O meu cão chamava-se Kazukuta.
Um dia, eu, brincando de fazer bonecos de lodo, olhei para os pés dele. Kazukuta olhou de volta para mim, respirava com a boca aberta como sempre fazia nas tardes de muito sol. Olhei depois para os meus próprios pés, tentando encontrar a diferença entre os pés de um homem e de um animal. “É isso! O meu cão não usa chinelo”, falei baixinho. Fui até à janela da cozinha onde estava a avó Maria e perguntei:
− Avó… Por que é que os cães não usam chinelo?
Ela sorriu um bocado, e a seguir disse:
− Você faz perguntas muito difíceis rapaz, a cabecinha da tua avó já não sabe respostas para te dar.
− Mas dizem que quanto mais uma pessoa cresce mais ela sabe das coisas.
− Sim, é mesmo isso. Mas uma pessoa nunca sabe das coisas para sempre. O conhecimento é como uma borboleta. Ela vem, demora na nossa cabeça e depois vai embora.
− Não tem como encontrar de novo essa borboleta, avó?
− Claro que tem! Quando eu conto estórias ela volta para mim.
− Então conta, avó… Conta uma estória.
− Quando ficar de noite, rapaz. É de noite que as estórias gostam de ser contadas.
Meus olhos choraram de pedir uma estória à avó. Aqueles minutos que vivíamos, ao sentar de pernas cruzadas e o queixo apoiado sobre as mãos, vendo ela a ser todas as avós do mundo enquanto contava estórias nas vozes do antigamente, aqueles minutos, repito, não aconteceriam para sempre. Ela sempre nos disse que mais tarde ou mais cedo iria embora do mundo; que uma pessoa nasce e pode até viver muito, mas alguém virá buscá-la, um alguém que nunca nos soube explicar quem era de verdade.
Já de noite, sobre o luando estendido, eu, Ricardo e Maria nos sentamos todos em fila, em frente da nossa avó Maria. Antes de abrir a boca para falar, olhou primeiro para mim e disse: “Os cães, filho, só não usam chinelo porque não querem”. Um silêncio demorou um pouco entre nós, como se ela estivesse à espera da borboleta do conhecimento, e depois continuou: “Vou vos contar agora a estória do cão que queria voar”.
− Conta, avó… Conta-nos essa estória – pedi uma vez mais, na vontade de entrar dentro da estória para experimentar ser o cão que queria voar.
“Num lugar muito distante do mundo, um cão, admirado pela forma como os pássaros brincavam de viajar pelo céu, queria também voar. Mas ficou muito triste quando lembrou-se de que, mesmo que pudesse correr muito e muito rápido, deixando todos os pássaros do mundo para traz, um pulo seu não lhe faria nunca tocar uma nuvem que fosse, mesmo as mais baixinhas, aquelas que imaginamos estarem muito perto de nós. «Um dia vou conseguir voar igual a uma ave.» – O cão sempre repetia essa frase”.
− Avó, ainda espera. Por que é que o lugar onde o cão vivia era muito distante do mundo? – perguntou Ricardo.
− Porque os cães que falam são de um mundo que não é nosso, os cães da terra são mudos.
Passaram-se alguns segundos e ela continuou:
“O cão, triste, não queria aceitar que não tinha nascido com asas, e que por isso não podia largar a terra para ver o brilho do sol um pouco mais perto. Um dia foi conversar com o cão Soba, o rei de todos os cães. Como cabia ao rei aceitar toda coisa estranha que se quisesse inventar dentro da pequena aldeia, foi até ele e pediu: «Querido rei, deixa-me, por favor, construir um instrumento de voar, para sentirmos a alegria de chegar numa estrela». O cão Soba, já de muita idade, e por isso também sabedor de muitas coisas, disse-lhe que não construísse, porque se voar já era uma coisa perigosa para qualquer um que não tem asas, mais perigoso ainda seria para eles, simples cães”.
− Mas, avó. Se o céu é perigoso para os que não nasceram para voar, por que então os homens continuam a fazê-lo? – perguntou Maria.
− Um homem, filha, possui braços que o ajudariam a se salvar caso acontecesse alguma coisa, mas os cães não. Por isso, voar sozinho é muito mais perigoso para os cães do que para o próprio homem.
“O nosso cão não escutou o conselho do rei, ou mesmo teria escutado, mas não obedeceu. Fechou-se dentro de sua casa durante um mês para construir o tão sonhado instrumento de voar, fugindo dos olhares fofoqueiros de outros cães que a seguir correriam contar ao cão Soba o que ele estava fazendo. Quando saiu de casa pela primeira vez, depois de ter passado um bom tempo, viu finalmente o céu limpo e azul de uma manhã que o esperava para mil e uma aventuras. A máquina de voar era feita de simples chinelos”.
− Chinelo, avó? Um chinelo já faz uma pessoa voar? – perguntamos todos, admirados. Ela não respondeu, parecia estava tirando as palavras de dentro do coração.
“O cão colocou os dois pares de chinelo nas quatro patas, esperou um pouco e depois foi atirado para o céu numa velocidade alta, até que desapareceu para sempre naquele azul. Os chinelos caíram por causa do vento. O rei, vendo a desobediência do outro, disse que ninguém jamais deveria voltar a fazer a mesma coisa. O instrumento de voar foi guardado e então foi a partir daí que os cães passaram a não gostar de chinelos.”
Segundos depois de a avó ter terminado de contar a estória, já estávamos dentro do comboio do sono, mas felizes de termos conseguido escutar o final. Lá fora o dia começava para os pirilampos e as cigarras, que acendiam e cantavam enquanto a escuridão demorava.
No dia seguinte vi algo diferente nos olhos de Kazukuta, parecia tinha saudades de voar.
Um menino conta que sua avó lhe contou a história de um cão que queria voar. Desobedecendo a ordem do cão rei, ele faz seu objeto voador de chinelos. No final ele sai voando e some. A partir daí os cães não gostam de chinelos.
Um conto rápido e gostoso de ler. Quase num lirismo, o conto tem várias frase bonitas. É bem simples e tom infantil não está apenas no enredo, mas na voz que conta. O final foi mais simples do que esperava, mas foi condizente. Um leitura fluida. Gostei. Boa sorte.
7. O cão que queria voar
Conto
Conto infantil
Resumo
Uma criança, depois de ter uma curiosidade sobre cachorros não usar chinelos, pedd uma história para a avó e, ao anoitecer,ela conta sobre o cão que queria voar.
Comentário
Texto gostoso de ler. É o mito de Ícaro na versão canina. O texto possui personagens bem marcadas. É um conto que abusa da metalinguagem de forma indireta. A avó usa a curiosidade infantil para alimentar sua narrativa, porém a criança narra a história sem deixar transparecer que percebeu, na verdade garante o ineditismo da ideia: “Um silêncio demorou um pouco entre nós, como se ela estivesse à espera da borboleta do conhecimento (…)”.
A avó e os animais têm personalidades muito bem traçadas. O tempo da história contada ultrapassa o momento da narrativa infantil, que na verdade é a memória de um adulto, já que não há marcas de linguagem infantil na narrativa, apesar de falas como esta: “Meus olhos choraram de pedir uma estória à avó.”, que poderia ser considerada como relato infantil, mas é uma ideia que se quebra com os próximos recordos: “Aqueles minutos que vivíamos, ao sentar de pernas cruzadas e o queixo apoiado sobre as mãos, vendo ela a ser todas as avós do mundo enquanto contava estórias nas vozes do antigamente, aqueles minutos, repito, não aconteceriam para sempre.”
O conto é bem construído e trabalha o lúdico com ideias bem leves, explicativas até.
A avó torna a história plausível ao colocar os acontecimentos (narrativa) em uma distância onde tudo pode acontecer – inclusive um cão falante projetar uma máquina para voar.
O cachorro quer voar, procura informações, recebe um conselho que não segue, cria sua forma de voar usando chinelos e depois de alçar vôo, desaparece no ar, depois que as chinelas caem ao solo.
O desfecho parece trágico, já que o cão desaparece, só os chinelos voltam, mas para a criança que ouve a história não há nada de errado, na verdade, no outro dia,ele vê nos olhos de seu cão, Kazukuta, a saudade de voar.
RESUMO:
O conto de uma avó contando para os netos a história de um cão que queria voar, e ao mesmo tempo se questionando por que os cães não usam chinelos.
CONSIDERAÇÕES:
Conto infantil suficiente, mas falta envolvimento com a história, personagens interessantes e talvez um clímax para tentar manter o leitor atento. O estilo da narrativa é bom, mas comum em contos infantis.
Uma criança indaga a avó do motivo de seu cachorro não usar chinelos, ao que ela lhe conta uma história. Ela conta a história do cão, que vivia no reino dos cães falantes e decidiu que queria voar.
Um conto bonito, mas pouco evoluído. Ao meu ver faltou aproveitar o imaginário das crianças e colocar elementos motivadores para a trama.
RESUMO: Ao brincar com seu cachorro, um menino fica intrigado com o fato de usar chinelo mas o seu cachorro não. Ele vai até sua avó e lança a ela esse questionamento, que se esquiva, dizendo que a sua cabeça já não tem respostas para dar, mas que à noite contaria uma história para os netos. A noite e cai e os netos se reúnem para ouvir a história da avó que começa dizendo que os cachorros só não usam chinelos porque não querem. Ela conta que em um lugar distante, no mundo dos cachorros, em que estes podiam falar, um cão tinha a vontade de voar e mesmo contra o conselho do rei dos cachorros, Soba, ele decide construir a máquina de voar: simples chinelos. Ele os coloca nas patas e voa pelo céu livremente. Os chinelos caem com o vento e o rei Soba guarda-os, deixando claro que nenhum cachorro se aventurasse mais com isso. Deste dia em diante os cães pararam de gostar de chinelos. No outro dia, depois de ouvir a história da avó, o menino olhou nos olhos do seu cachorro e pareceu a ele que o cãozinho tinha saudades de voar.
CONSIDERAÇÕES: É um conto leve, narrado em primeira pessoa. Já é o segundo conto que eu leio, cujo tema é “Infanto-Juvenil”, que é de uma senhora, avó, contado uma história para os netos. Ou seja, não saiu da linha comum. Acredito que o autor/a autora poderia ter aproveitado mais e descrito/detalhado algumas partes, achei o conto sucinto demais e rápido. Poderia também ter aproveitado das emoções dos personagens, as quais ficaram bem superficiais para mim. No mais, eu gostei da leveza do conto.
Boa sorte na competição. 🙂
Resumo: uma avó conta às crianças uma história sobre um cão que queria voar. A história busca explicar de forma fantasiosa a razão dos cães não usarem chinelos (porque estes supostamente, na fantasia, seriam instrumentos de voo).
É uma criança que narra? Se for, o autor(a) andou por um tereno complicado. Já pensou o que este texto diz para um adulto? E para uma criança? Recomendo o texto do Lewis “Três maneiras de escrever para crianças”.
Um garoto, ao observar os pés de seu cachorro, percebe que, diferente dele, o animal não usava chinelos. Então, ele pergunta para sua avó porque isso acontecia. A avó diz que responderá a pergunta à noite. Na hora combinada, o menino e outros dois netos da avó, ouvem a história de um cachorro que, há muito tempo, queria voar. O cão, então, procura um ancião, Soba, e pergunta se poderia construir uma máquina para voar. O sábio, porém, não o autoriza a isso, dizendo que é perigoso demais para simples cachorros voarem. O cão, entretanto, se tranca em casa por um mês e constrói sua máquina de voar, que é feita de chinelos. O instrumento, porém, não cumpre tão bem com seu objetivo.
O conto é bem redigido. A história é simples e é o segundo finalista que leio que utiliza o chichê de avó contando histórias para seus netos. Mas ser clichê não é um defeito, pelo contrário, a memória afetiva de muitos leitores aprova o formato. Não é uma narrativa muito original, remonta ao mito de Ícaro. Porém, é uma narrativa construída de forma eficiente.
Conto: O Cão Que Queria Voar
Autor: Neves de Sousa Abrantes
Resumo: Um menino chamado Ricardo observando as diferenças que existem entre ele e seu cachorrinho, cria dentro da cabeça uma dúvida, vai correndo perguntar para a sua querida avó porque os cães não usam chinelo. Sua vó relata que a sabedoria é uma borboleta que vem à medida que a pessoa vai envelhecendo e aprendendo como funciona o mundo, essa borboleta vem e demora, mas depois vai embora, sendo que a borboleta da avó só volta quando ela está contando uma história. Ricardo fica muito satisfeito com a ideia da história e pede para a sua vó lhe contar uma. Quando ficou de noite a Avó então foi contar a história de um cachorro que morava em um lugar muito distante da terra, um lugar onde os cachorros falavam e conversavam, esse cachorrinho queria muito voar, mas foi proibido pelo rei dos cachorros de fazer isso, pois é muito perigoso. O cachorrinho que queria voar foi teimoso e mesmo assim construiu uma ferramenta para voar a base de chinelos, esse cachorrinho desapareceu pelos ares e por isso nenhum cachorro quis mais usar chinelos. Os netinhos adormeceram felizes com a história.
Opinião: Achei uma história muito lúdica e embora seja bem fofinha e meiga, muitas partes do conto não fizeram sentido para mim. Achei um pouco confusa as comparações feitas pela a Avó para explicar qualquer coisa para os seus netos. Me incomodou também a inteligência das crianças que foram bastante subestimadas. Porém gostei bastante do final do conto, o menino Ricardo acredita que foi seu cachorrinho que voou com os chinelos e está bem longe de sua verdadeira casa, isso foi muito bonitinho e valorizou o final da história.
O cão que queria voar( Neves de Souza Abreantes)
O menino e seu cão.
A pergunta porque cão não usa chinelo?
A resposta da avó.
Conhecimentos são como borboletas vem e vão embora.
A noite conta sobre o desejo do cão em voar. E do mundo distante onde cachorros falam.
A máquina de voar eram simples chinelos, um cão colocou chinelos nos pés sendo atirado ao céu.
Os chinelos cairam e nunca mais o viram
Alertados do perigo, cães não gostam de chinelos, apenas seu cão
parece sentir saudades de voar.
Resumo: menino pede para a avó contar a história de por que os cães não usam chinelos e ela conta para ele e os irmãos, antes de dormirem.
Comentários: Por enquanto foi o conto de que mais gostei. Sem a obrigação de ter que colocar o terror no enredo, eu gostei dessa história (com h mesmo, porque hoje não se tem o uso de história até para os textos de ficção) com jeito de fábula. É um conto dentro de outro conto. E a ação está toda na história contada pela avó. Não que tenha me despertado grandes emoções, mas eu gostei da forma como a história foi contada, de forma singela, remetendo mesmo à infância. E gostei que fugiu do lugar comum em muitas partes, até mesmo no nome do cachorro, achei o máximo, fugiu daquele estereótipo de colocar nome de cachorro como Bob e outros tantos que sempre são usados.
Uma pena que a narrativa seja muito simples, muito linear, falta um pouco de emoção, embora eu tenha achado algumas construções frasais bem bacanas, como por exemplo “…o queixo apoiado sobre as mãos, vendo ela a ser todas as avós do mundo enquanto contava estórias nas vozes do antigamente, aqueles minutos, repito, não aconteceriam para sempre.”, ou “Um silêncio demorou um pouco entre nós, como se ela estivesse à espera da borboleta do conhecimento”, achei bem bacana isso. Mas é um conto que precisa ser mais trabalhado, ele merece isso, e eu acredito que o autor ou autora tem muita capacidade para isso. Enfim, uma boa leitura, um texto singelo. Valeu a pena, sim.
Toques gramaticais:
“…nos olhos de Kazukuta, parecia tinha saudades de voar.” >>> parecia QUE tinha
E sobre o uso da palavra “estória”: https://www.academiaderevisao.com/single-post/2016/07/12/História-ou-estória
Olá,
O conto fala de um menino e sua sede de conhecimento que só crianças tem. Uma coisa em particular chamou sua atenção certo dia, porque os cães não usam chinelos? Ele busca essa resposta com a avo, que com toda a paciência do mundo lhe conta a história de um cachorro que queria voar, e queria tanto que conseguiu, mesmo que brevemente com a ajuda de chinelos.
*****
O conto é bem singelo, opta por uma simplicidade de criança mesmo, é um conto infantil daqueles que tem em livrinhos coloridos com formatos diferentes. O menino é um encanto e a paciência e amor da avó para sanar suas dúvidas é bonito de ver. A história em si é bem diferente, não segue nenhum padrão ou lógica, é o tipo de historia que nasce através de uma criança mesmo.
Parabéns.
Um conto infantil gostoso de ler. O autor tem habilidade com a escrita, tem boas ideias e deve ser mais audaciosos e explorar outros temas
Neto pergunta para a avó porque os cães não usam chinelos. Ela responde contando-lhe uma história de um cão que voou através de dois pares de chinelos e nunca mais voltou.
A história tem um ótimo começo. Linguagem bonita, gostosa de ser lida. Ela perde um pouco o ritmo enquanto a avó conta a história, por ser interrompida pelo neto a cada parágrafo. Entendo que as crianças fazem perguntas no meio das histórias, fazem comentários, por vezes até mais que o menino da história, mas para o texto, na minha leitura, acabou dando uma travada na história contada pela avó. No geral, acho um texto poético, bonito.
O Cão Que Queria Voar (Neves de Souza Abrantes)
Resumo: Um cão que queria voar. A narrativa se passa em um enredo onde a avó se senta com o neto para lhe contar a história sobre um cão que queria voar. Inicialmente o menino lhe questiona o porquê os cães não usam chinelos como os humanos e no decorrer ela usa sua pergunta para elevar sua imaginação fazendo o cão construir uma máquina voadora para chegar aos céus, mesmo sabendo que não deveria fazê-lo. Uma maquina feita de chinelos.
Ponto forte: A relação entre a avó e os netos na história.
Ponto fraco: Explorou pouco os cenários na minha opinião. Contos infantis são fantásticos pela diversidade de descrições que são incorporadas nas narrativas. Senti falta dessas descrições.
O conto é sobre um menino e mais duas crianças que ouvem a estória da avó sobre um cão que queria voar. A estória que a avó inventa é construída a partir de uma pergunta feita pelo neto mais cedo, naquele dia. O cão da estória queria voar, mas como era um cão não podia. Ele foi até seu rei e pediu que pudesse criar uma máquina de voar, mas foi proibido. Mesmo assim, o cão conseguiu voar, com uma máquina que eram chinelos voadores. O cão voador desapareceu. E foi então que os cães passaram a não usar chinelos.
O conto tem que ser melhorado. Daria uma boa estória infantil, mas está contado de maneira muito amadora. Você, autor, poderia ter descrito o que aconteceu com o cão voador. Ele simplesmente some. Aqui: “Um dia, eu, brincando de fazer bonecos de lodo”, acho que era lama que você queria. Não se faz bonecos de lodo. Acho que você se confundiu. Aqui ficou muito estranho: “Já de noite, sobre o luando estendido, eu, Ricardo e Maria nos sentamos todos em fila, em frente da nossa avó Maria.”. Primeiro, quando se usa uma palavra incomum, deve-se fazer uma apresentação sutil do que se trata. Segundo, você introduziu mais duas personagens que não fizeram nenhuma diferença na estória. Você poderia ter explicado que eram irmãos ou primos do menino e que sempre ouviam juntos as estórias da avó. “eu, Ricardo e Maria também ficou estranho. Exemplo de como ficaria melhor a frase: Logo que a noite caíra, Ricardo, Maria e eu, sobre o luando estendido, uma velha esteira que minha avó tinha desde sempre, nos sentamos em fila à sua frente.
Você também usou o mesmo nome para duas personagens, a avó e a menina. Poderia ter explicado que a menina se chamava Maria em homenagem à avó, por exemplo.
O português é empregado de forma adequada.
Bonita estória para crianças.
Parabéns
O Cão Que Queria Voar (Neves de Souza Abrantes)
olá…. tudo bem? interessante seu conto sobre um menino que brincava no barro com seu cão e foi questionar a sua avó, por que cães não usavam chinelos,ela não respondeu na hora. mas fez na hora da vovó, contar estorias aos netos.
Neves, parabéns, olha gostei muito do seu trabalho.
apenas achei que você poderia ter explorado uma pagina a mais, ai, ficaria sensacional.
Boa sorte a você.
Olá, Neves de Souza Abrantes.
SINOPSE:
O narrador, um menino, é dono de um cão. Ele faz várias perguntas para a avó, que lhe promete contar uma história. Tanto ele quanto as demais crianças criam a mesma expectativa antes da história da avó. A história da vez é sobre um cachorro que queria voar, mas, por não ter o instrumento apropriado, não podia; pediu conselho ao Rei dos Cães, que lhe disse “não”. Mas o cão não seguiu a proibição do rei: construiu seu invento e o pôs em ação. As crianças, embora sonolentas, conseguiram ouvir até o final. Seria o cão o protagonista daquela história?
ANÁLISE:
Penso ser bem difícil adaptar a voz de uma narrativa a um personagem infantil. É preciso levar em conta a limitação vocabular, as estruturas menos complexas das frases etc. No presente conto, a voz está perfeita, bem acabada. Há verossimilhança, e isso, para mim, já valeria pelo conto todo, caso ele não fosse bom. O que não é o caso, pois ele é ótimo, redondo (dentro da proposta como a entendi). Às vezes, nossa sanha por ação, por enredos eletrizantes, nos faz desconsiderar os pequenos detalhes da vida e vislumbrá-los na justa medida em que devem ser admirados. Seu conto é daqueles que relemos com prazer, e ainda uma terceira vez. Não há digressões enfadonhas, nem é cansativo. É um exercício ao ar livre dentro do universo de nossa infância. Tem a simplicidade de uma criança e dá aquela maravilhosa sensação de que nós também estamos sentados à roda, ouvindo as mesmas histórias. Esse é um efeito, creio, difícil de se alcançar no leitor. E, aqui, está plenamente contemplado. Além disso, a “magia” do universo infantil, da criatividade, da inventividade, não perecem ao final da narrativa. Deixemos o pequeno dono de Kazukuta maravilhar-se na conclusão que nós, leitores, depreendemos dele ao final.
Percebi algumas pequenas incorreções que certamente serão dirimidas posteriormente. No mais, o parabenizo por ter alcançado essa que, ao menos para mim, é uma grande altura dentro deste desafio.
Desejo a você sucesso neste desafio.
Resumo: O Cão Que Queria Voar (Neves de Souza Abrantes)
Nesse conto temos os três netinhos escutando uma história de sua avó, que aproveita a deixa de uma pergunta boba de um deles para contar uma história associando pergunta e imaginação, sobre o cão que queria voar e inventou uma máquina, que na verdade era um chinelo, o rei ao ver que ele saiu voando com os chinelos sem sua permissão proibiu a todos os cães de usarem chinelos e desde então nunca mais usaram.
parecia tinha saudades de voar. – parecia ter saudades de voar
Bem, é um conto infantil de fato, mas que não me trouxe uma coisa que sempre busco em infantis que é uma lição, aqui foi mais para a brincadeira da avó mesmo. Sei da dificuldade que é escrever um infantil, já tentei por diversas vezes e nem gosto de arriscar, pois não sou bom neles, fato é que aqui o conto não é ruim, eu até gostei, mas senti que foi morno demais e enrolado em algumas partes.
Avaliação:
Infantil: de 1 a 5 – Nota 3 (Acredito que uma criança iria gostar da história, mas penso que com algumas pinceladas tem tudo para ser bem melhor, também senti falta de algo que passe uma lição)
Gramática – de 1 a 5 – Nota 4,5 (apenas uma incoerência ao final. Coisa pouca)
Narrativa – de 1 a 5 – Nota – 4,0 (Gostei, mas em certos pontos achei truncado.)
Enredo – de 1 a 5 – Nota – 3,5 (Achei que tinha potencial, mas que não foi tão bem executado)
Personagens – de 1 a 5 – Nota – 2 (Para mim faltou explorar mais do cão, talvez por ter muitos personagens para um conto curto não tenha me passado uma relação para com eles, senti que faltou algo)
Título – de 1 a 5 – Nota – 5 ( Leria certamente um conto ou livro infantil com esse título)
Total: 22 pts de 30 pts