Preciso continuar relatando o que aconteceu. Quando terminar de contar tudo que sei, começar contar novamente. Incontáveis vezes até minha sanidade termine de vazar espaço afora. O registro deve permancer para ser repetido. Que minha boca se transforme em emissor, meu cérebro um livro desse registro, como hieróglifos encravados na minha mente, para quem sabe um dia ser encontrado. Faço como um último recurso de salvação, não para mim, mas para quem for capaz de entender ou quem for chegar perto daquela luz. Essa cápsula que deveria me transportar inconsiente para um porto seguro, tornou-se o próprio inferno de catatonia. Repetindo-se, repetindo-se, repetindo-se…
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Meu nome é Capitão Clemente Farias, comandante da missão da fragata astronáutica ONORIS II e meu relato começa nos confins da estrela mais instável da constelação de Órion, Betelgeuse. Nossa missão tinha objetivo de investigar sinais luminosos a partir do terceiro planeta conhecido do sistema: Betelgeuse-C, mais conhecido como Quimera. Estávamos de olho nesse pequeno planeta rochoso desde quando descobriu-se que ficava na zona habitável da estrela. Naquela época ganhou espontâneamente o nome de Andrômaca mas a descoberta de níveis enormes de gases nocivos na atmosfera do planeta, como a amônia, mostraram-se decepcionantes o suficiente para fins de colonização. Isso foi o suficiente para Andrômaca se tornar o desconhecido e antigo nome de Quimera.
Longe dos interesses financeiros maciços dos empreendimentos coloniais, a esquecida Quimera voltou a ganhar atenção novamente apenas após os registros de eventos misteriosos de luz no sistema Betelgeuse. Eram assinaturas de calor muito intensas e estreitas e difíceis de associar a tempestades solares. Boa parte da dificuldade da missão estava relacionada ao fato de Quimera ser quase tão desagradável quanto Vênus em praticamente todos os aspéctos. Para auxílio da missão, havia um posto avançado, numa das luas de Belerofonte, o gigante gasoso do sistema. Estivemos por cerca de seis meses ali reativando a base, até então abandonada por falta de recursos. Desse tempo, as últimas nove semanas, utilizamos a ONORIS II para orbitar Quimera.
A bordo da ONORIS II fizemos leituras comparativas nos arredores de Quimera com o os dados preliminares da ONORIS I tentando entender minimamente os eventos luminosos. Encontramos uma ocorrência apenas, como se ficassem tímidos com nossa presença. A sensação de que não foi apenas nós que ficamos mais cuidadosos com o fim da primeira missão era latente. Até onde se sabe, a primeira missão foi tragada pela gravidade de Belerofonte, sem registros mais detalhados além dos enviados automaticamente enquando a nave colapsava. Contudo, não estávamos lá para investigar ONORIS I, mas para investigar as luzes que poderiam ser o primeiro contato com uma inteligência alienígena de nível mais alto que bactérias ou microalgas.
O primeiro registro da luz que obteve-se naquela ocasião, acabou impulsionando a missão a permanecer em órbita, ainda que o impulso para descer tomou conta de cada indíviduo da tripulação. Apesar da obediência ao protocolo, A ONORIS II veio a Betelgeuse com o peso de ser mais cuidadosa. Assim estávamos progredindo, com calma, monitorando cuidadosamente Quimera quando a Sargento Carla viu pela escotilha o corpo congelado do Tenente Félix, que estava fazendo uma manutenção externa da nave. Estava com seu traje externo exceto pelo capacete que estava desaclopado. Os instrumentos de manutenção da nave flutuavam pacificamente ao seu redor, contrastando com a sinistra tonalidade cinza da pele de Félix, congelada de morte pelo espaço. As vozes nos comunicadores demonstravam variadas formas de tentar manter o controle. Lembro-me de ter me saído melhor nisso que os berros da Sargento e a voz trêmula do Tenente Otacílio mas o que apavororou a todos foi o silêncio do Tenente Felix, que não emitiu som algum até ser percebido por Carla. Isso gelou a espinha de toda a tripulação. Seu equipamento de comunicação ainda funcionava. Nada foi registrado. Nenhum grito, um gemido sequer. Seja lá o que o matou, foi incrivelmente instantâneo. Tentando manter o controle, ordenei que Carla continuasse o contato visual com o corpo do Tenente Felix enquanto tentaria puxa-lo para dentro da nave.
– Capitão, como não percebi nada? Estava monitorando Felix. Não faz sentido. – Carla disse e parou procurando racionalizar. – Ele estava falando aquelas besteiras de sempre, de como seu cunhado precisava trabalhar, e derrepente parou.
– E depois, Sargento?
– Eu não disse nada. Não perguntei nada. Simplesmente perdi a a vontade de conversar, não me importei por alguns segundos. – Carla falava se desculpando. Não era seu normal. Enquanto conversava com Carla, me preparava para aproximar a pinça externa da nave e puxar o corpo de Felix para dentro da nave, para poder investigar.
– Fique alerta desta vez, Sargento. Vamos puxar o Félix. Reporte qualquer outra coisa diferente.
Em menos de um minuto a pinça mecânica se aproximou do alvo. Lembro apenas do meu autocontrole, enquanto a câmera na ponta do instrumento dava o visual do rosto de Félix. Além da pele congelada, cristalizou-se a mais pura expressão do horror. A boca e olhos arreganhados e linhas travadas no seu último momento. Depois a câmera apagou.
– Perdi o visual! Sargento!
– Diminui. Para, para capitão. Recolhe um pouco!
Tarde demais. A pinça bateu no corpo impulsionando para longe do corpo fazendo-o girar. Longe do alcançe da pinça.
– Puta que pariu! – Todos pensaram, mas apenas eu falei. O silêncio do fracasso berrou nos meus ouvidos: “O que vamos fazer agora?”. – Venham todos ao convés.
Tenente Otacílio e a Sargento Carla vieram de suas posições de observação, onde acompanharam a operação fracassada. Já estavam a tempo juntos e tinham o conhecimento do protocolo: O computador da missão escolheria um membro para o resgate exploratório com traje externo. Cada membro restante da missão, colocou a mão em uma tela leitora para colher dados médicos. No ecrã, haviam quatro telas. Três estavam sendo atualizadas, calculando desde o estado clínico até as reações ao acidente fatal com Félix. Então, o rosto do Tenente Otacílio foi realçado com um alerta de mensagem, delegando-o como o mais indicado a tarefa. A única reação visível foi uma engolida seca e um acendo de resignação.
– Aproximando-se do corpo do Tenente Félix. – Disse Otacílio mecanicamente pelo comunicador, enquanto a Sargento observava da escotilha da popa direita da ONORIS II.
– Não se aproxime demais, Tenente. – Disse para manter a comunicação constante, de forma a monitorar a consiência de Otacílio. Quando o Tenente parou, prosegui falando. – Prossiga, Tenente. Consegue aprovetar o instrumental de Felix?
– Sim, senhor. Está ao alcance da minha mão. Recolhendo o Martelo. – Disse Otacílio se referindo ao instrumento que fazia de tudo um pouco, de medição sensível à solda básica no casco.
– Muito bem, Tenente. Agora prossiga para o quadrante 6 da nave e continue a verificação de rotina.
– Realizando deslocamento em espaço aberto. Quadrante 6 no visual. Ajustando controles de locomoção do traje. – Disse Tenente Otacílio, que narraria qualquer coisa pelo simples medo de não conseguir mais fazê-lo. – Luzes de sinalização em perfeito funcionamento. Luzes em tons lilás, muito bonitas. Luzes lindas. Parece que estamos de dia. O senhor precisa ver isso. Consegue ver isso, Capitão? Tem plantas enrroladas no painel aberto do quadrante 6. Folhas verdes. É lindo. Como pode estar aqui? Lindas folhas. Meu deus, uma borboleta. Ela pousou no meu dedo. Tem mais. Várias. Estão em toda a parte. Conseguem ver o céu azul como vejo? O ar deve ser puro. Capitão, desaclopando o capacete. O ar está puro. Posso respirar. Posso resp…
– Você está maluco, Tenente? Coloque o capacete imediatamente! Isso é uma ordem! – Gritava para o Tenente Otacílio, que divagou sobre o que achou que estava vendo. Não tinha condições de travar o capacete da cabine de comando.
Quando resolvi dirigir minha atenção a Sargento, que estava silenciosa no comunicador, recebi o alerta na tela de descompressão no quadrante 6. O sinal de vida do Tenete Otacílio se apagou. Estava morto. O da Sargento começou a apitar depois indicou falta de sinal. No visual, os objetos da cabina de observação da Sargento estavam flutuando a esmo. A comporta de emergencia aberta. A nave iria descompressar por inteiro. Fui obrigado a colocar meu traje externo, por segurança, caso perdesse a compressão na ponte de comando. Tentei ver pela escotilha, pois minhas câmeras estavam fora do ar. Vi três corpos flutuando no espaço e uma bela luz. Me dirigi o compartimento da saída e depois pulei em espaço aberto. A luz me atraiu com uma linda sugestão de remover meu capacete. Então acionei a última contingência de fuga em espaço aberto.
A capsula de fuga disparou do casco parou por um instante. Acionou uma luz vermelha e se dirigiu até mim, quando se abriu e me envolveu. Aguardei para entrar em estado criogênico e ser direcionado até a base da lua de Belerofonte. Vi os dados sendo carregados da nave e derrepente, tudo começoua falhar. Um mostrador da cápsula informou que os dados estavam corrompidos, então ordenei vocalmente para que a cápsula me evacuasse imediatamente. Seus foguetes fizeram a capsula vibrar e ela disparou espaço a fora. Aguardei com apreensão pelo início do estado criogênico para que pudesse não ver mais essa luz medonha e estar de volta para casa. Foi com terror que percebi que o sistema iniciou o processo. Me mantendo vivo, preservado mas não inconsiênte. Não dormi, desde então.
***
Incontável tempo. Inúteis escalas de medida, por mais que seja possível medir. Meu tempo de existência fora desta caixa tornou-se indistinguivel de qualquer estrela que enxergo da pequena janela da capsula que rebatizei de Sarcófago. A vida, ou este estado de existência, virou uma história, a única a ser contada e o é a tanto tempo que inumeras gerações caberiam desde então. Mas não haviam gerações, não haviam distorções. Apenas distanciamento, uma breve lembrança de ter estado lá ou em qualquer outro lugar. Se algum dia existiu, foi porque existe esse registro. Esse registro existe porque continuo repetindo. Se eu parar de repetir, nada mais restará.
Uma equipe de pesquisa espacial acaba caindo na atmosfera que gera ilusões, com seus recrutas morrendo um a um. O protagonista, porém, consegue fugir mas fica preso numa espécie de cápsula de fuga.
Um conto de ficção científica com toques de horror, não lembro de ver no desafio mais nessa pegada. Gostei bastante da ideia, mais que a execução. O fato do protagonista ficar preso na cápsula, sobrevivendo, mas não em estado de sono profundo, tendo que enfrentar tudo desperto e repetindo a si mesmo a história para não esquecer é muito bom, além de agonizante. Porém achei o desenvolvimento um tanto sem clímax, as ilusões poderiam ter gerado um visual mais interessante ao conto, fugindo do padrão a lá Gravidade. Mas gostei.
🗒 Resumo: o capitão de uma expedição interestelar narra os terríveis acontecimentos de quando sua tripulação foi afetada mentalmente por uma “luz”, provavelmente uma entidade alienígena. Ao fim, somente ele escapa, mas fica consciente e preso para sempre numa cápsula (o sarcófago do título).
📜 Trama (⭐⭐▫▫▫): histórias de ficção científica “hard”, como essa, exigem um espaço considerável para apresentar o background, os personagens e as regras do cenário. Neste conto, como o espaço é bastante curto, o autor acabou utilizando o recurso do “infodump”, quando muita informação é “jogada” pelo narrador num curto espaço, numa velocidade maior que o leitor médio consegue absorver. O ideal, nesse caso, num conto mais longo, é que a informação surja de forma mais orgânica na narrativa. Mas, além de muita informação, este conto acabou jogando algumas totalmente desnecessárias para a trama, apesar de bem legais. Por exemplo, qual o objetivo de explicar que o planeta chamava Andrômaca? Essa parte poderia ter sido suprimida sem prejuízo para a trama.
Outro ponto que incomodou um pouco foi a apresentação de personagens. Tirando o narrador, os demais surgiram como se já tivessem sido apresentados antes. Geralmente qdo lemos um nome no conto, pensamos “quem é esse?”. Se o narrador não explicar logo, acaba deixando uma confusão e correndo o risco de desconectar o leitor.
Exemplo: Sargento Carla, Tenente Félix e Tenente Otacílio foram citados sem terem sido apresentados antes.
Sobre o final, fiquei com uma dúvida: os recursos do Sarcófago são infinitos? Como ele poderia viver ali por tanto tempo, já que não há como processar oxigênio e alimentos no espaço?
Ainda no rol das dúvidas: qual a origem e motivação da “luz”? Geralmente o vilão da história deve ter uma origem e motivação pra não parecerem só um artifício de roteiro.
Dito tudo isso, tenho a dizer que a história tem bastante potencial para ser boa, mas infelizmente faltou espaço para desenvolver melhor o ambiente, os personagens e o vilão. E justamente por ter visto todo esse potencial que resolvi elencar os pontos de melhoria.
📝 Técnica (⭐⭐⭐▫▫): a técnica é boa e a descrições são bem vívidas, mas o texto exigia um pouco mais de revisão.
▪ começar *a* contar novamente
▪ Naquela época *vírgula* ganhou espontâneamente o nome de Andrômaca *vírgula* mas a descoberta de níveis enormes de gases nocivos
▪ *Estava* com seu traje externo exceto pelo capacete que *estava* desaclopado (repetição próxima)
▪ A pinça bateu no corpo *vírgula* impulsionando para longe do corpo
▪ Cada membro restante da missão *sem vírgula* colocou a mão
▪ Consegue *aproveitar* o instrumental de Felix?
▪ resolvi dirigir minha atenção *à* Sargento
▪ *Dirigi-me ao* compartimento da saída
▪ A capsula de fuga disparou do casco *e* parou por um instante
▪ tudo *começou a* falhar
▪ *Mantendo-me* vivo
▪ única a ser contada e o é a tanto tempo que inumeras gerações caberiam desde então
▪ Mas não *havia* gerações, não *havia* distorções (“havia”, no sentido de “ocorrer” ou “existir”, é impessoal, isso é, permanece na terceira pessoa do singular, pois não tem sujeito)
🎯 Tema (⭐⭐): terror espacial [✔]
💡 Criatividade (⭐▫▫): infelizmente não achei muito criativo. O texto acabou não conseguindo fugir muitos dos diversos clichês de histórias sobre viagens espaciais e exploração do espaço desconhecido. Faltou algo, talvez na exploração da espécie alienígena, que criasse essa sensação de novidade.
🎭 Impacto (⭐⭐▫▫▫): o excesso de informação, a pouca empatia com os personagens e o final confuso fizeram com que minha relação com o conto não fosse tão positiva. Com alguns ajustes, porém, isso tende a mudar.
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RESUMO
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Ao explorar estranhas luzes em um planeta (que a princípio se pensava ser habitável, mas depois constatou-se que era venenoso) toda a tripulação morre, vítimas de alucinações que levava a remover o capacete no espaço.
Apenas o capitão consegue fugir, mas dá ruim na criogênia e ele fica à deriva no espaço, inerte, porém consciente, por incontáveis anos.
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ANOTAÇÕES AUXILIARES
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– alguém, ou alguma coisa, divaga, aparentemente perdido no espaço. Diz que ficará em loop.
– era alguém: Capitão Clemente Farias
– relato sobre uma busca por planeta habitável que se revelou não tão habitável assim
– eventos misteriosos de emissão de luz colocam o planeta novamente “no radar”
– Tenente Felix é morto misteriosamente ao realizar manutenção externa
– tentam recuperar o corpo, mas não conseguem
– Tenente Otacílio começa a ter alucinações e tira o capacete
– todos morrem
– antes de morrer também, o capitão consegue escapar numa cápsula
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TÉCNICA
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A narração mais “dura” combinou com o estilo FC. o começo achei um certo exagero os nomes estranhos e tal, mas depois me acostumei. Talvez tenha exagerado um pouco na quantidade de personagens (pelo menos não teria citado o nome de todos).
Há alguns problemas com acentuação (capsula, emergencia…) e os listados abaixo:
– Andrômaca se tornar o desconhecido e antigo nome de Quimera
>>> seria melhor “receber” no lugar de “se tornar”
– a pinça externa da *nave* e puxar o corpo de Felix para dentro da *nave*
>>> evitar essas repetições
– Puta que pariu! – Todos pensaram, mas apenas eu falei
>>> kkkkkkkkk
– acendo de resignação
>>> aceno
– aprovetar
>>> aproveitar
– Mas não haviam gerações
>>> havia
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TRAMA
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Um clássico terror espacial, bem ambientado.
Apesar do decorrer da história já mostrar o elemento de terror que atenderia ao tema, na minha opinião o terrível mesmo ficou para o final… que foi meio aleatório em relação a todo o resto contado até ali (pelo menos não entendi que a falha na criogenia teve relação direta com o planeta).
Tipo, ficar pela eternidade numa síndrome de loked-in… não imagino nada pior.
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SALDO FINAL
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Bom conto, ganha pontos pela ambientação diferenciada.
NOTA: 4
O que entendi: Um capitão de missão de investigação espacial narra sua história. A nave da primeira missão desaparece, e a segunda visa descobrir o que aconteceu com a primeira e saber que forma de vida estaria gerando uma misteriosa luz. Toda a tripulação morre ao tirar o capacete diante de alguma miragem de beleza ímpar. Exceto o capitão que fica eternamente preso na cabine, contando a história infinitamente.
Técnica: É um estilo lento e minucioso. FC exige um processo criativo nerd, o que admiro, mas não me emociona.
Criatividade: Gostei de todo esse envolvimento científico, mas acho que o terror poderia ser mais explorado.
Impacto: Pequeno, mas o final foi bem costurado; o que me agradou bastante.
Destaque: “A vida, ou este estado de existência, virou uma história, a única a ser contada e o é a tanto tempo que inumeras gerações caberiam desde então.” – Bela frase!
Sugestão: O texto implora por uma severa revisão, não só gramatical, mas também de fluxo.
Sarcófago (Clemente)
Resumo: Uma expedição desastrada, um encontro fantástico de um organismo inteligente que atrai suas vítimas e as sugestiona. Um registro que fica da missão
O prólogo é a melhor parte do conto, ele é direto, tem emoção e instiga o leitor a continuar. A repetição é o diabo, e está para o terror como surpresas no aeroporto estão para comédia romântica.
Contudo, em meu entendimento, o conto perde força logo em seguida. Podemos observar dois blocos; onde existe uma preocupação muito grande do autor em situar o leitor, para isso nos bombardeia com informações sobre planetas, atmosfera, naves e estrelas. Ao passo que no outro, as mencionadas informações são praticamente abandonadas e há efetivamente a apresentação dos personagens, que só ocorrem no meio do conto; a saber; Felix, Carla, Otacilio, ou seja, a conexão fica completamente prejudicada. Não há praticamente drama, apenas mortes justificadas.
Resta claro que o autor abriu mão de uma revisão mais apurada, muitos dos erros poderiam ser facilmente corrigidos com a ajuda de recurso automático do próprio word, alguns são de simples grafia, outros são mais crassos. Exemplos são:
“O registro deve permancer”
“inconsiente” para um porto seguro”
“espontâneamente o nome de Andrômaca”
“aspéctos”.
“enquando”
“desaclopado”
“apavororou a todos foi o silêncio do Tenente Felix”
“derrepente parou.”
“alcançe”
“a consiência”
“aprovetar”
Frase destaque:. “Além da pele congelada, cristalizou-se a mais pura expressão do horror. A boca e olhos arreganhados e linhas travadas no seu último momento.”
Curti: Penso que o desfecho recuperou um pouco do bom trabalho feito na introdução. Achei muito boa a sacada do chamado “sarcófago” e sua relação com o título. Muito bem aproveitado.
Sarcófago – Clemente
O início é o que cativa. O meio é o que sustenta. O final é o que surpreende. O título é o que resume. O estilo é o que ilumina. O tema é o que guia. E com esses elementos, junto com meu ego, analiso esse texto, humildemente. Não sou dono da verdade, apenas um leitor. Posso causar dor, posso causar alegria, como todo ser humano.
– Resumo: Numa missão de reconhecimento a Quimera, que fica no sistema solar de Betelgeuse, a tripulação de ONORIS II se encontra diante um mistério: a morte de um dos passageiros. É tudo muito misterioso. E, no final, quando a tragédia abate a nave, o capitão foge, preso numa cápsula em estado criogênico, mas consciente.
– Início: Espetacular. A introdução, cara, foi espetacular. Sem igual, mesmo. Cativou meu espírito-leitor. De verdade. Mas aí que está: será que o autor vai manter a qualidade?
– Meio: Cansativo. Sabe qual é o problema de inícios espetaculares? Eles criam expectativas. Infelizmente, o autor não manteve a qualidade inicial da narrativa. Na verdade, tentou fazer um conto de ficção científica. Ficou apenas na tentativa, mesmo. Tudo é muito maçante, sem explicação sólida, sem base. E o autor insistiu nisso até perto do final, mesmo tentando aplicar um tom de terror ao conto, o que também falhou, ao meu ver.
– Final: Agoniante. O autor acertou em duas coisas: no início, com aquela narrativa espetacular, e no final, com o erro da cápsula de fuga. Apesar da falta de uma explicação sólida e realista, do porquê a máquina congelar o corpo, mas a consciência se manter (se congelou o cérebro, pra preservá-lo, a consciência cessa na hora, o ser fica inconsciente, e não houve nenhum fator sobrenatural para explicar isso), o sentimento de agonia ficou presente. Isso fortaleceu o conto.
– Título: Excelente. É o tipo de título que emenda com o final do conto. Faz todo o sentido quando vemos o resultado de tudo. E o melhor: não é óbvio.
– Estilo: Ruim. Olha, se o autor escrevesse daquela forma inicial, acharia espetacular. Mas o estilo aplicado no conto, na sua narrativa em geral, além de ser muito maçante e conter erros de digitação e afins, não tem fator de brilho que realmente chame a atenção. Aquele toque especial que faz com que queiramos continuar a leitura.
– Tema: Tropeços. Apesar da situação supostamente aterrorizante, não me pareceu um conto de terror. Colocar mortes e acidentes espaciais não transforma a história num terror. Não existe clima, não existe algo que realmente traga o horror ao leitor. A coisa mais agoniante é o final. E se o autor tivesse se focado nisso, sim, eu consideraria uma história de terror. A narrativa tem que estar de acordo, também, e ela ficou mais puxada para uma história de ficção científica.
– Conceito: Bronze.
Aviso prévio: Todas as notas refletem única e exclusivamente minha opinião enquanto leitor. Não entendo nada de teoria literária. E não é que seu texto seja esta nota. Apenas para os critérios que decidi levar em conta neste desafio foi assim. Se avaliasse outros aspectos, a nota poderia ser diferente. E qualquer sugestão que faço sobre a narrativa não é algo como “ficaria melhor assim”. É só um brainstorm para ajudar em uma possível reformulação, se o autor tiver interesse em reformular, ou em brincar com o texto depois.
A menor nota por critério é zero.
Resumo: Tripulação investiga estranho fenômeno de luminosidade em estrela distante, sob a esperança de encontrar vida alienígena complexa. A missão falha, uma vez que a luz (ou sua fonte) tendem a induzir a morte dos tripulantes. Ao fim, o capitão da expedição se vê preso em uma capsula de fuga.
1) Protagonista/Herói: Capitão Clemente Farias – Nota1 de 2
Creio que o maior problema com nosso protagonista é o fato de sabermos tão pouco sobre ele, o que dificulta um vínculo empático, enfraquecendo o texto como um todo.
Claro, nem todo protagonista precisa ser um poço de complexidade. Em histórias de terror/aventura esse raramente é o caso. Mesmo assim, precisamos pelo menos de algumas ações que possibilitem entendermos quem é essa pessoa e onde está sua individualidade.
Senti que não aprendi nada sobre o capitão e, por isso, não consegui me conectar com a tensão da história.
2) Antagonista/Vilão: A luz – Nota 1 de 2
Nem todas as histórias precisam explicar detalhadamente seus vilões. Muitas vezes o terror funciona bem, justamente, deixando amplas margens de interpretação sobre o monstro adversário.
Mas não acho que isso funcionou muito bem aqui.
Acredito que mesmo quando essas margens são apresentadas, a narrativa deve apresentar elementos que indiquem possibilidades interessantes sobre o mal.
Aqui, pouco sabemos do vilão, de seu interesse, seu arsenal… o que sabemos é pouco demais para torna-lo parte cativante da história.
3) Mudança de valores – Nota 1,5 de 3
É a mudança de valor na narrativa que costuma criar conflitos na história. Nesse aspecto fundamental o autor se mostrou bem competente. A Exploração de mistério que pode alcançar novos conhecimentos, positivo, missão gradativa e com maior sucesso que a anterior, positivo, corpo de Félix flutuando, negativo, proximidade de recuperar o corpo, positivo, ameaça da luz, negativo, fuga bem executada, positivo, maldição da fuga, negativo.
Mas, embora a troca de valores tenha sido satisfatória, o resultado do envolvimento com o conflito não foi tão grande. Acredito que isso aconteceu, em parte, pelo distanciamento que tive de nosso herói e, em parte, por grande parte desses acontecimentos serem mais ou menos esperados no gênero proposto, sem grandes inovações.
4) O que o texto pretendia/ o que o texto fez – Nota 1 de 3
A narrativa se constrói em torno do mistério da luz e do que se passa no espaço. O prólogo foi uma maneira eficiente de prender a atenção. Há, contudo, alguns deslizes de revisão que enfraquecem a narrativa, como alguns artigos e preposições faltando, virgula separando sujeito e verbo e, um pouco mais grave, a repetição de palavras (nave, corpo, etc) em espaço muito curto.
Não tenho dado grande ênfase em revisão nos contos, mas aqui atrapalha bastante porque se busca construir a curiosidade o tempo inteiro e as repetições fazem com que o foco se perca um pouco.
Outro problema é que acabamos não tendo uma resposta satisfatória sobre o destino do protagonista apresentado logo no início, o que me frustrou um pouco ao final.
Síntese: Uma história com um background interessante mas que não explorou muito bem o que se propôs. Chuto que o conto foi finalizado perto do prazo final do desafio, o que impossibilitou uma revisão e uma lapidação mais apurada.
Nota final: 2,3
Resumo: após um preâmbulo em que o narrador diz que é obrigado a repetir-se infinitamente, sabemos que o capitão Clemente é comandante da ONORIS II, fragata espacial que investiga sinais luminosos numa estrela (?). Da nave, fazem experiências tentando entender o que causa aquilo. Até que a sargento Carla vê o corpo do Tenente Félix na parte externa da nave, onde este fazia manutenção. Ao tentar resgatar, o corpo se afasta da nave, obrigando a um deles ir fazer uma missão exploratória. Vai o ten. Otacílio, que se encanta com as luzes vindas do planeta, e ele resolve tirar o capacete, morrendo. A sargento também descomprime-se e morre. Clemente foge numa câmara criogênica, mas permanece consciente para a eternidade, lembrando-se para sempre.
Premissa: terror sci-fi. Não há um elemento externo que explique a origem do terror/alucinação (a beleza do planeta?).
Técnica: o texto tem vários erros que até atrapalharam a leitura: derrepente, desaclopando, inconsiênte, alguns até repedidos. A história lembra muito o astral de Gravidade, do Cuarón, inserindo o elemento do inexplicável.
Voz Narrativa: a narração é aventureira, e mais catastrófica do que horrorizante. Acho que o elemento que ocasiona a “loucura” ficou mal explicado. É um texto de Portugal, a meu ver, que precisa de um pouco mais de lapidação.
Resumo: grupo de astronautas está explorando a região próxima de um planeta distante. Um a um, ao saírem da espaçonave que ocupam, acabam morrendo não sabe bem por quê – talvez atacados por alienígenas desse tal planeta. Até que só resta o capitão, que foge em uma cápsula. No final, ele está à deriva, repetindo sua história indefinidamente, para ninguém em especial.
Impressões: Ótima trama. Não chega a ser original, mas segue a receita para manter o suspense e prender o leitor, o que não é pouco. O problema está na execução – há muitos erros, muitos mesmo, o que demonstra pouca preocupação com a revisão e com o resultado final do produto. Não costumo me incomodar com isso, mas aqui as sucessões de equívocos de ortografia, de concordância e má conjugação de verbos foi além do normal, comprometendo minha experiência como leitor. É algo pessoal, que talvez não aborreça outros leitores, mas achei importante passar essa impressão. De todo modo, como eu disse, é um bom conto. Basta um pouco mais de carinho na revisão. Parabéns e boa sorte no desafio.
Olá Clemente; tudo bem?
O seu conto é o décimo sétimo trabalho que eu estou lendo e avaliando.
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O QUE ACHEI DO SEU TEXTO
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Achei interessante encontrar um conto de FC em meio ao Desafio. Claro que existe um terror, uma apreensão e uma angústia latentes em seu texto, deixando portanto a questão de adequação ao tema (Terror, visto que não se trata de um conto infantil ou infantojuvenil) para decisão de cada avaliador.
Para mim, se tem medo, apreensão, pânico, mortes e um “assassino”, mesmo que desconhecido, tá valendo! 😉
Gostei das descrições espaciais e do climão claustrofóbico que vai crescendo à medida em mais astronautas vão ‘enlouquecendo’ e se matando.
Curti o estado prisional eterno ocorrido no final da história e não encontrei nada que me tirasse da imersão na sua obra. Alguns errinhos bobos passaram, é claro, mas nada que uma revisão mais atenciosa no futuro não consiga deixar o seu texto 100%!
É isso! Parabéns pelo trabalho! E boa sorte no Desafio! 🙂
Bem, pra finalizar… As regras do Certame exigem que eu faça um resuminho do trabalho avaliado, para comprovar minha leitura. Então vamos lá:
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RESUMO DA HISTÓRIA
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Tripulação de astronautas em viagem exploratória a uma das várias luas de um planeta distante vai sendo dizimada por algo desconhecido que faz com que os tripulantes da missão retirem seus capacetes em pleno espaço sideral, em meio a um tipo de alucinação recorrente.
Resumo: Sarcófago (Clemente)
Um conto que está mais para ficção científica, não vi terror e tampouco infantil ou infanto. Achei que a ideia do conto é um tanto quanto batida, mas, de todo modo é um bom enredo. Senti a leitura quanto a narrativa mal ordenada, a história em alguns pontos é chata, pois o narrador enrola muito no meio das situações. Não há terror, não há também ação, é um conto que tenta migrar de um gênero para o outro, terror e ficção, sem conseguir um bom casamento ou ter um impacto, nem mesmo com as tentativas de descrições dos mortos no espaço. Os nomes dos planetas repetiram-se muito e travaram a leitura no início, ficou meio que narrativa de professor, se é que me entende. No mais ponto para criatividade, isso o autor(a) tem de sobra.
Algumas observações:
Incontáveis vezes até minha sanidade termine de vazar espaço afora – até que
O registro deve permancer – permanecer
o suficiente para fins de colonização. Isso foi o suficiente – repetição de “suficiente”
aspéctos – aspectos
com o os dados preliminares – como os
enviados automaticamente enquando a nave colapsava. – enquanto
que estava fazendo uma manutenção externa da nave. Estava com seu traje externo exceto pelo capacete que estava desaclopado. – desacoplado / outro detalhe é a repetição de estava nesse pequeno espaço 3 vezes.
do Tenente Otacílio mas o que – do Tenente Otacílio(,) mas o que
Félix ou Felix – Tem o nome grafado das duas formas no conto
externa da nave e puxar o corpo de Felix para dentro da nave, para poder investigar. – para dentro, no intuído de investigar – assim evita-se a repetição de “nave” e de “para”
consiência – consciência
Consegue aprovetar o instrumental de Felix? – aproveitar
enrroladas – enroladas
O ar deve ser puro. Capitão, desaclopando o capacete – desacoplando
A comporta de emergencia – emergência
Me dirigi o compartimento – e dirigi (ao) compartimento
derrepente, tudo começoua falhar. De repente, tudo começou a falhar.
e mantendo vivo, preservado mas não inconsiênte. – inconsciente
Avaliação: (Para os contos da Série A-B não considerarei o título, as notas serão divididas por 5 para encontrarmos a média. Porém teremos uma ordem de peso para avaliação caso tenha empates… Categoria/ Enredo / Narrativa / Personagens / Gramática.
Infantil/infanto ou terror: de 1 a 5 – 1,0 (Apenas para não dizer que não tem nada de terror)
Gramática – de 1 a 5 – Nota 1,0 (Revisão não foi bem feita muitas palavras digitadas erroneamente)
Narrativa – de 1 a 5 – Nota 2,5 (Tem potencial)
Enredo – de 1 a 5 – Nota: 2,5 (Tem potencial)
Personagens – de 1 a 5 – Nota 1,0 (Sem carisma)
Total: 8,0 / 5 = 1,6
RESUMO: O capitão Clemente Farias perde todos os seus subordinados em uma missão em que orbitavam a misteriosa e luminescente Quimera. Evacuado e distante da luz fatal, vê-se na pior das situações em que continua consciente, mas completamente preservado pelo sistema criogênico da capsula que o transforma. No sarcófago, ele repete para si mesmo tudo o que ocorreu. Se é que ocorreu. Quem é ele mesmo?
COMENTÁRIO: É um suspense satisfatório. O parágrafo introdutório nos imerge em uma sensação de algo que deu profundamente errado e o restante da leitura é marcado por essa percepção de que lemos o que talvez sejam as últimas palavras do protagonista. De certo modo, faz do conto um pouco interativo, pois somos convidados a perpetuar a perdição dos tripulantes da Oniris II
Isso não se mantém por completo pelo início em que se explica todo o caráter da missão em que estão os tripulantes, algo que ultimamente se prova desnecessário para o conto. Isto é: apesar de deixar perfeitamente claro o contexto da presença deles ali, não é um conhecimento verdadeiramente essencial ao entendimento e à identificação dos conflitos pelos quais passam os personagens. Obviamente, o autor é livre para tratar como quiser, mas acredito que três informações despontam com importância pertinente: a missão ser colonizadora; o vestígio de vida inteligente ser o crucial; e a tripulação desaparecida da Oniris I. As duas primeiras informações nos dão um contexto e não precisariam ser tão explicadas, permeando a ação, os pensamentos e os diálogos da personagem. Já a terceira contribui para o senso de perigo. Todo o resto, no entanto, sobre como o planeta era importante e deixou de ser, não importou muito e diminuiu um pouco o ritmo do conto.
Com isso, o proceder da situação é mesmo intrigante, com as descrições dos fatos acrescendo no crescente desfavor que vai sendo aquela missão. A cena da pinça, bem como a do falecimento do tenente são os exemplos em que a descrição foi acertada, nos informando do que ocorria e, ao mesmo tempo, dando novos elementos para o perigo. Primeiro, sabíamos que era algo que mata instantaneamente, depois, descobrimos o efeito das luzes. Ao mesmo tempo, a morte da sargento e a subsequente evacuação de Clemente são feitas com certa pressa, sem ao menos termos um devido registro do capitão quanto a como lidar com aquela luz e a morte de seus companheiros. Isso diminui o impacto e a ameaça da coisa lá fora. O final, no entanto, surpreendeu, pois não foi tanto a “luz cósmica” que vitimou o capitão, mas sua situação durante a fuga, ligando o final ao início e nos mostrando como se chegou a situação verdadeiramente aterradora em que o capitão termina o conto.
Enfim, a narrativa é vacilante, principalmente pela exposição que seguiu o parágrafo introdutório, e existem alguns erros de português, como um “derrepente” e muitas letras engolidas. Faz-se necessária uma revisão mais atenta.
Boa sorte!
Olá, Clemente.
Resumo da história: ao investigar o planeta Quimera, o terceiro da estrela Betelgueuse, a Onoris II se depara com luzes misteriosas. O tenente Felix morreu de exposição ao vácuo. A seguir, numa missão exploratória, Otacílio tem o mesmo destino: acredita estar num ambiente com ar e retira o capacete, morrendo da mesma forma. A Sargento Carla aparentemente teve o mesmo destino.
Ao se colocar em sono criogênico para poder esperar por socorro, o capitão Clemente sofre alguma falha que o mantém vivo, porém consciente e desperto, sendo torturado por uma espera que parece infinita.
Prós: é um bom conto de FC com doses de mistério e horror. Interessante usar alguns elementos de mitologia, feito Quimera e Belerofonte. A tripulação com nomes que podemos identificar também é um ponto positivo. A escrita é clara e direta, com poucos erros.
Contras: há alguns cochilos de revisão, feito “derrepente”. O mistério do planeta Quimera parece ter sido diluído em função da escolha do desfecho. Pareceu-me, talvez, que o conto ficou “apertado” em 2500 palavras.
Boa sorte no desafio!
Sarcófago (Clemente)
Resumo:
Um “sobrevivente” narra a história para continuar “vivo” e alertar sobre o perigo da “luz azul”. É o Capitão Clemente, chefiava uma operação espacial a bordo de uma nave, todos os outros tripulantes morreram pelo “encanto” da luz azul.
Comentário:
Em si, o enredo é bom. História de terror (e agonia) bem imaginada. Acontece que há tantos deslizes de escrita que o leitor se distrai. Confesso que, durante a leitura, relia a frase para certificar-me da grafia incorreta, da pontuação em desacordo, da flexão verbal indevida. O texto necessita de uma revisão detalhada, se bem que há falhas em que se percebe lapso de digitação. Mas, afora isso, há erros graves (inconsiente, consiência, inconsiênte, derrepente, enrroladas, a tempo (havia tempo), haviam (havia)). O uso da vírgula, no texto, não segue regra, como exemplo: separar um adjunto adverbial antecipado ou intercalado entre o discurso. Após dois pontos, aparece letra maiúscula. A escrita está confusa. Gostaria muito de reler este texto quando revisado. Reafirmo: a história é interessante. Não sei se estou sendo muito exigente, mas fiquei um pouco incomodada com a falta de revisão. Acho que isso prejudicou a leitura. Vamos lá, basta uma “consertadinha” e tudo vai ficar nos trilhos.
Abraços…
Olá EntreContista,
Tudo bem?
Resumo:
Em uma viagem interplanetária, algo tira a vida de todos os tripulantes, restando apenas um, que vaga no espaço em uma espécie de vida vegetativa.
Meu ponto de vista:
Este é um conto de FC e bem caberia no próximo desafio, se saindo, certamente, muito bem. Entretanto, há terror em narrativas FC, e aqui, sobretudo, sob o aspecto de mistério que o texto apresenta. Aqui, o(a) autor(a) não revela de todo o que ou quem dizima toda a população da nave. Há uma pista com plantas, mas, tal pista pareceu-me mais com um delírio do astronauta. Tal visão no momento da morte sugere (e apenas isto) que o pobre viajante do espaço foi contaminado com algo, talvez pólen flutuante no ar, talvez algum tipo de controle da mente.
Ao não revelar o “monstro” que apavora as pessoas na hora de sua morte, o(a) escritor(a) tem um grande trunfo em mãos. Aquilo que não vemos é infinitamente mais apavorante do que o que é visto ou descrito. Nossa imaginação, em contos de terror, pode ser nossa maior inimiga, ou ainda, a melhor “criadora” consequentemente aliada.
Parabéns.
Beijos
Paula Giannini
SARCÓFAGO- é a história de um grupo de astronauta que vão explorar um sistema planetário. Um dos tripulantes sai da nave para fazer reparos no casco, quando começa e ter alucinações. Ao pensar que está num planeta, ele tira o capacete e morre sem oxigênio. Com outro astronauta acontece a mesma coisa. A nave sofre despressurização e para não morrer, o capitão foge numa cápsula de fuga que fica à deriva no espaço.
O enredo não tem nada de original, algo novo que impressione com o tema syfy de terror, porém, o autor tem boas ideias e sabe bem conectar elas, fazendo uma narrativa correta e natural e os termos técnicos estão de acordo com a realidade. Porém, o texto tem alguns erros e uma das frases ficou meio confusa, onde diz; “ A pinça bateu no corpo impulsionando para longe do corpo, fazendo-o girar. Longe do alcance da pinça”. Acho que a segunda palavra “corpo” está demais na frase, não precisa. “ A pinça bateu no corpo impulsionando-o para longe e fazendo-o girar” Tem também algumas palavras erradas; Acendo- aceno. Derrepente- de repente. Inconsiente- inconsciente. A tanto tempo-Há tanto tempo.
Apesar disso achei um bom conto.Faça uma boa revisão ortográfica e gramatical para o próximo tema. Boa sorte.
O Capitão Clemente Farias perde toda a sua tripulação após aproximar-se de Quimera, um planeta orbitando Betelgueuse, na segunda missão de reconhecimento que tinha o grande potencial de descobrir a primeira forma inteligente de vida extraterrena. Após todos terem sido abordados por luzes tentadoras que os faziam, cada um, abandonar seus capacetes em ambientes inóspitos, o próprio capitão se viu na mesma situação e iniciou um processo de criogenia que deu errado. Agora, estava destinado a viver eternamente em um corpo congelado, recontando mentalmente o conto de sua missão em uma tentativa desesperada de manter-se são.
De longe o conceito mais interessante do seu conto é justamente o final. A ideia de estar preso em um corpo em criogenia porém consciente, condenado a vagar eternamente pelo espaço sem nada poder fazer, é assustadora. O fato do capitão recontar a própria história milhares e milhares de vezes para que não se esquecesse (e também para manter a própria sanidade) adiciona uma pitada a mais de calafrios.
Gosto muito de terror espacial. O seu me lembra um bocado o filme SOLARIS, com um planeta (ou uma sociedade extraterrestre) com o poder de influenciar nossas mentes. Sua trama é um tanto mais simples, é claro, dado o espaço limitado. Ao invés de engajar em questões sociais e dramas pessoais, como o filme faz, você se limitou a pintar Quimera como uma entidade assassina, que faz com que todos que se aproximem morram de uma forma ou de outra. Não deixa de ser assustador, de qualquer forma.
Mas um conto de terror depende muito da técnica do autor. A ambientação é muito importante. Mais do que tudo, o autor tem que ser capaz de projetar corretamente as cenas e as imagens para que o leitor entenda o que está acontecendo e sinta na pele o terror que os personagens sentem. Isso, temo dizer, não foi muito bem executado. Enquanto a ideia é boa, a técnica deixa um pouco a desejar. Há vários problemas de concordância e a passagem de tempo não é muito bem executada. O resultado foi que, apesar de ter gostado do enredo, não senti muito do que deveria ter sentido. Os personagens não são muito bem trabalhados; na verdade, são todos unidimensionais.
De qualquer forma, o seu conto deixa uma noção assustadora na cabeça do leitor. Parabéns!
A missão da Nave Onoris II em Orion diante de um planeta da estrela Betelgeuse, narrada pelo seu comandante vagando pelo espaço em estado criogênico. Algo faz com que os navegantes estelares tenham alucinações e terminem por tirar o capacete morrendo instantaneamente. Só fica o comandante a repetir mil vezes a história, para que não seja apagada. Meu querido Clemente, você começa a sua história cometendo alguns enganos e isto tira do leitor muito da motivação em continuar a ler o texto. Achei estranho tempestades solares para uma estrela tão distante, tal essa sua da missão Orionita… Mas o que quero lhe dizer mesmo é que o seu argumento é ótimo, que enredo mais bacana e criativo você me arrumou, cara. Gostei bastante da sua história. Só que me fez também sentir raiva. Como é que pôde não cuidar do texto? Não revisá-lo para eliminar os defeitos? Anotei somente alguns, há muitos outros. Por favor, ao final do desafio, cuide deles, está valendo? Você é criativo e rico. Vê-se que estudou o tema. Conferi aqui e a estrela existe em órion. Eis então alguns erros implorando por serem ajeitados: Até minha sanidade, até que minha sanidade. Boca se transforme em emissora ficaria melhor. Apesar de que pode estar implícita a palavra órgão. Inconsciente e não inconsiente. Impulso para descer tomou conta de cada indivíduo da tripulação, ficaria melhor no subjuntivo: tomasse conta. Desaclopado, desacoplado. Derrepente, de repente. Haviam quatro telas, havia quatro telas. Acendo, aceno. Inconsiênte, inconsciente. Haviam, havia (várias vezes. Haver no sentido de existir não se conjuga)… Cuide do seu conto que ele vai ficar excelente. Receba o meu abraço fraterno, Fernando.
Sepultado pela eternidade
Que medo!
Parabéns pelo conto.
Sarcófago
Resumo:
[Terror astronáutico]
Tripulante de nave espacial relata sistematicamente a sua história e a repete infinitamente justificando que não o fazer significaria não haver registro algum sobre o que houve com a sua tripulação. Quando vê que o bicho pegou com seus companheiros, ele entra na capsula de fuga e se manda, salvando a própria pele e vida, se vida é o que ele ganhou depois disso.
Comentários:
Caro Clemente,
Embora o tema nem o enredo utilizado para levar adiante o tema, o conto se mostrou tranquilo de ler, sem muitas dificuldades.
Há, entretanto, um problema sério de redação, particularmente no que diz respeito ao conhecimento das palavras, assim como o conhecimento de astronáutica. Um conto como esse, como talvez dissesse Arthur Clarke, exigiria um mergulho razoável nos termos e nos “negócios” astrofísicos e astronáuticos, justo para não passar ao leitor nenhuma inverossimilhança, que foi o que eu acho que aconteceu.
Um comandante de uma nave como essa saberia que a palavra não é [desaclopado], mas desacoplado, e reporto como passível de revisão porque se repete ao menos duas vezes. Hoje, ao contrário dos tempos de Clarke, há a Internet que ajuda muito a não dar bobeadas sobre termos de qualquer natureza.
Confesso que tenho alguma resistência a contos, particularmente de terror, que criam uma circunstância inusitada e saem dela sem qualquer viés elucidativo – não digo explicativo, que é outra coisa. As plantas surgiram, a borboleta também e só, gerando doideira suicida na turma. Não há monstro alienígena que persiga ninguém – lembre-se de Alien, que é real, por exemplo –, ou circunstância estranhas como o aparecimento inusitado de uma esfera que esculhamba com tudo, sei lá, algo imaginado pra tocar o diabo na nave; algo que excite.
Acho que faltou isso e sobrou espaço para escrita.
Se posso recomendar alguma coisa, diria para dar substância ao medo, corpo ao medo – ainda que esse corpo possa ser etéreo – tornando-o, de alguma forma palpável ao leitor. O medo puramente abstrato, que também é importante, exige que o escritor trabalhe melhor essa ausência, essa abstração, colocando elementos que compensem essa corporificação medonha que não é visível ao leitor.
Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio.