O livro sagrado dos Etiléios
Assim eu vi, assim eu ouvi, e assim deixei registrado – por Hératos, o primeiro dos Etiléios.
I – Humanos
Onomatopeia de acidente, parei de chofre. Não cheguei a assustar, afinal o susto está intimamente ligado ao barulho – e há muito tempo eu não ouvia som algum – , mas o balãozinho roxo de “BOOM” que apareceu no canto esquerdo de minha vista me chamou atenção. Preciso de um corpo novo.
Observei a muvuca formar-se rapidamente. Humanos têm com a desgraça a mesma relação que as moscas têm com a merda. Pressentem de longe. Aspiram seu fedor, arrebitando seus narizes e tragando o aroma do desespero. Param de imediato o que estiverem fazendo e batem suas asinhas em direção ao caos, ávidos por botar seus ovinhos da discorda e meter o bedelho na tragédia alheia. É algo que dá sentido a suas vidas fúteis.
Sorri. Adorava confusões, exceto pelos balõezinhos de fala, que abarrotavam minha visibilidade. AI DOnA CLEiDE EU sEMPrE FALo QUE EssES MOTOQueIROS NA-Ão TêM JUÍZo … OLhA LÁ aS CUsTELA TuDO QUeBRAdA … MÃe ELe tÀ MoRRIDO? … É MoRTO qUE FALa MeNINA … MEu ASTOLFo VIvE FaLAANDO QUe NOSsOS JOvE Tà TUdO PeRDIDO …
Regozijavam-se sobre aquele banquete. Enquanto isso, abri caminho pelas fileiras de curiosos. Olhavam para mim e comentavam banalidades. “É, PArECE QuE FOI QUASe QUE MrrrEU nÈ”. Ignorando, falei, em algo que imitasse um som estridente: “AFASTEM-SE, SOU MÉDICO.” As palavras saíam de minha boca em caracteres bem ordenados, diferente da balbúrdia caótica dos balõezinhos da multidão.
Um silêncio reinou no grupo, ansioso pelo desfecho da situação. Apenas reticências me cercaram. “…” “…” “?” “!!” “..”
Incrédulos, observaram enquanto eu despia minhas roupas e me ajoelhava ao lado do rapaz ferido. A situação era lamentável. Após tomar uma fechada de um carro que fugiu sem prestar socorro, o garoto jogou a moto sobre a calçada, atingindo o poste. Encontrava-se alquebrado sobre o concreto, inúmeras feridas e ossos quebrados, o pescoço e as costas numa posição estranha, gemendo, semiconsciente. A moto, como lata de refrigerante pisada, jazia enroscada ao obstáculo que fora incapaz de transpor.
É DoTOr, ESSe SeRÀ Que AInDA TEM ChhhANGE ACHo QuE JÁ FoI NÉ.
O acúmulo de comentários me engoliu, condensando-se, para meu alívio, em ZUMZUMZUM e BLÁBLÁBLÁ. Os humanos são realmente fascinantes.
Experiente, iniciei o procedimento como algo corriqueiro. Abri a boca do sujeito, escancarando de modo incomum (os curiosos podiam ver todos os dentes, céu da boca, língua e amídalas, o que resultou numa série de OHhH! e AhH!) para liberar a passagem. Então, deformando meu corpo de forma gelatinosa, espremi-me abertura adentro, como aventureiro que desbrava caverna estreita.
Desci pela garganta e ocupei o interior, tomando pele e carne como receptáculo. A adaptação é sempre um processo delicado e doloroso. Lentamente, assumi as formas daquele novo lar, adaptando minhas feições, tamanhos, curvaturas, sensações, formas. O corpo humano é mesmo fascinante. CRACK, NHEC, SSSS. Numa sinfonia de estalos e repuxamentos silábicos, foi tomando o molde de minha mente e ganhando novos contornos.
Após retorcer-me num ritual ao qual jamais me acostumei de verdade (a sensação é de AI! e ECA!), levantei-me de forma desordenada, adaptando-me aos novos movimentos. O corpo, destruído pelo acidente, não se mantinha ereto devido ao excesso de fraturas. Assim, assumi uma postura que mais lembrava uma aranha de quatro patas, todas elas tortas e imprecisas. Iniciei uma caminhada cheia de solavancos.
Apesar dos defeitos físicos, o corpo me servia melhor: com o passar do tempo, minha alma danificava de forma irreversível o receptáculo, prejudicando as funções vitais da percepção e alteração de tempo e espaço. Em outras palavras, eu mal me acostumava a um corpo e já precisava trocá-lo.
Revigorado, desvencilhei-me da multidão numa marcha irregular. As pessoas ao redor, a princípio confusas – “ELe SUMiU NUM fOI?” … “OndEE QUe FOi PaRAr” … “TO ImaGINANdO OU ElE FOi ENgOLIDO?” … “VAlhaME DEuS qUE ISssO” –, aos poucos foram esquecendo e deixando o agrupamento, confusas. Os humanos são realmente engraçados, raramente percebem o que de fato acontece à volta, e quando têm vislumbres da realidade, se distraem com muita facilidade e acabam esquecendo. Na ausência de uma vítima quase fatal para comentarem, perderam o interesse e voltaram para sua vida tediosa.
Afastei-me, adaptando-me aos poucos. Com meu potencial mental renovado, recuperei a capacidade de perceber a verdade que se esconde nas entrelinhas das palavras que as pessoas dizem. Andando sem rumo, me divertia em captar trechos de conversas paralelas e perceber as verdadeiras intenções do interlocutor.
– AmIGA EU tENHo UM RANçO DE GeNtE INVEJOsa – comentava (em um balão vermelho vivo e tom dócil) uma jovem de olhar malicioso, caminhando ao lado de uma inocente amiga. —- “eu odeio minha vida, queria ter tudo que é seu” – li por detrás da cortina de fumaça. Nesses momentos, via as palavras claras e lúcidas, sem oscilações.
– NOsA, mEU CHeFE É O CãO ACrEDITa QUE nÂO SAI dO MEu PÈ? – bufou um rapaz alto, enquanto coçava a barba, expressão indignada. —– “se o maldito soubesse que fui eu que matei o cachorro dele, tomaria mais cuidado comigo e me deixaria enrolar à vontade.”
Os humanos são estranhos. Costumam dizer coisas que não pensam, pensar coisas que não dizem, sempre ocultando segundas intenções. É por isso que vivem escondidos atrás de falsas palavras. Mas a essência do que sentem não passa despercebida a si próprios.
Segui minha caminhada, saltando entre conversas falsas em textos ensaiados, até que ouvi uma voz.
II – Maria Etiléia
A voz era suave e pura. Uma voz nítida, capaz de penetrar os recantos de minha alma. Estava ouvindo novamente, depois de eternidades de silêncio. Estanquei entre passos desconexos e olhei à volta. Um brilho atraiu minha atenção. Emanava de uma senhora gorda, com cabelos loiros (em guerra inútil contra a expansão do branco) e óculos grossos de armação pesada. A normalidade de seu rosto ordinário contrastava com a luz que emanava e com o som milagroso que emitia.
Corri em sua direção.
– Olá, meu filho. Você está bem? Levante-se do chão, está todo ferido. Vou leva-lo ao médico, venha comigo – o som cândido tocou-me profundamente. Mas o que mais me impressionou foi que ela me via. Via minhas feridas, percebeu minha anormalidade, importou-se comigo. Lágrimas verteram incontroláveis.
Com uma sensação que há muito não sentia, respondi.
– Obrigado, senhora – e o som fluiu de minha garganta, e todo o universo voltou a pulsar em mim. Os balões sumiram, as onomatopeias deram lugar ao som do vento, ao piar dos pássaros, ao retumbar de meu coração, ao ecoar dos passos. Tudo ganhou vida e pulsação.
Dirigimo-nos até seu carro, estacionado próximo, e ela me conduziu até um hospital. Fomos conversando de forma leve e amistosa. Ao despedirmo-nos, ela apresentou-se: querido, me chamo Maria Etiléia, mas pode me chamar apenas de Etiléia. Lembre-se, a voz autêntica habita as profundezas de cada ser. Basta ser você mesmo, e fazê-la brilhar. Até logo.
Com um sorriso, distanciou-se.
III – Retorno e criação
Estupefato, ignorava os atônitos enfermeiros que encaravam meu corpo detonado. Suas palavras resvalavam em mim, incapazes de penetrar. Percebi que minha busca tinha chegado ao fim. Num espetáculo de luzes e cores, o corpo que habitava contorceu-se, revirando-se no ar e desfazendo-se em chamas. Flutuei alguns metros, até o espetáculo pirotécnico desfazer-se em pó, que se espalhou e difundiu-se até restarem apenas partículas, e das partículas, átomos.
Em poucos instantes, nada mais restava daquilo que outrora fora um corpo acidentado. Cada átomo ligou-se ao universo à volta, retornando à vida e tornando-se o todo. Minha consciência, liberta, flutuou sem limites, adentrando a imensidão do espaço sideral. Livre das amarras da ignorância humana, eu ouvia todos os sons do vácuo, enquanto viajava a uma velocidade inebriante pelo infinito.
Enquanto percorria aquela imensidão, entoava o canto da criação, preenchendo planetas e sistemas inteiros pelo caminho. Até hoje, os ecos daquela canção ecoam infinitas formas de vida por todo o universo.
Após milhões de anos de viagem, cheguei a esse planeta. Um único sapo reinava sobre a solidão, sentado sob a maior pedra no centro do mundo. Raramente coaxava, apenas para anunciar o nascimento e a morte de galáxias inteiras. Cansado da viagem, aterrissei sobre sua larga costa. O animal me recebeu de bom grado, emitindo um único som de aprovação.
Assim, montado sobre ele, reiniciei o canto da criação, e onde até então só existia pó, água e cascalho, surgiram raízes, que se transformaram em caules, que se desenvolveram em imensas árvores repletas de folhas verdes e frutos multicoloridos. Em seus inúmeros troncos brotaram ninhos, dando origem a uma infinidade de pássaros.
O cantar vigoroso e multifacetado das aves incitou a terra a vibrar. De sua vibração nasceram animais em sucessão, e cada um seguiu até encontrar seu espaço, onde aninhou seus filhotes, dançando ao som da intraduzível canção.
Em segundos, todo o imenso planeta pulsava de vida. Por fim, o sapo rei emitiu o mais alto coaxar jamais visto. Da bocarra escancarada emergiram milhares de girinos, que, nutridos pela seiva da canção da criação, espalharam-se pelo vasto território.
Esses girinos seriam os ancestrais de nossa raça, hoje chamada Etiléios, em homenagem a Maria Etiléia, nossa padroeira. E assim, num único instante, as vibrações da vida do universo tomaram forma por meio da canção, expandindo-se infinitamente e gerando vida ilimitada, cada qual, na sua forma própria, abrigando em si o potencial do som maravilhoso, a iluminação inata.
Ao terminar meu canto, acariciei a nuca de meu companheiro sapo e dissolvi-me em direção ao vazio.
Epílogo
Lendas urbana, baseadas no misterioso “Livro Sagrado dos Etiléios”, encontrado numa expedição submarina na costa da África do Sul no século XXI, contam de uma espécie de humanoides híbridos de sapos conhecida como Etiléios, que habitam uma galáxia muito distante.
Segundo essas histórias, cada vez que um Sapo Rei coaxa, o eco de seu som alcança as profundezas da mente de todos que se aproximam, e por alguns instantes as máscaras e filtros de seu discurso despencam. Então, essas pessoas são capazes de liberar sua verdadeira voz. Segundo essas lendas, esse seria o motivo de diversas civilizações terem cultuado os sapos como deuses, ao longo da história.
Porém, sábios antigos, cientes da verdade, diziam que as máscaras da linguagem são a semente do mal, e que toda semente gera raízes profundas. Assim, refutando intermediários, elegiam como seu deus a palavra pura e livre de representações.
Oiii. Achei o conto bem interessante, ele tem várias camadas. Aquela cena em que ele ver as pessoas e ver o que realmente elas pensavam é profunda, principalmente na das duas amigas, pois nos faz pensar em como as aparências enganam. Aquela cena perto do fim que fala do grande sapo que coaxava sempre que surgia uma nova galáxia de da canção geradora deram um ar ainda mais cósmico. Parabéns pelo seu conto e boa sorte. Abraços.
Olá!
Apesar do autor priorizar o enredo a forma do conto ficou muito explicita graças as descrições, realmente você é muito bom(a) nisso, em criar imagens, cenários uma belíssima ambientação… juntando tudo isso ao ritmo frenético da narrativa temos um conto forte.
Confesso que no quis dizer a história.. eu não cheguei lá, fiquei pelo caminho, apesar de entreter, do ritmo ser excelente, sobretudo na primeira parte, não posso dizer que entendi o proposito dela… nem mesmo se era isso que o autor pretendia.
Até fui pesquisar antes o que era etiléios, não sabia se isso existia de fato ou foi invenção sua. A explicação, pelo menos pra mim, foi bem vinda.
Parabéns pelo trabalho, boa sorte no desafio!
Olá,
Muito interessante. O texto é expressado como se estivéssemos diante de HQ e alguém estivesse lendo a história para nós.
E aí é bacana porque é uma história mítica (conforme o epílogo) e é legal pensar em juntar as duas coisas.
O conto está muito bem escrito pois as escolhas das palavras indica um bom domínio da língua. A criatividade é alta e a história é sim muito interessante.
Eu creio que a parte central – não sei bem indicar o que – dá uma amornada no enredo. É como se tivesse coisa sobrando. Mas o texto é muito bom.
Parabéns.
Experimental em forma e conteúdo, esse texto traz o absurdo para o cotidiano. A partir de “Então, deformando meu corpo de forma gelatinosa, espremi-me abertura adentro, como aventureiro que desbrava caverna estreita.”, a história toma forma e rumo, surpreendendo mesmo… porém, a partir da segunda parte, essa pegada se perde e o texto deriva para a Ficção Científica. E, aí, tudo é experimental, né? Mas não surpreendente… O autor correu o risco. Boa sorte!
Primeira parte primorosa, segunda parte concisa e eficiente, terceira parte psicodélica. Já a quarta parte me pareceu destoada tanto no estilo da prosa quanto ao conteúdo. Eu ficaria satisfeita sem uma explicação final. Como leitora assídua de HQ gostei muito do uso da estética dos balões para se referir a diferentes linguagens ou estilos de comunicação. Quando os balões somem é como se o personagem utilizasse a tecla SAP para ouvir o som original – ótima passagem por sinal. Considero o caráter experimental do texto a transformação que o enredo toma.
Outro conto com sapo (eu morro de medo deles). Como as impressões dos leitores são curiosas, esse trecho soou assustador para mim
Um único sapo reinava sobre a solidão, sentado sob a maior pedra no centro do mundo. Raramente coaxava, apenas para anunciar o nascimento e a morte de galáxias inteiras. Cansado da viagem, aterrissei sobre sua larga costa. O animal me recebeu de bom grado, emitindo um único som de aprovação.
No mais, é um conto original, as falas em balãozinho foram uma sacada (se tivesse o gráfico dos gibis, levava pontos a mais), mas o ritmo irregular e a aleatoriedade da coisa tiram um pouco do brilho. Enfim, um original trabalho. Parabéns e boa sorte no desafio
Olá, autor(a).
Eu gostei do conto. O enredo é bem interessante, embora, pelo menos para mim, tenha faltado mais esmero na narrativa. Algumas construções estão genuinamente boas, outras nem tanto. É um trabalho de altos e baixos – destaco aqui a primeira parte da obra que é o seu melhor momento.
Em suma, no computo geral, gostei.
Li o conto ontem e o reli hoje. Contínuo gostando mais da primeira parte e das observações afiadas do narrador quanto os humanos. Será que a minha atenção foi atraída pelo acidente? Terei de refletir a respeito.
Tenho dificuldade de assimilar conteúdo de FC, então me perdoe por não apreciar muito a parte dos etileios. Parece que está tudo bem dividido e explicado como o co achar do sapo, mas eu não consegui alcançar todo o potencial da narrativa. É um conto experimental sim. Boa sorte!
Olá autor(a).
Achei a narrativa confusa, nem entendi a história direito. Você deizou muita coisa para eu imaginar e acabei boiando nessa incumbência.
Resumo: Me parece que é um sapo de outro planeta que entra nos corpos humanos, tipos Os Invasores.
Não vi nada de experimental. Texto confuso. Quando começou a falar que pontos e reticencias circundavam a personagem pensei que seria uma história passada dentro de um App, mas nem isso.
Bos sorte no desafio.
Salve, Hératos!
Temos aqui um bom conto. Embora seja um desafio experimental, eu fiquei satisfeito de ver que você priorizou a história, e não a estética. Os limites do que é ou não experimental ainda me são muito vagos, então não me acho na posição de apontar falta de experimentalismo. Pra mim ele existe nos diálogos e é o suficiente.
Por outro lado, teria sido mais interessante incorporar um pouco mais disso na trama, pois me pareceu que esses dois aspectos tão importantes para esse desafio, enredo e estética (pelo menos pra mim), ficaram desconexos. Sobretudo porque não enxerguei experimentalismo no enredo.
Falando em enredo, achei de muito bom gosto. Essa criação de uma sociedade batráquia, oriunda do nosso cotidiano urbano ficou muito legal. É o tipo de coisa que gosto de ler num conto orientado para a ficção científica.
É isso! Boa sorte no desafio!
Caro Autor, alinhada com a proposta do desafio, estou “experimentando” uma forma diferente de tecer os comentários: concisa, objetiva, sem firulas, e seguindo os aspectos de avaliação de acordo com a técnica literária do “joelhaço” desenvolvida pelo meu conterrâneo, o Analista de Bagé:
. Escrita: Bagual (tradução: porreta. Em Portugal, Lacrou);
. Enredo: O experimentalismo da morte. Novamente sapos, como já disse, não tenho boa relação com esse bicho, deve ser por causa do meu sobrenome;
. Adequação ao tema: Viajandão. Megaexperimental;
. Emoção: “Humanos têm com a desgraça a mesma relação que as moscas têm com a merda. Pressentem de longe”.
. Criatividade: Alta. Sem a parte da criação e o epílogo funcionaria melhor.
. Nota: Sapos me mordam! Um dos mais difíceis de avaliar.
Olá, Heratos. O ponto forte deste conto é o de servir de versão textual de um Manga Japonês ou de uma banda desenhada, como dizemos deste lado do Atlântico. A história é forte, mas bastante confusa. Mesmo assim, quis chegar ao fim da mesma, e como prende o leitor, podemos considerar o texto como sendo bem sucedido. Faltou, talvez, ver a versão desenhada para conseguir compreender a ideia por trás do texto.
Olá, autor/autora. Não me sinto em condições de fazer comentários muito técnicos
dessa vez. Então tentei passar as minhas impressões de leitura, da forma como senti assim que a terminei. Desde já, parabenizo por ter participado!
Então, vamos ao que interessa!
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O narrador personagem foi uma grata surpresa, levou a leitura, que pensei que seria meio entediante quando comecei, não sei o motivo, foi uma primeira impressão. O ritmo do conto está meio irregular, em alguns momentos parece perder o fôlego, só uma observação, nada que tirará pontos em minha avaliação. Posso estar enganada, mas a me ver não tem muito de experimental… Enfim, muito bom!
Olá, Hératos!
Viagem sensacional, me senti numa montanha russa, seu conto viaja na velocidade da luz, com mil informações diferentes que se encaixam e surpreendem (e daí vem o experimentalismo), todas as ocorrências e correrias são esfuziantes -de repente entra numa transcendental, para terminar com o epílogo, que para mim fechou com chave de ouro seu conto.
Arrasou, parabéns e boa sorte!
Olá, Hératos.
Achei que a escolha da primeira pessoa um acerto, dado que, iniciando o texto na perspectiva de Hératos, entendemos logo o que ele é (ou, pelo menos, o que ele não é). O ponto de vista da personagem é bastante imagético, que o diferencia dos humanos, inclusive atestando certo desdém em seu discurso. Da mesma maneira que economiza tempo, também demonstra um bom domínio sobre a narrativa, nos apresentando informações essenciais enquanto a história progride.
Quando aparece Maria Etiléia, o rumo do conto muda. Saímos do momento de “apresentação” da personagem, passando para um momento de “ação”, em que Hératos peregrina pelos cosmos, motivado por uma epifania que o leva direto aos princípios da existência dos universos, iniciando sua própria civilização na garupa de um sapo cósmico cujo coaxar tem potência criadora. O epílogo faz uma última conexão entre os etiélios e os humanos, encerrando o conto em um tom ameaçador. Para mim, foi um bom desfecho, pois liga os etiélios às observações que Hératos fez no começo, sobre as “entrelinhas”. A própria concepção da “verdade” como ameaça expõe a crítica do autor à falsidade das pessoas, dando mais densidade ao texto.
Quanto ao experimentalismo, não o vejo no formato, parecendo um conto comum dividido em seções. O conteúdo é impressionante, principalmente pela clareza com a qual o aborda, cada imagem aparecendo bem distinta na mente do leitor. Mas, apesar disto, não foi algo que me surpreendeu. Veja bem, li apenas uma obra do Lovecraft, há muito tempo atrás, e, para além dele, lembro de ter visto essa temática cósmica em “A Coisa”. Não sou super familiar com a temática cósmica, mas ainda reconheci de primeira e não me deixei levar pela grandiosidade estratosférica das imagens habilmente conjuradas por você. Não deixa de ser um ótimo conto, ainda constituindo uma crítica.
Fala, Herato!
O conto é muito bom. Original no conteúdo e experimental em sua forma.
Tem ótimas reflexões e críticas ao comportamento humano, bem, disfarçadas por um falso fascínio de uma espécie superior. Esse trecho é muito bom: “:Humanos têm com a desgraça a mesma relação que as moscas têm com a merda. Pressentem de longe. Aspiram seu fedor, arrebitando seus narizes e tragando o aroma do desespero. Param de imediato o que estiverem fazendo e batem suas asinhas em direção ao caos, ávidos por botar seus ovinhos da discorda e meter o bedelho na tragédia alheia”
As elipses funcionaram, porém, talvez pudesse ter mais um trecho de ligação, para azeitar melhor para o leitor. O epilogo é crucial, revelando o “sobrenatrural” por trás da estória e dando um toque do melhor da “teoria da conspiração” para o conto.
Afinal, também tenho um cérebro reptiliano.
Parabéns e boa sorte
Amigo!
Adorei o seu conto!
Achei muito experimental e ao mesmo tempo compreensível, acessível, e criativo.
A fluidez do conto é espetacular, criando cenas que gostaríamos de assistir e personagens completamente sedutores.
Vi uma palavra digitada errado, mas foi só. O texto me conduziu pela mão até os seus cenários primorosamente construídos, numa história que não tem nada de previsível. Eu amo realismo fantástico e o seu conto me cativou.
Parabéns e abraços.
Frase experimental: “ Humanos têm com a desgraça a mesma relação que as moscas têm com a merda.”
A parte I me cativou pela velocidade e imagens instantâneas. Gostei dessa ideia de um ser incorpóreo usando o ser humano como roupa. Muito bom. Lembrei do personagem Edgar de “MIB”. A segunda parte achei menos interessante. Tive a impressão que o (a) autor (a) procura voltar para sua zona de conforto do explicável. Depois vem a 3ª parte com voos alucinantes pela gênesis. Nunca mais verei um sapo da mesma forma. E o epílogo considerei formal demais para um desafio experimental. Sugiro reler sem a parte II e IV e ver com outros olhos o resultado. Cabe uma enxugada com toalha felpuda. Tens um diamante para lapidar. Parabéns pelo voo.
Tamanhos de letras diferentes e uma imagem de história como se fosse uma banda desenhada é uma ousadia inovadora para um conto, que não se esquece de retratar relações sociais, com alguma crítica à mistura. Mas talvez fosse melhor aprofundar um pouco mais durante todo o conto aquela imagem de banda desenhada que não se mantém constante até ao fim, pelo menos assim eu deduzi. O enredo também me pareceu um pouco extenso.
Olá,
O texto traz belas passagens em uma escrita muito boa. Confesso que imergi na primeira parte, completamente cativada pela leitura fluente, interessante e que suscitava a curiosidade sobre qual mundo o protagonista falava e sobre o que seria. No reino do HQ tudo pode acontecer, não é mesmo: Há apegada com os balões, os tamanhos diferentes da letras.
Mas o mesmo não se sucedeu com a partes restantes, talvez por incapacidade minha. Boa sorte no desafio.
Minha maior dificuldade com o conto foi a falta de unidade. Temos um primeiro trecho que conta um acidente de trânsito, formulado como se fosse uma história em quadrinhos (descritivamente). Mas parece que o autor esqueceu deste recurso mais pra frente, abandonando a proposta nas duas partes seguintes. A partir daí a narrativa segue um molde mais usual, sem os balões ou recursos alternativos, que ficariam melhor se você realmente tivesse desenhado os quadrinhos e contado a história neste formato (ok, sei que ficaria difícil, mas estou viajando na sua ideia). A parte final me parece o capítulo de algum gênese mitológico. Acho que minha maior dificuldade foi realmente conectar estas partes que parecem destoantes.
Muito boa a mitologia. É um conto comum com algumas piscadelas de inovação. Eu fiquei o tempo todo do desafio pensando no cruzamento: Inovação|experimentalismo. Certo de que chego a conclusão de que:
Inovar é sempre experimentar e nem sempre o contrário é verdadeiro.
Seu conto está no limiar, e por isso, um pouco sem sal na escolha da forma como apresentar os diálogos, embora pareça ser seu trunfo, acho que é seu ponto fraco.. Mas como disse no começo, boa mitologia. Parabéns.
Hératos dos Etiléios, o seu conto faz lembrar as banda desenhadas da Marvel: balões de fala, passagens para um universo fictício, depois para o real e depois o universo mitológico. O sapo faz parte da mitologia mongol sobre a criação do mundo. Gostei do conto. Continue!
Bom diaa, tudo bem, Heratos?
Cara, que conto louco o seu! hahahah
Gostei!
A primeira parte é muito imagética, e as descrições me agradaram bastante. As imagens se formaram de forma muito clara na minha mente, e o recurso dos balões ajudou na criação do ambiente. Gostei particularmente da crítica social implícita, e da forma como retrata as relações sociais e humanas.
O conto tem um ritmo alucinante, e a leitura é agradável e fluida.
O desfecho foi interessante, mas inferior à primeira parte.
Enfim, belo trabalho! Parabéns!
Olá Hératos,
Seu conto é muito louco! No bom sentido…kkk
Eu viajei legal lendo e apreciando a sua imaginação.. você deve ser uma pessoa legal pra caramba…kkk
Voltando ao conto, eu gostei muito, o insólito ficou na medida certa, as situações estão bem exploradas, as notas do “autor” dão um ar de verdade no conto.
Não gosto de comparar, até porque pode ser muita coincidência, mas… Não pude deixar de pensar em Aslan cantando a canção da criação enquanto dava vida à Nárnia. Foi inevitável… E só por me trazer essa recordação já me ganhou ( Eu amo as Crônicas de Nárnia, me julguem).
Um abraço, parabéns e boa sorte!
Olá autor(a),
Tudo bem?
Embora seu conto não nos traga, exatamente, artifícios visuais, ele é extremamente imagético nas narrativas das cenas.
O enredo em si, mesclando nonsense, FC, quadrinhos e até um certo ar de distopia, causa no leitor a estranha sensação de estar assistindo àquilo que lê, em cores fortes, figurinos over e personagens histriônicos (no bom sentido) que, embora sejam futuristas, parecem extraído de algum ponto nos anos 80.
Parabéns por seu trabalho.
Sorte no desafio.
Beijos
Paula Giannini.
Olá Heratos. O que gostei mais no seu conto, foram as inúmeras considerações que foi tecendo, apesar de, pelo menos em uma delas ter discordado: “Os humanos são estranhos. Costumam dizer coisas que não pensam, pensar coisas que não dizem, sempre ocultando segundas intenções. É por isso que vivem escondidos atrás de falsas palavras. Mas a essência do que sentem não passa despercebida a si próprios.” É, penso que em muuuuuitos casos, a essência do que pensam lhes passa despercebida e aí acreditam ser quem não são. Gostei mais da primeira parte que da segunda, mas quase no final, você conseguiu combinar D. Etiléia com a padroeira desse outro universo e a coisa funcionou. Tive a sensação de que uma ou outra palavra foram mal escolhidas (discorda que penso seria discórdia, alquebrado, cujo significado nunca vi no sentido em que o empregou e mais uma ou outra, mas como existem diferenças consideráveis entre o português PT e BR talvez essas dissonâncias encaixem aí). Mas a apresentação da ideia é bastante original e corresponde ao tema do desafio. Além disso, a crítica permeia todo o texto, mas felizmente não vem carregada do comum fel da desilusão. Então, gostei sim. Parabéns e boa sorte no desafio.
PONTOS POSITIVOS = A história em si mesma, que neste conto perpassa vida, morte, transferência de mentes e corpos, e vai até a criação de novos (ou seriam velhos?) mundos. A abordagem de temas como falsidade, inveja, pureza e bondade também trouxeram uma pegada existencialista ao texto muito bem-vinda.
PONTOS NEGATIVOS = A ausência de um experimentalismo mais latente, mais visível, mais presente. Embora hajam alguns pontos e características inovadoras, achei que o trabalho careceu de ousadia, como o tema pede.
IMPRESÕES PESSOAIS = Bem escrito.
SUGESTÕES PERTINENTES = Penso que o trabalho teria ficado bem mais interessante (no sentido “experimental”) se o autor houvesse utilizado outras formas, além da textual comum. Poderia, por exemplo, ter se apropriado de balões (de diálogos), como em HQ’s, para ilustrar as passagens onde o protagonista visualiza as frases ditas pelas pessoas ao seu redor (na forma de imagens entre os blocos de texto).
Boa sorte no Desafio!
Que viagem! rsrs’
Achei a escrita bastante difícil de entender e isso, para mim, não é um defeito, foi um elogio. Pelo que eu entendi, o conto acontece dentro de uma história em quadrinhos? Isso eu achei fantástico, pois você podia ter usado recursos visuais, mas tentou algo novo.
Eu li duas vezes e gostei do Epílogo para expressar a inspiração para o conto, porque provavelmente eu pensaria que tudo veio da cabeça do autor. A primeira parte foi a minha preferida, acho que tudo ficou mais claro ali, mas é uma leitura bastante cansativa é preciso um foto total e uma concentração elevada (pelo menos da minha parte) para entender o conto. Qualquer deslize, você se perde. Por isso, confesso que preferia isso mais curto, mas olha que coisa feia: digo isso exclusivamente pelo meu conforto de leitora. O que, na minha opinião, você não deve levar em consideração.
Boa sorte!
OlAr TAMiRE TD Bem
Na VERdAED O EpILOGo TAMbEM É FICtICIO KKEKEKKeK
NÃO ACREDITO! É A SEGUNDA VEZ QUE ISSO ACONTECE COMIGO! kkkkkkkkkk’
Olá, autor/autora, Aqui estou eu às voltas com seu conto. Sim, sem dúvidas que uma história bem criativa. Conto-lhe que ao reler o conto tive maior clareza do seu enredo. Em alguns momentos precisei retornar para apreender melhor o que me queria apresentar. Gostei do recurso dos balões das histórias em quadrinho. Gostei também da maneira como retratou os humanos, o seu falar e as suas intenções ocultas e o seu anseio pela desgraça alheia. Achei a viagem final muito louca e, quem sabe, para mim pelo menos, precisasse de um pouco mais de detalhamento. A imagem do grande sapo rei parindo milhares de girinos pela boca me soou um tanto estranha, mas, tudo bem, eis que trata-se aqui de um desafio experimental. Bacana. Grande abraço.
Achei o conto médio. A cena em que o humanoide entra pela boca aberta do acidentado e sai andando meio que cambaleando, me lembrou uma cena de homens de preto. Achei meio confuso o enredo, a ligação entre a passagem na terra e a chegada em outro planeta para a criação de uma nova espécie não me apareceu muito bem feita. Achei o conto experimental, principalmente com a inclusão dos balõezinhos na fala dos humanos. Criatividade alta e técnica média, mais por conta da confusão que senti ao ler, não achei uma leitura fluida. Vi um discorda no lugar de discórdia, lá no início do conto. Boa sorte no desafio.
Eu precisei ler duas vezes o conto para me situar, mas porque estava com déficit de atenção. A segunda leitura foi bem melhor. Ele está bem escrito. Não vi erros muito grosseiros. Gostei de como diferenciou humanos e não humanos e gostei da mistura – fantasia/ficção científica. Acho que a experimentação valeu, mesmo não ficando evidente.
Bom conto. Algumas construções ficaram boas, como a ideia dos balões e algumas descrições menos previsíveis, que deixaram a narrativa bem charmosa. Só não gostei de ter colocado este “epílogo”, acho matou o texto. E todo este blábláblá de criação também. Se tivesse mantido a piração da parte 1, sem explicar nada, apenas seguindo em frente para um fim absurdo, o texto seria infinitamente melhor e mais original.
Eu gostei do conto, bem mais da primeira parte, no cenário urbano, do que da segunda em uma viagem de criação de vida anfíbia pelo universo. Mas gostei.
Só entendi o que estava acontecendo quando a criatura “entra” no motoqueiro, daí comecei a achar bem legal e acabei relendo o ínicio, muito melhor aproveitado por mim nessa segunda leitura.
Pensei que a trama ficaria mais nesse âmbito de cidade (já estava com toda aquela ambientação de ruas escuras e becos esfumaçados na cabeça) mas depois do encontro que fragmentou a consciência a coisa muda de modo muito abrupto. Não ficou ruim, mas dividiu o conto em duas peças que não se encaixaram muito bem.
O experimental também ficou meio em segundo plano… apesar de bem viajada (literalmente) a trama é uma boa fantasia/fc e o único diferencial na forma foi o modo de apresentar o diÁLOgO dOS huMAnOs.
Abraço!
Quanta criatividade teve o autor para descrever parte de um texto vivido em uma história em quadrinhos! “Onomatopeia de acidente” – precisei dar uma pausa, erguer os olhos, pensar e compreender o sentido. Muito criativo!
“Os humanos são realmente fascinantes.” – Adoráveis são as críticas sociais, o mergulho quimérico no corpo do acidentado. Espetacular quando fala sobre a atração/necessidade do humano pelo infortúnio. Do turbilhão de bisbilhotice, da futrica. Fantástica a descrição das palavras em caracteres bem ordenados quando “ditas” no equilíbrio do personagem, e a “balbúrdia caótica” da multidão. O registro da fala segue uma lógica de linguagem popular, e é muito interessante observar a alternância de maiúsculas e minúsculas como a formar uma oscilação, feito um teclado em movimento.
E daí em diante a escrita soa em forma de fábula, um emaranhado de fantástico, lendas, mitologia, sem perder a qualidade da narrativa. Texto sinuoso, requer leitura e releitura.
Texto muito bem escrito. Percebe-se que há apenas falha de digitação. O autor tem pleno domínio de linguagem.
Parabéns, Hératos dos Etiléios!
Abraços…
O conto foi extremamente confuso para mim. Ao terminar de ler, diversas perguntas ficaram sem respostas. Não consegui compreender muito bem a natureza do ser narrador da história. O que era? O que ele fez com o corpo acidentado? Como entrou no corpo? Por que via as pessoas falando em balões? Mesmo numa segunda leitura, eu não consegui achar a resposta. Talvez falha minha, talvez fala do escritor.
Então chego a conclusão de que se trata de um texto surrealista. Onde talvez não haja mesmo resposta para essas perguntas, mas isso não ficou claro, o estilo não está bem definido. Quando se vê uma obra surrealista, têm-se CERTEZA de que se trata desse gênero. O conto em questão nos deixa em dúvida.
As imagens criadas são belíssimas, a forma de narrar é de uma técnica interessantíssima. Mas senti falta dessa clareza, para enfim compreender a história.
É um conto muito bom na técnica, mas que para mim deixou a desejar no estilo. De todo o modo, admiro de verdade o escritor.
Abraços e boa sorte no desafio!
Olá, Hératos.
Gostei do conto. Vi o experimentalismo nas representações de falas e pensamentos das pessoas. A história por trás é bastante interessante, com essa mistura de ficção científica e mitos de criação. Lembrou-me um pouco Shikasta, da Doris Lessing (https://pt.wikipedia.org/wiki/Shikasta), um livro que gostei bastante, apesar de geralmente preferir sci-fi hard ao fantasioso.
Gostei da escrita também. Boas as descrições e bem visuais algumas cenas. Apenas vi dois errinhos por acertar: “discorda” x “discórdia” e um erro de concordância em “Lendas urbana”.
Abraços e boa sorte no desafio.
Achei mais fantasioso do que experimental. A primeira parte consegue realmente prender a atenção do leitor e nos brinda com a expectativa de algo realmente experimental, porém a segunda parte se faz fragmentada e me frustrou. Penso que o autor deveria ter investido no contexto HQ inicialmente apresentado.
Parece que a história começa no universo HQ, histórias em quadrinhos onde a fala dos personagens são escritos em balõezinhos, e os sons são onomatopaicos. Em seguida há uma passagem para outro universo, o real e depois o universo mitológico. O sapo, por exemplo, faz parte da mitologia mongol sobre a criação do mundo. Gostei do conto, da abordagem experimental. Boa sorte.
O autor buscou, aqui, novas formas de expressão: construção de cenas interessantes com recursos surrealistas e/ou de histórias de quadrinhos, ares de criação mitológica, personagem-narrador fantasioso. O uso das maiúsculas e minúsculas, nas falas, pareceu-me uma tentativa de imitar a modulação de voz.
O resultado é primoroso, um texto de qualidade, bem estruturado, com passagens poéticas. Ser experimental é conter a maior quantidade de significados com o mínimo de material escrito, porém, sem deixar o leitor perdido, sem o fio da meada — para mim, essa narrativa está muito explicada e fechada. Parabéns pela participação. Abraço.
Talvez o grande problema desse conto foi não ter sido experimentar mais. Há imagens belíssimas, quase surrealistas, descritas, mas isso parece ser tudo. Faltou aquela coisa diferente para se encaixar melhor no tema do desafio.
A história começa sem muitos atrativos e vai melhorando conforme se aproxima o final. Talvez tenha faltado criar uma conexão melhor entre começo e final. A descrição desse mito de criação é belíssima, faltou com que a passagem inicial também o fosse.
A escrita não apresenta problemas, apenas uma questão de pontuação lá no começo, mas que deixei passar por não se repetir. O autor parece ter um estilo bem definido.
Me parece muito longe daquilo que seria um texto experimental no sentido estrito da palavra, pois o que se viu neste trabalho foi um amontoado de incongruências de ideias, num amontoados de intenções não resolvidas. O enredo é confuso e cheio de expressões, que em verdade nada expressa. Mas valeu pelo esforço.
Caro Hératos,
texto bem legal. Distópico, viajante, navega bem pelos trilhos da imponderabilidade. Tem passagens bastante interessantes.
Notei, entretanto, que tudo significa exatamente o que diz, ou seja pau é pau e pedra é pedra.
Não vi, no conto, um significativo distanciamento com subjetivações experimentais.
Não estou a falar da qualidade do conto, que é bem legal, mas do fato de que as coisas como deveriam acontecer na reconstrução cênica e argumentativa, realmente acontecem como esperado.
Passagens como a das moscas foram bastante legais, mas eram moscas. Outras ocorrências como esta aconteceram.
O cara que entra pela boca me lembrou aquela barata do MIB, que se apossa do corpo do sujeito que extermina… baratas. Não lembro bem. Passagem bem legal você construiu, mas, ainda assim, um pouco fora dos trilhos do Experimental, ora dentro, ora fora.
Um conto bem legal, com essas observações, se me permite.
Boa sorte no desafio.
Que loucura velho…O texto ficou um pouco estranho, mas nada de prejudicial para o entendimento, mas ficou realmente um pouco estranho em certas partes, como nos diálogos do primeiro “capítulo”.
Um abração
Pois é, achei muito confuso, gostei muito não, mas quem sabe eu não viajei na literatura experimental do doutor.