— Alberto, ela começa um assunto emendando no outro, vários projetos incompletos e sabem-se lá mais quantos esquecidos. Decididamente enlouqueceu.
— Claro que não. É o jeitão dela.
— O jeitão passou da conta. Óculos na geladeira, roupa pelo avesso, sapatos trocados e em sua bolsa sempre falta algo que deveria estar lá.
— Nessa idade tudo é mais intenso.
— Alberto, ela não está na adolescência e sim no climatério.
— É o que eu digo, a vida é o reverso do verso, tudo girando, indo e voltando. Daqui a pouco ela melhora com a puberdade.
— Menopausa, Alberto, menopausa. Calor insano, frio insone, mau humor contagioso e alegria pueril. Eu não suporto.
— Depois vem a melhor idade. Viagens, realizar sonhos, praticar paraquedismo, mergulho, asa delta.
— Comer areia no parquinho, cair de bicicleta e subir em telhado? Quebrar ossos na infância é moleza, assim além de velha maluca vai ficar entrevada. Quero que se livre dela.
— Bobagem, tudo isso passa. Depois vai cultivar jardins, pintar aquarelas, escrever memórias sem compromisso com o tempo.
— Se houver tempo e memória, né?
— Sempre haverá a memória do tempo.
— E quando toda essa Shangri-lá se perder no horizonte senil você vai cuidar dela? Trocar fralda, dar banho e papinha com coquetel de remédios? Ouvir todos os dias as mesmas histórias e responder as mesmas perguntas? Ninguém merece passar por isso, muito menos você.
— Claro que vou, mãe, com o mesmo amor que você cuidou de mim. Só para de falar de você na terceira pessoa que me dá agonia. Vem cá, me dá um abraço.
Velha fala de si na terceira pessoa.
Tem méritos… Ainda assim, não me conquistou. Quem é que fala de si em terceira pessoa? Inverossímil. Até antes do final, estava gostando bastante. Pensei que fosse um casal decidindo o destino da mãe/sogra. A virada não me soou nada realista e, por isso, não me arrebatou. Faltou uma ou outra vírgula.
Um retrato cotidiano de amor filial diante da demência precoce de sua mãe. Sublime! Meus parabéns e boa sorte!
Olá, Casulo!
Muito bom o seu mini, muito bem escrito, contando muito em pouquíssimas palavras e com plot ainda!
Eu estava torcendo o nariz para essa “esposa” que queria que o cara se livrasse da mãe, e depois a reação foi de ” onw, que fofa!” 😅
Gostei bastante! Parabéns!
Boa sorte e até mais!
Olá, Casulo, seu miniconto é divertido, sem apelação, e sensível ao mesmo tempo. Diálogos muito bem construídos, gostoso de ler.
O final foi uma surpresa para mim. Gostei bastante da revelação de que ela falava dela mesma. Boa sacada.
Você conseguiu me enganar… e a todos, pois não há nada no texto que sugira que ela esteja falando dela mesma. A personagem diz que a pessoa (que ainda não sabemos ser ela mesma) “começa um assunto emendando no outro”, mas isso não acontece nem um pouquinho no decorrer do texto, inclusive ela parece mais lúcida e clara que o filho. Na minha opinião, se tivesse mostrado um pouco dessa confusão no texto, com sutileza, lógico, seria genial.
Fiquei um pouco confusa com o grau de senilidade da mãe… ela falava na terceira pessoa por brincadeira ou já estava mesmo confusa? Se estava confusa, ficou estranha a forma como o filho a tratou pedindo que parasse de falar na terceira pessoa e dizendo que lhe dava agonia. Faz mais sentido ser uma brincadeira dela. Bom, depois vc me conta.
Adorei o pedido por um abraço no finalzinho de tudo.
Parabéns pelo belo conto.
Casulo,
que coisa mais linda esse seu conto! Adorei!
Caí feito um pato, achei que fosse a mulher reclamando da sogra e fui supreendida no final. Gostei muito mesmo dessa comparação entre a visão da mãe, que se angustia com o envelhecimento e com as possibilidades de decadência do futuro, e a do filho, vendo a velhice como uma segunda infância.
Parabéns!
Diálogo entre mãe e filho sobre as prováveis mazelas da velhice. Ela falando de si mesma na terceira pessoa, do quanto iria dar trabalho ao filho e que isso não seria justo. Talvez a mãe já diagnosticada com o Mal de Alzheimer estivesse prevendo o que viria, ou tudo era fantasia?
A narrativa feita só de falas apresenta um ritmo muito bom e a leitura flui muito facilmente. Muito agradável de se ler.
Um texto terno que traz um final muito sensível e um filho que é um amor! Que todos fossem assim.
Parabéns!
Olá, Casulo!
Seu conto parece ser cruel, conforme vamos entendendo que a conversa é sobre alguém sofrendo dos efeitos da idade. Mas o término é triste, quando descobrimos que não é só a idade o problema da idosa. Eu sinceramente não fico muito comovido quando o assunto é a infância, mas quando é algo que se refere à velhice sou meio mole.
O conto é muito bem construído. Achei interessante que o diálogo não vai pelo caminho comum, de tentar reproduzir uma conversa mais realista, e sim buscando algum floreio e poesia nas falas e respostas, sobretudo do filho. Entendo que há, entre os dois, mais do que uma relação familiar simples, e sim uma amizade que envolva, talvez, assuntos e gostos semelhantes.
Uma coisa que gosto de analisar é o ritmo de leitura que o conto impõe. Ele é curto, com pouco mais da metade do limite de palavras do desafio, mas propõe um engajamento que é muito forte. Fiquei lendo e relendo algumas das falas, pois cheguei no final com muita rapidez. Cada fala puxa uma resposta imediata que, por sua vez, exige mais uma interação. Achei realmente muito bom.
Não tenho nada a apontar que tenha me incomodado. Um conto que poderia ser o vencedor.
É isso, boa sorte no desafio!
Voo cego (Casulo)
Comentário:
Uma pérola: “a vida é o reverso do verso, tudo girando, indo e voltando”.
Prezado autor, o seu texto é comovente. Não sei se você conhece a página da Francisquinha, no FB? Ela é uma idosa acometida pelo mal de Alzheimer, e a filha criou esta página para orientar outras famílias que enfrentam a mesma situação. Cláudia, a filha, explica que quando recebeu o diagnóstico da mãe, faz anos, sabia que a doença começava com pequenos esquecimentos, depois passava para ausências temporárias, e que com o tempo ela levaria a mãe para degenerações piores, até ficar como uma criança na cama, voltar à posição fetal, e fim. Aos poucos, percebeu que não era bem assim. Havia a convivência por muitos anos, as abordagens, a atenção, o “não-contrariar”, o “não-corrigir”… Sou apaixonada por Francisquinha.
Portanto, ler o seu texto foi um mergulho nesse mundo inexplicável. A narrativa é toda feita em diálogos, um recurso interessante e trabalhoso. Linguagem simples e limpa, o conto proporciona leitura fluente, atrativa.
Enredo bem construído, o autor abusou da criatividade. Conseguiu mostrar a realidade dolorida de maneira leve, doce. Muito bom.
Parabéns, Casulo!
Boa sorte no desafio!
Abraços…
Sensacional!
Adooorrreiiii.
BOI (Base, Ortografia, Interesse)
B: O final é muito bom e salvou o texto. O início é um tantinho travado, sem uma definição específica do que é pensamento e do que é diálogo. Muitos foram por esse caminho e se arriscaram. Aqui, pelo menos, é bem fácil de acompanhar as entrelinhas, mesmo sem muitos detalhes.
O: A escrita flui bem, tirando a primeira frase, como mencionei acima. Como é um texto formado somente por diálogos, fica difícil avaliar a forma. Simples, mas funciona.
I: Acostumado às reviravoltas que a vida nos dá, já estava esperando algo neste sentido perto do fim, mesmo assim, surpreendeu. Mais uma revisão na construção inicial e esse texto brilhará ainda mais.
Nota: 8
É uma conversa entre mãe e filho, pega aquelas neuras que os pais têm e vai trabalhando de uma forma bem interessante. Gostei da forma como os diálogos foram trabalhados criando uma certa confusão (foi intencional né?) e depois esclarecendo com o final. Bons textos fazem este tipo de confusão e sanam nos leitores, agora é aguardar para ver se todo mundo entendeu teu timming.
Talvez, nas falas da mãe, seriam interessantes algumas entrelinhas ou coisas subentendidas. Aqueles segredinhos de deixar o leitor querendo entrar dentro da sala onde se passa a história e investigar.
A forma como a autocrítica da mãe é gritante me deixou realmente preocupado se o fato de falar de si em terceira pessoa já não seria um sintoma de alguma doença mental e, talvez, para uma revisão, seria uma boa linha a se acrescentar no final para deixar o leitor pensando no que há porvir
.
Fiquei um pouco perdido sobre quem eram os personagens até o último diálogo quando então é revelada a identidade de ambos.
Acho que falar de das etapas da vida deixou o texto leve, principalmente porque tem um toque de humor. Esse foi o ponto que mais gostei.
A ausência de verbos discendi tornaram a leitura um tanto tumultuada para mim. Contudo, entendi que isto foi escolha e não descuido, um modo de preservar uma informação fundamental para a existência do clímax. Temos aqui um conto calcado num diálogo e um conto com uma estrutura bem redondinha, ainda contendo uma certa reflexão sobre o amor filial. Dou destaque para a equiparação entre a puberdade e a menopausa como momentos de transição, elemento que se liga muito bem com a ideia das “idas e vindas da vida” que o próprio conto menciona.
Um conto bem bonito. A surpresa no final dá um apertinho no coração. Não estou avaliando você porque estamos no mesmo grupo, mas quero deixar um abraço e a minha admiração pelo seu texto na medida.
Olá, Casulo.
Simpatizei com seu texto. E é interessante a construção de intimidade proposta no diálogo entre as personagens. A construção da outra personagem na terceira pessoa de uma força muito boa para a narrativa. O leitor fica esperando que o interlocutor desanime com toda a ideia de ruptura proposta pela personagem que conduz o diálogo. O tema me agrada. A relação de amor entre mãe e filho é bem estabelecida e crível. Parabéns.
Em tempo, a ideia de voo cego para traduzir o amor foi muito interessante.
O ponto negativo com certeza habita na ideia de manter o conto em diálogo. A virada para que conheçamos a relação das personagens fica truncada.
O conto narra um diálogo entre mãe e filho. Achei um bom conto. |Os diálogos são muito bem feitos e a surpresa final é boa. Eu estava imaginando que fosse a mulher falando para o marido sobre sogra que estava caducando e acabei me surpreendendo no final, o que gerou um bom impacto. Boa sorte no desafio.
Posso estar errado, tenho esse costume chato de estar errado as vezes…
uahuahuaha Mas você escreveu um texto sobre idosos também no outro desafio do mini conto não foi?
Achei o seu conto parecido, especialmente com dois deles, o do senhor que aprendeu a andar de bicicleta e o da senhora que estava em quarentena dentro do apartamento. Se não foi você, peço desculpas, mas leve como elogio, foram dois dos contos que mais gostei no desafio anterior.
Mas bem, sobre esse conto então.
Parabéns pelo conto, gostei muito da leveza e graça que ele teve inicio e do nó na garganta que ele nos deixa ao final. Adoro diálogos, e os seus estão super bem escritos, com naturalidade e sem anexos desnecessários para forçar uma rotina durante a fala.
Não saberia, dentro da proposta que os mini contos compõe, fazer algum comentário que poderia agregar alguma qualidade ao teu texto, deixo então meus parabéns mais um vez e o desejo de boa sorte.
Um texto todo em diálogos cujo destaque é o efeito de estranhamento, desfeito apenas na última fala. O argumento não é muito original mas a forma escolhida para contá-lo o fez funcionar. O contraponto entre a mãe chatinha e o filho fofo renderia bem num texto dramatúrgico.
Desejo sorte no desafio. Um abraço.
Olá!
Como fórmula de avaliação utilizo os quesitos: G -gramática, F-forma e C-conteúdo, onde a nota é distribuída respectivamente em 4, 3 e 3, e ainda, há que se levar em conta minhas referências, gostos e conhecimentos adquiridos como variável para tanto (o que é sempre um puta risco para o avaliado. KKK). Vamos lá?
G = 3. Pois bem… Complicou o trem aqui. Se por um lado não haja erros gramaticais no seu texto (olha as vaiáveis acima, tá?), há alguns percalços no sentido de clareza.
F = 1. Cara, como as regras não foram textos somente com diálogos, acho que a escolha ousada acabou jogando um pouco contra, porque prejudicou na assimilação das ideias, uma vez que não se trata de duas pessoas falando de uma outra, e sim de uma conversa onde alguém utiliza a pessoa narrativa de forma não convencional. Isso faz rever as informações, mas não sei se é positivo ou negativo dentro da proposta do jogo o qual estamos jogando, nem se o plot tem o mesmo sabor que o autor pretendia. É ousado e acho ousadias sempre bem-vindas, mas sinto que há prejuízo na assimilação e repasse das ideias. Ainda falando sobre forma/estética/coesão, não me foi passado credibilidade, porque não consigo perceber pessoas falando dessa forma dentro do universo criado por vc. Para a voz narrativa cabe como uma luva, fica moderno e dinâmico (eu realmente curti essa construção aqui “E quando toda essa Shangri-lá se perder no horizonte senil você vai cuidar dela?”, porque captei a referência uma vez que conheço o livro), mas acho que para entabulação de uma conversa, a menos que haja chão criado, fica estranho.
C = 2. Pois sim, é bonita a ideia do filho cuidando da mãe. As brincadeiras entre os dois deixam o clima ameno, atual, sem o peso de voo cego que é envelhecer e tudo mais, mas há prejuízo pela forma escolhida em repassar esse objetivo.
Essa foi minha avaliação.
Média final: 6
Parabéns e boa sorte neste desafio.
Olá, Casulo!
Serei bem sucinto nesse desafio, avaliando com as impressões imediatas que tive do miniconto.
BELEZA
Gostoso de ler. E tem uma mensagem muito bela: a gratidão de um filho. Nem todos são assim. Eu não sou assim, às vezes. E essa beleza precisa ser celebrada e lembrada.
IMPACTO
Segue uma estratégia usada com frequência em contos pequenos. Como é um desafio específico desse formato, a maioria dos leitores começa as leituras preparada para esse tipo de surpresa. Aconteceu comigo e o impacto final foi quase nulo. Mas não encaro isso como um problema.
ALMA
A mensagem é bonita, a escrita também, e mesmo abordando um tema comum, vale a pena ser lido. Cada palavra parece ter sido escolhida com calma. Um trabalho artístico.
Olá autor, como vai?
O afeto de um filho pela mãe, o que toda e cada uma sonha, em meio a sentimentos de culpa e ao receio de ser abandonada. Seu conto me falou sobre isso de forma muito ligeira e eficiente. Minha ressalva é que o estranhamento criado, penso que com o objetivo de entregar a surpresa apenas no fecho do conto, atrapalhou minha primeira leitura e me obrigou a reler o texto, o que é desejável em um poema, mas desagradável num texto em diálogos, ao menos para mim.
Um bom conto. Parabéns pela participação.
Eita, esse foi golpe baixo… Bate lá no fundo pra quem já viu um quadro assim começando e se desenvolvendo.
Achei o conto sensacional, simples e direto, de uma forma muito sensível. Você constrói perfeitamente o cenário, mesmo que ele só se revele totalmente na última frase. Achei a temática da senilidade muito bem trabalhada, esse paralelo entre o aprender da infância e o “desaprender” da velhice está presente de um jeito muito respeitoso, perfeito. Poucas palavras que conseguem ter muita profundidade, contando uma história bonita (e pesada) sem cair na pieguice.
Parabéns mesmo!!
O conto construído todo em diálogo consegue nos levar com competência até a virada surpreendente no final. Foi um ótimo “plot twist”. A mãe sendo a personagem dela mesma é um subtexto importante. A fala na terceira pessoa nos leva a pensar numa senilidade já consolidada. Achei excelente. Senti falta apenas de ver onde a cena acontece.
Olá, Casulo.
Começo com uma introdução comum a todos os participantes: primeiro li os dois conjuntos completos de contos, um por um e rapidamente, para colher uma primeira impressão geral e já mais ou menos gradativa e agora regresso a cada um deles e releio com mais calma, para comentar.
Vou direta ao fim, uma vez que o próprio conto está assente nesse final desde o início: a tirada final está muito boa e pode ser que um leitor que não esteja a exercer o “ofício” de comentador, não se aperceba e adore, mas quando se está a fazer uma leitura, necessariamente crítica, percebe-se a intenção do autor desde o princípio – e perde e graça.
Mas este tipo de leitura é um bocado má, também e tanto para o comentador quanto para o comentado. Repare, o leitor não se entrega tanto à leitura porque está a analisar e o analisado sofre três tipos de revezes: o do leitor que não o percebeu, o daquele que o analisou sem o apreciar e ainda o outro que (existem alguns) não têm nada a oferecer a não ser palavras amargas e a sua própria frustração. E eis que surge a pergunta: será que nós, entrecontistas, somos masoquistas? E a resposta é não, pois, enquanto leitores, aprendemos a ler melhor e enquanto pessoas que escrevem, se aproveitarmos os – poucos – comentários críticos positivos, passamos a escrever muito melhor.
Então, creio que já dei a minha contribuição principal, procure adornar o próprio texto (talvez com mais palavras) com a riqueza de uma leitura mais envolvente, carregada de pistas falsas. Se o fizer, o leitor sentirá deleite no final, em lugar de uma certa frustração por, enfim, perceber a finalidade do conto.
Parabéns e boa sorte no desafio.
02 – Voo Cego (Casulo)
Conto legal, embora deixe no leitor a expectativa de uma surpresa que, embora não se saiba qual, afinal é uma surpresa, pressente-se que logo virá uma revelação que nos frustrará.
Imaginei que se falasse de algum animal, que se moveu para uma pessoa, embora o toque final da terceira pessoa me tenha surpreendido.
O texto resolveu bem dois pontos da enquete promovida pelo senhor Raposa, um deles, a questão do puro diálogo.
A funcionalidade do texto, entendo, precisou subverter a noção temporal dos verbos, dado que, enganosamente, fala no presente do indicativo acerca de eventos que ainda não se revelaram. Boa sacada.
Relativamente à mensagem de amor entre mãe e filho, ficou legal.
Um bom texto, embora o título, a imagem e o pseudônimo, pareceu-me, estejam bastante deslocados entre si.
Boa sorte no Desafio.
Ideia interessante sobre pisarmos sobre os passos já dados à medida em que envelhecemos. A reviravolta foi sustentada até o final do conto, e foi bastante interessante e tocante.
Gostei. Um conto só com diálogos, que seria uma das opções de tema. Ficou legal, que significa, bom, bonito, etc. Têm-se a impressão que a mãe fala de outra pessoa, mas na realidade fala dela mesma. É uma boa ideia. Boa escrita, bons diálogos.
Olá, Casulo
Conto inteligente e criativo. Leva a gente pra uma direção e de repente aparece uma surpresinha. Curti!
Achei que poderia ter desenvolvido um pouco melhor o que essa mulher, afinal, queria que o filho fizesse com ela mesma. Essa frase “Quero que se livre dela” soou estranha na conversa. Também ficou confuso um lance: no começo parece que essa mãe já notava os sinais de demência, mas ao longo da conversa diz estar entrando na menopausa, ou seja, uma jovenzinha (cof! cof!) que apenas os temia!
Na parte técnica é bom, apesar de algumas vírgulas e uma crase faltantes.
Mas é um conto bem legal.
Parabéns e boa sorte no desafio! 🙂
Todo em diálogo construído com leveza. Muito bom de ler. Quando iniciei a leitura, pensei que uma nora cobrava do marido providências sobre a sogra. Achei que o filho defendia a mãe com bom humor admirável. Fiquei admirando a forma como ele colocava as palavras, sempre minimizando o lado ruim e valorizando o bom. O final eu senti como um abraço mesmo. Como esperança nas relações humanas. Faz refletir que todos os filhos deveriam ser assim.
Um conto que passa uma certa ternura. O tema dos filhos cuidando dos pais na velhice é sempre bom, apesar de já ter sido abordado pelos mais diversos autores. A escrita, usando a terceira pessoa para gerar uma surpresa no final, também não é um método exatamente original, mas cumpre bem o seu trabalho, principalmente considerando que funciona bem em um conto pequeno. Não foi exatamente comovente, como imagino que seria a proposta original, mas não foi ruim.
Boa sorte!
Voo cego
Olá, tudo bem?
Uma graça de conto.
Coesão – O enredo tem o envelhecer como tema e com uma surpresa das mais doces no final.
Os diálogos foram construídos numa linguagem bastante requintada, por vezes poética, mas não pedante e forçada. É um texto leve, apesar da linguagem riquíssima. Ou seja, você prova que para ser acessível, a literatura não tem que baixar ao nosso nível vulgar de linguagem informal. Senti que mãe e filho, com alto nível intelectual, estivessem conversando, numa brincadeira amorosa.
Impacto – Muito bom. Temas ligados à relação pais e filhos me encantam especialmente. Por trabalhar o tema do envelhecer de modo tão leve e engraçado, você me surpreendeu ainda mais e positivamente.
Parabéns.
Mãe fala de si na terceira pessoa, enquanto o filho lhe consola.
Não está entre minhas leituras, mas, como acusaram de ser meu, eis-me aqui. É um bom conto, mas o desfecho me soou um pouco despropositado: quem fala de si na terceira pessoa? Trata da velhice, tema que me é afeto. E possui umas boas construções. Leitura bastante agradável. E um bom trabalho com diálogos.
Resumo: O diálogo se inicia com uma pessoa falando mal dela mesma com Alberto na terceira pessoa e ele interage com ela minimizando a loucura dela. No final ele pede a mãe para parar de falar em terceira pessoa e se abraçam. Acho que quem fala em terceira pessoa e meio doido mesmo.
Parecer: O diálogo tá legal, não é cansativo, mas faltou a movimentação dos personagens e cenário. Ficou mecânico, como que se duas estatuas estivessem conversando. Achei o conto mediano.
Belo conto! Envolvente, bom uso dos diálogos para aproveitar o espaço e nos colocar na discussão: uma pessoa mais velha que se incomoda com o trabalho que pode dar aos seus descendentes. O grande mérito é a revelação final, pois é uma mãe a conversar com o filho, o que enche de ternura o conto que já vinha belo, principalmente nas respostas um tanto otimistas desse rapaz que ouvia com carinho os reclames maternos.
Parabéns!
Diálogos são muito complicados. É difícil mesmo. Não é que eles precisem ser reais, porque isso é impossível, mas eles precisam soar a reais. Os teus soam muito artificiais, quase como aquelas crónicas antigas que precisávamos ler na escola.
O pior é que é eu adoro o teu estilo de conto e sei que é muito difícil contar só com diálogos, sem qualquer contexto. Gosto muito da ideia também e da reviravolta do final.
Estou curioso para saber qual será a tua opinião sobe o meu texto, já que os nossos seguem a mesma maneira de contar.