EntreContos

Detox Literário.

A Invocadora (Amanda Gomez)

Os pés descalços saltaram pela vegetação da floresta exótica e silenciosa. Pequenas criaturas esconderam-se assustadas com a visitante inesperada. Estava longe da estação, reconhecia pelo cheiro. A magia ali era mais forte, tão doce que por vezes inebriou-se com ela. Conforme avançava podia sentir a presença dos espectros, heróis caídos outrora, mortos sem honra. Eles a observavam famintos. Hosie era uma invocadora, a única classe de guardiões que poderia trazê-los de volta para a vida terrena, a única que poderia fazê-los sentir sabores e prazeres novamente.  Parou ao chegar perto da clareira onde havia uma árvore frondosa, repleta de frutos dourados. Fechou os olhos e fez surgir o cetro em sua mão. Conquistara esse poder havia pouco tempo, mas já parecia fácil usá-lo.

Logo os murmúrios se intensificaram.

Me escolha…. 

Não! escolha a mim, eu imploro…

Estou aqui. 

Proferiu as palavras e diante dela surgiu Boojac.

Boojac se aproximou e fez uma reverência, a túnica negra escondia sua figura cadavérica, deixando à vista apenas os olhos revestidos em branco leitoso. Ossos secos cobertos por carne de textura acobreada, boca sem lábios, dentes perfilados em gengivas escuras, o nariz apenas duas fendas de tamanhos desiguais. Sua voz, o sussurro sofrido de quem tem muita fome. 

Pronta para mais conhecimento, invocadora? ele perguntou.

Hosie lhe ofereceu um dos frutos da árvore, as mãos ossudas de Boojac tremeram ao pegá-lo. O som que fazia enquanto se alimentava era terrível. 

Conte-me sobre os portais! 

Ahhh os portais…

Sem trapaças, ou essa será a última vez que se alimentará. 

Algo como um sorriso brotou nas feições do demônio, passou a língua escura em cada um dos dedos ossudos para que nenhum resquício do néctar lhe escapasse. 

Contar? Posso mostrar-lhe, pequena invocadora. 

A rotina de treinamento com Boojac era intensa, demandava uma energia que a deixava esgotada. Gostava de ver os mundos ocultos sob a névoa que as Deusas sopravam. Havia milhares de portais, para todas as realidades possíveis por onde os heróis passavam todos os dias em busca de restabelecer a ordem e a paz. Quando estivesse pronta, marcharia junto a eles.

 

Qual o mundo mais instigante? perguntou Hosie. 

São centenas, há um lugar onde é noite o tempo todo, em outro a estrela maior nunca dorme. Há um mundo em que a magia é tão forte que são lá forjadas as armas das Deusas. 

Mostre-me!

Ele riu. 

Precisa de muita magia para apenas espiá-los…. mas, há uma realidade relativamente simples. Lá vivem os humanos. Uma espécie que se assemelha a nós fisicamente. 

Boojac contou-lhe sobre os seres que viviam em um mundo sem magia. 

Como eles lutam com os demônios sem magia? 

 Não existem seres místicos nessa realidade. Não sobreviveriam sem magia. Viveriam em abstinência, o que os levaria à loucura e à morte. 

Uma realidade sem demônios… deve ser o paraíso!

Eles são os próprios demônios, lutam entre si sem aparentes motivos. E não são devotos da Deusa que os rege, ao contrário, a machucam.  

Hosie ficou perplexa.

— Não consigo imaginar isso, Boojac. O dever de um guerreiro é proteger, ainda que lhe custe tudo.

Ele gargalhou e mostrou-lhe mais e mais. Quando a noite chegou, ela partiu.  

Boojac então baixou a túnica, esticou a mão e pegou um dos frutos, deliciando-se com o néctar de magia. Sua aparência mudara, em nada mais tinha a ver com o espectro de antes. Sem tirar os olhos do caminho por onde passara a invocadora, comeu o fruto. Ao seu redor, demônios famintos esperavam suas ordens.

***

O sonar ecoou, gritos desesperados eram ouvidos por todos os cantos, Hosie correu até o altar onde os heróis estavam reunidos para lutar. Do alto era possível ver centenas de demônios em marcha, seres alados e rastejantes emergindo das sombras, aproximando-se, destruindo, matando. Foram pegos de surpresa, um ataque assim não deveria ser possível.  Os aprendizes foram levados para um lugar seguro, mas Hosie tinha outros planos. Desviou dos guardiões e correu rumo à floresta dos espectros.

Boojac! chamou em desespero. 

Ofegante, parou diante da árvore dourada. Não havia mais frutos. 

Invocadora.  Ouviu o sussurro

O que você fez, Boojac?

Boojac nada fez.

Você trapaceou, você os libertou! 

Não… você o fez.

Hosie deu passos para trás, horrorizada. Ele ensinara a abrir portais, mas não a fechá-los.

Leve-os de volta!

Não tenho esse poder, invocadora. Sou apenas um demônio faminto…

Apareça! – ordenou. O cetro reacendeu em sua mão, canalizando toda energia da floresta. A ventania levou as árvores mais próximas. Uma luz forte tomou a clareira e, quando dissipou, um ser diferente estava diante dela.  Boojac agora brilhava em esplendor, trajando a armadura dourada dos grandes heróis de outrora. O coração de Hosie batia em descompasso. Boojac não era um simples demônio ou uma alma perdida. No passado fora um invocador como ela.

Ele fez uma reverência.

Destrua-os ela ordenou.

Boojac ergueu o cetro, semelhante ao dela.  O céu escureceu e um grande redemoinho se formou nele.

Precisa fazer também, invocadora. 

Hosie sabia o que ele estava fazendo, o portal para a dimensão negra, o cemitério de heróis.  Abrindo-o, todas as criaturas das trevas seriam sugadas para dentro. Olhou para o alto das aldeias onde labaredas explodiam com a fúria dos guardiões. 

Ergueu o cetro, a luz explodiu e o redemoinho ganhou força. Um espectro escondido nas árvores foi sugado, e em seguida vários outros. Trincou os dentes tentando manter a energia até que todos fossem arrastados para o portal.   Hosie olhou para Boojac, ele sorriu.

Retorne para as trevas ordenou.

Uma última lição, Invocadora. Nunca conjure algo mais forte que você.

Não!

Nos veremos algum dia  disse ele, deixando-se levar pelo redemoinho.

 Se um invocador entrar no cemitério obterá um poder inestimável.

Boojac!

Hosie olhou uma última vez para o alto das aldeias, os confrontos haviam cessado.  Antes que o redemoinho fechasse, ela entrou. Foi sugada numa velocidade que deixou todos seus sentidos congelados, conseguia apenas vislumbrar a magia, as cores, um caleidoscópio levando-a de encontro ao incógnito.  As cores foram mudando, apagando.  Um riso histérico preencheu o silêncio. Despertou, não podia deixar que Boojac triunfasse. Proferiu as palavras, seu grito ecoou por todo o espaço e, então, tudo parou.

Seu corpo encontrou uma superfície dura e gelada, abriu os olhos, o caleidoscópio se fora dando lugar a um céu cinzento de onde milhares de partículas caiam. Tocou o rosto e sentiu-as escorrerem pelos dedos.  Sentou-se, encarou seu reflexo numa poça d’água. Estava diferente, os cabelos cor de anis mudaram para um branco intenso, os olhos haviam deixado de cintilar. Abraçou seu corpo na vã tentativa de segurar a magia que se esvaia dele, como se levada pela água que jorrava do céu. Ao redor, criaturas semelhantes a ela a observavam, amontoadas e encolhidas em cantos estratégicos para se refugiar da fúria celeste. Todos carregavam o mesmo semblante de tristeza e cansaço, como se há muito houvessem perdido qualquer que fosse a batalha que enfrentavam.

Sentiu dor, frio e medo.

Tentou conjurar o cetro até a exaustão, mas ele se fora. Teria ao menos conseguido impedir Boojac?  A vista escureceu, entregou-se à escuridão e nunca mais soube como sair dela.

***

Eis o que sabemos sobre você disse o homem sentado à sua frente. Pode ter entre 20 e 30 anos, estrangeira, mas não fala qualquer língua que conhecemos. Vem de uma longa trajetória de problemas sociais, incluindo assassinato. Viciada em drogas pesadas. Sem família. Está nessa instituição há três anos e os surtos continuam, não há progresso. Infelizmente não vejo perspectivas para você.

Hosie deixou sua cabeça pender para trás. Ainda estava sob efeito das drogas que lhe injetaram não havia muito tempo. Era um dos poucos prazeres que conseguia usufruir. Visitava aquela sala todo mês, reconhecia cada detalhe da decoração. Do lado de fora podia ouvir os dedos da secretária tamborilando o teclado do computador. A TV estava ligada, vozes agitadas… um noticiário? O mundo lá fora parecia estar em ebulição. Ignorou o médico, queria silêncio. Quando estava assim quase podia sentir a sensação dos pés na relva macia do seu lar. Quase podia sentir o cheiro da floresta dos espectros. 

“Precisamos proteger a Deusa!” 

As palavras atravessaram seu corpo como uma avalanche de energia. Caiu da cadeira, ensandecida. O médico saltou para trás, assustado, chamando por ajuda. A voz continuava. Hosie levantou-se aos tropeços e saiu da sala. Vinha da TV, uma confusão de imagens. Aproximou-se mais da tela pendurada na parede. As mãos algemadas buscando tocá-la. A apatia dando lugar à lucidez.

“Nós somos responsáveis pela proteção da floresta mãe. Estamos diante do maior desastre natural da história. Ela pede socorro. Em alguns dias só existirá cinzas e morte.” 

Era ele. 

Olhe para mim… sussurrou, sentindo pequenas ondas de energia despertarem em seu corpo a cada batida de coração. Na tela o homem continuava a falar com os jornalistas. Uma multidão o cercava, segurando cartazes e bradando palavras de ordem. 

Olhe pra mim Sussurrou com mais força. Uma ventania cruzou a janela fazendo os papéis na mesa voarem deixando todos desnorteados.

Boojac. Eu ordeno!

Ele silenciou. A mesma ventania parecia acontecer onde ele dava a entrevista. O rosto vermelho de fúria, os olhos escurecendo. Buscou entre todos por algo que não estava ali, ignorando as perguntas dos jornalistas. Então olhou diretamente para a câmera e um sorriso brotou em seus lábios.

“A Deusa espera por você” 

***

Desde que caíra no mundo humano, Hosie visitou todos os lugares que conseguiu em busca de portais para voltar para casa. Não obteve sucesso. O progresso humano destruiu todas as fontes de energia que tornava isso possível. Encontrou algumas fendas em meio à poluição e destruição. Sucumbiu aos sentimentos e fraquezas humanas. Quanto mais tempo passava, mais se afastava da magia.

Se ela ainda existia, Hosie não era digna de alcançá-la.

O medo a acompanhava enquanto fitava o horizonte desconhecido, cruzava o rio gigantesco em um pequeno barco que roubara. As marcas da fuga ardiam em seu corpo, sangue vertia de um ferimento profundo na barriga.  Seguia rumo ao coração da floresta em chamas.  Nas mãos, um livro revelador que “Jacob Fontes” escrevera sobre os mistérios da Deusa Amazônia. Jacob que antes fora Boojac… o espectro renegado que ela libertou.

Havia um portal naquela floresta, talvez o último. Ao longe era possível ver uma espessa fumaça subindo aos céus como uma oferenda.

Então era assim que escorria o sangue da Deusa da terra.

Segurava-se mais firme às bordas do barco quando ameaçava se entregar à inconsciência. Talvez fosse tarde demais, afinal. Uma brisa fresca soprou-lhe os cabelos cinzas, como um alento. Se fechasse os olhos quase podia ouvi-la sussurrar o seu nome. 

Hosie

Hosie

Quando os abriu, centenas de aves coloriam o céu, voando no sentido contrário ao seu. Fugiam do fogo guiadas pela brisa. Na copa das árvores, o guinchar dos macacos era crescente, uma movimentação se fez nas águas. Assustou-se quando peixes saltaram acompanhando o caminho dos botos. Na água, uma gigantesca cobra delineava o fluxo do rio. Hosie inclinou-se para ver. Tudo estava em movimento, pulsante, vivo. Refletida sobre a água estava ela. A aprendiz que uma vez fora. E que nunca mais voltaria a ser.

Hosie

 Entregou-se. 

***

Abriu os olhos lentamente, um rosto a encarava. Uma criança de pele vermelha e cabelos negros. Levantou bruscamente assustando a pequena índia que correu para fora da oca. Tocou o ferimento dolorido, agora coberto por uma pasta viscosa. 

Invocadora.

Hosie sentiu-se congelar. Virou-se e ao fundo estava ele. Tinha a aparência de um homem comum, olheiras profundas circulavam seus olhos azuis que não lembravam em nada os verdadeiros. Ele fez uma reverência. Hosie tentou avançar sobre ele, mas caiu diante da fraqueza do seu corpo. Ele se aproximou, o rosto impassível.

Olhe pra você… começou me lembra a mim mesmo lá na floresta dos espectros. Tem fome, não é mesmo? Esse mundo lhe consumiu mais do que eu poderia imaginar quando a deixei viver depois de encontrá-la jogada em um desses becos mundanos. Era o seu castigo por me trazer pra cá. Por estragar meus planos.

Hosie o fitou com ódio. 

Deve estar se perguntando porque não me afeta. Passei séculos sem magia, vagando naquela floresta, sendo consumido pela fome até que uma garotinha me ofereceu um fruto. 

Porque ainda está aqui, Boojac? 

Ele balançou a cabeça sorrindo. 

Pra onde eu iria? 

O portal… 

Ele ficou em silêncio. 

É por isso que está aqui? 

Pelo que mais seria? 

Vá lá fora… e veja.

Assim que saiu Hosie foi acometida pela mesma sensação de quando a estação dos guardiões fora atacada. Um cenário de guerra e morte. À margem do rio, centenas de peixes agonizavam, o fogo se aproximava. No céu aviões planavam sobre a floresta na vã tentativa de conter os incêndios. Índios destemidos corriam floresta adentro.

Por que ainda estão aqui? Por que não vão embora? – Perguntou, observando aturdida a muitos carregarem pequenos animais feridos nos braços. 

Boojac olhou pra ela, uma emoção cruzou seus olhos. 

A missão de um guerreiro é proteger a Deusa que os rege. Ainda que lhe custe tudo. 

Hosie deu um passo para trás, sentiu uma forte dor no peito. Olhou em volta, tudo parecia acontecer lenta e silenciosamente. Os guerreiros bradavam e cantavam antes de embrenharem-se na mata. Os pequenos e os anciões eram colocados em uma embarcação que os levaria em segurança.

Guerreiros…

Ela não soube descrever a sensação que sentiu ao ver a pequena índia correr até Boojac e abraçá-lo. As feições dele suavizaram. Era sua filha. A brisa circundou-a em um abraço. Fechou os olhos que vertiam lágrimas e ouviu o sussurro. 

Hosie…

No chão, folhas conectaram-se à brisa formando um caminho. Olhou uma última vez para a aldeia antes de segui-lo. Os pés descalços saltavam pela vegetação da floresta consumida em chamas e caos. Não tinha medo. Sabia em seu íntimo o caminho a seguir. Conforme avançava, a fumaça e o calor das chamas aumentavam. A margem de tudo isso havia uma fragrância familiar que todo o seu corpo gritava por mais. 

Magia. 

Parou no exato momento em que uma árvore caía sobre o caminho. As labaredas se intensificaram deixando difícil a respiração. As árvores iam tombando como em um efeito dominó, cercando-a. O único caminho era o rio, precisava saltar. Levantou, lutando contra a dor e correu até que seus pés encontrassem o vazio. 

Mergulhou, sentindo o forte impacto no seu corpo frágil. Precisava emergir, mas não tinha mais forças. Sentiu o ar se esvair dos pulmões o corpo convulsionou até parar. Foi de encontro às profundezas do rio Amazonas.

Viu uma forte luz sob as águas, então surgiu a silhueta de uma enorme serpente se aproximando, fitando-a com olhos astutos. Já havia visto ela antes, no barco, guiando-a pelo rio. Sentiu o corpo ser envolvido e levado para a superfície. Arrastou-se para a margem, sem fôlego. Olhou para trás e a serpente emergia aproximando-se com seu tamanho impressionante.

Quem é você? – perguntou. A luz a cegou por um estante, então a serpente transformou-se diante dos seus olhos. A figura, que surgiu à sua semelhança, lhe sorriu. A pele coberta por vegetação pulsante formando o corpo de uma mulher. Tão linda.

“Olá, Hosie a Invocadora” ela falou dentro de sua mente. 

Hosie pôs-se de joelhos. Estava diante da Deusa da terra. 

“Há tanto sofrimento em você.” 

Hosie chorou.

Amazônia tocou delicadamente em seu rosto, colhendo uma de suas lágrimas.

“Alegre-se, pequena, você encontrou o caminho.”

Uma ventania tomou a clareira.  Amazônia fechou os olhos e então uma árvore frondosa coloriu-se de dourado. Seu núcleo abriu-se transformando-se em um portal. A magia envolveu Hosie, reacendendo todos os seus sentidos. A pele rosada e cintilante de outrora, os cabelos cinzas mudavam para o anis novamente. Era possível ver fragmentos da floresta dos espectros do outro lado.

Seu lar. 

Olhou para Amazônia, sorrindo pela primeira vez em muito tempo. Gratidão. Então o sorriso se apagou quando viu a vegetação que cobria corpo da Deusa morrendo. Hosie correu para ampará-la.

O que fizeram com você? 

Os olhos da Deusa eram tristes. 

Venha comigo, salve-se. Eles não são dignos. 

“A vida precisa ser preservada, lutarei até o fim.  Vá, criança, não durará muito tempo.”

Então assim como veio, ela se foi, transformando-se em um pássaro voando aos céus.

Hosie se aproximou da margem e viu seu reflexo. Olhou ao redor e além. Sentiu todo o sofrimento dos seres que habitavam aquele vale em chamas. Proferiu as palavras. Quando sentiu o peso do cetro em sua mão trêmula, chorou. Não sabia quanto tempo o portal estaria aberto, quanto conseguiria invocar de magia. 

Concentre-se, invocadora. 

Ouviu a voz de Boojac em sua mente. 

Eu não consigo, é muito forte. 

Busque os elementos, busque e ela te guiará. 

Não consigo invocá-lo!

Salve-a, Hosie. Você não está sozinha.

A voz dele calou-se, assim como aquela presença familiar que sempre existiu entre invocador e invocado. Boojac se fora.

Hosie Correu.  Trazendo consigo a ventania que abria o caminho de destruição. A aldeia estava destruída, um índio guerreiro passava por ela em chamas. Seus olhos se encontraram, tinha o brilho da Deusa neles. 

Não estava sozinha.

Mãe, me guie. Permita-me conduzi-la.   

Hosie ergueu o cetro e movimentou as águas abrindo um novo curso em direção ao fogo. Não era o suficiente, precisava de mais força. Proferiu as palavras e seu grito foi ouvido por toda a parte, o rio regido por ela e pela Deusa desembainhou por todo o rastro do fogo. Uma névoa mágica cobriu a Amazônia. Ao longe, no barco, a pequena índia de olhos cintilantes enxergava o que ninguém mais conseguia.

O céu escureceu, trazendo a tempestade em forma de milagre. 

No coração da floresta a guerreira brandia seu cetro deixando fluir do seu ser até o último resquício de magia. A árvore frondosa também perdia a cor dourada e fechava o portal para sempre. Hosie calou-se, seu corpo encontrou a relva macia e úmida. Dos céus milhares de partículas caíam sob seu rosto, banhando suas lágrimas.

A brisa a abraçou uma última vez.

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22 comentários em “A Invocadora (Amanda Gomez)

  1. soniazaghetto
    27 de junho de 2020

    O gênero fantástico não é o meu preferido, mas isso é apenas gosto pessoal e não interfere na avaliação técnica do conto.
    Dentro do que se propõe, o autor demonstra grande domínio da técnica narrativa e usa as palavras de forma extremamente competente.
    É um autor com grande potencial dentro do gênero que escolheu, capaz de criar enredos e imagens bastante interessantes.
    Parabéns pelo trabalho e boa sorte no desafio.

    • soniazaghetto
      28 de junho de 2020

      Resumo: Hosie, uma invocadora de outra dimensão, é enganada por Boojac e acaba em um manicômio na Terra, onde abraça a missão de salvar a Amazônia.

  2. Ana Carolina Machado
    27 de junho de 2020

    Oiiiii. Um conto sobre uma invocadora chamada Hosie que mora em um mundo mágico repleto de magia. Ela vem parar no mundo humano e sente o impacto da falta de magia. Com o objetivo de achar talvez o que seja o último portal para voltar para o mundo dela Hosie vai até a floresta amazônica. Ela encontra o portal devido a ajuda da Amazônia que aparece na forma de uma mulher com o corpo coberto de vegetação pulsante. Mas no fim ela fica no mundo humano e se sacrifica para salvar a floresta em chamas fazendo chover sobre ela.
    Um conto de fantasia em dois mundos se encontram, o mundo da Hosie e a Amazônia. Achei uma abordagem bem criativa do tema. Ao mesmo tempo o conto é uma reflexão de como muitas vezes pessoas de fora dão mais valor para as nossas florestas do que nós brasileiros. Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio.

  3. Gustavo Aquino Dos Reis
    27 de junho de 2020

    Resumo:

    A invocadora Hosie, uma espécie de maga e guardiã, vê-se cercada por um mundo inaudito. E é exatamente nesse mundo que ela precisara reunir forças para que tudo não termine em decadência.

    Impressões:

    Gosto muito de Alta Fantasia e me agradou bastante que seu trabalho tenha usado essa roupagem para o Desafio.

    Existem algumas coisas que, penso, poderiam ter sido melhor descritas e elaboradas – ainda mais por se tratar desse gênero que me é tão caro.

    No entanto, é uma obra bem escrita e que possuí riqueza nos momentos em que o(a) autor(a) soube lhe dar mais cor e profundidade.

    Gostei.

  4. Gustavo Araujo
    27 de junho de 2020

    Num mundo mágico, Hosie, uma Invocadora inexperiente, é enganada por um dos espectros que dependem dela para ressurgir. Boojac, astuto, faz com que a menina seja transportada para um lugar sem graça, sem magia, onde os habitantes fazem de tudo para detonar sua deusa. Ao despertar nesse novo cenário, Hosie e Boojac terminam se unindo para salvar a deusa em chamas, a própria Amazônia.

    Impressões: conto do gênero fantástico que prima pela criatividade. Gostei da maneira como os fatos reais são transmutados para a fantasia: as queimadas, a destruição, a agonia da floresta, tudo é explicado sob um ponto de vista diferente, mais colorido digamos, como se decorrentes de engrenagens a nós invisíveis – claro, porque nós, humanos habitantes deste planeta, somos cegos para isso, incapazes de perceber esses detalhes. O público alvo, vê-se, é o infanto-juvenil, algo reforçado pela narrativa acelerada e despida de profundidade – uma opção clara de quem escreveu, que prefere a ação em detrimento do mergulho psicológico. Talvez seja mesmo uma escolha acertada, já que o objetivo é falar do perigo que sofre a floresta com a sanha pelo progresso. Talvez estejamos mesmo precisando de seres mágicos para preservar nossa maior riqueza, já que nós mesmos somos definitivamente incapazes disso. Não há, de fato, porque mergulhar no psicológico dos personagens. Nossa falha de caráter, enquanto habitantes deste pálido ponto azul, está bem clara, visível a olho nu. Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio.

  5. Renata Rothstein
    25 de junho de 2020

    Texto fantástico em que uma invocadora/maga iniciante é transportada para um mundo muito louco, onde os “moradores” não obedecem sua Deusa, ao contrário, a matam – a Terra.
    Nessa empreitada tem a companhia de um demônio que mais parece um guerreiro do bem, e luta até o fim pela causa, a salvação da floresta amazônica.
    Boojac, seu conto é excelente, você domina a escrita (e pelo que li, a fantasia é sua área, humm…) e o faz com grande facilidade.
    Gostaria de ressaltar as imagens que você nos propõe, e como faz saltar aos olhos do leitor toda a beleza das suas linhas, dos atos mágicos, enfim.
    Confesso que me transportei para uma época da minha vida em que era muito mais envolvida pelo gênero de fantasia, do qual fui me afastando, pouco a pouco, e nossa, como foi bom me ver tão compenetrada e instigada a ler as próximas linhas para saber o desfecho.
    Gratidão por isso.
    Você trouxe o tema importante das queimadas, das vidas indígenas em perigo de forma super diferente, outro ponto para você.
    Acho que é isso, gostaria de saber comentar melhor, mas o que quero dizer é: adorei!!

  6. Jorge Santos
    25 de junho de 2020

    Conto no domínio do fantástico que narra a história de uma invocadora, ser capaz de abrir portais entre mundos, Hosie, e a sua disputa com um demónio, Boojac, que era o anterior invocador e que ela tem a incumbência de alimentar. Enganada por ele, fica presa no mundo dos humanos, internada num hospício, de onde é libertada pelas preces do povo índigena, por intercedência da Deusa-Terra, Amazónia. No final, Hosie passa o seu poder para uma menina e desaparece no ar.

    Este foi o meu entendimento deste conto numa primeira leitura. Embora eu goste do género fantástico, achei este conto bastante confuso. Creio que o autor foi traído pelo limite de palavras. A acção ficou muito densa e difícil de seguir, o que é pena porque o conto tem bastante potencial.

  7. Vanessa Honorato
    24 de junho de 2020

    Invocadora aprendiz é enganada por demônio e acaba colocando seu mundo em perigo. Para tentar reparar o erro e ajudar seu povo, acaba num mundo paralelo, a Terra, levando consigo Boojac, o demônio. Nesse mundo não há magia e ela vai parar em um hospital psiquiátrico, onde encontra pela televisão, o demônio que libertou. Foge e tenta encontrar caminho de volta à sua realidade. Reencontra Boojac e descobre que a deusa da floresta está sendo destruída. Tem a chance de voltar ao seu mundo, mas prefere ficar e lutar, como uma guerreira que é. Salva a floresta do incêndio e morre.
    Não sou muito fã de fantasia, mas aqui encontra-se todos os elementos deste tipo de narrativa. Fiquei confusa em relação a Boojac, no início achei que era um vilão, mas seus atos me deixaram confusa, acho que os verdadeiros demônios são mesmo os seres humanos.
    Abraços. ❤

  8. Paula
    23 de junho de 2020

    O conto é lindo. Traz uma visão fantástica para endereçar a conflito entre destruição e preservação da floresta amazônica. A protagonista vem de uma realidade paralela, chegando ao mundo dos homens por vingança de um demônio/guerreiro – Boojac – que ela mesma trouxera de volta à vida e, em seguida, precisou arriscar seu próprio poder e bem-estar para evitar que ele se tornasse excessivamente poderoso. Esse exílio forçado também resulta de seu sacrifício para salvar os guerreiros de seu mundo de origem, sob ataque surpresa de seres das trevas.
    Após ser internada em hospital psiquiátrico e de ter sua magia quase que completamente esvaída, ela reencontra Boojac. E, seguindo seus passos, adentra a floresta amazônica em chamas e descobre, para sua surpresa, que ela também é habitada por guerreiros mágicos – os índios. Já quase sem forças, entrega-se à morte nas águas do rio Amazonas, mas é salva pela Deusa da Terra, que tomou a forma de cobra. A deusa a conduz até um portal que a levaria de volta ao seu mundo, enquanto convalesce ela própria após resistir por tanto tempo à ação dos homens. Hosie, a protagonista, decide ficar e salvar a deusa e a floresta, usando seu poder para desviar parte do curso do rio para apagar o incêndio. E então entrega-se à morte.
    Percebi apenas a palavra estante, que acredito que deve ser substituída por instante (o que é insignificante). Parabéns, a história é bonita, bem estruturada e original.

  9. cgls9
    23 de junho de 2020

    Resumo:
    Uma fada, bruxa, sacerdotisa… Não sei. Tem o poder de abrir dimensões e é treinado por uma criatura. Sua inexperiência a conduz para uma armadilha e acaba aqui em nossa realidade, “pagando” de louca! Reencontra o demônio que a traiu, que também se teletransportou para cá e acontece uma virada quando encontra a Deusa, recupera seus poderes e tenta salvar a floresta.

    Comentários:
    É um conto de fantasia, aqui estão todos os elementos: fadas, demônios, magia… É fato que o autor é competente, dentro do estilo escolhido. O problema – que pode ser meu – sempre faço essa ressalva, é que esse tipo de histórias tem chavões que se repetem em todas as narrativas. O perfil e os valores heroicos das personagens, também me parece esgotado, mas, tenho certeza que ainda há muito público-leitor para essas histórias. Por fim, me pareceu forçada a aparição da Amazônia no enredo, podia ser Marte.
    Boa sorte no desafio.

  10. Luciana Merley
    22 de junho de 2020

    Olá, autor
    Uma menina (Invocadora) que vive num reino de magia e que tem o poder de trazer à vida os espectros (heróis caídos). Numa interação com Boojac, um demônio daquele mundo, ele a engana e ela é transportada para uma outra dimensão num planeta muito diferente e sem magia: a terra. Sem falar a língua dos terráqueos, ela é levada para um centro de tratamento psiquiátrico. Quando ela ouve um homem clamando pela salvação da floresta na TV, ela reconhece Boojac e parte para uma aventura na Amazônia em chamas. Enquanto procura um portal para levá-la de volta ao seu mundo, a Invocadora ajuda a deusa da floresta a salvar o que restava das matas.
    Uma bonita história de literatura fantástica abordando um tema nacional. Farei minha avaliação conforme os seguintes critérios: Técnica + CRI (Coesão, ritmo e impacto).
    Técnica – O texto tem uma linguagem simples, fluida, suave. A ambientação ficou muito bem feita, de modo que me senti nesse universo de magia. Confesso que achei o texto um pouco longo, isso porque fiquei ansiosa esperando aparecer o tema “Amazônia”. Talvez as falas específicas sobre a terra e seus habitantes sem magia pudesse ser inserida quando os dois já estivessem por aqui. Isso porque, na minha percepção, ficaria mais natural. Do modo que você fez me pareceu um pouco forçado, tipo recado (só sugestão).
    CRI – O texto é coeso, centrado no uso da magia para proteção da natureza. Senti um pequeno desvio, ao menos a impressão durante a leitura, quando da fuga dos seres caídos para um lugar onde brigavam. Tive a impressão que a história enveredaria por ali e de repente ela decide voltar ao lugar da conversa com Boojac. O ritmo é adequado ao tema e estilo e o impacto é muito positivo, com uma lição muito inspiradora. Gostei muitíssimo.
    Parabéns, boa sorte. Espero ter contribuído um pouco.

  11. Thiago de Melo
    22 de junho de 2020

    Resumo:

    Uma invocadora que vive num mundo cheio de magia e encantamentos conhece um demônio e passa a levar a ele alimentos em troca de informações sobre como conjurar novas mágicas, em especial uma sobre portais. O demônio engana a menina e com a ajuda dela consegue abrir um portal para um lugar onde será mais forte e acaba levando a menina consigo. Esse novo lugar é a terra e a amazônia é a última reminiscência da deusa que aqui habita, mas que está sendo destruída. A menina, provavelmente por não falar coisa com coisa aos ouvidos dos humanos, é internada numa instituição psiquiátrica de onde consegue fugir quando os últimos rincões da amazônia estão queimando. Lá, ela conhece a deusa da terra e luta até o fim para salvá-la.

    Análise:

    O texto é extremamente bem escrito e o autor consegue com primor construir uma realidade bastante convincente e cheia de imagens para que o leitor possa seguir a história. Gostei da forma como o conto conseguiu unir o tema do desafio, amazônia, com uma história de ficção fantástica, cheia de magia, portais, deuses e demônios.
    Contudo, confesso que no início eu fiquei meio perdido com relação ao tema e, à medida que ia lendo, ia também me perguntando: “Cadê a amazônia?”. Mas logo ela chegou e a história se desenrolou muito bem. Quando vi a referência sobre os olhos azuis do demônio dando entrevista sobre a queimada na amazônia fiquei me perguntando se essa foi uma referência, ou se essa descrição foi inspirada, num certo ministro brasileiro que também tem olhos azuis… fiquei curioso.
    No mais, um excelente trabalho.
    Parabéns ao autor!.

    Um abraço!

  12. Priscila Pereira
    19 de junho de 2020

    Resumo: Uma invocadora liberta um demônio e para impedir que ele destruísse seu mundo, acabou mandando os dois para a Terra. No final ela ajuda a Deusa da terra a apagar o incêndio na Amazônia.
    Olá, Boojac!
    Eu gostei muito do seu conto! Gosto de fantasia e a leitura do seu texto foi muito gostosa! A história é emocionante todos os momentos, não tem partes chatas ou desinteressantes, o texto é colorido, radiante!
    A escrita é fluída e intensa, de quem sabe o que está fazendo, muitas partes são poéticas! A revisão está muito bem feita, só notei um “estante” no lugar de “instante”. Bem, é um dos meus preferidos até agora!
    E pela história ser muito maior do que um simples conto, desconfio da autoria😁
    Parabéns pelo trabalho!
    Boa sorte!
    Até mais!

  13. Regina Ruth Rincon Caires
    19 de junho de 2020

    A Invocadora (Boojac)

    Resumo:

    A história de Hosie (invocadora) e Boozac (demônio). Seres estranhos e de outra esfera, através de portais e magias, chegam ao planeta Terra (mundo sem magia). Peripécias daqui e de lá, Hosie acha a Deusa da floresta, que está combalida com as queimadas e com o desrespeito pela natureza, entra na luta, consegue ajudá-la e salvam a floresta.

    Comentário:

    Texto fantástico com construção impecável. A narrativa é totalmente trabalhada em cores. A leitura chega a proporcionar, visualmente, diferentes matizes. Vai do cinza ao verde mais intenso, numa descrição perfeita.

    Interessante é a imagem da Terra, descrita pelo demônio. Fala de um lugar sem magia, em que os humanos são os próprios demônios. Assustador, né? Real?

    O autor tem total domínio da escrita, conhece profundamente a estrutura da narrativa. O enredo é coeso, não há ponta solta. A linguagem, bem trabalhada, flui no ritmo da fantasia, enleva.

    O título é translúcido, e o pseudônimo, se entendi, é Jacob (trocadilho com requinte). Será?

    Parabéns, Boojac!

    Boa sorte no desafio!

    Abraços…

  14. Alexandre Coslei
    18 de junho de 2020

    Um genuíno conto de fantasia. Hosie, uma espécie de guardiã que habita um mundo assolado por demônios, mantém uma relação controversa com um deles, o chamado Boojac. Curiosa com os portais e com a possibilidade de descobrir outros mundos, Hosie termina sendo sugada para a realidade dos humanos. Depois de alguns percalços, encontra a Amazônia em chamas e a parceria com uma Deusa protetora da floresta, ela revitaliza seus poderes e as duas, juntas, salvam fauna e a flora existente na selva.

    Bem escrito, bem desenvolvido, usa muitos elementos criativos para construir uma narrativa baseada em mitologias originais ao descrever uma batalha decisiva para os personagens. A leitura é gostosa, nos envolve e em nenhum momento cansa. Um enredo criativo e produzido com esmero. Aspectos da linguagem formal não apresentam nenhum erro relevante e ajudam na fluência da narrativa. Para quem curte o gênero, é uma ótima pedida. Parabéns. Boa sorte!

  15. brunafrancielle
    17 de junho de 2020

    Resumo: Hosie acaba indo parar na Terra, após uma confusão criada por ela e Boojac resultar num portal no céu, para onde fora sugada. Vivia antes num mundo de magia, onde era uma guardiã. Na Terra, está decadente, mas consegue reunir forças pra lutar quando a deusa Natureza ou Amazônia está em perigo. Faz um paralelo interessante entre a classe de guerreiros e os índios.
    Estarei analisando os aspectos que EU considero mais importante, baseado nas minhas participações anteriores no certame. Sinta-se a vontade para descartar minha singela opinião se não concordar.
    ENTRETENIMENTO (foi um conto chato de ler? Maçante? Legal?) : Fantasia não é exatamente meu gênero preferido, a não ser quando direcionada mais pro público adulto. Seu conto tem uma certa atmosfera adolescente que não costuma me cativar, mas acabei gostando devido a narrativa.

    COMPREENSIBILIDADE (levando em consideração a formulação de orações e a história em si. Há diálogos confusos e etc?): Boa

    CRIATIVIDADE/ORIGINALIDADE (eu gosto de ler histórias de coisas que não vi ou não pensei antes. Ideias óbvias não se sairão bem neste quesito.): É curioso criar um universo complexo para usá-lo num conto de 3 mil palavras. É como se George Martin criasse Westeros pra caber num pequeno conto de 2 mil palavras. Parece-me um desperdício. Porém, é obviamente original, e o conto se destaca por sua complexidade. Simples não é uma palavra que pode descrever seu conto. O ataque dos demonios no inicío do conto por exemplo, foi descrito de forma enxuta e resumida. Num espaço maior poderia ter descrições bem legais.
    Mas certamente conseguiu juntar isso ao Amazonas, e terminou numa batalha épica entre maga e catástrofe, que fechou como uma cereja no topo do bolo.

  16. Angelo Rodrigues
    13 de junho de 2020

    A Invocadora (Boojac)
    Resumo:
    Hosie, ser de outra dimensão, é tragada para um mundo que não conhecia, onde havia o progresso que exterminara os portais. Aqui, sendo ela mesma outra, quando encontra a deusa da floresta recompõe seus poderes, pondo fim à destruição que via.
    Comentários:
    O conto está bem escrito e a leitura corre bem.
    Não tenho muita compreensão da literatura estilo Fantasia, mas simpatizo com mundos fantásticos como este descrito pelo autor. No caso presente, no conto lido, o autor se utiliza dos muitos ferramentais que caracterizam o segmento. A magia, o bem, o mal, os portais, as florestas encantadas e tal. Tudo bem aproveitado.
    Aqui, não sei se comum ao tema, há os passos das peripécias. O demônio, a heroína, o grande problema a enfrentar, o reencontro com o demônio original e a culminação representada pela salvação do objetivo proposto. No caso, a floresta amazônica.
    Não sei se proposital ou casual, o autor tangenciou no texto um ente mitológico da região, a Cobra Grande, embora a subverta de temerária a salvadora.
    Trata-se da lenda da Cobra Grande, ou lenda da cobra grande da Amazônia, ou Cobra Honorato, ou Cobra Norato, que habita o fundo dos rios e lagos. Com seus olhos luminosos, a Cobra Grande atemoriza quem encontra pela frente. Já deu panos pra mangas essa lenda, permitindo que se escrevesse músicas, filmes e poemas. E deu também o seu conto que é bem legal.
    Boa sorte no desafio.

  17. Felipe Rodrigues Araujo
    13 de junho de 2020

    Hosie é uma invocaora que traz Boojac à tona. Disso iniciam-se os percalços que a levam a várias realidades que se complementam, sendo a última delas uma Amazônia em chamas onde, aliada à Deusa e aos conselhos de Boojac, salva a floresta e morre.
    Conto fantástico de aventura. Há realidades alternadas, mas que se completam de forma eficaz. Foco em dois personagens, aliado a outros elementos mágicos. Rico em cores e descrições, tem na ação sua estratégia criadora, embora lembre um capítulo de romance fantástico, faltando um pouco da unidade do conto.

  18. Fheluany Nogueira
    13 de junho de 2020

    A protagonista é uma maga-guardiã. É enganada por um demônio e vem para o mundo dos humanos, onde o reencontra em incêndio no Amazonas. O contato com a deusa da floresta devolveu-lhe os poderes e, com o antigo demônio, agora diferente, consegue controlar a destruição.
    Uma das características mais marcantes da alta fantasia é ocorrer em um outro mundo e o contato com o nosso mundo, através de um portal, foi um recurso diferenciado no desafio e conferiu um certo caráter épico ao tema.
    Texto fluido, bem escrito, prende o leitor, trama, cenas e imagens criativas; apenas a introdução ficou muito alongada, sobrando pouco espaço para a Amazônia, propriamente.
    Parabéns pelo trabalho. Boa sorte. Abraço!

  19. pedropaulosd
    9 de junho de 2020

    RESUMO: Hosie é uma invocadora, uma classe guerreira de magos que interagem com a natureza, conjuram portais e combatem demônios. Após ser enganada por uma dessas criaturas, acaba em um mundo sem magia: o nosso. Hospitalizada, consegue fugir quando reencontra a mesma criatura na TV, depois voltando a acha-la em uma aldeia indígena no Amazonas em pleno incêndio. É também o momento da descoberta de que Boojac não tinha más intenções e que ainda havia possibilidade para magia naquele mundo. Conhecer a deusa Amazônia devolveu Hosie aos seus poderes e, junto de outro guerreiro, desviaram o curso de um rio para conter um foco de incêndios.

    COMENTÁRIO: A primeira coisa que notei é um pouco contraditória. Sendo um conto de alta fantasia, acredito que por um lado as descrições poderiam ter sido mais elaboradas, por algumas vezes menos expositivas e que o universo poderia ter um fundo menos “convencional”. A ideia de “guerreiros pela natureza” não teve um desenvolvimento para além do que a premissa já prevê. O formato de conto também não permitiria, mas é nisso que consiste o desafio. Por outro lado, se eu critico e peço por uma fantasia mais consistente e original, outro ponto negativo que achei foi a introdução ter se demorado demais no mundo de Hosie, em parte pelas explicações, em parte pelo espaço cedido ao breve embate entre demônios e guerreiros do lado de fora da vila de Hosie. Já era um tanto claro que em breve teríamos a protagonista transportada a Amazônia, por conta da menção ao mundo sem mágica em que as pessoas se destroem “sem motivo aparente” (uma simplificação que parece resumir todo o drama humano a irracionalidade, pressuposto que geralmente me irrita. Mesmo se tratando de uma narrativa infanto-juvenil, acredito que haja espaço para desmitificar essa assertiva) e também porque é o tema deste desafio. Portanto, durante a apresentação de Hosie e Boojac, aguardei pelo momento que viria a nossa floresta.

    Quando veio, a personagem se viu em uma nova situação, encurralada pela estranheza e pela ausência de magia, e então teve o “reencontro” abrupto, a fuga e o pandemônio do incêndio. Aqui pareceu haver uma assimilação dos indígenas aos guerreiros pela natureza de onde vem a protagonista, o que de novo achei uma simplificação. É aí que posso ousar uma recomendação, pois achei que se perdeu a oportunidade de abraçar esse conceito começando logo pela Amazônia. Os povos originários viviam integrados às florestas na ocasião da chegada dos colonizadores, então faz sentido que vivam em “harmonia com a natureza” e que, no que se estabelece nesse conto, pudessem defende-la como guerreiros. Por que não começar daí, dando mais espaço para desenvolver uma personagem indígena membra dessa classe guerreira protetora da natureza? Como argumentei anteriormente, a sensação que me passou é que se perdeu tempo e força com a introdução da Hosie, e que a ambientação é genérica. Talvez, se a mesma premissa fosse desenvolvida logo de cara na Amazônia, a sensação seria outra. O desfecho também não surpreende. A personagem aprende um novo tipo de magia e salva o dia, inclusive com aquele típico momento de incerteza em que não parece ser forte o suficiente, mas consegue.

    Então acho que já é evidente que a minha avaliação não é positiva. Acho que a abordagem do tema, embora não seja um total extravio, foi pouca criativa. A natureza existe e a ideia de ter uma classe de guerreiros a protegendo é uma premissa interessante. Acontece que aqui a Amazônia e a sua diversidade original não aparecem de verdade. Poderia ser qualquer floresta a que a personagem defende e, assim, a Amazônia parece apenas “ceder espaço” à fantasia do conto. Do lado técnico, senti falta de travessões, uma crase em certo momento e, também, acho que foi constante o uso inadequado da ênclise. Eu inclusive revi as regras disso constantemente (só assim para lembrar) e não as tenho memorizadas completamente, mas quando está errado se percebe e isso acaba distraindo da leitura.

    Com todas essas críticas, espero ter sido construtivo. Boa sorte.

    • pedropaulosd
      11 de junho de 2020

      (…) revi as regras recentemente*

      Não constantemente.

  20. Anderson Do Prado Silva
    8 de junho de 2020

    Entre Contos – Avaliação – A Invocadora

    Resumo: Conto repleto de magia, em que deuses convivem e combatem. Entre esses deuses, aparece Amazônia, responsável pela vida na Terra.

    Abertura:

    ( x ) surpreende: o texto é bem escrito e repleto de magia desde as primeiras linhas, prendendo a atenção do leitor e o convidando a seguir.
    ( ) não surpreende:

    Desenvolvimento (fluidez narrativa):

    ( x ) texto fluido: o autor possui pleno domínio da técnica narrativa.
    ( ) poderia ser melhor: achei o texto um

    Encerramento:

    ( x ) surpreende: o final do texto é bem mágico, com imagens bem bonitas.
    ( ) não surpreende

    Gramática:

    ( x ) não identifiquei erros dignos de nota: o autor possui pleno domínio da língua e é extremamente cuidadoso na revisão.
    ( ) possíveis erros gramaticais

    Enredo:

    ( x ) surpreende: o enredo é bem bolado, uma viagem por um universo mágico. O autor foi bem criativo na abordagem do tema Amazônia.
    ( ) não surpreende

    Linguagem:

    ( ) surpreende
    ( x ) não surpreende: o autor emprega linguagem denotativa, sem muitos devaneios e elucubrações.

    Estrutura:

    ( ) surpreende
    ( x ) não surpreende: o autor não se aventurou muito na estruturação do seu texto. É um conto com início, meio e fim.

    Estilo:

    ( x ) surpreende: como nunca li esse gênero (tampouco sei como adjetivá-lo), fico um pouco sem saber se o texto revela o estilo do autor ou as características do gênero.
    ( ) não surpreende

    Excertos dignos de nota:

    ( x ) sim: “Eles são os próprios demônios, lutam entre si sem aparentes motivos. E não são devotos da Deusa que os rege, ao contrário, a machucam.”
    ( ) não

    Inteligência:

    ( ) desafia a inteligência
    ( x ) não desafia a inteligência: o texto não é exatamente um desafio à inteligência do leitor, mas exige que se esteja atento e seja criativo e imaginativo.

    Avaliação final: O autor transita por um universo muito específico e, provavelmente, sabe que não agradará a todo e qualquer leitor. O ideal seria que o leitor gostasse de fantasia, o que não é meu caso. Assim, esses comentários finais se tornam mais uma divagação sobre meus gostos literários do que sobre o texto do autor. Se houve estranhamento, ele partiu de escolhas e deficiências minhas e, não, do autor, porque, quanto ao texto em si, é bastante evidente que o autor possui pleno domínio da língua, das técnicas narrativas e de seu “gênero” literário.

    Anderson do Prado Silva

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Publicado às 7 de junho de 2020 por em Amazônia, Amazônia - Grupo 2 e marcado .
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