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Detox Literário.

Uma última batalha (Marco Piscies)

Afastou a lona e entrou na enorme tenda onde os soldados em breve se preparariam para a batalha. A luz do sol se arrastou para dentro do recinto vazio e refletiu nas lâminas das armas, incomodando seus olhos. O meio-dia estava longe, mas ele gostava de começar os preparativos cedo.

Este é o maior problema desta geração, pensou, não dão a atenção e o valor devidos para uma batalha.

Andou pelos bancos de madeira dispostos em alinhamento tosco. Algumas armaduras estavam jogadas em um canto, outras esperavam em fila sobre caixotes; o couro novo, recém-trabalhado. Imaginou as intempéries dos soldados novos dentro de suas armaduras igualmente virgens. O couro era difícil de ajustar e machucava a pele mesmo sobre as proteções de tecido que usavam, criando feridas com o atrito. Se a batalha perdurasse por muito tempo as feridas seriam ainda piores. 

Mas estaria vivo, ele pensou novamente, e é esse tipo de dor que nos faz homens

Passou pelos machados pendurados em ganchos. Tocou as lâminas e sentiu os fios na ponta do dedo. Muniu-se do machado que considerou mais equilibrado. Era de bom feitio, firme no cabo e parecia já ter visto lutas o suficiente para inspirar alguma segurança. O fio fez um traço de sangue em seu dedo. Faria um bom serviço, apesar de já ter visto melhores. Havia perdido na peleja anterior uma arma que carregara consigo há anos – a velha amiga faria falta. Segurou o novo machado na mão esquerda, então na mão direita – sua mão inábil – girando-o para sentir o peso. O que sentiu, ao invés disso foi o peso da própria idade. O ombro deslocou e ele deixou a arma cair ao chão, cuspindo impropérios por detrás da barba branca e farta.

Apoiou o braço no banco mais próximo e, usando apenas o peso do corpo, pôs o ombro de volta ao seu lugar, engolindo o grito de dor. Pegou o machado no chão, mas desta vez o manteve na mão esquerda. 

Encontrou adiante sua velha armadura de couro com proteções de aço. A coisa estava tão usada que mais parecia uma coleção de cortes que se moldava exatamente na forma de seu corpo, mas ele não a trocaria por nada.  Ao seu lado estavam as botas, as proteções da cintura, das pernas e dos antebraços. Escolheu também um escudo – este poderia ser qualquer um que tivesse o peso ideal, já que provavelmente o quebraria. 

Então, iniciou a preparação.

As dores da preparação eram maiores do que as dores do combate. O corpo em movimento e cheio de adrenalina quase nunca acusava dor alguma – o coração em disparada queria apenas sobreviver. Ali, sob a sombra da tenda e com o coração tranquilo, o corpo fazia questão de lembrar-lhe que, segundo todos os cálculos, já deveria estar morto. Doíam-lhe os joelhos ao sentar-se e doíam-lhe as costas ao agachar para pôr as botas. Tudo era lento demais, a ponto de se irritar com a morosidade dos próprios movimentos. No fim, porém, estaria esperando a marcha e pronto para o combate antes de qualquer outro soldado.

Algum tempo depois – entre vestir a armadura e amarrar as botas – um soldado entrou na tenda. Era ao menos quarenta anos mais novo do que ele e se chamava Ediard. Lutara ao seu lado nas últimas três semanas daquela campanha sem fim e sabia se virar na medida do possível. Era um bom rapaz.

— Cão – Ediard falou.

O velho manteve o foco no que fazia, apertando fivelas e cadarços. Ediard se fez repetir.

— Cão?

O que há de errado com essa gente que não entende que não é necessário falar para ouvir?

— Não estou surdo ainda, garoto. Fale.

— O mensageiro chegou com notícias da batalha ao Leste.

O mensageiro estava dois dias atrasado. Àquela altura esperavam que não viesse, o que significava que estava morto e a batalha, perdida. O fato de ter chegado era uma surpresa – e na sua idade eram poucas as surpresas que ainda restavam.

— Estou ouvindo.

— A quinta unidade saiu vitoriosa, mas com muitas baixas. Don Herrard está morto.

O garoto sabia que o que falava tinha peso, então esperou que ele absorvesse a informação. O Cão não parou o que fazia: apertou cada fivela da armadura até a última, pensativo, lembrando-se de como ele e Herrard eram os últimos que restavam de sua época; lembrando-se das conversas que tinham e dos momentos que partilharam juntos. Quando terminou, apoiou os braços sobre os joelhos, sentado no banco, ignorando as dores nas juntas.

— Ele morreu em batalha?

— Foi o que o mensageiro falou. Depois da Última Corrida. Levou três com ele.

— Bom. Muito bom.

E o assunto estava encerrado. Ediard ainda esperou, mas logo se retirou ao notar que nada mais sairia de sua boca.

O Cão olhou para seu machado e escudo. Apesar de afiada a arma precisava de um pouco de cuidado e as fivelas do escudo estavam folgadas demais. Havia trabalho a ser feito. 

O Cão Velho da Primeira Unidade se preparava para sua última batalha novamente.

 

— — —

 

O Sol os iluminava de cima. O astro gostava de assistir as batalhas dali. Do outro lado do campo os bárbaros xingavam e bebiam hidromel, abaixavam as calças e mostravam os traseiros ou urinavam adiante como se o fizessem sobre seus inimigos, os dentes podres sempre sorrindo naquele frenesi que precedia a batalha. Mesmo após toda uma vida de combates, o Cão continuava achando tudo aquilo engraçado. Parecia que não sabiam que seriam eles mesmos a pisarem sobre as próprias urinas ao marchar, e que estavam sabotando a si mesmos ao beberem tanto antes de lutar.

Pudera, alguns precisam da ajuda extra, ele ponderou.

Então começaram os insultos. Os bárbaros xingavam as mães, irmãs e filhas de todos do outro lado. Apesar de ser raro o sorriso em seu rosto, o Cão sorria por dentro – uma alegria passageira que logo era tomada pelas lembranças. Não tinha mãe nem irmãs vivas para levarem os insultos, e até suas filhas e filhos haviam ido para a cova antes dele. Estava vivo há muito tempo – tempo demais.

O Comandante vociferava algumas palavras a fim de manter a ordem na Unidade. Era um homem de quarenta e tantos anos, a quem o Cão respeitava pela destreza em combate e pelo temor que inspirava em sua postura. Era um homem prático: gritava instruções ao invés de palavras nobres e de apoio; preferia garantir que o máximo de almas sobrevivesse ao invés de garantir um ego inflado.

— Por fim temos conosco nosso Cão – era a voz do comandante, que se aproximava dele – em mais uma Última Corrida.

Sentiu a manopla de aço do homem tocar-lhe o ombro e soube que era a hora de dar um passo à frente. Súbito, o silêncio. Respeito. O Cão gostava daquilo. Mesmo os bárbaros do outro lado pararam de gritar, pois o viram dando um passo adiante e entenderam que ele era o Cão daquela unidade – um soldado velho demais para lutar; um homem que apenas buscava morrer em combate, com a honra que todo guerreiro deveria ter.

— Nosso Cão tem… quantos anos mesmo? –  O Comandante envolvera o braço sobre os seus ombros e o levava um pouco mais para frente – Quantas guerras você já lutou por nós? Quantas vezes já fez a Última Corrida?

— Toda batalha é isso agora? – O Cão ladrou, livrando-se do braço do comandante com um sacolejar – vamos logo acabar com isso – e, como ponto final, cuspiu sobre a grama.

Os soldados riram, e o comandante também.

— Quando você quiser, Cão.

E o homem se afastou, deixando-o na linha de frente formada por apenas ele mesmo. Sentiu o coração bater mais rápido e o suor descer pelas têmporas. Os tambores adversários começaram a tocar, mas seu coração batia mais forte no peito do que os instrumentos de batalha. Atrás dele, setecentos homens esperavam o seu primeiro passo. Adiante, mil e quinhentos aguardavam sua investida. Já não sentia as dores nas juntas e a visão afunilou, focada em um só objetivo. 

Projetou o corpo para frente e começou a correr. A Última Corrida. A corrida de sua morte.

Momentos depois sentiu a terra trovejar com os passos dos outros soldados atrás de si. Apesar de velho as pernas obedeceram bem e ele manteve a liderança. A distância entre ele e os inimigos nunca era grande demais, mas o tempo para chegar era sempre longo o suficiente para que toda uma vida cruzasse seus olhos.

Lembrou-se de quando era criança e de como sonhava em ser um herói. Lembrou-se de seu pai e de como teve que aprender a ser responsável quando ele faleceu, trazendo o alimento para a mesa. Lembrou-se de sua primeira paixão, e da segunda, então lembrou-se de sua esposa que, apesar de jamais ter sido uma paixão, inspirava respeito. Lembrou-se de sua mãe com carinho, e dos filhos com saudades. Vieram à mente os amigos, as vitórias e as derrotas, os aprendizados, o alistamento no exército e de como sua vida mudou ao longo das décadas. Pensou em todas as vidas que viveu, e em como não era nem de longe o homem que fora há dez, ou vinte, ou trinta anos atrás. Chegou à mesma conclusão de todas as outra vezes: estava na hora de morrer e, quando a morte viesse, sorriria. Então jogou todas as lembranças fora e focou nos inimigos adiante.

Viu uma muralha de escudos.

Muralhas de escudos eram difíceis de lidar e, como estavam em desvantagem numérica, seria um desafio duplamente mais perigoso. Porém, aquele tipo de defesa exigia disciplina e todos aqueles bárbaros estavam bêbados demais para manterem o braço firme, e seus olhos carregavam décadas de experiência em batalha para identificar todas as brechas sem pensar duas vezes. 

Viu um braço arriado e foi ali que chutou. O chute desequilibrou o adversário, e seis ou sete braços segurando espadas e machados desceram na sua direção, mas ele levantou o escudo a tempo de deter todos. A madeira se partiu e ele sentiu o braço absorver o impacto e perder parte do movimento, novamente deslocado. Gritou – não de dor, mas por adrenalina. Investiu adiante com um salto, caindo no meio dos inimigos e quebrando a formação adversária naquele ponto.

Foi ali que o resto da unidade chegou. 

O encontro dos dois exércitos soou como o encontro de dois enormes touros em investida e fez tremer o chão. O Cão golpeou à esquerda e encontrou um crânio, à direta e encontrou uma costela, então sentiu a perna falhar e se ajoelhou. O maldito joelho teimava em desobedecê-lo. Sentiu uma lâmina morder-lhe o ombro do escudo e levantou o braço – mesmo deslocado – a ponto de segurar o segundo golpe com o que restava da madeira ali pendurada. Uma lâmina aliada atravessou a garganta do bárbaro que o atacava e ele teve tempo para respirar. Tentou se levantar, mas aquele tipo de movimento na sua idade era um trabalho hercúleo por si só. Cambaleou como pôde, sentindo novamente as costas e as juntas gritarem. Defletiu um golpe por puro instinto, então matou mais um inimigo. Avançou. Uma espada atravessou-lhe a coxa e ele gritou e se ajoelhou, mas novamente alguém matou seu atacante. Levantou-se. Mancou adiante. Atacou pelas costas um bárbaro e percebeu que com aquilo salvara a vida de um rapaz. Avançou.

Quando notou, estava do outro lado. Havia passado da linha inimiga e, ao olhar para trás, viu homens gritando, o sangue jorrando e a batalha sendo ganha pelos aliados. Ao seu lado estava Ediard e ele entendeu que este fora o garoto que salvara. Ele o encarava com olhos arregalados, sem saber se o agradecia ou se voltava a lutar.

— O que foi? – o Cão voltou a ladrar.

Sem pensar outra vez, o garoto voltou à peleja. O Cão também. Ainda não era sua hora de morrer.

20 comentários em “Uma última batalha (Marco Piscies)

  1. Eneida Ferrari
    11 de abril de 2020

    7) Última batalha
    Homem velho que sente o peso da idade veste sua armadura de couro e pega sua arma. Preparou-se. Lembrou-se que já deveria estar morto. Doía-lhe o corpo. Os movimentos estavam lentos, mas preparava-se para o combate. Nesse ínterim, entra um soldado 40 anos mais jovem na tenda. Ambos vão para a batalha. Ele avança como se fosse agora sua última luta, mas ainda não chegou sua vez, não morre!
    ANÁLISE: História bem escrita, mas meio sem sentido. Tentou dar força para o texto, mas, na minha opinião, esse foco ficou a desejar.

  2. sergiomendessola
    11 de abril de 2020

    7. Uma última batalha (Ediard)

    A ultima batalha do Cão, e a batalha em que salva o rapaz seu protegido. Não seria esta a ultima batalha.

    Boa escrita, boa história… talvez com outro desenvolvimento atingisse uma melhor performance.

    Pontuação: 3,3

  3. Rafael Carvalho
    11 de abril de 2020

    Em primeiro lugar parabéns pelo conto, a escrita foi bem fluida e de fácil leitura Achei uma ótima ideia a de retratar um bárbaro no final de sua jornada. Talvez ele devesse morrido ao final do conto, acho que seria um final digno tanto para ele quanto para o texto, mas isso nem nada diminui a qualidade da obra, a meu ver, só daria um pouco mais de brilho.
    Parabéns pela escrita, boa sorte!

  4. Bia Machado
    11 de abril de 2020

    Resumo: Um recorte da vida de um guerreiro, que viveu mais do que devia, segundo ele.

    Desenvolvimento do Enredo: Particularmente, não gosto de contos dessa temática. Eles sempre me parecem mais longos do que na verdade são. Em uma primeira tentativa, reclamei logo nas primeiras linhas que não ia ser fácil a leitura. Ainda bem que me enganei! Apesar de não gostar da temática, gostei do texto. Me prendeu a atenção até o final, para saber afinal se seria realmente a última batalha daquele homem. Os diálogos poderiam ser um pouquinho melhores. O título me pareceu algo óbvio, mas ajuda a deixar o final surpreendente, já que segundo o narrador não será a última batalha dele. Fiquei pensando comigo mesma se “A Última Corrida” não seria melhor, porque quando essa expressão surgiu no texto pensei: “Última corrida? Como assim?” Eu não imaginava que esse momento em que eles saem correndo para atacar os adversários tinha esse nome, parece óbvio para quem lê muito desses textos, mas eu mesma nunca prestei atenção nisso.

    Composição das personagens: O Cão não é dos mais simpáticos, mas de alguma forma que não consigo compreender ele me cativou. Ponto para o narrador, creio eu. Uma coisa que eu gostei foi que senti muita confiança no Cão, além de sabedoria. Já Ediard aparece apenas como figurante, basicamente.

    Parágrafo inicial: Foi um tanto cansativo, mas levando-se em conta que tenho um pé atrás com essa temática, penso se o problema não é comigo.

    Finalização: Gostei do final. Fiquei pensando, por causa do título, que aquela seria mesma a última batalha. Segundo o narrador, não será. Eu fico aqui torcendo para que ele ainda tenha muitas outras.

    • Marco Aurélio Saraiva
      15 de abril de 2020

      Somos opostos né, Bianca? HAhahahahaha. Nossos gostos literários divergem bastante. Mas é para isso que estamos aqui, eu acho!! rs rs rs abração

  5. Claudinei Maximiliano
    10 de abril de 2020

    Uma última batalha (Ediard)

    Resumo: Um guerreiro já velho, apesar de sua vontade de lutar e sobreviver, não não tinha a força e saúde de outrora. Batalhou naquela que pensava ser sua última batalha, mas ainda assim conseguiu lutar e matar alguns combatentes.

    Comentários: O(a) autor(a) escolheu bem as palavras, linguagem clara e adequada ao texto. Não percebi propriamente a questão do “envelhecer”, mas sim a história de um velho guerreiro. Apesar da fácil leitura, o conto não prendeu a minha atenção, talvez por se passar em uma época distante, me fazendo, a todo instante, lembrar de filmes como O Senhor dos Anéis ou Qvo Vadis.

  6. Pedro Paulo
    10 de abril de 2020

    Coloco duas críticas que tangem a superfície do conto: realmente acho que o título deveria ter sido “A Última Corrida” e acredito que o final, embora não desaponte, poderia ter ganho mais espaço. Sei que o limite impede, mas então caberia a um remanejamento do que foi escrito para fazer caber um final mais impactante, embora este ainda encerre a história bem.

    É um conto muito bom, resgatando a história do velho guerreiro cujo único destino é a batalha e envolvendo com alguma mitologia própria que, embora brevemente tocada, satisfaz ao nos mostrar que há um sentido maior do que apenas a batalha e a velhice. É uma opção da personagem e isso explica muito do seu pragmatismo rudimentar e violento.

    A batalha final, dessa forma, estabeleceu-se como um verdadeiro clímax, ao ponto que também finalizou a leitura. Há bastante sentido no final aberto, é claro, pois seria um tanto clichê ler sobre os últimos pensamentos da personagem antes de sua morte e tampouco seria mais atraente vê-lo pairar invicto sobre um campo inimigo mortiço. Mas não sei, faltou algo.

    De todo modo, ótimo conto!

  7. Ana Carolina Machado
    8 de abril de 2020

    Oiiiii. Um conto sobre um guerreiro idoso que se prepara para o que seria sua última batalha. No começo vemos sua preparação, escolha do escudo e da arma. No fim ele faz o que era para ser a sua corrida final de morte, mas o jovem Ediard o salvou em momentos decisivos e talvez ele ainda vivesse para mais uma corrida. Gostei de como o conto mostrou o amor que o guerreiro tinha pelas batalhas e como queria morrer em meio a ela e um tipo de sabedoria que ele tinha devido às batalhas passadas. E o final supreendeu, pois mostra que talvez ainda tenha muitas batalhas para ele ou talvez na velhice ele encontre um outro objetivo e sonhos na vida .Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio

  8. Jorge Santos
    8 de abril de 2020

    Este conto é uma viagem na história aos tempos das batalhas medievais. O tempo concreto e o lugar não são indicados. Tanto podia acontecer na Terra Santa de Jerusalém como na Terra Média de Tolkien ou em qualquer um dos sete reinos de George RR Martin. Narra a última batalha de um guerreiro que é velho demais para combater mas que quer tombar no campo de batalha. O conto está bem detalhado, o ambiente opressivo e marcial está bem patente no texto. Creio que os tempos verbais poderiam ser mais bem cuidados, em especial no início. No final, o desfecho é inesperado: a última batalha não te tornou numa última batalha porque ele não estava sozinho. É este o lema deste conto, no meu entender: nenhum homem é verdadeiramente velho ou “dispensável” (entre aspas) enquanto estiver acompanhado. Só a solidão define a verdadeira natureza do homem. Neste conto a solidão do personagem é sentida, bem como o respeito que a idade impõe, nos dois lados da batalha.
    O conto tem bom ritmo e prende o leitor.

  9. Paula Giannini
    7 de abril de 2020

    Olá, Autor(a),

    Tudo bem?

    Resumo: Mesmo em idade avançada, Cão mantém sua coragem, e quer lutar pela honra de ser quem sempre foi, um guerreiro.

    Quando uma narrativa é boa, ela consegue fisgar o(a) leitor(a), independente do gênero em que se enquadre. Prova disto, está aqui, neste belo conto capaz de emocionar a leitora, ainda que escrito em um gênero que, à princípio, me faria torcer um pouquinho o nariz. Puro preconceito. O conto é ótimo, e traz em si dramas humanos que poderiam situar este soldado em qualquer momento da história, com o mesmo efeito catártico.

    Ponto alto, para o belo momento no qual o Cão vê toda a sua vida passar diante de seus olhos. Há quem diga que utilizar verbos que não exprimem ação, como “lembrar”, não seria uma boa ideia, entretanto, ao analisarmos este texto, percebemos que, quando bem utilizado, o verbo pode ser uma chave para emoção do(a) leitor(a).

    Parabéns por escrever.

    Beijos

    Paula Giannini

  10. Fabio D'Oliveira
    7 de abril de 2020

    Resumo: Um soldado velho se prepara para sua última batalha. Viveu lutando e morreria lutando. Simples assim. E, assim que pisou no campo, percebeu que, talvez lutaria por muito tempo ainda.

    Olá, Ediard!

    Narrativa frenética, hein! Sua narrativa é ágil, mas não muito fluída, sinceramente. Não consegui identificar bem o motivo, porém, travei em alguns pontos da leitura. Isso atrapalhou um pouco. Gostei muito do início e achei quase impecável: a forma como você descreveu o interior da tenda, as armaduras e armas, a mensagem do soldado. Descreveu tudo com cuidado, sem pressa, ficou muito bom. A leitura ficou mais difícil no combate. As cenas são rápidas demais, talvez com descrições imprecisas, e com algumas informações desnecessárias. Vou ressaltar um trecho que mostra isso:

    “Os tambores adversários começaram a tocar, mas seu coração batia mais forte no peito do que os instrumentos de batalha.”

    A menção repetida dos tambores, por exemplo, deixou o trecho mais “sujo”, dificultando a leitura. Poderia fazer algo desse tipo:

    “Numa disputa acirrada com os tambores inimigos, seu coração violentava seu peito. Ele amava aquela sensação.”

    Fiz no meu estilo, claro, mas existem formas bem eficazes de construir uma frase evitando duplas ou triplas menções. E isso você consegue lidar na hora da lapidação. Só fazer com calma que tu consegue, pois cacife literário para isso com certeza possui.

    A história é muito boa, o protagonista está bem desenvolvido. Poderia adicionar um detalhe ali e aqui, algo como uma saudade dos filhos, lembranças mais ternas, para humanizá-lo. Ele lembrou uma máquina de guerra, haha, parecia só pensar nisso. Eu gosto quando exploramos a pluralidade da humanidade, sua força e sua fragilidade.

    Sobre o tema, ele está presente, sim, mas não é tão forte. Cão sente as dores do envelhecimento e está esperando morrer de forma honrosa, ou seja, no campo de batalha. Mas não há um aprofundamento da relação com o fato de estar velho. Existem vários cenários para explorar, desde o cansaço de estar vivo e lutando, desde uma frustração por ter envelhecido, vendo todos morrerem ao redor e ele ficar para trás, ou não conseguir lutar mais com o mesmo vigor de outrora. Etc, etc.

    Mas isso não irá impactar muito a nota, com certeza. Acredito, apenas, que você tem potencial para melhorar esse conto!

  11. Rubem Cabral
    7 de abril de 2020

    Olá, Ediard.

    Resumo da história: um velho é um “cão”: alguém que é idoso demais para lutar, mas que quer ter a honra de morrer em batalha. Ele tem um problema no ombro e foi um guerreiro hábil quando mais novo. Já foi casado e teve filhos, mas sobreviveu a todos os que lhe eram próximos. Quando a batalha acontece, ele luta como alguém experiente e, apesar de não ser mais o mesmo, consegue ferir muitos inimigos, embora tenha se ferido outra vez. Ao final, por ainda se encontrar vivo, retornou à batalha.

    É uma boa história de aventura. As referências levam a crer que talvez os guerreiros fossem vikings. As cenas de batalha e as da preparação antes do combate foram muito bem descritas, dando muita vivacidade às descrições.

    Boa sorte no desafio!

  12. Paulo Luís
    5 de abril de 2020

    Resumo: Num acampamento de soldados à moda capa-espada, um velho guerreiro experimenta armas e protetores, adequados ao seu estilo, enquanto chega a hora da próxima batalha.

    Gramática: Sem deslizes aparentes, apenas algumas frases pretensiosas, mas sem sentido, como: (O astro gostava de assistir as batalhas dali).

    Avaliação: Aqui temos uma narrativa à moda conto fantasia capa espada, de enredo simplista e cenário óbvio, assim como a narrativa, que não traz nada de novo. Embora com começo, meio e fim bem delineado, e que atende o exigido pelo desafio perfeitamente.

  13. Catarina Cunha
    3 de abril de 2020

    Resumo — Guerreiro experiente luta contra suas dores do envelhecimento para ter a honra de morrer em combate. Mas não nessa batalha.

    Técnica — As imagens estão muito bem definidas e a ação descritiva enxuta. Trabalho difícil.

    Trama — Poderia ser apenas um curta de ação de capa e espada, mas o (a) autor (a) soube aprofundar a personalidade do personagem com sabedoria.

    Impacto — “As dores da preparação eram maiores do que as dores do combate.” Uma bela síntese da valente vida do idoso.

  14. Fernando Cyrino
    1 de abril de 2020

    Meu caro Ediard, que história bonita você me trouxe. Um velho que se prepara e vive o que seria a sua última batalha, a última corrida. Um guerreiro de muitas lutas, de tremendas histórias. O cão velho daquela unidade guerreira que deseja morrer tal como viver, lutando. E enquanto ele se prepara e até quando corre rumo aos inimigos, ele reflete… Bem, Ediard, pra te contar que você escreve lindamente. Parabéns. A leitura da sua Uma última batalha me trouxe encantamento. A história flui com naturalidade. Não há trancos que dificultem o entendimento. Um domínio muito legal do idioma. Cara, você é dos grandes desse desafio. O que mais dizer? Parabéns! Bravo, bravíssimo!

  15. angst447
    31 de março de 2020

    RESUMO:

    Cão é um guerreiro valente, mas já idoso, que se prepara para a próxima batalha como se fosse a última de sua vida. É respeitado pelos demais devido aos seus feitos heroicos, mas só ele sabe quanto lhe pesa o fardo da velhice. A batalha se inicia com o seu primeiro passo, sendo seguido pelos demais cavaleiros da tropa. A batalha é sangrenta, e Cão recebe novos ferimentos, mas consegue ainda assim salvar o jovem Ediard. Então percebe que alcançou o campo inimigo novamente como um vencedor. Ainda não era o seu dia de morrer.

    _________________________________________________________________-

    F  Falhas de revisão  Esta é a parte que menos importa na minha avaliação. Só para constar mesmo.
    Não encontrei falhas de revisão, apenas uma pequena divergência quanto as vírgulas. Mas deve ser implicância minha mesmo.
    I  Impacto do título Título sucinto que traz um toque de poesia ao tema.
    C  Conteúdo da história A história lembra um pouco da trama de Games of Trones, pois ali também há um personagem chamado de Cão – O Perdigueiro. Com certeza para quem gosta de narrativas com batalhas e cavaleiros destemidos, o conto é um deleite. De qualquer forma, está muito bem escrito e prende a atenção mesmo não sendo da minha preferência. Consegui visualizar bem as imagens construídas e considero muito boa a caracterização do protagonista. Enredo bem trabalhado, sem voltas desnecessárias. O começo é meditativo, mas logo a trama é focada na ação, o que agiliza a leitura
    A  Adequação ao tema  Tema abordado com sucesso.
    ____________

    E  Erros de continuação  Não foram encontradas falhas de continuação.
    M  Marcas deixadas  Deixa uma reflexão sobre a finitude da vida. Na velhice, cada dia é uma última batalha.
    _____________

    C  Conclusão da trama  Um ótimo final, embora ser trazer qualquer surpresa. Muito plausível o desfecho que se liga afinal ao título.
    A  Aspectos quanto à originalidade do conto  A abordagem do tema “envelhecer” com essa roupagem de guerra medieval fugiu ao esperado.
    S  Sugestões  Nada a sugerir.
    A  Avaliação final O conto apresenta alto nível de escrita e atenção minuciosa aos detalhes da narrativa. Surpreendeu-me por não ser aborrecido e prender minha atenção até o final. Muito bom!

  16. Inês Montenegro
    26 de março de 2020

    Velho demais para lutar, Cão prepara-se para mais uma Última Corrida, uma oportunidade de morrer em batalha. O conto centra-se nos preparativos de Cão e no início da batalha, bem como nas suas considerações sobre o passado e a comparações com o presente.
    O conceito de um Cão Velho de Unidade e de uma Última Corrida – que, como o conto deixa bem evidente, pode muito bem não ser a última – é interessante, e a narrativa equilibrou bem os elementos introspectivos com as descrições do espaço/eventos exteriores ao protagonista. Cão vai sendo construído ao leitor por uma caracterização essencialmente indirecta, e bastante completa, mas que repete demasiado a ideia do quanto ele é – e se sente – velho, levando a uma certa exaustão para o leitor. Houve também um alongamento desnecessário nas descrições da preparação para a batalha, que tornaram esses trechos morosos: poderiam ser encurtando, não existindo tanta necessidade de detalhes.

  17. cgls9
    25 de março de 2020

    O Cão, é um velho soldado em preparação para uma batalha, é um homem sozinho no mundo, sem raízes ou vínculo familiar. É um guerreiro honrado, destemido, calejado nos campos de batalha. Aí, acontece a batalha e, apesar da idade avançada e do corpo desgastado, ele se sai bem. Não era seu dia de morrer.
    Considerações:
    O autor (a) trabalha muito bem o detalhamento de cada cenário ou ação, ficando para mim, que esta seja sua principal característica, infelizmente, também sob meu ponto de vista, não traz muita novidade. Não surpreende. A mim, pareceu o aviamento de uma receita consagrada, muito bem executada, mas sem a criação de algo novo.

  18. Cilas Medi
    24 de março de 2020

    Olá Ediard. Pergunto: Você participou dessa batalha?!
    Um velho guerreiro, preocupado em estar pronto, antecipando e limpando a armadura, avaliando o estado mental e emocional nesse momento, augurando ser, dessa vez, a corrida para a ultima batalha.
    Ao lembrar-se da possibilidade da morte, entre companheiros, o chamar de Cão, significa ser ele um velho guerreiro e que todos que o cercam sabem dessa condição e a ele dão a primazia da primeira linha de batalha.
    Durante a corrida, o pensamento vai para a vida que teve, esposa, filhos, as batalhas, o sangue, o preparo e as conquistas, o lutar por lutar ser o principal em sua vida.
    Um relato completo, perfeito, digno de ser “lembrança” do ato e fato e não um simples conto, permeado de frases fortes, encontros marcantes e o rasgar das emoções, corpos, feridas e não conseguir, mais uma vez, a morte gloriosa.
    Vamos voltar. O garoto aprovou. Ajustaram o ombro e volta à peleja.
    Sorte no desafio. Gostei muito. Abraço!

  19. Fheluany Nogueira
    23 de março de 2020

    Um velho guerreiro se prepara para uma última batalha corpo-a-corpo, enfrenta a luta e sai vencedor.

    O texto traz aspectos filosóficos, históricos, críticos ao mostrar a decadência do protagonista. O título e algumas passagens levam o leitor a acreditar na morte do idoso, mas, ao final, a sua sobrevivência é uma surpresa.

    Muito boa ambientação. Os dilemas vivenciados nesses campos da vida são retratados com verossimilhança e algumas cenas fazem lembrar a série VIKINGS.
    Um conto interessante, leitura agradável, conservando o tom melancólico com que a velhice é abordada.

    Parabéns e boa sorte. Abraço.

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Publicado às 22 de março de 2020 por em Envelhecer, Envelhecer - Grupo 2 e marcado .