As férias de julho finalmente haviam chegado. Cal e sua turma passaram os últimos três meses planejando a subida da montanha e a ansiedade que sentiam logo deu lugar a uma animação quase infantil. Nem mesmo o imprevisto, que impedira que seu pai os levasse em sua velha caminhonete até a metade do caminho, pôde enfraquecer-lhes o entusiasmo. Estava tudo pronto e nada os impediria.
Haviam combinado como ponto de encontro o pátio da antiga estação ferroviária, bem no centro da cidade. Ficava a pouco mais de quinhentos metros do início da estradinha de terra que os conduziriam para a montanha e, como a cidade era pequena, mesmo morando em bairros diferentes, não demorariam mais que dez minutos até lá. Uma curta caminhada.
Cal e Bia foram os primeiros a chegar. O jovem casal estava namorando há dois anos e ele dormira na casa dela, para que sua mãe os ajudasse com as mochilas e os deixasse na estação às onze da manhã. Marco e Pedro, os gêmeos, chegaram em seguida.
– E aí, casal? – cumprimentou Marco, sendo instantaneamente imitado pelo irmão.
– Oi, chato! – respondeu a menina, voltando-se para Marco, fingindo indiferença. – Oi, Pedro! – agora em tom divertido.
Os gêmeos deixaram as pesadas mochilas no chão e apertaram a mão do amigo.
– Onde está aquele peso morto? – quis saber Marco, referindo-se a Rafael.
– Bem atrás de você, vacilão! – gritou. Todos olharam para ele e riram.
Os quatro amigos se conheciam desde a infância. Rafael e Carlos moraram na mesma rua, tornando-se amigos inseparáveis desde os cinco ou seis anos de idade. Os gêmeos vieram de outra cidade e o grupo se formou quando começaram a estudar na mesma sala, no primeiro ano do ensino fundamental. Bia juntou-se ao bando quando começou a namorar Cal. O humor fácil e o jeito carinhoso logo conquistaram o apreço dos garotos, que a tornaram sua protegida.
– Então? – indagou Cal, fitando os amigos. – Vamos?
Os garotos pegaram suas mochilas e Bia, que tinha organizado a compra de provimentos para a empreitada montanha acima, pôs se a distribuir algumas sacolas entre eles.
– Rafa, como você está carregando uma barraca, leva essas duas. Os gêmeos ficam com essas. – disse ela, indicando aquelas as quais cada um deles deveria pegar. – O Cal vai levar a outra barraca…
– E a água? – interrompeu Marco.
– Cada um de vocês pega uma. Rafa e eu pegamos duas.
Pedro abriu o pacote de garrafas de água mineral e começou a distribuí-las aos outros.
– Legal, Pedro! – disse Bia, em sinal de aprovação. – E essas sacolas, aqui do lado, são minhas e do Cal. – finalizou, fitando o namorado.
– Hashtag, partiu montanha? – perguntou Marco, fazendo piada, provocando uma risada geral. E partiram para sua tão esperada aventura.
Mal haviam começado a subir a esburacada estrada de terra, Rafael parou e pôs-se a procurar algo em sua mochila.
– Ah, não! – exclamou. – Esqueci a minha escova de dentes.
– Mas é um lesado mesmo! – reclamou Marco.
Todos pararam e se voltaram para ele.
– O Marco empresta a dele. – provocou Bia, sorrindo divertida. Pedro e Carlos riram gostosamente.
– Empresta a sua. – retrucou ele.
– Não posso ficar sem escovar os dentes durante dois dias. – choramingou. – Esperem aqui. Eu vou correndo no supermercado comprar uma.
– Já é quase meio-dia, gente. Se demorarmos muito, não chegamos ao acampamento antes de escurecer. – avisou Carlos, um pouco contrariado.
– Vai logo, cara! O que está esperando? – incitou Marco.
– Deixa que eu vou. – ofereceu o outro gêmeo, descendo ao encontro do amigo, que ficara um pouco atrás. – Eu ando mais depressa.
O supermercado ficava na avenida, atrás da estação. Apesar de estarem a menos de um quilômetro do lugar, isso os atrasaria no mínimo uns bons trinta minutos.
– Compre a mais barata que tiver. – Rafael retirou uma nota de dez da carteira e entregou a Pedro.
– Além de tudo é pão-duro! – brincou o outro, antes de recomeçar a descer.
Enquanto esperavam, Cal e Bia sentaram-se sob a sombra de uma arvorezinha à beira da estrada. Rafael jogava no celular, ao lado do casal. Marco, sempre agitado, atirava pedras morro abaixo, tentando acertar um grande cupinzeiro no meio do pasto seco.
– Já faz trinta e cinco minutos. – afirmou Carlos, impaciente, conferindo o relógio em seu pulso.
Àquela altura, Marco já havia se cansado de andar de lá para cá, procurando algo que o distraísse. Sentou-se ao lado do Rafael, apanhou alguns seixos do chão, levantou-se novamente e quando iria começar a atirá-los em Rafael, viu que o irmão acabara de aparecer na curva da estrada.
– Finalmente! – bradou, atirando o punhado de pedrinhas sobre o garoto, que jogava distraidamente, fazendo-o soltar um palavrão.
Resolvido o problema, retomaram a subida. Estavam em pleno inverno, porém, o dia estava quente e, com o Sol alto no céu, quase não havia nenhuma sombra. A estrada, poeirenta, cheia de buracos e com muitas pedras, tornava a caminhada ainda mais lenta. Haviam se passado quase três horas desde que recomeçaram a subir.
– Pessoal, vamos parar um pouco e fazer um lanche. – disse Carlos, sentando-se em uma grande pedra escura, ao lado da estrada. Havia várias por ali e cada um foi sentar-se sobre uma delas. Bia ficou perto do namorado.
Enquanto comiam e descansavam, os jovens admiravam a natureza ao redor. De ambos os lados, a estrada era quase totalmente cercada por árvores altas e o céu, muito limpo e azul, só podia ser visto através da faixa que o caminho formava.
– Já estamos bem alto. Acho que já devemos estar perto. – disse Carlos. – Bora, gente! Acabou o descanso.
Andaram durante pouco mais de meia hora e chegaram a uma bifurcação.
– Acho que é aqui o lugar que meu pai falou. É até onde ele nos traria.
– Mas para que lado? – Marcos perguntou, afoito.
Carlos ficou em dúvida. Ele não se lembrava bem de qual direção deveria manter. Olhou para um lado, depois para o outro. À direita, o caminho parecia descer e à esquerda, um pouco mais à frente, a estrada fazia uma pequena curva que seguia para cima. A partir dali, a estrada ficava mais estreita.
– É para a esquerda. É isso.
Subiram com dificuldade uma parte muito íngreme e, após andarem por mais de meia hora, o caminho se tornou mais plano. Logo eles puderam ver a cabana de madeira. Atrás dela, um rochedo se erguia, fechando o caminho.
– Lá está. À direita da cabana tem uma trilha, subindo o rochedo, que leva para o local onde vamos acampar. – disse Carlos.
Eles se aproximaram mais. Abriram a cerca de arame farpado, já bastante enferrujado, e entraram no terreno. A grama estava na altura dos joelhos. À esquerda, um barranco parecia descer indefinidamente. Os gêmeos entraram correndo pelo gramado descuidado, fazendo a maior bagunça. O céu começava a mudar de cor, anunciando a chegada do crepúsculo.
– Acho melhor ficarmos por aqui hoje. Não conseguiremos chegar antes de anoitecer. – disse Carlos.
Rafael e Cal observavam a cabana. Estava em bom estado. Construída sobre uma base de pedras, as paredes de madeira pareciam bem sólidas e o telhado, feito de telhas antigas em forma de calha, também aparentava confiança. Carlos subiu os três degraus de cimento que levavam à maciça porta de madeira, empurrando-a. Estava aberta. Era um único cômodo quadrado, com uma janela voltada para oeste, também feita de madeira. À direita da porta, junto da parede, havia um velho fogão a lenha, feito de barro.
– Bia, vem me ajudar. – chamou Cal.
Os gêmeos vieram com ela. O chão de concreto estava cheio de folhas secas e poeira. Pedro improvisou uma vassoura de mato e Bia varreu as folhas. Rafael e Marco trouxeram galhos secos para acender o fogão. Ainda não eram seis da tarde, mas a escuridão da noite já dominara tudo. Não havia luar, apenas um mar de estrelas brilhantes sobre suas cabeças. Era uma visão deslumbrante.
Depois de se acomodarem, cada um preparou seu macarrão instantâneo no velho fogão de barro. O crepitar do fogo, o barulho do vento e o som dos insetos criavam um clima tranquilo e aconchegante.
Refeitos pelo jantar rápido, já um pouco descansados, os meninos logo começaram a bagunçar. Bia e o namorado sentaram-se sobre seus sacos de dormir, próximos ao fogão, conversando. O sono, aos poucos, foi acalmando os ânimos de todos. As conversas foram ficando escassas. O vento lá fora soprava com força e de repente, uma batida muito forte na porta se faz ouvir assustadoramente. Bia, repentinamente arrancada de seu cochilo, gritou estridentemente. Rafael, que àquela altura já estava dormindo, também berrou de susto. Mais pelo grito desesperado da menina que pelo barulho na porta.
– O que foi isso? – Bia perguntou. Agarrada ao namorado, ela tremia como vara verde.
Todos se levantaram. Cal e os gêmeos pegaram suas lanternas e apontavam os feixes de luz para todos os cantos.
Bum! Outra batida violenta. Mais gritos desesperados de terror. Desta vez a batida na porta foi tão forte, que fez uma fina nuvem de poeira cair lentamente do telhado. As luzes das lanternas tremiam. Bia chorava compulsivamente.
– Cal… Cal, o que é isso? – Bia soluçava e chorava compulsivamente.
Carlos pegou um galho grosso de árvore que tinham trazido como lenha, intentando usá-lo como arma. Pedro empunhava o facão que trouxera para abrir caminho na trilha na mão direita, enquanto tentava manter o foco da lanterna, na outra mão, fixo na porta. Rafael e Marco, estáticos, atrás de Pedro, como estátuas de pedra, sem saber o que fazer.
– Parece que alguém está tentando arrombar a porta. – presumiu Carlos. Seus sentidos estavam em alerta. A adrenalina fazia seu corpo inteiro tremer.
– Se alguém ou alguma coisa conseguir entrar, vamos atacá-lo de uma só vez. Ok? – falou Cal.
Todos concordaram imediatamente. Eram bastante jovens, tinham força para lutar e sabiam que a única defesa teria de ser o ataque.
– Marco. Rafa. Peguem alguma coisa que possam usar para atacar. Bia, você fica atrás de nós. – instruiu ele.
E assim eles permaneceram, em posição de guarda, até que a manhã chegasse. Quando os primeiros sinais de luz começaram a entrar na casa, Cal ordenou que eles recolhessem todas as suas coisas e se preparassem para sair. O rapaz se aproximou da porta, tirou cuidadosamente a forte trava de madeira que a trancava e a abriu bem devagar.
– Agora! – disse ele, sua voz alta o suficiente para que todos ouvissem.
Eles atravessaram o mais depressa possível o gramado alto e chegaram à estrada, sem sequer perceber que a porteira de arame estava aberta, caída no chão. Carlos pegou o celular via satélite que o pai deixara com ele e discou o número de casa. Sua mãe atendeu e ele pediu que o pai viesse buscá-los o quanto antes. Disse que estava tudo bem, para tranquilizar sua mãe, mas insistiu para que ele viesse logo.
– O que há com vocês? – perguntou o pai, logo que eles começaram a volta para casa.
– Nada! O acampamento não foi legal. – respondeu o garoto, um pouco frustrado.
– Eu esqueci de contar para você, filho! – disse o senhor Paulo, cheio de animação. – Tem uma lenda que diz que dois montanhistas erraram o caminho e acabaram seguindo para a esquerda, na bifurcação. Pois eles acharam que o outro caminho descia apenas. Faz muito tempo isso. – ele fez uma pequena pausa, procurando na memória as lembranças da antiga estória. – O que se contava, era que eles resolveram passar a noite numa cabana de madeira que havia no fim da estrada, pois já era noite. Então, de madrugada, eles foram acordados por pancadas muito fortes na porta. O susto foi enorme, eles disseram. Como se alguém estivesse tentando arrombar a porta. Mas quando eles contaram isso, no hotel em que estavam hospedados, as pessoas disseram que aquela cabana já não existia havia muito tempo.
Cal olhou para o pai e depois para os amigos no banco traseiro da caminhonete, como quem perguntava se deveria ou não contar. Ninguém disse nada.
RESUMO:
Grupo de amigos se reúnem para viver uma aventura: acampamento na montanha. No meio do caminho, perdem a direção e resolvem optar por uma trilha que vai dar em uma cabana. Tudo parece bem até que escutam baques na porta como se alguém quisesse arrombá-la. No fim, não era nada. O pai de Carlos vem pegar a turma e conta sobre uma lenda que retrata exatamente o que eles viveram. A garotada prefere não contar nada do que aconteceu para ninguém.
AVALIAÇÃO:
O conto pareceu-me ser um exemplar de narrativa infanto-juvenil. Está bem escrita, sem grandes falhas de revisão, mas eu talvez usasse uma pontuação diferente em alguns pontos.
O ritmo da trama demora a engrenar e senti um pouco de enrolação no processo todo até chegar à cabana. O trecho da escova de dentes poderia ser facilmente descartado pois não acrescentou nada, mistério algum à história. O problema com o conto é esse: demorou muito, dando voltas e mais voltas até chegar ao clímax que se desenvolveu rápido demais – as pancadas na cabana. Mal chegamos lá e já aconteceu tudo. Outra coisa que soou falso foi o pai do Carlos falar sobre a lenda criada em volta da tal cabana e ser exatamente o que eles viveram. Tipo, exatamente igual, até a razão de ter escolhido o caminho. O relato poderia ter sido um pouquinho menos detalhista e só deixar o mistério das pancadas em destaque. Mas a ideia é boa, só precisa ser melhor trabalhada.
Continue escrevendo!
Um grupo de jovens sai numa aventura pela natureza. Não chega onde quer e acaba passando uma noite aterrorizante numa cabana de madeira no meio do nada que pode na verdade nem existir.
***
Prometeu e não cumpriu. Quero dizer, no começo já dá para perceber que será um conto de terror, mas acho que o autor não deu a devida importância às cenas (diga-se a única) de real terror. Ela é muito rápida e não passa a tensão que deveria passar . Tirando a fraqueza supracitada, o conto é bem estruturado. Outro ponto ao qual o autor deveria tomar nota é quando ao uso exagerado de advérbios. Num espaço de dez palavras eu contei três advérbios terminados em “mente”. Esse uso exagerado acaba por dirigir o pensamento do leitor, tirando parte de sua jornada e interação com a história.
A CABANA DE MADEIRA
RESUMO
Um grupo de jovens se preparam para a subida na montanha para acamparem;
um deles, Rafael, esquece sua escova de dentes. um dos gêmeos se dispõe a voltar para a cidade para comprar; passam-se trinta e cinco minutos a espera dos outros jovens; reiniciam a caminhada; param para lanchar; ficam em dúvida em que direção tomar em uma bifurcação; encontram uma cabana onde escolhem para passar noite; ouvem barulhos estrondosos na porta da cabana; passam a noite vigiando a porta; apelam para o pai de um deles à vinda para os levarem de volta para a cidade; o pai conta um estória, que é justamente o que eles haviam passado.
COMENTÁRIOS
O conto tem desenvoltura boa, porém a riqueza de detalhes deixou desejar por ser um lugar inusitado.
No momento que o conto diz a hora que subiram a montanha, ficou meio confuso, pelo horário já ser próximo do meio dia. Se eles haviam se preparado para isso, até um ter dormido na casa do outro para acordarem cedo; por ser uma cidade pequena, onde tudo é perto; esse horário deveria ser dito bem mais cedo.
Resumo: Alguns garotos vão acampar numa montanha e erram o caminho durante o percurso. Passam a noite numa cabana onde, de madrugada, ouvem fortes pancadas na porta e ficam muito assustados. No dia seguinte, vão embora sem saber o que provocou as batidas. Só descobrem através do pai de um dos garotos.
Considerações: Eu gostei da estória. Pareceu-me um pouco água com açúcar no começo, mas está dentro do padrão. Pouquíssima falha de revisão. Gostei da frase: “As luzes das lanternas tremiam”. O final é bem criativo e inusitado. Tem um desfecho bem legal.
RESUMO: Cinco amigos planejam por meses acamparem na montanha. Apesar de alguns empecilhos, como o imprevisto de não receberem carona do pai de um deles até a metade do trajeto, além do atraso do amigo ao comprar uma escova de dentes que o outro havia esquecido de levar, eles seguirem caminhada na subida da montanha. Ao chegarem em uma bifurcação na estrada, escolheram seguir pela esquerda, deparando-se com uma cabana de madeira no meio do caminho. Como já era tarde, resolveram passar a noite ali dentro. No meio da noite, foram interrompidos com batidas fortes na porta de madeira. Mesmo aterrorizados e amedrontados nem pensaram em usar o celular, mas decidiram ficar em pé, acordados, a noite inteira olhando para a porta de madeira, esperando amanhecer. Quando o sol apareceu no céu, saíram da cabana, e resolveram usar o celular, ligando para a família. Foram resgatados pelo pai de um deles. Ao retornarem para casa, o pai contou que havia esquecido de mencionar a lenda da cabana na estrada. Este mesmo evento fantástico havia acontecido com dois homens que subiram a montanha e pegaram o caminho da esquerda. Moradores do local informaram que há muito tempo não existe nenhuma cabana lá. Todos resolveram ficar em silêncio.
CONSIDERAÇÕES: O conto apresenta algumas incoerências estéticas e estruturais. Esteticamente, o autor/a autora poderia ter tomado certos cuidados com a narrativa. Por se tratar do núcleo de personagens jovens, poderia ter optado por usar o vocabulário coloquial. Isso acontece algumas vezes como o uso da expressão: “tremia como vara verde”. Mas em outros momentos, o autor/a autora mescla expressões fora deste universo linguístico, utilizando advérbios pitorescos, os quais não conversaram com a estética leve/contemporânea do restante do conto, como por exemplo: “riram gostosamente”; “chorava compulsivamente”; “se faz ouvir assustadoramente”. Outro ponto que poderia ter sido melhor trabalhado consiste nos diálogos fracos dos personagens. Em alguns momentos ficou parecendo que o autor/a autora estava apenas preenchendo linhas sem ter ligação com a estrutura do conto. Os diálogos são uma forma excelente de marcar a personalidade dos personagens, mas não foi o que ocorreu no conto devido à superficialidade dos discursos desenvolvidos e até mesmo certa incoerência. Um exemplo disso é a fala de um deles que diz “Hashtag, partiu montanha?”, onde na narrativa está expresso que tratou de uma piada e que provocou uma risada geral. Se esta expressão veio de um jovem no meio de outros jovens, não vejo motivo para ser uma piada. Seria uma expressão engraçada e sim uma piada se tal expressão tivesse saído de uma pessoa mais velha naquele contexto, a qual não seria habitual de seu linguajar tal expressão. Construções deste tipo não me passaram credibilidade por parte dos personagens, pareceram-me fantoches, caricatos e muito superficiais. Além disso, o autor não inovou muito com o tema: cinco amigos resolveram acampar e que se depararam com algum evento fantástico. Bem típico de roteiros já batidos. Fiquei na expectativa de me deparar com algo bem diferente ao longo da narrativa ou nas ações dos personagens, mas fiquei só na expectativa mesmo. Contudo, criação é mesmo a prática de inventar, inovar. E quando conseguimos desenvolver isso no texto, por meio de experiências em leituras e a prática da escrita, caminhamos rumo ao aperfeiçoamento. Portanto, encare minhas críticas de forma positiva e como incentivo para continuar praticando. Eu acredito no seu potencial, autor/autora.
Boa sorte na competição! 🙂
Resumo:
Quatro amigos vão acampar… o principal esquece a escova… outro vai comprar… anoitece… eles buscam refúgio numa cabana de madeira (daí o título). Escutam um barulho na porta… se borram de medo. Voltam para casa e o pai diz que esqueceu de contar uma história bacana de que a cabana é assombrada, ou melhor, que ela nem existe, é só um truque do satanás. Ele teve a vida inteira dos moleques para contar, mas não, só conta depois que eles já experimentaram a invocação do mal. Isso que é pai!
Originalidade:
Achei o texto pouco original, jovens indo acampar no mato e coisas assustadoras acontecem, já foi utilizado a exaustão, faltou ousar um pouco mais para criar um texto que se destaque dos concorrentes, ele só é mais um na multidão.
História:
A história me lembrou os causos que eu contava e ouvia quando era criança, é bem nessa pegada, ainda assim, achei a história um pouco fraca, não acontece nada no texto. A parte do terror mesmo vem só no finalzinho e fica só numa batida de porta. Achei a proporção de cotidiano/terror bem desproporcional, queria ver mais da cabana e ela não veio.
Manja das letras:
Sim! O conto é muito bem escrito. As passagens são bem tranquilas de serem lidas, não é aquele tipo de texto que só leio por obrigação. A leitura é bem agradável e segue uma estrutura lógica. O universo é bem montado, os personagens, apesar de não serem muito aprofundados, servem perfeitamente para a história. O texto está muito bem feito.
Bateu o cagaço:
Não bateu. Infelizmente nem apagando a luz, acendendo vela vermelha duas da madrugada fez eu ficar com medo. Muito disso é porque você se perdeu muito no pré terror e na hora H foi ‘só uma marolinha’. Podia ter trabalhado mais a parte da cabana, o medo dos protagonistas, a imaginação aflorada com o barulho, etc.
Veredito final:
Achei o conto mediano. Apesar de ser muito bem escrito, ele não tem quase nada de terror. A ideia de trabalhar com os causos, mitos, ou lenda urbana, foi bem interessante, infelizmente a execução deixou a desejar.
O autor tem que ter em mente, que precisa prender o leitor na leitura desde o início. Precisa criar algo que desperte a curiosidade e que só será revelado durante o desenrolar da história. Precisa criar uma história com ações impactantes para ganhar pontos altos e passar de fase.
Achei esse conto da cabana bem fraco. Só tem duas coisas interessantes, as batidas na porta da cabana e a revelação que ela não existe mais. Essas duas coisas não foram suficientes para me impressionar, para gostar da história. O enredo está bom, mas não o desenrolar dele. Alguns trechos foram desnecessários, como por exemplo, quando Rafael diz que esqueceu a escova de dentes e saiu para buscar. Não foi nada interessante essa ação. A escrita está boa, é simples, direta, clara e lógica.
Os diálogos também não ficaram bons, na minha opinião achei meio “bobos”. Os diálogos precisam ser naturais, que não pareça conversa de crianças. Até que o grupo chegasse na cabana, as descrições, ações e diálogos, foram “gordura” para dar extensão ao texto e não deu nenhum valor à história. Acho que se a introdução fosse mais curta e com algo mais, a premonição de alguém, por exemplo, o pesadelo de um dos personagens prevendo que aquele passeio seria trágico, ou algo parecido além, é claro, de ações impactantes na cabana, seria mais interessante e daria mais valor ao conto. Espero que as dicas sejam úteis.
Boa sorte no próximo tema.
olá, Prometeu, cá estou eu com o seu conto. Achei que ficou bacana a sua história. Bem criativa e diria que de um terror mais leve. Gostei dela. Você escreve bem, tem bom domínio da nossa língua portuguesa e sabe contar uma história. Receba o meu abraço fraterno, Fernando.
Resumo:
Quando jovens (não fica claro a idade) vão acampar num local próximo a uma cabana de madeira no alto de uma montanha. Devido a um atraso, não conseguem chegar ao local do acampamento e decidem passar a noite na cabana. Uma batida na porta assusta os meninos, que saem correndo na noite, são “resgatados” pelo pai de um deles, que conta de uma lenda sobre a tal cabana que nem existe mais.
Comentários:
Bom, nada me agradou aqui. A forma escolhida, com uma “grande revelação” ao final. A construção dos personagens, clássica formação de casal e seus amigos. O texto não consegue ter um impacto, criar uma atmosfera de medo ou suspense, tensão, pontos importantes no gênero proposto.
“O vento lá fora soprava com força e de repente, uma batida muito forte na porta se faz ouvir assustadoramente.” Se não fosse o desafio, teria parado de ler aqui. Não da pra me dizer que foi assustador, ou que eles sentiram medo. Mas se trata de me fazer sentir o medo que eles sentiram, ou compreender o horror que passaram. Só me dizer que foi uma batida assustadora não basta, afinal, o que é uma batida assustadora?
O uso dos adjetivos ao longo do texto (assustadoramente, repentinamente, estridentemente…) é desanimador num texto que se propõe ser de terror/horror. Não é uma regra, não há regras, mas o mau uso dessa classe de palavras foi problemático aqui.
O uso dos clichês também foi uma questão. Não são um problema em si, mas seu mau uso sim. Uma cabana isolada, um casal adolescente e seus amigos, um grito o escuro, alguém que “treme como vara verde”. Uma lenda sobre o local escolhido para acampar… Já vi essa história antes, mil vezes. Teria que haver algo novo pra valer a pena. Seja na forma, seja no desenvolvimento. Caso contrário, o texto perde o brilho.
A escolha de colocar a tal lenda no final também foi problemática, uma explicação corrida ao fato estranho.
Conclusão:
Não gostei de nada aqui. As decisões na escrita fizeram ficar previsível, algo imperdoável no terror. Esse é o problema com a maioria dos filmes hollywoodianos de terror. O resultado não passa os sentimentos dos envolvidos para quem lê ou assiste. O final feliz também não ajuda.
Resumo: A Cabana de Madeira (Prometeu)
Um conto onde uma turma de garotos sai para acampar e encontra uma cabana onde passam a noite, durante essa noite ouvem fortes batidas à porta, passam a noite em claro, ao amanhecer descobrem que essa cabana nunca existiu e que havia uma lenda “assustadora” a respeito dela e dessas fortes batidas.
Bem, aqui temos um conto que sinceramente carece de uma reconstrução, ou melhor de grandes cortes, a começar pelo início dele que pouco agrega ao conto. O pecado maior do autor aqui é tentar contar demais, quando esperamos, esperamos pelo desfecho e passa metade do conto e não acontece praticamente nada, passando dessa metade repleta de personagens (sim, há um número exagerado em minha opinião de leitor) e então acontece que os personagens chegam a esta certa cabana, entretanto temos mais um pouco de enrolação e o final que teria o intuito de ser assustador é digamos um tanto quanto broxante. Não acontece nada, desculpe ao querido autor(a), mas sinceramente a história aqui não é terror, nem infantil, talvez seria um infanto juvenil, mas sem nada a agregar, infelizmente. Espero que na próxima me convença mais.
Repetição de compulsivamente no intervalo abaixo:
do telhado. As luzes das lanternas tremiam. Bia chorava compulsivamente.
– Cal… Cal, o que é isso? – Bia soluçava e chorava compulsivamente.
Avaliação:
Terror/infantil ou infanto juvenil: de 1 a 5 – Nota 1 (Não me convenceu ser nenhum dos três gêneros)
Gramática – de 1 a 5 – Nota 4 (Apenas a repetição)
Narrativa – de 1 a 5 – Nota 2 (Para mim faltou habilidade em narrar melhor os fatos, sem atropelos, mas também sem enrolação demais, como foi.)
Enredo – de 1 a 5 – Nota 1 (Muito fraco em minha opinião, não há um bom desenvolvimento, nem mesmo uma ideia, apenas uma lenda que é mal explicada ao final, e um desenrolar que pouco ou nada agrada. Sinto muito.
Personagens – de 1 a 5 – Nota 1 (Muitos personagens para pouca personalidade ou carisma, um casal que não casa, irmãos gêmeos que não mostram ligação alguma, nada cativa ou surpreende, infelizmente.
Título – de 1 a 5 – Nota 3 (Um bom título, mas que após a leitura do conto, mesmo se explicando, pela falta de impacto da Cabana, que nem é aterrorizante do lado de dentro e sim apenas pelo fato de algo ou alguém bater a porta, realmente tudo sem sentido e sem emoção.)
Total: 12,0 pts de 30 pts
Resumo = 5 amigos partem para uma aventura em uma montanha. Em uma bifurcação Carlos fica em dúvidas para qual lado seguir. Opta pelo esquerdo e vão dar em uma cabana de madeira, lugar onde resolvem passar a noite. Na madrugada são acordados com forte barulho vindo da porta, alguém ou algo estava tentando derrubá-la. Conseguem chegar ilesos até o amanhecer. Mas se acovardam e Carlos liga para o pai pedindo que venha buscá-los. No caminho para casa o pai revela algo que não tinha contado.
Comentário = Muita enrolação até eles chegarem à cabana, e depois foi corrido. A ideia é boa, mas acho que ficaria melhor se não ficasse só no barulho da porta. Só uma sugestão; a cabana balançando com poeira, lascas de madeira e mais pequenos insetos caindo sobre eles. O barulho dos animais noturnos cessam e o que ouvem são gemidos. Apavorados decidem fugir pela janela, correm até não mais aguentarem. Escondem-se entre as árvores onde passam o resto da noite vigiando todos os lados com suas lanternas acesas.
Resumo: um grupo de jovens, formado por um casal, dois irmãos gêmeos e um quinto amigo partem para um acampamento. Diante de uma bifurcação, eles tomam o caminho da esquerda e resolvem dormir em uma cabana, já que a noite começava a cair. De madrugada, eles são surpreendidos por pancadas nas portas,o que lhes proporciona momentos de terror.
Comentário: o autor/ autora optou por misturar os dois gêneros do certame, fazendo um conto infanto-juvenil de terror. A linguagem, do meu ponto de vista, é adequada ao público alvo. Em relação à estrutura da narrativa, falta um melhor equilíbrio no texto. A caracterização juvenil dos personagens toma um tempo muito grande, ficando o clímax espremido no final.
Resumo: um grupo de jovens, formado por um casal, dois irmãos gêmeos e um quinto amigo partem para um acampamento. Diante de uma bifurcação, eles tomam o caminho da esquerda e resolvem dormir em uma cabana, já que a noite começava a cair. De madrugada, eles são surpreendidos por pancadas nas portas,o que lhes proporciona momentos de terror.
Comentário: o autor/ autora optou por misturar os dois gêneros do certame, fazendo um conto infanto-juvenil de terror. A linguagem, do meu ponto de vista, é adequada ao público alvo. Em relação à estrutura da narrativa, falta um melhor equilíbrio no texto. A caracterização juvenil dos personagens toma um tempo muito grande, ficando o clímax espremido no final.
Resumo: Um grupos de jovens amigos decide subir uma trilha em uma cidade do interior, mas acabam errando o caminho e são obrigados a passar a noite numa cabana abandonada. Durante a noite, ouvem bancadas na porta mas nada acontece. Aparentemente, segundo o pai de um dos jovens, a cabana faz parte de uma lenda e não existe.
Sobre o texto: Gostei do conto, no geral. Não acho que ficou muito bacana o momento de “terror” propriamente dito, duvido um pouco que a primeira reação de um grupo de jovens numa situação como essa seja se preparar para a briga, acho que iriam tentar explicar as coisas primeiro. Toma cuidado com alguns advérbios, a maioria poderia ter sido enxugada, a repetição de “chorava compulsivamente”, por exemplo.
Bom desafio!
Olá! Resumo da estória: Grupo de jovens vai acampar na montanha e passam a noite numa cabana, na qual são aterrorizados por fortes batidas na porta. Ao final, o pai de um dos jovens conta que dois amigos que acamparam na mesma montanha passaram pela mesma situação e acabaram descobrindo que aquela cabana na realidade já não existia há muito tempo.
Conto bem escrito, com um ritmo adequado e enredo bem distribuído. Senti falta de mais sensações: me parece que a estória poderia ser mais mostrada, com metáforas, comparações, sentimentos e impressões evocados pela situação vivida pelos personagens. Também tenho a impressão de que os diálogos não condizem muito com a idade dos personagens. Há um trecho com muitas repetições próximas de advérbios: Dicas de gramática: que os conduziriam – que os conduziria; moraram – moravam; uma batida muito forte se faz ouvir – mudança de tempo verbal. Sequência muito próxima de advérbios: assustadoramente, repentinamente, estridentemente. E depois lentamente, convulsivamente( duas vezes).
No geral, um trabalho interessante. Parabéns e boa sorte!