Viver a própria vida é bem fácil, quando nos isolamos dos problemas alheios e de apegos doentios. O universo é inconstante. Num dia uma oração, noutro explosão. Vivemos dos cacos da misericórdia que temos pela individualidade. Buscamos o prazer como fuga, como doce e suave brisa que sopra nos dias de calor intenso. Tentamos alcançar a paz interior mendigando aceitação e afeto entre aqueles que nos rodeiam.
O sistema é bruto. Na infância nos escoramos no sentimentalismo dos nossos pais para fazer o que nos dá na telha. Uma chinelada aqui, um bofetão ali. Isso muda quando as bases não são sólidas. Muitos continuam a cometer os mesmos erros. Alguns se perdem no processo.
O modernismo dissociou ainda mais nossa capacidade de raciocinar. Uma criança boa tem que ir bem na escola, tirar boas notas, passar horas a fio deteriorando sua mente com a fantasia de que conhecimento é poder. Um ciclo interminável. “Estude ou você não será ninguém nesta vida”. Isso começa bem cedo.
De-repente, a adolescência chega. Junto dela a descoberta do: “Quem eu quero ser neste mundo”? Uma fuga aqui, outra ali. Aquele que conseguiu fugir de verdade do sistema consegue ter o seu momento de paz. Os que ficaram se entregaram. Foram derrotados no instante que tiveram suas vidas controladas. O controle começa dentro de casa.
A mulher se casa aos dezessete. O homem aos vinte. Isso é quase um padrão. Ela nem sabe o que realmente quer da sua vida. Ele, nem atingiu maturidade para saber quão pesadas são suas escolhas. Amadurecer é uma dádiva, quando somos livres para fazê-lo. Livres do consumismo. Livres do poder acima de tudo.
— Formado em quê?
— Engenharia Bioquímica.
Cinco anos de estudos e mais três de especializações. Dominador do conhecimento. Título para o titular. Reverenciam sua capacidade com pequenas placas metálicas todo ano.
Em casa ele é um homem comum. Dia após dia buscando raros momentos de prazer. Uma dose. Uma escapada sugestiva. Uma viajem cara sem sentido. Ele segue se perguntando sobre o que lhe falta para ser feliz.
A mulher tenta alcançá-lo. Vê-se perdida com a desproporcional distribuição de tarefas. Isso começou lá atrás. É bem antigo. Dos primórdios da criação do mundo. Lava, passa, cozinha, cuida e arruma tempo para tentar deixar seu amado feliz. Dedica-se a alcançá-lo. Quer ajudar. Quando alcança deseja o reconhecimento. Poucas conseguem. De um jeito ou de outro ele dirá ser o provedor. Ela não tem outra opção senão aceitar as fatias que lhe são dadas.
Ele se lembra de sua infância. Do momento que abdicou, obedeceu aos pais e mergulhou de cabeça numa mesa de estudos. Sente-se realizado, desbravador, conquistador. A casa de oito ou nove cômodos acomoda o valor de sua realização pessoal. Há quem diga que ele é um homem de sorte. Esposa bonita, dois filhos, carro do ano. Ele tenta fugir de sua crise. Entrega-se fácil, fácil a qualquer coisa que apague sua mente. Muda o mundo, mas não é capaz de mudar seu próprio mundo.
O filho de dezesseis revela-se. Faz tudo que o pai não foi capaz de fazer. Veio para confrontá-lo. Faz ele perceber o quão covarde foi. O garoto não se esforça. Tem as piores notas da turma. É apto no quesito viver. Não perde um só fim de semana sem praia. O corpo bronzeado pelo sol é um aperitivo para as menininhas da sua idade. O pai se consome pela ira. Frente a uma mesa cheia de contas e uma estante cheia de livros ele se pergunta: “Onde foi que eu falhei? As escapadas sugestivas não conseguem mais confortá-lo.
Como seria, se tivesse escolhido viver a própria vida? Os fins de semana de praia do filho nem lhe pareceriam tão absurdos assim. Trocaria a estante cheia de livros por uma soneca a sombra de uma palmeira. O desespero toma conta e aperta o peito. Culpa? Indignação? Raiva? Nada disso importa. Culpar o pai que já morreu não lhe trará absolutamente nada. O peso de suas escolhas parece não ter fim.
A mãe, já aos setenta, não reconhece mais o filho. Precisa de ajuda constante para comer, banhar, se vestir. Ele grita, esbraveja desesperado. Só que, ninguém escuta. Quem se importa? Todos têm suas vidas. Todos seguiram em frente, dando força a engrenagem que não para.
A mídia moderna o faz acreditar que teve sorte. O mundo está de pernas para o ar. Assassinatos, corrupção, indecência. O vencedor teme pela vida dos seus. Não quer para os filhos o pior. De qualquer forma, perdeu as rédeas que poderiam mudar a mente distorcida do filho.
O psiquiatra lhe diz que o filho sofre de uma série de desajustes. Transtorno de atenção, hiperatividade, estresse familiar. O jovem passará fazer parte de um outro tipo de sistema. Aquele que tentam fazê-lo mudar a própria condição de vida. Siga os padrões ou você será considerado impróprio neste tipo de sociedade. Ramificamos cada vez mais estes conceitos.
O rapaz começa a experimentar outros tipos de tortura. Em razão disto, busca saídas que não lhe passavam pela sua cabeça. Drogas. Refúgio para estagnar a dor. Na primeira vez, um barato. Na segunda, uma onda. Da terceira em diante, compulsão. Necessidade de não ver a realidade. O que não tem remédio, remediado está. Deviam ter deixado como estava. A mente de um jovem sonhador é um campo minado. Quem é que nunca se encantou pela beleza do mundo? Pela necessidade de viver algo novo e intenso a cada dia? Nascemos aventureiros e nos tornamos covardes. Nos tiram a capacidade de pensar que não devemos temer nada, nos fraquejamos. Apavoramos com a intensidade de informação que nos permitimos ser bombardeados. É neste momento que surgem outras opções, ocas. O vizinho apegado em Cristo nosso Senhor faz uma oração. Lê uma passagem qualquer. Chega à conclusão de que o que lhes falta é Deus no coração.
Tem poucos meses que eles deixaram a igreja. O covil da reconciliação. Ore, senão não será abençoado com a graça da salvação. Teus problemas não te abandonarão. Seja bom o tempo todo, perfeito. É proibido errar. Seja o semeador e você conquistará o reino dos céus. Se a vida lhe for pesarosa, não passa de uma provação. Isso irá santificá-lo e levá-lo aos Elíseos.
O sistema é uma engrenagem construída com dentes bem afiados. Desafie-o e você sairá machucado. Aceite-o e você será aquele que mantém suas lâminas agradavelmente cortantes. Alguns tentam mudá-lo, mas aí vem a vida com os seus pontapés perfeitos. Você entra com a bunda e o sistema com os pés. De um jeito ou de outro você será chutado. Se for um vencedor carregará nas mãos as algemas pesadas da perfeição. Se perdedor, lhe tirarão a liberdade. Farão de tudo para te impedir de ser você mesmo.
Certa vez, um amigo me contou uma história. Que minha vida lhe lembrava a parábola do bambu. Na época, apenas ri. Não conhecia a parábola. Depois de algumas dificuldades enfrentadas, fiquei curioso com a comparação. Dizem que o bambu é uma das plantas mais resistentes do mundo. Desabrocha depois quase uma década. Brotinho frágil, de pouca beleza. Parece frágil, mas não é, cresce pra cima, enverga, contorce, vira um oito se precisar. Mas não quebra. Broto de bambu, feito para suportar as tempestades.
O jovem defeituoso da história, Mathias, é o filho de um homem de bem. Digno de um pedestal na igreja. O materialismo o consumiu. Destruiu sua vida no momento que se entregou a necessidade de ter. Ter status, ter poder, ter controle, ter domínio. Dentro de casa ele não tem nada de santo. Traiu, violentou, controlou até o que deviam comer. No trabalho superou seus adversários sem piedade. Ascendeu rápido no ramo e fez exatamente o que o sistema pede que seja feito. Suas ações me levaram a buscar suas verdadeiras raízes.
Dá pra aprender com a história dos outros. Visão privilegiada. Pergunta se teu vizinho não sabe mais da tua vida do que você mesmo? Se pergunte! Pode apostar que ele sabe. O que ele não sabe, é quanta força há em seu coração, nem as dificuldades que enfrentou. O irônico neste contexto é quando conseguimos juntar todas as peças do quebra-cabeças. Por que Mathias entrou no mundo das drogas? Por que aquele pai, poderoso, de alto poder aquisitivo, renomado, viu sua vida ser tão facilmente destruída? O desfecho, não foi dos melhores. Uma família inteira se perdeu. Perdeu bem antes de tudo ter começado. Perdeu por que somos escravos da perfeição.
Leva pelo menos cinco anos para que o bambu comece a apontar. Ele não enverga antes dos dez. É rígido, firme. Se passarmos fortes pela fase do amadurecimento, talvez, nada mais nos derrube. Ganhamos o mundo mesmo quando o mundo não tem nada para nos oferecer. Viver, passa a ser um privilégio. A cruz dos outros não é sua cruz.
Aliás, não pensem vocês que conseguirão mudar este mundo. Não se vocês entenderam a parábola do broto de bambu. Brotos de bambu vão longe, pra cima e se tornam fortes superando as tempestades. Essas são as verdadeiras bases. Colecione pedras e você construirá uma muralha. Busquem o conhecimento, mas não permitam que o conhecimento torne vocês vítimas deste ciclo. Mentes sábias não controlam, partilham.
— Professor, preciso fazer uma pergunta?
— Fique de pé jovem! O rapaz hesita.
— Prefiro não, professor. Ele demonstra vergonha.
— Vamos lá, seja firme, forte como um broto de bambu e faça a sua pergunta.
— Quero saber por que o senhor nos contou essa história?
— Excelente pergunta rapaz. — Mais alguém nesta sala partilha dos sentimentos deste jovem pela minha história?
Seis deles se levantam. Não entenderam onde quero chegar ministrando conteúdo tão diversificado numa escola para jovens de QI elevado.
— Como forma de responder à pergunta, vou passar um exercício para a sala. Vocês deverão fazer a atividade em duplas.
— Pesquisem no intervalo que faremos sobre a parábola do monge e do escorpião.
Alguns gesticulam, outros me ignoram. Metade da sala não me deu crédito algum. A outra metade rapidamente mobilizou-se para formar as duplas e dar início as pesquisas.
Na sessão seguinte, cinco duplas apresentaram a atividade completa. As outras vinte que deveriam compor todo montante da sala, pouco se importou em refletir sobre a atividade proposta.
— Parabéns aos que completaram a atividade.
— Vocês são as mentes do amanhã. Ávidos no conhecimento. Aqueles que, de alguma forma, controlarão nossas vidas. Não há como saber quantos de vocês estarão na cabine pilotando o avião enquanto eu e minha esposa olhamos a paisagem da janela. Não há como saber se, um de vocês, será o responsável por tirar a pedra que está alojada no meu rim. Alguns estarão a frente, controlando, dominando. Vocês já são assim. Mentes valorizadas que dedicaram boa parte de suas vidas a realidade de que lhes falei.
— Muitos de vocês serão controladores do sistema. Ouso dizer que, talvez, sejam aqueles que criarão um novo sistema. Se será bom ou não no futuro, não posso lhes dizer, não cabe a mim dizer.
— Quando ordenei que pesquisassem sobre a parábola do monge, eu os observava atentamente. Notei espontaneamente uma atmosfera de aproximação, de troca de valores e saberes. Tenho esperança de que este mundo não está completamente perdido.
— Mais uma vez, meus parabéns as duplas que se dedicaram a cumprir a tarefa livremente. Vocês me fazem perceber que podemos viver, fazendo a engrenagem girar da forma correta. Este é o verdadeiro poder. O dom de escutar, pesquisar, refletir, associar.
— Se Mathias tivesse sido ouvido, sua vida não teria se perdido.
— Professor! O que tudo isso tem a ver com a história do monge e do escorpião?
— Os que completaram a atividade são aqueles que se deixaram picar, salvando o pouco de humanidade que ainda nos resta. O mundo irá desafia-los. Talvez vocês construam um futuro brilhante. Morem numa casa de oito ou nove cômodos e gozem da verdadeira felicidade. Mas, cuidado, a engrenagem não é perfeita. Sejam firmes, sejam humanos. Desfrutem da paisagem. A vida nem sempre nos dá uma segunda chance.
Conto ou crônica? É preciso começar por aqui a discussão sobre “Broto de Bambu”.
Mais um ‘conto’ deste desafio a tratar da ‘engrenagem’ da máquina da vida em nossas existências. Até aí, nada de novo, mas também nada que desabone.
O crítico dessa história é a série de clichês, de lugares comuns, e por uma trama esticada ‘prá lá da conta’, que cansa também pela sensação de ‘dèjá vu’, no decorrer da leitura.
Um amontoado de ideias sobre a vida, que filosofa sobre questões existenciais de cada geração, criadas mais ou menos livre, com mais ou menos controle dos valores paternos.
Sem chegar a lugar algum. E dá-lhe autoajuda e parábolas, para salvar o pouco de humanidade que ainda resta nesse mundo.
O conto só faltou trazer em seu desfecho a parte da frase latina horaciana “Carpe Diem”, tão popularizada e esvaziada do sentido.
PS recomenda-se, ao autor/à autora um cursinho rápido sobre o uso de ‘aspas’.
Broto de Bambu
O conto inicia-se em uma espécie de digressão que perpassa o ambiente em que está inserido e viaja para o espaço psicológico, sendo portanto, uma crítica expandida. Não mais no sentido social porque é maior que um foco específico em um ponto defeituoso a ser focado e curado. O elemento social que atravanca a viagem digressiva de nossa personagem abocanha diversas áreas e cria um ambiente narrativo de caos que se desfaz apenas na metade do texto quando fica claro que é apenas o discurso de um professor para uma classe nem tão atenta assim.
Temas como criação de filhos, silenciamento feminino, violência velada e escancarada, drogas, religiosidade tóxica, busca da perfeição, ganância e, todo um universo de possibilidades servem como caminho para uma interpretação razoável e, até certo ponto coerente, no que tange ao organismo social dominante. Partindo de um desabafo e passando pela história da destruição moral/ética/social de uma família, estendendo-se pela lógica de uma parábola antiga e voltando à sala de aula e a representatividade desta na Sociedade, o professor elenca todas as dificuldades da engrenagem social a que todos, fortes e fracos estamos submetidos. As vantagens e desvantagens do sistema e as consequências destas nas pessoas são detalhadas de forma cortante.
O mal necessário chamado sistema, essa engrenagem que toca a todos, é desmanchada, ou melhor, explicada praticamente ponto a ponto de forma crítica e apontando defeito por defeito nas mínimas partes que compõem o sistema: família, casamento, estudo, diversão, trabalho, religião, noção de ética e moralidade tudo dentro de um recorte específico, a família de Mathias, um jovem desajustado.
O conto perde o movimento justamente quando entra a história do bambu. Estendeu demais a explicação como se ele fosse de fato a alma da narrativa e poderia ter sido economizado. Aff. Que pensamento Capitalista selvagem o meu… Ao introduzir a história do bambu, o narrador mudou o tom da narrativa e ficou aquela impressão de que o professor não preparou aula e resolveu ocupar o tempo com a coisa do bambu e, para piorar, transformou em atividade. E ao introduzir ainda sobre o monge e o escorpião e sua lição sobre o respeito à própria natureza, acredito que destoou da mensagem sobre os perigos do sistema.
Ao final deu aquele “desperta” na turma sobre os 5% que irão ser alguém na vida. Técnica até legal, mesmo que batida, para garantir a atenção e o comportamento da classe. Não é meu conto favorito, talvez por ter esta coisa de motivacional. Mas tem seu valor. Tem um desfecho que concluiu o enredo e deu fim a viagem entre ferragens do professor.
A escrita tem algumas sutis surpresas. A nova versão de colheita é interessante: “Vivemos dos cacos da misericórdia que temos pela individualidade.” A ideia de de hipocrisia escrita de forma crua em “O covil da reconciliação.” foi excelente. Infelizmente, como cristã, posso dizer que em alguns templos tudo o que aparece depois é verdade. O encontro com a religião de Jesus ainda está distante para a maioria, pois ninguém está disposto a ensinar que para chegar a Deus é necessário atender ao próximo (Tiago 1:27) e não explorá-lo (João 10:10).
Agora, aquele de repente com hífen foi de matar! O texto não é ruim, como já disse, mas carece de um pouco mais de atenção… Mesmo depois que já sabemos que é um professor frente aos alunos, ainda assim parece uma profusão de pensamentos e vão engolindo a lógica da escrita, acaba exigindo uma segunda leitura. A fuga sintática é uma boa ideia na construção de pensamento e infelizmente em alguns casos, criam ruídos que interferem na compreensão, por exemplo: “ Apavoramos com a intensidade de informação que nos permitimos ser bombardeados.” O que é triste porque embora essa seja uma ideia comum, ainda não foi confrontada o suficiente e talvez, em uma sintaxe mais clara houvesse melhor apreensão do leitor.
O problema real da sociedade estratificada no texto é que o ter e ser ficaram muito presos no que o sistema pode oferecer e quando o narrador apresenta o ponto de respeito à própria natureza é justamente como se a aceitação fosse algo normal e ser gerente ou gerido fosse as únicas possibilidades de viver no mundo – se bem que se rebelar torna-se impossível quando “Nos tiram a capacidade de pensar que não devemos temer nada, (sic) nos fraquejamos.”
Em tempo, só por essa aula de Aubus, ops, Alvo Dumbledore, jamais assistiria Harry Potter.
Boa sorte com o desafio, sir Alvo Dumbledore.
Olá, Alvo.
Resumo da história: acompanhamos a história de um homem, que se dedica ao sistema e prospera e se corrompe. E de seu filho: alguém que não deseja o materialismo e que está mais preocupado em viver.
Análise do conto.
O texto tem algumas partes inspiradas, mas também tem alguns cochilos de revisão: acentos, separação de diálogo e narração, etc. Os diálogos estão “duros”, com pouca semelhança ao falar. Não houve boa construção de personagens ou de uma trama além da dicotomia pró e antisistema.
Boa sorte no desafio!
Olha, eu entendi a mensagem que você quis passar. O mundo é cruel, pesado, e não é uma pessoa bem intencionada que vai mudá-lo, e nos cabe apenas nos adaptar para não sermos engolidos. É uma mensagem pessimista e conformista, com notas de “entre no robô, Shinji”, de Neon Genesis Evangelion.
Porém, senti alguns problemas no texto, que prejudicaram a leitura. A construção é confusa, é difícil entender pra onde o texto está levando o leitor. O diálogo do professor na sala de aula aparece meio do nada, e complica tudo. Além do mais, os erros gramaticais, principalmente na construção dos diálogos, são bem ruins. Não quero ser mal educado nas críticas, mas me sinto obrigado a dizer que esse texto ainda tem muito o que melhorar. Me desculpe.
Olá, Dumbledore. Gostei do lema do seu conto, embora tenha ficado com alguma vontade de cortar os pulsos. A história centra-se no conflito de gerações e no sentido da vida.
Pontos fortes: a forma como faz reflectir no nosso papel enquanto indivíduo, pai e professor. A ideia do conflito entre o controlo excessivo e as liberdades pessoais. Devemos viver a vida ou aproveitá-la de uma forma despreocupada? Grosso modo é este o tema do conto.
Pontos fracos: Conto moralista, cheio de lugares comuns/clichés. Eu sou pai e orgulho-me de ter filhos com sentido de responsabilidade, que conseguem equilibrar as suas responsabilidades com a diversão. Sempre orientei mais do que controlei – nunca tive grande queda para polícia. O que quero dizer com isto é que ainda há pessoas que escapam ao circulo vicioso de que fala o seu texto.
Por outro lado: encontrei alguns erros básicos de gramática que deveriam ter passado no crivo de uma revisão mais aprofundada.
Criação: O que inicialmente se apresenta como uma crônica de juízo de valores, estabelecendo verdades inexoráveis, ao final se configura em um conto de juízo de valores mesmo. As construções filosóficas são profundas e trazem grande carga de experiência de vida. Gostei da pegada melancólica. Talvez só como crônica funcionasse melhor para meus parcos recursos de leitora.
Engrenagem: Aqui senti muita gordura na engrenagem que entupiu o fluxo narrativo. Houve um esforço enorme em não ultrapassar o limite das 2000 palavras; no entanto a trava está nas ideias repetidas, através de muita explicação e pouca trama.
Destaque: “Vivemos dos cacos da misericórdia que temos pela individualidade.” – Bravo! Facada na carótida do cotidiano.
Broto de bambu
Um texto bastante reflexivo e professoral, com analogias e ensinamentos interessantes.
Critério de avaliação CRI (Coesão, Ritmo e Impacto)
Coesão – Aqui, nesse aspecto, está uma ressalva que tenho ao seu texto. Achei bastante desconexo. Creio que mais pela forma como foi construído, apresentando todas as reflexões antes dos personagens. Enquanto lia, fiquei procurando o personagem e a história que estava sendo contada, quando ela nos foi apresentada de modo muito pouco trabalhada só no final. É claro que o autor decide como quer construir seu texto, mas, para uma narrativa curta como é o conto, penso que não temos tanto espaço para reflexões alargadas e precisamos de mais foco na história. Uma sugestão seria iniciar já deixando claro que tratava-se de um professor com seus alunos. Penso que não interferiria muito no cerne da história, mas ajudaria bastante a despertar o interesse logo no início.
Ritmo – A falta de contexto e conexão tornou a leitura bastante trabalhosa para mim, em especial no início e meio. Com relação aos diálogos, acho que esse modo diferente de pontuar e repetir travessões para o mesmo personagem causou mais dificuldade do que facilidade. Penso que os acessórios do texto (como travessões) devem atuar de modo tão invisíveis quanto possível, sem provocar tropeços na leitura, para que o cerne, que é a narrativa, prevaleça na mente do leitor.
Impacto – Gostei do conteúdo das reflexões. É uma aula sobre a eficiência e a perseverança. Sobre o bambu, lá na roça a gente também o conhece como a planta egoísta, pois suga quase toda a água e nutrientes do solo próximo (por causa das raízes muito profundas e espalhadas), não permitindo que quase nada cresça ao seu redor.
Um abraço e espero ter contribuído um pouco.
Uma crítica do “sistema”. Que por vezes, se apoia no próprio “sistema”. Achei um pouco confuso. E fiquei feliz por não estar na sala deste professor, que me soou um tanto antipático. Não sei se foi proposital. Eu diria que ele usa um tom irritantemente moralizante e condescendente, misturando a própria história a de Mathias, o que me faz pensar que, ou ele é Mathias, ou o pai do Mathias, ou só resolveu mesmo trollar seus pobres alunos.
O conto começa sugerindo a superioridade do homem em relação à mulher. Na realidade, isso começa lá no início dos Tempos, quando o homem saia para caçar e a mulher ficava na caverna cuidando da casa e dos filhos. Passou-se muitos anos até que ela decidiu sair da Caverna. Mas isso já é outra História.
“Há quem diga que ele é um homem de sorte. Esposa bonita, dois filhos, carro do ano”. Por que tem que ser mulher bonita?
Ele inveja o filho que não trabalha, não estuda. Queria ter feito o mesmo quando era jovem, quando o pai o obrigava a estudar para ser alguém na vida. Se não estudasse, seria o quê agora? Tem um bom empregado, carro, casa.
No final o professor aconselha seus alunos a estudar, terem conhecimento, serem felizes, que morem numa casa de oito ou nove cômodos, desfrutem da paisagem, ou seja, sigam o Sistema. Me pareceu meio contraditório. O narrador critica o Sistema e no final, elogia o Sistema?
Não entendi muito bem esse conto. No início há muitas divagações filosóficas, ditados e provérbios, preâmbulo para uma história que não me impressionou, me pareceu mais uma crítica de costumes. Boa sorte.
Olá, como vai?
Primeiramente, não serão considerados gosto pessoal e nem adequação ao tema, já que o mesmo passou a ter entendimento extremamente esparso. Para evitar injustiças por não compreender que o autor fez uso dos termos escolhidos, ainda que em sentido figurado, subjetivo, entenderei que todos os contos terão os pontos correspondentes a este quesito.
A minha avaliação é sob a ótica de um mero leitor, pois não tenho qualquer formação na área. Irei levar em questão aquilo que entendo por “qualidade” da obra como um todo, buscando entender referências, mensagens ocultas e dar algumas sugestões, se achar necessário.
Agora, meus comentários sobre o seu conto:
Eu li duas vezes para tentar compreender melhor o conto, mas terminei a segunda leitura me sentindo confuso. Vamos ver se eu entendi. Mathias o filho “rebelde” desta família, certo? Eu li o conto todo sem entender muito onde o autor queria chegar. Começa falando do casal, depois do filho, depois dos seus vícios e entre em parábolas e analogias, mas tudo um tanto superficial. Não bastasse a analogia do bambu, ainda inseriu a do escorpião bagunçando ainda mais.
Também não gostei da estrutura do diálogo final. Várias parágrafos de fala do mesmo personagem, nenhuma marcação indicando quem está falando. Chegou um momento em que não entendia mais quem disse o quê.
A descrição dos alunos com Q.I. elevado não me convenceu. Mais pareciam os meus alunos (de Q.I. médio para baixo); desinteressados e incapazes de se mobilizar para realizar uma tarefa simples.
O enredo do conto é interessante, mas acho que não ficou muito legal. Acho que pelo pouco espaço não permitiu um pouco mais de desenvolvimento e ousadia, mas também pelos diálogos, que também não me convenceram. Enfim, a ortografia está correta. Tem um “viajem” ali que precisa ser reparado, mas nada que prejudique a avaliação. Entendo que algumas palavras podem passar (sempre deixo algumas, infelizmente).
Boa sorte.
Começa com uma reflexão e análise do sentido e das coisas da vida, a rotina, a forma preestabelecida, os comportamentos dominantes, as obrigações, imposições e controle. O personagem cumpriu todas as metas esperadas e agora vive o conforto de uma vida medíocre, onde ser o provedor lhe basta.Há quem diga que ele é um homem de sorte. Esposa bonita, dois filhos, carro do ano. Enxerga um rival no filho que o desafia e põe a prova seu entendimento de mundo e chegam à conclusão de que o que lhes falta é Deus no coração. Abandonaram Deus e a igreja. Sem provação não se chega ao paraíso. Seguem as reflexões e inauguramos a fábula do broto de bambu. “Brotos de bambu vão longe, pra cima e se tornam fortes superando as tempestades”. “Colecione pedras e você construirá uma muralha”. Mais umas três frases de coach e seguimos…revela-se que estamos durante uma aula para jovens superdotados de QI. Uma tarefa é distribuída e o professor com ares de Senhor Miagi, tece comentários sobre o que se revelarão aqueles jovens no futuro.
A narrativa me deixou a desejar. Aproxima-se mais de uma crônica, com reflexões, ensinamentos, e doses cavalares de auto ajuda. O autor toma como regra a engrenagem da vida em que o sucesso está vinculado ao status, ao possuir coisas, carro, bens, poder. Ensaia um conflito entre um dito cidadão respeitável e o filho que se rende as drogas… E termina numa viagem que me pareceu sem muito sentido e desconectada do resto. Está bem escrito. Não vi um só erro gramático – também não procurei. O autor desenvolve bem seus pontos de vista. Soa claro e preciso. Porém, creio que erra na estrutura e conteúdo. Boa sorte.
Olá, Alvo!
Então, esse conto não tem muita cara de conto e sim de crônica, ou ensaio, ou tratado filosófico… 🤔😁
De qualquer forma, achei muito arrastado, sem a condução de algum personagem empático, sem muito enredo, só o/a altor/a tentando passar seu conhecimento e sua sabedoria da vida.
Na minha opinião, o conto tem coisa boas e que podem ser aproveitadas, e coisas que não tem valor nenhum, na minha vida. Como em tudo, devemos reter o que é bom e descartar o que não nos serve. Faça isso com esse comentário.
Parabéns pela participação!
Boa sorte 😘
Olá, Alvo Dumbledore.
Vou começar meu comentário de maneira um bocado desagradável, dizendo diretamente que não gostei do conto. De nenhum aspecto dele. Lógico que há sempre algo de pessoal em nossas análises e não me esquivo desse fator, mas vou tentar justificar o porquê do meu desagrado nas linhas abaixo.
Você fez uma aposta bastante arriscada no início do texto. Ao invés de termos uma história sendo contada, temos o discurso de um narrador – inicialmente desconhecido – que se posiciona de forma direta acerca de suas visões de mundo. É um recurso válido, mas arriscado de diversas formas: o leitor pode ficar desinteressado pela ausência de um enredo, ter a impressão que o texto é apenas um veículo para você expressar suas opiniões ou mesmo se aborrecer por não concordar com as opiniões. Bom, tudo isso aconteceu comigo, rs.
Veja bem, não estou dizendo que há problemas em usar a literatura para se dizer o que pensa. Ao contrário, é um processo natural e acho bem-vindo. O meu conto no desafio anterior tinha um pouco da minha visão de mundo embutida nele. No desse desafio, tem muito, rs. Então não seria eu a reclamar desse aspecto. O que me desagradou aqui é que essa visão vem de maneira expositiva e, de certa forma, um tanto impositiva. Durante boa parte da narrativa não parece um conto, mas uma espécie de ensaio. Durante a exposição de ideias é contada uma história para ilustrar o pensamento. Mas essa história tem pouquíssimo desenvolvimento, quase nada de construção de personagens e um enredo batido. E o enredo tem que ser batido mesmo, já que serve para construir uma visão generalista sobre a sociedade.
Aqui entra o ponto mais pessoal. Achei as reflexões rasas, pueris. Tudo no texto soa juvenil e fatalista. Não quero confrontar sua visão de mundo, não é esse o exercício aqui. Tampouco sei se ela está realmente sendo expressa através da narração, foi apenas a impressão que me causou. Talvez essas reflexões pertençam somente ao personagem que mais tarde se revela. De uma forma ou de outra, não é minha intenção entrar nessa discussão. Apenas ressalto que, uma vez que você escolha construir seu texto dessa forma, através de uma série de pensamentos sem um enredo os sustentando, você naturalmente vai gerar algum afastamento nos leitores que acham essa linha de pensamento desinteressante. Infelizmente, foi o meu caso aqui.
Esse efeito fica ainda pior devido à forma como o narrador se expressa. O tempo inteiro ele parece querer impor sua visão, sem deixar margem a questionamentos, se colocando na posição de detentor da verdade. Isso tornou o texto, aos meus olhos, por demais impositivo. E reforça a sensação que essa imposição vem do autor. Mas repito que é apenas uma impressão minha durante a leitura, não uma acusação.
A essa contrariedade, digamos assim, aos argumentos expostos, somou-se o marasmo da ausência de enredo. Sem personagens para gerar empatia ou antagonismo, sem um conflito para despertar a atenção, sem uma ambientação para criar uma atmosfera interessante, o texto ficou simplesmente chato. Chato é uma palavra, bem, chata, rs. Mas foi esse o sentimento que me acompanhou durante a leitura.
Então vem o momento em que o personagem se revela. Aparentemente você guardou essa revelação como um ponto de virada, uma grande surpresa para o leitor. Bom, não posso dizer que esperava que o narrador fosse um professor em sala de aula, então há sim a surpresa. Mas não é uma reviravolta de grande impacto. Sinceramente, sequer entendi o motivo de segurar essa informação. Não é uma virada nos acontecimentos, não gera nenhum choque, não elucida nenhum mistério. Apenas justifica, mais ou menos, o tom didático do texto até então. Mas a ocultação da identidade do personagem em nada acrescentou, serviu apenas para deixar o conto um bocado confuso em seu início e ainda mais enfadonho em seu desenvolvimento.
Depois temos uma conversa do professor com os alunos e novamente não há questionamentos, não há um embate interessante. Quando um dos alunos pergunta o porquê da história, achei que algum desenvolvimento viria daí. Mas, ao contrário, o professor se esquiva da pergunta direta e passa um exercício. A impressão que deu foi de que você, autor, queria passar esse exercício para os leitores. Para que eles realmente buscassem a tal parábola indicada. E logo vem a conclusão com uma espécie de lição de moral. Essa lição, como todo o restante do texto, aos meus olhos, soou tola e pretensiosa.
No fim, fiquei com a estranha sensação de que todo o conto tem a finalidade de indicar a parábola e oferecer um ensinamento ao leitor. Não é o que espero de um conto. Ao menos não que ele faça apenas isso. Senti como se estivesse realmente assistindo a uma aula – nesse ponto podemos dizer que você foi bem sucedido -, mas uma daquelas aulas chatíssimas, ministrada por um professor igualmente tedioso, tentando forçar um ensinamento sobre a vida que apenas ele acha interessante.
Bom, já tive muitas aulas assim, rs.
O texto também tem diversos erros na escrita. Não costumo implicar com esse aspecto, não sou a pessoa mais competente para tal e sempre acho que uma revisão mais atenta vai sanar a maioria dos problemas. Mas não pude deixar de perceber a profusão de vírgulas mal colocadas e os graves erros ortográficos como um “viajem” ao invés de “viagem” e um “de-repente” alienígena, com hífen e tudo.
O último ponto que gostaria de ressaltar é o encadeamento de frases curtas. É um problema que eu mesmo enfrento na minha escrita. Provavelmente nesse comentário mesmo, rs. Frases curtas geralmente emprestam velocidade à leitura. Mas, quando usadas em excesso, podem fazer justamente o contrário: gerar um efeito de “engasgo” pelos muitos pontos finais cortando raciocínios que poderiam se aglutinar em uma única frase, deixando a leitura mais palatável. Aqui, creio, você caiu nessa armadilha. Como eu também vivo caindo, rs.
Bom, sei que meu comentário não foi dos mais divertidos. Reforço que não tenho nenhuma intenção de questionar seus valores ou ideais. Apenas passei com sinceridade minhas impressões e, naturalmente, meu gosto pessoal tem um peso nessa jornada.
Espero que meu comentário seja de alguma forma útil para você.
Abraço.
Prezado Entrecontista:
Para este desafio, resolvi adotar uma metodologia avaliativa do material considerando três quesitos: PREMISSA (ou Ideia), ENREDO (ou Construção) e RESULTADO (ou Efeito). Espero contribuir com meu comentário para o aperfeiçoamento do seu conto, e qualquer crítica é mera sugestão ou opinião. Não estou julgando o AUTOR, mas o produto do seu esforço. É como se estivéssemos num leilão silencioso de obras de arte, só que em vez de oferta, estamos depositando comentários sem saber de quem é a autoria. Portanto, veja também estas observações como anotações de um anônimo diante da sua Obra.
DR
Comentários:
PREMISSA: numa narrativa reflexiva, o autor apresenta sob discurso de um professor em sala da aula situação arquetípica do contraste entre pai e seu filho Mathias, suas escolhas e frustrações, refletidas como num espelho, e num mergulho nas drogas. Impossível não pensar em “Father and Son” do Cat Stevens, e os conflitos de escolhas e gerações. Ao final, o professor emite o ensinamento e estimula seus alunos a pesquisar, com base na metáfora do bambu, o que tudo significa – e do monge e o escorpião.
ENREDO: o formato professoral algumas vezes atravanca o curso da história, deixando inconclusa a história ou a ideia que se quis passar, quase um koan zen.
RESULTADO: ao final, fica um pouco a sensação que o tema engrenagens foi colocado num texto previamente existente, já que algumas frases parecer artificiais no contexto: “O sistema é bruto” e “Vocês me fazem perceber que podemos viver, fazendo a engrenagem girar da forma correta.” De qualquer forma, uma boa viagem como leitura, ainda que sem destino.
Broto de Bambu (Alvo Dumbledore)
Comentário:
Um conto que traz uma reflexão profunda e dolorida sobre a vida, que versa sobre escolhas, limitações, liberdades, costumes. Apesar de a proposta ter sido apresentada numa miscelânea de sentimentos, há certa organização para falar de atos e consequências. Ao final, percebe-se que se trata de uma conversa do professor com os alunos, em sala de aula. A narrativa, além da reflexão, passa um ensinamento moral enobrecendo a persistência, e incentivando a nunca desistir dos sonhos.
O texto necessita de revisão, as falhas interrompem a fluidez da leitura. Erros de ortografia como: de-repente, viajem (viagem), crases não usadas (muitas), pontuação inexata. Enfim, o texto revisado trará o desembaraço total da leitura.
Percebi certo atropelo quando, junto com a lenda do bambu, o autor insere a parábola do escorpião e o monge. Acredito que houve um acúmulo de informação trazendo choque para a narrativa. Truncou. Saltou de um raciocínio para outro.
Professor Alvo Dumbledore, li e reli seu texto para absorver cada ponderação que ali foi colocada. Foi uma extensa meditação, um balanço de vida. Liberdade e responsabilidade – a primeira, regala, e a segunda, cobra.
Parabéns pelo trabalho!
Boa sorte no desafio!
Abraços…
Fui pesquisar, não conheço nada sobre isso – Professor Alvo Percival Wulfrico Brian Dumbledore, Ordem de Merlin, Primeira Classe, Grande Feiticeiro.
O texto está bem escrito, mas sua adequação ao gênero conto é dúbia. Traz diversas reflexões interessantes, embora eu não concorde com o argumento: o melhor caminho para não sofrer é se adaptar ao sistema, obtendo boa formação e emprego, pagando as contas em dia e usufruindo o que de melhor a sociedade capitalista contemporânea tem a oferecer (bons imóveis em bons condomínios, bons carros, bons eletrônicos, boas viagens e boa alimentação). Nesse contexto, as reflexões trazidas no presente texto me soaram juvenis.
Olá, Alvo, cá estou eu em meio a esse seu bambuzal. Confesso que meio perdido, amigo. Sinto grande dificuldade em entender o porquê da sua história. Ela se colocou, por mais que volte a ela e releia, além do meu entendimento. Claro entendi as metáforas, as fábulas, mas fiquei perdido sobre o sentido maior que quis dar ao seu conto. Senti falta de um conflito nele, sabe? Ou o conflito seria o Mathias e suas confusões com o sistema? Mas releve isto tudo que lhe escrevo, Alvo. Creio mesmo que os outros leitores sacaram as riquezas todas que para mim se mantiveram ocultas. Desejo-lhe boa sorte no desafio. Fica com o meu abraço.
O texto pareceu-me mais uma espécie de aula, fábula educativa para orientar jovens a lidarem com as engrenagens da sociedade. Fábula com direito à lição de moral no final.
O tema proposto pelo desafio foi abordado.
A linguagem empregada é professoral, pois o narrador é um professor. Interessante a analogia com a flexibilidade do bambu. Ou seja, o ser humano deve saber lidar com as vicissitudes sem se quebrar, mesmo que tenha de se envergar muitas vezes. Além da metáfora do bambu, o autor usou a fábula do monge e do escorpião, mas para mim esta foi mal aproveitada. Deveria ter permanecido no conceito do broto de bambu.
Algumas falhas de revisão
> De-repente > de repente
> Uma viajem > uma viagem
> soneca a sombra de uma palmeira > soneca à sombra
> força a engrenagem > força à engrenagem
> passará fazer parte> passará a fazer parte
> depois quase uma década > depois de quase uma década
> se entregou a necessidade > se entregou à necessidade
> Fique de pé jovem > Fique de pé, jovem
> Excelente pergunta rapaz > Excelente pergunta, rapaz
> início as pesquisas > início às pesquisas
> pouco se importou > pouco se importaram
> estarão a frente > estarão à frente
> vidas a realidade > vidas à realidade
> parabéns as duplas > parabéns às duplas
> desafia-los > desafiá-los
O ritmo do conto é lento, tranquilo como a fala de um velho professor. Não há muito atrativo nem mesmo na história do jovem que deveria servir de exemplo. A leitura torna-se um pouco monótona e cansativa em alguns pontos.
Não é uma ideia ruim, mas poderia ser desenvolvida de forma mais ágil, sem parecer uma grande lição de moral.
Boa sorte.
O texto apresenta uma série de comportamentos sociais e os critica, talvez com a intenção de mostrar as “engrenagens da civilização”. São reflexões e mais reflexões sobre a vida e a existência. mas faltou a costura de um enredo. Não sei se o definiria como um conto: pois não há exatamente uma trama, personagens, conflito, clímax, etc.
A escrita, em si, é boa. O título é poético e sugestivo: o bambu é considerado, em algumas culturas, tão útil que serve de metáfora para boa conduta: um homem deve estar sempre ereto como o bambu e ser igualmente forte. E assim como o caule do bambu era oco, deve-se manter a mente aberta, sem preconceitos nem pensamentos secretos.
E, o texto traz algumas metáforas interessantes, algumas observações inteligentes e reflexivas, que lhe dão algum brilho, porém, termina como começa, sem um sentido que se possa dar a ele.
Parabéns pela participação. Sorte no desafio. Um abraço.
Num esforço de apurar o meu comentário – redobrado talvez em compensação de não estar participando do desafio com um texto – refleti um pouco sobre por onde começar ao redigir minhas impressões desta leitura. Vou tomar uma discussão que me parece típica dos meios de escrita, que é a necessidade de apresentar ou não uma mensagem a partir da estória que se escreve. Para mim, acaba sendo inevitável, mas isso diz respeito somente ao meu processo criativo. Por que tomei essa discussão como ponto de partida? Porque fica claro que com esse texto o autor ou autora quis passar uma mensagem.
Narrado em primeira pessoa, há uma oralidade marcada na forma como o conto nos é passado, como se o narrador estivesse nos contando essa história desenfreadamente, recortando sua narrativa na medida em que deixa mais claro o que quer enfatizar. Na preocupação de fazer sua crítica, trama, personagem e enredo ficaram em segundo plano. Tudo se passa de uma abstração, com a família central não se passando de uma hipótese que representa o casal heteronormativo padrão, numericamente exato em filhos e automóvel, socialmente organizado a partir do gênero. A crítica, válida e compreensível, mirando o autoritarismo patriarcal, a brutalidade presente nas relações capitalistas e outros temas, sufoca a história e, assim, tem pouca organicidade. Fez com que o conto não me cativasse.
A família centraliza a narrativa até o final, quando há uma transferência abrupta para uma sala de aula em que se revela que tudo o que foi lido se tratava de uma estória contada por um professor aos seus alunos. Nessa conclusão, juntei-me aos alunos na confusão, exceto que não foi tanto a relação que o narrador personagem fez entre a parábola e a sua história, mas um uso confuso dos travessões deixou o monólogo final difícil de se entender, parecendo que no trecho seguinte estaríamos lendo a fala de um personagem, mas ainda falava o professor. Além disso, deixando de lado a forma para voltar ao conteúdo, minha crítica foi majoritariamente direcionada ao excesso de mensagem que sobrepôs a narrativa. Finalizando o conto, a súbita transferência de perspectiva foi desconfortável, mas também incomodou que o encerramento foi literalmente o narrador dizendo palavra por palavra do que queria passar para os seus alunos, parecendo abranger o leitor como um aluno seu também.
Com todas essas críticas, friso que o conto tem aspectos positivos, estando bem escrito – com aforismos bem inseridos e dotados de significados certeiros – e adequado aos dois temas, tendo a boa sacada de trabalhar o lado temático do certame a partir de analogias bem encaixadas.
Boa sorte!
Caro Alvo.
Não sei dizer muito bem o que senti lendo esse texto. Parece um longo monólogo, cheio de perguntas para o leitor e reflexões sobre a vida e o por quê tomamos certas decisões. O tema do desafio é notável: a engrenagem se expressa no cotidiano, nas decisões sem emoção, na escolha da carreira, na escola, na manutenção dos relacionamentos e nas frustrações. Já a Criação, na antítese entre pai e filho. No entanto, achei o conto meio moralista, principalmente quando revela-se estar numa aula para crianças superdotadas, pois até então tinha embarcado na ideia de que o texto era o escritor em conversa franca com o leitor. Achei o conto com muitos volteios para chegar nos seus objetivos, além da tentativa de passar uma lição de forma tão direta. Há joias no meio do caminho, com certeza, toda a crítica à forma como planejamos nossas vidas e os incentivos pela competitividade e sucesso independente dos meios utilizados para alcançá-los, mas o conto se perde e acaba sendo nem numa coisa nem outra. O aprofundamento do conflito entre Mathias e o pai traria um bom atrito para o conto. Apesar de tudo, mesmo com o tom exortativo, a frase final é bonita e, se inserida subjetivamente, teria um impacto maior.
Há um erro ou outro de digitação, mas que não me afugentaram da leitura.
Grande abraço!
O texto está bem escrito, com uma prosa direta que entrega sem complicar nem idiotizar. Creio que merecia um pouco mais de edição e de revisão, já que ainda há umas quantas expressões (principalmente pronomes) que poderiam ser cortadas para deixar o texto mais ágil, mas isso não compromete o resultado.
Gosto muito da metáfora do homem ser uma engrenagem da sociedade, girando de uma forma quase predestinada
Achei que a da estória do broto de bambu, de Mathias e do que vem a seguir está confusa e foi muito superficial. Eu percebi, mas achei que houve uma certa presunção por parte do autor que eu sabia mais do que sabia. Por exemplo, quando ele fala do “jovem defeituoso da história, Mathias”, eu não percebi se ele se refere à parábola que o amigo contou ou se há outra estória. Até porque o nome Mathias surge do nada, sem explicações…
Outra coisa, a partir da parte do diálogo que começa com “Professor, preciso fazer uma pergunta?”, creio que o resto do texto é meio que desnecessário e anticlimático, quebrando um pouco da linha. Percebo que a ideia precisava ser fechada, mas creio que o texto ficaria ainda melhor com esta última parte retirada e condensada em um parágrafo.
Parabéns!