enigma me quebrou a cabeça e eu pensei se deveria coloca-lo ou não.

        O fato dela ter sido mais rápida e dinâmica tem a ver com o grau de segurança do rapaz, que tornou-se mais confiante ao encontrar outra pessoa ali e sua joia trazendo luz naquele lugar horrendo. A ajuda do sacerdote foi essencial ao rapaz.

        Obrigado, Fabio, pelas observações.

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Informação

Publicado às 28 de março de 2024 por em Contos Off-Desafio e marcado .