EntreContos

Detox Literário.

[EM] O estúpido monstro da estupidez (Jorge Santos)

1

O Rui entrou em casa a correr, como era seu hábito. Mesmo quando estava doente, nunca parava de correr. Abraçou-me como se já não me visse há mais de três meses, mas nem oito horas tinham passado desde que o tinha levado à escola. 

– Paiiiiii…

– Ruuuui… – Disse eu, imitando-o. Pousei o meu livro na pequena mesa preta do Ikea. Respirei fundo enquanto ganhava paciência para ouvir as aventuras do dia na escola do meu filho de oito anos. Os olhos faíscavam de energia. O cabelo e a camisola pareciam ter sobrevivido a uma tempestade e demonstravam que o dia tinha corrido bem.

O João entrou em casa. Tinha dezassete anos e começava a ganhar pequenos tufos pretos na cara, aos quais a mãe não achava grande piada. Lúcia entrou logo depois, tornando-se o centro das atenções do Rui. Afastei-me. Uma vez era suficiente para os meus ouvidos. O Rui era uma criança fantástica, mas um tagarela que roçava o limite da paciência. Quando finalmente terminou o relato e desapareceu a correr pelas escadas acima, aproximei-me da minha esposa. Notei no seu olhar o cansaço diário.

– Olá amor. Como correu o teu dia? – Perguntei-lhe, beijando-a.

– Trânsito para ir, trânsito para vir, clientes idiotas, chefes ainda mais idiotas. O de sempre, querido.

– Podias ter casado com o Telmo. Quando nos conhecemos ele já era rico e não tirava os olhos de ti. Assim não tinhas de sair de casa.

– Pois… e ficava gorda e balofa. Prefiro assim. Pobre e elegante.

– Sabia que havia uma razão para me teres escolhido, querida.

Ela fez-me aquele sorriso que só se faz quando se está realmente bem, um sorriso de alma aberta, como dizia a minha avó.

Ao jantar, o João contou que tinha terminado mais um livro de astronomia, o Origens, de Neil deGrasse Tyson.

– Trata das origens cósmicas do Homem – explicou o meu filho mais velho, começando a descrever o livro, como era já hábito dele. Poderia considerar as suas explicações de spoilers, mas o tempo em que eu lia livros de astronomia já tinham acabado há muito. Agora preferia outro tipo de livros, de outros universos igualmente grandiosos – os universos aos quais apenas temos acesso quando lemos os grandes mestres da literatura.

Os jantares andavam sempre à volta de livros, filmes e séries. Não sendo ricos, o pouco dinheiro que sobrava depois de pagar as contas era investido em cultura. Concertos, filmes, workshops de jardinagem, fotografia e vídeo. Tudo o que nos alimentasse o espírito e fizesse crescer.

A partir de abril, nas noites de lua nova íamos no nosso pequeno carro tentar fotografar a Via Láctea num ponto suficientemente afastado da civilização para que o céu fosse escuro. Usava uma máquina fotográfica em segunda mão, que seria motivo de gozo por parte de qualquer apaixonado pela fotografia com mais dinheiro do que eu mas sem as mesmas prioridades. Ficávamos os quatro deitados numa manta, no topo do monte. O João apontava para as estrelas com o apontador laser que o avô lhe dera e dizia o nome, constelação a que pertenciam e a distância à Terra das estrelas principais. O Rui também já sabia o nome de algumas. Parecia que tinha mais um nerd a caminho na família. Quando comentava isso com a Lúcia, ela costumava responder “antes isso do que toxicodependente”. Não havia forma possível de refutar essa afirmação.

2

Quando vi pela primeira vez o monstro, ele estava a sair do quarto do Rui. Parecia um homem de olhos completamente verdes. Em vez de mãos tinha tentáculos e a parte de cima da cabeça era transparente, permitindo ver no seu interior um cérebro minúsculo que palpitava como se de um coração se tratasse. A visão era estranhamente familiar, como se fosse o quinto elemento da família, alguém que visse habitualmente mas de cuja presença só me desse conta agora. Alarmado, abri a porta do quarto e vi que o Rui dormia profundamente na sua cama, por baixo do edredão com motivos do Harry Potter, livro que ele já tinha começado a ler e que exibia orgulhosamente na mesa de cabeceira. O monstro desapareceu de seguida, esfumando-se no ar. Teria sido imaginação minha, pensei. Esqueci o assunto e fui para a sala. Voltei a pegar no Memórias Póstumas de Brás Cubas. Coloquei os auscultadores nos ouvidos e deixei que o soul de Curtis Mayfield me devolvesse a tranquilidade.

De noite, custou-me a adormecer. Parecia que o monstro estava a meu lado, a sorrir para mim e a dizer “Agora é a tua vez. Vais gostar.”. Não gostava de ter pesadelos, especialmente quando ainda tinha os olhos abertos. Decidi ir ao psiquiatra. Receitou-me comprimidos para dormir. Problema resolvido, pensei. Mas não podia estar mais enganado: passados alguns dias começámos a notar alterações no Rui. Deixou praticamente de falar. Pôs o livro do Harry Potter de lado. Pegou no telemóvel e aquele passou a ser o seu mundo, sempre com auscultadores nos ouvidos. A princípio ainda conseguia dialogar com ele, mas depois fechou-se completamente, num autismo voluntário para o qual os médicos não tinham resposta. Passava agora o tempo a ver vídeos no Tik Tok. De tempos a tempos ria-se alto, de uma forma descontrolada. Quando tentávamos tirar-lhe o telemóvel tornava-se agressivo. 

– Deve ser uma fase – disse a Lúcia, mas eu não tinha tanta certeza. Desconfiava que a alteração no comportamento do meu filho tinha a ver com o monstro, que via cada vez mais frequentemente em casa. Mais ninguém o via. Apenas eu. Tentei tirar-lhe uma fotografia, mas não saiu nada. Tentei falar-lhe, pedindo-lhe para que deixasse a minha família. O João, que estava a passar por nós nessa altura, fez-me um sinal de que eu estava a ficar maluco.

– Estou a ensaiar para uma peça do meu grupo de teatro – menti.

– Pois, pois, pai… – disse o João, antes de sair de casa.

Fitei o monstro e tentei empurrá-lo, mas as minhas mãos apertaram o vazio, o que era uma prova de que só existia na minha imaginação. Derrotado, voltei para a sala para acabar o meu livro. O monstro colocou-se atrás de mim com ar trocista e dali não saiu durante o resto da tarde.

3

No dia seguinte comecei a notar diferenças no comportamento do meu filho mais velho. Parecia um autómato, de auscultadores nos ouvidos e sem tirar os olhos do Youtube no telemóvel.

– Bom dia, João. Não vais ficar como o teu irmão, pois não?

Ele não respondeu. Pousou o telemóvel, preparou o seu pequeno almoço e saiu para as aulas, sem tirar da cabeça os auscultadores. A falta de resposta deixou-me mais em pânico do que irritado. Quando regressou, ao final da tarde, não tirava os olhos do telemóvel, vendo vídeos do Tik Tok sem parar.

– João, podes largar essa merda, por favor? Já me basta ter um zombie cá em casa! – gritei. Mas ele não me respondia. O Rui entrou com a mãe, sem tirar os olhos do telemóvel e sem me cumprimentar.

– Lúcia!

– Diz, querido.

– O João ficou igual ao Rui – disse eu, puxando-a para a sala, longe dos nossos filhos. Depois dei-me conta da parvoíce que fizera: os nossos dois filhos não dariam conta da nossa existência nem se dançássemos o Fandango em cima da mesa da cozinha, a mesma mesa onde os dois viam vídeos no telemóvel.

Ela sorriu.

– Estás a preocupar-te demais, amor.

– Estou a preocupar-me demais? Transformaram-se em duas criaturas acéfalas do dia para a noite. Já não leem, não veem um filme. A vida passa-lhes completamente ao lado. Eu via este comportamento nos filhos dos nossos vizinhos, mas nunca pensei que acontecesse connosco. Parece uma epidemia de estupidez.

– É normal, Ernesto. Acalma-te. De aqui a pouco vais dizer que o culpado é aquele monstro de olhos verdes que só tu vês.

Normal. Para a minha esposa, era tudo normal. Nesse momento declarei guerra ao monstro. Procurei na Internet, fui a especialistas. Era geral a constatação de que a geração mais nova se tornara dependente da Internet. Conviviam menos, estavam menos criativos. A vida consumia-se nas 6 polegadas do visor do telemóvel e pareciam ser felizes assim, perpetuamente imaturos. Só eu conseguia ver a verdadeira razão: estava ali, à minha frente. Horrendo, o monstro chamava por mim. Sabia o que ele queria, mas rejeitava liminarmente aceitar a derrota.

4

– Fala-me mais desse monstro, Ernesto. – Disse o comentador na rádio. Aquela era a minha última hipótese. Talvez se expusesse a minha história alguém poderia dizer que também o via. O ridículo era mais do que provável, mas estava disposto a tudo pela minha família.

– Senhores ouvintes, este é o programa Hora da conversa. Estamos aqui com o senhor Ernesto Uzinho, que teve a coragem de vir a público afirmar que tem um monstro em casa que lhe está a transformar os filhos em idiotas.

Olhei para o comentador, enchi o peito de ar e contei a história para o microfone do estúdio da rádio. Passado um breve momento publicitário, a primeira pergunta de um ouvinte fez-se ouvir, alto e bom som. Num tom sério, o ouvinte apresentou-se: – Olá, chamo-me Rogério Saraiva e queria dizer que partilho da opinião do Ernesto… (O meu coração encheu-se de esperança. Alguém acreditava e tivera uma experiência semelhante.) … mas o meu monstro ataca-me as bolachas. É azul… ah, ah, ah…

O ouvinte desligou e seguiram-se outras intervenções semelhantes. Regressei para casa com o eco dos risos nos ouvidos e o coração completamente desfeito. Pensava que estava preparado para mais decepções, mas nada me preparara para ver que a esposa também não largava o telemóvel, sempre a jogar jogos de paciências e a ver vídeos nas redes sociais. Olhei para os três à mesa, durante o jantar, cada um a olhar para o seu telemóvel, e experimentei uma solidão profunda. A um canto, o monstro sorria. Atirei um prato na sua direção, que se estilhaçou contra a parede da cozinha. A Lúcia nem se virou. Limpei os cacos e saí de casa.

Segui em direção ao centro da cidade. Havia um café onde costumava passar algum tempo. Observei que a grande maioria das pessoas por quem passava na rua não tirava os olhos do telemóvel. Pareciam máquinas, completamente abstraídas do que se passava à sua volta. Sentei-me e pedi um café. Até a música ambiente tinha sido alterada para algo mais moderno. Para mim era apenas um ritmo básico e repetitivo, sem alma. Tomei o café e deixei-me ficar durante algum tempo. Li o jornal. Percebi que era o único que o fazia. Todos os outros clientes, das mais variadas idades, olhavam para os telemóveis e tablets. Ninguém conversava. Ninguém sorria para os outros, apenas para as suas máquinas. Percebi que havia uma epidemia de estupidez, que a mesma já devia existir há algum tempo e que eu, por algum motivo que conseguia descortinar, era o único que podia ver a verdadeira razão. Sentado na mesa ao lado, o monstro deu uma gargalhada de prazer, enquanto fumava um cigarro.

Completamente derrotado, regressei a casa. Estava apenas o João, ou a sua sombra, não sei. Tinha saudades das nossas conversas sobre astronomia. Agora, o universo dele implodira para ficar reduzido ao tamanho do visor do telemóvel. Num rasgo de estupidez da minha parte (bolas, também tenho direito, de vez em quando) arranquei-lhe o aparelho das mãos e fechei-me na casa de banho. O João berrava de uma forma animalesca e dava pontapés à porta. Felizmente que não tinha machados em casa, ou aquilo seria um remake do The Shining. Li as últimas mensagens dele. Percebi que falava com a mãe e o irmão. Falavam bem de mim, como antigamente. Uma lágrima escorreu-me pela face. Percebi que não eram eles que estavam errados. Eu é que não pertencia ao mundo deles. Abri a porta do quarto de banho, entreguei o telemóvel ao João, que estava com vontade de se atirar a mim mas ficou logo calmo ao ver o seu brinquedo. Fez-me lembrar o Gollum no Senhor dos Anéis. Só lhe faltou dizer “My precioussss”.

Despedi-me de cada um dos meus livros que tinha na estante da sala. Adeus Saramago, adeus Pessoa, adeus Mia Couto, Dostoevsky e Garcia Marquez. Com um aperto no coração, subi ao quarto. Não precisava procurá-lo, porque ele orbitava à minha volta como as moscas à volta da merda. Era isso que eu me sentia – e só sabia uma forma de resolver o problema: desistindo.

– Estou pronto – disse eu. Senti de imediato que o monstro me hipnotizava com os seus profundos olhos verdes e, depois, o prazer do vazio.

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21 comentários em “[EM] O estúpido monstro da estupidez (Jorge Santos)

  1. Pingback: Jorge Santos | EntreContos

  2. maquiammateussilveira
    17 de setembro de 2021

    Ambientação: O conto se sustenta, eficazmente, no contraste entre o cenário realista e o fantástico da situação, dando ao texto um ar de absurdo. Aqui sim a presença de um monstro ganha verossimilhança, porque quem o escreveu tem o que dizer, nada é de graça ou inventado simplesmente para “surpreender o leitor”.

    Enredo: A trama não se atropela, constrói sem pressa a relação familiar, depois a sensação de perda de cada um dos entes queridos, o sentimento de não pertencimento do personagem central e a aceitação final. Cada etapa está no seu lugar, levando o tempo e o espaço que precisa. Embora a trama não seja lá muito original, é louvável como a autoria não forçou com reviravoltas mirabolantes ou cenas “de impacto” para ganhar o desafio. Contou-se o que tinha para contar. E quem ganhou foi o leitor.

    Escrita: Eu estava cansado quando comecei a ler este conto e, mesmo assim, o texto foi me levando, me levando… Quando vi, faltavam poucos parágrafos. Leitura fluida, sem arroubos, mas com frases ricas de deixas e detalhes para que o leitor capte os personagens e suas relações.

  3. Priscila Pereira
    9 de setembro de 2021

    Olá, E. Uzinho!

    Ambientação: muito boa! Gostei demais das referências! Bem legal!

    Enredo: tão real e infelizmente contado de uma forma desesperançosa. Queria que você soubesse como derrotar o monstro, mesmo que só na sua família.

    Escrita: muito boa. Dá pra perceber que você é um de nossos amigos portugueses, pelo uso de algumas palavras que aqui são diferentes, mas foi só isso que entregou, a escrita é firme e decidida, de quem tem as manhas de contar uma boa história.

    Considerações gerais: um conto bem legal, que é o retrato da nossa sociedade e do futuro do mundo, infelizmente. Muito bom! Parabéns!

    Boa sorte!
    Até mais!

  4. Simone lopes mattos
    6 de setembro de 2021

    Uma família bem normal é apresentada. Sabemos o suficiente sobre eles, sobre sua rotina. Acompanhamos a mudança no interesse do filho mais novo. O menino antes buscava respostas e conhecimento. Fica, entretanto, domado pela internet. O monstro visto pelo pai creio que representa a metáfora. O monstro debocha da resistência dele. Toda a família se ausenta da convivência.
    Interessante acompanhar o desespero do pai. O enredo vai tomando o caminho do previsível: o pai precisa entregar-se para sobreviver. Não chegamos ao suspense ou tensão, justamente porque entendemos logo a natureza metafórica do monstro. Mas creio que esse era o efeito que o autor queria.
    Escrita: formal com um ou outro equívoco de digitação. Diálogos bons, fluidos, naturais.
    Considerações gerais: eu entendi a crítica à vida de hoje, tão comandada pela rede. Não concordo totalmente. Acho que a tecnologia trouxe também oportunidade de alcançar conhecimento antes dado aos privilegiados.
    Excelente história. Parabéns, E. Uzinho

  5. Nelson Freiria
    6 de setembro de 2021

    Ambientação: a mesa do Ikea mostra que isso não se passa no Brazil, mas fiquei pensando se ela está aqui para demonstrar algo além disso ou se caiu de paraquedas. Gostei do desenvolvimento da astronomia em meio a ambientação e no desenvolvimento dos familiares, eu mesmo pratico um pouco de observação astronomica e me identifiquei com os maneirismos citados.

    Escrita: muito boa, proporcionou uma leitura agradável. Parágrafos curtos e alguns diálogos deram uma boa agilidade no texto. O autor(a) consegue transmitir ideias com facilidade, expondo apenas o básico.

    Enredo: a progressão dos eventos foi muito bem delineada, uma pessoa por vez, lemos sobre Ernesto perdendo seus entes para o monstro da estupidez, que além de trazer o fantástico para o conto, também traz uma crítica bem comum aos tempos atuais. Talvez por ser algo tão ordinário e atual, não seja uma leitura impactante, mas pela graciosidade que foi desenvolvido, mostra um excelente trabalho do autor(a). O final, porém, deixou-me um sabor agridoce, já que temos uma pitada de felicidade ao Ernesto descobrir que sua família de autistas voluntários falam dele nas redes e uma pitada de tristeza ao Ernesto sucumbir ao monstro. Não é o tipo de final que empolga, mas que se encaixa bem.

    Considerações gerais: jardinagem é uma forma de cultura? Achava que era apenas uma profissão. Há algumas referências que ajudam a compor um cenário cultural. Ao citar nomes de empresas tecnológicas reais, o conto acaba se datando, mas isso não é nenhum problema.

  6. Rubem Cabral
    5 de setembro de 2021

    Olá, E. Uzinho.

    Vamos à análise do conto:

    Olá, Carneirinho.

    Vamos à análise do conto:

    Ambientação: Boa
    O conto não é muito descritivo, mas consegue permitir boa visualização do ambiente e dos personagens.

    Enredo:Muito Bom
    A história – muito atual – de jovens e adultos perdidos no cyberespaço, é muito boa. Começa bastante bem ao nos apresentar os personagens antes da transformação, o que permite ao leitor boa empatia com o pai dos meninos, ao entender a perda dele.

    Escrita: Muito boa
    Não vi nada que comprometesse o conto. A escrita é segura e faz o esperado: conta a história sem maiores dificuldades. A escrita é agradável e tem toques de ironia aqui e acolá.

    Considerações gerais: Muito Bom
    O conto conseguiu criar empatia com o drama do pai que “perde” seus filhos para o monstro de olhos verdes. Conta-nos da vida rica que a família tinha antes e da infelicidade de autômatos grudados aos aparelhos de telefone. A conclusão não poderia ser outra: todos devem se render à alienação.

    Boa sorte no desafio!

  7. ALINE CARVALHO
    4 de setembro de 2021

    Ambientação: Excelente ambientação e descrição dos personagens

    Enredo: Excelente trama, me prendeu do inicio ao fim

    Escrita: Boa escrita, não encontrei erros

    Considerações gerais:Esse monstro é mais real do que a gente imagina!

  8. Anderson Prado
    1 de setembro de 2021

    Ambientação: Boa. O conto é ambientado no contemporâneo. Não chega a brilhar, mas também não decepciona.

    Enredo: Bom. É bem cotidiano. Contém uma proposta de reflexão interessante.

    Escrita: Boa. Apesar do português lusitano (que sempre me causa estranhamento), a escrita é ótima, porém sem pirotecnias.

    Considerações gerais: É um bom conto. Aborda de maneira minimamente satisfatória um dos temas (monstros), porém, perde um ponto pelo fato do monstro ser mais metafórico do que fantástico. Ah, por falar no fantástico, o conto possui muito pouco da literatura de gênero (fantástica), razão por que perde mais um ponto.

  9. Victor O. de Faria
    28 de agosto de 2021

    Ambientação: Um texto excelente, mas que quase esbarra na panfletagem. A tecnologia tem seus poréns, concordo. Mas essa “ranço” todo do autor(a) quase transparece. Gosto muito de literatura. Mas não sou obrigado a gostar dos autores “famosinhos”. Contudo, tem muitas referências legais e um título quase spoiler.
    Enredo: Um texto quase cotidiano, com ares de causo e realismo fantástico. Gostei muito do conjunto. Tirando essa questão de quase autobiografia e “apontar o dedo” ao leitor, o que nos deixa bastante desconfortáveis, o conjunto flui maravilhosamente bem. A família convence, o pai convence, o mundo criado convence.
    Escrita: Portuguesa, com certeza. Mas fácil de compreender. Bem escrito, sem floreios, mas eficiente e direta ao ponto.
    Considerações gerais: Um texto que notamos um carinho especial nas entrelinhas, parece um avô contando uma história para seus netos. Tirando aqueles probleminhas, é um excelente conto, que deixar um tom cômico e irônico no ar, mas que trás, inexplicavelmente, um quentinho ali no peito.

  10. Angelo Rodrigues
    27 de agosto de 2021

    16 – O estúpido monstro da estupidez

    Ambientação:

    Ambientação perfeita para dar suporte ao conto.

    Enredo:

    Família, que vive em corriqueira harmonia, se vê tomada pela presença de um “monstro” de olhos verdes que lhes rouba a normalidade intelectual, transformando-os em verdadeiros idiotas, ou algo assim. A surpresa, a descoberta, a resignação e o aceite da realidade. Assim se deu o conto. Não adianta lutar contra uma realidade que não é de um, mas de todos. Estamos a nos tornar imbecis, resumindo. Concordo.

    Escrita:

    Escrita ótima, que, em dados momentos, surpreende o leitor pela introdução do humor no meio da tristeza do protagonista, quando não é ele mesmo quem toma-se de humor para aliviar o leitor.

    Considerações Gerais:
    Excelente conto, que embora transite por clichês, o faz com propriedade. O “monstro” de olhos verdes me fez pensar que o passado se havia sublevado. Explico: um remanescente dos monitores de fósforo verde, em anos passados, emigrara para o futuro e assombrava a vida daqueles que lá vivem. O monstro é a reminiscência insurgida do passado dos monitores de tela verde. Um mostro que lentamente se transformou ao longo dos anos para assombrar a vida de todos nós, agora em cores vivas e movimentos surpreendentes. Monstros que, de subjugados se tornaram subjugadores.
    Parabéns pela ideia, pela escrita e pela maneira humorada de encarar o mostro que nos toma a todos, de uma forma ou de outra.

  11. Antonio Stegues Batista
    26 de agosto de 2021

    O estupido monstro da estupidez

    Ambientação= No tema, monstro.

    Enredo= Embora a ideia não seja original, pois há muitas histórias e charges sobre zumbis da era tecnológica, achei um bom enredo.

    Escrita= Muito boa com bons arremates nas frases.

    Considerações gerais= A história começa muito bem. Aos poucos vai construindo um suspense que prende a atenção do leitor. A narração é fluida, sem firulas desnecessárias, proporcionando uma leitura agradável. Boa sorte.

  12. Ana Maria Monteiro
    25 de agosto de 2021

    Olá, E. Uzinho.

    Vou comentar seguindo as orientações do regulamento:

    Ambientação: A ambientação está bem feita, uma família normal, uma vida normal, pessoas normais, com vidas como as de toda a gente. Todos são muito normais, menos o narrador, que, esse sim, “não bate muito bem da bola”, coisa que ele não consegue perceber.

    Enredo: O enredo foi bem conduzido, percorrendo as linhas da costumeira normalidade. As partes dos médicos foi um bocado forçada, porque se o narrador tivesse realmente falado do assunto a médicos, eles teriam percebido imediatamente qual era o problema e, sobretudo, quem era o problema: o E. Uzão, que se dizia Zinho, num claro exercício de falsa modéstia, não esquecendo nós “A Importância de se chamar Ernesto”.

    Escrita: A escrita está bem, notei palavras repetidas e um ou outro deslize, mas nada de especial, exceto este “o tempo em que eu lia livros de astronomia já tinham acabado”, precisa mudar para tinha, o resto passa tudo muito bem. Embora, caro amigo lusitano, já sabe que os comentadores vão “pegar” com e dezassete.

    Considerações gerais: Parece-me que já teci as considerações antes, não gosto nada desta forma de comentar por tópicos. Já li uma série de contos (não foi o caso do seu) em que noto que os contistas estiveram “a cumprir calendário”, que é como quem diz: “se vou ser avaliado por este parâmetro, tenho de me empenhar nele”. Quanto ao seu conto, só preferia um final diferente, em que o protagonista, em lugar de se render para um suposto vazio, tivesse antes desistido a favor do telemóvel e fosse dar uma olhadela antes de adormecer.

    Parabéns e boa sorte no desafio

  13. Felipe Lomar
    23 de agosto de 2021

    Ambientação: uma boa ambientação, apesar de não ser típica de uma literatura de gênero. A família tem dinâmica e seus membros são únicos. Também o monstro como material alegórico foi uma boa escolha
    Enredo: por mais que haja um pouco de ranço geracional e uma aversão à inovação tecnológica, a história é bem trabalhada. Não gosto do uso do telemóvel como símbolo da estupidez. Por mais que haja muitos joguinhos de paciência, mas há a possibilidade de acessar muito conhecimento, como livros de Saramago, Tyson, pessoa, Machado, Dostoiévski e Garcia Márquez. Além de muitas coisas através da internet. É uma questão de saber usar e equilibrar o tempo. Também não precisa abandonar os livros de papel. Não precisa ser 8 ou 80
    Escrita: não conheço muito bem as normas ortográficas lusitanas, mas acredito que não há erros muito gritantes. Pelo menos não atrapalhou a leitura. A escrita é fluida e agradável de ler
    Considerações finais: um autor habilidoso, que vejo que pode entreter e informar através da sua arte. Mas este conto me trouxe premissas que não concordo. Então, fica no meio termo.
    Boa sorte.

  14. Fabio D'Oliveira
    22 de agosto de 2021

    Olá, Uzinho.

    É o segundo conto do certame que carrega a mesma crítica às redes sociais e tecnologias.

    AMBIENTAÇÃO

    Mais ou menos.

    Temos um bom ambiente familiar, mesmo que subjetivo, mas o amor e o companheirismo está tão presente, no início, que perpetua o restante do conto. O cenário é nebuloso, porém, inclusive a cena do monte. Mas como se trata de um ambiente urbano, não precisa de tantas descrições. Mesmo assim, gostaria de ter lido alguns detalhes mais visuais da casa, pelo menos. A falta disso me levou a encarar o conto como fora do formato do desafio.

    ENREDO

    Razoável.

    Bem desenvolvido, temos a presença do monstro de forma metafórica. No meu ponto de vista, não existe qualquer elemento fantástico no conto. Isso é um problema no certame em que estamos, infelizmente. Gostei bastante da aparência do monstro, pois me lembrou uma criatura lovecraftiana. Porém, o fato de apenas o protagonista ver e não enlouquecer, mas sim resistir ao monstro, não combina muito com o horror cósmico que conheço. Por isso, vejo a criatura como uma metáfora para as armadilhas da tecnologia, principalmente quando ela começa a agir de forma caricata.

    Apesar de achar a crítica legal, não consigo gostar da forma como foi executado: um pouco panfletária. O protagonista parece ser aquele tipo de velho que reclama da era moderna. A cena da música na lanchonete, por exemplo, reforça esse pensamento. E isso é aplicado, no texto, no tom de que a modernidade está indo para a direção errada. Talvez esteja. Talvez não. Por isso não gosto dessas imposições de ideias, admirando aqueles que conseguem inseri-las de forma natural no texto.

    ESCRITA

    Muito boa.

    Parece ser de um autor lusitano. Não sou o melhor para identificar isso, porém, hahaha. A leitura correu bem, achei suas descrições boas, como do monstro, por isso mesmo queria um pouco mais de desenvolvimento do cenário.

    CONSIDERAÇÕES GERAIS

    É um conto bom.

    Num certame da EC, com certeza se sairia melhor na minha avaliação. Mas não encontrei nenhum traço forte de Literatura Fantástica, apenas metáforas, cujo é utilizado em qualquer tipo de gênero. Para ser uma história fantástica, deveria ter deixado a presença do monstro, pelo menos, mais firme e consistente. Poderia ter sido um terror, por exemplo. Mas nem isso é.

    Para mim, soou um tanto nebuloso, como se o protagonista estivesse personificando, diante de si, um monstro cósmico que veio levar sua família embora para justificar as mudanças que ele já vinha percebendo.

  15. Kelly Hatanaka
    20 de agosto de 2021

    Ambientação:
    Bem feita. A ideia de mostrar como era a vida da familia antes foi ótima, nos aproxima do protagonista e da sua sensação de ter a vida arrebatada por um monstro.

    Enredo:
    Personagens muito bem construídos. Ótima a maneira como se construiu a constatação do protagonista de que ele deve escolher entre estar livre do monstro, porém, só, ou se deixar consumir pelo monstro e estar junto aos seus.

    Escrita:
    Correta e muito agradável.

    Considerações gerais:
    Uma ótima parábola sobre os tempos atuais e sobre a tecnologia que nos aproxima dequem está distante enquanto nos afasta de quem está do nosso lado.

  16. opedropaulo
    19 de agosto de 2021

    O texto esboça uma crítica, mas o desenvolvimento o esvazia, apresentando personagens e situações artificiais que não dão credibilidade à história. A própria insistência em começar constantemente reafirmando a erudição da família, sugerindo um “lar perfeito”, enfraquece a introdução do texto. A ameaça que desestabiliza os personagens é apresentada com a mesma superficialidade. Enquanto a premissa é interessante e parte de um contexto familiar e, sim, de potencial debate, a tal “epidemia de estupidez” parece subsistir tão somente do uso intensivo dos celulares, quando poderia ter uma consistência se apresentada em diálogos, por exemplo. Teria sido interessante notar o empobrecimento das palavras trocadas entre familiares. Entretanto, também nesse recurso o conto não brilha, trazendo conversas quase protocolares que em pouco permitem ver mais dos personagens ou da situação.

    Dessa maneira, embora o texto toque no tema do desafio, não consolida a dimensão crítica que ensaia. Parece-me um texto que poderia ser respondido com “ok, boomer”. Um meme, ironicamente.

  17. Bruno Tavares
    18 de agosto de 2021

    Ambientação: Um texto que consegue entregar o seu horror, e o mais assustador, um horror tão real e presente em nossa sociedade. O universo criado é sensacional, pois retrata nosso cotidiano e os fatores, derivados da maneira de viver de nossos jovens e adultos, hoje. Gostei demais dessa visão e a forma como foi exposta.

    Enredo: Mergulhei de cabeça na narrativa em primeira pessoa e no dilema da família. Os personagens Rui, João e a esposa Lúcia, cada qual com sua característica e mostrando de alguma forma, o que pode ser o resultado do vício nos dispositivos eletrônicos, convidando a uma total alienação e inabilidade do ser. O ‘monstro’, que somente era percebido pelo pai. Um ponto que eu gostaria de ter visto mais, seria uma participação maior da mãe, talvez entrando em conflito mais vezes e defendendo os filhos com maior energia, contudo, entendo que ela também havia sido ‘hipnotizada’ pelo hábito de estar conectada e alienada. O prazer do vazio, conforme o autor nos descreve.

    Escrita: Não percebi erros ou algo do tipo. Um texto de fácil e prazerosa leitura.

    Considerações Gerais: Curto muito a escrita do autor; pelo o que me parece, este é o segundo texto que leio dele e gosto muito. Minha dedução se dá pela forma de falar do português de Portugal, pelas expressões. Ponto muito positivo, pois acabei aprendendo palavras novas, que apesar de ser filho de portugueses, nunca havia escutado, como por exemplo, auscultadores. Muito bacana (fixe) ^^
    Gosto da narrativa, gosto do texto e a forte crítica às gerações atuais, tão cheias de si e ao mesmo tempo, tão incapacitadas de interpretar um simples texto, na maioria das vezes. A tecnologia é uma excelente ferramenta, quando usada com sabedoria, e infelizmente atrapalha nossos jovens em suas relações e desenvolvimento acadêmico. Nunca tivemos tantos analfabetos funcionais, como hoje. Antes as pessoas não tinham acesso aos estudos, porém hoje, elas possuem muita informação, mas a maioria prossegue sendo analfabetas no pensar e no ser. Um texto recheado de referências, das quais eu sou imensamente fã, são elas: Harry Potter; Stephen King com um dos meus livros favoritos do autor: O iluminado; Senhor dos Aneis; Saramago; Gabriel Garcia Marques; ou seja, referências fantásticas que explicam minha identificação com a escrita e estilo narrativo do autor. Gostei demaaaaaaais do Texto e parabenizo o autor pela obra!

  18. Felipe Melo
    18 de agosto de 2021

    Ambientação: A ideia é boa e a ambientação doméstica deveria ajudar na parte relacionada ao horror. Contudo, a construção do ambiente termina aí, pois além de não ser crível ou original, também não assusta ou apresenta qualquer comicidade, que ao longo do desenvolvimento parece ser a proposta principal.

    Enredo: O enredo é um pouco enfadonho, e as várias referências feitas no decorrer do texto pouco colaboram com a ideia principal ou com o entendimento. Essas referências soam, na verdade, como pretensiosas, como se fossem superiores, ou como se quem as enuncia fosse superior por suas predileções culturais.

    Escrita: A escrita é levemente fluida, mas um pouco truncada, e a construção das frases é um pouco confusa, o que atrapalha o ritmo da leitura.

    Considerações gerais: Trata-se de uma boa premissa, mas se a ideia principal é a crítica sobre costumes e cultura contemporânea, além de estar fugindo um pouca a temática proposta, elementos para dar suporte a julgamentos de valor dessa natureza também deveriam ser apresentados, e não apenas preferências.

  19. thiagocastrosouza
    10 de agosto de 2021

    Fala, Jorge! Beleza? Deixo aqui o registro do meu chute de autoria.

    Ambientação: Cotidiana e crível. O elemento do Monstro é metafórico e funciona bem na forma como o autor estruturou o enredo.

    Enredo: Excelente! Jorge, você fez um belo trabalho aqui! Tudo trabalha para agudizar o conflito do protagonista. Há, no início, uma bonita harmonia familiar, que representa tudo o que ele perderá: a proximidade com os filhos e a visão ampla do mundo, aqui representada pelo Universo. Após esse primeiro capítulo, pouco à pouco, a coisa toda vai por ladeira abaixo, e o conto que, num primeiro momento, achei que seria assustador, parte para uma fina ironia, sem perder o tom. O protagonista luta como pode, inutilmente, até sucumbir para um estado extremamente oposto ao que nos foi apresentado.

    Escrita: Ótima condução.

    Considerações Gerais: Um dos contos que mais me surpreenderam no desafio; não é policial ou de mistério e a abordagem ao monstro é completamente imprevisível e inteligente. Há crítica aliada ao entretenimento.

    Amei!

    Ironicamente, li o conto pelo celular.

    • Jorge Santos
      23 de setembro de 2021

      Olá. ironicamente, li o resultado do desafio no smartphone, deitado na manta depois de um almoço no parque do Porto com toda a família. A tecnologia faz parte das nossas vidas mas, como em tudo o resto que faz parte de nós, pode causar dependência. Fico doente quando vejo uma criança ou um jovem presa ao monitor.

  20. Jowilton Amaral da Costa
    9 de agosto de 2021

    Ambientação: O conto nos ambienta muito bem no seio de uma família bastante unida da classe média portuguesa.

    Enredo: O enredo é bom, simples e sem reviravoltas mirabolantes. A primeira parte é leve e depois, com a aparição do monstro, a história vai esquentando, apesar de desde do início conseguimos perceber do que se trata o monstro. No entanto, achei bem criativa e atual a ideia proposta.

    Técnica: A narrativa é muito boa, não percebi deslizes e a leitura fluiu muito bem apesar do sotaque português, que algumas vezes travam a minha leitura. Aqui, neste conto, isto não aconteceu.

    Considerações Gerais: Um bom conto, uma forma criativa de mostrar um monstro cotidiano e atual. O impacto não foi muito alto, mas, bem satisfatório. Boa sorte no desafio..

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Publicado às 9 de agosto de 2021 por em EntreMundos - Monstruoso Mistério Aternativo e marcado .
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