Como foi que cheguei até aqui? A esse matagal. Costumavam dizer que eu era um sonhador. Quem me visse hoje acharia estranho o adjetivo. As coisas parecem ter saído do controle. Calma. Vai passar. É o efeito platô. O maldito efeito platô. Um sonhador: esta talvez seja minha segunda característica mais marcante. A primeira… bem, a primeira não será difícil perceber em breve. Para isso, é preciso começar pelo início, e, como em todos os inícios, falar da minha família.
O mais correto é dizer que eu nasci num lar quase invejável. Não se pode dizer que éramos ricos, mas de forma alguma pobres. Tive praticamente de tudo. Morávamos numa cidade pequena quando criança, mas sempre estudei nos melhores colégios. A casa vivia cheia de livros. E discos. Não lembro de um dia em que meu pai não estivesse lendo algo e, minha mãe, ouvindo. Ele, quase sempre poesia; ela, quase sempre os Beatles. Nasci no dia 9 de dezembro de 1980. Ao sair do hospital, minha mãe estarreceu diante da banca, daquela manchete. Depois, convenceu meu pai a trocarem o nome já acordado. No dia seguinte, batizaram-me John.
Minha infância foi boa. Apesar da rigidez excessiva do meu pai, consegui conquistar o direito à sua biblioteca. Contanto que devolvesse os livros aos devidos lugares no fim do dia, eu poderia passar umas quatro ou cinco horas lá embaixo. Praticamente não tive amigos naquela época. Mas nunca senti falta. Perdi-me nos livros e, sozinho, passei a imaginar, a sonhar… É incrível que digam que as crianças não sabem de nada. Ora, foi justamente nessa época que, antes que me desse conta, eu já cultivava convicções das quais nunca me desgarrei.
Costumavam dizer que eu era um sonhador. Uma vez por mês, meu pai me levava para caminhar à margem da cidade, de onde se avistavam algumas colinas. Eu sempre quis subir a uma delas e olhar o que havia do outro lado. Meu pai jamais permitiu. Passou a olhar torto sempre que eu dirigia o olhar para lá. Eu voltava para casa e corria para a biblioteca, criava meus próprios mundos, para além das colinas. Lá, meu pai não ditava as regras. Lá, ele sequer estava. Do lado de cá das colinas, quem não estava mais era minha mãe. Morreu pouco antes dos meus catorze anos, num acidente de carro.
E é óbvio, é óbvio que o dia de hoje encontra suas raízes naquele ano. Se a vista de Borges se torna opaca aos cinquenta e cinco, e meu pai é quem sobrevive àquele acidente, eu seria para sempre incapaz de refutar a aleatoriedade da vida. Foi assim que, ainda criança, a realidade se tornou um desencanto. Cada dia mais agudo. Estranho, mas é a única lembrança de algum sofrimento que tive.
No final do ano da morte de minha mãe, a casa estava insuportavelmente cheia. Meus avós paternos e primos comemoravam sempre o Natal conosco. À mesa, as palavras eram poucas e, inevitavelmente, o assunto acabava naquela “fatalidade”, como diziam. E do caso particular partiram para o tema geral da morte até que meus avós passaram a falar de vida eterna. Eu quis sair da sala de jantar, quando fui surpreendido pela inconveniência de minha avó:
— E você, John? Tem certeza de que vai para o paraíso com sua mãe?
Eu sempre falei pouco. Comecei a escrever bem cedo para lidar com essa dificuldade. Punha nos papeis algumas ideias que não ousava compartilhar. Até que minha avó deu ensejo à aparição de uma delas:
— Isso não existe, vó.
Meu pai me olhava fixo. Desconcertada, minha avó não conseguia expressar palavra, a cabeça meneando, como quem busca explicação.
— A senhora nunca parou para pensar nessa possibilidade?
A sala continuava muda.
— Imagine, vó. Só imagine. É fácil se você tentar.
Naquela madrugada, levei a última das tantas surras da infância. Antes de fechar a porta do quarto, meu pai disse, num tom soberbo e quase profético:
— Tome cuidado com as consequências do que pensa.
E é óbvio, é óbvio que o dia de hoje, essa arma engatilhada, tudo isso encontra suas raízes naquele ano, naquele Natal, naquela profecia.
Ocorre que, desde muito cedo, eu entendi que a resposta daquelas questões mais profundas era bem simples. Não que eu fosse muito mais inteligente que os demais. Mas algo me impedia de ser trapaceado. De ser ludibriado pela conversa fiada dos que fingem consolo falando de coisas que não sabem, que nunca viram, de lugares onde nunca estiveram. Sincero foi aquele homem! Sim, por que o lado de lá deveria ser algo enorme? Por que “forçosamente enorme”? Ele estava certo, certíssimo! É tão provável que minha mãe esteja em paz, cercada de anjos, quanto que esteja num “quartinho de banhos de aldeia, enegrecido pela fuligem, com aranhas espalhadas por todos os cantos”.
E se ninguém sabe, se ninguém na verdade tem a mínima ideia, o meio do caminho, essa estrada entre o começo e o fim definitivo importa muito pouco. E a única forma de sobreviver com alguma dignidade, como se isso importasse, é criando nossos próprios mundos, erguendo Jerusalém, mas nossa própria Jerusalém, nosso castelo além das colinas, onde não há países, nem religião, ou lei, ou posses. Sim, nós é que construímos o que há para além das colinas. Eu me pergunto se alguém consegue… Sim, eu sei, eu sei que não sou o único, o único a sonhar… A sonhar…
E enquanto relembro convicções tão precoces, aqui nesse matagal, à luz de pouquíssimas estrelas, enquanto me pergunto como as coisas chegaram até aqui, aquela noite no supermercado reaparece. Reaparece como um momento decisivo, um marco, o dia em que as ideias mostraram a força dos homens de verdade, dos homens de convicção, e não dos hipócritas. E ainda que eu o lembre com apreço, ele sempre me soa simples demais.
Entramos num supermercado, no início da noite. Meus “amigos” riam de tudo. Como crianças. Eu não os considerava, senão por inércia e preguiça. Naquela noite estavam especialmente irritantes. Um deles sugeriu quase às gargalhadas que levássemos às escondidas um pote de sorvete. Roubar, dirão. Outro enfiou o pote debaixo da blusa por um segundo. O mais velho disse que tinha dinheiro. Foi acusado de covarde. Pegou, então, uma colher na prateleira e perguntou:
— Mas com que vamos tomar? Não precisamos de colher?
Colocou-a no bolso, com aparente firmeza. Mas uns passos adiante, parou. O riso de todos diminuiu. Emudeceram. Não sabiam o que fazer. Eu via aquilo aturdido.
— Deixa quieto, cara, deixa quieto – disse um dos rapazes.
Enquanto mexia no bolso para livrar-se da colher, um funcionário virou a esquina do corredor e ficou nos observando por alguns segundos. A mão do “amigo” permaneceu no bolso, segurando a colher. O funcionário fez que vinha, pegou algo na prateleira e foi para o corredor seguinte. Todos se entreolharam. O mais velho tirou a colher do bolso, olhando para os lados, e a devolveu. Dez segundos se passaram e ele explodiu num riso que todos seguiram.
— Vocês estão de brincadeira? – indignado, peguei a colher e pus no bolso.
Ninguém riu. Me olhavam como se nunca tivessem me visto. Pagaram o sorvete e fomos saindo. Quando o funcionário de minutos atrás gritou:
— Ei, vocês.
— O quê? – eu disse.
— Vocês estão levando alguma coisa além do sorvete?
Os rapazes estavam de costas. Devem ter entendido que isso os acusava e viraram, sem reação.
— O que o senhor quer dizer? – perguntei.
— Você sabe o que eu estou perguntando.
— Está acusando a gente?
— Eu só fiz uma pergunta.
O caixa que nos atendera e outros clientes, todos estavam fixos na cena.
— Não, não foi só uma pergunta. O senhor está nos acusando. De roubo. É isso, não é? Fale de uma vez. Vamos, fale!
Alguém balbuciou algo atrás de mim. O funcionário olhou para os clientes e cedeu.
— Não. Está tudo bem. Era só uma pergunta. Eu devo ter me enganado.
Eu ainda o encarei por uns cinco segundos. Saímos dali e ninguém me disse palavra. Dei-lhes a colher e voltei sozinho para casa.
Eu sei bem que ninguém perderá o sono com essa história inocente. O que talvez perturbe é entender que não havia em mim, naquela noite, qualquer afetação. Não havia ninguém ali a quem eu quisesse provar algo. Talvez a mim mesmo. Mas só. Porque, e esse é justamente o ponto, o único disparate naquela ocasião era a covardia daqueles rapazes. Eis a coisa mais assombrosa para mim: a fraqueza da maioria das pessoas. Pessoas ou piolhos? Muitos concordam que o fim de tudo pode ser o quartinho de banhos, ou mesmo uma escuridão sem fim, mas ainda assim encontram motivo para andar de determinada forma, seguir determinado padrão. Mas por quê? Quem explicará? Eis o motivo de gente tão fraca ao longo dos anos, de sociedades insignificantes. Senão por aqueles que decidiram abrir suas próprias portas e construir o que haveria para além das colinas! Senão por Napoleão, Robespierre!
Ninguém estranhará também o corolário dessas minhas histórias, dessas minhas ideias. Saí cedo de casa. Antes dos dezoito. Um ano depois, meu pai morreu. As arbitrariedades da vida; no dia do velório, eu experimentava, por poucos dias, o gosto inédito de uma cela. O motivo? Nada que mereça o relato. Eu certamente não iria ao velório. E, com aquela morte, eu me sentia, por detrás das grades, completamente livre. Sim, é fácil adivinhar: eu fiz de tudo. Me transformei, em poucos anos, nisso que a sociedade rotula aberração. Eu fiz de tudo. Quase tudo. Dirão palavras como quebrar, infringir a lei. Crie o vocabulário e você ganhou a guerra! Lei. Palavra engraçada e desprezível. O camponês de Kafka morreu sem conhecê-la. As pessoas dizem “lei”, dizem “bem”, “mal” com uma rigidez admirável. Não percebem a fluidez dos conceitos! Quebrar a lei é abrir portas. São poucos os dotados da coragem e ânimo para abri-las. O mundo, tal como conhecemos, é totalmente deserto, ávido por ser conquistado, por ser descoberto pelos que não têm medo de tomar suas próprias decisões, de ser livres, de decidir o que é bem e mal, certo e errado.
E agora todos já terão uma imagem formada de quem eu sou. E pensar que alguns se compadecem por achar que o menino sonhador se perdeu! Ninguém ouse! Eu poderia dizer que sou tudo o que gostaria de ser. Mas há muito ainda pelo caminho. Há esse último obstáculo, esse último teste… Ocorre que nos últimos dias tudo tem me parecido um tanto opaco, e eu me sinto um pouco desorientado. Os resvalos, pequenos resvalos na estrada! Como foi que cheguei até aqui? A esse matagal, a essa arma engatilhada! A essas dúvidas! Tantos séculos desenhando-se um mundo sob determinados padrões que estes reverberam por todos os lados… as filas e modos e preços e a rotina inquebrável da vida de todos… Tudo completamente frágil, vil, ilusório, e, ainda assim, sempre de pé, sempre se impondo! Peixe guerreando contra a água. O poema ressoando: “Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso tenho em mim todos os sonhos do mundo”! Do mundo! Mas “o mundo é para quem nasce para o conquistar” ou “para quem sonha que pode conquistá-lo”?
Ah! Essas fraquezas temporárias, efêmeras! Às quais todos os que se propõem o caminho mais árduo estão sujeitos. Ao menos, ao menos eu poderia dizer, como talvez alguns prefiram: eu sou o que eu deveria ser. O que estava destinado a ser. Quem foi que disse? O homem “tende a abrir para si mesmo um caminho, eterna e incessantemente, para onde quer que seja”? Para onde estou indo? Esse homem, esse homem à minha frente será minha salvação, meu Cristo! Conheci-o há dois anos, quando me ofereceu emprego. Marido de uma mulher arrebatadora. Ao menos antes de ser espancada, no dia em que ele nos descobriu. Eu consegui fugir. Com a certeza de que um dia voltaria.Nesta madrugada, eu o arrastei do bar onde bebia desacompanhado e o trouxe para esse matagal.
Eu fiz de tudo. Quase tudo. Nunca havia matado alguém. Era o último obstáculo a ser vencido. E eu tinha plena consciência de que diante de mim havia nem sequer um verme. Não o digo por ódio ou ciúme. Fosse quem fosse, um estranho ou meu próprio pai, a questão que se erguia diante de mim era a mesma, a mesma que eu já havia lido nos livros, e que agora eu experimentava. “Eu precisava saber, e saber o mais depressa possível, se eu também era um piolho, ou um homem extraordinário. Era eu uma criatura trêmula (como meus ‘amigos’ no supermercado) ou tinha o direito”? Eu me sentia fraco, desprezível. Aqui, agora, as coisas parecem ter saído do controle! Sinto que “no desespero dos iconoclastas quebrei a imagem dos meus próprios sonhos”! Vandalizei a mim mesmo. Fui fraco como meus “amigos”.
“Meu coração tem catedrais imensas. Como os velhos templários medievais, entrei um dia nessas catedrais e nesses templos claros e risonhos”. Entrei quase todos os dias da minha vida na biblioteca de meu pai. E mesmo quando saí de casa, e mesmo quando meu pai se foi, e mesmo preso, eu sempre estive lá! Onde eu quis estar. Enclausurado em mim mesmo. Criando meu próprio mundo, minhas próprias regras, leis, meus sonhos. No meu subsolo. E hoje… um deslize, um pequeno deslize, mas eu não hei de falhar! Não desonrarei os sonhos da infância. Ainda há a arma engatilhada. Ainda há um fio de noite. Ainda há esse verme diante de mim para provar-me as convicções de menino, para me abrir a porta, o caminho até lá longe, lá em cima! Visito novamente a biblioteca, as catedrais daqui de dentro. Me vejo diante daquelas colinas nunca visitadas. Ninguém atrás de mim. Ninguém ouviu o disparo. Ninguém encontrou o corpo ainda. Há tempo para, enfim, realizar o sonho. Ver o que há, afinal, além daquelas colinas. Eu as subo correndo, em êxtase, certo de que não haverá paraíso ou inferno do outro lado. Alcanço o topo e, finalmente, avisto lá de cima. Para meu assombro. Para meu sofrimento. Embaixo, um deserto. Nenhuma cidade ou vegetação. Acima de nós, apenas o céu. E mais nada. Absolutamente nada.
Ambientação: Mediana. O conto não se preocupa muito com a ambientação típica, mas conseguimos nos situar na história.
Enredo: Mediano. A história é boa, acho que o que prejudicou a trama foram as longas reflexões do protagonista. Gosto do uso de referências e citações em textos, aqui, talvez, a mão tenha pesado um pouco. No final eu entendi que ele havia se matado e não matado alguém e depois encontrou o nada.
Técnica: Muito boa. Apesar do excesso de reflexões e o ritmo arrastado o autor domina bem a narrativa.
Considerações Gerais; Um conto de médio para bom.
Olá, Christopher H. D. Wilson.
Numa vã tentativa de ser mais objetivo, resolvi, para este desafio, pegar emprestado o modelo de comentários do EntreMundos. Então vou dividir meu comentário em ambientação, enredo, escrita e considerações gerais.
A eles.
Ambientação: Difícil falar de ambientação quando o texto se trata de um grande monólogo. Não que não haja ambientação, ela apenas fica num distante segundo plano. De toda forma, destaco que foi fácil entender a dinâmica da família de John e visualizar a cena no supermercado. A atmosfera de angústia que cerca o monólogo também foi bem construída. Ou seja, a ambientação funciona. Não é um elemento que brilhe na narrativa, mas cumpre seu papel.
Enredo: Confesso que achei um bocado enfadonho. São muitas reflexões, num ritmo arrastado, repleto de referências literárias que não parecem se conectar… Entendo a intenção de construir o personagem com detalhes, para que o leitor possa entender sua transformação. E até funciona, na verdade. Mas o ritmo é penoso, exige muito da concentração do leitor. Foi fácil, não, rs.
Mas não é um enredo ruim, apenas arrastado. Talvez numa outra estrutura, mais dinâmica, sem carregar tanto nas referências, funcionaria de forma mais leve e engajaria o leitor com mais facilidade. Da maneira que está, considero razoável.
Escrita: É boa. Limpa, sem erros graves, com bom vocabulário. Talvez um tanto rebuscada, mas acho que o background do personagem justifica. Só não gostei do excesso de referências. E, sobretudo, da referência muito explícita à música do John Lennon. Acredito que as referências devem ser discretas e funcionais. Quando uma grita assim num texto, ao invés de o enriquecer, ao menos na minha visão, o empobrece.
Considerações gerais: É um texto bem escrito, o autor tem domínio da língua e demonstra ter uma boa base literária. A abordagem do tema fugiu do óbvio, procurando investigar toda a formação do personagem, tudo o que pode tê-lo conduzido ao seu destino. Foi uma boa sacada. A narrativa lenta e algumas reflexões com aparente fraca conexão comprometem um pouco a experiência. É um texto que talvez demande releituras, o que talvez não seja a melhor opção para o desafio. Mas, certamente, tem seus méritos.
Desejo sorte no certame.
Abraço.
Imagine
Olá.
Um conto que demora bastante a começar, em comparação à maioria dos contos que tenho visto.
Coesão – Sua linguagem é bem trabalhada, rica em significados e profunda em reflexões, mas, o enredo vaga por muitos caminhos, o que torna o conto pouco coeso. Tenho certeza de que a opção por usar mais da metade do conto justificando a ação, que só acontece no final, não foi boa. Tornou o texto, que é curto, extremamente cansativo e repleto de conclusões morais sem mostrar ação. Até a própria ação, que justificaria a inserção nesse tema, parece deslocada, num caso extra, afastado de tudo o que você nos contou antes. E o que estava nos escritos do menino? Não vi razão para o leitor não saber. Mais elementos como a ojeriza à religião (que aliás, parece que virou moda, a ojeriza) pareceram-me abordados dentro de um senso comum, nada aprofundado.
Ritmo – Muito arrastado pela ausência de ação e pela extrapolação das questões reflexivas e das muitas justificativas.
Impacto – Tenho grandes dificuldades com textos que apressam-se em justificar, por vezes quase “santificar”, as ações de pessoas violentas. Não que as razões, os abusos, os traumas, não existam. Claro que existem e são capazes de transtornar a vida das pessoas para sempre. Refiro-me aqui a questão da forma condescendente e obsequiosa que isso aparece em alguns textos. Prefiro saber das motivações no entremeio das ações, quase que por um descuido.
Obrigada e espero ter contribuído um pouco.
Olá. Costumo começar o comentário pela investigação do pseudónimo. Neste caso, Cristopher Wilson é o nome de um jornalista falecido este ano e autor de um livro chamado Dancing with the devil. O título aplica-se a este conto, que narra, de forma sublime, a transformação de uma pessoa aparentemente normal num criminoso. A construção é elegante e perturbadora. Não há nada de mais perturbador do que nos revermos em alguns pontos, felizmente poucos. Também eu cresci no meio de livros e dos Beatles. Também eu sou sonhador. O texto consegue fazer a viagem para essa zona que é o lado negro da humanidade, longe da visão redutora do bem e do mal, da virtude e do pecado. O texto é complexo mas feito com elegância, prendendo o leitor da primeira à última palavra. Nota 10 e seria um crime não dar esta nota. Parabéns.
Oi Christopher
O autor tem grande domínio da escrita e o conto entrega a história de um assassino perturbado.
Porém, achei a história um bocado cansativa, perdendo-se em reminiscências grandiloquentes. Talvez estas reminiscências tenham seu papel na história, mostrando a confusão e a megalomania de John, mas o resultado ficou um tanto arrastado para o meu gosto. E, se elas pretendiam mostrar também as motivações dele para cometer seu crime, não funcionou, para mim. Não consegui ligar sua infancia agridoce, o episódio do sorvete e a derrocada de sua vida. Pode ser que não haja motivo e ele seja simplesmente assim mesmo.
Boa sorte.
Assim como Belchior, farei meu comentario a respeito de John:
Desde que vi o título do conto no site, imaginei(no pun intended) que teria a ver com a música do John lennon. E realmente há essa referência, mas de uma forma meio rasa. A escrita é robusta, tem uma estética bonita e traz uma rica filosofia por trás e é enriquecida com as referências, mas o enredo se perde em muitos momentos nessas divagações e retrospectivas do narrador. A história, por si só, é bem simples: é John se remoendo em questionamentos e lembranças diante de seu primeiro homicídio, e se decepcionando com uma certa liberação espiritual que não veio. Mas o enredo não tem destaque em nenhum momento, e por vezes parece que só está aí para adequar o texto ao tema do desafio. Por fim, o texto mais parece um ensaio do que um conto. Não que trazer tais questões seja ruim, muito pelo contrário, mas elas não podem atropelar a narrativa.
Boa sorte!
A história começa bem, com uma narrativa excelente, boas frases, elaboradas na quantidade certa. Porém, em alguns pontos o narrador faz muitas divagações, repetindo algumas memórias, que só deram extensão ao texto, não tanto à história. Notei algumas referências ao escritor Jorge Luís Borges, sem grande relevância, mas é válido. Então gostei do conto até metade, dali para o fim, perdeu o brilho das ideias. Desandou para a simplicidade. Imaginei que seria um grande final, mas se transformou no vazio como o deserto além das colinas. O autor escreve bem, gostei bastante da escrita, não tanto das ideias, pelo menos nesse conto.
Vou discordar do protagonista. Logo a princípio, o personagem presumiu que deveria retornar à sua infância para fazer sentido da sua situação, mas acho que estava errado. O que pareceu acontecer é que o conto demorou um pouco a começar. A princípio, imagina-se que esse elo com os seus primeiros anos será demonstrado de forma mais direta e significativa, mas se passa muito tempo falando de sua solidão literária, de seus pais e de sua avó. O ano que é apontado no texto como um marco, embora consolide o protagonista como uma alma contestadora e rebelde, não parece mais significativo do que o episódio do mercado, por exemplo. É evidente que a autoria aqui escreve muito bem, pois tanto um momento como outro se encontram bem redigidos, mas continuo pensando que poderia ter se mantido menos no passado, deixando mais espaço para a situação atual do personagem, apressadamente exposta nos últimos parágrafos. Aliás, o verdadeiro conflito do conto não é o assassinato em si, mas se o personagem ultrapassará esse último obstáculo e, assim, é naquele monólogo final que se concentra o clímax. É engraçado que nunca li “Crime e Castigo”, mas soube na hora que um dos trechos vinham de lá, parecendo ao personagem emular as angústias do protagonista russo. Como demoramos muito a chegar nesse ponto, há um certo cansaço, só então ficamos sabendo em que está metido o protagonista, e os longos parágrafos em que expõe seus dilemas soam grandiloquentes, mas sem o efeito catártico que envolveria o leitor. Acho que o melhor teria sido cortar um tanto das passagens no passado e priorizar o momento atual, estabelecendo uma relação mais direta entre as lembranças e o agora.
Boa sorte!
Buenas, Christopher!
Nesse desafio, irei avaliar três fatores: aparência, essência e considerações pessoais.
O que ele veste, o que ele comunica e o que eu vejo.
É uma visão particular, claro, mas procuro ser sincero e objetivo. E o intuito é tentar entender o texto em sua totalidade, mesmo falhando miseravelmente, hahaha.
Vamos lá!
APARÊNCIA
Eu gosto de monólogos. Mas eles são perigosos: sem controle, tal como o protagonista da sua história, pode desandar.
Você incita o leitor no começo. Acaba prometendo demais (talvez sem querer, mas o tipo de abertura que entregou, criando um clima de mistério e apresentando uma situação inusitada, desperta naturalmente a curiosidade do leitor). E entrega algo previsível. A leitura, que é cansativa por causa da densidade do fluxo de pensamentos do narrador, acaba sendo tediosa.
A escrita é correta e cuidadosa. O problema é que o narrador tenta se justificar demais. Isso pode fazer sentido para o personagem, mas, para o leitor, é algo cansativo. Com isso, a narrativa se torna cada vez mais pesada e repetitiva. Sem dinamismo e caminhando para uma direção conhecida, a decepção é inevitável.
ESSÊNCIA
O protagonista é bem elaborado: ele cresceu praticamente sozinho, num lar intelectualizado, mergulhado em livros e na imaginação. Conforme crescia, acabou criando uma visão individual do mundo, com suas próprias leis.
Somos presentados com algumas reflexões interessantes, que, às vezes, são contaminadas pelo pensamento do narrador. Faz sentido: ele é o autor da história. E ele acha que está certo. Eu gosto desse tipo de construção. É coerente. O leitor precisa entender o que é do personagem e discernir.
Mesmo seguindo um caminho comum, essas reflexões acabam somando valor ao conto.
CONSIDERAÇÕES PESSOAIS
A leitura foi cansativa. Na metade do caminho, estava desejando o final. O fluxo de pensamentos, mesmo bem elaborados, ficaram densos demais. Uma dinâmica maior poderia resolver isso. Acho que um conto bem cadenciado, com boas quebras de ritmo para aliviar a leitura, poderia deixar a leitura menos cansativa e mais interessante.
Parabéns pelo trabalho, Christopher.
1. o tema do desafio está presente de maneira minimamente adequada: o protagonista é um assino; no enredo, acompanhamos os dramas e os motes de um assassinato;
2. o enredo está entre mediano e bom: mediano porque é levemente monótono e fúnebre; bom porque o protagonista é complexo e [pseudo]intelectualizado;
3. a escrita é boa, embora descambe para a pedância; há um certo excesso de citações e menções que objetivam dar um ar intelectualizado ao personagem, ao conto ou à prosa;
4. textos ficcionais narrados em primeira pessoa exigem cuidado para não incidir no excesso de pronomes (de primeira pessoa, por óbvio): em Imagine, há certa de 51 “eu”, 28 “meu” e “meus” e 17 “minha e “minhas”, totalizando cerca de 96 pronomes de primeira pessoa, isso sem contar os pronomes de primeira pessoa do plural;
5. o verbo “estarrecer” é quase um arcaísmo; “minha mãe estarreceu” é uma construção pouco usual; melhor seria a mãe ter se chocado com a notícia da morte do cantor pop e decidido, ainda ali em frente à banco, o novo nome do recém-nascido, Jonh;
6. “caminhar à margem da cidade” também é uma construção pouco usual; em primeiro lugar, porque caminha-se às margens (no plural); em segundo, porque se caminha no entorno, nos limites, nos estremos, não à margem da cidade;
7. “expressar palavras” é um lugar comum literário; é sempre bom buscar sinônimos: “Desconcertada, minha avó silenciou”; no conto, o mesmo tipo de lugar comum reaparece em “ninguém me disse palavra”;
8. “menear a cabeça” (no conto “a cabeça meneando”) também é um arcaísmo – além de um lugar comum literário; na contemporaneidade, agita-se a cabeça, balança-se, mas ninguém, em santa e lúcida consciência, meneia;
9. há uma repetição de “último/últimos” aqui (sendo os dois primeiros intencionais, mas o terceiro involuntário): “Há esse último obstáculo, esse último teste… Ocorre que nos últimos dias”.
Sujeito comete um homicídio e reflete sobre os caminhos que o levaram a esse ato extremo.
Fui lendo seu conto a princípio com bastante interesse, depois com certo estranhamento e por fim, desculpe, com um pouco de enfado.
A escrita é boa, mas penso que o autor se estendeu demais no relato da trajetória do personagem que ao fim e ao cabo não me pareceu ter grande consistência. Ou seja, os fatos narrados não justificam as ações do personagem e o conto termina por fazer transparecer um autor que escreveu sua história sem um planejamento, sem se ater a uma relação de causa e efeito entre os fatos narrados e a repercussão no personagem, embora tentando simular essa conexão.
O texto está repleto de referências literárias, mas eu não consegui vislumbrar a conexão das referências com a história narrada.
Enfim, resumindo, embora bem escrito, para mim faltou coesão ao seu texto o que acabou comprometendo o ritmo da narrativa e seu impacto.
Parabéns pela participação. Desejo sorte no desafio e em tudo mai. Um abraço.
Uma pregação é o que vejo no relato sob o ponto de vista do narrador. Contra o paraíso, mas não deixa de ser um sermão. Isso é um comentário que fiz, mas que não tem haver com o que achei do seu conto, apenas refleti sobre isso. O que importa é que a narrativa é fluida e bem expressiva. Gostei do enredo, dos diálogos e da estrutura. Parabéns.
21 – Imagine
Conto que tem mais jeito de solilóquio.
Um jeito blasé de pensar e agir.
Um garoto dos anos 1980, que vive aparentemente num lar agradável, de repente, através de sua própria compreensão, começa a ver em torno de si um lar esquisito, de pouco acolhimento.
Achei essa passagem estranha. O que transformou a água em vinho? Isso parece não ter explicação, salvo a mudança de compreensão do protagonista, que, sem motivo aparente, também se transforma.
Um conto que escolheu se alongar em tramas que não se justificam, que são banais na vida de um garoto. A questão do sorvete e da colher não parece ter a dimensão necessária a ser retratada no conto, não soma ao texto um movimento que se justifique. Está além do necessário.
O menino John parece ter uma filosofia esquisita, desconectada e pouco enjambrada. Particularmente no momento em que ele diz que “agora todos já terão uma imagem formada de quem eu sou”. Sim, isso é verdade. John é raso, pouco razoável e blasé. Esse moleque John já me parecia merecer uma boa escovação nessa altura do texto. Se apruma moleque!! Esse John começou a me irritar e tive vontade de parar de ler.
Bem, ele mata um cara. É um psicopata que mata num matagal. Aí melhorou, passando de blasé para assassino blasé, desfilando um perfil de moleque psicopata. Só falta mudar o nome para Mark Chapman e venerar John Lennon a ponto de dar um tiro nele.
Creio que o autor tenha querido passar ao leitor a ideia de construção de um personagem psicopata, que vai da estabilidade da família ao crime sem sentido que pratica. Achei que esse foi o caminho, só não sei se a psicopatia se configura dessa forma, tão lentamente, sem eixos estruturais se manifestando precocemente. Acho que não. Há punções interiores não captadas em nosso pequeno John.
Boa sorte no desafio.
Mais um conto sobre a trajetória do criminoso, e mais uma vez usando o flashback. A diferença fica por conta de que, dessa vez, a culpa não pode ser da sociedade. Aqui os motivos são mais profundos, psicológicos, filosóficos. Talvez o autor queira contrapor essa “origem criminológica” à causa “social”. É o segundo conto no desafio que usa a técnica do “fluxo de consciência”, e aqui é muito bem tramada. No meio do conto descobri o autor.
“E erguendos os gládios e brandindo as hastas,
No desespero dos iconoclastas,
Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!”
Gostei muito, parabéns.
Narrativa em flashback, relatando os motivos que levaram o protagonista a chegar aonde está no momento; sua transformação de “pessoa de bem” em um criminoso. Achei o texto bem escrito, porém muito longo, com uma exploração excessiva da caracterização psicológica do personagem. Acredito que o texto ficaria mais atraente, se mais enxuto. Aumentaria sua qualidade.
O conto aborda o tema proposto pelo desafio.
A narrativa desliza fácil enquanto voltada à “autobiografia” do narrador. Talvez isso aconteça porque gosto muito de biografias, de conhecer gente. Ter recebido o nome em homenagem a John Lennon o fez se identificar como um sonhador ( referência à canção Imagine).
No entanto, ao adentrar o campo filosófico, os parágrafos ganham um tom mais pesado e o ritmo ralenta consideravelmente. É como se o leitor passeasse à beira de um lago e de repente fosse sugado por um pântano. A densidade das reflexões trazidas pelo(a) autor(a) causa um efeito perturbador por um lado, e por outro, uma letargia diante de questões que não se destinam a qualquer conclusão racional.
Sem dúvida, o talento para a escrita é evidenciado na construção da trama. Assim como o conhecimento transferido em forma de diversas referências. Talvez seja isso o que me incomdou: o excesso.
O desfecho ficou ótimo e me fez pensar na música de Gilberto Gil – Se eu quiser falar com Deus – ” (…) pela estrada que ao findar vai dar em nada (…) do que eu esperava encontrar.” As expectativas do narrador foram frustradas pelo nada da existência, o nada após a morte (possibilidade que ele mesmo sugeriu à avó).
Parabéns pela participação e boa sorte no desafio.
Caro colega, tudo bem? Tive sentimentos contraditórios em relação a este conto. Positivamente, ele é bem escrito e claramente trabalhado pelo autor. Por outro lado, a narrativa, o enredo e o próprio personagem trouxeram certo incômodo ao longo da leitura.
Veja, como disse, percebo um esmero na construção desse personagem. O autor inseriu-o num tempo e espaço, trabalhou seu passado, seu traumas pessoais, as relações familiares, tentou fazer o autor refletir sobre a lei e a justiça, além de trabalhar com referências musicais que dialogam com o tema do conto: a obra de um compositor pacifista morto de forma violenta.
Esses são os méritos que destaco.
Por outro lado, o conto fica um tanto arrastado, apesar dos parágrafos compactos, muito pela maneira que o autor optou para desenrolar a história: o protagonista está num momento chave, empunhando uma arma, e a partir dele tece longas reflexões e é acometido por memórias, desde as mais tenras até as mais recentes. Toda essa volta, embora aparente ser necessária para encorpar psicologicamente o personagem, quando trazida pela perspectiva do narrador em primeira pessoa, ficam inverossímeis, e até um pouco pedantes, dado a personalidade de John, que, convenhamos, não é dotado de muita modéstia. Aliás, acho extremamente difícil criar um personagem tão cheio de referências e conhecimento, porque, muitas vezes, ao tentar passar essas características para o leitor, caímos no erro de citar referências, trechos de obras de autores consagrados, divagações que tem o propósito de tentar dar alguma originalidade para o olhar que o personagem tem diante do mundo, mas acabam não sendo tão profundas ou originais assim, fazendo com que esse mesmo personagem perca força diante do leitor, seja uma caricatura, alguém envernizado de palavras e frases prontas.
Logo, o conto se perde num rememorar e didatizar que caminham para o desfecho, onde finalmente descobrimos para quem a arma está sendo apontada. Esse embate final, entretanto, é pouco desenvolvido, e o peso do assassinato acaba que por não ocupar um papel crucial na vida do protagonista: sendo ele tão certo e convicto de sua natureza, de seus ideais, o puxar do gatilho não gera nenhum espanto ou choque, não há dilemas, não há tensão, apenas a frustração.
O final é interessante, sim, esse deparar-se com o nada após quebrar a última barreira, e esse ponto, de dividir os homens em piolhos ou extraordinários me lembrou muito, é claro, os conflitos apresentados em Crime e Castigo. Acontece que, aqui, entre o momento de apontar a arma e apertar o gatilho, o recheio acabou ficando um pouco empolado.
Porém, é um conto bem escrito e que evidencia o trabalho do autor.
Boa sorte no desafio!
Olá, Christopher!
Um conto denso, de narrativa complexa, com afirmações e questionamentos entrelaçados, que traduz a vida de John, de sua infância privilegiada ao momento de “epifania”, em que descobriria tratar-se de um homem trêmulo, ou liberto.
Como disse antes, a narrativa imprime um ritmo bastante lento, com parágrafos grandes e com muitas informações para o leitor assimilar. Não é um tipo de estrutura ruim, de modo algum, mas sentimos um “refresco” na leitura quando surgem os diálogos. Esses dois trechos, o do Natal com a família e o dos amigos no supermercado, acabaram me chamando mais a atenção do que os questionamentos que o narrador faz a todo instante.
Achei que o texto está muito bem redigido, e o personagem faz algumas perguntas que se adequam totalmente ao perfil que está traçando. São perguntas retóricas, direcionadas tanto a si quanto ao leitor. É uma maneira interessante de narrar, quase que dialogando com o receptor. Entretanto, eu, no papel de leitor, achei que o personagem não quer e nem se importaria com outra opinião que não a dele próprio. Se a intenção era essa mesma, parabéns, funcionou muito bem.
No geral, acho que o conto é adequado ao tema do desafio, tem boa técnica e atende ao seu propósito. Por outro lado, o enredo não foge muito do que outros contos do desafio também fizeram, com o garoto de infância privilegiada que se torna criminoso. Variam os motivos, mas com resultados semelhantes.
É isso. Boa sorte no desafio!
Olá, Christopher!
Ambientação: O conto é todo voltado aos pensamentos, sentimentos e lembranças do protagonista. Tudo devidamente detalhado e claro.
Enredo: um jovem psicopata que conta sua história logo antes de se matar, porque não conseguiu matar um homem. (É isso?) Não ficou muito claro esse final, imagino que seja isso. Confesso que não gosto de contos nesse estilo que visam mais reminiscências e filosofia do que a ação. Nesse tamanho é cansativo, ou se fosse mais entremeado de ação, pra dar uma dinâmica, seria melhor.
Escrita: boa. Clara e firme. Imagino que o conto tenha mais força e sentido pra quem conhece as músicas dos Beatles. Eu não conheço e não pesquei nenhuma das frases em aspas. Então não sou sua leitora ideal.
Considerações gerais: não amei nem odiei.
Boa sorte!
Até mais!