EntreContos

Detox Literário.

Essas pessoas na sala de jantar (Amana)

Parado há mais de noventa e sete segundos, ou noventa e oito, talvez noventa e nove, só observando aquelas pessoas a tomar café da manhã na pequena mesa da sala de jantar. Como se a casa fosse delas. Enquanto isso, Dona Cota lavava a louça. Três lugares, ocupados por Clarice, Cezão e Carol, em quem concentro minha raiva. Porra, Carol, você sai da cama, me deixa sozinho e vem ficar olhando pra a cara deles, sem dizer nada?

É impressão minha, essa garota não pode ter piscado pro Cezão. E se fosse mesmo só impressão, aquele fedorento estaria agora com cara de bobo, babando na minha gata? É impressão minha, deve ser impressão, só isso, uma impressão. Impressão é uma palavra bonita, por isso gosto de repeti-la tanto. Gosto de palavras com M antes de P e com SS, ainda mais se tiverem A-O-TIL no final. Por isso impressão é tão perfeita. Deixando minha impressão de lado, surge uma grande dúvida: ninfetas gostosas flertam com caras fedorentos, sem banho há semanas? Nojo. Ele ia ver uma coisa.

Sai, Cezão. Vem cá, Dona Cota. Larga essa louça e vem aqui, agora. 

E a querida Dona Cota vem, a mulher a cuidar de mim desde não sei quando, sempre a primeira a me acudir quando me machucava. Alma boa, segunda mãe. Um dia perguntei aos meus pais se era adotado, pois parecia. Cheguei a dizer durante um almoço de Natal, a família toda reunida na casa da minha bisa, por qual motivo meus pais não tinham trazido a Dona Cota. Quem ia me contar as histórias mais interessantes, entre uma garfada e outra, pra me distrair e assim não sentir o gosto intragável das ervilhas, cenouras e quiabos? 

Merda, mãe, até parece que sou filho da Dona Cota, não da senhora! E com essas palavras gritadas em meio a um monte de gente ganhei uns bons tapas. Pelo palavrão e por ter revelado minha preferência por Dona Cota. A verdade realmente dói. Depois de um tempo me acostumei com os tapas, virou rotina.

De novo peço pro Cezão sair do lugar dele. Da primeira vez fui grosso, agora mando vazar, afinal ele praticamente tinha comido sozinho os pães todos do cesto, o estômago devia estar cheio até a tampa. Dona Cota se senta no lugar dele, meio sem jeito. Não está acostumada a esse tratamento. Reparo uma coisa, o tempo não passou pra ela. Também não passou pra minha mãe, de qualquer forma aqui não cabe essa comparação (outra palavra terminada em A-O-TIL e com M antes de P, perfeição seria se tivesse SS no lugar do cê-cedilha), porque minha primeira mãe que se tornou a segunda morreu cedo. 

Come a torrada, Dona Cota, come. Passa essa geleia, a senhora tem direito, foi a senhora mesmo quem fez. Geleia de jabuticaba, onde encontra essas coisas? É, eu sei, a senhora faz pra mim porque eu adoro jabuticaba. Aposto que a velhinha é capaz de saber quantas delas eu chupava a cada subida na jabuticabeira da casa da vizinha, bolinhas graúdas, doces, um mel escorrendo, as cascas indo pro chão, fazendo um tapete e Dona Cota lá, sentada em um banquinho, só observando. Olha a dor de barriga, Caio. Tá, Dona Cota, qualquer coisa depois a senhora faz um chá, não faz?

Clarice, alheia ao flerte e ao fedor do Cezão, uma das sobrancelhas erguidas, como pode ser sensual desse jeito, meu deus do céu, lendo compenetrada o jornal? O síndico faz questão de colocá-lo por baixo da porta do apê toda manhã. Aquele velho sem-vergonha. Quase bodas de ouro com a esposa e ainda se engraçando com qualquer uma. 

Corrigindo, Clarice não é qualquer uma, preciso me retratar, foi só uma expressão muito ouvida em casa, mamãe sempre a usava quando meu pai chegava tarde, pois o marido só podia estar com uma qualquer mesmo. Clarice Cunha Centurião Carneiro é uma grã-fina, socialite e apesar disso muito sozinha, muito carente, ninguém consegue preencher seu vazio existencial, reclama. Carente de conversa e, segundo ela, não queria saber de sexo. Sou assexuada, Caio, o sexo não me interessa. Um dia me revelou o motivo de ter se separado dos quatro maridos: prefere a leitura. Platão, Shakespeare, Sade. Espera aí, Clarice, Sade? E a conversa sobre a assexualidade? Quis me convencer, o Sade era só um fetiche, jurou. E até tentou, várias vezes, com homens e mulheres, porém não conseguiu. Não tem interesse. Nem com você mesma, Clarice? Nem, Caio. Nem com um brinquedinho? Sério, Caio, com nada. O livro é melhor. 

Antes da pandemia conversávamos sobre tudo na Internet, entre uma reunião e outra do trabalho. A gente trabalhava na mesma revista, Clarice em Paris, eu na Liberdade. Eu escrevendo sobre política, ela sobre variedades. Aos desejosos de saber tudo a respeito da sociedade europeia, lá estava a repórter, noticiando e comentando com seu natural ar de superioridade, tão natural a ponto de ser simpático, como era possível? Era natural, sim, porém não era esse o seu motivo de trabalhar na revista. O dono era o ex-marido. Clarice pediu pra ele escolher: ou a deixava ser correspondente na França, ou o faria pagar o olho da cara de pensão, mesmo que não precisasse.

Com o conhecimento que tenho em direito de família, o que você acha, Caio? Natural eu ganhar fácil a ação. Na verdade Clarice não disse “natural”, na verdade gosto dessa palavra também. Natural eu incluir a palavra natural quando achar melhor. Porque sou natural, nos pensamentos e nas ações. É, isso também me soa natural. 

Foi natural convidar a Clarice pra ficar aqui no apê, o tempo desejado por ela, durante a pandemia. Afinal, como me desculpar por ter cometido aquele ato impensado? Na verdade foi pensado, sim, embora não por muito tempo. Bem, uma vez quis muito fazer um jogo erótico com ela. De longe mesmo. Eu não tinha culpa do meu tesão naquele capital cultural todo da colega de trabalho. Clarice, deixa, vai, só uma vez. Você nem precisa olhar e pode desligar o microfone. Termino rapidinho. Você lê um livro enquanto isso, vou achar sex. Não vejo graça na palavra sex. Vou achar natural, fica melhor. E mais excitante. Natural e excitante, excitante e natural. Natural e natural.

Sem essa, Caio. Estou dizendo não. Se tem coragem de fazer isso, depois arque com as consequências. Ah, é? Acha que não tenho coragem, é, Clarice? Toma aqui o meu Sade, bem enorme pra você. Shakespeare tinha um maior? Platão? Duvido! Duvido! Duvido!

Clarice não precisou fazer nada mais, bastou me ignorar. E eu me ferrei sozinho, pois pensei ter desligado a câmera para os outros. Pensei errado. Todos foram testemunhas do meu assédio. Nada justifica. 

Aceitei a demissão. Seria bom. Ficaria o tempo todo no meu apartamento. Estaria só comigo mesmo, nem mesmo acessaria as redes sociais, nada de renovar a tevê a cabo. A paz durou oito dias e quinze horas. Eles vieram aos poucos. Primeiro a Clarice, ao aceitar meu convite, do qual eu nem me lembrava mais, com a minha promessa: nada aconteceria entre nós. Sinto vergonha das minhas desculpinhas esfarrapadas. A Clarice na verdade tem dó de mim, deve ser isso. 

Nem se eu quiser andar nua aqui você vai me assediar? Pode andar nuazinha, querida, vou fazer de conta que é minha irmã, ou uma prima mais velha. Também não exagera, Caio, você é filho único. Só peço mais uma coisa: não me interrompa quando eu estiver lendo. Tá bom, Clarice. E a gente conversa só quando eu não estiver lendo. Sim, só quando não estiver lendo. E só quem quebra as regras sou eu. Tá, Clarice.

Como não fui mais à academia, Carol veio para malharmos juntos todo dia. Emoção indescritível, depois de meses flertando com ela, olhares de relance entre um aparelho e outro. Uma única vez nos falamos, coincidência acontecer isso em um dia de pouco movimento naquele lugar chato, cheio de marombado? Éramos quase sempre só nós dois ali. E eu passei a malhar só naquele horário, das seis às sete da manhã. Coincidência. Coincidências não existem. Adoro essa palavra, coincidência. Paroxítona terminada em ditongo crescente. Tudo o que a minha professora da quarta série tentou me ensinar um dia agora eu sabia. Você aprendeu, Caio, que bom, imagino Tia Luiza me parabenizando. Obrigado, Tia. Apesar disso, não a convidaria pra ficar aqui, não. Parecia meio louca.

Dona Cota ainda vinha me visitar de vez em quando pra limpar o apartamento. Com a idade dela, fazendo parte do grupo de risco, era melhor que não ficasse indo e voltando. Com a desculpa de até hoje eu precisar de alguém pra cozinhar, é claro que foi uma baita vantagem ela ficar. Quem sabe assim consigo descobrir seu nome, de uma vez por todas. Dona Cota me lembra a Irene do Bandeira, mesmo não sendo preta. Sim, eu vejo Dona Cota, com toda a sua humildade na fila da entrada do céu, alguns lugares atrás da Irene, perguntando pra São Pedro se tinha permissão pra atravessar aqueles portões enormes. Minha velha era dessas, tudo pedia licença. Dá licença, seu São Pedro? Entra, dona Cota, não precisa pedir licença. Agradecida, bondoso São Pedro. E logo se oferece pra lavar o prato e os talheres do velho barbudo da mesma forma como lavava a louça de ontem, enquanto aqueles três ocupavam as três cadeiras da pequena mesa da sala de jantar, tomando café da manhã às dez e quarenta e um. Ainda bem, ao menos uma vez na vida o Cezão me obedeceu, aleluia. Preciso comprar mais uma cadeira. Pra mim. O Cezão senta em qualquer lugar.

Bom que a Dona Cota finalmente aceitou meu pedido de tomar café com a gente. Ao mesmo tempo consegui acabar com a palhaçada do Cezão com a Carol e ser justo com a querida velhinha. Na casa dos meus pais nem isso deixavam a coitada fazer. Minha primeira mãe aprovou o que fiz com a minha segunda mãe, que antes era a primeira. Jurei pra Dona Cota, mamãe não sentiu dor. Não fique preocupada, mãezinha, você vai morrer dormindo. Vão dizer que foi por causa da sua tristeza. O papai também vai acreditar nisso e vai ficar aliviado, ninguém mais pra ficar gritando no ouvido dele. É só pra Dona Cota ter um lugar nessa mesa, porque sempre fica ali, parada do meu lado. Por que você nunca deixou minha outra mãe comer junto com a gente? Mãe, eu pedi tantas vezes… Sabe, você se foi e ninguém sente a sua falta e, todo mundo supõe, foi você quem quis. E tem a Dona Cota lá. Que agora não está mais lá, agora está aqui e eu juro, não deixarei que volte pra casa do papai. Ele não vai sentir falta e vai ficar aliviado. Tem sempre uma qualquer pra cuidar dele.

O Cezão continua morando na casa dos meus pais, mesmo agora o imóvel sendo só do meu pai. Mesmo quando a minha primeira, aliás, a minha segunda mãe morreu e todo mundo pensou ter sido natural, e talvez seja por isso o meu gosto por essa palavra. Natural. Morte natural, morte natural, morte natural… Tão nova, né? Coitada. Fazendo as contas aqui, eu tinha quase trinta, então na verdade já não era tão nova, não, eu me embanano com o calendário. Impressão minha. Impressão. Com M antes de P, SS e A-O-TIL. Já disse que acho essa palavra perfeita?

Então, até hoje o Cezão mora lá. Só encontro o escroto quando visito o meu pai. Encontrava, infelizmente, porque agora ele está entocado aqui e continua me chamando de moleque, não respeita a barba que tenho na cara. Já falei pra ir embora. Ele não vai. É bem o jeito dele, quando quer se faz de surdo.

Desde que me conheço por gente pergunto pro velho quem é esse cara esquisito vivendo lá com a gente, na maior folga. É meu tio, pai? É meu primo? Por que ele é feio assim? Por que está sempre sujo? 

Um dia ele me chamou ei, menino, ei… Eu? Você mesmo, menino. O-o q-que foi, t-tio? Faz favor de me chamar pelo nome. E eu não sou seu tio, moleque. Só me respeita, só isso. Meu nome é Cezão. Cezão é apelido, não é? Eu gosto, tem A-O-TIL. Cala a boca, moleque. É Cezão, meu nome é esse e não te interessa.

Ao menos ele não me seguia até a escola. E por isso eu gostava de lá. E depois ficava a tarde toda na rua. E a mãe gritava entra, guri, vai tomar banho e jantar. Teu pai já tá esperando. Do Cezão também não falava uma palavra. Nem dez, nem mil. Nunca, nunca, nunca… Nunca é advérbio de negação e de tempo. No caso da minha mãe, eram as duas coisas. Talvez tivesse raiva daquele cara. Eu também tinha e o meu medo era maior. Muito maior. Cezão estava ali, no meu quarto, me olhando, sempre quando eu queria dormir. Era ele quem me acordava. Levanta, moleque, tua mãe já te chamou um monte de vezes. T-tá, Cezão.

É. Ele sempre me acorda. E continua me acordando até hoje, não sei como conseguiu as cópias das chaves. Já troquei muitas vezes, perdi a conta, esse safado deve ser falsificador. E de repente essa cena dele me acordando agora há pouco vem de novo na minha cabeça. Será que esse merda foi lá e viu eu e Carol na cama? Ficou observando a gente? A Carol tem a mania de colocar a perna por cima da minha, dormir nua em pelo. Sem se cobrir. O Cezão se aproveitou disso, certeza. 

E se a Carol estava fazendo caras e bocas agora pro safado, terá percebido o que eu pensei? Certeza, percebeu, sim. Ah, então agora vocês dois têm um segredinho, é? Quer saber? Cansei de vocês dois. Faz sentido, Carol e Cezão se comunicando assim, só no olhar? Devia fazer isso comigo, né, Carol? A faca de pão tem uma ponta boa, serve para mais coisas além de cortar pão. Vou dar um jeito nesse Cezão e é agora. Só não posso atrapalhar a leitura da Clarice, faltam poucas páginas pra terminar o livro, e nem a Dona Cota, deixa a velhinha comendo torradinha emplastada de geleia, uma após outra, aquele semblante de paz. Não quero atrapalhar. Dona Clarice e Cota podem ficar tranquilas, vai ser rápido. Clarice e Dona Cota, é tanto nervoso, troco até os nomes.

Do sofá, Cezão continuava trocando olhares com a Carolzinha. A biscatinha agora colocava a língua no lábio superior, passando-a de um lado ao outro, aquele olhar de vadia. Aproveito a língua dela, tão ao meu alcance. Olha, Cezão, olha o que eu faço com isso aqui. Quer um beijo de língua da Carolzinha, quer? Toma aqui, engole a língua dela, mastiga bem. Que tal um peito? Aceita o outro também? Ah, não quer mais saber da garota, só por estar toda fatiada agora? Faz alguma coisa, homem, diz qualquer coisa. Se cortarem seu dedo, faz o quê? Grita? E se alguém passar a faca na sua jugular, assim? Esse seu sangue jorrando, tingindo tudo de vermelho, visão idílica, você não tem ideia, indescritível. O seu sangue misturando com o da Carol, olha, finalmente ficaram juntos, eu os declaro marido e mulher, pode beijar a noiva. Espera, deixa eu achar a boca da Carol em algum lugar por aqui…

 

Doutor? Ah, então o senhor veio, já não era sem tempo. Pode deixar, eu mesmo limpo todo esse sangue. Já estou acostumado. O da mamãe estava mais viscoso. Ainda tem algumas manchas no carpete, até hoje, não sei o motivo. Mamãe morreu de tristeza, dormindo. Não sentiu dor. Se o senhor tirar essas coisas de mim prometo limpar bem melhor. Prometo, vou me comportar. Sempre fui um bom menino, não, não, não fui. Ainda sou, verbo no presente do indicativo. Se o senhor puder falar com a Clarice e a Dona Cota, elas vão confirmar. Eu fiz as pazes com a Clarice, pois já me perdoou, só preciso não atrapalhar a leitura dela. O senhor lê Platão também? Não me diga que lê Sade? Prefiro Platão a esses dois aí, Platão tem A-O-TIL. Ainda sou uma criança, a Tia Luiza me ensina de vez em quando. Por causa dela, amo e odeio morfologia. Devia ter matado essa mulher, isso sim. O nome não começava com C, só isso já era motivo. E se parecia com a minha mãe, a primeira. Segundo motivo. O meu pai trepou com a Tia Luiza. Terceiro motivo. Eu soube, era uma qualquer, sanguinária das palavras. Quarto, quinto e sexto motivos.

Eu assumo a morte desses dois. Não tenho coragem de culpar nem a Clarice e nem a Dona Cota. Dois a mais, dois a menos, não farão diferença. O doutor pensa que eu não sei, é? Nunca vou sair daqui, nunca. Pelo menos tenho as duas pra passar o tempo. Agora a minha querida Dona Cota senta com a gente pra comer. Ainda sem jeito, mas logo se acostuma. E um dia a Clarice vai voltar a falar comigo. Estou esperando. Só falta isso pra ser feliz de novo. Um arrependimento? Fazer aquilo com a Carol. Bastava o Cezão, aquele fedorento. O sangue na parede deixei. Gosto daquelas manchas. Tem um pouco da Carol ali. Se passar um verniz por cima, ficam perfeitas. Veja só, Doutor, finalmente criei algo artístico. Tenho talento pra isso, não tenho? Fiz Jornalismo, meu pai me obrigou. Também me obrigou a tomar remédio, mas descobri como não engolir a pílula maldita. Finalmente livre.

Doutor, cansei, só mais duas perguntas: o meu pai vem me visitar hoje? Ele vem sozinho, ou com a minha segunda mãe? Ah, sim… não é dia de visita… Dona Cota, não precisa fazer a lasanha. 

82 comentários em “Essas pessoas na sala de jantar (Amana)

  1. Amana
    13 de dezembro de 2020

    Olá, pessoal! Bem, primeiro quero agradecer a todos que leram, comentaram e avaliaram meu texto, seja da forma como foi. É muito bom ser lida. Melhor ainda quando gostam do que a gente escreve, claro, mas nem sempre vamos agradar. Agradeço aos que gostaram do conto de alguma forma, também pelas dicas, eu costumo utilizá-las para reescrever o texto, sempre que acho que é válido.

    Esse texto não foi a primeira ideia que tive para participar do desafio. Antes eu tinha pensado em um cara que morava com a esposa e o sogro esquizofrênico, o conto iniciaria quando a mulher morria de COVID e o cara se via em distanciamento social com o velho, de quem ele não morre de amores. O sogro vive alheio a tudo, não entende que a filha faleceu, mas em momentos de lucidez diz que sabe que o genro não vale o que come e que até amante o cara tinha.

    Ou seja, sempre pensei na esquizofrenia paranoide, porque minha sogra mora comigo há 7 anos, desde que minha cunhada, que cuidava dela, faleceu. E a minha sogra é esquizofrênica paranoide, porém foi diagnosticada quando tinha mais de 50 anos, já. E isso foi por eu estudar sobre, pesquisei distúrbios de quem apresentasse os sintomas dela. E foi assistindo ao filme “Uma mente brilhante” que tive a certeza de que era isso mesmo. Foi aí que a família dela resolveu ir atrás de tratamento pra ela, porque antes a minha sogra era só alguém com “um parafuso a menos”. Ela trabalhava ainda, na época morava sozinha, mas havia momentos em que ela saía por aí, a gente ficava sem saber dela por alguns dias, depois ela voltava, tão cansada que dormia por mais de um dia inteiro.

    Bem, quando ouvi a música “Panis Et Circenses” me veio à mente e eu fiquei com essa imagem das pessoas na sala de jantar… Comecei, então, a pensar no enredo. Eu queria usar as coisas que a minha sogra usa e costuma fazer, mas é claro que exagerei. O primeiro que eu pensei foi a Dona Cota, relendo poemas do Manuel Bandeira, um dos poemas de que mais gosto dele é o que coloquei no conto. Depois pensei no Cezão, depois na Clarice e na Carol, por fim. A história foi se formando conforme eu escrevia. Mas a narrativa eu fiz assim, pelos seguintes motivos:

    – Minha sogra fala sozinha o tempo inteiro. Sim, ela toma remédio, mas o remédio não faz sumir completamente essas coisas, porque como eu disse, começou a tomar remédio muito tarde e também porque a ela infelizmente falta instrução para compreender que é esquizofrênica.

    Ela fala com algumas pessoas: tem a Martha, tem a Paloma, tem um americano, tem um japonês que ela deve ter conhecido há algum tempo, que até hoje eu não consigo identificar o nome, algo que se pronuncia como “Tcha Hai Mei” (parece mais chinês que japonês, né? Então.), a neta dela Cassandra, a avó dela e tem até o Silvio Santos (ela deve ter assistido muito programa dele na vida).

    Então ela conversa, pergunta e responde como se estivesse mesmo falando com alguém. “O que que você quer, Martha? Eu não quero nada, Dona Alexandrina, vai tomar no meio do seu c*”, é, ela xinga e tudo mais. Abre a janela do quarto dela, que não dá para a rua, porque quando ela ficou no quarto em que dá para ver a rua, ficava falando “Ei, alguém me ajuda, eu tô presa aqui, vão me matar, a Paloma que vai”, um dia chegaram a bater palmas aqui e perguntar sobre isso, se era verdade. Aí explicamos sobre o ocorrido e a mudamos de quarto. Nesse outro quarto ela abre e diz: “Aqui que eu tô, vó, aqui nesse quarto, eu sou a Alexandrina”, entre outras coisas.

    O meu marido, filho dela, não pode abraçar muito ela, senão ela já diz que ele está querendo abusar dela, que é pra ele vir me abraçar, que eu que sou a esposa, rs. Ela me chama de Dona Bia. E acha que o tempo em que eu estou no computador é porque estou fazendo relatórios sobre ela, que “a Bia me prendeu no computador, eu tô lá, minha foto tá lá”… Então se tomando remédio ela é assim, se não estivesse tomando seria incontrolável. No tempo em que ela não tomava ainda, eu já levei arranhão dela, precisou de bombeiro pra ela me largar, porque ela achava na época que eu não era a Bia, era outra e eu tinha envenenado o Alexandre, olha, cada uma, rs…

    Mas no caso do Caio, ele é psicótico. E sim, o Caio matou a mãe verdadeira. E por esse motivo foi parar em um centro psiquiátrico judiciário. Os outros? Tudo coisa da cabeça dele. Desculpem a extensão texto, mas escrevi quase que em transe. Escrevi, deixei alguns dias passarem, mexi no texto mas não consegui reduzir muita coisa… E enviei para o EntreContos sem estar no último dia do prazo, isso foi quase, quase inédito, hahahah.

    Valeu, pessoas, mais uma vez. Logo eu verifico as dicas aqui, o que acho que é possível aproveitar, mas agradeço a cada um pela visão que tiveram da minha narrativa.

    • Amana
      13 de dezembro de 2020

      E me desculpem pelas repetições aqui no relato, faltaram umas duas palavras também, mas olha a hora, rsss… duas da manhã. Mas acho que deu pra entender. 😉

    • Bruno de Paula
      13 de dezembro de 2020

      Caramba, Bia, que história essa da sua sogra. Foi quase como ler um novo conto. Não tinha como você não se inspirar nela. E que bom que ela tem quem a ampare. Parabéns por tanta dedicação.

  2. R1,R3,R4
    12 de dezembro de 2020

    R1: ihh, Olha só esse texto. Que cara doido…
    R3: R2 já fez pior…
    R4: O que estamos fazendo aqui?
    R1: Sei lá, estamos entediados é nosso último dia aqui.
    R4: Quebra-Cuca seria um bom lugar para o Caio,se ainda existisse.
    R1: Verdade, acho que as pílulas iam ajudar. Caio, se um dia conseguir sair dai, procura a equipe. Nós os loucos, temos que nos unir.

    • Amana
      13 de dezembro de 2020

      É, né, Amanda? kkkkkkk

  3. Almir Zarfeg
    12 de dezembro de 2020

    Resumo: Um monólogo à maneira de Caio, um assassino frio e calculista.
    Comentário: Resumidamente, me vi tomado por uma narrativa conduzida de maneira competente e profissional. O protagonista, com suas manias e sadismos, envolve não só Clarice mas também os leitores. O que, sem dúvida, constitui mérito do autor. Portanto, meus parabéns e boa sorte no desafio.

  4. Amana
    12 de dezembro de 2020

    Obs.: A nota final não se dará simplesmente pela soma da pontuação dos critérios estabelecidos aqui.
    Resumo: Esquizofrênico, provavelmente psicótico, vive um surto quase que contínuo onde imagina e mata pessoas.
    Parágrafo inicial (2/2): Um parágrafo que já mostra o ambiente da ação e certo conflito do narrador personagem com algumas pessoas que ali estão.
    Desenvolvimento (2/2): A princípio, tive certo medo do tamanho do conto, mas começando a leitura e vendo que era um fluxo de pensamento, fui no embalo e sabe, nem cansei com essa loucura toda rs. Aqui temos um verdadeiro esquizofrênico psicótico, tipo o que serviu de inspiração para o personagem principal do filme Psicose. Mas diferente do cara real, bem introspectivo, Caio é falante e vez em quando pergunta cada coisa para os pais… Gostei dos diálogos sem separação do narrador, me leva a crer que tudo, tudo, está no Caio, é ele quem dá vida a essas pessoas. E para estar internado sem esperança de sair do hospital psiquiátrico, ele só pode ter matado a mãe mesmo. A primeira rs.
    Personagens (2/2): As pessoas da sala de jantar não existem, todas foram criadas pelo Caio, por isso todas com letra C no início. Meus preferidos: Dona Cota, Clarice e Cesão, claro. Todos frutos de uma mente doentia, porém cada um com suas características.
    Revisão (1/1): Logo no primeiro parágrafo tem uma letra A sobrando, quero crer que foi na pressa de enviar o conto, mas não me atrapalhou.
    Gosto (3/3): Gostei bastante do conto, vi uma abordagem correta da esquizofrenia psicótica.

  5. Misael Pulhes
    11 de dezembro de 2020

    Olá, “Filho da Cota”.

    Resumo: monólogo de Caio, um esquizofrênico assassino, que matou a mãe, e cometerá outros crimes enquanto o texto se desenrola.

    Comentários: ótimo texto. Muito hábil o autor em ir tecendo, aos poucos, relatos e memórias que vão criando o personagem-protagonista. É bem sutil a forma como saímos da percepção de um cara meio doido para um psicopata doentil. É tão bem feito que eu duvidei que ele estivesse falando sério e a suspeição se manteve até que ficou mais clara. Isso me parece sinal de que a coisa foi bem construída.

    Eu cortaria alguns excessos, algumas repetições, de forma a “comprimir” toda essa força narrativa em algo um tanto menor e, portanto, talvez mais denso.

    A obra merece muitos elogios. Parabéns e boa sorte.

    • Alter ego do Caio
      12 de dezembro de 2020

      Olá, Misael, eu e Caio agradecemos por seu comentário. Eu até falei pra ele que mandar um texto deSSe jeito seria muito arriscado, sabe o que ele me respondeu? “Cortar peSSoas é bom, textos nunca”. Pra você ver.

  6. Bruno de Paula
    11 de dezembro de 2020

    Pelo que entendi, um esquizofrênico que interage com pessoas criadas na sua mente, enquanto compartilhas lembranças e delírios com o leitor.
    Olá, Filho da Cota.
    Bom, minha interpretação está no resumo aí acima, rs. Creio se tratar de um esquizofrênico que cria pessoas imaginárias para preencher lacunas em sua vida.
    Cota, uma figura materna perfeita, para suprir a afeição que ele não conseguira da própria mãe – que ele matou ou fantasiou em matar.
    Carol é uma fantasia para suprir suas necessidades sexuais.
    Cesão é um monstro imaginário que ele carrega desde a infância.
    Já Clarice… não entendi bem a função dela. É uma idealização de Caio, alguém que ele deseja e admira mas não pode ter. Talvez ela funcione como uma espécie de bússola moral do personagem.
    Vários indícios apontam nessa direção: o fato de todos os nomes começarem com C, inclusive todos os sobrenomes de Clarice – e a professora, única figura real, que vem de suas lembranças, não tem o nome iniciado com a letra; o fato de Cesão entrar e sair quando e como quer e seus pais nunca falarem dele; Clarice ter aceitado passar a quarentena com Caio depois do assédio; a facilidade do Flerte com Carol, justamente num dia em que a academia estava com pouco movimento; a subserviência eterna e resignada de Dona Cota.
    E é curioso que o personagem só consiga finalmente matar seu bicho papão pessoal quando também destrói seu impulso sexual. Talvez um psicanalista tenha uma boa interpretação para isso, rs.
    No fim, dá-se a entender que ele está internado. Então a tal sala de jantar provavelmente seja apenas o quarto dele no manicômio e ele termina falando dos delírios com um médico.
    Enfim, é um bom conto, tem margens para múltiplas interpretações e o narrador convence como louco
    Mas, confesso, foi uma leitura bastante cansativa para mim. As repetições, os saltos de raciocínio, a confusão em alguns trechos, a obsessão com detalhes das palavras (que me soou um tanto artificial), e a personalidade nada cativante do narrador, tudo isso fez com que o texto ficasse meio chato pra mim.
    Mas isso é questão de gosto pessoal. Seu texto é bom e corresponde plenamente às expectativas do tema do desafio.
    É isso.
    Abraço.

    • Alter ego do Caio
      12 de dezembro de 2020

      Olá, Bruno, eu e Caio somos gratos por seu comentário.

  7. Fabio D'Oliveira
    11 de dezembro de 2020

    Um conto gigante: em conteúdo, em criatividade, em técnica bem executada, em densidade.
    .
    Eu gostei muito, em linhas gerais.
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    Tem uma construção criativa, sabendo falar sobre as loucuras do protagonista sem falar a verdade de tudo, de que ele é um assassino, frustrado, cheio de neuroses e mergulhado dentro de si. Adorei o fato de você explorar a perversão sexual dele. A maioria dos psicopatas conhecidos possui esse problema, esse fascínio, e como comentaram aqui, tem teorias, que simpatizo bastante, de que muitos dos males são causados por frustrações sexuais e afins. Por isso falo que o ser humano deveria ser um animal mais transante. Mas vivemos criando tabu com tudo, não é? Complicamos o que não deveria ser complicado.
    .
    É interessante como você desmonta o personagem para o leitor. Por vezes, devido à narrativa caótica, como se fosse um brainstorm de Caio, representado sua confusão mental, eu me perdi e me cansei. Se tivesse que dar uma sugestão, eu diria pra objetivar mais algumas coisas, encurtar, deixar simples. As repetições, mesmo propositais, saindo um pouquinho da medida, infelizmente, é uma faca de dois gumes. E tem a velha questão: funciona com alguns e com outros não. Dosar acaba abrindo espaço pra agradar mais pessoas. E todo escritor quer agradar seu leitor, né? Não, nem todos, hahahaha.
    .
    Agora, está de acordo com o tema, o argumento é insanamente forte e, com certeza, é um dos melhores contos desse desafio pra mim. Bem escrito, bem delineado, com foco no que importa e, realmente, criativo e ousado. Gosto disso, rapaz. Muito bom.

    • Alter ego do Caio
      12 de dezembro de 2020

      Olá, Fabio, eu e Caio agradecemos por seu comentário!

  8. Euler d'Eugênia
    11 de dezembro de 2020

    A raiva é valorizada e até intensificada pelo tempo, pelos segundos, aqui se conta de maneira minuciosa as motivações de um crime, um crime subjetivo. O louco é explicito e confesso, não tem como isentá-lo e o jeito foi passar raiva cronológica (explicita desde inicio) junto com ele, segundo por segundo, ato por ato. Eu mataria Cezão, teria remorso pela morte de Carol e saudade de Dona Cota (mesmo se real ou não – ela é muito perfeita pra ser real e deve ser a própria faca, a qual prepara tudo do que se alimenta).
    A rotina irritante do dia a dia é refletida como recurso linguístico: a repetição. Ora funcionou, ora não, entendo o intuito de provocar a mesma raiva minuciosa do personagem no leitor, porém faltou criatividade em dados momentos, e só pareceu uma repetição gratuita.
    Tive dificuldades em lidar com as repetições constantes quando se introduzia palavras (vide: senhora, natural, lendo, dona Cota, Cezão) e as mesmas não se ressignificavam, ficaram de forma monolítica e, somente, repetida. A meu ver, poderia ter usado sinônimo, pronome, ilustrações, enfim… Em contrapartida, alguns momentos a repetição foi perspicaz (vide ‘impressão’, ‘mãe’, e em dois parágrafos com ‘natural’), nos outros é só cansativo, pois cabiam outros recursos linguísticos.
    “Desde que me conheço por gente pergunto pro velho quem é esse cara esquisito vivendo lá com a gente, na maior folga. É meu tio, pai? É meu primo? Por que ele é feio assim? Por que está sempre sujo?”, parágrafo implicante e bem divertido, excelente construção.
    “Cansei de vocês dois. Faz sentido, Carol e Cezão se comunicando assim, só no olhar?”, novamente a implicância com Cezão ganha mais pujança e aqui se retrata o ápice da irritação, já que a mesma é tão subjetiva (pelo olhar)!
    *Erros pronominais: ‘Quem ia me contar’, ‘me retratar’, ‘me convencer’ aqui é ênclise, devido o infinitivo (e mais alguns). “me parabenizando”, aqui é ênclise devido o gerúndio.
    Gostei do que me causou o conto, dele propriamente tive aversão, e isso é um ponto positivo.

    • Alter ego do Caio
      12 de dezembro de 2020

      Olá, Euler, eu e Caio somos gratos por seu comentário, e só fazemos uma reSSalva quanto às colocação pronominal. Isso caberia aos pensamentos de um esquizofrênico? Ficaria meio estranho, a noSSo ver.

      • Alter ego do Caio
        12 de dezembro de 2020

        Quanto à, corrigindo.

      • Euler d'Eugênia
        12 de dezembro de 2020

        Ao Senhor Caio creio que sim, devido a preocupação e zelo que o mesmo tem com a gramática. Há citações constantes e reflexões sobre as palavras e suas colocações, até de forma técnica. Caberia a exatidão nos pensamentos, pois sua personalidade é construída também pelo apreço às palavras. Porém isso na minha visão, respeito que deixe de lado.

  9. Fil Felix
    10 de dezembro de 2020

    Boa noite!

    Através da fala (ou dos pensamentos) do protagonista, vamos conhecendo sua infância, suas fixações, neuroses e o inconsciente fragmentado, até o momento que descobrimos se tratar de um assassino que ainda mantém algumas de suas vítimas vivas em delírios, na prisão.

    O maior destaque do conto está em sua estrutura. Todo o texto percorre como um fluxo de pensamento, uma voz que não se cala nunca, uma pessoa extremamente ansiosa e perturbada. Conseguimos traçar um perfil dele, o que é muito bom. Desde o início a gente já espera que as pessoas ali não são reais e que muito provavelmente elas estão mortas (e ele foi quem as matou), porém isso não tira o mérito do conto. E quando comento sobre a estrutura, também levanto o texto muito bem pensado, os trocadilhos, os nomes com letra C, a repetição de palavras, tudo que corrobora com a ideia de pessoa obcecada e psicótica, nada está fora do lugar. As outras personagens tem destaque apenas em seus pensamentos, então conhecemos por cima Dona Cota, Clarice, sua mãe, professora e pai, como teve uma infância problemática, a diferença entre reconhecer sua mãe e sua babá/ empregada. Uma figura bastante interessante é a do Cezão, que funciona como um fantasma ou amigo imaginário, algo perturbador que o acompanha desde sempre. Também senti a leitura um pouco corrida, talvez pelo fluxo de pensamentos, somos tragados por ele, o que a deixou um pouco cansativa. Entretanto, gostei bastante do conto!

    • Alter ego do Caio
      12 de dezembro de 2020

      Olá, Fil. Eu e Caio agradecemos muito a você por seu comentário.

  10. Daniel Reis
    9 de dezembro de 2020

    RESUMO: narrada pelo louco, portanto uma história com pouca credibilidade, pode ser encarada como o delírio de um assassino ou como a fantasia de um obcecado. Caio desfila seus relacionamentos com outros “C”s (Carol, Cezão, Clarice, Cota), no que descobrimos ser uma consulta psiquiátrica.

    IMPRESSÕES: acho que o texto, apesar de errático como o pensamento do protagonista, foi bem estruturado ao redor do “como funciona uma cabeça problemática”. Meu principal problema não foi com a premissa, que achei ótima, mas com o excesso de informações para um texto tão curto. Acho que o autor poderia transformá-lo numa novela ou romance. Boa sorte no desafio.

    • Alter ego do Caio
      12 de dezembro de 2020

      Olá, Daniel. Uma novela ou romance? Seria muito arriscado para o Caio. Gratos pelo comentário.

  11. Regina Ruth Rincon Caires
    9 de dezembro de 2020

    Essas pessoas na sala de jantar (Filho da Cota)

    Resumo:

    Entendi o conto como sendo o relato de um psicopata desfiando o rosário dos crimes cometidos.

    Comentário:

    Texto de difícil compreensão, exige releitura. Narrativa densa que deixa exposto um relacionamento conflituoso do psicopata com a mãe. Acredito que o autor também tenha brincado com um pouco de terror, além da loucura.

    O narrador (filho da Cota) lança uma enxurrada de informações sobre suas “vítimas”, sobre suas razões, sobre seus julgamentos. Cabe ao leitor colocar ordem na casa, e isso dá um pouco de trabalho. O que é real e/ou imaginário vira mistério, não decifrei…

    Texto bem escrito, o autor fez questão de usar a quantidade de palavras até o último gole, exige fôlego.

    Parabéns, Filho da Cota!

    Boa sorte no desafio!

    Abraços…

    • Alter ego do Caio
      12 de dezembro de 2020

      Senhora Regina, tudo bem? Eu me inspirei na sua pessoa para criar a Dona Cota. Aliás, o Caio se inspirou.

  12. Rafael Penha
    8 de dezembro de 2020

    RESUMO: Um assassino desequilibrado narra sua vida e seus crimes.
    COMENTÁRIO: Um conto difícil de acompanhar.

    E ideia do conto é muito boa, mas creio que exagera na execução.
    O personagem principal é profundo, desequilibrado e até carismático, mas acompanhar o longo conto na cabeça dele foi exaustivo.

    O enredo é interessante, não entrega tudo de vez, vai elaborando. Por outro lado, muda de assunto num ápice, e por mais que eu entenda que se trata de uma mente insana, é difícil de acompanhar.

    O texto é bem escrito, tem descrições bem feitas, bem trabalhadas, mas novamente, o tamanho do conto prejudicou, principalmente por repetir muitas vezes conceitos legais, como soletrar algumas palavras, diminuindo seu valor.

    A meu ver, se o conto fosse mais curto, teria me agradado mais. Ainda assim, é uma escrita valorosa.
    Um abraço!

    • Alter ego do Caio
      12 de dezembro de 2020

      Olá! Eu e Caio agradecemos pelo comentário. Cá entre nós: fiz o Caio cortar muita coisa hehe.

  13. Priscila Pereira
    7 de dezembro de 2020

    Resumo: Os pensamentos de um homem louco, possivelmente um assassino que está em um hospício, sobre sua vida e suas vítimas.

    Olá, Caio!
    Texto interessante, vai mostrando a loucura do Caio aos poucos, no meio dos pensamentos instáveis dele. Imaginei que o Cezão era uma alucinação dele, mas não dá pra nadar uma alucinação, não é mesmo? Tenho que confessar que a leitura foi cansativa, desisti no meio e depois, mais tranquila, voltei e reli o começo e terminei, na segunda vez foi melhor, consegui ler sem olhar quanto faltava pra acabar. De qualquer forma achei interessante o fluxo de pensamentos tão insanos. Não sei bem se dona Cota é real, se está viva, e isso é bem legal.
    Parabéns!
    Boa sorte!
    Até mais!

    • Alter ego do Caio
      8 de dezembro de 2020

      Olá, Priscila, pelo visto te demos um trabalhão, hein? Mas eu compreendo. Te agradecemos muito pela leitura e comentário.

  14. Alexandre Coslei (@Alex_Coslei)
    7 de dezembro de 2020

    RESUMO:
    Um personagem que conversa com seus delírios e narra seus assassinatos.

    ABERTURTA:
    O conto começa pela descrição de uma situação cotidiana, apresentando personagens de uma forma vaga, sem oferecer qualquer entrada do que será a trama

    DESENVOLVIMENTO:
    Outro conto de fôlego para pouco ar. Faltou coesão, faltou assunto, apesar da boa escrita, da boa intenção e talvez até da boa ideia pescada pelo autor. Algumas passagens ficaram meio obscuras, confusas. Podia ser melhor, mas a escolha do autor foi um texto que também manifestasse um tom de desequilíbrio. Gostei da leitura.

    CONCLUSÃO:
    O conto termina na morte súbita, sem muita lógica, reforçando o que me pareceu a ideia do autor. Um texto desnorteado sobre um personagem louco.

    • Alter ego do Caio
      8 de dezembro de 2020

      Oi, Alexandre, eu e Caio ficamos gratos por seu comentário. Sobre o que escreveu no grupo a respeito de personagens que “rebatem” comentários, penso que não há nada de mais. Aceito todas as críticas, sei que meu texto não é fácil e entendi que ou os leitores gostam muito, ou detestam. Não rebati ninguém. Nem mesmo o Pedro Paulo, que disse lá no grupo antes de ele postar as notas, que se alguém quisesse se defender ainda haveria tempo para convencê-lo a mudar a nota, talvez aumentando-a. Sinto que ele me deu nota baixa pelo comentário, mas sinceramente não estou me preocupando com a nota. Só espero que as pessoas leiam meu texto e comentem e que eu possa tirar boas ideias do que foi comentado aqui. Responder como o personagem foi uma forma de interagir de modo a continuar ainda na “vibe” do personagem e na correria do meu dia é um monte em que me divirto.

      • Alter ego do Caio
        8 de dezembro de 2020

        Monte = momento

  15. Fernando Dias Cyrino
    5 de dezembro de 2020

    Homem louco rememora a vida e seus possíveis assassinatos e crises com a família, principalmente com a mãe, que ele em suas sandices considera até ter matado. Um conto muito bom. Você conseguiu criar uma história muito bacana, amigo. A loucura ficou muito evidente. Um conto muito bem narrado, uma história bastante criativa, uma capacidade de me envolver, enquanto leitor, muito legal mesmo. Parabéns e o meu abraço, gostei muito da sua narrativa.

    • Alter ego do Caio
      8 de dezembro de 2020

      Fernando, a gentileza em pessoa. Eu e Caio agradecemos muito por seu gentil comentário.

  16. Marco Aurélio Saraiva
    3 de dezembro de 2020

    RESUMO: Seguimos os pensamentos ensandecidos de um assassino esquizofrênico que vê as pessoas que matou, já sem saber distinguir a realidade. Namorava Carol e acaba matando ela por achar que estava flertando com Cezão, outro alguém que provavelmente matou (além da mãe e provavelmente Dona Cota).
    É uma leitura cansativa por quê o fluxo de consciência do narrador é cansativo. Todo este tempo perdido explicando por quê gostava de palavras assim e assado cansa, além de outros devaneios desnecessários. Eu entendo o objetivo: criar personalidade, estabelecer uma conexão com o leitor, criar uma atmosfera de loucura. Para mim, só serviu para alongar a leitura desnecessariamente.
    Apesar da escrita arrastada, gostei da ideia do conto e de como as coisas vão sendo reveladas aos poucos. Começamos na normalidade para aos poucos descobrirmos quem é quem na casa do narrador, tentando entender quem é real e quem é fictício. Seus pensamentos nos levam de volta ao seu passado, onde descobrimos motivações e origens, além de passarmos a saber que ele era louco desde muito pequeno. O clímax (a morte de Carol) é impactante e bem escrito; não é desnecessariamente visceral como alguns contos de terror. Neste quesito, você teve a mão correta, sendo chocante sem ser nojento.
    Um conto interessante e com uma boa premissa mas com uma leitura cansativa.

    • Alter ego do Caio
      3 de dezembro de 2020

      Olá, Março Aurélio, tudo bem? Eu e o Caio lamentamos o tempo perdido e somos gratos pelo comentário. Me lembra aquela música do Legião, né? “Nem foi tempo perdiduuuu, somos tão jovens, tão jooooooveeeeeens…”. E desculpe pelo cansaço, nem me fale essa palavra.

    • Alter ego do Caio
      8 de dezembro de 2020

      Kkkk, agora que vi que o corretor trocou Marco por Março. Eu odeio ç! Ou será que gosto? Nem sei mais kkkk

  17. Claudia Roberta Angst
    1 de dezembro de 2020

    RESUMO
    Caio parece conversar consigo mesmo, condensando fatos e delírios, presente e passado, observação e insanidade. Tudo sobre as pessoas que imagina em sua sala de jantar.

    AVALIAÇÃO
    Fui lendo o conto com a voz da Rita Lee na cabeça – “As pessoas da sala de jantar estão ocupadas em nascer e morrer”
    O texto dá destaque ao som das palavras, personagens com nomes que iniciados com a letra C: Caio, Cota, Clarice, Cezão e Carol. O narrador também expressa sua predileção por certas palavras, tudo isso enquanto se desenrola cenas entrecortadas, delírios ou atos de um psicopata?
    O narrador apresenta uma colcha de retalhos com pequenos retratos dos personagens . Por exemplo: Clarice Cunha Centurião Carneiro, grã-fina, socialite, carente, que se diz assexuada. Já Dona Cota é vista por Caio como sua segunda mãe, ou melhor, a sua real mãezinha. Não dá para saber se são pessoas reais ou criações de uma mente perturbada.
    A narração desenvolve-se como um fluxo de pensamento, parece ser um monólogo, mas ao final percebemos que ele se refere a um doutor. Refere-se a uma visita do pai, logo deduzimos que ele está internado em uma instituição psiquiátrica.
    O ritmo é quase alucinante o que combina com o labirinto caótico de ideias do narrador. A leitura flui bem, mas a confusão também é quase inevitável. Mas assim deve ser a mente do protagonista.
    Boa sorte e que a impressão deixada pela loucura seja toda feita em uma série de C(s).

    • Alter ego do Caio
      1 de dezembro de 2020

      Claudia, Claudia, Claudia, Claudia, ah, que nome delicioso de falar. Não acho, Clarice é mais bonito. Não é, Caio, Claudia é mais. Não é, você é que é volúvel demais! Eu, volúvel? É, você. Eu? Eu não! Eu sim, quer dizer, você sim! Claudinha querida, se não tiver compromiSSo com alguém, poderíamos conversar sobre a mente do Caio fora daqui. Quem sabe em algum post do desafio de contos sabrinescos? É só marcar! Desde já, agradeço por seu comentário.

  18. antoniosbatista
    30 de novembro de 2020

    Resumo: Homem com problemas mentais, mata parentes amigos.

    Comentário/Análise: Conto escrito em primeira pessoa, proporciona explorar em detalhes e com bom resultado, a personalidade, os pensamentos e emoções do personagem-narrador, Caio. A narrativa não é clara o suficiente para uma só interpretação. Pode ser entendido de outras maneiras. Dona Cota pode ser a mãe verdadeira de Caio e Cezão o seu pai e tudo não passa de uma ilusão na mente conturbada dele. No entanto, a ideia, a construção das frases, as referências, é ótima e o conto merece uma boa nota. Boa sorte.

    • Alter ego do Caio
      1 de dezembro de 2020

      Senhor Antônio, seu comentário foi de grande ajuda para o Caio. Ele meio que ainda se sente confuso em relação a tudo o que aconteceu, mas hoje ele ficou se perguntando se não devia ter contado essa história de outra forma. No geral, é mais ou menos isso que o senhor escreveu, sim. Ah, pois eu não acho. Não acha por que, Caio? Porque não acho e pronto. Não quero lhe falar, Senhor Antônio, das coisas que aprendi nos livros. Como é que é resto da música? Ah, sim, pavão misterioso, pássaro formoso, tudo é mistério, nesse teu vo… Chega, Caio! Tá bom, parei.

  19. Paula Giannini
    28 de novembro de 2020

    Olá, Contista,

    Tudo bem?

    Resumo: Delírios de um psicopata.

    Minhas Impressões:

    Impossível não pensar na música: Panis Et Circenses, dos Mutantes: “As pessoas da sala de jantar estão ocupadas em nascer e morrer”,

    Escrito em primeira pessoa, o conto traz uma voz narrativa focada em um relato muito verossímil de um psicopata. Interessante notar que esta verossimilhança se dá não somente no que toca a construção do personagem propriamente dito, com todas as suas nuances, mas também, no que se refere à credibilidade que o personagem “dá” a si mesmo. Aqui, o protagonista acredita piamente em cada um de seus atos. Assim, o leitor pende, durante a leitura a construir três versões dos fatos:

    1 – Tudo não passa de um delírio e a sanguinária festa nunca existiu.

    2 – A orgia de sangue é real e o rapaz é o tipo psicopata assassino.

    3 – Aqui flertaríamos com o gênero terror e aquelas pessoas todas que ele enxerga são os fantasmas “reais” daqueles que assassinou (ou não).

    Outro ponto a se notar é que, mais que um texto escrito em primeira pessoa, aqui temos um solilóquio, visto que o narrador conversa com alguém, real ou não.

    Como digo a todos, se acaso minhas impressões erram o alvo, apenas desconsidere-as.

    Desejo grande sorte no desafio.

    Beijos
    Paula Giannini

    • Alter ego do Caio
      1 de dezembro de 2020

      Querida Paula, eu e Caio agradecemos pelo comentário. O Caio achou lindo o termo solilóquio, pena que não dá para escrever com SS, porque SS a gente nunca pode colocar no início da palavra, mas é claro que uma moça linda e inteligente como você certamente conhece essa regra, não é? Sobre as teorias, você acertou em uma delas. Você é aSSaz maravilhosa. Giannini é italiano, ma che cose bela. Ciao, Paola, diz ciao pra ela, Caio, sai de trás da máquina de lavar, tá bom, já saí, ciao também, Paulinha, que curioso, Caio, ciao, ciao, Caio. Caio, ciao… Chega, Caio, já entendi, mas que intimidade é essa, rapaz? Por quê? Esse negócio de ficar chamando no diminutivo. Ué, diminutivo é fofo. Duvido que a Clarice aceitasse isso. É, não aceitaria… Desculpa, Paula. Desculpa, tá? Desculpa? Chega, Caio, também não exagera.

  20. Andre Brizola
    25 de novembro de 2020

    Olá, Filho da Cota.

    Conto em que Caio enumera não só os motivos pelo qual convive com os outros personagens, mas também sua fixação por algumas palavras, suas relações sociais/sexuais, suas tendências assassinas e sua preferência por Dona Cota.

    Bom, há loucura, com absoluta certeza. Caio, narrador do conto, demonstra diversos tipos de perturbações, incluindo aí a parte sociopata que o leva aos assassinatos e sua consequente internação. O conto, em primeira pessoa, nos coloca frente à frente com todas essas perturbações. E eu até gosto desse tipo de artifício literário, mas, quando se trata de um louco narrando, acho que o limite entre o interessante e o dispersante é muito tênue.

    Há um enredo bem interessante aqui, que é a relação de Caio com suas “mães”. No ponto de vista do narrador somos levados a crer naquilo que ele nos conta, e essa dúvida, essa falta de esclarecimentos, é legal. Nos faz buscar a explicação entre as coisas que ele nos diz. O problema é que isso fica enterrado em diversas outras coisas acontecendo na cabeça do narrador, como as proibições de Clarice, as explicações do gosto por determinadas palavras, o asco gritante por Cesão. Eu sei que isso compõe o personagem e enriquece suas neuras e perturbações, mas acabou também por causar muitas distrações.

    Trata-se de um bom conto. Bem redigido, bem situado dentro do tema do desafio. Mas, no geral, achei bastante cansativo. Perdão por isso.

    É isso, boa sorte no desafio!

    • Alter ego do Caio
      26 de novembro de 2020

      Olá, Andre, tudo bem? Te agradeço muito pela leitura e comentário. Compreendo perfeitamente seu ponto de vista, mas conhecendo o Caio como conheço, ele não conseguiria narrar de outra forma. Boa sorte pra nós. 🤪

  21. Alter ego do Caio
    25 de novembro de 2020

    Querida Ana Maria. Eu e Caio achamos você muito simpática. Seu comentário trouxe grande felicidade a nós. O Caio não consegue demonstrar a felicidade, mas por dentro eu sei que ele está até pensando em pedir que seja sua terceira mãe. Só uma mãe o presentearia com palavras tão belas. Principalmente “compressão” e “descompressão”, ai, que delícia!

  22. Alguém
    24 de novembro de 2020

    Olá, Autor.
    Resumo: Caio, preso num hospício ou na prisão, fala com o leitor como se o fizesse com o médico, relatando de forma bastante louca o uma quantidade de pessoas que supostamente assassinou, não se chega a ter a certeza do que seja verdade ou apenas imaginação delirante.
    Comentário: Nem sei por onde começar. A fluidez da sua narrativa é impressionante e perfeitamente natural – para um louco. Que mergulho, hein?
    Deve ter sido difícil escrever este conto, imagino. Ele faz sentido, brinca com as palavras, tem uma técnica fabulosa, mas no fim o leitor não sabe dizer o que sucedeu ou não, o que é delírio ou realidade, se Caio matou ou não matou fosse quem fosse. A bem dizer, o leitor nem sabe se gostou ou não do conto, mas sabe que você maneja a arte narrativa e as palavras com extrema competência.
    Com a paixão gramatical que Caio exprime, as melhores palavras que encontrei para o ajudar em simultâneo na melhoria da loucura (pois essa não tem cura) e também aplacar a sua sede por palavras com certas características foram as seguintes, que lhe aconselho vivamente enquanto exercício: compressão, descompressão, compressão, descompressão, compressão, descompressão…
    Parabéns e boa sorte no desafio.

    • Ana Maria Monteiro
      25 de novembro de 2020

      Alguém sou eu, tal como apareço na foto, Ana Maria Monteiro. Desculpe o engano.

      • Alter ego do Caio
        25 de novembro de 2020

        Querida Ana Maria. Eu e Caio achamos você muito simpática. Seu comentário trouxe grande felicidade a nós. O Caio não consegue demonstrar a felicidade, mas por dentro eu sei que ele está até pensando em pedir que seja sua terceira mãe. Só uma mãe o presentearia com palavras tão belas. Principalmente “compressão” e “descompressão”, ai, que delícia!

        (Eu respondi fora do comentário da Querida Ana, por isso postei de novo aqui. Se puderem apagar o outro, eu e Caio agradecemos.)

  23. jeff. (@JeeffLemos)
    23 de novembro de 2020

    Resumo: os devaneios de um personagem que aparenta ser extremamente perigoso e lunático.

    Olá, caro autor.
    Olha, você escreve bem, mas a falta de um norte para o seu conto me deixou perdidaço. Fiquei tentando encontrar a linearidade, um ponto de ancoragem pra entender onde estava e para onde ia a história, mas falhei miseravelmente. Por isso, parece que é um conto bem escrito até, mas que se perde em si e fica dando voltas e mais voltas. Por esse motivo, acabei me cansando na leitura em algum ponto, porque ela parecia não levar a lugar algum. Dito isto, não tenho muito mais a acrescentar. Seu personagem tem uma loucura palpável, mas se perde dentro da própria história e deixa o leitor sem rumo.
    De qualquer forma, parabéns pelo texto e boa sorte!

    • Alter ego do Caio
      24 de novembro de 2020

      Olá, Jeff. Jeff, Jeff… Eu juro que tentei por ordem na bagunça dos pensamentos do Caio, mas depois de um tempo eu desisti. Depois que vai passando o efeito do remédio, volta tudo de novo, do jeito que era, a maior confusão. Agradeço pela leitura e comentário.

  24. Fabio Monteiro
    23 de novembro de 2020

    Resumo: Personagem psicótico divaga sobre suas alucinações. Tem um fetiche por palavras e certas classes gramaticais. No seu ímpeto esconde uma personalidade bastante perigosa.
    Não sei se lidamos aqui com um psicótico comum. Me parece que o personagem é meio sádico, desprovido de certas emoções (exceto a obsessão).
    Não sei se lidamos com um assassino ou um louco qualquer.
    Creio que fosse essa a intenção do autor(a)
    Todo assassino tem um pé na insanidade. As vezes, os dois. Esse aqui me confunde.
    É nítida a sua personalidade perigosa. O que ele faz é criar uma atmosfera de confusão transformando seu transtorno numa barreira de defesa. Sinto que ele esta no controle do que sente, usando isso como um recurso.
    O TOC, a sua obsessão por palavras cria curvas que nos levam a pensar que ele é um compulsivo qualquer.
    Suas manias revelam traços de uma dupla personalidade.
    O desejo sexual incontrolável também é uma marca perigosa. De pervertido a assassino ou simplesmente um insano qualquer.
    Sobre o texto em si.
    Confuso, confuso…mega confuso. Sem linearidade.
    Boa Sorte autor(a)

    • Alter ego do Caio
      23 de novembro de 2020

      Olá, Fabio, com o seu comentário de repente me bateu um medo do Caio… Nem vou chamá-lo pra ler, vai que ele não entende. Mas muito grato por seu comentário.

  25. Giselle F. Bohn
    23 de novembro de 2020

    Caio, doido de pedra, discorre sobre acontecimentos que talvez sejam delírios homicidas, talvez sejam lembranças reais. Quem sabe? Eu não sei.
    O conto é legal e envolvente. O narrador em primeira pessoa soa muito verossímil, os outros personagens são igualmente bem construídos, a trama toda bem fechada e sem buracos – perdão pelo trocadilho! Tecnicamente muito bem escrito também, logo, nada que tire pontos neste quesito.
    Mas – lá vem o “mas”! – essas narrativas de louco são um pouco cansativas, na minha opinião. Fica sempre aquela coisa de “isso é real?”, “será que isso aconteceu mesmo ou ele está viajando?”. Acho que seria um conto excelente se não fosse pelo excesso de textos na mesma pegada que já apareceram neste desafio…
    Mas – outro “mas”! – o conto tem seus méritos, e eles são inegáveis: a história em si, a maneira fluida como ela é descrita, os personagens secundários, as subtramas, enfim, é realmente muito bom! Parabéns e boa sorte no desafio!

    • Alter ego do Caio
      23 de novembro de 2020

      Querida Giselle, tenho uma prima com o seu nome. Era para se chamar Cibele, então seria perfeita, aquele C no início que faz toda a diferença.
      Quanto ao primeiro “mas”: que pena que o Caio chegou tarde em sua vida… Mas dê uma chance a ele, sei lá, a loucura dele tem algo de diferente. Pense bem sobre o seu voto, o Caio é aquele que nunca vai trair seus ideais. E nem a Clarice. A Carol foi um momento de loucura, com perdão do trocadilho. Quanto ao segundo “mas”, que bom! Sinta-se convidada para vir aqui em casa, mas para jantar, o café da manhã e o almoço estou evitando, tô fazendo jejum intermitente. E a Dona Cota tá fazendo só comida low carb, pra baixar meus picos de insulina. Quem sabe a Clarice conversa com você. Você é simpática. É, ela é legal e bonita. Você acha, Caio? Acho. Olha a foto. Parece a minha primeira mãe, que virou segunda. Sério, Caio? Serião, repare bem. Até o corte de cabelo. Mas a minha primeira mãe que virou segunda não sorria desse jeito. Mas a Dona Cota também não sorri. No máximo um risonho bem fraquinho, um projeto de riso, como se usasse só metade da bica, sabe como? Sabe? Sabe? Tá, Caio, chega, vamos embora. Tchau, Giselle. Fala tchau pra ela também, Caio. Tchau, Ciselle. Não é Ciselle, é Giselle. Para de querer enfiar letra C no nome dos outros. Tá, tá bom. Mas eu gostei de Cisel… Chega, Caio! Tá bom, parei!!!

    • Alter ego do Caio
      23 de novembro de 2020

      Eita, bica não, boca. Esse corretor consegue ser mais doido que eu.

  26. Jorge Santos
    21 de novembro de 2020

    Texto tecnicamente perfeito e impactante, narra a história um homem com um distúrbio psicológico que faz com que assassine a namorada. Pelo menos, foi esta a leitura que fiz do texto. Na ânsia de retratar a loucura, o autor deixou-o bastante confuso. O retrato do desiquilíbrio da personagem deveria ter sido mais equilibrado, embora o sentido seja perfeitamente perceptível – não consigo, por exemplo, discernir quantas pessoas foram mortas.
    Fez-me lembrar o filme American Psycho. Caso não tenha visto, recomendo vivamente.

    • Alter ego do Caio
      23 de novembro de 2020

      Olá, Jorge, já vi e li Psicopata Americano e outros do tipo… Mas minha composição vem da realidade. Tenho bons (?) exemplos de que um Caio pode ser bem real e ter pessoas com ele na sala de jantar… Agradeço pelo comentário.

  27. opedropaulo
    21 de novembro de 2020

    RESUMO: Caio contempla um jantar em sua própria cabeça enquanto rememora fatos de sua vida. No fim, acaba assassinando alguns dos convidados mais inconvenientes.

    COMENTÁRIO: Essa narração tem dois lados, um positivo, que é consolidar a personalidade do personagem, com suas preferências, anseios e defeitos; e outro negativo, em que a natureza acelerada e desconexa de seus pensamentos dá em uma leitura que para mim foi enfadonha, quando o personagem se desvia do tal jantar para rememorar fatos cuja influência por vezes não tem a mínima relação com o que está se passando, o mesmo sendo feito com os parágrafos voltados a explicar sua preferência por certas palavras. É consistente com a narração personagem, mas um pouco tormentoso. Outro detalhe é que tem se repetido nos contos o limiar da realidade e do que está na mente do personagem, de modo que assim que o conto abre com o protagonista diante de algumas pessoas na mesa de jantar, eu imaginei logo de cara que não seriam pessoas reais. A previsão se confirmou no final, mas o que eu não previ foi o fato da conclusão do conto ter retomado os fragmentos de estória real que “vazavam” no louco monólogo de Caio, aí contando uma estória de sua(s) mãe(s), seu pai, etc. Entretanto, eu já havia me cansado e o final articulado em “tudo se passou na cabeça dele” não me atingiu.

    Boa sorte.

    • Alter ego do Caio
      21 de novembro de 2020

      Oi, Opedropaulo, que nome diferente, tudo grudadinho assim. Olha, agradeço pelo comentário e pelos apontamentos. Só acho melhor não mostrar para o Caio, vai que ele te confunde com o Cezão… Até qualquer hora e sorte pra você também.

  28. Fheluany Nogueira
    20 de novembro de 2020

    Protagonista, em monólogo, discorre sobre passado, presente e futuro imaginando uma série de conhecidos em sua sala de jantar.

    Difícil separar, na narrativa, os fatos reais e os delírios. Difícil afirmar que houve os assassinatos. A confusão mental do personagem-narrador ficou bem retratada, assim. Um conto com muitas possibilidades de interpretação e um título sugestivo.

    Gostei bastante das cenas com mãe primeira e segunda, da forma ousada como se desmistifica o papel de mãe. Leitura interessante, fluida; texto bem escrito.

    Sorte. Um abraço.

    • Alter ego do Caio
      21 de novembro de 2020

      Querida Fheluany, o Caio está dormindo no momento, mas assim que ele acordar eu mostro o seu comentário pra ele, sim? Agradeço em nome dele, ele fica feliz quando gostam das duas mães dele. Grande beijo.

  29. Elisa Ribeiro
    19 de novembro de 2020

    Sujeito com problemas mentais narra lembranças reais e imaginárias e interage com pessoas inexistentes. Pelo menos foi isso que entendi.
    O que mais me chamou a atenção foi a sua capacidade de narrar em primeira pessoa de forma tão verossímil e ao mesmo tempo tão legível o delírio desse seu personagem. Realmente um trabalho incrível. O enredo e a narrativa, a despeito de todas as loucuras e digressões do personagem, escorregaram de forma fluida e sem entraves de compreensão.
    O que gostei: a história da segunda mãe e a mania de gramática do personagem. Contribuiu demais para o efeito de verossimilhança na loucura do sujeito, grande sacada, muito bem executada.
    O que não gostei: entendo que a verborragia faz parte da loucura do sujeito, mas alguns trechos, por exemplo, detalhes sobre a Clarice, poderiam ser enxugados.
    Parabéns pelo excelente trabalho.
    Desejo sorte no desafio. Um abraço.

    • Alter ego do Caio
      20 de novembro de 2020

      Querida, querida Elisa, agradeço o gentil comentário, entendo sobre me delongar em algumas partes, mas é que é difícil dosar esses sentimentos. Eu realmente não sei o que foi com a Clarice, se era um teste, vai saber? Aliás, Caio, você não acha a Elisa muito parecida com a Clarice? Hein? Parecida? É, pensando bem, parece mesmo, teriam sido separadas pelo nascimento? Ah, já está exagerando, Caio. Tô não, só podem ser gêmeas! Ei, Elisa, você gosta de Shakespeare? Sade? PlatÃO???????

      • Elisa Ribeiro
        28 de novembro de 2020

        Adoro Sade! Mas fique entre nós. Shakespeare também

  30. Amanda Gomez
    18 de novembro de 2020

    Resumo📝 Um homem relatando seus delírios (ou lembranças) ele está internado em um manicômio.

    Gostei 😃👍 Achei bem particular a forma como o autor resolveu nos contar essa história, a estrutura da narrativa soa confusa, mas, é intencional e por ser em primeira pessoa faz todo o sentido. Gostei bastante da leitura, as paranoias, os personagens são incríveis, pensar em como eles chegaram até ali naquela sala de jantar é muito interessante. Daí vem a questão de não sabermos se é um delírio ou não, uma mulher que foi assediada ia passar a quarentena com o assediador? Quem é Cesão fedorento? e Carol? namorada… ? não sabemos e isso é a melhor parte, tentar desvendar. Não sendo um delírio ou sendo o conto continua impressionantemente bem montado, narrada e pensando. As histórias que eles vai soltando aos poucos, as mães, ele ter matado a mãe, a presença calada da segunda que se tornou primeira. Carol com sua peculiaridade, assexuada, algo que se tornou um fetiche pra ele. Enfim, um conto cheio de complexidades e camadas e você pode ficar o dia todo tentando analisar essas nuances sem achar chato. Ótimo conto, parabéns!

    Não gostei 😐👎 Ironicamente, a confusão. Apenas na segunda leitura eu conseguir entender o texto e ficar impressionada com ele, quem estiver com pressa, ler só uma vez ou ler muito superficialmente e se deixar levar pela confusão e pronto, não vai sacar o que o autor pretendia. Isso é negativo, pois foi arriscado. Mas tbm não, enfim…rs

    O conto em um emoji : 🥴🔪👵🏿🧔👩‍🦱👩

    • Alter ego do Caio
      18 de novembro de 2020

      Querida Amanda, você é muito fofa, você não acha, Caio? Acho. Só faltou o nome começar com C. Então o que eu gostei em você foi o seu comentário, o que não gostei foi seu nome. Que bom que você leu a segunda vez, hehe, sim, foi um risco, mas foi bom arriscar, fazer algo diferente do que faço de vez em quando. E o que pode ser mais arriscado do que viver num apê com o Caio? Clarice que o diga. Dureza, hein. Ainda bem que não moro lá. Ele me passou tudo numa visita que fiz pra ele, lá na Enfermaria Psiquiátrica do presídio… Escrevi do jeito que falou, com a ajuda de um gravador. Ainda bem que o cara nem lembra mais disso. Disso o quê? O que o quê? Esse cara aí, quem é? Nada, não, Caio, você não conhece. Quem disse? Quem disse o quê? Quem disse que eu não conheço? Ah, tá bom, Caio, vamos embora que é melhor, deixa a Amanda sossegada, tchau, Amanda. Tchau, Amanda. Eu também falei tchau. Tá, Caio.

  31. Leda Spenassatto
    17 de novembro de 2020

    Resumo :
    Um solteirão relata seus desvaneios de uma forma tão contundente que seus assassinatos se tornam quase reais.
    Comentário:
    Caio é uma pessoa quase “normal”, seus desvaneios são quase ou tão, reais quanto o imaginando de pessoas “normais”. Ele se descrevendo me fez viajar para momentos de raiva, quando a imaginação se liberta transbordando os desejos de vingança que habitam meu cérebro.
    Gostei muito do Caio, que foi capaz de retratar divinamente com ao auxílio das letrinhas, suas mais profundas frustrações.
    Conto perfeito, loucura perfeita.
    Adorreeiii!

    • Alter ego do Caio
      18 de novembro de 2020

      Oi, Leda, lindo o seu nome, mas o seu sobrenome é perfeição, com esse SS tão sonoro. Caio, ela gostou de você. De mim? Quem? A Leda, rapaz, presta atenção! Ah, sim… Ela é bonita, né, bem branquinha, sem cabelo… Ô, Caio, você não tá tomando remédio direito, tá ficando pior, essa não é a foto da Leda. Ah, não? Ah, será que não é a Clarice, usando máscara? Eu aposto que é! Não viaja, Caio! Chega, chega, diz tchau pra Leda senão daqui a pouco ela muda o conceito que teve de você. Tá bom, tchau Leda. Tchau.

  32. Fernanda Caleffi Barbetta
    12 de novembro de 2020

    quando eu disse “Amei até o título, que foi o que mais chamou a minha atenção” quis dizer que foi, dos titulos do desafio, o que mais chamou a minha atenção. Não que seja o que mais chamou a minha atenção no seu texto… acho que vc entendeu. Tô mais louca que o Caio.

  33. Fernanda Caleffi Barbetta
    12 de novembro de 2020

    Resumo
    Homem com problemas mentais imagina pessoas em sua casa e seus assassinatos.

    Comentário
    Seu conto é excelente, maravilhoso. Amei tudo nele, não mudaria nada.. na verdade só mudaria o único deslize de revisão que encontrei: “olhando pra (para) a cara deles”. Amei até o título, que foi o que mais chamou a minha atenção. O pseudônimo foi outra sacada muito inteligente.
    Pena que não fui eu que escrevi. Texto inteligente, enredo coerente, personagem muito bem desenvolvido. Trama excelente e envolvente. A sacada das palavras que ele gostava, a forma como ele enxerga o tempo, tudo nos leva à sua mente doentia. Adorei a história da primeira e segunda mães. Genial.
    No início fiquei meio confusa com os diálogos sem pontuação, mas ao final fez todo o sentido por estar tudo na cabeça dele, totalmente coerente com a sua narração. Tudo está como deveria ser. Tudo no lugar certo, bem pensado.
    Não sei se ele realmente cometeu os assassinatops ou se estava tudo na cabeça dele…
    Curiosa para saber quem escreveu esta maravilha. Ganhou uma fã. Parabéns e tomara que ganhe (Segundo lugar, lógico kkk).

    • Alter ego do Caio
      12 de novembro de 2020

      Querida Fernanda, você seria perfeita caso se chamasse Claudia, ou Catarina, ou Cecília. Agradeço seu gentil comentário e o apontamento do meu deslize na revisão. Já vou arrumar. Você foi a que melhor compreendeu essa loucura do Caio. Ele está aqui do meu lado, procurando palavras perfeitas no seu comentário. Bom que ele se distrai, porque até o dia da revelação tem tempo e com essa pandemia está difícil distrair esse homem. A Clarice ainda não quer conversa com ele. Cá entre nós, pra mim ela não vai falar mais com o Caio é nunca. O Caio é grudento. Quem? Eu? O quê? Você disse que sou grudento. Eu falei isso? Falou. Não, isso é coisa da sua cabeça. Quer dizer, da minha cabeç… Ah, deixa pra lá. Fala tchau pra Fernanda. Ela é muito gentil. Tchau, Fernanda.

  34. Bianca Cidreira Cammarota
    10 de novembro de 2020

    Relato de um insano sobre sua vida e as mortes que provocou.

    O discurso tem moldes confusos e difusos próprios de um insano, mas é possível discernir, em meio aos seus delírios, a história do protagonista. O autor ousou em colocar a voz narrativa nesse estilo, obtendo sucesso, na minha opinião. Alguns pontos ficam obscuros, como quem exatamente é o Cezão, mas creio que assim se fez propositadamente.

    É angustiante a leitura, pois é passível imergirmos na loucura de Caio. Sua infância é mostrada sem maiores laços familiares; porém uma patologia mental nesse nível, na minha opinião, não é provável de ter causado a enfermidade, mas talvez não ter dado oportunidade ao protagonista de controlá-la.

    O mundo do Caio é só dele. Existe afetividade, mas é uma afetividade funcional nas figuras de D. Cota (sua segunda mãe, devotada desde sua infância) e Clarice, uma figura feminina que atrai o protagonista e que, por ser frígida ou assexuada, torna-a a mulher perfeita a ele, pois nunca causará alguma ameaça a Caio em sua sexualidade.

    A descrição dos assassinatos foi de uma competência ímpar, a morte totalmente sem empatia.

    Parabéns, autor! Seu conto é corajoso, ousado e bem construído na proposta que se baseia.

    • Alter ego do Caio
      11 de novembro de 2020

      Olá, querida leitora, agradeço por gostar da minha loucura. Ela foi feita especialmente para você, hehhehehehehehhehehehehhe. Mas não venha morar comigo, já tem gente demais na minha casa. E eu preciso ler os contos com tranquilidade. Venha me visitar. Avise antes. Mande foto para o meu e-mail, adicione um currículo. Quero saber de suas leituras.

  35. Thiago de Castro
    9 de novembro de 2020

    Resumo: Assassino relata sua trajetória até o hospício/prisão. Transitando entre traumas de infância, relações afetivas/sexuais, problemas de classe e obsessão gramatical, acompanhamos Caio numa narrativa de violência e sociopatia.

    Comentário: Narração confusa na primeira pessoa, com muitos nomes e divagações gramaticais do protagonista, mas que, no decorrer do conto, vão se encaixando dentro da lógica própria de contar do personagem. É uma história de assassinato contada de forma singular, por quem cometeu uma série de crimes que lhe confinaram num hospício ou prisão. Primeiro a mãe, depois a namorada e um personagem estranho que transita na família, talvez um irmão que nasceu fora do casamento, como o texto sugere, mas propositalmente não esclarece. O protagonista, apesar do destacável cretinismo, narra com naturalidade e humor os absurdos de sua trajetória, regado de psicopatia. As repetições e manias são traços marcantes que se repetem ao longo do texto, provavelmente algo comum em pessoas que sofrem algum tipo de distúrbio, o que traz credibilidade para Caio.

    A cena do assassinato de Carol e Cezão é bem feita, uma violência crua e irreversível, sem nenhuma empatia, como deve ser para quem se enquadra em algum grau de psicopatia. O personagem, aparentemente de classe abastada, ganha esses traços na ausência de afeto dos pais e no apego as outras figuras da casa. O fato das pessoas terem nomes semelhantes também podem revelar alguma construção fantasiosa de Caio na sua forma de relatar os fatos, o que é curioso também pois deixa uma ponta de mistério sobre os acontecimentos.

    Em síntese, achei Caio o personagem mais desprezível dos que li até agora, além de medíocre, o que o torna um ótimo antagonista (posso colocar dessa maneira?) para guiar um conto sobre loucura.

    Muito bom!

    Boa sorte no desafio.

    • Alter ego do Caio
      11 de novembro de 2020

      E aí, Thiago, beleza? Agradeço por seu comentário, muito bacana ler as considerações de alguém tão atento a respeito do.meu texto. Curioso, acreditei que seria fácil de identificar qual é a loucura do Caio e pelo visto me dei mal, hehehe. Mas tudo bem, corri um risco e não me arrependo. Foi bom escrever um texto em um estilo fora da minha zona de conforto.

  36. Anderson Do Prado Silva
    8 de novembro de 2020

    Resumo:

    Homem narra sua sanha assassina.

    Comentário:

    Filho da Cota, infelizmente, seu conto não conseguiu prender a minha atenção. A longa narrativa em primeira pessoa não me conquistou. A profusão de personagens, com pouco tempo para que eu pudesse me afeiçoar a eles, me deixou confuso. A própria condição do seu protagonista, um louco, tornou a narrativa dispersa, tangenciando fatos e divagando sobre gramática.

    De regra, ofende minha sensibilidade termos como “porra”, “ninfetas gostosas”, “tesão” etc. Este ponto, inclusive, tem sido um dificultador para minhas leituras durante o desafio, pois, em alguns textos, há profusão de calão e outras formas de expressar a crueza do mundo, da vida e da linguagem de algumas pessoas.

    Embora o conto, em si, não tenha me atraído, não posso negar que o retrato da mente caótica do louco ficou perfeitamente refletido no texto, que é caótico: não por ser mal escrito, e, sim, porque retratou com precisão a mente de seu personagem.

    Também fiquei muito impressionado, Filho da Cota, com o seu domínio da língua, que ficou evidente não só nas “divagações gramaticais” do seu louco, mas também na “limpeza” e “precisão” desse seu texto – pra mim, soou como o mais bem revisado do desafio inteiro.

    Parabén pelo texto e boa sorte no desafio!

    • Alter ego do Caio
      8 de novembro de 2020

      E aí, Anderson, tudo certinho? Cara, valeu muito pelo comentário, é, eu sei que tem muita gente nessa história, e se eu te disser que tinha até mais? Se eu não desse um freio no Caio, imagina a cena: Caio, tira esses quatro aí, deixa só os outros. Mas por quê? Caio, isso é um conto, menos é mais. Não quero. Tira, deixa eles pra outro conto. Tá bom, tá bom, já tirei… Ufa, que bom que passei no seu crivo gramatical, mas cá entre nós: tem um errinho ali. Foi puro descuido, mas tem. Devem haver outros. Mal posso esperar para acabar o desafio, assim conto do making off e o porquê desse povo todo. Na verdade, eles existem. Não com esse nome e em outra situação, mas eu realmente convivo com algumas pessoas na sala de jantar… Valeu, moço!

      Ah, é, sobre os palavrões, eu também não costumo usar, mas o Caio usa. Longe da Dona Cota, é claro. Então deixei como ele escreveu mesmo.

  37. Angelo Rodrigues
    8 de novembro de 2020

    Resumo:
    Caio, o nosso protagonista, descreve um longo solilóquio falando de seus desacertos com a realidade.

    Comentário:
    Conto interessante. Está bem construído. Passa a ideia de um longo diálogo interior, quando Caio revisita seu alter ego (?) Cesão, amigas e pais, mortos ou vivo. Tem também a tia da escola.

    Um passeio pelo tempo, onde, presente, passado e futuro se misturam num delírio acerca das relações de Caio com pessoas – reais ou imaginárias – que o cercam.

    Difícil construir a loucura na voz da primeira pessoa. Do eu. Basicamente pelo fato de que, se a escrita exige lucidez, ela não se deve apresentar na lógica e na temporalidade dos acontecimentos de um louco. Se o texto é bom, narrado em primeira pessoa pelo louco/doente/desconectado, como foi possível manter a lucidez dos relatos?

    Acho que esse é o grande problema das narrativas sobre loucura. Prefiro que ela se dê, ou em retrospecto, ou na voz de um narrador impessoal com suficiente distanciamento crítico da loucura que narra.

    Um louco narrando ordenadamente a sua própria desordem conspira contra a própria desordem em que vive. Uma espécie de axioma. Acho que a solução para isso está em tirar das mãos do louco a narrativa, mesmo que ela se dê em pensamentos.

    Sei que muito já se fez dessa forma, assim se escreveu, mas, confesso, isso sempre me deixou desconfortável. Doido contando com lucidez a sua própria história sempre me soou estranho.

    Não tira o mérito do conto, que flui bem, mas me fica isso. Essa impossibilidade que pode ser contornada mudando-se a voz do narrador.

    Boa sorte no desafio.

    • Alter ego do Caio
      8 de novembro de 2020

      Oi, Angelo, tudo bem contigo? Olha, concordo com o que você disse a respeito da narração e considero ter sido esse o meu maior desafio. Foi o que me motivou a participar, aliás. Porque convivo com uma pessoa que sofre da mesma coisa que o Caio (apesar da pessoa não ser psicótica, para meu alívio) e sei que há um comportamento quase lúcido, se a pessoa estiver medicada e outro quase que incontrolável se não estiver, se deixar de tomar seu remédio. E no caso de homens que sofrem desse mal até a idade influencia nos sintomas. Mas depois conversamos mais sobre isso, caso queira. Valeu o comentário!

  38. Lara
    8 de novembro de 2020

    Resumo : O protagonista tem um gosto por gramática. Parece apaixonada por uma colega de trabalho que virou colega de casa. O protagonista parece ter delírios e percebemos que pode ter tido a ilusão de matar a amada e um amigo seu que parece imaginário. No final é revelado que está internado em uma clínica psiquiátrica e se dirige ao psiquiatra.
    Comentário : O conto é bem legal. Mas admito que tive dificuldade para perceber o que era real e o que era delírio. O protagonista me pareceu uma pessoa singular e sua paixão por Carol se mostrou muito instigante, principalmente pelo fato de ela se denominar assexuada.

    • Alter ego do Caio
      8 de novembro de 2020

      E aí, Lara, beleza? O conto se passa na mente dele, louco que é, compreendo que é meio complicado saber o que é real e o que não é. Eu não devia ter deixado que ele escrevesse a história, mas pronto, já até enviou. Ah, a assexuada é a Clarice. Cá entre nós, pra mim o Caio gosta é da Clarice.

      • Anna
        12 de novembro de 2020

        Resumo : O conto retrata Caio, um homem com vários problemas em sua mente. Não se consegue saber ao certo se ele realmente matou alguns familiares e amigos ou se ele imaginou. Talvez toda a história seja fruto de uma imaginação grande.No final se sabe que ele está internado em uma clínica psiquiátrica.
        Comentário : Se Caio for realmente um assassino espero que ele não mate ninguém na clínica. O fato de Clarisse ser assexuada dá um tempero de sensualidade ao conto, Clarisse é o impossível e Caio se enche de vontades. Achei surreal ele ter sido demitido por mostrar o pênis para a colega de trabalho dentro do ambiente profissional. O conto me fez lembrar das teorias de Freud, nas quais muitos males são causados por frustração sexual, talvez Caio tivesse acalmado seu espírito assassino se Clarisse tivesse sido mais fácil de se domar.

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Publicado às 8 de novembro de 2020 por em Loucura e marcado .