EntreContos

Detox Literário.

Vieira (Renata Rothstein)

Acordei naquela noite com um sol de rachar, fazia frio e o céu lá embaixo causava cegueira, de tão brilhante. Não sabia que seria uma madrugada chuvosa, mas como nesse mar tudo é possível talvez eu já devesse não ter me acostumado de ser tão ligado às minhas tradições – meu filho costumava dizer que eu era assim desde pequeno. Deve ser genético, já que meu neto (é o que ouço dizer, não o conheci) também era assim.

Não dá para fugir do efeito do ADN. Então concluo, puxei mesmo ao meu bisneto, um forasteiro que veio de Urano em meados de 3078, fugindo da famosa guerra dos 1000 anos, contra um planeta de outro universo que não tinha nome, porque nesse universo é muito incomum dar nome a qualquer objeto, pessoa, animal, construções.

Estive lá a passeio uma vez, em Urano. Não lembro, mas levei três longos séculos para chegar e estava até aproveitando, achando tudo um grande tédio, quando descobriram que eu sou bisavô desse tal desertor.

Agora paro para refletir e percebo como é um dissabor belo isso, de tudo fazer sentido algum. Para ninguém, exceto para alguém, que certamente não existiu. Nem existirá.

Sou um homem muito solitário, não entendo a razão, pois sou muito detestável e inconstante. Minha filha dizia, quando eu era criança: “- Esse menino vai ser galã, em seu tempo de rapaz, vejam como é idiota e maledicente! Um primor!”.

Eu, menino franzino, já de poucos cabelos e com um nariz adunco de dar inveja em qualquer papagaio, tinha tudo para ser um desastre. Não vinguei.

Optei pelo celibato. A junção do meu caráter investigativo com um intelecto digno de pena davam o que falar, na família.

Uma manhã de um ano que não me recordo muito bem, talvez porque não tenha acontecido ainda, esperei impacientemente todos irem dormir – todos, no caso, eram meu periquito, o Zeus, e uma coelha chamada Tomásia – e covardemente escapei.

Fazia tempos já, que aqueles seres tão amáveis e fofos, a inocência personificada em irracionalidade só me davam carinho. E cansei, eu não podia mais conviver com aquilo.

Merecia menos da existência. Eu não sabia que existia, mas merecia.

Nadei pelos desertos mais áridos, não foi difícil, mas dizem que o que vem fácil, fácil vai. Eu detesto desafios, por isso cheguei com alguma facilidade ao fim do deserto, bem lá onde o mar termina e vem o despenhadeiro, o fim de tudo.

Corajosamente cheguei à beira do precipício, amarrado em cordas que prendi numa árvore centenária recém-plantada (pude perceber), ela era flutuante e oscilava, seus frutos nasciam e caíam em menos de quatro segundos.

“Que absurdo, quem tem esse tempo todo para esperar uma fruta para comer?”. Lembro que pensei nisso, paciente que sou, nada que demore menos de oito anos para acontecer me interessa.

Super vegano, já faz uns bons quinze dias que só como carne bem vermelha, detesto um churrasco com os inimigos nos inícios de semana, quando reunimos os colegas para uma partida de peteca.

É ótimo, chato demais!

Voltando ao precipício, não vi nada demais, aliás, senti um tremendo desconforto, pois não havia abismo, apenas uma cachoeira com água subindo torrencialmente e lá, ao longe, terras e mais terras e um povoado.

De onde estava podia ver a fumaça saindo das cabanas, era igual a todos os tipos de habitação – esqueci que meu filho do meio uma vez me contou uma história que dizia que ninguém deveria se aproximar demais daqueles que viviam no aquém.

Meu filho Arnaldo, sempre tão misterioso. Aquele homem que me viu crescer. Pensei nele e deu uma pontinha de ódio no coração. Família é família. Não tem jeito. Ele sabia do pai que tem, covarde e atrevido.

Fui em frente, decidido a descobrir o que de bom se fazia naquela aldeola.

Rave, bailinho, clube de swing, o que poderiam oferecer a um esnobe missionário como eu?

Estava me contorcendo, tentando descer preso pela corda da árvore que flutuava como nuvem, e estava indo para longe, quando um cidadão gritou:

“ – Aê, ô estúpido! Tem uma escada aí ao lado.”

Notei que em minha euforia por tão desprezível descoberta não vira a escada de ferro ao lado da cachoeira, acenei com o dedo do meio em riste para o homem, agradecendo.

Subi pela escada e cheguei ao chão. Lá, uma fila de tuk tuk aguardava pelos clientes. Já foram entregando cartão e pedindo para instalar o aplicativo, o Tuks, no telefone celular telemóvel.

Um tanto insatisfeito por não precisar caminhar tanto, dez segundos depois cheguei ao destino.

Sem pressa, desci do tuk tuk, em frente a uma hospedaria cujo aspecto me agradou pela total falta de organização.

Entrei. Sala de espera, quadros com pinturas de crianças de seus quatro anos enfeiavam maravilhosamente as paredes.

Pedi um quarto e o recepcionista apontou o sofá.

Fiquei ultra-satisfeito quando vi que pagaria uma verdadeira fortuna para dormir pessimamente.

Para outras necessidades, havia no canto uma bacia com sabão vermelho e um penico.

Nessa hora senti saudade do meu troninho vermelho que tocava musiquinha, e estava em casa, a metros de distância.

O mar começou a subir. Hora das marés exercerem sua força sobre a Lua.

Cantei minhas blasfêmias em voz alta, fiquei em pé no sofá, dormi. Em pé.

A noite seguinte, depois que o dia passasse, seria longa.

Eu mal poderia esperar, mas encontraria o grande desamor da minha vida ali, naquele fim de mundo, a Sirleia.

É como eu ouvi dos meus netos, que ouviram dos meus bisnetos, que ouviram dos meus trinetos, e por aí vai: a vida está sempre nos desesperando.

E continua.

Um dia.

Qualquer dia.

Continua não. É que Sirleia não quer.

Espero de todo coração que não entendam.

Vieira.

Sem eira, nem beira.

71 comentários em “Vieira (Renata Rothstein)

  1. Amanda Dumani
    27 de abril de 2018

    Gostei da ideia. Consigo tirar uma narrativa daí meio sem eira nem beira e principalmente sem fim. Como se você tivesse contando mais um dia na sua vida num universo de inversos. A experimentação foi boa.

  2. Matheus Pacheco
    27 de abril de 2018

    OE, eu não achei um conto muito bom, sei que tentou se encaixar no genero mas foi mais confuso que experimental, no começo eu pensava que se tratava de uma sonda espacial viajando pelo sistema solar, depois um astronauta, depois um pai de familia que viu a filha criar ele?
    Foi bom mas não foi experimental…
    Abração amigo.

  3. M. A. Thompson
    27 de abril de 2018

    Olá autor(a).

    Ao iniciar a leitura pensei que estivesse diante de outro conto cujo experimentalismo passou longe, não foi o caso.

    Gostei da inversão de tudo, embora tenha achado a trama pouco elaborada. É uma história para doido dormir ou, como você mesmo diz no final, sem eira nem beira.

    Bosa sorte no desafio.

  4. Gustavo Aquino Dos Reis
    27 de abril de 2018

    Infelizmente, eu falhei com esse conto. A leitura é leve, bem enxuta, com construções fantásticas. Eu só acho que ele é exímio em sua forma, mas o enredo não me capturou.

    Parabéns.

  5. Anderson Henrique
    26 de abril de 2018

    Este conto me capturou por conter uma premissa muito próxima a do texto que eu pretendia enviar, mas que não ficou pronto a tempo (o conto que eu enviei também não ficou lá muito pronto). Minha ideia contudo, não era para o contraste, mas simplesmente trocar o significado dos vocábulos por significações novas. Gostei do resultado. Dá um nó na cabeça, o cérebro querendo entender algo diferente do que o texto está dizendo (ou o contrário). Excelente escolha.

  6. Thata Pereira
    26 de abril de 2018

    Esse conto me fez lembrar um livro que li sobre um lugar onde as pessoas nasciam velhas e viravam bebês até desaparecerem com o passar dos anos. Achei uma ótima leitura, mas o livro era emprestado e nunca mais encontrei. Não lembro o nome do título. Tristeza define o que sinto ao lembrar. Cheguei a mandar um e-mail para a editora dele, nunca fui respondia.

    Bom é um experimento. Tanto é que eu acho que o objetivo aqui não é contar uma história. Tanto que você precisou inserir diversas coisas que pudessem soar contrárias. Claro, seria mais legal se houvesse um envolvimento maior com a história narrada, o que não acontece com êxito. Mas a proposta cumpre seu papel (de me deixar doidinha rsrs).

    Boa sorte!!

  7. Daniel Reis
    26 de abril de 2018

    O texto mais bipolar e paradoxal deste certame. Lembrou em alguns momentos a junção de Anthony Burgess com os experimentalismos concretos de Arnaldo Antunes. Apesar do alto nível formal de experimentação, não consegui me conectar com a narrativa. Mas isso é um temperamento meu… Boa sorte no desafio, e parabéns!

  8. Luis Guilherme Banzi Florido
    26 de abril de 2018

    Boa noiteee! Td bem?

    Tava me perguntando se nao apareceria um conto assim ness3 desafio. Afinal, nao eh soh na forma que da para experimentar, ne?

    O conto eh divertido, e tem bons momentos. Mas devo dizer que senti falta de algum enredo mínimo que servisse de linha de pensamento, mesmo num conto onde o pensamento eh todo maluco e contraditório. O que quero dizer eh q o conto começa e termina e nao passa de um emaranhado de acontecimentos que nao se conectam e nao levam a lugar nenhum.

    Enfim, a ideia eh boa, e o experimentalismo foi bem vindo, mas o conto acaba nao marcando pela falta de uma historia mais palpavel.

    Parabens e boa sorte!

  9. Rubem Cabral
    26 de abril de 2018

    Olá, Calo.

    Então, a brincadeira de escrever frases em aparente discordância, noite com sol, cachoeiras caindo para cima, ter crescido aos cuidados dos filhos, netos e bisnetos, etc., é interessante, mas termina por não construir muito além do desfile de ideias e imagens provocativas.

    Resumindo: ideia bacana, porém não bem desenvolvida, ao meu ver.

    Abraços e boa sorte no desafio.

  10. Luís Amorim
    25 de abril de 2018

    Muita confusao sempre com novas frases inesperadas numa trama que parece visar surpreender o leitor. Acho que tal deve ser propositado pelo autor para confundir o leitor e vejo isso como bastante positivo. O texto tem igualmente muito humor.

  11. Catarina Cunha
    25 de abril de 2018

    Frase chave de hospício: “Espero de todo coração que não entendam..”

    Esse “telefone celular telemóvel” sopra ares de autor português. Talvez nem seja, mas parece.

    Por aqui se faz muita piada com a lógica portuguesa. Uma das que eu mais gosto é do brasileiro que pergunta ao dono português se o restaurante fecha aos domingos. Ele responde prontamente que não. No domingo o brasileiro dá com a porta fechada e, no dia seguinte, vai reclamar com o portuga. Este é taxativo: Como eu poderia fechar se nem abrimos?

    Contei essa besteira porque, no seu texto, a lógica ilógica foi tão bem trabalhada que nos induz a aceitar como verdade. Parece fácil, mas não é não. Escrever esse experimento é difícil porque o cérebro sempre nega o que está produzindo. Não são palavras aleatórias, todo o texto tem sentido.

    Gostei muito. Leitura leve, trama enxuta.

  12. Rsollberg
    25 de abril de 2018

    Fala Viera!

    Esse conto é muito divertido. O leitor vai avançando e salivando pensando na próxima frase. Ou seja, o que mais o autor vai aprontar? A confusão propositada faz o leitor sorrir, pois subverte a lógica que estamos acostumados. Sim, a lógica que está tão enraizada, que já não pensamos sobre. E, não por outra razão, aqui reside o grande mérito do conto, pois faz abandonarmos esses paradigmas para raciocinarmos em cada frase, mesmo diante do absurdo.

    O humor intrínseco da estrutura funciona muito bem, achei algumas frases fantásticas, não as mais surreais que apenas despertam a confusão, mas sim as mais delicadas que constroem com sutileza a narrativa; “Sou um homem muito solitário, não entendo a razão, pois sou muito detestável e inconstante”

    O protagonista apesar de um amontoado de contradições é bem desenhado e desenvolvido. Em determinadas passagens conseguimos visualizar melhor sua personalidade e imagem “Eu, menino franzino, já de poucos cabelos e com um nariz adunco de dar inveja em qualquer papagaio, tinha tudo para ser um desastre. Não vinguei.” e “Optei pelo celibato. A junção do meu caráter investigativo com um intelecto digno de pena davam o que falar, na família.” (favor inverter a ordem das frases)

    Confesso apenas que gostaria de ter visto um diálogo aproveitando essa estrutura toda, creio que iria ficar engraçado e inusitado. Quem sabe em uma outra oportunidade com um limite maior…

    Enfim, parabéns pelo trabalho e volte sempre.

  13. Evandro Furtado
    25 de abril de 2018

    Eu sou apaixonado por paradoxos, mas na medida certa. E acho que nesse caso, passou um pouquinho do ponto. A questão maior é que tem muitas passagens fantásticas, que funcionariam melhor em um texto mais enxuto em relação a essa estratégia. Poderia ter, inclusive, trazer um aspecto surrealista, mas, em vários momentos, ficou apenas inconsistente.

  14. André Lima
    25 de abril de 2018

    Que conto bom. É a verdadeira produção da loucura de forma racional. O texto é tão descompromissado que ultrapassa até mesmo a barreira do surrealismo. E eu simplesmente adoro surrealismo. Aqui foi muito bem construído. O texto é divertido e, ao mesmo tempo, com imagens extremamente cinematográficas.

    Eu odiei o seu texto. Odiei tanto que talvez seja uma das maiores notas que darei nesse desafio… haha.

    Parabéns pelo trabalho! Boa sorte!

  15. Amanda Gomez
    22 de abril de 2018

    Olá,

    Se você queria bugar o leitor, sua proposta foi um sucesso. Li o primeiro parágrafo algumas vezes pra ver se era aquilo mesmo e quando percebi que era a intenção achei muito legal, até então não tinha lido nada parecido.

    O texto é carregado dessas contradições, por assim dizer. Os filhos que viram o pai crescer, os netos, a árvore centenária recém-plantada, achei muito legal me deparar com essas colocações. Além de tudo isso tem o visual. Quando se escreve algo fora do padrão, você deve contar muito com a imaginação do leitor, ou mesmo a disposição dele para se deixar levar por ela. Eu me permitir então foi uma ótima experiência tentar imaginar esse mundo ao avesso que você criou. Algumas coisas só o autor pode explicar, mas mesmo assim dão sentido. Eu não entendi para onde o personagem estava indo ( ou vindo) mas compreendi que essa jornada de chegada ou partida, faz parte do que é o experimentalismo do seu texto.

    Parabéns pelo trabalho, boa sorte no desafio!

  16. Andre Brizola
    21 de abril de 2018

    Salve, Calo!

    Veja bem, o que vou dizer não é exatamente uma crítica. Mas também não é exatamente um elogio. Mas a impressão que eu tive ao ler o conto é a de que a intenção aqui não foi bem contar algo, e sim exercitar a contradição, com a lógica, o argumento, a trama, confrontada o tempo todo com uma ideia imediatamente adversa daquela apresentada em cada frase, ou parágrafo. Funciona como experimento? Funciona.
    Agora, funciona como conto? Funciona! Ficou bom? Aí é que a coisa pega. Não gostei muito, tenho que admitir. Senti que faltou uma liga, mesmo que caótica, juntando todas as partes. Há uma sequência que parece ser lógica (tanto que começar lendo por um parágrafo aleatório não permite o “entendimento” pleno do conto), e ela acaba indo contra a ideia principal do texto. Se é uma contradição intencional eu não sei. Mas achei que contou contra.
    Há tantas indas e vindas com os tempos verbais que não há como saber o que está certo e o que está errado. E nem é minha intenção ficar pinçando os erros. Entretanto, em “Meu filho Arnaldo, sempre tão misterioso. Aquele homem que me viu crescer. Pensei nele e deu uma pontinha de ódio no coração. Família é família. Não tem jeito. Ele sabia do pai que tem, covarde e atrevido”, poderia terminar com “ele sabia do pai que teria”. Teria sido mais interessante, acredito.

    É isso! Boa sorte no desafio!

  17. Ana Carolina Machado
    21 de abril de 2018

    Oiiii. Achei muito bom e criativo. O conto permite que o leitor faça uma viagem muito interessante, achei a viagem ainda mais interessante porque li o conto quando estava na faculdade, entre o intervalo de uma aula e outra, ele me ajudou a me distrair um pouco antes de voltar para a aula. Gostei de como nesse universo do conto tudo é meio que ao contrário, a começar pelo filho que viu ele crescer. Tem momentos em que as construções de frases ficaram muito engraçadas, como aquele em que ele fala do hotel em que ele pagaria uma fortuna para não dormir tão bem, achei tudo muito divertido. Parabéns. Abraços.

  18. Jorge Santos
    21 de abril de 2018

    Conto sobre a loucura. Foi, talvez, o conto mais difícil de ler de todo o desafio. Pelo que percebi, o conto é sobre a imaginação de um homem, que inventa histórias dos bisnetos que nunca terá, porque a mulher não que nada com ele. Foi este o entendimento que fiz do seu conto. O experimentalismo está nas ideias que traz, na forma como aborda a loucura – bastante elegante, que intriga o leitor. No entanto, aconselho o Sr. Calo a melhorar a estrutura da escrita. Ser-se compreendido é essencial. Isso não implica que o texto tenha de directo ou objectivo, mas o leitor não se pode perder sem regresso.

  19. angst447
    20 de abril de 2018

    Que experiência interessante foi ler este conto! O autor preocupou-se em desconstruir cada frase no intento de reverter o significado das palavras.
    O tom divertido da narrativa torna a leitura fluída, sem que o ritmo se perca em passagens desnecessárias, mesmo quando o inusitado deixa de ser novidade.
    Não encontrei falhas, mas também nem as procurei. O caminho invertido da sua narrativa leva a um oceano de quase absurdos. Como não rir?
    Considero o conto como um experimento que resultou em sucesso!
    Boa sorte!

  20. iolandinhapinheiro
    19 de abril de 2018

    Olá, autor!

    MA RA VI LHO SO ! Amei, menino! Eu li o seu conto rindo, e lembrando o tempo inteiro de um livro em dois tomos chamado Textos do Caribe, do meu autor preferido, o Gabriel Garcia Márquez.

    Foi uma ideia ótima que poderia não ter dado certo nas mãos de um autor inábil, mas vc conseguiu dosar humor com uma pegada de realismo fantástico e com uma fluidez espetacular. Como pode um trem bão destes?

    Amiga vc entrou na galeria cintilante dos contos que vão para as notas super-ultra-mega-blaster que eu encontrei aqui.

    Tomara que eu goste de vc, se não gostar, depois deste seu conto aí faço questão de fazer as pazes. hahaha

    Invejei.

    Beijos.

    • iolandinhapinheiro
      19 de abril de 2018

      Correção: “Amigo”, acho que vc é menino

      • Vieira
        23 de abril de 2018

        Acontece. Mas sim, sou menino, desde criança!! 😀

    • Vieira
      23 de abril de 2018

      Oi, Iolandinha!
      Moça bonita, eu tô até meio sem jeito com suas palavras, vc é muito generosa e fico feliz, ou seria infeliz? rsrs que vc tenha gostado.
      Olha, vc gosta de mim sim, mas eu gosto muito mais de vc – rá! -, sou seu fã, dos primeiros na lista de fãs, viu? 😉
      Abraços do seu amigo Vieira

      • iolandinhapinheiro
        23 de abril de 2018

        Ohhhh! Doida para que publiquem as autorias!

  21. Paula Giannini
    19 de abril de 2018

    Olá autor(a),

    Tudo bem?

    O pulo do gato deste conto está na forma como o(a) autor(a) escolheu para (des)contar a sua história, quebrando paradigmas, clichês, a ordem das coisas.

    Dia desses li um artigo de Domingos Pellegrini na Folha de Londrina falando sobre clichês, e agora, lendo seu texto, revisitei-o. Ora, a busca aqui me parece justamente a reversão de tais clichês. Se é um clichê dizer, por exemplo, que o céu é azul, ou que filhos puxaram aos pais, dizer tais coisas ao contrário funcionaria dentro de um texto como uma espécie de reversão àquilo que se faz estabelecido, como que em um tipo de fuga do clichê do tempo como o conhecemos.

    Em sua narrativa o(a) autor(a) reverte não só o tempo, mas conceitos como bom e ruim, agradável e desagradável, o que nos dá prazer e aquilo que não, e por aí vai.

    O interessante nisso tudo é que, embora a leitura se mostre quase cômica, o conteúdo nos faz refletir sobre aquilo que, como nos clichês, consideramos o modo correto de ser, de como vemos o mundo e como este funciona na vida real e dentro da estrutura de um texto.

    Parabéns por seu trabalho.

    Sucesso no desafio.

    Beijos
    Paula Giannini

    • Vieira
      23 de abril de 2018

      Oi, Paula!
      Obrigado pela leitura e pelo comentário tão generoso….eu até vejo pontos no meu conto que não havia pensado, vc comenta – e bem demais – e ainda vê o que há de melhor nos contistas.
      Aliás, devo dizer, sou seu fã!
      Abraços!

  22. Bianca Machado
    18 de abril de 2018

    Olá, autor/autora. Não me sinto em condições de fazer comentários muito técnicos
    dessa vez. Então tentei passar as minhas impressões de leitura, da forma como senti assim que a terminei. Desde já, parabenizo por ter participado!

    Então, vamos ao que interessa!
    ————————————————
    .

    Caramba, que louco! Morri de rir e parecia que quanto mais o texto avançava, mais
    a doideira aumentava. Ou diminuía? Sei lá! kkkk Foi bom ler isso depois do “Marianas”, bom pra secar as lágrimas. Algumas coisas no enredo precisam ser acertadas, pra deixar ainda melhor, talvez um pouquinho menos, pra ser mais, rs. A
    mim não me incomodou, pra falar a verdade, mas não é um texto que agrade a
    muitos, creio eu. Mas foi um belo exercício, está de parabéns, adorei!

    • Vieira
      23 de abril de 2018

      Olá, Bianca Machado
      Que bom que vc gostou, ou seria que ruim? kkkkk
      Vc tem razão, pretendo dar uma enxugada nele, para outros objetivos hehe
      Obrigado mesmo pelas palavras, feliz aqui
      Abraço!

  23. Sabrina Dalbelo
    18 de abril de 2018

    Olá,

    Tenho que te dizer que, de tudo que não li, gostei bastante das palavras usadas.
    Amanhã eu volto aqui e não te conto que um texto como esse, meu bisneto já me dizia, deve ser muito difícil de escrever. Por isso…. hahahahahaha

    É ÓTIMO!
    Eu adorei! E, falando sério, eu ia lendo e lendo e pensando… cara, que difícil de pensar as coisas ao contrário sem parecer bobo ou simplesmente trocar as palavras por antônimos. Dá pra ver que tu trabalhaste as palavras.

    Além de tudo, é uma história bacana, um conto que, por incrível que pareça, é simples, é leve, no conteúdo.

    Destaque para:

    “Sou um homem muito solitário, não entendo a razão, pois sou muito detestável e inconstante” (esse homem está se mostrando nos comentários desse desafio, infelizmente).

    Abração

    • Vieira
      23 de abril de 2018

      Oi, linda Sabrina!
      Obrigado demais pela leitura, pelo comentário, fico infeliz que tenha gostado rsrs.
      Sério, obrigado mesmo 🙂
      Sobre essa parte ““Sou um homem muito solitário, não entendo a razão, pois sou muito detestável e inconstante” (esse homem está se mostrando nos comentários desse desafio, infelizmente).”
      ele está por aqui, mas vejamos o que ele tem a oferecer.
      abraço pra vc!

  24. Cirineu Pereira
    15 de abril de 2018

    A ideia em si me pareceu boa, porém passou-me a impressão de ter sido pouco trabalhada. Pergunto-me, quanto tempo o autor levou para escrever tal conto? Enfim, o caráter experimental foi bem atendido, porém o conto em si, em minha opinião, poderia ter um enredo mais rico. Falta um conflito, uma questão a ser resolvida e, sem isso, as inversões lógicas e temporais que a princípio despertam a curiosidade do leitor passam a repetir-se ao longo da narrativa, perdem o cheiro de novidade e o que resta é muito pouco.

    • Vieira
      23 de abril de 2018

      Oi, Cirineu
      Vc tem razão, penso em desenvolver o conto, numa outra oportunidade.
      Obs: escrevi em 10 minutos, no embalo do trem (é sério)
      Abraço!

  25. Evelyn Postali
    15 de abril de 2018

    Ahahahah foi de enlouquecer! E também de cansar. Caramba! Que doido! Lendo as contradições, precisei parar, porque sempre se busca uma sequência lógica e você mandou bem dando um nó no meu cérebro. Acredito que ele ficaria perfeito com um pouco menos de palavras. Não percebi erros de grafia ou escrita porque me diverti muito lendo. Queria saber como é que isso tudo terminaria, ou não.

    • Vieira
      23 de abril de 2018

      Olá, Evely
      eu pirei de vez nesse conto, reconheço.
      Obrigado pela leitura, pelo comentário também
      Abraçon!

      • Vieira
        23 de abril de 2018

        Evelyn*
        meu teclado ruim 🙂

  26. Priscila Pereira
    15 de abril de 2018

    Olá Vieira!
    Eu amei o seu conto, ou seria detestei?? Kkk
    Eu li sorrindo! Me lembrou um desenho animado, eu ia assistindo as cenas e amando cada quadro que ia se formando na minha cabeça! Você ousou muito, aposto que muitos não irão gostar, mas eu amei!! Está muito bem escrito e apesar de todo o aparente caos, eu percebi algum controle do autor.
    Parabéns e boa sorte!!

    • Vieira
      23 de abril de 2018

      Oi, Priscila, tudo bom?
      Obrigado, querida, fico triste que vc tenha gostado kkkkk
      Brincadeiras à parte, sou bem louco mesmo.
      Abração!

  27. Higor Benizio
    14 de abril de 2018

    Um dos piores primeiros parágrafos dos desafio até agora. Não fosse a obrigação, nem continuaria. Logo de cara isso: “Não sabia que seria uma madrugada chuvosa, mas como nesse mar tudo é possível talvez eu já devesse não ter me acostumado de ser tão ligado” frase engasgada enfim, o primeiro parágrafo é aonde temos que ganhar o leitor… no mais, o conto é uma sucessão de idas e vindas que vao perdendo a graça porque nao levam a lugar algum. Leia o texto “uma bagunça de gotas serenas” aqui do desafio que peca pelas mesmas razões, pra entender melhor o que estou dizendo

    • Regina Ruth Rincon Caires
      14 de abril de 2018

      Misericórdia!!!!!!!!!!!!!!!

    • vvieira@bol.com.br
      14 de abril de 2018

      Caríssimo Higor,
      Como sou diferente do título do conto, não Calo, nem Com Cinto (com trocadilho).
      Pois bem, amei o seu comentário, foi detestável! :/
      E, falando sério, acrescento que deleto totalmente sua diarreia mental, uma vez que não tem nada de construtiva, pelos motivos que preguiçosamente deixarei de enumerar.
      Experimental…hã? Essa palavra diz alguma coisa para tão agressivo – e, acredito – promissor participante?
      Bom, tenha uma boa vida e péssima sorte no Desafio!

    • vvieira@bol.com.br
      14 de abril de 2018

      Voltei!
      Esqueci disso aqui – extremamente grosseiro, man:
      “Não fosse a obrigação, nem continuaria. ”
      Não precisa continuar não, vc só é desclassificado. Mas como precisa, deve, se obriga a continuar, é pq tem um conto daqueles para o desafio.
      Boa sorte, só acho que precisa aprender a usar as palavras (instrumento que pretende utilizar vida afora, quem sabe).

      • Higor Benízio
        19 de abril de 2018

        E eu que sou grosseiro? Tudo bem, mas sinceramente não vejo motivos pra isso tudo.

  28. Ricardo Gnecco Falco
    12 de abril de 2018

    PONTOS POSITIVOS = Primeiramente, fora Tem… Quero dizer, parabéns pela criatividade, Vieira! A começar pelo pseudônimo, que achei genial e extremamente artístico, em uníssono com o tom do trabalho, mesmo sem eira, nem beira… Parabéns!

    PONTOS NEGATIVOS = A persistência de certas ideias apresentadas ao leitor. Explico: percebemos que a proposta do texto é contrariar a lógica, de certo modo. E percebemos isso (pelo menos foi assim com este leitor aqui) já logo quando vemos a descrição da localização do ‘céu’ aparecer como estando “lá embaixo” e, logo depois do narrador dizer que a claridade era tamanha que causava quase a cegueira, o mesmo diz que era uma “madrugada chuvosa”. Então vem o lance das “tradições”, quando o “filho” aparece no lugar do pai e por aí vamos seguindo… No entanto, depois aparecem os “netos”, “bisnetos” etc. E a ‘novidade’ desta lógica-contrária acaba se dirimindo por causa destes tipos de repetições que, em meu entendimento, se mostraram desnecessárias e até mesmo tiraram um pouco do brilho do trabalho.

    IMPRESSÕES PESSOAIS = A ideia/premissa do trabalho é ótima. Brincar com estas inversões pareceu-me realmente uma boa sacada e teriam mesmo surtido um grande efeito caso não houvessem sido exploradas tão em demasia. Mas parabenizo o autor pelo experimentalismo!

    SUGESTÕES PERTINENTES = “Brincar” com a premissa imaginada de forma mais livre, sem a preocupação com o leitor, se o mesmo está ou não “pegando” o sentido da coisa.

    Boa sorte no Desafio!

    • vvieira@bol.com.br
      14 de abril de 2018

      Olá, Ricardo!
      Muito obrigado pela leitura, estou guardando suas sugestões e impressões para futuramente reescrever o mesmo conto – costumo fazer isso.
      É a primeira vez que escrevo – ou tento – escrever algo experimental, me diverti muitíssimo rs.
      Abraço!

  29. Mariana
    11 de abril de 2018

    Essas contradições me atordoaram, buguei várias e várias vezes. Essa subversão das expectativas foi experimental, sem dúvidas. No mais, existe um enredo sobre um homem do espaço, apesar de toda a maluquice. O que é digno de nota, conseguir causar e contar. Parabéns e boa sorte no desafio!

    • vvieira@bol.com.br
      14 de abril de 2018

      Oi, Mariana
      Tudo bom?
      Fico feliz com sua leitura e com seu comentário. pretendo dar um polimento no conto, é bem maluco mesmo.
      Abraço!

  30. Jowilton Amaral da Costa
    10 de abril de 2018

    Não sei porque, mas o personagem do conto me fez lembrar do Louco do Maurício de Souza, que sempre está vivendo situações absurdas em seu mundo de fantasia onde tudo acontece. Essa sensação foi boa. Sinceramente, as contradições usadas no texto me incomodaram um pouco, elas iam aparecendo aos borbotões e perdendo sei efeito impactante, para mim, na media que apareciam. No todo um bom conto. Boa sorte no desafio.

    • vvieira@bol.com.br
      14 de abril de 2018

      Oi, Jowilton!
      Td certo, parceiro?
      Concordo com vc, a maluquice foi jorrando e não parava mais, mas experimentando o experimental eu meio que escrevi em alpha, fora de mim, muito louco (no bom sentido).
      Fico feliz com a sua leitura,
      Abraço!!

  31. Antonio Stegues Batista
    8 de abril de 2018

    O conto é cheio de contradições, que é o enredo proposto. O personagem é de outro planeta com certeza pois ele se diz viajante do espaço. Existem alguns filmes que abordam o tema, o de mundos contrários. Não é uma ideia nova, mas cabe bem ao tema. Está bem escrito, porém a trama poderia ter sido melhor, com uma história mais profunda. Nos devaneios, do narrador, a história se perde. Boa sorte.

    • vvieira@bol.com.br
      14 de abril de 2018

      Oi, Antonio,
      Obrigado pela leitura e pelo comentário.
      Eu não conhecia esse tipo de experimento, acho que é tal da redescoberta…obrigado pelas dicas, vou anotar para uma releitura.
      Abraço!

  32. Regina Ruth Rincon Caires
    8 de abril de 2018

    Leitura divertidíssima! O leitor esboça sorrisos a cada parágrafo lido. Muito legal!

    Neste mundo louco, cheio de regras, que coisa boa é encontrar um texto em que o autor brinca livremente com palavras inversas. Fala e “desfala”, diz e desdiz, enfeita e desenfeita. O tempo passa e “despassa”, a vida segue invertida, as gerações se enroscam numa utopia que enlouquece…

    É um baita texto. O autor tem total domínio da linguagem, brinca com as palavras de modo soberano. Adorei a loucura da construção (ou da desconstrução?!).

    Parabéns pela incoerência do texto, texto doidão!

    Menino, eu remocei 20 anos! O seu texto me fez correr de um lado para outro como se eu estivesse jogando “queimada”!!! Agora, com licença, vou botar as pernas para cima e pensar nas “brincadeiras” engraçadas que li.

    Boa sorte no desafio!

    Abraços…

    • vvieira@bol.com.br
      14 de abril de 2018

      Olá, Regina!
      És sempre querida, doce e ao mesmo tempo atinge o objetivo de comentar com clareza e leveza – dons teus.
      Fico deveras feliz com a impressão causada, e agradeço imenso os elogios, nem sei se sou mesmo digno de tal.
      Adoro você.
      Abraços!

      • Regina Ruth Rincon Caires
        15 de abril de 2018

        Ownnnnn!!!!!!!!!!!!!!!!! ❤

  33. Rose Hahn
    8 de abril de 2018

    Caro Autor, alinhada com a proposta do desafio, estou “experimentando” uma forma diferente de tecer os comentários: concisa, objetiva, sem firulas, e seguindo os aspectos de avaliação de acordo com a técnica literária desenvolvida pelo meu conterrâneo, o Analista de Bagé, a técnica do “joelhaço”:
    . Escrita: Do além-mar.
    . Enredo: Pra lá e pra cá, fui e ainda não voltei.
    . Adequação ao tema: Sem eira, nem beira, totalmente adequado;
    . Emoção: Risinhos de canto de boca em: “todos, no caso, eram meu periquito, o Zeus, e uma coelha chamada Tomásia”.
    . Criatividade: Bagual (Tradução: Porreta. Em Portugal deve ser “lacrou”).

    . Nota: Mais do que vc. imagina.

    • vvieira@bol.com.br
      14 de abril de 2018

      Oi, menina linda!
      Agradeço imensamente os teus comentários, fico contente que tenhas gostado,
      muito obrigado, e um grande abraço do teu amigo Vieira.

  34. Fheluany Nogueira
    6 de abril de 2018

    “Quem cala, consente” é um ditado popular utilizado quando alguém não quer ou não tem coragem de responder algo desagradável (o pseudônimo). Padre Antônio Vieira é conhecido pelos escritos polêmicos e críticos, no estilo barroco-conceptista privilegia a retórica e o encadeamento lógico de ideias e conceitos (o título – com certeza, uma ironia).

    O Jogo Contrários consiste em formar pares de palavras antônimas. Neste jogo há oportunidade de enriquecer a compreensão sobre as palavras ao terem o desafio de colocá-las em relação com outras; há também um trabalho cognitivo envolvido nessa rede de relações que se constrói (ou se exercita), ao se propor uma reflexão.
    Na dialética, a contradição mostra-se importante, na medida em que algo, mesmo existente, pode sempre não existir, há possibilidade de que as coisas que são determinadas de um modo, sob certas circunstâncias, pudessem ser de outra maneira.

    Temos aqui um texto bastante insólito envolvendo todos esses elementos. Atende ao desafio experimental, é divertido e brincalhão, realmente um jogo. Lembrou-me também, assim que iniciei a leitura, o filme “A estranha história de Benjamin Button”.

    Tenho um amigo que faz terapia dos quinze anos até hoje (quase oitenta), porque perdeu a mãe ao nascer e foi deixado aos cuidados da irmã, uns dezesseis anos mais velha que ele. Ela, por estar entediada ou para vingar-se daquela imposição familiar ensinou a ele tudo ao contrário: abrir a porta era fechar a porta, deitar era levantar, cedo era tarde. Quando o pai percebeu foi um rebuliço e um acuda-quem-puder. Meu amigo poderia ser perfeitamente o protagonista na trama que faltou.

    Enfim, parabéns pelo bom trabalho, boa sorte. Abraço.

    • vvieira@bol.com.br
      14 de abril de 2018

      Oi, Fátima!
      Muito boa a oportunidade de ler o teu comentário, que é muito generoso, sempre – e uma verdadeira aula. Gratidão.
      Estou impressionado com a história do teu amigo, realmente hoje eu penso que a arte é que imita a vida, mesmo nos casos mais incríveis.
      Muito obrigado,
      Abraço!

  35. Paulo Luís Ferreira
    6 de abril de 2018

    O não sentido dos contrários. Muito me agrada este tipo de abordagem da literatura, onde o surreal fica nas palavras, tornando as imagens apenas o complemento, agindo exatamente a ação do oposto. Enfim, entre uma coisa e outra sempre se está com o tudo e o nada. O pior de tudo é se acordar morto e não ter como explicar o inexplicável. Muito boa a ideia do conto, atendendo perfeitamente ao desafio experimental, entretanto acredito que se contivesse dentro do contexto minimamente um enredo mais consistente, que não fosse as palavras tão jogadas ao sabor das simples inversões de sentidos daria um ganho maior ao conto. Muito embora, deixando o dito pelo não dito e o desdito, ficou tão bom que ficou meio ruim. Mas por fim ficando ótimo.

    • vvieira@bol.com.br
      14 de abril de 2018

      Oi, Paulo!
      hahaha adorei seu comentário!
      Obrigado pela leitura e pelas palavras,
      Abraço

  36. werneck2017
    6 de abril de 2018

    Olá, Um bom texto non-sense. Bem escrito, divertido, um protagonista em que mesmo nesse universo surreal parece crível. Um conto que cumpre com louvor da proposta do desafio. Para mim, pessoalmente, esperaria que toda sua trajetória se prestasse a um propósito maior. Mas não foi a opção do autor. Nem por isso, menos válido. Boa sorte no desafio.

    • vvieira@bol.com.br
      14 de abril de 2018

      Oi, Sandra!
      Agradeço imenso pela tua leitura e comentário.
      Sim, penso em futuramente aprofundá-lo, dando alguns detalhes que pensei, mas que não encaixaram-se no momento da escrita.
      Sou teu fã,
      Abraços

  37. José Américo de Moura
    5 de abril de 2018

    Achei bom, é como ler de ponta cabeça, ler uma história sem cabeça nem pés. Uma mula sem cabeça ou o sucupira que tem os pés invertidos. As vezes eu quando corro na praia eu gosto de correr de costas, ou chutar uma bola com a canhota, mesmo sabendo que só tenho a direita. Escrever com a m´~ao esqueda ou colocar o relógio no braço direito. Dormir no lado errado da cama, não dá nem para beijar a mulher amada. Valeu pela experiência,
    achei genial,
    parabéns e boa sorte.

    • vvieira@bol.com.br
      14 de abril de 2018

      Oi, José!
      Só tenho a agradecer por tão generoso comentário.
      obrigado mesmo e gostei das suas inversões rs, bem divertido!
      Abraços

  38. Angelo Rodrigues
    5 de abril de 2018

    Caro Calo,

    li o seu conto e a primeira coisa que me veio a cabeça foi uma passagem que assisti sobre Salvador Dalí, já conhecido no mundo das artes, mas nem tanto. (Vou contar a história de lembrança, provavelmente com alguns erros):
    Durante dois meses Dalí ficou urinando sobre uma caneta de metal (metal comum, corrosível, por óbvio). Ao final desse prazo, ele chamou dois caras cobrões em suas áreas. Um deles era especialista em metalurgia e o outro um baita fotógrafo. Então, Dalí pediu a ambos que, com um puta microscópio, buscassem imagens que se haveriam de ter formado no processo corrosivo da urina sobre o metal. Imagens aleatórias, alegóricas, fantasmais, o que fosse.
    Depois de algum tempo pesquisando naquele tremendo microscópio, os dois profissionais acharam imagens fenomenais formadas em decorrência das diferenças de corrosão da urina sobre o metal.
    Foi assim: foi o maior sucesso a exposição daquelas imagens fotográficas. Paris, Londres etc.

    Seu conto me pareceu o que eu chamo de texto de empurra-empurra, onde o leitor é jogado de um lado para o outro em busca de um sentido lógico, dado que há duas correntes de significação (ou “des-significação”): a ilógica temporal e reversão de significados de palavras e conceitos.
    Isso é legal, mas tem riscos.
    Um desses riscos é cansar o leitor, que, não conseguindo aprumar a cabeça no decorrer da leitura, desiste de continuar lendo, tipo aqueles encontros fortuitos, onde o cara (ou a garota) pula para a mesa seguinte em busca de outra garota (ou cara), que mais lhe agrade.
    Comecei bem, achando que seria empurrado pra lá e pra cá, lucidamente. Então parei quando vi a palavra “desertor”, que me fez procurá-la no texto mais uma vez e não encontrei. O desertor havia desertado… do texto. Cheguei ao final sem entender muito bem. Por óbvio, não devo ter compreendido alguma chave que me daria o caminho das pedras. Certamente foi isso.
    Seu texto, como a caneta de Dalí, certamente tem significados ocultos e me faltou um melhor microscópio.

    Parabéns e boa sorte no desafio.

    • vvieira@bol.com.br
      14 de abril de 2018

      Oi, Angelo!
      Tudo bem?
      Só ler teu comentário já vale a participação no Desafio!
      A história de Dalí, totalmente desconhecida para mim, é brutal!
      realmente um gênio, assim eu vejo.
      Anotando os pontos citados, muito obrigado, sempre!
      Abraço

  39. Ana Maria Monteiro
    5 de abril de 2018

    Olá, Calo. Bem, Vieira assentava melhor, devo dizer. O seu conto tem duas linhas, não sei se deu conta disso, se foi propositado ou não. Tem a da contradição quase permanente e a da inversão temporal.
    Esta segunda esteve o tempo todo a criar-me paralelismos (que não existem nem na forma nem na estrutura, mas criou mesmo assim) com “A estranha história de Benjamin Button”; na primeira foi divertido, mas algumas inversões faziam-se necessárias (até mais que outras) e não as incluiu. Nesta frase, por exemplo: “Fazia tempos já, que aqueles seres tão amáveis e fofos, a inocência personificada em irracionalidade só me davam carinho.”, senti falta de que primeiro tivesse apelidado os animais de horrendos e ferozes antes de falar da sua inocência e carinho.
    Em todo o caso, duas linhas concretas de experimentalismo num único conto, uma vez mais não sei se foi propositado, é muito arriscado. Não falo por mim, mas haverá pessoas a ficar “baralhadas” e isso poderá reflectir-se nos comentários e na nota final.
    A sua última frase tem boas possibilidades de se concretizar: “Espero de todo coração que não entendam.”
    Mas penso que entendi e, por motivos bem diferentes, também ficarei ultra-satisfeita quando voltar a poder pagar uma verdadeira fortuna para dormir pessimamente.
    O conto está engraçado, divertido e original. Cumpre o tema proposto. Não apanhei falhas de revisão. Por isso,parabéns e boa sorte no desafio.

    • vvieira@bol.com.br
      14 de abril de 2018

      Oi, Ana Maria!
      Primeiramente, sou teu fã e admiro muitíssimo tua elegância, conhecimento e mais, a forma com que te expressas.
      Li cuidadosamente teu comentário e vou analisar com mais tempo, alinhar algumas passagens, enfim.
      Sobre os bichinhos rs, tive mesmo a intenção de dizer que mesmo sendo fofos e carinhosos, foram considerados detestáveis pelo protagonista.
      Muito obrigado,
      Grande abraço.

  40. Fernando Cyrino.
    5 de abril de 2018

    Olá, Calo Com Cinto. Que loucura é esta que você me apresenta aqui? Acho que quis me apresentar a dinâmica de um sonho, mas te conto que senti dificuldade em navegar por entre esses seus paradoxos e absurdos. Bem, imagino que deva ter alguma coisa bem legal e profunda por trás, até pela qualidade da sua escrita. Mas lhe conto, Calo, que leio, releio, trileio e não alcanço. Será que a chave estaria nesse seu nome? Que é uma criança que só se cala quando agredida pelo cinto paternal? Tentei achar no título algum sentido, e até cheguei a pensar no Padre Antônio Vieira, que foi punido pela sua fala, por não se calar. Ou seria leque, concha, molusco… ornamento dos peregrinos? Daqui uns dias quero retornar para ver se os demais encontraram essa chave perdida que deva dar – imagino eu – todo sentido ao seu conto. Por enquanto, cá estou eu do mesmo jeito que você termina a sua história: sem eira nem beira de entendimento do que quis me passar. Receba o meu abraço fraterno.

    • vvieira@bol.com.br
      14 de abril de 2018

      Oi, Fernando,
      tudo bem?
      Pois não, entendeste muito bem todo o (não) sentido do conto. É bem por aí mesmo, com um experimento louco, passando pelo título e pseudônimo, tudo vem ao encontro do non sense total.
      Obrigada pela leitura,
      Abraço

  41. Fabio Baptista
    4 de abril de 2018

    Mais um conto puxando para o lado surreal (não sei se é a definição exata, mas enfim), numa pegada tipo da música Serenissima da Legião Urbana, onde a sentença atual contradiz a anterior, gerando efeitos às vezes absurdos (no bom sentido), às vezes cômicos (meus momentos preferidos). Aqui o(a) autor(a) conseguiu criar boas situações, engraçadas, a do dedo do meio para agradecer chegou a me arrancar uma risada, por exemplo.

    O problema dessa estrutura, no meu ponto de vista, é que quando tudo é novidade, nada é novidade. Conforme o conto avança o efeito da contradição vai perdendo força, até que chega um momento onde o conto não se sustenta sem uma trama. Infelizmente esse é o caso aqui. Temos apenas as andanças do protagonista, indo de um lado para outro sem muito objetivo, mais para gerar trocadilhos do que para movimentar um enredo.

    O conto é devertido e atende à proposta. Com uma trama mais consistente teria ficado bem melhor.

    Abraço!

    • vvieira@bol.com.br
      14 de abril de 2018

      Oi, Fabio!
      Tudo bem?
      Obrigado pela leitura e por apontar no que há de se melhorar para tornar o conto ainda melhor.
      Fico feliz que vc tenha achado divertido, bom, loucão ele certamente é rsrs
      um grande abraço!

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Publicado às 4 de abril de 2018 por em Experimental e marcado .