EntreContos

Detox Literário.

Dentista-Prático (Carolina Pires)

 

Na década de setenta, mudou-se para uma cidadezinha esquecida no interior de Minas Gerais um dentista que atendia pelo nome de Divino. Velho de manias, mas correto como todo homem deve ser, Divino tratou logo de conquistar uma boa clientela. Arrancava dentes podres, confeccionava dentaduras artificialmente sadias, obturava bloco resistente, limpava gengiva de tabaqueiro e era sério feito o diabo. Era um dentista-prático, com hífen mesmo, um profissional do setor informal de mão-de-obra odontológica. E era só nestes, que nasceram para ofício queimando nas veias, que o povo matreiro do interior realmente confiava.

— E o quê que vale um diproma pindurado na parede se o que presta memo é uma coroa bem infiada naquele dente lá de trá da boca?

— Arreda a cadera e vai sentano, Bosta de Porco! — emendou Divino, envaidecido que só ele com o elogio do paciente.

E não pense que o vocativo usado pelo dentista foi alguma espécie de xingamento. Era assim mesmo que Ernesto da Costa Pinto era chamado. Está maluco que Divino destratava cliente e brincava em serviço? De jeito nenhum! Bosta de Porco era apelido. E não tinha nada a ver com o cheiro que saía dele. Feder, ele até que fedia, mas era daquele perfume antigo, barato, que vinha sempre na bagagem de caixeiro viajante.

Bosta de Porco só saiu do consultório depois que Divino o deixou de boca tinindo. E para completar, fez o serviço fiado. Confiava nos seus devedores assim como os devedores confiavam no serviço dele. Divino achava bonita essa frase porque parecia por demais com alguma coisa que Cristo falou um dia.

Com isso, a boa fama de Divino começou a ser construída. Sua reputação ilibada culminou-se quando, por falta de um médico no hospital largado da cidade, foi chamado para auxiliar a parteira Timita num parto complicado lá no morro da cidade. O menino nasceu já roxinho, mas chorou mais que viola em seresta de madrugada.

— De manera que o minino nasceu no dia de todos os santos e tem vida por causa do Seu Divino, há de ter o memo nome. — decretou a parteira, tão negra quanto o rebento, que tão cedo nasceu já recebeu o apelido de Xororó.

Mas como nem tudo são flores, benditos e frutos, deparamos com o primeiro grande dilema de nosso estimado herói. Tudo desandou quando passou muito do dia marcado de Divino receber o pagamento do devedor. A caderneta preta no canto do consultório desatinava a cabeça do dentista como um dente zangando a carne machucada. Apenas um nome sangrava com tinta vermelha: Ernesto, devedor.

O fato é que Bosta de Porco vivia de fazer bicos. Um serviço aqui, outro acolá. Depois de passar a tarde inteirinha capinando o quintal do Furtado, havia gastado todo o vintém recebido no estabelecimento da esquina. Muitos chamavam sua doença de safadeza, falta de vergonha na cara, boemia…

—  Gastou o dinhero todo no bar do Seu Zé Cutia. Encheu o cu de cachaça, Seu Divino! — falou Apolônio sentado no banco da praça. — Por que ocê não cobra ele?

—  Eu num levo prumo pra essas coisas, não… Ele é homi, sabe que deve…

Não demorou muito para que todos da cidade já dessem conta da vida e da dívida de Ernesto. Olhares censuradores perseguiam o rastro do álcool impregnado. Os globos oculares obsessivos cobravam muito mais do que qualquer agiota encrespado e com sede de vingança.

Com o intuito de fugir da obrigação de pagar, como também de tirar das próprias costas a culpa que a comunidade lhe empurrava goela abaixo, Bosta de Porco começou a declarar – primeiro bêbado, depois sóbrio – que não pagaria pelo serviço do dentista-prático. Apontava machucados na boca, discorria sobre hálito prejudicado, afirmava que dentista bom é o que tem o diploma na parede.

— Dentadura malefeita não merece pagamento… Ele não tem nem diproma!

Pensando ter sido a melhor solução, uns até já concordavam com o devedor balançando a cabeça e oferecendo rapé da caixinha, Bosta de Porco voltou a dormir tranquilo. Seu erro fatídico. Porque enquanto seu sono corria solto com direito a flatulências fermentadas, quem não dormia mais era Divino.

Decidido a por um fim naquela história, ele passou a mão no 38 que guardava dentro na gaveta – bem debaixo da bíblia sagrada que ficava a aberta na parte dos mandamentos que ninguém seguia porque não conseguia – e partiu atrás de Ernesto da Costa Pinto. Sim, não era mais nem bosta, nem porco. Para Divino, Ernesto não era mais digno de apelido. Era o homem que maldizia seu serviço e que precisava pagar por isso. Se não fosse com dinheiro, seria com a vida.

Vou ser bem direto, foi em frente ao boteco do Seu Zé Cutia que os tiros rolaram soltos em direção ao peito de Ernesto. Dentista-prático tem mão firme e mira certeira. E arrisco dizer que se Divino tivesse parado por ali, até que muitos o defenderiam. Mas ele ainda não tinha se sentido vingado o suficiente. Fazer dentadura dá trabalho. É um tal de tirar molde, misturar pó com líquido para virar resina, esperar secar. E o acabamento então? Ô trabalheira dos diabos.

Divino sentiu o bolso direito pesar. Um peso absoluto, incômodo, tentador. Retirou dele, com uma calma invejável, o canivete que lhe pesava. Curvou-se sobre Ernesto e cravou a lâmina afiada no pescoço, cortando-o de fora a fora. O sangue grosso manchou parte da cara de Divino, escorreu por entre as pedras da rua. Em seguida, lenta e involuntariamente, a dentadura escorregou para fora da boca de Ernesto. Como um sorriso mudo, ela consolidou-se em um ornamento sinistro na rua Paulo Honório.

Um tiro dá cadeia? E dois? E três? E se for o tambor  inteiro e mais um canivete afiado? Eu, sinceramente, não sei explicar como as leis funcionam naquelas terras – e olha que sou de lá. O fato é que Divino não foi parar na cadeia, considerada muito pouco para ele. O vingador foi encaminhado para outro tipo de prisão: o hospício. O maior e mais afastado do Estado. Bem ali, onde o filho chora e a mãe finge que não escuta.

No início não foi nada fácil. Seu Divino foi privado de comer, andava nu por entre outros, tomava banho de mangueira – e isso não era uma coisa boa. Quando estava distraído devido a certas seringas de conteúdo branco, levava mordida de doido de tudo quanto é tipo. Os dentes cravados nas costas, braços, nádegas, remetiam-lhe à dentadura ensanguentada sorrindo-lhe, sozinha, no meio da rua.

Depois de algum tempo, era Divino que mordia. Mordia de raiva, de medo, de fome. Ficara louco? Ou louco sempre fora?

— E quem é que entra aqui e sai são um dia? — disse um enfermeiro gordo jogando Divino contra a parede cinza. — E para de dizer que não é doido, vai ser pior pro cê.

O tempo naquele lugar passava de forma diferente. Foi ali que Divino aprendeu o verdadeiro significando da expressão “é relativo”. Começou a relativizar tudo. Relatizava a morte de Ernesto, a sua existência, até a evolução humana. Num lugar onde os hóspedes são tratados como animais, não foi difícil para Divino entender que apenas um pedaço de pau com objetivo separa os homens de outras espécies. E foi assim que conseguiu sobreviver. Bateu no peito como um primata em pleno refeitório no sábado à tarde, fez-se louco. Um louco com função.

Dentro de um tempo impossível de ser mensurado, Divino conquistou a simpatia da equipe técnica. Era um verdadeiro suplício obrigar doido a tomar remédio. Às vezes precisavam de três ou mais pessoas para fazer um engolir o comprimido amargo. Quando viam que era esse o caso, chamavam logo o dentista-prático.

— Seu Divino! Esse aqui não quer colaborar…

Então ele se aproximava e estendia o remédio. Bastava um olhar e o louco se endireitava rapidinho. Engolia a medicação como se fosse pipoca doce na feirinha da cidade.

Dizem que o dia da partida de Divino do hospício foi uma choradeira danada por parte dos funcionários e uma comemoração emocionada pelos loucos varridos. Como não tinha família, Divino saiu de lá sem eira nem beira, sozinho. Pegou o cata-jeca – termo carinhosamente usado para ônibus – e foi em direção ao único lugar que ele poderia chamar de seu: o consultório.

Desceu na encruzilhada dos treze quilômetros e começou a percorrer a pé a estradinha de terra que levava à cidade. A cada passo sentia-se um desgraçado. O sol na moleira só complicava ainda mais as coisas. Não sentia gozar de todas as suas faculdades mentais. Estava mesmo fadado a ser louco?

Enquanto remoía o medo da loucura que lhe rondava, ouviu um barulho vir do mato. Esfregou os olhos com força quando avistou um leão cruzar a estradinha acompanhado de duas leoas. Atrás de si, a tromba de um elefante tocou o seu ombro displicente. Divino não se moveu diante da certeza que mais temia: ficara realmente louco. Olhou para uma árvore que balançava na beira da estrada, pulando nos seus galhos, dois chimpanzés faziam arte. Sorriu para eles e acenou, entregou-se por inteiro ao seu estado de alucinação.

Parado mais a frente, estava um homem de chapéu estranho, bigode com pontas para cima e um sobretudo colorido. Olhava espantado para a tranquilidade que Divino recebia o cumprimento do elefante e para sua animação ao cumprimentar os macacos. Aproximou-se com cautela do dentista, com receio de chamá-lo de doido, enquanto seus empregados traziam as jaulas puxadas por carros e trailers.

— Estou levando meu circo para a próxima cidade e deparei-me com o infortúnio das jaulas se abrirem devido aos demasiados buracos da estrada. Se puder distanciar do elefante, com cuidado, com muito cuidado, eu poderei te dar uma caroninha.

Se alguém já disse que é impossível ficar aliviado e aterrorizado ao mesmo, mentiu. Naquele momento, Divino sentiu as duas coisas ao mesmo tempo. Terror porque estava perto da morte. Alívio porque, afinal, não estava assim tão louco. Distanciou-se do elefante e aceitou a carona do dono do circo.

Tão cedo chegou na cidade, abriu logo o consultório. Mas nem alma penada passava por lá. Olhares desconfiados, passos apressados e cochichos por toda a parte. A cidade inteirinha borrava as calças de medo do Divino.

Ocê pensano que doido de sentar naquela cadeira e dever um sirviço? E se eu não tiver o dinhero pra riscá meu nome da caderneta dele?

Si não tiver cê tá pirdido! Acho que vendo meu cu mas num devo um vintém pro Divino Matador.

Divino Matador – como agora era chamado – já não tinha o que comer. Como ele já havia passado pela fome lá na prisão peculiar que ficara, sabia exatamente o quão penosa era a tal experiência do estômago vazio. Quando estava sem um pingo de esperança, pronto para dar cabo da própria vida, ouviu alguém chamar do lado de fora. Era o dono do circo.

— Opa!

— O senhor que é o tal Divino Matador?

— Meu nome é Divino, mas matar mesmo eu só matei uma vez. — respondeu meio sem jeito. — Meu ofício memo é dentista.

— O senhor me desculpa, mas foi como te chamaram. Estou necessitado mesmo é do ofício de dentista e de um homem corajoso. E pelo o que eu vi na estrada, encontrei a pessoa certa.

Sr. Aprígio Rezende e seu bigode com pontas para cima ganhou a simpatia de Divino que aceitou logo o serviço. Havia dias que o leão do circo estava com dor de dente, mal comia e ninguém se atrevia a se aproximar dele. Aprígio sabia que estava prestes a perder o trunfo do circo. Depositou todas as esperanças em Divino que entrou na jaula como se fosse na zona, numa animação surpreendente – era a fome. O dentista-prático, com habilidade nata, encontrou o dente ruim e em poucos segundos retirou-o da boca do animal, levantando-o para cima como quem ergue um troféu.

Divino Matador virou herói para o pessoal da caravana. Quando o circo foi embora depois de trinta dias, Divino fechou o consultório com cadeado e decidiu seguir com ele. Viajou pelo Brasil todo, arrumando dente de bicho e fazendo sua fama. Em alguns anos ele ficou conhecido como Dentista de Bicho Brabo. E foi por causa desse apelido que recebeu a incumbência de curar o dente do bicho mais temido do planalto: o General Salgado.

Não se sabe bem ao certo o que se sucedeu. O que eu fiquei sabendo foi que o dente não ficou bom não, porque o tal general era pior que veneno de cobra jararaca. Depois de ter feito o serviço na boca do militar, botaram fogo no circo e Divino passou anos desaparecido. Ninguém sabia do paradeiro dele.

 Por fim, apareceu vivo em 1985 lá na cidadezinha do interior.

— Pois eu te juro, Bastiana. Eu vi com esses zói que a terra há de comer! — disse a Maria da Cotinha. — Chegou ontem, puxano de uma perna, com a língua mei atrapalhada e cego de um ôi.

— E quem é que teve coragem de mexer com um homi daquele? Será que foi lião?

Lião que nada! Deve ter sido bicho muito mais pirigoso.

Divino sentou no banco de madeira que ficava em frente ao consultório pensando se viria mesmo algum cliente para atender. Seu olhar era duro e distante. Viu se aproximar um menino negro, pé no chão, com uma caixa de madeira apoiada no ombro.

— Engraxate! Engraxate! — gritava aos ventos. — Quer engraxar o sapato, sinhor?

Divino ficou parado um tempo, mas acabou por afirmar com a cabeça, aceitando a oferta. O moleque lhe dirigiu um sorriso grande, branco, com uma cárie pretinha enfeitando os dois dentes da frente.

— Hoje tá quente, heim, sinhor? É o dentista novo daqui da cidade? — indagou o menino com uma felicidade tão pura, tão dele. Passava o paninho para lá e para cá com destreza. — O sinhor não é de muita cunversa não, né? Tem pobrema não, eu é que falo mais que a fofoqueira da Maria da Cotinha.

— Qual seu nome? — perguntou com dificuldade, a língua meio embolada.

— Meu nome é Divino, sô. Mas aqui sou conhecido como Xororó.

O dentista-prático já desconfiava, só queria confirmação. Depois de ver seu sapato velho brilhando como nunca, entrou no consultório, trouxe um trocadinho e entregou para o engraxate.

Agradicido

— Sabe ler? — perguntou, pegando-o de surpresa.

— Sei não, sinhor. — quase que o sorriso careado desmancha.

— Quer ser dentista?

— Dentista? Eu? O sinhor vai me ensinar o ofício?

Divino tentou sorrir, mas não conseguiu.

— É. Primeiro vai ter que aprender a ler… — retrucou. — Mas eu te ensino isso também.

— Minha nossa senhora! — ria bobo numa alegria contagiante. — Minha mãe nem vai acreditar num trem desse, ! Vou ser dentista! Começo quando?

Divino tentou retribuir o sorriso do menino outra vez, sem sucesso.

— Por mim, pode começar agora…

Xororó largou a caixa de madeira no chão e esfregou uma mão na outra, animado. Tinha alguma chance de aquilo não dar certo? Nenhuma. Afinal, para se tornar um dentista-prático e para aprender a sorrir só uma coisa é necessária: a prática.

Publicidade

24 comentários em “Dentista-Prático (Carolina Pires)

  1. M. A. Thompson
    15 de dezembro de 2019

    A história de um dentista sem diploma que acaba com a vida de um caloteiro e devido a atrocidade do crime é internado como louco. Após sair passa a cuidar dos dentes de animais, mas ao tratar de uma pessoa influente algo dá errado e ele volta todo quebrado para a sua cidade. Adorei a forma como amarrou a história, foi uma das minhas preferidas. Parabéns.

  2. Adauri Jose Santos Santos
    15 de dezembro de 2019

    Resumo: É a estória de um dentista do interior de Minas Gerais que não tem diploma. Esse dentista tem um desafeto com um cliente que não quis pagar uma consulta e, depois de matá-lo, vai parar num hospício.
    Comentários: Achei uma boa estória, gostei como a linguagem típica é usada, bem criativo! O enredo é interessante, tem linearidade e é bem construído. Quase nenhum problema de revisão.

  3. Elisabeth Lorena Alves
    15 de dezembro de 2019

    Dentista-Prático
    * Zé Penca
    Resumo. A saga de um dentista-prático e suas desventuras. Os caminhos controversos que mudam seu destino.De bom homem à matador, de louco à professor.

    Comentário.
    Texto longo. Cansativo até. Parece que do começo ao fim passa o tempo de uma vida. Mas dá para ler em uma única sentada.
    A rede semântica e a ambientalização ajudam e diminuem o malquerer com o texto. O tema escolhido também é interessante. Fica um pouco de poeira no ar, uma nostalgia qualquer, embora não seja exatamente poético. Até porque o texto é mais mímesis que poiesis.

  4. Ricardo Gnecco Falco
    15 de dezembro de 2019

    Resumo: o conto narra as aventuras de Divino, um dentista de uma cidadezinha de interior que se envolve em um crime e vai parar num hospício. Ao sair da instituição, acaba rodando o país com uma trupe circense, até voltar para sua cidade de origem e decidir ensinar suas habilidades para um jovem em cujo parto ele havia auxiliado.

    Impressões: um ótimo texto, muito bem escrito e estiloso na medida certa. Enredo bem interessante e bem executado. Como sugestão, deixo a alteração da expressão final (minha Nossa Senhora), que como em vários outros pontos de fala, poderia ser “mineirisada” também, aumentando ainda mais a imersão na obra. Gostei bastante! Parabéns!

  5. Jowilton Amaral da Costa
    15 de dezembro de 2019

    O conto narra as aventuras e desventuras de Divino, dentista-prático, que acaba matando um cliente que lhe devia o valor do tratamento e é preso em um manicômio. Depois de sair da prisão para loucos, o Prático, agora conhecido como Divino matador, retorna a sua cidade mas acaba por seguir com um circo para ser dentista de animais ferozes.

    Achei um bom conto, tem ares de causo, com sotaque regionalista e interiorano bem definido e bem colocado. A narrativa em terceira pessoa é bem feita conduzindo o leitor sem nenhum percalço. Acredito, inclusive, que tenha alguma base real na história, que Divino tenha realmente existido. Boa sorte no desafio.

  6. Thiago Barba
    13 de dezembro de 2019

    Dentista é sucesso na cidade até matar cliente devedor, depois de passar um tempo no manicômio e no circo, reencontra um menino que ajudou no parto e resolve ensiná-lo o ofício de dentista.

    Técnica: 4,5
    Criatividade: 4,5
    Impacto: 4,0

    Conto bem-humorado com uma técnica interessante. O sotaque ao mesmo tempo atraente à técnica, acaba me travando alguns momentos tentando falar para ver se está correta, pois nem sempre parece ser tão bem fluída. “Não” e “num”, por exemplo, estão misturados nas falas. Entendo que certas personagens podem falar “não” e outras “num”, mas em uma frase, a mesma personagem fala as duas formas. Jornada do herói contada de forma bem interessante. Não é de forma alguma um clichê do formato, característica esta muito fácil de cair ter nesse tipo de narração. Acho que o final acaba não sendo tão agradável (para mim), parece que faltou alguma coisa, alguma surpresa, pois o enredo traz sempre coisas interessantes e o desfecho não me pegou muito. Gosto da criança voltar, pois estava incomodado dela aparecer, mas talvez faltou um toquezinho de um pouco mais de poesia nesse encontro.

  7. Cicero G. Lopes
    12 de dezembro de 2019

    Resumo:
    Zé Penca, o autor, nos conta a epopeia do dentista-prático chamado Divino; sua desavença com o “Bosta de porco”, por conta que este último não só, não lhe pagou, como também difamou seu ofício, cobrando um “diproma” que nunca fez falta a Divino, na hora de arrancar os dentes podres daquela gente. A confusão caba em morte, Divino mata o infeliz e depois lhe arranca a dentadura. Condenado ao hospício, resgatado pelo circo para cuidar dos leões e depois de socorrer até generais, velho e cansado, Divino retorna ao começo e reencontra um moleque, o qual havia ajudado a trazer para o mundo e então, decide ensinar seu ofício ao menino.

    Considerações:
    É mesmo uma epopeia. Parece o resumo de algo maior. Conseguimos visualizar os personagens e embarcamos fácil nas desventuras do Divino. Como me pareceu um resumo, fiquei com a impressão que faltam temperos nessa história – que provavelmente foram perdidos na edição.

  8. Claudinei Ribeiro Novais
    12 de dezembro de 2019

    RESUMO: A história se passa em uma cidadezinha no interior de MG. O dentista era um bom profissional, sem diploma, mas com conhecimento prático que lhe permitia atender a clientela e prestar um bom trabalho. Popularizou-se de tal forma que certa vez, na ausência de um médico, ele foi chamado para ajudar em um parto. Certa vez atendeu um cliente de nome Bosta de Porco, cliente este que não pagou pelo serviço e, ainda, divulgou boatos negativos sobre o profissionalismo do dentista. Tais comentários tirou o dentista do sério e o mesmo resolveu por um fim na situação: foi até o Bosta de Porco e o matou. Após o assassinato, ao invés de ser preso pelo homicídio, ficou confinado em um manicômio, onde passou anos. Ao sair do manicômio, conseguiu trabalho como dentista de animais de circo, até o dia em que decidiu voltar para sua cidade. Entretanto, lá chegando, ninguém queria se tratar com ele, pois todos tinham receio de, no caso de não conseguir dinheiro para pagar o tratamento, fossem assassinados pelo dentista. Por fim, o dentista reencontra o garoto que ele havia ajudado no parto, agora já adolescente, e se propõe a ensinar o ofício de dentista prático ao garoto.

    CONSIDERAÇÕES: Trata-se de um conto bem escrito, daqueles que lembram enredos de filmes nacionais ambientados em cidades afastadas do interior do Brasil. Uma leitura gostosa que conduz o leitor ao ambiente da história. Leitura agradável que prende a atenção do leitor desde o princípio até o final do conto.

  9. Rafael Penha
    10 de dezembro de 2019

    RESUMO: Divino era um dentista de uma pequena cidade do interior tem sua história contada. De famoso dentista a assassino, louco e acompanhante de circo, vemos sua saga se desenrolar até o desfecho na cidade onde exerceu seu ofício por tanto tempo, onde se prontifica a ensinar a um jovem seu ofício.

    COMENTÁRIO: O constante tom jocoso do conto é por si só um convite a continuá-lo lendo até o final. Há um ar de “causo” ou anedota que confere ao conto um tom leve e divertido.
    O personagem principal não é muito desenvolvido, mas nem é necessário, só achei pouco verossímil sua súbita mudança, de dentista pacato a assassino cruel, e em seguida, a louco ameaçador. De resto, a parte do circo foi bem interessante e divertida. O final, de certa forma, otimista e tragicômica combinou bem com todo o clima do conto.
    Quanto a gramática, não houve qualquer problema que me tirasse do conto.
    Talvez os maneirismos das pessoas falando e os nomes jocosos (como Bosta de porco) tenham sido um pouco forçados, mas contribuem para o clima do conto. No geral, gostei!

  10. Paulo Luís
    6 de dezembro de 2019

    Olá, Zé Penca, boa sorte no desafio. Eis minhas impressões sobre seu conto.

    Resumo: Dentista de cidade interiorana, grosso como o Analista de Bagé, atende cliente, tão grosso como o próprio. Este, após uma bebedeira, diz que não vai mais pagar o serviço dentário e a prótese. O dentista, indignado com a afronta o mata e fica louco, sendo recolhido ao manicômio. A partir de então a história vira um sucessão de situações.

    Gramática: Incomoda bastante a tentativa de escrever a moda caipirez, mas sem o domínio deste, se limitando a expressar clichês, muito embora, pela gramática normal nada que desabone.

    Comentário crítico: A princípio o conto parece cheio de graça, com uma historieta entre personagens típicos do interior, com suas graças e artimanhas. De repente vira um pandemônio de episódios despropositados numa infinidade de situações. Mesclado com frases para causar efeitos de humor. E acaba mais sem graça ainda do que pretendeu de começo.

  11. Pedro Paulo
    3 de dezembro de 2019

    O conto segue à maneira de um causo, uma “história de interior”, de uma personagem que é quase uma lenda da cidade, contada, claro, por um antigo morador da cidade. A narração é fluida e comedida, mais detalhada em alguns trechos e mais aberta em outros, tratando de passagens maiores de tempo, nas quais transcorrem mais fatos desse sofrido personagem. E, em falar nele, é uma personagem que cativa justamente por fazer valer suas qualidades nas mais diversas situações pelas quais passou, todas essas bem particulares, cada qual com pelo menos um momento de descrição mais profunda que fez bem à sua caracterização. Do mesmo modo que esse balanço narrativo existiu, outro elemento bem-vindo foi as pequenas considerações feitas pelo narrador, não numerosas, mas interessantes para consolidar no conto o seu aspecto de oralidade. Enfim, um conto cativante, divertido e até comovente, que fecha um círculo de forma inesperada, aproximando o trágico protagonista de uma criança que levara o seu nome e viera ao mundo com seu auxílio. Talvez ganhe o mundo da mesma forma, para além de ser engraxate. É uma mensagem de esperança em uma história de tragédia.

  12. Elisa Ribeiro
    3 de dezembro de 2019

    As peripécias do dentista-prático Divino que mata um de seus clientes por causa de um serviço não pago, é internado em um hospício, ao sair se torna dentista de animais selvagens, viaja o Brasil com um circo, sofre um revés após tratar o dente de um militar e termina ensinado a um engraxate seu ofício de dentista.

    Gostei da atmosfera meio picaresca do seu conto. Curioso que apesar de certas situações improváveis, a história soa realista em seu retrato da vida interiorana no país. A criatividade aparece no escorregar de episódios insólitos na trajetória do protagonista. Há um bom uso da linguagem que se combina de forma harmônica com o enredo.

    Em termos de estrutura, é um enredo que conta as peripécias do personagem principal com prejuízo da construção de um clímax e um desfecho, o que acaba prejudicando um pouco o impacto da história.

    Desejo sucesso no desafio e em tudo mais.
    Um abraço.

  13. Fabio Monteiro
    1 de dezembro de 2019

    Dentista Pratico

    Resumo: Um dentista famoso na cidade onde reside pelas suas habilidades vê se num dilema ao ter de cobrar uma dívida de um usuário dos seus serviços que não cumpriu com o combinado. Num ataque de fúria ele acaba matando esta pessoa. Preso num hospício, divino confronta sua própria personalidade. Em liberdade, auxilia num circo onde acaba usando as habilidades que tem para remover os dentes de animais ferozes. O dentista acabou ficando conhecido como Divino matador, pelos seus feitos. Ao final acaba conhecendo um pequeno engraxate e decide lhe ensinar seu oficio.

    Ponto forte: Relaciono aqui a descrição feita para o personagem que ganhou vida pela habilidade do escritor.

    Ponto fraco: Os cenários mudam completamente entre uns trechos e outros. Da cidade para um hospício. Do hospício para um circo. Do circo para a cidade. Me pareceu faltar ligações entre estes.
    Não sei se consegui entender bem o final. Divino estaria treinando seu aprendiz para dentista ou matador? Creio que esta deva ser a grande dúvida deixada pelo narrador.

    Comentário geral: A história fugiu do que eu imaginava. Esperava algo policial, voltado para a fuga ou captura do dentista. Devo dizer que embora boa, a narrativa fluiu muito diferente do esperado. É fato que isso frustra um pouco. Mas claro, esse é um contexto pessoal de cada um.

  14. Jorge Santos
    30 de novembro de 2019

    Este conto narra a história de um dentista-prático que mata um cliente que denegria a sua reputação. É internado no hospício e depois de sair descobre que todos lhe voltavam as costas. Depois de trabalhar num circo descobre uma criança de rua que tinha ajudado a nascer e decide ajudá-lo a ser dentista.
    O conto encerra uma mensagem interessante, de que não devemos perder a esperança da vida ganhar significado. Tem algumas analogias com o enredo do filme Joker, ou Coringa, na forma como retrata a insanidade humana e a transformação que pode ocorrer nas pessoas quando chegam ao seu limite. Foi difícil para mim esta temática. Lembro-me da primeira vez que fui a um dentista, e que este era “um dentista-prático”, tal como o do conto. A coisa correu tão mal que ainda hoje tenho bastantes reservas na hora de ir ao dentista, e mesmo nunca mais tendo tido experiências tão terríveis. Ao ler este conto consegui rever este tempo, o que denota a qualidade da narrativa. Só tive alguma dificuldade com algumas expressões mais regionais, mas nada que me tenha impedido de apreciar o conto. Apenas um reparo sem importância: em Portugal “fazer um bico” é fazer fazer sexo oral ou “broche”, pelo que a frase “O fato é que Bosta de Porco vivia de fazer bicos” ganha um sentido no mínimo inesperado. De resto, nada a apontar.

  15. Cirineu Pereira
    24 de novembro de 2019

    Dentista-Prático

    Resumo:
    Dentista-Prático conta a história de Divino, um profissional formado pela vida, sem diploma ou licença de entidade de classe que, após estabelecer-se em cidade do interior, acaba por assassinar a tiros um paciente devedor, extraindo-lhe, após, a prótese fixa que lhe era devida. Julgado como louco, passa uns tempos no hospício. Obtida alta, torna-se casualmente dentista de animais ferozes, por fim, volta à cidade, mas temido pelos moradores, não consegue novos pacientes.

    Comentários:
    Mais um autor(a) com bom domínio da arte de escrever. História bem ambientada, com personagens bem caracterizados, ainda que por vezes estereotipados. A narrativa é bem conduzida, orquestrada por uma sucessão de fatos interessantes – volta e meia entrecortados por reflexões rápidas e diálogos soltos com propósito de caracterização. Tudo isso prende a atenção e retém o interesse do leitor. Não obstante, a malha que une os eventos é fraca, falta uma trama guia, uma motivação maior, uma revelação ou qualquer coisa que, em dado momento, promovesse um enlevo, um clímax. Fica aquela sensação de “mas… e já acabou?”, mostrando que boa técnica apenas não basta.

    Em números:
    Título e Introdução: 8
    Personagens: 8
    Tempo e Espaço: 8
    Enredo, Conflito e Clímax: 7
    Técnica e Aplicação do Idioma: 8
    Valor Agregado: 6
    Adequação Temática: 10
    Nota Final: 3,9

    Observação:
    As parciais, baseadas nos critérios, variam de 0 a 10, mas possuem pesos distintos na composição da nota final, que varia de 0 a 5.

  16. Luciana Merley
    19 de novembro de 2019

    A saga de um dentista-prático no interior de Minas Gerais. O conto descreve as reviravoltas, a decadência e as surpresas na vida desse homem após cometer um ato de vingança contra um de seus clientes.

    TÉCNICA
    O início do conto é muito bom. Gera curiosidade, apresenta o personagem, um pouco do dilema e nos aproxima da linguagem mineira interiorana.
    O conto peca, na minha avaliação, pela amplitude de focos narrativos. Um conto deve ter apenas um conflito. Pelo menos umas 3 histórias poderiam ser contadas com os elementos apresentados aí. Quero dizer por ex: que a ida dele para o manicômio poderia ter sido mais resumida, sem entrar em detalhes que nos faça desvencilhar do foco inicial. Outro foco que ficou confuso foi a questão dos animais do circo. Esqueci do foco inicial e fiquei me perguntando se era uma alucinação ou coisa assim.
    A técnica da queda, deterioração humana e depois a redenção, é sempre muito boa.

    CRIATIVIDADE
    Muito criativo. Para quem cresceu no interior de Minas como eu, sabe bem que essas histórias são muito verossímeis.

    IMPACTO
    Me impactou. Histórias de deterioração humana e redenção são atrativas e instrutivas. O final, com o reencontro do garoto, foi de arrepiar mesmo.

  17. Luis Guilherme Banzi Florido
    19 de novembro de 2019

    Bom dia/tarde/noite, amigo (a). Tudo bem por ai?
    Pra começar, devo dizer que estou lendo todos os contos, em ordem, sem saber a qual série pertence. Assim, todos meus comentários vão seguir um padrão.
    Também, como padrão, parabenizo pelo esforço e desafio!
    Vamos lá:

    Tema identificado: cotidiano/regional/humor

    Resumo: a história insólita do dentista prático, desde sua chegada à cidade, sua ascensão, decadência, período no hospício, dentista de leão, nova queda e retorno à cidade, para ensinar o ofício ao menino que ajudara a parir.

    Comentário: caraca, que contaço! Muito bom!

    Gostei muitíssimo mesmo. O enredo é completamente insano, adoro! hahahaha. A vida do Divino é uma mar de maluquices em sucessão, de modo que eu nunca sabia o que aconteceria a seguir. Quando ele foi pro hospício, achei que fosse o fim da trajetória de Divino. Porém, numa virada brusca, ele vira uma espécie de celebridade do hospício, assim como havia virado na cidade, e como viraria no circo.

    O homem tem um carisma incrível, excelente personagem. De certa forma, achei o Divino um pouco parecido com o Santo Cristo, de Faroeste Caboclo. Talvez pela ambientação, pela linguagem… mas acho que mais pelo carisma do homem, mesmo. Os dois têm um carisma estranho, espécies de anti-heróis que acabam nos ganhando em sua trajetória.

    A escrita é impecável e deliciosa. Dá vontade de continuar lendo o conto o dia todo. Não notei erros gramaticais ou de revisão, também.

    O desfecho é brilhante, sério. Achei emocionante, bem bonito. Quando o menino apareceu, eu já saquei quem era. Fiquei preocupado que esse fosse o twist que fosse encerrar o conto, e não seria muito surpreendente. Porém, havia bem mais que isso. Acabamos terminando a leitura com um gosto bom na boca hahaha.

    Parabéns, trabalho de primeira. Boa sorte!

  18. Fernanda Caleffi Barbetta
    18 de novembro de 2019

    Adorei. Muito bom, divertido, com uma escrita leve e fluida. Os personagens muito bem desenvolvidos, assim como o ambiente, que me levou para dentro da cidadezinha. Parabéns.

  19. Pedro Teixeira
    17 de novembro de 2019

    Olá, autor(a)! Escrita e trama muito boas, rendia uma novela ou romance. Os diálogos soam bem naturais e ajudam muito no desenvolvimentos do protagonista. O único problema é a quantidade de acontecimentos e de personagens, que dificultam um pouco o aprofundamento e diluem a importância de momentos como o da extração do dente do leão. Por isso também seria interessante trabalhar essa mesma trama numa narrativa mais longa. De qualquer forma, uma das melhores leituras do desafio até aqui.

  20. Priscila Pereira
    11 de novembro de 2019

    Olha, Zé, seu conto é daqueles causos do interior que até parecem mentira….kkkk gostoso de ler, bem escrito, com uma trama interessante que vai se desenrolando aos poucos, devagarinho, como dizem em Minas…kkkk Muito bom! Parabéns!

  21. Antonio Stegues Batista
    9 de novembro de 2019

    O DENTISTA PRÁTICO- Resumo- Um dentista chega a uma cidade do interior de Minas gerais e começa a trabalhar, tratando os dentes da população. Ele conserta os dentes de um homem chamado Ernesto, que promete pagar o serviço no final do mês. Dias depois, o dentista auxilia uma parteira num parto complicado. A criança nasce e lhe dão o nome do dentista, Divino e o apelido de Xororó. Como Ernesto não pagou o que devia, o Divino resolve mata-lo. Em vez de ser preso, ele é internado num hospício. Tempos depois, ao ganhar alta, volta para a cidade, onde encontra um circo e começa a tratar os dentes dos animais. Após o circo ir embora, o dentista encontra o menino ao qual ajudou a nascer e começa a ensinar-lhe a profissão.

    COMENTÁRIO – A história é simples, não tem nada de extraordinário e o que lhe dá valor é o jeito que é contada. Algumas frases me lembraram obras de Ariano Suassuna e outras, Guimarães Rosa, o modo de falar do povo do interior nordestino, e o agir meio que precipitado dos personagens, como nas duas obras citadas.
    Um conto muito bem escrito, e internar o dentista por ter matado por dívida (um ato insano) foi algo lógico que “salvou” essa parte do enredo. Também a parte que ele vê os animais e julga estar tendo alucinações, mas os animais são reais. Os fatos vão acontecendo numa ordem natural, que não traz nenhuma novidade, tampouco originalidade no roteiro. O final também não tem nenhuma revelação extraordinária, mas é sem dúvida, um bom conto.

  22. Rosário dos Santoz
    8 de novembro de 2019

    Resumo: O conto trata da jornada de Divino, um dentista prático um tanto rústico num lugar que lhe parece adequado tanto para morar quanto para trabalhar, por ser também este lugar uma terra simples, habitada por pessoas com pouco ou nenhuma instrução formal. Lá ele consegue ganhar seu sustento muito bem, até que um caloteiro e difamador ameaça a sua credibilidade, obrigando-o a resolver o caso de forma drástica.

    O que vi: O conto inicia mostrando traços do caráter do protagonista alinhando estes com o local para onde ele havia se mudado. Tudo indicava que os valores da personagem coincidiam com os daquele pequeno universo, o que daria a entender que existiria uma boa relação entre ambos.
    Ainda no começo também é definida com sucesso a atmosfera da história: uma biografia com boas porções de causo.
    As coisas vão bem até que um ataque à credibilidade de Divino (o protagonista) leva-o a um problema: cometer um assassinato bárbaro e ser por isso mandado para um hospício, que depois o joga num problema seguinte (a insegurança para com a própria saúde mental). Depois a história dá a ele uma breve e aparente chance de redenção como dentista de animais, até que um novo problema aparece: o General Salgado.
    Então, depois de um sumiço, Divino acaba voltando à cidade onde tinha vindo trabalhar no começo da história.

    E aqui fica a minha crítica, de fato: o personagem não se transforma. Nada garante que todas as voltas e peças que a vida lhe deu fizeram-no ser uma pessoa melhor. Há uma moral no fim da história, mas esta aparenta estar descolada do contexto já mostrado. E talvez, para alguns possa até parecer algum tipo de trocadilho.
    Ressalto que do meu ponto de vista nada dá ao leitor a certeza de que Divino deixaria de ser uma pessoa cruel, já que a história se apresenta como uma espiral que pode acabar terminando onde começou. Nada assegura o amadurecimento de Divino em qualquer sentido. E isso me desapontou. Porque se o personagem passa por um punhado de dramas, tanto internos, quanto externos ao seu ser, e nada nele melhora ou piora, então pra quê a história foi contada?
    Talvez outros gostem, mas eu me senti perdendo meu tempo.

  23. Fheluany Nogueira
    8 de novembro de 2019

    Dentista-prático consegue sucesso em uma cidadezinha, sobretudo depois de ajudar em um parto. Mas, não tolera dívidas com ele e acaba por matar, brutalmente, um cliente. Foi para em um hospício e quando conseguiu alta, voltou para o seu consultório. Ninguém procurava os seus serviços, até que um circo o contratou para arrumar os dentes dos animais. O protagonista foi chamado para atender um General, que não satisfeito com o serviço, acabou mandando atear fogo no circo. Ele acabou voltando para a cidadezinha, continuava sem clientes, quando um engraxate conversou com ele. Era o mesmo menino que ajudara a nascer. Então, propõe lhe ensinar o ofício.

    Que tragicômica! A estória com jeito de causo; um causo simples que fala muito do ser humano, pelo seu lado mais inesperado, brincando com os serviços do prático e mostrando o ar de malandragem e desconfiança das pessoas do interior.

    Divino, com modos que passaram de admiráveis a amedrontadores, acaba ganhando a torcida do leitor. Protagonista e situações estão construídos solidamente. Os vaivéns da narrativa divertem. Tanto o ambiente de simplicidade rural, quanto a visão respeitosa sobre os serviços do dentista-prático e posterior decadência, lembram uma realidade de algumas décadas atrás.

    A narrativa é original, bem escrita, organização textual bem planejada, a leitura flui. O ritmo. tranquilo e constante, não confere tanto impacto. Faltou, talvez, um pouquinho a mais de emoção. Contudo, traz envolvimento, por ser um tema que desperta a curiosidade.

    Parabéns pelo trabalho. Boa sorte na Liga. Abraço.

  24. Magda Pereira de Sousa
    3 de novembro de 2019

    Muito interessante…nos leva a imaginar o futuro da história baseado no cenário.

E Então? O que achou?

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

Informação

Publicado às 1 de novembro de 2019 por em Liga 2019 - Rodada 4, R4 - Série A e marcado .
%d blogueiros gostam disto: