EntreContos

Detox Literário.

Neo (Angelo Rodrigues)

Por que os homens bebem vinho e as mulheres, água?

Por que um sexo é tão próspero e o outro tão pobre?

Virginia Woolf

 

…lembro de ver Edgar Allan Poe e de ter conversado com ele brevemente (deve ter sido entre 1845 e 1846) em seu escritório, no segundo andar de um prédio de esquina (Duane ou Pearl Street). Ele era editor e proprietário, total ou parcial, do The Broadway Journal…. 

 

Eu lia Whitman quando ela entrou na sala da Redação. Estaria lendo Whitman ou qualquer outra coisa porque naqueles dias não havia muito o que fazer, ou melhor, havia, mas no Correio ninguém ligava a isso, salvo pelos cretinos que aqui e ali plagiavam matérias de outros jornais passando-as adiante como se fossem suas. Então eu preferia ficar lendo Whitman, ou cuidando da minha Coluna de Cinema, Literatura e Arte. O que me cabia naquele remanso de mentecaptos.

— Neo — ela disse, me estendendo a mão.

— Neo não é um nome — disse, puxando-a até mim.

— Neo! — ela disse peremptória, se afastando.

— Neo? Neon? Neoza? Neomedes? Neomásia? Neófita?

— Neo, de Neolinda… — disse um tanto triste.

— Neolinda?! Nossa! Neo é realmente melhor.

Não havíamos começado bem. 

Ela se afastou na direção da sua mesa e começou a se ocupar, atenta aos arquivos em que trabalhava. 

Neo tinha controle absoluto do olhar, e querendo descansar da papelada que remexia, fazia um arco com a cabeça em torno da minha mesa passando os olhos por sobre mim, contornando-me para que eu não ficasse em sua linha de visão.

Ela sabia que eu a observava e fugia de um confronto, de entregar-se confirmando o que eu sabia desde o dia em que toquei sua mão ao conhecê-la. E sempre que eu levava até ela alguma papelada inútil tudo era inútil no Correio , sentia que ela tremia de desejo, exalava uma contida permissão para que eu tocasse seu rosto, cabelos, seu corpo todo, que beijasse a dália rubra de batom que trazia pregada à boca. 

Esse jogo sutil de desejos velados durou cerca de uma semana, quando ficamos lado a lado deixando o Correio, uma oportunidade que fabriquei ao final de um tedioso dia de trabalho. 

Caminhando ao meu lado ela sabia que seu jogo de silêncios sujos se havia avolumado de forma insuportável, e ficamos tão próximos um do outro que o ar à nossa volta condensava todas as frases não ditas, desejos não revelados, e o que exalava de nós era a louca fome de nossos sexos.

Seus olhares furtivos eram revelações pedindo uma solução para o desespero que nela se havia instalado, pois eu ainda podia ouvir a sua voz naquele primeiro dia gritando para que não perdêssemos tempo com nomes idiotas e tolos cumprimentos. Ela queria sexo, e que fosse logo, urgente.

Passando diante do Royal, um hotel vagabundo que escolhi, olhei-a malicioso e sutilmente inclinei-a na direção da porta que sempre estaria aberta. Ela assentiu com um sorriso triste, como se desvelasse nela um segredo malquerido, certamente clandestino. Eu a revelava às suas próprias tentações. Seu estranho jogo de sedução havia finalmente terminado. 

Quando me tocou senti que sua mão estava morna, úmida como imaginei que estaria a sua boca, tomada de desejos, pedindo minhas providências. A dália rubra desenhada por aquele batom se abria e se revelava a mim.

 

Entramos no Royal e começamos a subir por uma escada bêbada de madeira gasta, negra, polida por mãos ansiosas, conduzindo-nos na direção do que sempre quisemos. Ao chegar ao topo, no segundo andar, nos recebeu um rapaz cínico de unhas sujas, um miserável magricelo. Ele sorria por trás de um balcão imundo, forrado por uma fórmica azul e gasta, e parecia nos dizer que antevia o movimento dos nossos corpos e os consentiria em sigilo mediante o dinheiro que logo passaria às suas mãos.

Empurrou-nos um livro de hóspedes que parecia um caderno imundo de contabilidade e pediu que nos identificássemos. ‘É a lei’, ele disse, sorrindo com seus dentes acavalados sob um bigodinho ridículo de Erroll Flynn. Olhei-o com dureza querendo que compreendesse a singularidade daquele momento, e adiantei-me escrevendo em itálicos um bonito Humphrey Bogart. Neo me seguiu com suas letras redondas e infantis de bibliotecária, desenhando um bonito Lauren Bacall, embora tímido, nascido ali e sem qualquer experiência no mundo dos segredos, do sexo em camas que não fossem as suas.

Após o pagamento o senhor Magricelo me passou uma chave presa por um barbante a um pênis esculpido em madeira, tomado pela gordura de centenas de mãos aflitas.

Lauren Bacall? perguntei enquanto caminhávamos na direção do quarto designado pelo senhor Bigodinho.

Ingrid Bergman soaria falso. Não gosto de Casablanca disse-me, triste, rouca, suplicante a que eu não exigisse dela nada além do que seria capaz de pensar naquele momento.

Achei graça do seu humor quando imaginei que acreditasse naquele ardil insano que construímos ao escrever nomes falsos no livro do senhor Sujinho. Aproveitei seu silêncio para recorrer à lista de mulheres que filmaram com Bogart: Ingrid Bergman, Audrey e Katharine Hepburn, Mary Astor, Beth Davis, Ava Gardner, Gloria Grahame, Lauren Bacall. Desconfortei-me ao lembrar que Bogart e Lauren haviam filmado Paixões em Fúria e À Beira do Abismo. Para onde eu e Neo caminhávamos a partir daquele momento?

Bogart e Lauren: algo deslumbrante e trágico que começava a me incomodar. No que ela pensava quando escreveu o nome de Lauren? Pensaria em paixões, fúrias ou em abismos profundos? Ao abrir a porta com aquela chave ensebada, escolhi que Neo pensava em abismos de paixões em fúria. Soava melhor.

 

Só a toquei quando já estava sobre ela, sobre seu corpo nu e exuberante, um gigante sobre o qual, como louco, me imaginei deitado por uma semana inteira. Agora Neo estava ali e arfava em meus ouvidos, quase em silêncio,  com sua boca vermelha arredondada reclamando incertos desejos. 

Ela se deitara de costas com as pernas unidas como se protegesse de mim seu sexo intumescido, sob vergonhas. Pus meus joelhos sobre a cama, como se a fosse montar, tocando levemente suas pernas, seu ventre, seus seios, então deitei-me sobre ela. Algo repugnante me possuiu, algo que nunca experimentara com uma mulher numa cama. Neo era macia como uma maldita esponja; sem tonicidade. Nada me fazia acreditar que naquele corpo maravilhoso houvesse carnes, músculos, tendões e ossos. 

Tomado por algum insabido desespero, amei-a com ódio, desprezo e nojo, como se houvesse mergulhado numa bacia acolhedora e morna de uma doce gelatina. Não tive qualquer preocupação com o que transferia a ela, se gostava ou odiava o que eu fazia com seu corpo, e o fazia com violência, de forma cruel e intensa… e tão demoradamente quanto podia. 

Com os olhos fechados como se expiasse pecados, ela gemia como um gato que acabara de nascer no fundo de um esquecido sofá abandonado num quarto. Quando finalmente franziu a boca e seus olhos se apertaram como se eu houvesse perfurado seu coração com um punhal, deixei-a quieta, ao meu lado, silenciosos ambos, alheios um ao outro e ao longo tempo que passamos nos amando.

Neo permaneceu imóvel e serena como se avaliasse algo ou nada, insatisfeita ou saciada, perdida em si, eu não sabia, talvez culpada, em prantos secos. Acendi um cigarro enquanto observava o cotão que adornava o umbral da porta e procurava fazer sumir os miados de Neo que ainda ecoavam em meus ouvidos. Não sei se o cotão ou o umbral — ou o que lera de Whitman — me fez lembrar de Poe:

 

Como a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo 

Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais! 

Mas, a mim mesmo infundindo força, eu ia repetindo,

“É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;

Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.

É só isso, e nada mais”.

 

Dei-me conta de que em Neo também haveria terrores, terrores nunca antes tais!, e tentava abandonar a ideia de que ela fosse um maldito saco de algodão. Creio que tenha começado a odiá-la naquele dia. Não suportava a ideia de tocá-la, de ter seu corpo junto ao meu, de a amar novamente como acabara de fazer e o faria ainda mil vezes, e nada mais.

Após terminar o cigarro senti que não poderia voltar a vê-la, tocá-la, estar sobre ela numa cama. Voltei a montar sobre seu corpo, de joelhos, e dei uma forte bofetada em seu rosto. Esperei que reagisse, mas Neo apenas me olhou impassível, quase indiferente. Sorri enquanto batia com fúria em sua outra face. 

Ela me olhou por instantes, débil, ainda dormente pelo gozo que experimentara e pelas bofetadas que recebera; então esticou os braços enlaçando meu pescoço e me puxando até me derramar sobre seu corpo, amassando seus seios.

Meu marido nunca me bateu disse-me, enigmática.

Lacrimejava enquanto beijava meu rosto com fúria e baba. Voltamos a nos amar e permanecemos assim até que amanhecesse. 

 

E seu marido?

Alguém que me aborrece, e creio que eu também o aborreça. Tem sua vida; vive bem com a vida que tem. 

Não se importa?

Apenas não me ouve quando peço a ele o que não consegue me dar. Agora tenho o que quero de você. Me basta. 

― Não o ama? ― insisti.

― Eu deveria ter outra vida, a minha própria vida.

― Tão cruel…

― Não seja idiota.

 

Numa das vezes em que voltei com ela ao Hotel Royal, passei a lhe dar algum dinheiro, como se a comprasse num bordel. E tão cruel quanto eu, Neo deixava que eu me exilasse da minha própria alma mostrando-me que eu era a péssima consequência do meu próprio ato ao transformá-la na puta que ela nunca fora, dizendo-me, silenciosa, que eu era tolo por não compreender a enorme aventura que vivíamos juntos. 

Ela guardava com displicência aquelas poucas notas em seu sutiã, erguia os seios com as mãos, vestia lentamente a blusa e ajeitava a saia para logo deixar o hotel. Eu seguia seus movimentos, observava seus olhos, buscava saber o que pensava ao ser tão duramente humilhada, saber se ela compreendia aquela minha provocante tolice. 

Esperava ver em seus olhos o ódio que eu merecia pela paga inútil que fazia a ela, saber se percebia a vulgaridade que era apenas minha. Mas Neo não se deixava afetar. Então eu a tomava nos braços, despia novamente suas roupas e recomeçava uma entrega ao desejo e ao sexo por horas a fio. 

Não estávamos ali para pagar ou receber dinheiro, mas para um prazer que se mostrava cada dia mais estranho e doloroso. 

— Os homens pensam que tudo na mulher é parte do seu sexo —, ela disse. — Pés, mãos, lábios, boca, cabelos, seios…

Acariciei seus seios vendo como minhas mãos ficavam pequenas quando tentavam tomá-los por inteiro.

— Acho que tenho mãos pequenas —, disse a ela.

— Não seja idiota; ou continue sendo, não me importo… 

Deitei sobre ela, que me apertou contra o seu corpo por um longo tempo.

 

— Por que você me paga? —, disse-me, observando sua perna nua apontada ao teto.

— Por que você recebe?

— Poucas mulheres se abandonam ao prazer —, ela disse. — Ouvem uma mentira há tantos séculos que a veem como verdade. Muitas mulheres renunciam ao prazer ao torná-lo irrelevante em suas vidas. Cumprem um acordo que nunca fizeram. Um acordo destituído de desejo e saciedade. Para muitas mulheres o prazer e o sexo são uma porta entreaberta, ou que se abre em frestas para levá-las a um quarto escuro, desconhecido e assustador. É doloroso e inseguro permanecer nele, suja por tantas vergonhas e vulneráveis a tantos pecados. Muitas mulheres sequer entram nesse quarto, e as que ousam entrar, temem, e poucas veem uma luz nele se acender. Amam o pudor quando deveriam amar a vida, a saciedade.

— Que acordo

— Tenho meu destino, minha vida, minha moral, o desejo de ver saciado o meu prazer, minha libido, meu sexo. Contigo tenho desejo e saciedade; isto me basta. Ao me dar esse dinheiro você se mostra apenas um tolo.

— Um tolo…

— Sei de uma anã que tinha pés perfeitos. Ela tinha pernas tortas, curvadas, embora seus pés fossem lindos, como se apenas eles tivessem crescido corretamente, alheios às deformidades do resto do seu corpo. Ela tinha orgulho dos seus pés, gostava de mostrá-los, e sempre comprava novos sapatos: vermelhos, azuis, amarelos… Amava seus pés. Resumira seu corpo aos pés bonitos. Caminhando pela loja de sapatos ela via apenas seus pés, escondendo de si o próprio corpo naqueles espelhos pequeninos. Mas os sapatos que davam beleza aos seus pés também os escondiam, pondo-a como realmente ela era: uma mulher deformada com sapatos bonitos.

— E…

— Que simplório…

— Simplório?

— Não percebe? Nós, mulheres, somos anãs… tornaram-nos anãs ao longo dos séculos: pudicas, envergonhadas com a nossa libido e felizes com sapatos bonitos nos pés.

Quando ela terminou aquela lengalenga eu estava pondo a roupa para deixar o hotel. 

 

Viver os dias ao lado de Neo nos revelava um ao outro. Havia laços, afetos, e isso seria o fim de tudo. Tê-la revelada seria o fim. Sabia que se perdêssemos nossas fantasias, mistérios, surpresas, agressões, tudo se romperia, sem nada para descobrir, nela ou em mim: seríamos pessoas solitárias, prontas para novos amantes e fantasias que preenchessem nossa imensa solidão. 

Eu imaginava estender nossos limites impondo a ela um horizonte intangível todos os dias; humilhá-la com sexo pago era uma forma absurda de estender esses limites… ou obter dela alguma estranha reação, que ela exercesse alguma fúria em minha direção. Estenderia seus limites levando-os para mais distante: eu a odiaria, seria indiferente, me incendiaria de amor se isso nos afastasse da borda de uma revelação que anunciasse o nosso fim, mesmo sabendo que esse fim seria inevitável e para breve.

Sentia-me um homem ridículo ao lado de uma mulher que tinha o que queria e se dava ao homem que escolhera. Dizia-me que eu era ridículo embora quisesse de mim o sexo que desejava. Eu era simplório, mas tinha dela o que queria. Seríamos felizes enquanto pudéssemos separar a dor que nos causávamos do prazer que obtínhamos dessa dor. E ela se deliciava com isso, livre e saciada.

 

Não tinha certeza do que queria da vida quando resolvi deixá-la, quando deixaria também o Correio. Qualquer futuro diferente daquele ao qual a inércia me levava me parecia fácil de enfrentar. Disse a ela que a deixaria, que tudo entre nós estava acabado, e para sempre.

— Acho que isso resolve tudo —, disse-me enquanto trocava de lugar um camafeu que usava, da lapela do tailleur em direção à gola da blusa.

— Deixo também o Correio — falei.

— Duas agonias que terminam, a minha e a sua. Outras virão; outros homens como você virão com suas perpétuas agonias —, falou enquanto me olhava com sua dália rubra presa à boca.

Eu continuava a olhar seus quadris, sua morna e deliciosa flacidez, seus seios — que eu não conseguia deixar de querer. Então ela pegou uma pasta com papéis e caminhou na direção da sala onde ficavam seus arquivos.

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21 comentários em “Neo (Angelo Rodrigues)

  1. Thiago Barba
    15 de setembro de 2019

    Colegas de trabalho começam a se encontrar para ter relações amorosas. Ela é casada e ele sente asco por ela. Eles se encontram várias vezes mesmo sabendo que terá fim, que um dia chegou.

    Ótimo texto. É certo que tanta citação, epígrafe, ao meu ver é demais, é quase que querer mostrar que conhece muitas obras, ficou pra mim, uma carga de querer mostrar que sabe. Acho ótimo as referências do texto, a brincadeira dos nomes dos filmes do diretor e da atriz, me faz sorrir, perceber que tem pesquisa na obra, adoro isso. Acho importante inclusive, sempre faço pesquisas, o problema pra mim foi ter uma depois da outra. Tirando esse fato, achei um texto ótimo. Toda a dinâmica, a criação das personagens. Acho ótimo o cara ser um babaca que tenta atingir ela, mas que na verdade ela não se importa nem um pouco, isso transforma o olhar dele e fica tão implícita a mudança, tudo é muito sutil e acho linda essa sutilidade.

  2. Renan de Carvalho
    15 de setembro de 2019

    Dois funcionários dos Correios entregam-se a uma paixão /desejo mútuo, n um quarto de hotel barato, jogando com seus desejos e pudores, como um encontro carnal e banal.

    Conto bem escrito. Bem discricionário e focado no arremate. Esperei por um clímax maior, mas talvez tenha sido expectativa minha. Neo é uma personagem forte, sólida. Um abraço.

  3. tikkunolam90
    15 de setembro de 2019

    Resumo: Uma nova funcionária na empresa desperta a luxúria do protagonista-narrador. Não demora muito para, então, envolverem-se numa relação de prazer e abusos, tornando-se amante da mulher que é casada e totalmente desiludida com o mundo.

    O Português é bom, nota-se pela construção das frases e como aplica cada palavra no contexto certo e de forma natural. Mas o que me impressionou foi a narrativa. Em primeira pessoa, o tom é cínico e presunçoso, até violento e com inata agressividade. Totalmente de acordo com a personalidade do personagem. Vejo que muitos encontram dificuldade em deixar a narrativa em primeira pessoa carismática, usando um tom neutro, descaracterizando, de certa forma, o personagem.

    Os diálogos maquinais e ensaiados também podem ser frutos dessa personalidade presunçosa. Na sua realidade, as conversas dele com Neo podem ter sido muito menos pomposas, mas quando transformada em história, viu-se a necessidade de criar essa pompa.

    Gosto de refletir sobre isso, esses detalhes das narrativas e dos personagens.

    A relação abusiva e viciosa deles representa a realidade de muitas pessoas, mas não encontrei relação com o sabrinesco, que busca algo mais romântico, mais leve e doce. O erotismo está ali, mas a sensualidade do sabrinesco, infelizmente, não.

    Porém, a história é muito bem construída e funciona, apesar de não ser nada original, entrega um bom conto. Pelo cacife literário, noto que tem potencial para muito mais, então minha dica vai ser a seguinte: arrisque-se mais! O pior que pode acontecer com o ser humano é permanecer na zona de conforto.

    Enfim, é isso, belo texto, parabéns! Continue escrevendo sempre, presenteando-nos com suas palavras e visões!

  4. Amanda Gomez
    14 de setembro de 2019

    Resumo 📝 Um homem e uma mulher (?) colegas de trabalham decidem entregar-se aos seus desejos um pelo outro. Vão a um motel vagabundo e tem uma tranza violenta e suja. Ambos estão de acordo. Com o passar o tempo cada um mostra sua natureza perturbada. No fim Ele decide acabar com tudo e ela diz que outros virão.

    Enredo🧐 É uma história bem…pesada… não esperava encontrar nada dessa natureza como sendo sabrinesco. Toda ela é acometida por anti clímax. Um protagonista detestável, ela também não fica atrás. Mérito do autor, eu detestei ambos. Acho que não foi uma boa ele ser o narrador, a voz dele é carregada irrita o leitor, pelo menos a mim.

    Gostei 😁👍 O começo é bacana, engana, promete um início de romance comum regado a muita sensualidade. A mudança brusca pode ser um lado positivo também, já que tira o leitor da zona de conforto.

    Não gostei🙄👎 Na narração em 1ª pessoa, dos personagens e dos devaneios um tanto fora de hora…as poesias ficam deslocadas no meio de algo tão bruto e sujo.

    Impacto (😕😐😯😲🤩) 😐Não me causou impacto, mas me deixou inquieta, incomodada. Reações dos leitores sempre são positivas, mesmo que negativas…

    Tema (🤦🤷🙋)🤦 Não está adequado. Mas tanto faz…

    Destaque📌 “— Os homens pensam que tudo na mulher é parte do seu sexo —, ela disse. — Pés, mãos, lábios, boca, cabelos, seios…”

    Conclusão ( 😒🤔🙂😃😍) = 😒 Um texto meio que deslocado da proposta, prejudicado por algumas escolhas, como por exemplo a de chocar, ao invés de cativar.

    Parabéns!

  5. Leo Jardim
    14 de setembro de 2019

    🗒 Resumo: um homem resolve ser relacionar com a colega de redação. Apesar de desgostar de seu corpo, considerado flácido, de bater nela e pagar pelos encontros, ambos continuam se relacionando como amantes puramente sexuais. Ao fim, ele desiste dos encontros e do trabalho e ela, muito mais bem resolvida, prossegue seu caminho.

    📜 Trama (⭐⭐⭐▫▫): uma trama um tanto estranha. Analisando agora, vários dias após ler o conto, achei que pouca coisa aconteceu de fato: ele conhece a mulher, consegue ela sem qualquer esforço, eles ficam sem química e, depois, decidem continuar a vida.

    As ações acontecem de forma pouco natural, muito forçadas. Achei também que faltou trabalhar melhor a química do casal. Ela é contada, nos dita pelo narrador, mas não é mostrada de forma convincente. Ele diz que ela está atraída por ele, mas não vi isso de fato, simplesmente tive que aceitar. Talvez funcionasse com mais diálogos ou situações.

    📝 Técnica (⭐⭐⭐▫▫): afora o problema de distância excessiva da narrativa (ausência de mímese 👨‍🎓), achei uma técnica segura, sem erros e madura.

    ▪ Após o pagamento *vírgula* o senhor Magricelo me passou uma chave

    🎯 Tema (⭐⭐): Sabrinesco [✔]

    💡 Criatividade (⭐⭐▫): nem clichê, nem totalmente criativo.

    🎭 Impacto (⭐⭐▫▫▫): apesar de ver boas as intenções do autor, o conto não me agradou tanto quanto eu gostaria. Não cheguei a me apegar ao casal e achei muito estranha a relação dos dois. O final foi agradável na parte da mulher, que continuou a vida como se nada tivesse acontecido, mas vi pouco evolução no protagonista. Ou seja, a trama não chegou a modificá-lo.

  6. Gustavo Azure
    14 de setembro de 2019

    RESUMO
    Um homem que trabalha no Correio se envolve emocionalmente/sexualmente com Neo, uma mulher que lhe desperta sentimentos fortes e contraditórios e também mostrando a ele um reflexo do lado mais feio de sua face. Por fim, foge.

    CONSIDERAÇÕES
    Os personagens da trama parecem muito bem desenvolvidos, principalmente, Neo. Inicialmente vemos duas pessoas um pouco desajeitadas que com o passar da história se demonstram extremamente cínicos e atentos as sombras de suas personalidades, mas alheios à moral. Apesar do homem demonstrar um pesar que mais parece ego ofendido. A fala de Neo sobre a anã com sapatos bonitos é espetacular e cruel, condizente com toda a cena vivenciada anteriormente. O final era previsível, embora era esperado que uma conclusão maior fosse tirada de tudo. Não ter dito nada e terminado em uma mera cena cotidiana de escritório, deixa o conto mais cínico ainda.
    O espaço em si não é muito explorado na narrativa, mas nada que prejudique a compreensão dos movimentos da história, até porque, na verdade, a narrativa se passa na consciência do narrador. As ações dos personagens, como a descrição dos olhares, do toque, dos detalhes sujos dos objetos, tudo isso ajuda a construir a ambientação metafísica da narrativa, que ocorre em um espaço, porém se concretizam nas ações e falas dos personagens.
    A narrativa em si não tem muita força, mas, pelo tom obscuro e dramático, as reflexões que causam sobressaem a trama. A escrita muito estilosa e muito bem construída, também elevaram a qualidade do conto. A maneira em que as palavras são colocadas, às vezes de forma violente outra cruel, parece ferir o leitor assim como os personagens se ferem enquanto consumam o desejo.
    A leitura corre de maneira limpa sem tropeços ou desafios de ritmo, somente as referências que ao mesmo tempo que enriquecem o conto, deixa a vulnerabilidade da conhecimento do leitor. Eu não conhecia algumas referências citadas, entretanto, não afetou minha compreensão do texto, pois, pelo o que era abordado em seguida, denunciava a qualidade do que era mencionado pelo narrador.
    NOTA 4,6

  7. Carolina Pires
    12 de setembro de 2019

    Resumo: Um colunista do Correio começa a se envolver com uma nova funcionária da empresa. Em um relacionamento estranho para caramba, eles mantem encontros sexuais em um hotel. Após um tempo, ele se despede dela, termina tudo, e troca de emprego.

    Eu achei o seu conto bem perturbador. Do início ao fim. Eu nem sei o que dizer. Bem, primeiramente eu o achei bem escrito. Precisei usar o dicionário para entender o significado de alguns termos. O texto é rico em referências: escritores, poetas, atores, etc. Pesquisei cada um deles para entender melhor o conto. E, quanto a isso, gostei muito da experiência enriquecedora que seu conto me proporcionou. Realmente é na leitura que desenvolvemos solo fértil para nossa escrita.

    Eu não canso de dizer que a narrativa em primeira-pessoa é uma escolha estética fenomenal. Duvidar da voz, de um único ponto de vista, é nossa obrigação como leitor. E aí está a grande sacada – e mágica literária – desta narrativa. Duvidar! Duvidar principalmente de um narrador-personagem como o do seu conto. Todas as reações, pensamentos e reações de Neo estão sob o prisma da visão do narrador, portanto, quais as chances de serem apenas as percepções falsamente construídas deste homem repugnante? Muitas. E isso você soube conduzir muito bem. Neo é um mistério.

    Não tenho dúvidas de que é um bom conto. No entanto, algumas partes e expressões provaram ser bem perturbadoras ao meu ver. Mas tenho certeza que esta foi realmente a sua intenção. De qualquer forma, repito (já estou redundante) é um conto muito bem escrito.

    Parabéns!

  8. Fernando Cyrino
    9 de setembro de 2019

    Olá, Sal, cá estou eu às voltas com o seu conto. Uma redação de jornal e em seu interior temos a mulher que chega e que encanta o homem que lá já trabalhava. O jogo de desejos que se desenrola, até que terminam por se entregar em um hotel sujo da região e mantêm uma relação por um tempo carregada, mais do que de erotismo, de ânsias pela saciedade, de atendimento a uma vida lá de fora que segue complicada e quiçá vazia. Impressiona-me a maneira como você narra a história. A relação de amor e ódio do homem com esta mulher. E mais impressionado ainda fico, ao perceber que é ela, Neo (a nova), quem dirige as cenas naquela cama de hotel. Ele, que se acha no controle, é totalmente liderado pela mulher que ele acha que esteja subjugada. Ela, que se entrega de corpo, mas que permanece com a sua alma intacta segurando com ela as rédeas daqueles momentos. E isto acontece mesmo quando está sendo esbofeteada e violentada. Um conto que me traz o poder da mulher, a sua capacidade de superação (hoje se diz resiliência) e a sua tremenda sinceridade e liberdade para buscar aquilo que deseja. No caso de Neo, a saciedade do seu corpo. Um conto bem bonito você me traz Sal. Um conto que me faz pensar e refletir. Só não te dou a nota máxima porque achei que o jogo inicial de sedução foi muito explícito, tipo desde a chegada de Neo o “cheiro de sexo” está no ar… Senti falta de, pelo menos, um maior pudor e sutileza nesse seu modo de conduzir essa aproximação. Meu abraço de parabéns. Você sabe narrar e tem um belo domínio do nosso idioma.

  9. Estela Goulart
    9 de setembro de 2019

    Um personagem conhece Neo, Neolinda, ambos trabalham nos Correios. Em meio a uma vida chata eles encontram saciedade um no outro num jogo de estratégias dos personagens.

    De início, eu tinha escrito o comentário dizendo que não gostei apenas da parte em que ele se apaixona à primeira vista, ou você podia deixar melhor o modo como se conheceram na descrição. Mas depois de ler, notei que era exatamente isso. Apenas sexo para aqueles dois personagens. O modo como você deixou isso claro para Neo foi surreal. Dizendo que não era ele quem a comprava, era ele quem estava sendo tolo. Foi muito bem escrito.

  10. Elisabeth Lorena Alves
    8 de setembro de 2019

    Neo (Sal Paradise)

    Conto Sabrinesco
    Um homem conhece uma funcionária de seu setor, no Jornal Correios, a conquista e a deixa. Durante suas escapadas ao motel, tem o costume de pagar pelo serviço dela. Neo, a mulher, aceita bem a situação e o fim do caso.

    Comentário
    Gente! Quanto homem escroto! Tem o do “Lobas do Homem” e agora esse! Jornalista, responsável pela Coluna de Cinema, Literatura e Arte, crê ser alguém melhor que os outros colunistas que ele acusa de plágio e de serem mentecaptos. Leitor de Walt Whitman, não tem a dignidade e humanidade do autor que admira, antes, trata com desprezo dissimulado a mulher que ele escolheu por amante.
    No que tange a estrutura, apesar de ser um texto com começo, meio e fim, falta a construção do clímax, que não aparece nem clara e muito menos indelevelmente. Tirando isso, é um texto horrorosamente bom.
    No que se refere ao campo da Linguagem, o narrador opta por construir uma narrativa cansativa, depressiva, esnobe e angustiante em que o tédio e a crueldade se irmanam. O campo semântico destila veneno e crueza: nada para fazer; tedioso dia; silêncio sujo; desespero; hotel vagabundo; sorriso triste; segredo ‘malquerido’, clandestino; escada bêbada; magricelo; miserável; triste; trágico, tragédia não no ponto de visto literário-filosófico; abismos profundos; repugnante; nojo estranho; doloroso; inércia. Cada palavra usada na narração causa asco quando juntas, incômodo com a verdade doente e esnobe do narrador-personagem.
    A metaforização também cumpre o papel de incomodar. As chamadas para fora do texto (intertextualidade explícita) auxilia na percepção desse personagem, seus gostos, seus gestos, suas atitudes e contradições.
    No quesito deixar uma Mensagem, posto na voz de Neo, ela nega seu discurso quando aceita ser usada – e justifica que o usa. Obviamente que o discurso dela, mesmo sendo direto e em primeira pessoa, chega até nós corrompido já que surge pela boca do sujeito que a menospreza. Contradição talvez seja a informação maior do texto. O narrador a certa altura diz: “Viver os dias ao lado de Neo nos revelava um ao outro. Havia laços, afetos, e isso seria o fim de tudo.”, entretanto, ele já havia dito: “em Neo também haveria terrores, terrores nunca antes tais!, e tentava abandonar a ideia de que ela fosse um maldito saco de algodão. Creio que tenha começado a odiá-la naquele dia. Não suportava a ideia de tocá-la, de ter seu corpo junto ao meu, de a amar novamente como acabara de fazer e o faria ainda mil vezes, e nada mais.” e depois a abandona, sem nem ele mesmo entender o motivo: “Não tinha certeza do que queria da vida quando resolvi deixá-la, quando deixaria também o Correio. Qualquer futuro diferente daquele ao qual a inércia me levava me parecia fácil de enfrentar. Disse a ela que a deixaria, que tudo entre nós estava acabado, e para sempre.”
    A título de revolta, fixar a ideia e narrativa de “O Corvo”, de Poe no texto foi uma blasfêmia!
    Sucesso, Sal.

  11. Paulo Luís
    4 de setembro de 2019

    Olá, Sal Paradise, boa sorte no desafio. Eis minhas impressões sobre seu conto.

    Resumo: Casal recém conhecidos numa repartição de correios. E numa breve conquista se encaminham para um hotel sujo para uma seção de sexo. O que fazem com agressões de ambas as partes.

    Gramática: Uma leitura que flui bem, sem problemas aparente que a desabone.

    Comentário crítico: Um enredo bem elaborado, que flui com destreza de quem sabe o que quer passar, entretanto, numa linguagem com um tanto de exageros em frases de efeitos para causar humor. Outras tantas agressivas e rabugentas, citadas pelo homem para descrever a relação sexual. Agressões morais e até físicas. Mas as seções de sexos são bem construídas num tom selvagem e de desprezo de ambas as partes; num tom que lembra a escrita de Charles Bukowski? Se não é tem muito do próprio. Incluindo aí até mesmo as locações, típicas bukowskiniana. Um enredo forte cheio de nuances psico-existencial e muita crueldade. Contendo frases de altíssimo conceito na realidade feminina, como estas citadas a seguir: “Os homens pensam que tudo na mulher é parte do seu sexo” – “Poucas mulheres se abandonam ao prazer —, ela disse. — Ouvem uma mentira há tantos séculos que a veem como verdade.” – “Duas agonias que terminam, a minha e a sua. Outras virão; outros homens como você virão com suas perpétuas agonias.” Enfim, Um conto sabrinesco dos bons.

  12. Evandro Furtado
    28 de agosto de 2019

    A história de dois amantes que transformam suas vidas ordinárias de funcionários dos correios em uma romance noir cheio de dramas e sensualidade.

    Em primeiro lugar, a narrativa é perfeita. A escolha de vocabulário, as estruturas sintáticas, as descrições, o uso de figuras de linguagens, os diálogos… Tudo amarradinho e bem posto. Isso, claro, colabora para a construção dos sentimentos provocados pelo texto. O fato de estar em primeira pessoa, por sua vez, torna o leitor no personagem, transformando em seus os dramas do outro. Tudo se materializa para depois abstrair-se em emoção. Impacta-se, provoca-se. E tudo isso, permeada por uma sensualidade que não está apenas presente nos atos descritos, mas nas palavras também. É um conto preto e branco, com jogo de sombras meio Welles, e um vermelho de dor e sexo refletindo nas facetas tristes, mas saciadas dos personagens.

    Não há dúvidas.

    Ooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooutstanding!

  13. Fernanda Caleffi Barbetta
    22 de agosto de 2019

    Esse é um daqueles textos que a gente acha que vai odiar e ama. Parabéns. Comecei a ler e, quando cheguei naquela parte: “sentia que ela tremia de desejo, exalava uma contida permissão para que eu tocasse seu rosto, cabelos, seu corpo todo, que beijasse a dália rubra de batom que trazia pregada à boca”, pensei..ichiii vai ser um daqueles cheios de clichês ,preconceito, mas acabou sendo uma grata surpresa. Um texto profundo e inteligente. A única coisa é que a parte do meio para o final ficou um pouco cansativa, talvez por vc temer que seus leitores precisassem de explicações e não fossem inteligentes como vc rsrsrs. Parabéns.

  14. Luis Guilherme Banzi Florido
    21 de agosto de 2019

    Conto número 32 (estou lendo em ordem de postagem)
    Pra começar, devo dizer que não sei ainda quais contos devo ler, mas como quer ler todos, dessa vez, vou comentar todos do mesmo modo, como se fossem do meu grupo de leitura.

    Vamos lá:

    Resumo: homem e mulher que trabalham juntos sentem uma atração incontrolável pelo outro, até que se entregam e iniciam uma espécie de relação sexual auto abusiva, que se encerra tão rapidamente quanto começou.

    Comentário:

    O ponto forte do conto é a linguagem crua, em perfeita harmonia com o enredo. Existe uma grande beleza nessa linguagem, que demonstra domínio total do autor, bem como bastante conhecimento e referências.

    Como falei, a crueza da linguagem é essencial na história contada, pois, pra mim, o conto praticamente não tem enredo, baseando-se totalmente nas sensações causadas pelos abusos entre os personagens. Esses abusos nos atingem pela dureza das palavras.

    O enredo, em si, basicamente retrata duas pessoas frustradas e cansadas, que encontram um no outro a válvula de escape, numa relação de auto abuso, realmente auto destrutiva.

    Um não procura no outro carinho, afeto ou amparo. Pelo contrário, exploram as dores e fraqueza do outro, extravasando a si próprios.

    A história me soou triste e melancólica.

    Pela quantidade de sensações e emoções que o conto me despertou, digo que foi um belo trabalho, gostei bastante (apesar de não gostar do conteúdo, em si).

    Bom trabalho. Parabéns e boa sorte!

    • Luis Guilherme Banzi Florido
      21 de agosto de 2019

      ah, esqueci de dizer algo importante.

      o conto parece tratar a questão da liberdade sexual feminina de forma muito interessante! gostei dessa questão levantada, tbm.

  15. Jornalista, autor de uma coluna de cinema, literatura e arte, conhece Neolinda, a Neo, na redação de um jornal. Segue uma atração entre os dois, que desemboca no Royal, hotel barato onde ocorrerão seus encontros sexuais. Apesar de todo desejo recíproco, o protagonista sente repugnância diante da carne deveras macia da mulher. Assim, ele ama com violência e passa a sentir certo desprezo, ainda que o desejo se mantenha. Os encontros se repetem e o protagonista, em atitude sádica, começa a dar dinheiro a ela, simbolicamente pagando pelo sexo. Neo questiona a atitude do amante e discursa pelo direito das mulheres de se abandonar ao prazer e afirma ter desejo e saciedade com ele. O rapaz, insensível, pouco se interessa pelo ponto de vista da mulher, bem como sobre sua história a respeito de uma anã com pés bonitos. Quando ele deixa o jornal, resolve também terminar a relação e termina, segundo Neo, com “duas agonias”: a dele e a dela.

    História permeada de erotismo, que parte da visão de narrador/ personagem bastante parcial. Durante todo o texto, temos esse ponto de vista masculino, machista, de certa forma, mas quem realmente tem algo a dizer é Neo, a mulher de nudez exuberante, que pretende, como toda garota deveria, se divertir. É uma estratégia interessante, mas arriscada. O relacionamento dos dois pode e a postura do narrador podem causar certa antipatia no leitor. O texto é bem requintado, com tons de noir (a menção ao Humphery Bogart não é por acaso).
    Não vejo muitas características do sabrinesco no texto além do erotismo. Sei que não é um concurso para se escrever histórias como as dos livros de banca de revistas, mas, sinceramente, acredito que o autor mirou na Sabrina e acertou na Emanuelle. Não é o único do certame a confundir as moças. Mas pensando nos livros que inspiraram o grupo a criar esse gênero, não vejo açúcar na história o suficiente, nem o público-alvo basicamente feminino como foco.

    Originalidade: 4
    Domínio da escrita: 5
    Adequação ao tema: 3
    Narrativa: 4
    Desenvolvimento de personagens: 4
    Enredo: 3

    Total: 3,8

  16. Antonio Stegues Batista
    13 de agosto de 2019

    NEO

    Resumo:

    Dois colegas de trabalho se encontram num hotel para transar enquanto discutem a relação.

    Comentário:

    Logo no início o personagem fala sobre o ambiente de trabalho, compara a um remanso de mentecaptos, o que dá a entender que ele é o único inteligente ali. No hotel tudo é velho e sujo. Por que ele não escolheu um hotel melhor? Parece que a intensão foi mostrar a decadência das pessoas, a frivolidade. Nessa parte, a ambientação me pareceu com as descrições de Raymond Chandler e Dashiell Hammett em seus contos policiais da década de 60/70. A escrita é boa embora as frases sejam cheias de adjetivos e comparações desnecessárias. Na verdade, o conto é a história de um casal que se encontram para transar e é só. Uma história simples sem grandes dramas.

  17. Contra-analógico
    13 de agosto de 2019

    Sinopse: Um funcionário do Correio deseja sua colega de trabalho, que por sua vez também sente desejos reprimidos pelas convenções sociais. Mas num dado momento, ambos dão um passo maior na busca do prazer, do gozo e da excitação. Ao longo do tempo a atração se torna um empecilho, questionamentos surgem, até tudo terminar em um nunca mais.

    Comentários: O texto começa com duas boas citações, Virgínia Woolf e Poe, eu gostei muito do autor trazer O Corvo para o conto. Senti um clima de contestação as morais da vida cotidiana, do recato e da repressão sexual, principalmente em relação as mulheres. A química do casal é meio azeda, em termos de ganho e trocas, nada mais. Nenhuma verdadeira paixão que os envolvesse par além das próprias necessidades. O conto termina cíclico, deixando os termos claro de uma separação sem volta. O autor usa vírgulas após o travessão nos diálogos, a vírgula deve ser posta após o segundo travessão após a pausa narrativa. Você usa insabido desespero, não sei se foi uma boa expressão; dizendo-me, silenciosa, acho que deveria ser: dizendo-me silenciosa.

    Notas de Contra-analógico:
    – A Bruxa: 1,0
    – A Hora Certa de Dizer “Eu te Amo”: 4,5
    – A Obradora e a Onça: 3,5
    – Às Cegas: 3,8
    – As Lobas do Homem: 3,0
    – De Forma Natural: 2,0
    – Espectros da Salvação: 3,5
    – Folhas de Outono: 2,0
    – Humanidade: 4,0
    – Love in the Afternoon: 3,0
    – Neo: 2,5
    – O Buquê Jamais Recebido: 2,5
    – O Dia Em Que a Terra Não Parou: 1,0
    – O Touro Mecânico: 2,0
    – Poá: 2,0
    – Rosas Roubadas: 1,5
    – Show Time: 5,0
    – Sob um Céu de Vigilância: 4,0

    Contos Favoritos
    Melhor técnica: A Hora Certa de Dizer “Eu te Amo”
    Mais criativo: Show Time
    Mais impactante: Show Time
    Melhor conto: Show Time

  18. Pedro Paulo
    12 de agosto de 2019

    RESUMO: Dois colegas se trabalho se envolvem em uma relação na qual os anseios não se anunciam em primeira instância e se conservam mal definidos até o fim, quando o protagonista, crente de que estaria manipulando sua parceira, vê-se totalmente usado e enganado, por ela e por si próprio, ao pensar que a tinha em mãos.

    COMENTÁRIO: É um enredo interessante, que reflete sobre as relações de poder no sexo. Em sua agressividade e em constantes relações na qual seu objetivo é humilhar e cultivar alguma espécie de domínio sobre a sua parceira, o protagonista se leva a pensar que a tem em mãos, que há, de fato, uma disputa, e que nela ele conserva vantagem. Nos poucos diálogos apresentados no conto, no entanto, Neo se demonstra para além de oblíqua, bastante ciente do que faz e do que deseja, inclusive filosoficamente resolvida quanto àquela relação, refletindo sobre a posição de homens e de mulheres quanto ao sexo e decidida a desfrutar aquilo que é de direito de toda pessoa: prazer.

    Quanto ao tema, a leitura deste conto e a atenção mediana às discussões do grupo me fez pensar a respeito. Escrevi elogios a um outro conto que li antes, mas repensando a avaliação, vejo que aquele não se incluiu no tema e, portanto, preciso reler, redigir novo comentário e decidir por uma nota nova, pois não o acho pertinente ao tema. Aqui, há da mesma consideração. O sabrinesco pressupõe um romance com abertura a erotismo e, aqui, imaginei que talvez o conto estivesse tomando essa direção assim que o protagonista acusou afeto em relação à sua parceira, mas, apesar do sexo e do entendimento mútuo – que por sua vez envolvia uma desconsideração das dimensões mais pessoais de um e de outro – não existe bem uma relação romântica entre as personagens, mas uma troca complexa que faz colidir duas visões de mundo diferentes em um acordo que mais parece uma transação comercial – inclusive o protagonista, em seus jogos, tentando fazer parecer que é – do que uma relação amorosa. Com isso, acredito que a autora tenha obtido sucesso em discorrer interessantemente sobre temas pertinentes como o prazer e as mulheres, mas que não tenha escrito um conto adequado ao tema. A não ser que eu tenha estreitado em demasiado minhas perspectivas para o sabrinesco. Com essa incerteza, não farei desse aspecto um fator para baixar muito a nota.

  19. Gustavo Araujo
    10 de agosto de 2019

    Resumo: homem conhece garota no trabalho e ambos acabam tendo um caso; no início ele se mostra seguro e ela, pouco mais que um objeto; no fim, vemos os papéis se invertendo.

    Impressões: é um conto inteligente, no estilo “a vida como ela é”, com Neo e o protagonista-narrador cedendo a si próprios a uma paixão, ou melhor, a uma situação que atende aos anseios de ambos. O texto contém diversas referências interessantes. A começar pelo estilo Bukowski do primeiro parágrafo, que logo dá lugar às menções cinematográficas à luz dos amores de Bogart. Bacanas as alusões às artistas que com ele contracenaram ou mantiveram casos, algo que reflete diretamente na narrativa que se desenrola. Não sou um especialista em Bogart, mas posso imaginar que esse tipo de sensação — de superioridade e insegurança — também recaiu sobre ele quando passou a se relacionar com a jovem Bacall, a exemplo do que ocorre entre Neo e o narrador. De fato, um homem que se coloca num pedestal, considerando a mulher como mero objetivo de prazer, está fadado à derrota moral e até mesmo física.

    Interessante, também, como nosso narrador se dá conta disso, no instante em que a referência direta a Poe se descortina, caindo perfeitamente como ilustração a esse trecho da trama. A visita que adentra seus umbrais traz consigo um espelho que revela a decadência de seu par e por isso se mostra adequada.

    Não gostei tanto da maneira como os argumentos de contraposição foram colocados na boca de Neo. Achei que ficaram um tanto artificiais, ainda que eu possa concordar com cada palavra. O problema é que ninguém fala assim, como se fosse um livro de psicologia ambulante. Talvez o conto ganhasse em verossimilhança, nessa parte, se isso fosse revisto.

    De todo modo, no fim, quando o narrador percebe a fraude que ele próprio representa, o conto volta a ganhar contornos fortes, recuperando-se a tempo de deixar uma boa impressão no geral. Espero que outros leitores possam apreciá-lo devidamente. Parabéns e boa sorte no desafio.

  20. Higor Benízio
    6 de agosto de 2019

    Dois funcionários dos Correios, um homem e uma mulher, acabam tendo um caso.

    Gostei de algumas referências, e como as encaixou no texto (exceto a nota de abertura). A escrita também é decente, sem problemas. O problema mesmo é que este é mais um dos textos “ocos” deste desafio. Quero dizer com isso que o texto não tem uma “Razão vital”, digamos assim, apenas uma sucessão de impressões falsas que aspiram a uma espécie de charme e inteligêcia quando na verdade falta os dois. Os outros textos aqui do desafio (do que li até o momento) com o mesmo problema: “Love in the Afternoon”, “As Lobas do Homem ” e “A Obradora e a Onça” talvez lê-los revele melhor o que quero dizer. No fim das contas o que falta é apenas honestidade, entende? Seguem alguns (alguns) trechos desonestos:
    “Tê-la revelada seria o fim.” (todos nós sabemos que é impossível ter qualquer mulher “revelada”) ; “Disse a ela que a deixaria, que tudo entre nós estava acabado, e para sempre.” (o cidadão estava pagando, meu Deus do céu!). “ao sexo por horas a fio.”(ninguém transa por horas a fio, todo mundo que já transou nessa vida sabe disso) e por aí vai.

E Então? O que achou?

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Informação

Publicado às 1 de agosto de 2019 por em Liga 2019 - Rodada 3, R3 - Série A e marcado .
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