EntreContos

Detox Literário.

A Passagem Secreta (Elisabeth Lorena)

Uma manhã como outra qualquer. Sol entrando pela  fresta das janelas laterais, brigando com as enormes cortinas escuras. O barulho matinal, diminuindo os restos de silêncio mortal da noite cansativa.

A mulher despertou com o marido e o filho na cama. Cheiro de pinho e café misturando-se no ar ao cheiro de talco da pequenina criança. Seria um dia corrido, ela sabia. Milhares de coisas para fazer antes de pegarem estrada. Tocou de leve o pescoço, sentindo a minúscula ampulheta que ali repousava. E então retornou a lembrança do sonho e a voz em tenor, avisando-a sobre os perigos do sótão. Passou a mão pelos cabelos e esfregou os olhos, crença adquirida na infância para libertar-se dos pesadelos. Eles esconderam-se, ela olhou para o espelho, enquanto soprava o pãozinho de queijo.

Era noite. Um sono denso, profundo, de sonhos sombrios, diferentes de sua realidade doce e prazenteira. Entre eles uma voz lhe dizia que não abrisse a porta secreta do sótão. Na infância fora seu lugar predileto.

Despertou pela manhã feliz. O marido não estava na cama e ela abraçou o travesseiro dele ainda quente, com seu perfume de pinho. Não entendia seu gosto por odores amadeirados, gosto dele e dela. Ela lhe disse, na lua de mel, que quando morresse, ele deveria mandar fazer um ataúde de pinho ou pau-rosa, seria uma morta a “la Chanel”. Ele achou macabro o assunto para um momento e mudaram de tema. Ela não mudaria de ideia.

O cheiro de café fresco e forte adentrou o quarto, mudando sua linha de pensamentos. Era o aniversário de casamento deles,  três anos de felicidade.

Decidida, disse a si mesma, a voz recém-desperta, ainda cavernosa:

– Depois de ver Rodolfo no berço, vou ao sótão.

A lembrança do sonho trouxe de novo a voz e o alerta sobre a porta secreta e que se lhe acessasse seria o fim. Mas, fim de quê? E porque acabava sempre lembrando de sua ampulheta, quando o sonho voltava à sua lembrança. Espantou tudo, mexendo no cabelo, costume da infância. E sorriu para o novo dia.

O marido entrou com a bandeja de café em uma mão e o filho na outra.  O menino saltou sobre a mãe e felizes, os três tomaram o café da manhã, juntos, entre sorrisos, abraços e beijos. O sótão ficou para outro dia. Era hora de preparar as malas para as férias de Carnaval.

Ainda tinha um tempo antes de preparar tudo para a viagem

– Amor, deixe as malas comigo. Tire um tempo para você. Vamos sair dez horas.

– Vamos comer no caminho, então, Lelê?

– Sim, Nadia. E pare com esse apelido. Rodolfo já anda a me chamar de “palelê”.

A mulher sorriu, frente ao espelho reverso, o sonho voltou à sua memória. Uma hora dessas teria que acessar o espelho, tinha certeza que assim mudaria seus sonhos.

Era noite, ela dormia. Um sono denso, profundo, de sonhos sombrios. Aquela voz a alertar sobre a porta secreta. Na infância, seu lugar predileto. Amava olhar os pais recém-acordados a esperar que ela saísse pelo reverso do espelho e juntos tomarem café na cama, em alegres festejos. Ia ensinar a passagem para o filho.

Despertou pela manhã feliz e saltitante, a mão esquecida sobre o colar que nunca tirava, sentia a frieza do vidro que revestia o pequeno relógio do tempo. Os barulhos da casa despertando, começaram a trazê-la de volta ao seu novo dia. O marido já fora da cama, o travesseiro cheirando  pinho. As doces lembranças da vida diária, apagaram os restos escuros dos sonhos.

Ouviu passos na escada, percebeu que Leandro parava no quarto do filho. Comprometeu-se a ir ao seu lugar feliz e acabar com seus pesadelos… Não, eram só sonhos irreais com espelhos, luzes, túneis iluminados e lustres cobertos com voal…

– Sonhos fantasmas. – Sussurrou, sorrindo, momentos antes de Leandro entrar com o café e o filho nos braços.

– Bom dia, Nadia.

– Dia dia, mami.

– Bom dia, meus amores.

Tomaram café entre risos, abraços e beijos. A mulher ergueu-se da cama, disposta a tomar um banho, mas, o espelho reverso a chamava, enquanto a voz mandava manter distância. Os olhos pararam sobre o computador e o fluxo dos pensamentos mudaram por um instante.

– Leandro, tenho que enviar o livro para o editor. Está pronto. O editor, como sempre, deixou ao meu gosto.

– Faremos isso na sexta-feira, querida.

E ele, depois de lhe sorrir, feliz,  deitou-se, com o filho nos braços. Esquecido dela, começou a contar uma história. Absorta, foi para seu quarto de infância. Abriu a porta de fuga, com cuidado e entrou no sótão.

Tudo estava como antes. A cama de madeira antiga do irmão, que o filho herdaria deveria estar ao canto, não a viu. O berço já não era forte o suficiente. O velho computador, presente do pai, descansava, já coberto sobre sua cômoda de solteira, era ali que ela vinha, às vezes, de madrugada, escrever suas histórias. A cadeira de balanço da avó. Os brinquedos antigos das crianças que ela e o irmão foram. A cadeira de amamentação… Essa ela não lembrou de ter tirado do quarto do filho, entretanto, não a incomodou vê-la ali. Assim como não a incomodou ver o cadeirão de madeira onde Rodolfo fazia suas travessuras também guardado… Apenas  estranhou vê-lo ali, tinha certeza que estava na cozinha…

– Nadia, Nadia, Nadia! Se demorar recontando lembranças, Leandro termina a história e você não  surpreenderá seu filho.

Desceu a escada, sem prestar atenção em mais nada e subiu no mezanino, indo direto para a porta secreta. Não percebeu seus vestidos guardados no cabide enorme do outro lado do canto, perto de sua cadeira de descanso, não viu a cadeirinha de bebê deixada entre suas caixas de sapatos. Nada mais prendeu sua atenção, estava focada em surpreender o filho, com pouco mais de um ano, Rodolfo adorava fazer novas descobertas. Certa de que ele ficaria satisfeito com sua entrada triunfal no quarto, procurou o painel de acesso, para reverter o espelho e expor o segredo que ele guardava para o filho.  

Acionou o mecanismo, o painel  se iluminou e ela olhou para dentro do quarto.

As cortinas estavam abertas, ela viu logo, não lembrava de  tê-las deixado assim. Então algo mudou sua atenção. Leandro e Rodolfo não estavam mais no quarto. Ou melhor… A cena à sua frente estava toda trocada, desconhecida. No seu quarto, na verdade, havia um homem mais velho, com cabelos brancos nas laterais do rosto, de costas para o painel. O homem voltou-se para o espelho, um sorriso triste apagou seu rosto no momento exato que o menino entrou.

– Trouxe o café, papai Lelê.

O homem dirigiu-se, com sua cadeira de rodas, até o espelho, depositou o livro na estante e sorriu.

– Filho. Que tal irmos ao sótão hoje?

O menino concordou alegre, depositando a bandeja em um aparador próximo a cama de casal, que ela tinha certeza nunca ter visto.

– Vamos. E levamos o bolo de aniversário da mamãe. Vovó já fez. – O menino completou, alegre. O homem dirigiu-se ao aparador, guiando com segurança sua cadeira. Enquanto o menino virou-se para onde ela estava, parada, sem forças para entrar no quarto.

Devagar, ele aproximou-se, passou a mão gordinha de criança em fim de infância, sobre o livro, chamando a atenção da mulher assustada para o objeto.

“Pau-Rosa”, contos e recontos, de Nadia Fonsi, edição póstuma.

Era o livro que eles iriam levar para a editora na sexta-feira seguinte! Enquanto o garoto olhava o livro,  uma Nadia confusa olhava para dentro, reconhecendo ali seu marido e filho…

A ampulheta se rompeu. O chão fugiu de seus pés e a realidade voltou com a mesma violência do acidente. Chovia horrorosamente e a chuva viera sem aviso. Outro carro surgiu do nada na contramão, com a luz alta. Freadas bruscas.  Choque. Barulho de ferros e latarias se partindo. Som de ossos se quebrando. O silêncio. O frio. O choro do filho. O chamado desesperado do marido, que ela não conseguia responder. Os olhos pararam de ver a chuva e então, deixou de se preocupar, já que apesar de se ver totalmente ferida,  nada sentia.

Foi sua pior descoberta:

Estava morta.

25 comentários em “A Passagem Secreta (Elisabeth Lorena)

  1. Michelli Souza
    13 de junho de 2019

    Gostei parece aquele filmes baseado em fatos reais,começa com suspense que aos poucos vai prendendo sua atenção pra saber logo o final,imaginei outro mais me supreendi.

    • Elisabeth Lorena Alves
      15 de junho de 2019

      Obrigada pela leitura. E que bom que surpreendi você.

  2. Anônimo
    8 de maio de 2019

    Leitura envolvente e rica nas descrições! Particularmente adoro textos assim… aproximam, aguçam, permitem ao leitor sensações quase que reais no descobrimento de cada passagem da narrativa! Foi surpreendente… as pausas, as emoções, recortes da lembrança… Parabéns pela construção!!!

    • Elisabeth Lorena Alves
      9 de maio de 2019

      Obrigada!
      Pela leitura e pelo retorno.
      Volte mais vezes e leias os outros autores.
      Abraço

  3. Paula Giannini
    18 de março de 2019

    Olá autor(a),

    Tudo bem?

    Resumo:
    Revivendo a própria história, a personagem descobre que, na verdade, já está morta.

    Meu ponto de vista:
    Aqui, acredito, encontra-se um(a) jovem escritor(a), cheio(a) de talento(a) e vontade de expor seu trabalho.

    Este é um conto bem escrito, que demonstra a verve de quem sabe contar histórias, e, para quem eu daria algumas dicas, se assim em permitir. Aqui estamos todos para aprender.

    Dia desses assistindo a um Webnário sobre Escrita Criativa, fui relembrada de um grande ensinamento do Robert Mckee, em seu maravilhoso livro Story. Lá, o mestre nos dá um tipo de pulo do gato para quem quer contar histórias para o público do século XXI, que já viu, se não tudo, quase.

    Bem, Mckee diz assim. “Dê ao público o final que ele deseja, mas, faça isso de modo surpreendente”.

    O que quero dizer com isso? Obviamente, histórias de pessoas mortas que revisitam sua própria trajetória, já foram contadas um sem número de vezes, obviamente, também, o leitor, lá pelo meio da trama, já sabe do que se trata. Acontece que o leitor adora dizer: Ah, eu sabia! Mas, por outro lado, detesta perceber que aquilo que lê é um clichê ou mais do mesmo. Então, é preciso unir o eu sabia, com algo de novo. Algo que só sua personagem faz.

    Talvez ela descubra que não está morta, mas, sim, todos os outros. Quem sabe, descubra que está morta, mas, imediatamente reencarna. Não sei. Isso será com você. O texto é do(a) autor(a), e quem sou eu para me meter, não é?

    Mais uma vez, explico que a crítica aqui é na melhor das intenções de ajudar.
    Espero que fique conosco.

    No EntreContos aprendemos muito mesmo.

    Beijos e parabéns por escrever.
    Paula Giannini

    • Elisabeth Lorena Alves
      30 de março de 2019

      Olá Paula Giannini
      Espero ficar…
      Gostei das suas sugestões. Vou reencaminhá-las ao meu bloco de notas…
      Quanto ao andamento do Conto…
      Não pensei em reencarne porque ando lendo muita coisa sobre o assunto para a execução de meu livro. E, também não quis inserir transmigração para não acrescentar mais personagens e, com isoo, perder a estrtutura do gênero.
      Que bom que, apesar do “eu sabia”, você conseguiu captar algo novo.
      Abraços,
      Elisabeth Lorena Alves

      • Paula Giannini
        4 de abril de 2019

        Oi, querida,
        Não sei se me fiz entender. O eu sabia é algo bom… Como dizia Mackee, surpreenda seu leitor, mesmo dando o que ele queria.
        Parabéns.
        Beijos
        Paula Giannini

  4. Ana Carolina Machado
    10 de março de 2019

    Oiiii. Um conto que fala sobre uma escritora chamada Nadia que descobre que está morta após uma ida ao sotão e após ver seu livro póstumo também. Logo no início vemos que uma voz a alertava sobre que uma ida ao sotão poderia ser perigosa e as cenas alegres com seu marido e filho que se passam no seu quarto. Descobrimos que existe uma passagem secreta que ela conhece desde a infância e deseja mostrar para o filho, no momento em que ela vai ao sótão com esse objetivo no momento que olha para dentro do seu quarto ver uma versão do futuro de seu filho e marido e descobre que morreu em um acidente. O conto mantém o suspense desde o começo, pois sentimos que no sótão tem alguma coisa que pode mudar totalmente o rumo da história e a Nadia parece está dividida entre ir no lugar e a voz que diz sobre o perigo. É como se ela estivesse dividida entre o passado e o futuro. No fim a reviravolta final cai como uma tempestade sobre ela. Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio.

    • Elisabeth Lorena Alves
      30 de março de 2019

      Ana Carolina Machado
      Obrigada pela leitura.
      Sucesso para vocè também.
      Abraços,
      Elisabeth Lorena Alves

  5. Rocha Pinto
    10 de março de 2019

    Uma mulher teve um sonho sobre os perigos de um sótão. Não deveria abrir a sua porta. Esta lembrança acompanha-a durante o dia com marido e filho. Foi mesmo ao sótão mas no regresso tudo era diferente, com marido sendo idoso. Um acidente de carro revelou-lhe estar morta.

    História com vertente de suspense interessante mas que merecia final bem melhor.

    • Elisabeth Lorena Alves
      30 de março de 2019

      Rocha Pinto
      Obrigada pela leitura.
      Quem sabe eu reescreva o final…
      Abraços,
      Elisabrth Lorena Alves

  6. André Gonçalves
    10 de março de 2019

    Resumo: O texto retrata uma família composta por Nadia, Rodolfo e Leandro que residem em uma casa que foi moradia de Nadia desde a sua infância. Ela passa o tempo do conto relembrando o sótão da casa e uma passagem secreta que dá acesso a um tal espelho reverso que era utilizado por Nadia quando criança. Após ir novamente até esse local, ela se perde em um devaneio no que parece ser uma realidade distinta daquela em que vivia e presencia seu marido em uma cadeira de rodas e seu filho, já crescido, assim como percebe que este último manuseia um livro, o qual foi escrito por ela ainda em vida, o que a leva a recobrar a consciência agora no exato momento que sofre um acidente que lhe vitima fatalmente.

    Comentário: O conto começa muito bem, narrativa fluente, fluida. Gostei de algumas repetições de ações, para marcar bastante a questão da rotina, que sinceramente pensei que seria utilizado depois, mas acabou se perdendo esse recurso. Do meio para o fim eu senti que faltou alguma coisa, o autor não consegue manter o bom ritmo do começo, mas não desnatura o conto por isso. O fim achei pouco criativo e meio didático demais a explicação sobre o livro que seria levado para a editora. No geral é um bom texto e acredito que o autor poderia buscar aprimorar o enredo, trazendo um toque mais pessoal para o texto, pois a história em si parece um pouco genérica (não sei se consegui explicar isso).

    Forma: Não encontrei observações relevantes para criticar aspectos formais. O autor demonstra bom domínio da língua e possui um texto bem elaborado.

    • Elisabeth Lorena Alves
      30 de março de 2019

      André Gonçalves
      Obrigada pela leitura.
      A questão da rotina foi percebida por outro colega contista: trata-se de um único dia, que se repete. Tomei cuidado em traçar as sequências do cotidiano para não “dar na cara” que se trata de um dia só. Na verdade, parte do dia, já que como se recere ao dia de sua morte, ela não o viveu todo.
      Vou tentar ser menos genérica – seja isso lá o que for…
      Agradeço muito a leitura e o tempo dedicado a construir sua crítica.
      Abraços,
      Elisabeth Lorena Alves.

  7. Estela Goulart
    7 de março de 2019

    Resumo: A protagonista, Nadia, é casada com Leandro e mãe de Rodolfo. Ela tem pesadelos com o sótão de sua casa, pois nele está abrigado um espelho que a assombra todos os dias. Seu desejo é mostrar ao filho a mesma aventura que ela teve ao adentrar o mundo do espelho invertido. Porém, quando resolve entrar no sótão e vê o futuro de marido e filho, descobre que não estava mais viva.

    Comentários da história: muito criativa. O conto tem a surpresa ao chegarmos à última linha, e isso conta pontos positivos. Mas também tem aquele quê de mistério e confusão. Muitas perguntas ficam na cabeça do leitor, o que é positivo até porque a interpretação sempre será pessoal de cada um. É uma boa intenção de conto. Nisso não há reclamações, está de parabéns.

    Comentários da narrativa: confusa em alguns trechos. Por vezes tive a sensação de que a senhora do conto apenas dormia e acordava todos os dias, mas o que acontecia durante o dia fora disso? Parecia que eu não saía do lugar quando prosseguia na história. Eram sempre as mesmas cenas. Você poderia ter trabalho melhor nessa questão, ou dado mais vida aos personagens. Não funciona muito bem enrolar em contos. Pode tentar ser mais singelo da próxima vez? Ajudará bastante. E melhorará uma ideia de história que ficaria sensacional.

    Comentários da gramática: nada a reclamar, coisas poucas que existem em todos os textos. Nada que uma revisão externa não resolva. Ponto positivo.

    • Elisabeth Lorena Alves
      30 de março de 2019

      Estela Goulart
      Você, embora não tenha tido consciência, foi uma das pessoas que entendeu o Conto. Isso, na questão de não sair do lugar, mas, não é vicê que não sai, é minha personagem, ela está presa na manhã do dia de sua morte.
      As repetições do cotidiano foram mescladas com novas informações justamente para que o leitor não capte a repetição do dia, minha intenção era que sempre fosse um novo mesmo dia.
      Vou observar a questão do “enrolar em contos” que você apresenta, já que minha intenção não era fugir da narrativa e nem perder o tempo da narração.
      Obrigada pelas dicas.
      Abraços,
      Elisabeth Lorena Alves

  8. Sarah Nascimento
    3 de março de 2019

    Uma mulher acorda com a família, tem sonhos e desejos de ir a uma passagem secreta no sótão e os ignora de início.
    Em certa parte ela vai até esse local e ao longo do caminho vê detalhes diferentes e estranhos que a deixa confusa.
    Ao esperar para passar pelo espelho e entrar no quarto para surpreender o filho de um ano, ela vê que o marido e o filho estão mais velhos.
    Se dá conta que um livro que ela pretendia publicar já fora publicado e se recorda do acidente que a matou.

    Já no início gostei desse mistério do sótão e de sua passagem secreta. Fiquei dividida entre torcer para a mulher ir até lá, ou para ela ignorar esse desejo que ela mesma tinha.
    Essa atmosfera alegre e feliz da vida dela foi descrita de forma incrível! Parabéns por isso.
    Só não compreendi a parte da ampulheta, se era um detalhe do sonho que ela teve, se era algo que ela tinha na pele, como uma tatuagem, ou uma ampulheta literalmente.
    Sei que soa estranho, por isso que digo que não entendi essa parte muito bem na primeira vez que ela é citada.
    Achei incrível essa ideia do reverso do espelho.
    Senti muita pena da Nadia quando no final ela descobre o que realmente aconteceu e que está morta.
    Só no final dá pra compreender porque ela encontrou tantos móveis que não deviam estar no sótão, ou os detalhes sobre o quarto quando ela olha através do espelho e percebe que estão diferentes.
    Foi um conto excelente, que deixa a gente com vontade de ficar nessa alegria que ela sente no início, mas também queremos descobrir o mistério do sótão e mais pra frente deixa a gente intrigado com os detalhes diferentes que ela vai tendo noção.

    • Elisabeth Lorena Alves
      30 de março de 2019

      Sarah Nascimento…
      Obrigada pela leitura.
      Obrigada por ter deixado claro seu gosto pessoal
      Que bom que deixou a questão da ampulheta. Na verdade, a ampulheta é realmente parte do colar, mas, minha intenção ao repetir sua existência, foi marcar a repetição do dia preso nesse contador de tempo. Quando ela tenta passar pelo espelho, a ampulheta se rompe, trazendo-a para a realidade que ela vai conhecer: seu desencarne.
      Aqui para nós, quase desisti de mandar para o Desafio, não queria que a felicidade dela fosse interrompida, embora, obviamente, o tempo todo eu soubesse de sua condição…
      Abraços,
      Elisabeth Lorena Alves

  9. jetonon
    28 de fevereiro de 2019

    A PASSAGEM SECRETA
    RESUMO
    Acordou com aromas de pinha e café; sonho confuso – o sótão – a ampulheta – o espelho; café na cama com o filho e o marido; o espelho reverso; a ida ao sótão; a porta secreta; seu livro a ser editado; a visão da sua vida até sua morte.
    COMENTÁRIOS
    O conto é bastante intrigante. Pode ser considerado como uma visão do subconsciente, mas no sentido visionário. Como ela escrevia , sua imaginação, ao escrever, alimentou seu subconsciente com tudo o que pensou o que escreveria. Provavelmente havia pensado que isso poderia acontecer, sem que o seu consciente pudesse perceber, e nos sonhos tudo isso vinham à nota e a deixava intrigada. Mas não que isso iria lhe acontecer como descreve no conto.
    Os dias e as noites, no conto, poderiam ser expressados com mais fatos, não simplesmente, dizer: dia, noite. Creio que dessa maneira tornaria mais enriquecido o enredo.

    • Elisabeth Lorena Alves
      30 de março de 2019

      Jetonon
      Obrigada pela leitura.
      Não há mais nada além do dormir e acordar, pois, ela morre na manhã do dia que se repete. Mas, vou reler, tomando nota de suas observações, já que o texto será publicado junto de mdu TCC.
      Abraços,
      Elisabeth Lorena Alves

  10. Paulo Cesar dos Santos
    27 de fevereiro de 2019

    4 – A passagem secreta
    Resumo; este conto mostra uma felicidade própria de cada escritor, levar seu livro para editar. Porém, não aconteceu e ela terminou como começou, sentido o cheiro do pinho com “pau rosa”.
    Considerações; bem simples a historia, porém com algo que acho interessante começar no fim? É, dar a impressão que a pessoa esta lendo o começo de um livro, contudo é o fim.

    • Elisabeth Lorena Alves
      30 de março de 2019

      Paulo Cesar Santos.
      Já que lhe interessa esse tipo de leitura, onde o fim é o comeco, lhe indico as obras de Milton Hatoum, escritor aqui do Amazonas. Essa é a marca dele.
      O pinho e pau rosa são duas madeoras que são usadas para fazer perfume e caixão…
      Como eu desejava ser sútil nas informações semânticas, acresci o pau rosa, pois sei que poucos sabem de sua segunda utilidade…
      Abraços,
      Elisabeth Lorena Alves

  11. fernanda caleffi barbetta
    22 de fevereiro de 2019

    Resumo
    Mulher, que aparentemente mora com Mario e filho, passa a ter pesadelos recorrentes sobre não poder entrar no sótão da casa, lugar onde ela gostava de ir em sua infância. Sempre que acorda destes pesadelos, ela está segurando seu pingente de ampulheta. Um dia ela decide entrar no sótão e encontra tudo como era na sua infância. Porém, ela estranha ver ali a cadeira de amamentação e o cadeirão do filho que ela julgava estarem no quarto da criança. No quarto ela possuía um espelho reverso que a chamava, e ela acreditava que acessá-lo seria a única forma de acabar com os pesadelos. Após a visita ao sótão, ela está decidida a contar ao filho sobre o espelho reverso. Mas quando tenta sair do espelho para surpreendê-lo, é ela que fica surpresa ao ver seu marido mais velho e o livro que ela enviaria à editora nos dias seguintes já impresso, como edição póstuma. Então, se lembra do acidente de carro que a havia matado no dia que saíram para o feriado de Carnaval, justamente o dia que ela acreditava estar vivendo repetidamente.

    Gostei da ideia do conto, bastante criativo e interessante. Gosto de ser surpreendida e o final deste conto foi uma surpresa. Senti vontade de chegar ao final para ver o que realmente estava acontecendo com a protagonista.
    Porém, achei bastante confuso. Algumas frases no início do texto ficaram desconexas, como: “Eles esconderam-se, ela olhou para o espelho, enquanto soprava o pãozinho de queijo”.
    O espelho entra na história sem muita explicação. Aquela parte em que ela diz que esperava a mãe sair do espelho. A referência ao lugar feliz… acho que isso poderia ser explicado melhor. Também ficou um pouco confusa a relação entre o sótão e o espelho.

    • Elisabeth Lorena Alves
      30 de março de 2019

      Fernanda Caleffi Barbetta
      Obrigada pela leitura.
      Quanto ao espelho, ele é a passagem secreta. Engraçado que foi o que mais temi, a obviedade implícita nele – na minha percepção, por minha bagagem literária. É pelo espelho que se entra e sai desse quarto. Embora, ela tenha saído pelo quarto de sua infância. E fiz isso para ampliar seu ambiente, uma vez que queria apenas sugerir sua repetição de dia…
      Entretanto, vou tomar nota de suas observações e melhorar os pontos por você assinalados.
      Obrigada pelo “feedback”.
      Abraços,
      Elisabeth Lorena Alves

  12. Elisa Ribeiro
    20 de fevereiro de 2019

    Em uma narrativa surrealista, em que sonho e realidade se confundem, vemos a personagem central às voltas com marido, filho, espelhos, sótãos, itens de mobília de casa e uma estranha ampulheta no pescoço.

    Acompanhei sua narrativa bem interessada, mas confesso que o final me frustrou um pouco. Não pela fantasmagoria, mas pela forma abrupta de concluir o conto.

    Gostei da maneira como você construiu a atmosfera surreal do conto. Achei seu
    estilo adequado ao tema e não encontrei qualquer deslize de revisão.

    Desejo sucesso no desafio e em tudo mais, amigx entrecontista! Abraço.

    • Elisabeth Lorena Alves
      31 de março de 2019

      Olá, quase Xará.
      Obrigada pela leitura.
      Achou muito “de chofre”minha conclusão?
      Vou ver se consigo aprimorar isso então…
      Abraços,
      Elisabeth Lorena Alves

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Informação

Publicado às 17 de fevereiro de 2019 por em Liga 2019 - Rodada 1, Série C1 e marcado .