Adentrei no casebre que se localizava no fundo da paróquia. Estava muito escuro, era impossível evitar os barulhos do assoalho de madeira que fazia parte desta construção antiga. Eu simplesmente detestava receber a missão de chamar a Madá. Entretanto, eu não discutia, acatava com coragem qualquer mandado dos patrões. Isso fez com que eu, embora sendo um menino pobre, ganhasse boas considerações dos donos da terra.
O meu pai era um velho amigo do Reverendo. Quando vivo, ele trabalhava nas terras paroquiais e eu o acompanhava sempre que podia. Com a sua morte, o Reverendo se compadeceu de mim, oferecendo-me alguns trabalhos para eu poder ajudar a minha família. Minha mãe e o Reverendo um dia me disseram que a morte do meu pai foi como uma praga, uma maldição. Afirmaram-me que isso acontece com frequência. Mas eu lembro do meu pai me falar o contrário, adoecido em seu leito: “Não acredite nessas coisas de maldição. O que eu tenho é apenas uma doença, coisa normal que acontece na vida”.
Enquanto eu atravessava os curtos cômodos, comecei a escutar, de longe, uma voz rouca que só poderia ser de Madá. Quanto mais me aproximava da varanda que ficava atrás do casebre, mais eu conseguia compreender o que ela dizia. O som dos sapos e dos grilos que sempre faziam barulhos à noite, os quais moravam no brejo e no mato próximo a varanda, estava bem alto, mas nada se misturava a voz da velha. Era impossível não compreender o que ela dizia, sua voz era separada de qualquer som do mundo. Ela nem precisava gritar para ser escutada. Eu me arrepiava quando Madá me chamava pelo nome.
— Só cadelas sardentas vivem no mato!
Era difícil perceber a reprovação nos olhos quase fechados pelo peso das pálpebras enrugadas, mas a voz grave e áspera deixava claro que era com desgosto e impaciência que, com suas mãos compridas e dedos esguios, a anciã retirava as folhagens do cabelo de uma menina.
Eu me lembro da primeira vez que vi Madá. Eu levei um susto dos grandes, fazendo-a se divertir com o meu medo. O tempo passou e eu nunca me acostumei com a presença de Madá: uma senhora de costas severamente encurvadas para frente, pele pálida e amarelada, cheia de rugas dos dedos dos pés até a testa que permanecia sempre franzida. Em seu rosto havia uma constante expressão de aborrecimento e seus comportamentos ranzinzas compunham a imagem de uma velha amargurada e ríspida. Era difícil acreditar que uma pessoa poderia se aparentar mais velha do que ela, ainda sim sua voz era forte e firme e a anciã não tinha nenhuma dificuldade de locomoção ou falta de força nos braços, nas mãos ou pernas. Carmela me contou que quando conheceu Madá logo pensou se tratar de uma pobre velhinha e se compadeceu profundamente dela. Mas depois de a conhecer de verdade, a única admiração que permaneceu foi na força da velha, nada mais. Carmela a apelidou de velha megera. Desde então não sente mais nenhuma piedade por Madá.
Era uma cena cheia de contraste com a qual eu me deparei: a velha Madá arrancava com rudeza as folhas e flores do arranjo que a pobre moça tinha organizado na cabeça para enfeitar seus cabelos rebeldes e muito negros. Já Madá mantinha seu penteado firmemente amarrado com seus cabelos completamente brancos. Seus olhos eram esbranquiçados e opacos pela velhice, em oposição à menina que tinha os olhos escuros e brilhantes, tristes e lacrimejados. A velha puxava com força, em alguns momentos, os cabelos da moça provocando alguns gritos de dor, que logo eram abafados pela própria menina que aparentava já estar habituada a situações parecidas.
— Já levou um belo e merecido murro do Reverendo, mas talvez não foi o suficiente e esteja querendo outro. — enquanto a velha falava, a moça permanecia em silêncio, colocando as pontas dos dedos delicados sobre o inchaço no olho esquerdo.
Os braços da menina estavam cobertos por marcas e machucados. Alguns recentes, outros nem tanto. Poderiam ser classificados como consequência de descuidos em brincadeiras arriscadas, bem comum em nossa infância no campo. Mas também poderia ser fruto da terrível condição de maus tratos, também comum. Suas mãos finas e magras tinham as palmas secas e calejadas que sinalizava um contínuo e árduo trabalho. Visivelmente era uma menina tirada das misérias do abandono e colocada em uma situação ainda pior. Só de olhar para a imagem, tão desgastante, já entendi perfeitamente do que se tratava: mais uma menina, mais uma bruxa.
No inverno passado o reverendo realizou doze fogueiras de bruxas. A nossa comunidade em sua maioria deu a este fato a responsabilidade por diminuir o tempo do inverno e trazer uma próspera colheita para todos. Criou-se este hábito em todos os invernos. Mas neste já estava tardio encontrar alguma bruxa. A quantidade de meninas no vilarejo tinha diminuído bastante, sobrando apenas as conhecidas, de famílias respeitadas e que era de conhecimento geral a sua pureza e santidade. Vez ou outra, conseguiam encontrar essas bruxas que agora moravam mais afastadas da comunidade pelos os arredores do vilarejo ou dentro das florestas próximas. Muito provavelmente foi o caso desta menina magra com as barras do vestido de trapos enlameadas, descabelada pelas as mãos velhas de Madá, e que agora se encontrava encolhida em um canto do chão de pedra da varanda. Seu vestido velho, mais parecido com uma camisola não era grosso o bastante para protegê-la do frio.
Carmela não concordava com os sacrifícios das bruxas. Dizia que não acreditava nessas coisas e que eram apenas meninas abandonadas no mundo em condições pobres: “Se as bruxas fossem assim tão perigosas, elas não deixariam ser queimadas”, disse-me uma vez. Eu via muito sentido em suas palavras.
Carmela é uma recente moradora do vilarejo. Apareceu vendendo e preparando especiarias para temperos. Ela dizia que era uma viajante experiente e que já conheceu muitos lugares. Carmela sempre tinha boas histórias. Ela poderia se casar e ficar na comunidade, não lhe faltava pretendentes. Eu mesmo, se tivesse idade, me casaria com ela. Mas Carmela preferia o celibato. Riu muito quando lhe propus casamento. Minha mãe e o restantes das mulheres da comunidade diziam que Carmela só podia ser uma bruxa astuta e que teria enfeitiçado fortemente o reverendo. Elas detestavam Carmela, o reverendo não.
Estava olhando para as pernas finas da menina. Uma delas estava acorrentada na parede, ensanguentada. Provavelmente a menina tentara se desvencilhar das correntes com muita força até abrir ferimentos. Meu corpo estava se esgueirando para ver discretamente o que acontecia. Os olhos da menina me encontraram, mas ela nenhuma palavra pronunciou. Devia ser muda também, algumas bruxas tinham defeitos estranhos. Decidi entrar definitivamente na varanda. Madá que estava sentada em uma cadeira de balanço, me olhou com o canto dos os olhos.
— O Reverendo disse que a fogueira já está pronta para acender e que tem muitos senhores esperando… — respirei fundo e continuei, fui diretamente ao ponto. — O Reverendo quer que você leve a Bruxa agora, Madá.
Ela se levantou calmamente apoiando o corpo em sua antiga bengala. Sua boca enrugada tinha um dos cantos curvados em um sorriso estranho que só ela conseguia externar. Madá se aproximou do corpo encolhido e acertou com força a bengala na cabeça da menina, que se encolheu ainda mais. A velha desprendeu as correntes da parede e puxou a menina com força abrupta e descuidada pela a perna machucada. A menina se levantou o mais rápido possível com muito esforço, visivelmente tentando não demonstrar dor ou sofrimento.
Madá foi arrastando a menina pelos cômodos do casebre, gotas de sangue marcavam o piso da casa da velha. Arrastou-a pelo interior da Paróquia até chegar na parte da entrada. Eu fui acompanhando e assistindo de perto aquela cena mais uma vez. Os barulhos da corrente, os sons das passadas descompassadas da menina machucada, o assoalho de madeira rangendo e sujo de marcas de sangue, os puxões das correntes e as risadinhas de satisfação da velha com a situação. Não importa quantas vezes eu tivesse que presenciar essas coisas, não importava ser um menino, não importava eu ser um homem, eu sabia que nunca me acostumaria com aquilo.
Quando estávamos nos aproximando da saída da Paróquia, consegui ver as luzes avermelhadas das tochas que adentrava pela porta. Tinha uma grande pira de madeira do lado de fora, cuja base estava rodeada de palha e galhos secos. Em seu centro estava uma coluna, também de madeira, com alguns metros de corda.
Em média quinze pessoas estavam esperando por nós, em sua maioria eram homens, alguns foram acompanhados de suas esposas, outros eram solteiros ou viúvos. A maior parte da plateia parecia estar se divertindo com a visão da chegada da bruxa, poucos sustentavam da menina algo próximo de medo. Talvez Carmela tivesse razão, eu sentia pena da criatura.
O reverendo se aproximou de mim, em seu rosto tinha a marca de uma mordida que pegava parte do seu lábio inferior. Ele era um senhor não muito velho, era magro, alto, barba feita. Tinha uma boa postura e sempre vestia roupas escuras muito bem cuidadas.
— Mais uma vez cumprindo com as minhas expectativas, garoto! — disse ele, sorrindo, fazendo um sinal de agradecimento com a cabeça. Sua voz era tão firme como a da velha Madá, o Reverendo tinha uma boa desenvoltura para falar, boa oratória, muito carismático e isso nos rendia calorosas pregações.
Ele pegou as correntes das mãos da anciã, puxou com força a menina para perto do seu corpo alto, inclinou o seu olhar para baixo e a fitou, apontando para a marca fresca que carregava no rosto. A menina olhava friamente para ele.
— Tudo tem seu preço. — Disse ele, apenas para que ela pudesse ouvir.
Mas a menina sequer respondeu. Apenas desviou o olhar do reverendo e levantou o rosto com altivez.
O Reverendo soltou uma risada cruel diante a tranquilidade dela e a levou para ser amarrada na coluna da pira, onde foi presa com rapidez. Ele falou algumas palavras em tom alto, palavras que, as quais, contagiaram os ânimos do público, que agora gritavam juntos e batiam palmas. O Reverendo foi o primeiro a colocar fogo na base da pira. Depois dele, foi a vez de Madá. Aos poucos o restante do grupo foi acelerando o caminho do fogo que já se alastrava com velocidade. Eu sentia o calor aumentar e se aproximar de mim, mesmo não estando muito perto.
Todos ficaram em silencio quando a menina começou a gritar de dor. Seus gritos eram muito altos e quanto mais o fogo lhe alcançava, mais os gritos se assemelhavam a uivos de uma matilha inteira. Alguns presentes pareciam se divertir com a força que a menina encontrava para gritar, outros ficaram apenas estupefatos. O fogo consumia e ninguém nada fazia a não ser assistir. A essa altura as labaredas já tinham alcançado os pés e subiam rapidamente pelo o vestido fino até alcançarem as mãos e os seios.
O rosto da menina que antes se contorcia voltou a mostrar tranquilidade subitamente, seus olhos se fecharam e seu rosto se abaixou, alguns dos convidados do Reverendo perguntava se ela já teria morrido, uns achavam que sim e outros achavam que ela só estava inconsciente.
— Parece que ela está se movendo! Ainda está viva? — gritou uma mulher gorda, próxima a mim, apontando para o fogo.
— Parece que estou escutando alguma coisa! — respondeu um homem que se encontrava mais próximo do fogo.
Eu me virei para Reverendo para ver se ele comentaria alguma coisa. Seus olhos estavam assustados, atônitos, sua boca estava aberta, mas não saía som algum. Algumas mulheres gritaram desesperadas. Um senhor se aproximou dele rapidamente e perguntou se ele estava sofrendo um engasgo, começou a dar tapinhas em suas costas. O Reverendo se limitou a levantar o braço, erguer o dedo e apontar para o fogo que vestia o corpo da menina como se fosse uma manta.
Voltei meu olhar rapidamente para a pira, tentando entender o que o Reverendo estava querendo dizer. O calor do fogo em alguns momentos distorcia a imagem. Fiquei olhando, observando e pensando se o que eu estava vendo era real ou a minha imaginação estava me pregando uma péssima peça. Eu estava enxergando a menina levantar seu rosto e começar a fitar fixamente Madá. Todos que estavam ali pareciam estar vendo o mesmo que eu. Algumas pessoas começaram a gritar de medo, as que estavam próximas do fogo se encaminhavam para um lugar mais distante, mas antes mesmo de conseguirem, o fogo se expandiu em uma pequena explosão de força e a fogueira os engoliu. A mulher próxima de mim desmaiou. Os que ainda permaneciam em pé pareciam estar com as pernas petrificadas.
Pela primeira vez a voz de Madá estava fraca, da sua boca saíam barulhos esquisitos como se fossem sons de bichos, parecia estar saindo de sua garganta o choro de cachorros e gatos e até relinchados de cavalos. Os olhos da velha, antes escondidos, agora estavam quase soltando do rosto. Começou a escorrer urina da sua perna, encharcando o chão a sua volta, despois começou a descer fezes, depois sangue escuro e grosso, até que algumas coisas sólidas parecidas com tripas eram expelidas por ela.
— Ela está ficando oca!
Quando olhei para quem estava falando, era a mulher que havia desmaiado do meu lado, ainda no chão. Seus olhos começaram a virar repentinamente e ela começou a gritar como uma mulher prenha em trabalho de parto, começou a sair de dentro dela seus órgãos também.
Comecei a escutar risadas que pareciam vir do inferno, essas risadas vinham da fogueira que agora não me permitia ver mais nada.
De repente, um ser saiu dela, vestido de brasa, vestido de fogo, o véu vermelho lhe prendia a cabeça. A menina não me parecia mais pequena, magra e frágil. Ela tinha se tornado uma mulher, uma mulher vestida de escarlate.
Ela caminhou reto, atravessou de forma objetiva o terreno, passou do meu lado e com uma postura firme, parou em frente ao Reverendo que estava prostrado no chão de terra. Ela inclinou o seu olhar para fita-lo, ele a olhava mortificado.
— Eu venho cobrar o meu preço.
Antes mesmo de terminar o que dizia, uma das mãos da mulher tocou a cabeça do Reverendo, o corpo dele se ergueu do chão todo contorcido e se estourou em pedaços. O sangue dele banhou a mulher e o fogo que estava vestindo seu corpo foi apagado por ele.
Toda camuflada no escarlate, ela olhou para o céu e ele a respondeu com uma queda de chuva rápida e forte. As gotas da chuva começaram a limpar o sangue de seu rosto. Seu rosto era muito belo e familiar, seu corpo era de uma mulher delicada e forte. Carmela olhou e sorriu para mim.
FIM
interessante, mas o final me decepcionou um pouco.
Um garoto vê a preparação de uma menina para ser queimada como bruxa. É um ritual religioso para garantir boa colheita. Mas a menina se mostra realmente bruxa e mata seus algozes durante o ritual.
***
Gostei muito do conto. A estrutura me fez pensar que não acontecia muita coisa no começo, mas depois entendi que estava guardando pro final. Uma coisa que me impediu de dar um nota maior é que eu não entendi o gênero do conto. No máximo é um conto sombrio, mas não tive sensação de terror em nenhum momento. Isso não tira o mérito do texto, mas dentro do certame ele acabou perdendo alguns pontos. Talvez tenha faltado mais momentos de tensão não longo do texto. Não encontrei erros ou mal uso de estrutura, mas poderia usar menos adjetivos e advérbios e deixar o leitor entender por si. Como falei, gostei muito. Boa sorte.
A PIRA
RESUMO
Diz o reverendo à mãe do menino que a morte do pai foi uma maldição, mas ele acreditava que não; Madá era uma velha esquisita, muito feia, amargurada e ríspida, uma bruxa; a menina a qual estava sobre seu poder era cuidada com maus tratos; até que um dia Madá a levou ao centro do vilarejo sendo puxada pelos cabelos e arrastada pelo chão deixando marcas de sangue; A menina foi incendiada amarrada a um mastro no centro da pira; Diante de todos houve um explosão e a menina vira uma mulher vestida de escarlate, a qual se vinga do reverendo explodindo-o; a anciã Madã, é estrebuchada entre urina, fezes e tripas.
COMENTÁRIOS
No parágrafo onze: …pelos os arredores… e …pelas as mãos… Creio que em ambas situações os artigos no plural não precisariam aparecer, pois, a palavra pelo, subestima a presença do artigo; É um conta arrepiante, tornando-se até nojento com as ilustrações visionárias, mas não impossível no meio chamado tenebroso pela presença de bruxas.
Resumo: A estória fala sobre uma velha que mantinha uma garota presa. O reverendo do vilarejo era o responsável por queimar as garotas “bruxas”. Ao ser colocada na fogueira, a garota indefesa se transforma em uma mulher, um ser em chamas que mata a velha que a mantinha presa e mata também o reverendo. Depois disso, ela faz chover no vilarejo apagando suas chamas e revelando sua beleza e seu segredo.
Considerações: Boa estória, parabéns! É uma estória interessante, já começa colocando o elemento da dúvida com a fala do pai do narrador sobre se existe ou não sobrenatural. O enredo é bastante sólido, mas deixa um pouco de dúvida se é a garota ou Carmela que sai da fogueira e se revela para o narrador. O clímax do terror está na morte de Madá, é uma cena bem forte e que deixa a gente impactado realmente. Quase nenhum problema de revisão.
Resumo:
Uma cidadezinha onde um reverendo malvado sacrifica crianças bruxas para agradar sei lá quem e trazer prosperidade.
Certo dia estão eles a queimar uma criança, mas a criança vira a cria do capiroto, domina o fogo e mata todo mundo.
Originalidade:
Achei a história pouco original, parece mais um daqueles livros adolescentes que estavam na moda uns anos atrás, um pouco mais violento só.
História:
Não gostei muito da história. Senti mais como se fosse o primeiro capítulo de um livro. E mesmo assim, não me interessei muito.
Manja das letras:
Você escreve bem. Construiu uma narrativa bem amarrada, com personagens bem trabalhados. A história segue um fluxo agradável e fluído.
Bateu o cagaço:
Não bateu. Não achei a história assustadora, tem umas descrições violentas, mas não deu medo. Achei mais uma história “Young adult”.
Veredito final:
O texto é razoável, não me agradou muito porque é o tipo de coisa que já li muito ao longo da vida, faltou algo para que o texto se destacasse, tivesse identidade própria.
RESUMO: Um menino vai até uma casa nos fundos de uma paróquia para dar o recado do Reverendo a uma velha senhora chamada Madá, a qual mantém presa uma menina visivelmente machucada. A menina era mais uma vítima, acusada de bruxaria, que teria que morrer em troca de boas colheitas para aqueles moradores do campo, muito comum de acontecer no local, evento sempre organizado pelo Reverendo, espécie de líder daquele povo. A jovem menina é levada até a pira onde muitos da comunidade aguardam. O Reverendo tem um machucado no rosto, dando a entender ter sido causado pela menina em legítima defesa. Enquanto o corpo da menina queima no fogo e seus gritos saem das chamas, as pessoas começam a se sentirem mal. A menina não morre, seu semblante acorda, fazendo com que alguns presentes fossem engolidos pelo fogo e outros explodissem, saindo até mesmo os órgãos dos seus corpos. A menina se transforma em mulher, sai da fogueira e mata o Reverendo por último. O narrador da história, o menino, olha para o rosto da mulher e a reconhece. É Carmela, a nova moradora do vilarejo que vende especiarias. Ela sorri para ele.
CONSIDERAÇÕES: Achei o conto muito bem escrito, a estética bem formada. O terror e suspense estão presentes do início ao fim, juntamente com a expectativa da execução da personagem menina, vítima de acusação de bruxaria para satisfazer as superstições das pessoas daquele local. Achei muito interessante a narrativa de um menino, que aponta indícios da crueldade e da infância tão difícil que muitas meninas pobres passavam em locais e épocas com a do conto, principalmente se tinham algum defeito físico. Fui surpreendida com o final, pois pensei que alguém chegaria para salvar a menina da fogueira, mas ela se queima. E quem salva alguém é a própria menina que, além de se transformar na sua forma verdadeira (acredito eu que seja), salva a si mesma, matando todos à sua volta que lhe fizeram mal. Gostei da apresentação da Carmela aos poucos ao longo da narrativa, revelando sua identidade apenas no final, sob a visão do menino que nunca escondeu gostar bastante dela e nutrir certa admiração e amor platônico pela figura feminina da Carmela. Eu gostei muito deste conto: terror, sangue, morte e vingança. Parabéns, escritor/escritora!
Boa sorte na competição! 🙂
Resumo: uma aldeia tem o hábito de queimar jovens mulheres sob acusações de bruxaria para que recebam benefícios da natureza. No fim, Carmela, uma das jovens, se vinga de todos sobrevivendo a fogueira com sua magia.
Sobre o conto: cuidado com os excessos de: era, eram, estava, estavam. As vírgulas também estão com problemas, como no trecho: “A velha puxava com força, em alguns momentos, os cabelos da moça provocando alguns gritos de dor, que logo eram abafados pela própria menina que aparentava já estar habituada a situações parecidas.” No mais, acho que a história tem boas nuances, Madá, por exemplo, é um personagem interessante e que foi bem apresentado.
Bom certame!
Excelente conto de terror. Tenho lido muitas histórias de bruxas, algumas iguais a outras, mas essa é bem diferente pelos elementos que o autor(a) conseguiu criar, a invenção do padre, por exemplo, a revelação da bruxa e a cumplicidade com o menino. Muito bom.
Um conto surpreendente, desde o início e o final ficou legal. Bem escrito, com ótimo enredo, boa narração e um final inesperado, que faz uma boa história, início, meio e fim.
Resumo: A Pira (Papel Celofane)
O conto fala de um lugar onde um reverendo queimava meninas como se fossem bruxas, ele e a Velha Madá influenciavam as pessoas a acreditarem nisso, mesmo que as meninas não o fossem. O conto vai com uma áurea de apresentação longa até que ao final ao queimarem uma menina na fogueira esta se revela de fato uma bruxa e amaldiçoa a todos ali, punindo principalmente o Reverendo e Madá…
Bem, confesso que não me envolvi muito no conto, principalmente por ser demasiadamente morno na maior parte do tempo, a ideia é meio batida também, com ares da inquisição. A narrativa é de regular para boa, mas com repetições em excesso, seja da palavra “reverendo” “velha” como outras ao longo do texto.
Quanto ao terror, para mim a descrição da cena não ficou muito boa, tem detalhes legais, mas tem algumas coisas forçadas também. Mas mesmo assim não foi nada de mais, e o Reverendo o final e sofrimento dele foi tão repentino, tão curto, que me incomodou.
abrupta e descuidada pela “a” perna machucada – Em minha opinião esse “a” está sobrando.
Avaliação:
Terror: de 1 a 5 – Nota 3 (Por mais que tenha sido insuficiente para mim, há de se ressaltar que aqui o autor(a) tentou realmente trabalhar com o terror, mesmo que não tenha usado os ingredientes certos ou na ordem correta.
Gramática – de 1 a 5 – Nota 3 (Repetições e alguns deslizes, apenas)
Narrativa – de 1 a 5 – Nota 2 (Não gostei em si da narrativa, que para mim foi bastante alongada deixando o conto insosso e morno, faltou a pimenta, a emoção, que ao final tentou aparecer mais sem sucesso também)
Enredo – de 1 a 5 – Nota 2 (Também não me agradou, achei que faltou um link maior com a ideia central, tudo muito solto e sem amarrações prejudicou o progredir da trama ao longo das linhas)
Personagens – de 1 a 5 – Nota 2 (Personagens caricatos, aparentemente tirados de referências, mas ao mesmo tempo sem a força, ainda que estas referências pareçam ser inconscientes, me lembraram vários filmes num só. Não curti e não senti carisma.
Título – de 1 a 5 – Nota 4 (Um bom título, entretanto devido a má execução do conto, ficou em segundo plano.
Total: 16,0 pts de 30 pts
Resumo:
Um menino acompanha os preparativos para a queima de uma mulher, acusada de bruxaria. Durante a execução uma outra mulher assume o lugar na pira, uma que não queima e revida a violência daquele povoado que acreditava precisar queimar mulheres de tempos em tempos para ter boas colheitas.
Comentários:
Apesar de uma premissa bem simples, e como falei em outros comentários, o uso de clichês não é um problema em si. É o que temos aqui, uma história que em sua base, em seu cerne, não é muito original, porém, a forma utilizada para conta-la, a narrativa a partir do garoto que assistiu todo, a escrita em si torna a história bela e gostosa de ler.
Gostei bastante do texto, das personagens, que realmente parecem vivas, consigo ver cada uma delas. Porém, não sei se chamaria de terror. Não me causou nenhuma das sensações que associo ao gênero. Medo, tensão, um certo suspense, uma espécie de desnorteamento, um não entender o texto bem no limite da não compreensão, eu gosto que um texto de terror me deixe sem saber muita coisa, mas sentindo um certo desamparo, um certo desespero. Essa história não me causa isso, mas em nada a prejudica, só comento isso para justificar o meu voto no contexto do desafio, porque é um belo texto.
Conclusão:
Uma história que muito me agrada, contada de uma forma que muito me agrada. Ficou em quarto no meu voto porque os outros igualmente bons se enquadraram melhor nos respectivos temas. Esse conto escapa um pouco, pra mim estando mais no campo da fantasia que do terror. Mas nada disso diminui sua qualidade.
Parabéns!
Em uma vila, um garoto (o narrador) é encarregado pelo Reverendo de ir a um casebre, dar um recado a Madá, uma idosa, que está preparando uma garota para ser queimada como bruxa. O recado é de que elas devem ir até o local onde a execução ocorrerá. A prática é uma tradição no local, uma forma de atrair boas colheitas para o vilarejo.
Quando a menina é levada pelas chamas, entretanto, eventos inesperados acontecem.
O conto é bem redigido, salvo algumas frases que considero grandes demais. Também considero alguma orações explicativas um pouco desnecessárias, talvez um excesso didático do autor ou autora. Mas são ponderações mínimas que, em minha opinião, não prejudicam a qualidade da narrativa, que é eficiente. Eu diria que a história é até realista, uma vez que no nosso passado medieval, sabemos, as bruxas as verdadeiras vítimas em um tempo de intolerância e obscurantismo – não muito diferente do presente.
Resumo = Uma comunidade, liderada por um reverendo, realiza rituais de queimar em fogueiras supostas bruxas. Um rapaz é mandado buscar uma menina para ser queimada, mas existe Carmela, uma recente moradora do vilarejo e as coisas vão mudar. Pois tudo tem um preço e o deles será cobrado.
Comentário = Gostei do conto e fiquei torcendo pela moça. Penso em todas as que foram queimadas no passado, quanta maldade. Se fossem mesmo bruxas poderosas, coitados daqueles que ameaçassem acabar com elas. Torci por uma reviravolta naquela situação. E não fui decepcionada. Parabéns pelo conto.
Olá, autor(a)! Resumo: em uma vila, uma menina é levada para a pira sob a acusação de ser uma bruxa. No entanto, ao ser queimada, revela sua verdadeira natureza, invertendo os papeis de de algoz e vítima.
Belo conto, muito bem conduzido. Nota-se uma grande habilidade para entregar as informações aos poucos, de forma bastante sutil, instigando o leitor. É uma escrita muito boa. Pena que a revisão tenha deixado muita coisa passar:palmas secas e calejadas que sinalizava – sinalizavam; pelos os arredores – pelos arredores pelas as mãos – pelas mãos; mais parecido com uma camisola não era grosso – mais parecido com uma camisola,não; era das tochas que adentrava – das tochas que adentravam; diante a tranquilidade – diante da tranquilidade; palavras que, as quais – os dois são pronomes relativos, de modo que ou se emprega que ou as quais; me virei para reverendo – para o reverendo; começou a sair de dentro dela -começaram a sair de dentro dela.
Ainda assim, um conto acima da média. Só torci um pouco o nariz para um dos trechos da parte final, que tem aquelas descrições gore já meio batidas(urina, fezes, etc.). Mas a cena final é brilhante com uma descrição muito vívida e fecha muito bem a estória.
Parabéns e boa sorte!