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Detox Literário.

Pequenos Grandes Segredos (Rubem Cabral)

Ora, dirá você, vivemos na era moderna, do cinismo científico e, apesar de terraplanistas, criacionistas e antivaxxes, não há mais espaço para o sobrenatural, para as crendices tolas da infância da humanidade. Não precisamos mais de Thor para explicar o trovão, ou de Prometeu, para justificar o fogo. A realidade se resume a átomos, colisões energéticas, reações químicas, DNA e tudo mais…

Bem, eu gostaria que as coisas fossem tão simples. Contudo, fatos são fatos, e um segundo de evidência vale por eras de teorias elaboradas dentre quatro paredes.

 

***

 

Por exemplo, há – ainda hoje – um carvalho antiquíssimo perdido nos meandros caprichosos da Floresta Negra. Apesar da aparência comum, por alguma razão misteriosa há cerca de trezentos anos ele se tornou senciente. De início, ainda inocente como um plátano produtor de maple, encheu-se de doçura pelo mundo que observava ao redor; animais gentis, riachos cristalinos e o vai e vem das estações. Enfim, toda essa beleza veio quase literalmente abaixo quando o jovem aldeão Günther Schmied, que ganhara do pai um machado de metal polido, resolveu num passeio pelos ermos do bosque experimentar a lâmina contra o tronco do carvalho ermitão. A árvore sentiu a aguda dor dos cortes e encheu-se de medo e incompreensão, pois nada fizera, senão amar… O rapagão saiu dali cantarolando como se nada houvesse feito, deixando o carvalho a experimentar sentimentos que lhe eram completamente estranhos. Sentimentos esses que, como afluentes, logo desembocaram num curso único de águas turvas: um Amazonas de ódio. Profundo e imenso ódio por Günther, e em extensão à sua família, e em extensão aos seus conterrâneos, e em extensão à toda aquela maldita espécie de sapos brancos cantantes portadores de instrumentos afiados.

Naquele dia o carvalho planejou a morte do rapaz, e anotou o plano estendendo um rizoma ramificado à sua direita. Cada nó, uma decisão; um fluxograma vegetal…

Considerou o primeiro plano ruim, e pensou noutro muito mais elaborado e estendeu outro rizoma à esquerda, com inúmeros nós. E esses planos, cheios de falhas, típicos de quem pensou com a cabeça quente, foram posteriormente descartados, enquanto a árvore se espalhava no subsolo, mais e mais. Uma criação maquiavélica, logo substituída por algo que faria Lúcifer empalidecer de inveja, substituída por algo muito, muito pior… Era preciso cobrir todas as possibilidades!

Günther há muito morreu, de causas naturais – não pôde esperar por sua execução exemplar -, mas diz-se que hoje em dia as raízes do carvalho estão sob toda Baviera e parte da França, e que ele ainda não está satisfeito, que ainda não alcançou a concepção do plano perfeito para nos exterminar como bem merecemos…

Ainda não.

 

***

 

Outro exemplo: numa fazenda decadente, próxima a Tiradentes-MG, há um poço em meio ao campo cheio de ervas daninhas. Ninguém sabe quem o construiu, pois mesmo os primeiros colonos já o encontraram como ele está ainda hoje: um círculo perfeito de pedras duríssimas e coberto de inscrições numa língua desconhecida sob a camada de musgo e avencas. Diriam os índios que habitaram a região antes dos colonos que ele já estava lá quando Tupã era curumim. Sempre com água muito límpida e fria, mesmo durante as secas mais severas, mesmo durante os dias mais ferventes. O poço era um bastião imutável da abundância e da frescura de suas águas. Uma dádiva, certamente.

Bem, quase… Salvo por uma criança desaparecida a cada cem anos exatos.

O que fazer? Crianças são imprudentes por natureza, o poço é inconcebivelmente profundo, o musgo e o limo deixam tudo escorregadio e suas águas são tão… Frígidas! Ora, acidentes acontecem! Poços são apenas objetos inanimados e jamais se encontrou corpo algum!

Talvez, afinal… Talvez fosse um preço até pequeno a pagar por tal apetite tão modesto, tão frugal…

 

***

 

Tudo até aqui foi apenas preâmbulo, para chegarmos ao exemplo-cerne do meu argumento contra o cientificismo simplificante. Poderia ainda contar sobre o coelho imortal que está sendo atropelado (ou amalgamado ao asfalto) pelo fluxo incessante de veículos duma auto estrada mexicana desde o ano passado, refletindo tardiamente das desvantagens da imortalidade, mas precisamos falar sobre Clara.

 

***

 

Os armários de sua cozinha estavam cheios de potes de vidro com tampa de rosca metálica. Dentro de cada frasco, sementes do tamanho de feijões, porém vermelhas e arredondadas, até o gargalo dos potes. Não havia nada além: nem chá, nem biscoitos ou cereais. Apenas a fila de dezenas de lindos recipientes com tampas douradas, cheios de bolinhas rubras. Havia mais sob a pia, dentro do closet, e no sótão.

Uma coleção de DVDs jazia bem arrumada junto da tevê da sala: A vida é bela, O menino do pijama listrado, O campeão, A escolha de Sofia, A lista de Schindler, Mar adentro, Sempre ao seu lado… Alguém ali gostava de bom cinema.

Eram sete da manhã e Clara acordou com fome, embora estivesse faminta há pelo menos trezentos dias. Dirigiu-se à cozinha e bebeu dois copos d’água. Até pensou em tentar se alimentar novamente, porém sabia que de nada valia. Choraria de frustração, se pudesse.

A moça de cabelos compridos e platinados era pálida e tinha olhos de um azul invernal, descolorido, que ninguém conseguia encarar por muito tempo. “Clara dos Santos” era a alcunha que usava há quarenta anos, e que em breve teria que trocar.

Tomada então por surpresa, ela escutou um som de sineta e checou o celular. E sorriu. O aplicativo TwinSoulsMatch finalmente encontrou um candidato que satisfizesse seu perfil exigente: “Luna Selene”, há um “match” para você! – a mensagem dizia.

Tal “nickname” – que o aplicativo exigira quando do cadastro – fora fácil de escolher. Afinal, ela era a última Mulher da Lua. Selene da Face Oculta, Lady Argentum,  Monarca das Menarcas, Senhora das Marés de Gondwana… Eram muitos os seus títulos, era única a sua dor.

Dizer que ela era antiga seria um desafio à imaginação. Os continentes tinham arranjos diferentes e haviam mares em Marte quando ela fora menina. Ela conhecera a primeira Atlântida (a verdadeira), e vivera nas muitas metrópoles antes do domínio dos grandes répteis. Fora cortejada  e invejada. E um dia, amaldiçoada por sua ousadia.

E, naquela casa modesta, alugada numa vila na Zona Norte do Rio de Janeiro, Clara dos Santos, abriu a mensagem do aplicativo: Simplesmente Ricardo – 43 anos – 1,75m, 70kg, heterossexual, divorciado, cabelos castanhos, paisagista, enólogo amador, romântico, um cavalheiro moderno. A foto mostrava um rosto comum, porém honesto – milhões de anos deram-na a capacidade de ler bem as pessoas -, e ela sorriu novamente. “Sim, ele parece que vai servir”.

Ela aceitou a sugestão de “match” e iniciou a troca de mensagens com Simplesmente Ricardo. Uma semana depois, marcaram um encontro num pub. Na véspera do encontro, Clara assistiu, precisamente pela centésima quinta vez, O Campeão. A criança loura, que adorava o pai que era seu herói e que lutava para ganhar dinheiro e manter sua custódia, chorava inconsolável.

 

***

 

– É um belo lugar – ela disse, e era verdade: o Tired Donkey parecia ter sido escolhido a dedo. Os alvos com dardos, a serpentina dourada correndo ao redor de blocos de gelo, garantindo “pints” de cerveja inglesa e irlandesa em temperaturas preferidas pelos brasileiros. Nem informal em demasia, nem “empolado” e cheio de talheres e frufrus.

– Que bom que você gostou! Quer beber alguma coisa? E pra comer?

– Hã, eu aceito água com gás. Não posso beber álcool e sou um pesadelo de alergias alimentares; só posso comer em casa. Oh, Deus, você não tem ideia! – uma boa mentira, do tipo que a salvaria de problemas por algum tempo.

Ele – surpreendentemente – não insistiu.  Ela o estudou: era naturalmente calmo e educado, não estava nervoso ou “representando” feito um pavão. E logo engrenaram em conversas agradáveis; ele era culto, mas não impunha sua opinião e era um bom ouvinte, parecia deleitar-se realmente com o que ela contava e não deixava de – timidamente – mirá-la de soslaio, admirando talvez seu rosto, ou sua blusa de seda perolada, ou seus olhos.

– Gosta de cinema? – ele puxou conversa. – Há uma nova mostra do Kubrick no Cine Estação, começa amanhã.

– Adoro cinema, principalmente dramas.

– Vão abrir a mostra com “De olhos bem fechados”, o último filme dele. Já viu? É um drama, com certeza!

A cena do rosto decepcionado, a alma quebrada em mil pedaços, do Dr. Harford, ao escutar o relato “chapado” de Alice, sua esposa, descrevendo em detalhes como ela largaria tudo; casamento, família, estabilidade financeira. Tudo para viver uma aventura com um belo marinheiro desconhecido. A dor do jovem médico vivido por Tom Cruise a fez então chorar.

– Não vi. Adoraria ver, ouvi falar muito bem! – ela contou uma mentirinha piedosa.

– Vamos então? Topa?

– Claro! Vai ser ótimo!

Apesar da conversa fluindo bem, era um tanto constrangedor continuar num pub onde uma das pessoas só bebe água e não come. Saíram, ele deu uma carona em seu carro. Ao passarem por um cruzamento escuro, algo passou à frente do veículo e ganiu.

Ela tinha experiência e sabia que a maioria dos homens ignoraria o acontecido, ou pararia apenas para checar se houve algum dano ao precioso automóvel, mas Ricardo não. Ele ligou o pisca-alerta, encostou e saiu. Voltou ao carro com um cão ferido.

– Acho que quebrei a perna do coitadinho. Você se incomoda se eu levar a um veterinário?

E então, na antessala de uma clínica veterinária, ao observar o seu rosto preocupado, ela descobriu que poderia amá-lo, de verdade. Que não precisaria mais de reservas, que podia entregar seu coração. Para uma apreciadora da sétima arte era um enorme clichê, mas assim ela o fez: realizou seu salto de fé.

 

***

 

Três meses voaram. Ligavam-se todos os dias, saíam sempre que podiam. Ela passou a acordar com um sorriso inédito, a dor de sua mera existência não havia desaparecido, porém com certeza amainara. Às vezes ela se pegava cantando músicas em línguas que ninguém mais falava e, sem perceber, dançava alguns passos, imitando a corte de pássaros há muito extintos.

Certa noite ela sonhou, o que não era em absoluto comum. Ricardo era Ulisses, não tão belo e viril quanto o homem que Clara conhecera, mas o era em essência. Estavam todos novamente na velha ilha de Eana e a feiticeira Circe estava apaixonada por Ricardo-Ulisses, tendo transformado os outros homens de sua tripulação em porcos. Contudo, não fora Hermes quem dera a planta mágica que neutralizaria a mágica de Circe, fora Clara, já que Ulisses pedira a ajuda da lua com fervor, e ela se compadecera de seu infortúnio. Sim, ela era uma grande tola à altura.

Na vida real, Clara e Ricardo pareciam seguir uma espécie de roteiro de filme: a primeira transa (tensa e suave), conhecer a filha dele, apresentar Ricardo aos seus alunos de Latim e de Grego da Federal, uma briga boba quando ele insistiu que ela provasse os cookies que a filha tinha feito (que seriam hipoalergênicos, ela garantia)…

 

***

 

Clara despertou com a boca seca e amarga. Observou a paisagem através da janela do quarto e o dia amanhecera choroso, um mosaico de tons de cinza. Fazia frio, mas a lembrança de Ricardo lhe trazia algum calor.

Levantou-se mecanicamente e foi até a cozinha. Pegou um bowl bem fundo e o encheu com sementes vermelhas. Sentou-se no sofá, junto do telefone. Inspirou, como que para tomar coragem, e ligou para Ricardo.

– Oi, Rick. Pode falar? Precisamos conversar.

– Hã, claro. Aconteceu alguma coisa, Clarinha?

– Sim – ela respirou fundo e concentrou-se. – Pensei muito hoje, analisei meus sentimentos a fundo e, sinceramente, eu não te amo, Ricardo, e não vejo futuro em nossa relação. Não quero mais continuar esse nosso teatrinho de casalzinho feliz.

Ricardo, do outro lado da linha, devia ter expressão incrédula no rosto. Um misto de apreensão, medo e tristeza antecipada.

– Meu, meu bem, como assim? Estava tudo bem! Vo-você estava tão feliz anteontem. Rimos tanto! O que aconteceu? O que foi que eu fiz?

– O que eu te disse: acho que nunca realmente gostei de você. Você é pegajoso, sei lá. Meio burro e se achando o máximo com essa coisa de vinhos e filmes cults. Tem uma conversa desagradável e um tom de voz, francamente, afeminado. Juro, Ricardo, em nossa primeira conversa por telefone pensei em desistir.

Ricardo soluçava do outro lado da linha.

– Não, não, não… Eu não entendo! Eu-eu te amo, droga! Você sabe disso! Não faz isso comigo, Clara. A gente ia morar junto, porra. Eu ia aprender a cozinhar pratos que você poderia comer…

Uma lágrima traidora desceu pelo rosto de Clara e pingou dentro do bowl. Ela continuou com a voz quase firme: – Estamos alongando o desnecessário. Eu mereço coisa melhor. Terminamos aqui, ok? Sem mágoas, sem neuras. Não me procure mais, a gente se esbarra por aí… Tchau!

Ela desligou sem deixar que ele falasse mais. Sua voz saiu meio desafinada de seus lábios, como se não quisessem vomitar tal fluxo de mentiras.

As lágrimas desceram então abundantes, e ela gemeu e curvou-se. As sementes, regadas por “águas da dor verdadeira”, começaram a brotar – cresceram impossivelmente rápidas, estenderam gavinhas e folhas e abriram flores cor de rubi que logo se converteram em frutos carnudos e cheios de novas sementes.

Clara destacou um dos frutos e o mordeu. Sumo doce e avermelhado manchou seus lábios sem cor, e a dor da fome constante, finalmente, começou a evanescer.

Correu à cozinha, seus olhos embaçados mal vislumbravam o caminho, e ela esbarrava na mobília. Retornou com outros vasilhames cheios de sementes, e uivou, e se desesperou, enquanto um pomar rubro crescia.

Quando Circe a amaldiçoou, a viver como humana e somente podendo se alimentar daqueles frutos encantados, o castigo não parecera tão mau. Ao menos, as primeiras centenas de anos, quando apenas sua situação vexatória já fora suficiente para fazê-la chorar. O tempo, contudo, o tempo fora implacável, e seu coração já não se impressionava mais tão facilmente. Teve que tomar providências: assistiu execuções, pagou a mães para contarem as tristes histórias de seus anjinhos falecidos, foi enfermeira de doentes desenganados e contava em desenvolver amizade sincera com esses antes do inevitável. Trabalhou em orfanatos, procurava por guerras e conflitos como um abutre fareja carniça no ar. Porém, tudo gastava, tudo perdia o verniz de novidade, e as velhas fórmulas começaram a falhar. Todas!

Voltou-se à literatura. “Romeu e Julieta” ajudou-a um dia, como “Édipo Rei” já o fizera também. Mais recentemente descobriu os filmes, e colecionara aqueles que lhe garantiram muitas refeições.

Comeu outro fruto e sentiu-se saciada. Os frutos nunca estragavam, pelo menos. Separou as sementes e colocou-as para secar sobre uma folha de jornal, para guardar nos frascos depois.

Chorou mais, até que as lágrimas enfim secaram, ao menos por enquanto. Pensou em Ricardo e no mal que acabara de lhe causar e sentiu uma dor aguda e um aperto na garganta. Perguntou-se então, profundamente infeliz e envergonhada pelo próprio cinismo: quanto tempo ele ainda lhe renderia?

E o que ela teria que fazer depois?

18 comentários em “Pequenos Grandes Segredos (Rubem Cabral)

  1. Leandro Soares Barreiros
    29 de março de 2019

    A história trata de uma deidade (a Lua) que sofre as consequências de ter ajudado um mortal (Ulisses) em uma disputa contra a feiticeira Circe. Em síntese, a deidade foi amaldiçoada a viver como humana, podendo alimentar-se, apenas, de suas próprias lágrimas. Com o passar do tempo, a tristeza profunda torna-se difícil de se alcançar e Clara a deidade) se esforça em partir o próprio coração fazendo com que homens que a lembram de sua maior paixão (Ulisses) sofram.
    Certamente uma das minhas histórias preferidas.

    A narrativa é muito bem construída e cativante. O autor é muito bom em estabelecer pequenos elementos que ganham sentido no contexto completo (me decepcionou um pouco a explicação no final… confie mais no leitor). 

    Foi também ousado com a abertura da história. Escolheu apresentar micro-contos do estranho para prender o leitor na narrativa. Estabeleceu-se uma promessa: a história verdadeira será tão boa quanto as anteriores. E foi. 

    Parece-me que essa é a única função das primeiras histórias, mas como ela cumpriu bem as funções, não tenho nada crítico sobre elas. 

    Exceto uma coisa.

    Todo o tom da narrativa, e mesmo dessas histórias, se deu através de um narrador que está claramente dialogando com o leitor. O narrador é, portanto, ele mesmo um personagem, e um personagem importante, já que abre a história e, teoricamente, é quem a conta. O problema todo é que esse narrador simplesmente desaparece. A intimidade que vinha construindo com o leitor não é de maneira alguma retomada no final da história. 

    Particularmente, acho uma falha grave. É quase como se uma das primeiras regras estabelecidas no texto fosse quebrada. Ironicamente ela quase passa despercebida, de tão apegado que fiquei com a história da Clara. Ainda assim, aí estão meus dois centavos: retome o narrador-personagem, se não for possível na história toda de Clara, pelo menos para encerrar o conto.

    De todo modo, meus parabéns pelo trabalho. Muito bom mesmo. Nota máxima.

  2. RenataRothstein
    28 de março de 2019

    Conto de fanrasia, que pode ser lendária, causo, realidade, como o preâmbulo deixa claro. Clara é uma deusa que precisa vagar pela terra e nesse estado conhece um homem mortal, com quem experimenta bons momentos, sente a quase felicidade terrena , mas dá fim à tudo, permanecendo em sua solidão sem data para terminar.
    Não entendi bem, confesso, mas gostei, achei bonito e triste.
    Boa sorte!

  3. Fabio D'Oliveira
    28 de março de 2019

    O corpo é a beleza, a forma, o mensurável, o moldável. A alma é a sensibilidade, os sentimentos, as ideias, as máscaras. O espírito é a essência, o imutável, o destino, a musa. E com esses elementos, junto com meu ego, analiso esse texto, humildemente. Não sou dono da verdade, apenas um leitor. Posso causar dor, posso causar alegria, como todo ser humano.

    – Resumo: Entre histórias que se entrelaçam, mostrando como a realidade é mais complexa do que parece, destaca-se a vida de Clara. Amaldiçoada por Circe, por desafiá-la, ela foi condenada à imortalidade, podendo se alimentar somente de um tipo de fruto especial, que nascia de suas lágrimas. Por muito tempo, Clara viveu com certa tranquilidade, porém, com a repetição das dores, acabou tornando-se mais fria. A tristeza não era de fácil alcance. Vemos ela, então, vivendo amores e sofrendo por eles, tudo para conseguir se alimentar. A história acaba assim, com Clara desejando morrer, internamente, e questionando-se o quanto aguentaria viver assim até o amor se tornar outra banalidade.

    – Corpo: A escrita está impecável. Assim como a narrativa. Não preciso adicionar nada: para mim, pelo menos, está perfeito. É tudo muito natural: a transição dos atos, os diálogos, as frases. Parabéns por isso!

    – Alma: O maior problema nesse conto, ao meu ver, e o início dele. O narrador fala diretamente com o leitor. Conta a história da árvore (que, inclusive, achei meio forçado como o ódio dela nasceu, tão brusco, pois acredito que precisaria de algo muito maior para despertar isso nela, levando em consideração esse amor pelo mundo que viveu), do poço (o mais interessante e intrigante), do coelho imortal e, por fim, da Clara. Chegamos aí e então, do nada, o narrador praticamente morreu, parou de conversar com o leitor. Não teve uma conclusão no raciocínio inicial, que tratava-se do “cientificismo simplicante”. Fiquei esperando um ato, nem de um parágrafo, com uma conclusão do narrador. Também senti falta da versatilidade da narrativa dos outros causos. Virou um conto comum, digamos. Essa mudança prejudicou a qualidade final do conto, ao meu ver. Para mim, ele poderia ter sido o melhor deste certame se, de fato, tivesse ficado nos causos, curtos, mais muito misteriosos e inteligentes. Fiquei esperando o momento da vingança da árvore, inclusive. Enfim, foi uma leitura agradável, pois sua escrita é formidável, mas talvez tenha se empolgado demais com uma história que poderia ser resumida em um atol, pois ela não é tão intrigante assim, ao meu ver.

    – Espírito: Um conto de fantasia, muito bem ambientado, onde você conseguiu criar um verdadeiro clima de mistério para a narrativa. Parabéns por isso! É uma pena que o enredo tenha algumas falhas que, ao meu ver, são gritantes.

    – Conceito: Ouro!

  4. Priscila Pereira
    26 de março de 2019

    Pequenos Grandes Segredos (Roberto Bluechevy)

    Sinopse: Tem todo um preâmbulo para entrar na história de Clara, que pra mim é a única significativa. Clara é a última das filhas da lua, foi amaldiçoada por Circe e condenada a viver eternamente entre os humanos e se alimentar só dos frutos que nasciam regados por lágrimas de tristeza. Então Clara faz tudo o que pode para proporcionar esses momentos de tristeza verdadeira que irão lhe trazer o alimento.

    Olá Autor(a)!

    Olha, todo o começo, na minha opinião, não acrescentou nada ao conto. Ficaria muito melhor sem ele, daria mais espaço para desenvolver melhor a história de Clara, que foi muito interessante e gostosa de acompanhar. Não sei se existe uma história parecida na mitologia, ou se foi fruto exclusivo de sua imaginação. Eu achei essa história fantástica, nos dois sentidos da palavra! Muito boa mesmo, bem explorada, tocante, os personagens verossímeis, deu pra sentir a dor de Clara, coitada, fadada a se alimentar sempre das tragédias e tristezas. Parabéns pelo conto!

  5. Pedro Paulo
    26 de março de 2019

    RESUMO: Depois de um preâmbulo em que lemos sobre alguns fatos não explicados pelo homem, o autor nos introduz à história principal, em que a amaldiçoada Clara conhece e se apaixona por Ricardo, cruelmente encerrando o relacionamento meses depois. Precisou fazer isso. Sua maldição ditava que só pudesse comer as frutinhas vermelhas, que cresciam apenas a partir de suas próprias lágrimas, obrigando a pobre mulher a um ciclo de eterna sofreguidão para matar a própria fome.

    COMENTÁRIO: De início, não fiz muito do preâmbulo. Só depois percebi que desempenhava uma função importante, pois nos dá o tom do conto e também a técnica do autor, isto é: nos introduz à leveza que permeia a narrativa bem como ao tema, sendo basicamente uma demonstração de como existem coisas inacreditáveis no nosso planeta. Acredito que a história do poço não tenha sido a mais inspirada (a não ser que seja baseada em um mito real do qual eu não tenha conhecimento), mas a história do orvalho e do coelho imortal são tanto surreais como de alguma maneira engraçadas, além da boa escrita ter evocado os sentimentos mais plausíveis para cada situação, em dois parágrafos para o orvalho e em algumas palavras para o coelho, a medida certa.

    Quanto à história de Clara, parabenizo o autor por ter conseguido estrutura-la de uma maneira que o final nos surpreendesse. Em certo momento, o romance entre os dois é tão crível que se esquece da frutinha. No começo, torci o nariz para a perfeição do relacionamento, mas depois levei em conta que a própria descrição era na perspectiva de Clara, o que fazia daquele relacionamento um “dos sonhos” justamente por ser o que ela precisava. Distraído com tanto encantamento, fui pego de surpresa pela revelação final, tanto imaginativa como chocante, devolvendo a personagem a um drama que nós que lemos nem tínhamos cogitado. Muito bem. Boa sorte!

  6. Gustavo Araujo
    22 de março de 2019

    Resumo: Mulher é amaldiçoada pela bruxa Circe na antiguidade. Viverá como humana e só comerá de um fruto, cujo suprimento depende de suas lágrimas de tristeza.

    Impressões: o conto é muito bem escrito, revelando uma enorme carga cultural por parte do autor. Um deleite para quem aprecia referências de diversos tipos, como cinema, música, livros clássicos e assim por diante. Destaco também o trato com o idioma, refletindo palavras bem pensadas, frases bem colocadas, que tornam o enredo extremamente interessante para quem lê — de fato, uma trama envolvente. Contudo, apesar desse virtuosismo, algo no conto me incomodou. Nem falo dos trechos iniciais, a rigor dispensáveis, eis que tratam de lendas que pouco têm a ver com a trama principal, mas do arremate do romance entre Clara e Ricardo. O rompimento entre os dois por telefone dificilmente levaria o sujeito ao desespero, às lágrimas, à tristeza. Sendo um homem maduro, ponderado, moderado em suas ações, não creio que tivesse uma reação tão irrefletida, tão novelesca diante da ligação de sua amada. Se a intenção de Clara era realmente fazê-lo sofrer — ainda que o amasse profundamente — creio que haveria melhores opções para tanto, como deixar-se flagrar com outro homem ou fazê-lo acreditar que ela havia morrido. Isso sim o faria sofrer de verdade. Mas, enfim, é só minha opinião rabugenta. Abraços ao autor e boa sorte no desafio!

  7. Luis Guilherme Banzi Florido
    22 de março de 2019

    Ola, autor! Tudo bem?

    Resumo:

    História de mulher que é amaldiçoada e fadada a viver eternamente como humana, podendo alimentar -se apenas de uns frutos que nascem de umas sementes vermelhas. Até aí, não parece uma maldição muito ruim, certo? Errado, parceiro! Acontece que pra essas sementes darem frutos, a mulher precisa rega-las com lágrimas de dor. Triste história (pobre Ricardo)

    Comentario:

    Gostei bastante! É um conto bem bom, viu?

    Vamos por partes. No começo, achei que se trataria de um compilado de pequenas histórias folclóricas, o que tava me agradando, pois eram boas histórias (aff, coitado do Coelho imortal).

    Quando descobri que não passavam de um preâmbulo pra história principal, fiquei meio incomodado. A história principal teria que ser bem legal, pra justificar. E foi!

    Gostei bastante da lenda que você criou (ou adaptou, não sei). O enredo foi bem construído, gerando uma agradável (não pros personagens, né?) e inesperado desfecho. Pelo tom da história, Eu tinha a intuição de que algo ruim vinha pela frente, mas.nao suspeitei de nada parecido.

    A escrita também é boa e segura. Alguns trechos me.soaram meio truncados, talvez por um ou outro excesso de vírgulas, não sei bem, mas em geral toda leitura fluiu bem.

    Parabéns e boa sorte!

  8. Tiago Volpato
    22 de março de 2019

    Resumão:

    Dando uma resumida poderosa, é a história de Clara, a última lunática, fanática por filmes que conhece um cara, o nome dele é Simplesmente Ricardo, ela conheceu ele no TwinSoulsMatch, ele faz aí umas paradas de paisagismo e é enólogo (o que tive que procurar no dicionário, minha nossa, como sou burro!).
    Os dois vão dar um rolê, ele convida ela para assistir Kubrick no outro dia, de olhos bem fechados, que sutiliza do rapaz. No fim do rolêzinho ele atropela um cachorro e gentilmente o leva para o veterinário, isso sim é um Homem, sem saída, ela se apaixona.
    Então eles tem uma vida boa, ela fica feliz pra xuxu e um dia, do nada, ela termina com ele (nossa, essa garota deve ser de lua. RISOS!). Ela sofre pra caramba, aí que tá o detalhe, ela foi amaldiçoada e só pode comer uma fruta vermelha que foi regado por “águas da dor verdadeira”. Ela tem que fazer esse ciclo de alegria e dor para poder cultivar sua comida e aplacar sua fome eterna, coitadinha .
    Ah, também tem a história de uma árvore que quer exterminar a humanidade e um poço que come crianças.

    Considerações:

    Gostei bastante da história, a personagem principal foi bem trabalhada o que faz a gente se identificar com ela, mesmo que seja uma história curta e dane-se o final, eu gostei de ler sobre a moça da lua, foi um personagem interessante. O preambulo da história avisa que não vai ser um final feliz, e acho que isso estragou um pouco do impacto. Pra falar a verdade, eu tinha esquecido da história da árvore e do poço no meio da história principal, então acho que você podia ter tirado do texto, são ideias bacanas, acho que daria pra escrever mais dois contos só com elas.
    O conto é muito bem conduzido, segue um raciocínio lógico, não encontrei nada do tipo: “isso não faz o menor sentido”. Ele também é gostoso de ler, não pareceu que fiquei uma eternidade preso nele, lendo só por obrigação.
    Ótimo texto, parabéns!

  9. Regina Ruth Rincon Caires
    22 de março de 2019

    Pequenos Grandes Segredos (Roberto Bluechevy)

    Resumo:

    “Tudo até aqui foi apenas preâmbulo, para chegarmos ao exemplo-cerne do meu argumento contra o cientificismo simplificante. Poderia ainda contar sobre o coelho imortal que está sendo atropelado (ou amalgamado ao asfalto) pelo fluxo incessante de veículos duma auto estrada mexicana desde o ano passado, refletindo tardiamente das desvantagens da imortalidade, mas precisamos falar sobre Clara.”

    Este parágrafo resume a intenção do autor. Uma reflexão sobre a imortalidade. Na verdade, são três narrativas que compõem este texto. A primeira, a do carvalho vingador, conta que Günther, um lenhador, machucou a árvore com a machadinha. A planta, açoitada, a partir daí e obcecadamente, tenta matar o lenhador. O planejamento segue um “fluxograma vegetal”. Raízes se estendem por todo o território, ultrapassando barreiras. Mas Günther morreu de causas naturais, e o velho carvalho, sem saber disso, continua sua busca “sanguinária” até sempre… A segunda narrativa, que fala sobre o poço “mineiro” que engole uma criança a cada 100 anos (“ um círculo perfeito de pedras duríssimas e coberto de inscrições numa língua desconhecida sob a camada de musgo e avencas. Diriam os índios que habitaram a região antes dos colonos que ele já estava lá quando Tupã era curumim…). E a terceira narrativa, a história de Clara, que fala sobre as desvantagens da imortalidade. A garota imortal sobrevivia alimentando-se, unicamente, de frutos que brotavam de sementes guardadas em potes. Apesar de viver em várias épocas, sentia-se impedida de manter relacionamentos duradouros.

    Comentários:

    Escrita impecável. O autor é extremamente habilidoso, tem profundo domínio da linguagem e da estrutura narrativa, estudioso. Deve ter uma longa experiência, um bom trecho de estrada já percorrido. Experiência de escrever, não quer dizer que seja velho. Apaixonado por botânica?! Fala de plantas com certa poesia. E há citações peculiares: “plátano produtor de maple..” , “um Amazonas de ódio”, “rizoma”, “fluxograma vegetal”… E sementes e frutos… O texto é rico em detalhes, forma um aglomerado de eras, de tempo, mistura o que há de mais atual com os personagens de Homero, com a deusa Circe… Enfim, um texto de gente grande…

    Parabéns pelo trabalho, boa sorte no desafio!

    Abraços…

  10. MARIANA CAROLO SENANDES
    17 de março de 2019

    Resumo: O narrador, para provar que ainda há espaço para o sobrenatural, conta a história de um carvalho com desejos assassinos, um poço com sede de crianças e uma moça que se alimenta de choro.

    Comecei com um pé atrás, a parte que fala do Günther e usa o Amazonas como exemplo me incomodou (eu entendi a metáfora, mas um Reno de ódio ficaria melhor). Porém, quando chegou a história de Clara, fui sendo conquistada e, ao final, posso dizer que foi a história mais impactante do desafio para mim. Construíste quase que um romance shakespeariano, a mulher que se alimenta de dor e que renega o amor em nome do seu alimento. Muito bom, mesmo. Trabalharia só um pouco mais os diálogos na parte do Ricardo, para pintar em cores mais vivas a personalidade do mesmo. Meus parabéns, o seu texto é muito bonito!

  11. Jorge Santos
    17 de março de 2019

    Resumo: Este conto, que aborda na perfeição a temática da fantasia, começa por abordar casos inexplicáveis pela ciência até chegar à história principal, a história de Clara, um ser amaldiçoado por Circe (feiticeira que convertia homens em animais). No caso de Clara, ela é condenada a uma vida eterna a alimentar-se unicamente de frutos que nascem das suas lágrimas. A ideia de que alguém precisa de sofrer para sobreviver é extremamente poderosa e é a essência deste conto. A história de Clara não tem ligação às restantes histórias, pelo que tenho algumas dúvidas sobre a sua relevância. Em termos de linguagem, encontrei algumas expressões que eu, enquanto português, não usaria e que penso serem erros, mas não vou adiantar-me nesse campos ( um exemplo é a utilização da expressão “em meio ao campo”, que para mim é quase alienígena). O conto tem ritmo e prende o leitor. O final é imprevisível e impactante. A ideia fundamental está bem identificada – a necessidade de sofrer para viver não é um conceito totalmente inovador mas funciona bem. Faltou apenas a explicação da razão da maldição – mas o facto de deixar o leitor na dúvida faz parte do encanto deste trabalho.

  12. Fheluany Nogueira
    7 de março de 2019

    A ciência não explica todos os fatos: o carvalho que atingido por um machado, procura vingança expandindo suas raízes; o poço mineiro que nunca secava, talvez nutrido por corpos de crianças – uma a cada cem anos; Circe amaldiçoou Clara dos Santos a viver, centenas de anos, como humana e somente poder se alimentar de determinados frutos encantados, cujas sementes brotavam com as emoções de tristeza que ela vivenciasse. A protagonista atravessou guerras, pestes, leu livros e filmes para conseguir se alimentar e, agora viveu um romance, que tinha tudo para dar certo, mas o terminou sem motivos válidos, apenas para provocar sofrimento e lamentar o mal causado.

    O discurso narrativo é despretensioso, não há reviravoltas ou surpresas. O título é bonito, poético, assim como boa parte do texto, que também passa uma sensação de “cotidiano”: matar a fome, e aproxima o leitor da trama. A ambientação é bem construída, nesse sentido, assim como o decorrer do tempo, com elementos característicos de cada época e da atualidade.

    Uma escrita bonita, com alguns floreios (demorou um pouco a deslanchar, tantos exemplos de sobrenatural estenderam a introdução), mas agradável de ler. A trama é simples: um romance malsucedido, com fantasia bem sutil e oferece ao público a possibilidade de se emocionar.

    Parabéns pelo bom trabalho. Abraço.

  13. Rafael Penha
    7 de março de 2019

    RESUMO: Inicia-se com uma série de casos “estranhos” até lidar com o cerne do conto, a história de uma pessoa amaldiçoada a se alimentar de frutos do próprio sofrimento. A escalada de dor progride e ela se ve obrigada a ferir o coração de alguém que ama, para poder comer e seu futuro é uma incógnita.

    COMENTÁRIO: Um conto interessante, mas com um início de contextualização “desnecessário” a meu ver. A Premissa da protagonista é tão promissora, que poderia ter rendido todo o conto apenas desenvolvendo seu sofrimento e sua jornada. Não encontrei falhas na gramática que me incomodassem, mas narrativamente, o conto se arrastou até finalmente encontrar a história que deveria ser desenvolvida. Apesar disso, o tom misterioso do universo mostrado é legal, mas não achei bem empregado aqui.
    Grande abraço!

  14. Givago Domingues Thimoti
    6 de março de 2019

    Pequenos Grandes Segredos
    Caro(a) autor(a),

    Desejo, primeiramente, uma boa primeira rodada da Liga Entrecontos a você! Ao participar de um desafio como esse, é necessária muita coragem, já que receberá alguns tapas ardidos. Por isso, meus parabéns!

    Meu objetivo ao fazer o comentário de teu conto é fundamentar minha nota, além de apontar pontos nos quais precisam ser trabalhados, para melhorar sua escrita. Por isso, tentarei ser o mais claro possível.

    Obviamente, peço desculpas de forma maneira antecipada por quaisquer criticas que lhe pareçam exageradas ou descabidas de fundamento. Nessa avaliação, expresso somente minha opinião de um leitor/escritor iniciante, tentando melhorar, assim como você.

    PS:Meus apontamentos no quesito “gramática” podem estar errados, considerando que também não sou um expert na área.
    RESUMO: O conto “Pequenos Grandes Segredos” é dividido em cinco partes, sendo os últimos trechos aonde a história principal se desenvolve. Nesse trecho, conhecemos Clara e sua estranha condição: amaldiçoada por Circe, deusa grega da magia, a moça apenas se alimentaria por frutos regados pelas lágrimas da própria Clara.

    IMPRESSÃO PESSOAL: Acredito que o saldo geral do conto foi bom. A história de Clara dá o respiro necessário. O início, um tanto dissonante do restante do conto, me soou “desnecessário”. Sabe quando parece que colou uma parte de outra narrativa no seu conto? Enfim, essa foi a impressão que tive. Claramente, o conto tenta passar uma mensagem com os trechos iniciais. Infelizmente, não ficou claro para mim, o que deixa o conto com aquele gosto de “faltou informação”.

    ENREDO: Para mim, o problema do enredo foi essa sensação que me passou de dois contos em um. Talvez, abordar o passado de Clara, com um nome diferente, e mostrar a razão pela qual foi amaldiçoada ao invés de abordar esses trechos aleatórios.
    Mais uma vez, queria deixar claro que talvez eu tenha passado uma mensagem que liga tudo.
    GRAMÁTICA: Não notei nenhum erro gramatical.
    PONTOS POSITIVOS
    • Uma das coisas que mais gostei desse conto foi o fato que o autor conseguiu, de forma completamente nova, utilizar um elemento da mitologia grega. Portanto, no quesito criatividade, o conto acertou nesse quesito
    • A parte da Clara é uma história muito bem elaborada.

    PONTOS NEGATIVOS
    • Esse início, dissonante do restante do conto, foi algo que prejudicou bastante a narrativa no resultado final

  15. Fernando Cyrino
    4 de março de 2019

    Caro Roberto, Cá estou eu às voltas com seu rico conto. Após me contar fatos acontecidos que mostram que os seres não só sentem, mas agem (o carvalho ferido, o poço que engolia uma criança a cada cem anos, o coelho emplastrado no asfalto…). Mas tudo isto para me relatar a história de Clara, a moça que se alimenta de sementes e estas germinam quando molhadas pelas suas lágrimas. E, para tal, Clara tem que arranjar formas de ficar triste. A última foi se apaixonar, para depois, mesmo amando o rapaz, ela o abandonar chorando e fazendo com que nova safra de sementes cresça em sua casa. Gostei muito da sua fantasia, você escreve muito bem. Tem as manhas da escrita, sabe envolver e comprometer o leitor com o que deseja contar. As palavras colocadas em seus devidos lugares e as construções gramaticais estão bem bonitas. A trama bem bacana e o final está mesmo bastante interessante e fato é, Roberto que ele me gerou alto impacto. Gostei mesmo do seu final. Parabéns, receba o meu abraço.

  16. Antonio Stegues Batista
    1 de março de 2019

    Pequenos Grandes Segredos- conta a história de Clara, amaldiçoada por Circe a ser humana, imortal e se alimentar apenas de frutos encantados. Ela tenta ter um relacionamento com um homem, mas sem coragem de ir adiante, termina com ele.

    Gostei mais do Preâmbulo do que da história de Clara. O Preâmbulo conta fatos insólitos ocorrido em algumas partes do mundo. Me fizeram lembrar dos contos com temas Fantásticos de Phillip K. Dick e Ray Bradbury. As pequenas histórias do início são bem interessantes, mas a história de Clara não me impressionou. Embora bem escrita, com boas frases, desenvolvimento perfeito. Clara era uma deusa imortal e é condenada a ser humana imortal. Acho que isso ficou meio confuso, redundante, dispensável. Na minha opinião, deveria ser diferente. Clara viveu tanto tempo na Terra e não sei porque, não consegue, ou não quer, manter relações com um homem. Essa parte poderia ser diferente também, existem outras possibilidades, mas não me cabe dar sugestões. O final foi sem surpresas impactantes, mas pelo preâmbulo vou dar uma boa nota. Boa sorte no próximo tema.

  17. Angelo Rodrigues
    21 de fevereiro de 2019

    Caro Roberto Bluechevy,

    Resumo:
    mulher precisa chorar para que suas lágrimas animem as sementes que lhe darão os frutos que a alimentarão, sua única comida. Conhece Ricardo, por quem se apaixona verdadeiramente e ao dispensá-lo sem mais nem menos, chora e seu choro faz germinar as sementes, que ela come e volta a se alimentar.

    Avaliação:
    gostei do conto. Uma história que passeia bem sobre a mitologia grega.
    Achei, entretanto, que o autor, buscando dar ao leitor um senso de verossimilhança para aquilo que iria contar mais adiante, levando-o à fantasia, fez uma introdução que me pareceu um pouco longa demais.
    A história, em si, já seria satisfatória. Falo do excesso expresso pelo carvalho na Floresta Negra e do poço mágico de Tiradentes, que se transformaram num longo prólogo para chegar à história que, por si, como disse, já seria interessante o bastante.

    O fantástico é a hesitação experimentada por um ser que só conhece as leis naturais, face a um acontecimento em aparência sobrenatural (Todorov), e a sua história contada como foi, já seria capaz o bastante para causar tal hesitação, fazendo o leitor aceitá-la como plausível.
    Confesso que em princípio imaginei uma história onde Clara, fantástica, poderia ser facilmente percebida como uma mulher comum contando a si mesma uma história um pouco insana. Então surgem as semente, primeiro sem qualquer significado, depois de caráter mágico, e é quando a história descola do chão, mas isso só acontece no último quarto do texto, já decorridos 75% da história.
    De qualquer forma a história é bem legal.
    Aliás, esse é o segundo texto que leio que põe mitos gregos na Zona Sul do Rio de Janeiro. Esse foi um e o outro foi Vaso Milenar.
    Parabéns e boa sorte na Liga!!

  18. Matheus Pacheco
    19 de fevereiro de 2019

    RESUMO: Um conto de fantasia um pouco confuso, de uma discussão sobre o fantastico que desenrola para uma garota amaldiçoada por uma entidade cósmica que a obriga a comer umas frutas estranhas que crescem em seu jardim.
    Comentário: Eu achei a fantasia um pouco estranha, nada que comprometa a trama, só que algumas coisas eu senti que foram colocadas só para ocupar espaço em sentimento de filler.
    Um ótimo conto e um abração.

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Informação

Publicado às 17 de fevereiro de 2019 por em Liga 2019 - Rodada 1, Série A e marcado .