O desaparecimento d’Ela
Queria tanto te presentear
Com tudo aquilo que não me pediu
Deitar sobre ti uma cama de pingos floridos
Te oferecer a boa sorte do que é possível
E apenas prometer a certeza do sonho
Ontem, Ela amanheceu com uma entonação malhada, cor de sabor flocos com tons de vermelho tilintando pingados de caramelo – doces, eu sei – querendo amarelar-se para manga. Deu-me um beijo triste, olhos castanhos, ô que dó, quanto tempo assim, sem aquela alegria toda.
Me recordo muito bem de sua paixão, pele dourada, ao beijo todos os olhos iam para o alaranjado, quase vermelhos, mas laranjas, indistintos de sua boca que era ácida e me fazia salivar, arrepiar, tremer. Era mesmo perigosa, aquela sujeição de meus sentidos aos d’Ela, se soubesse, e sabia, eu não teria chance de defender-me, não tive.
No começo, antes daquele tempo, éramos muito sociáveis, era grande prazer encontrarmo-nos rodeados de nossos queridos amigos, por vezes não tão queridos entre si, é bom dizer, deitando o tempo nas remansosas tardes ou noites, prognosticando a existência, imaginando se os homens conhecidos das muralhas de pedra sabiam de nós.
Não era raro que interrompêssemos por causa das ruidosas bravatarias entre o Jovem Padrinho e o Rei Chefe, a eletricidade havida entre o Degolado Espantado e o Guarda Abrangente e, notadamente, a par dos excentricismos do Sr. Coelho, que, raivosamente, vivia a lamentar-se, esvair-se em lamúrias, descontinuando nossas paciências ao remoer a ida de Dondoca, a Pomba.
Contava ele que viveram durante muitos tempos lá dentro do outro lado. De dentro. Onde e quando não existia nada a não ser eles mesmos. Mas aí é que tudo subsistia, de nada precisava, disse ele arrogante. Ali eram sacados apenas ao léu de desejo maior, neste caso, o do Calado Estridente, que só era viável porque aparentemente invocava o Sr. Coelho a partir de coisa nenhuma, e Dondoca, a Pomba, de lugar algum. Embora saibamos, por ele contar, que não era bem assim.
Não que o Sr. Coelho tivesse alvedrio com o velho Calado Estridente, nem que eu particularmente não tenha uma visão muito peculiar de suas narrativas, mas, se o chamava, haveria de vir de qualquer forma, às vezes ele mesmo, outras somente panos coloridos, ou confete, e, triste ou não, vinha. Mas a Dondoca tinha suas prerrogativas. Não se obrigava a sempre vir, assim como nem sempre era chamada, e só por essa conveniência já se lhe mudavam completamente os ares.
Enquanto o Sr. Coelho era só queixar-se de sua condição, Dondoca, a Pomba se aprazia de sua liberdade sem que, no entanto, jamais tenha dela usufruído.
Quando estavam os dois de seu lado de dentro, antes daquele tempo, o Sr. Coelho exibia-se ao converter-se em luz, em batalhas sedentas, em um rio, na esfinge, transmudava-se em vinho e era sorvido pela consorte; Pinot Noir com chocolate; Carménère com queijo; Cabernet Sauvignon com pizza.
Com o tempo, ao passo que o Sr. Coelho se ressentia mais e mais de sua servidão para com o velho, menos e menos ia ele contentando Dondoca, a Pomba. Após ruminar um tanto, ao encontrar-se em seu vácuo, mimetizava uma longínqua clareira, a qual por mais que Dondoca, a Pomba o quisesse, seria impossível distinguir sua característica; ia daí para um fundo buraco, e após, a um lodo fedido, que era bem mesmo a perfeita representação do rancor que sentia o Sr. Coelho, pobre térmite odioso.
Contou isso tantas vezes, modulando o seu discurso de modo a impingir a Dondoca, a Pomba a pecha de malévola criatura, evidentemente querendo posicionar-se ao polo oposto, sofrente, que eu mesmo passei a desprezá-lo e antagonizá-lo.
Ao vê-La acordar com aquela tristura me ressenti muito mais do Sr. Coelho que tinha Nela uma ouvinte atenta, olhos concentrados, parecia-me que estava a suscetibilizar-se por conta da ida de Dondoca, a Pomba, mas no cerne sabia que aquele perverso A fascinava.
Certamente ao narrar as breves eternidades que eles experimentavam do outro lado, o Sr. Coelho, a despeito de simplesmente apiedar-se de si, assim também criava Nela o vislumbre de toda aquela infinita liberdade aprisionante. E da qual sinceramente creio que a Pomba, digo, Dondoca, a Pomba, fastidiou-se em algum momento.
Mas de nosso lado, certamente em nosso mundo infinito era sempre fim de tarde ao acordarmos e amanhecíamos ao pôr do sol de nossos próprios desígnios, seres naturais que éramos ao entrelaçar nossas auras.
De um só e único deus não se espera que se venham entendimentos suficientes para entender a singular sintaxe da alma delas, ou das almas Dela, porque, sim, não perguntei nunca, e porque haveria de fazê-lo?
Ela nunca me deu esperanças de sorvê-La toda. Também eu não vejo propósito nisso se apenas o fascínio de sua presença inspira-me em validar minha existência.
Não me tomo por diferente, tudo que Lhe fiz, Lhe dediquei, qualquer um suficientemente ansioso e apavorado com tal exímia riqueza, daquela absurda diva de minhas fraquezas, assim também qualquer um o faria.
De fato, existiu um tempo no tempo, um só nosso, em que dispusemo-nos a encontrar nas brumas do mar resposta nenhuma para nosso silêncio, e em que, por um longo lapso, passeamos impunes pelos campos de afagos, colhendo sussurros com muito cuidado e bem baixinho, deixando para trás apenas nada, mas levando em nós o tudo em si, o tudo em mim.
Você – eu apontaria – me diga quem és! Como pôde me levar a atravessar esse mundo de coisas? Em algum momento deveria tê-La indagado…
Porque estivesse triste, empreendi ao mundo para Lhe reacender tudo o que em Si era mais vivaz.
Vagueei pelas frestas das frequências, das mais diversas matizes, e Lhe trouxe rés alegres e amarelos, menores mais que doces, sóis circunspectos e, é bem verdade, uns dissonantes controversos. Ela de azul tão azul, parecia roxo, límpida e cristalina me encarou, me beijando com olhos salmão; por um instante mínimo pensei que éramos de novo, mas em pouquíssimo tempo, segundos, evaporou-se a toada e Ela então, nem eu, não sentia um só cheiro de som.
O Sr. Coelho com muita frequência era visto aqui e além, e Ela, pelo que sei, foi-se daqui a acolá, sei lá, poderia ter ido a tantos cantos…
Ela definitivamente se foi, e, se foi, foi-se por um estímulo mais que irrefutável, foi-se, a meu ver, em uma pausa entre o si e o mim, e através daquele ti, que não pedia mais ais, ou talvezes, apenas senões, tragou-se o mundo em seu espírito e aqui estou eu, térmite odioso.
***
E mais não disse nem lhe foi perguntado. Determinou a Autoridade El Ruiz encerrar o presente depoimento de Palhaço Imaginado, que após lido e achado conforme, vai por todos assinado, inclusive por mim, Capelão Intrigado, que lavrei esse termo.
Em: Circo Terreno dos Diferentes Encantos
Data esnobe: Aquele dia
***
Hesitou um pouco para abrir a porta. Que mundo era esse que enfrentaria? Se perguntou. Pediu um sinal do acaso, uma folha voou, um sino tocou, deu três toques na porta, um dedo, outro dedo, tum, tu, tuc… Hummm Não. Sem sinais do tempo ou de um acaso orquestrado para si.
Saiu à porta e seguiu caminhando em seu dia normal, um João qualquer não? Quem seria? E nem era João não?
Não era não, mas era apenas, mas tanto o quanto podia ser, o Palhaço Imaginado, há centos anos no inimaginável Circo Terreno dos Diferentes Encantos, agora e desde há muito sem Ela, onde andará; onde andaria…
Estava acordado ainda para ver um painel com pouco mais de duzentos e cinquenta e seis milhões de cores em anunciar o grande Calado Estridente, rosto escondido entre cabelos e uns óculos pretos, anéis nos dedos, belas pulseiras adornando uma das mágicas mãos e sua magistral cartola, retilínea e anárquica, toda ela preta, com detalhes redondos ao feitio de um círculo concêntrico que se busca infinitamente, e letras enormes anunciando: “ATRAÇÃO IMPERDÍVEL! CALADO ESTRIDENTE EM NOVA TEMPORADA. MÁGICAS INSÓLITAS! PAU ELÉTRICO. COELHO MAGNÉTICO E, A MAIS NOVA ATRAÇÃO, ELA, A POMBA. NÃO PERCAM.”
Pensou em voltar para explicar, mas pra quê?
A história é bem diferente de uma história comum. O autor se preocupou mais com a estética do simbolismo do que com o sentido exato das palavras. A primeira parte parece mais uma poesia, onde os fatos são surreais, onde se destaca a metáfora, sentido figurado e analogia. O narrador fala sobre os integrantes de um circo fantástico. Fala que eles saíram de um lugar e foram para outro. Talvez uma fuga, pelo menos a da Pomba.. Nada é concreto, verossímil, lógico. O tema ficou prejudicado por causa do excesso de explicações e divagações do narrador, onde o leitor perde o fio da meada.
Há coisas estranhas como quando o narrador diz; “ …tilintando pingados de caramelo”. Tilintar se refere a sons metálicos, o que torna a frase incoerente em relação aos elementos. Há hesitação e contradição no fluxo de ideias e afirmações; “ …queridos amigos, não tão queridos”. No final o narrador se revela; “…e aqui estou eu, térmite odioso”. Um cupim, mas por que odioso?
Achei que o texto tem excesso de descrições e frases confusas. Mais da metade, o narrador divaga sobre fatos desnecessários. Até o leitor entender o que está acontecendo, ele já se cansou da leitura difícil. Acho que o autor tem potencial para escrever contos, mas errou ao criar algo surreal demais que ultrapassa a fantasia.
Alguém disse certa vez; “ Escrever não é usar palavras difíceis para impressionar. É usar palavras simples de uma forma impressionante”.
Aqui o autor escreveu de uma forma diferente, só que usou sentido abstrato como por exemplo; “ Data esnobe: Aquele dia”. Como se vê, o narrador não teve preocupação de informar corretamente a localização temporal dos fatos, o que torna o texto despreocupado com a lógica e o bom entendimento pelo leitor.
Aconselho o autor a não desistir em criar o seu etilo próprio de escrever e optar por uma escrita mais simples, boas descrições, ambientes, criação de personagens e diálogos. Boa sorte no próximo tema.
Meu caro Calado Estridente (seu nome é um achado), cá estou eu lendo e relendo a sua história. Tanta criatividade. Vi-me em um país realmente sinestésico da fantasia. Mas te conto que a história, foi ficando com o passar do tempo mais pesada, sim, achei que ela não fluía mais com a leveza estonteante do início. Quem sabe não tenha errado um pouco a mão na dosagem do seu experimentalismo. Você me mostra ter um domínio muito grande das palavras. Com certeza, alguém experimentado com elas. Sabe escrever muito bem. Fosse eu o autor, reveria o feminino posto em matiz. Uma pena que tanta criatividade tenha ficado de fora do desafio. Cá com os meus botões, estou a pensar que tenha sido por conta desse peso do texto. Quem sabe houvesse sido ele um tanto menor… Uma curiosidade, acho que estou diante de um autor de além mar. Receba o meu abraço de parabéns pela sua criação.
RESUMO: O depoimento de um palhaço sobre o desaparecimento de Dondoca, a Pomba.
CONSIDERAÇÕES: Achei um texto um pouco difícil de compreender, mas isso não diminuiu a maneira extremamente interessante com a que reconstruiu a nova perspectiva sobre algo comum. Os simbolismos e a maneira despretensiosa que a história é contada tornam o conto rico e bastante reflexivo. Parabéns!
Recordação de uma paixão que se foi embora para parte incerta. Momentos a sós com ela, a pomba Dondoca, mas também com outros amigos como o coelho. O encontro com um painel anunciando o circo com a nova atração, a pomba.
História confusa.
Conta a história de um coelho e uma pomba que eram atração de um mágico num circo. Cansado da vida sem liberdade, o Coelho vai embora, até pensa em voltar e para explicar, mas para quê?
Uma escrita muito particular. Confesso que tive certa dificuldade de acompanhar o texto, tendo que ler 3 vezes para poder entender melhor a história e fazer a análise. Não é o fato de eu não gostar ou não estar acostumado com escritas mais complexas, mas como eu disse, é uma escrita muito particular. Tenho dificuldade de me encontrar no texto, pois ele não me gera imagens, possivelmente pelo fato do texto ser repleto de adjetivos e descrições subjetivas. Muitos dizem que o usar adjetivos demasiados é ruim, mas o poeta Cruz e Souza vem pra comprovar que nada é errado. Não diria que teria que mudar a forma de escrever, mas talvez um aperfeiçoamento da técnica que ajude a conversar de uma forma um pouco melhor com o leitor. Este texto em si, acabou não me pegando, mas me deu vontade de ler outros contos do (a) autor (a), ele vai acabar não ficando entre os melhores da minha lista, tanto pq tem uma boa quantidade de textos bons, mas fica longe de ser um dos piores. Adoro ter vontade de querer saber mais, conhecer melhor quem fez o texto, este conto o fez.
Olá Calado.
RESUMO: Personagens imaginários em um metaverso. O tempo todo algo pode ser ou não e acaba não sendo é coisa nenhuma.
O QUE ACHEI
Não gostei de ter que isolar cada um dos personagens e relacionar suas ações e relações, como se fosse um enigma.
Não é o tipo de conto que me atrai, com idas e vindas sem chegar a lugar nenhum e um excesso de nomes de personagens que parecem ter saído de uma lista em liquidação.
É uma fantasia que exagerou na dose e não tem um enredo consistente além da loucura do narrador.
FANTASIA ou COMÉDIA?
Tentou ser fantasia, mas errou a mão.
Parabéns e boa sorte!
Sinestesia – traz elementos do circo num texto um tanto desconexo que não aparenta ter uma história em si. Eu classificaria como um devaneio em primeira pessoa. Algo sobre um coelho e uma pomba principalmente.
Olá Autor(a)!
Perdoe-me se eu estiver sendo ignorante agora, mas honestamente não vi ou entendi sobre o que o seu conto se tratava. Tinha um tom um tanto melancólico e aparentemente falava sobre a pomba que se foi?
Senti muita falta de algo melhor definido para realmente conseguir acompanhar a história, fosse um cenário, um desenvolvimento do personagem principal, qualquer coisa. Da maneira que ficou (pelo menos para mim) não senti nada, apenas um monte de palavras que não disseram nada.
Olá, Calado Estridente, boa sorte no desafio. Eis minhas impressões sobre seu conto.
Resumo: Trata-se de uma nostalgia letárgica? Difícil resumir algo se não se sabe onde se encontra o rabo nem a cabeça ou onde está o miolo do buraco se tudo é beira.
Gramática: Flui perfeitamente bem. Gramática correta me pareceu. Como é de se esperar de um poeta/poetisa.
Tema/Enredo: Um conto fantasia em prosa poética. Como poesia/proseada perfeitamente compreensível, entretanto como prosa/poética um tanto rebuscado para uma clara compreensão. Assim como a própria sinestesia que de formas diferentes associa as palavras e as sensações, numa só representação. Mas a não compreensão dos fatos/enredo fica mais por conto do leitor que não compreendeu, do que do escritor que em nada facilitou. Fico pois, entre o Calado Estridente e os Espasmos de luz na Escuridão. Embora de uma escrita deslumbrante.
O conto narra as personagens de um circo mágico, seres de um mundo paralelo e as relações entre eles. São todos criaturas mágicas, que no fim, estão em um anúncio de um espetáculo a ser apresentado.
Considerações:
Cumpre o quesito tema: é fantasia.
O autor escreve de forma poética, cheia de floreios, buscando apresentar as personagens. Mas a forma utilizada é um pouco confusa e não diz nada além das impressões das personagens entre elas e suas relações. O emprego da língua portuguesa é muito bom e tem um vocabulário amplo. Mas o trabalho em si não tem nada além de apresentações e impressões, culminando num fim que na verdade seria onde tudo começaria. O texto prende a atenção na medida que se espera que ele traga alguma ação e passe a ser mais interessante. O fim acaba sendo o mais interessante, por ser surpreedente e explicar o que se pretende. Sendo o todo antes disso um pouco maçante pelo excesso de impressões surreais e a repetição do que se quer afirmar.
Resumo: No início vislumbramos a mulher que encanta o narrador, somos introduzidos ao lugar onde habitam e temos ciência que existem homens da muralha de pedra, registra-se a presença próxima de outros seres alegóricos, entre os quais destaca-se o Sr. Coelho que chora a perda de Dondoca – a pomba. O relacionamento desses dois era ou estava por demais desgastado e somente o Sr. Coelho não enxergava essa realidade. Pobre ressentido o Sr. Coelho. A partir da história do casal Coelho e Dondoca, o narrador começa a duvidar da sua própria relação e quanto ao final, sinceramente não consegui alcançar o nirvana e me capacitar para o perfeito entendimento dessa realidade fantástica.
Considerações: O conto é um poema abstrato. Eu até gostei, e vai ter uma boa nota, mas…
RESUMO: um Coelho sente falta da pomba que lhe fazia companhia no circo durante o show de mágica.
CONSIDERAÇÕES: achei bem confuso e difícil de ler. Não consegui manter a atenção, e fiquei em dúvida se entendi realmente o conto. Mas não encontrei nem traços de fantasia, nem tampouco comédia. O autor (ou seria autora?) parece escrever com segurança, mas optou por um modelo que dificulta a leitura. Gostaria de ler mais contos para entender melhor seu estilo.
Resumo: O conto é o que o nome diz, uma sinestesia confusa. Aparentemente um pato fica reclamando de um a pomba que gostava e sumiu de repente. Existem algumas passagens de como era a vida desse pato na parte de dentro de uma muralha. No final, tudo parece o relato de um magico de circo.
Sobre o conto: Quando uma narrativa mistura aspectos sensoriais, e tem um excesso de imagens confusas e interpoladas, é de se esperar que pelo menos ela seja gostosa de ler. Mesmo sem entender nada, é importante que o leitor sinta alguma coisa nestes casos, ou que lhe seja dado, minimamente, a chance de construir sua própria narrativa em cima daquele emaranhado de imagens. Mas nada disso acontece aqui. É apenas um retrato confuso e cansativo, simplesmente porque peca pelo exagero. Tenho eu mesmo um trabalho experimental aqui no Entrecontos, chama-se “Adulta”, lá você vai notar a diferença que estou apontando.
RESUMO: O conto começa com as recordações de uma mulher que acorda “malhada, cor de sabor flocos com tons de vermelho tilintando pingados de caramelo – doces, eu sei – querendo amarelar-se para manga”. Depois a recordação de beijos apaixonados onde “todos os olhos iam para o alaranjado, quase vermelhos, mas laranjas”. Nesses tempos tão bons existiam o Sr. Coelho e Dondoca, a Pomba. Eles costumavam surgir do nada e voltavam para lugar nenhum. O Sr. Coelho reclamava bastante de sua condição enquanto a Pomba se alegrava da liberdade que nunca teve. Depois o “O Sr. Coelho com muita frequência era visto aqui e além, e Ela, pelo que sei, foi-se daqui a acolá, sei lá, poderia ter ido a tantos cantos”. Tudo isso fora registrado pelo narrador, Capelão Intrigado. Seria ele um João ninguém, Joãozinho sem braço, João de Deus? Não importa. Decerto era um Palhaço em busca de sua Pomba. No fim, depois de tantas recordações “sinestésicas”, o Palhaço estava acordado para ver no Painel de trilhões de cores anunciado em letras garrafais as atrações principais do PAU ELÉTRICO, DO COELHO MAGNÉTICO E DA POMBA.
CONSIDERAÇÕES: Não há muito em um conto semanticamente infértil, descomprometido de razão e alheio a qualquer preocupação convencional.
Calado Estridente, boa tarde!
Após a morte da mãe, seis irmãs e suas vidas são descritas enquanto descem para um porão para leitura do testamento do pai.
Os personagens com suas histórias vão sendo apresentados durante a trama.
No final o advogado lê o testamento de outro cliente, causando alvoroço entre as irmãs.
O conto fala do cotidiano de seis irmãs. Ao descrever os personagens o autor não esclarece bem a identificação de cada uma, perde-se entre as seis, a referência de quem está sendo citado.
Boa sorte!