EntreContos

Detox Literário.

Esconde-Esconde (Eduardo Selga)

amigo

Quando eu era, eu tinha um amigo invisível. Pessoas aparentes mentiam vê-lo, e sustentavam: trazia a máscara do irmão que eu teria se minha vida tivesse permanecido intacta.

Mas não. Eu me lembro dele, imaginário, autista, algumas vezes escorrendo pelos incômodos da casa grande, atravessando as paredes, gargalhos de louco no mais fundo das noites; noutras vezes, diante de mim, habilíssimas mãos de prestidigitador, esquartejava imagens de um futuro impossível e de uns passados doutras vidas minhas, fazendo do quarto uma fetidez cadavérica.

Foi a babá quem encontrou os quartos do meu corpo no guarda-roupa, onde brincávamos de esconder.

107 comentários em “Esconde-Esconde (Eduardo Selga)

  1. Thayná Afonso
    27 de janeiro de 2017

    Fiquei surpresa com essa narrativa tão bem trabalhada. Dos contos de terror que li aqui, esse com certeza foi o meu favorito. Parabéns!

  2. Gustavo Henrique
    27 de janeiro de 2017

    Não gostei tanto, talvez eu não goste desse tipo de conto. Boa sorte!

  3. Felipe Alves
    27 de janeiro de 2017

    Nossa, eu gostei bastante. Achei a sacada muito boa, mas encontrei alguns problemas no texto. Boa sorte!

  4. andressa
    27 de janeiro de 2017

    Eu gostei, parabéns. Boa sorte!

  5. Sidney Muniz
    27 de janeiro de 2017

    Eu gostei muito desse conto.

    Sim, meu comentário para ele já estava pronto e se perdeu. Cacete!

    Cada uma que acontece. Poxa, adorei a imagem!

    Outra coisa foi a linguagem adotada. O autor(a) aqui fez tudo muito bem feito!

    Nada de exageros, tudo na medida e até suspeito dessa autoria. Te conheço?

    Digo mais, um dos melhores de terror até aqui!

    Então agora é colocar na peneira e ver o que vai dar. Vai ser difícil essa listinha! Boa sorte!

  6. Sidney Muniz
    27 de janeiro de 2017

    E scondeu-se bem. Te conheço? Acho que sim!

    S orri ao ler o conto mais uma vez. Não sei se já comentei ele, mas se o fiz farei de novo com outra percepção.

    C olheu bem os frutos aqui. Gostei da linguagem, o conto flui muito bem!

    O lha, me parece uma pessoa que lê muito, principalmente o gênero em si, pois escreveu de uma forma clássica e o fez com maestria.

    N ão tenho muitas ressalvas,pois é um dos melhores de terror que li até aqui. Gostei dos inúmeros recursos.

    Digo ainda que a imagem é muito boa!

    E u vou marcar esse aqui para pensar se vai ou não para minha lista. Agora a coisa ta apertando! Parabéns!

  7. Renato Silva
    27 de janeiro de 2017

    Um conto de terror legal, mas de narração muito confusa. Logo no começo, percebi um possível erro: “Quando eu era, eu tinha um amigo invisível.”

    Quando eu era o quê? Por acaso, seria “Quando eu era criança (…)”? Após a vírgula, aquele “eu” poderia ter sido suprimido, pois já estava subentendido na frase que era o próprio narrador falando.

    Voltando à narrativa. O narrador fala que tinha um amigo imaginário, mas depois fala do irmão como se este fosse seu companheiro de aventuras. Citou o amigo imaginário para depois falar do irmão? Isso ficou estranho pra mim.

    O tema é bem legal, as descrições, o clima terrificante e a própria imagem. Eu apenas sinto por não ter compreendido seu conto em sua totalidade.

    Boa sorte.

  8. Lídia
    27 de janeiro de 2017

    EITA…
    A imagem casou muito bem com a proposta do micro, fiquei um bom tempo encarando-a porque estava assutada demais com o que tinha acabado de ler (acho que foi essa a intenção).
    Adoro histórias trágicas assim (sou uma pessoa horrível kk).
    Só achei a linguagem incoerente com a faixa etária da criança…
    Boa sorte!

    • Eduardo Selga
      28 de janeiro de 2017

      Lídia,

      A intencionalidade não tem relação imediata com a a qualidade de um texto literário. Assim, se ele tinha ou não a intenção assustar o leitor, isso não significa que o texto seja bom ou ruim. A qualidade precisa ser avaliada a partir de sua organização textual, em sua estrutura. Mesmo porque cada leitor é um universo, o que significa percepções distintas.

      Quando à incoerência na linguagem, é importante dizer que o narrador-personagem narra sua trajetória lembrado-se de sua infância, mas ele não é a representação ficcional de uma criança, e sim a de um espírito cujo corpo morreu na infância, e espíritos não guardam a linguagem insuficiente da infância por muito tempo, segundo o espiritismo, mesmo porque a infância é um processo do organismo humano, não do espiritual.

  9. Paula Giannini - palcodapalavrablog
    26 de janeiro de 2017

    Oi, Callado,

    Tudo bem?

    Um conto de arrepiar. Que medo! Gostei muito de seu jogo com as palavras e seus significados. Um conto maduro e pensado.

    Parabéns por seu trabalho.

    E muito boa sorte no certame.

    Beijos

    Paula Giannini

  10. Jowilton Amaral da Costa
    26 de janeiro de 2017

    Bom conto. Um terror psicológico, que nos pega pela narrativa e as cenas que se criam em nossa cabeça. Assusta. Boa sorte no desafio.

  11. Douglas Moreira Costa
    26 de janeiro de 2017

    Não é um conto que cria empatia, que geralmente é um elemento importante para criar o impacto. Mas o seu final, aquela imagem que se formou na minha cabeça, aquela foto, as possibilidades, e os devaneios dentro do que poderia ter acontecido: isso foi um belo soco na cara. Apesar de eu ter achado um pouco confuso, com algumas palavras estranhas e algumas frases perdidas, eu realmente fui pedo de jeito por aquele final. Previsível, porém ainda sim muito forte.

  12. Poly
    25 de janeiro de 2017

    Gostei bastante dos jogos de palavra, da forma como o conto foi levado até o final, que só poderia ser trágico. FIca a dúvida do que realmente aconteceu, mas acredito que o ponto forte está exatamente em deixar certo mistério.

  13. vitormcleite
    25 de janeiro de 2017

    um texto que precisa de, pelo menos, duas leituras. Muito interessante o jogo de palavras e a escolha que fizeste. Consegues passar a atmosfera de medo. Parabéns pelas qualidades que mostras com esta tua escrita

  14. Andreza Araujo
    25 de janeiro de 2017

    Um conto de terror… aberto! Só pra causar mais terror. Hahaha A escolha da imagem também está aterrorizante. A gente fica sem saber se a criança era inocente, se foi vítima do amigo imaginário dela ou o quê… Também fala do irmão, será que o amigo era o fantasma do irmão? E por que ele mataria a criança? Digo que tenho dúvida sobre a inocência da criança porque ela narra a história com tamanha calma que parece cúmplice. Ou vai ver ela só confiava no amigo-irmão-imaginário-fantasma e passou a ser um fantasma também, pronta para aterrorizar outras crianças e… acho que já está na hora de parar de viajar kkkk Grande conto, abraços.

  15. Pedro Luna
    25 de janeiro de 2017

    Esse conto me lembrou uma série que estou assistindo: Channel Zero. Digo isso porque não entendi muita coisa do conto, e a série também te deixa confuso. Mas, tirando a confusão, tanto um como o outro ganham por terem um clima absurdamente macabro. E esse detalhe dá vida ao conto. No geral, gostei, mas queria ter gostado mais.

    • Pedro Luna
      25 de janeiro de 2017

      Sabe, ainda pensando sobre isso, e como fã de horror, sei que a confusão as vezes faz parte de uma boa obra do gênero.

  16. Rsollberg
    25 de janeiro de 2017

    Um conto de terror na medida certa!
    Foge do sangue e vísceras, da violência gratuita com o intento único de chocar.
    O texto aqui tem classe, ousadia, estilo original.

    Gostei deste trecho, da brincadeira com as palavras ” algumas vezes escorrendo pelos incômodos da casa grande”.
    A imagem escolhida foi o filete de sangue sobre a carne morta.
    Parabéns

  17. Tiago Menezes
    25 de janeiro de 2017

    Um bom conto de terror para o pouco espaço. Entretanto, alguns momentos ficaram um pouco confusos e isso me atrapalhou um pouco. Mas o narrador estar morto foi uma boa ideia. Boa sorte.

    • Eduardo Selga
      28 de janeiro de 2017

      Tiago,

      Talvez o que tenha lhe confundido é que muitas imagens textuais não afirmam taxativamente, elas sugerem, e isso significa entrar no universo pessoal do leitor pela porta dos fundos, não pela varanda cheia de flores. Se ele permitir, é claro.

  18. Wender Lemes
    25 de janeiro de 2017

    Olá! Um conto perturbador, ao menos para mim. A técnica apurada faz com que tenhamos que construir um caminho próprio dentro da narração – tenho certeza de que a experiência, no sentido de entendimento do conto, foi diferente para cada um de nós. Isso é muito bom partindo da proposta dramática/assustadora, pois evidenciamos nossos receios individuais dentro do conto. A palavra está ali, mas o incômodo está em nós, por assim dizer, e a sugestão do medo é mais forte que a imagem em si.
    Parabéns e boa sorte.

  19. Daniel Reis
    25 de janeiro de 2017

    História de horror e sobrenatural com um toque de mistério. Eu gostei do final, da descoberta do corpo. Mas desde o início já sabemos que o narrador está morto. Só não fica claro se o irmão assassino/imaginário existiu mesmo ou era fruto da maldade dele ou de alguém. Agora, na parte técnica, “escorrendo pelos incômodos da casa grande” me incomodou bastante, assim como “fazendo do quarto uma fetidez cadavérica”. Boa sorte, mesmo assim!

    • Eduardo Selga
      28 de janeiro de 2017

      Daniel,

      Por que as frases citadas lhe incomodaram do ponto de vista da técnica?

  20. Andre Luiz
    24 de janeiro de 2017

    -Originalidade(8,0): Um conto de temática comum, porém contado de um ponto de vista diferente.

    -Construção(7,0): Gostei do clima de terror apresentado, mesmo que eu não tenha curtido muito aquele segundo parágrafo. A narrativa me pareceu um pouco inverossímil, infelizmente.

    -Apego(7,0): Não consegui me conectar com o garoto.

    Boa sorte!

    • Eduardo Selga
      28 de janeiro de 2017

      André,

      Então você gostaria de um conto de terror verossímil? Mas a inverossimilhança pertence a esse subgênero do fantástico.

      Quanto ao “conectar-se”, isso é bem curioso, e vez por outra há esse tipo de observação. Ora, eu só vou “conectar-me” a um personagem se, de algum modo, nele houver algo de mim. Logo, considerar a “conexão” um item fundamental significa dizer que apenas o meu universo é válido. E os outros? É preciso, ao ler um texto literário, o esforço de colocar-se na posição dos personagens e, de certa maneira, vivê-los, não esperar que eles sejam o leitor.

  21. catarinacunha2015
    24 de janeiro de 2017

    MERGULHO confuso, meio de lado. Ao saltar felicidade extrema, ao imergir só bola nas costas. Sei lá, não entendi quase nada. E olha que eu sou esforçada. Fluido, belo, envolvente e …volátil. Quase uma mágica vazia. Ao terminar fica só uma névoa sem deixar marcas. IMPACTO fugaz.

  22. Marco Aurélio Saraiva
    24 de janeiro de 2017

    Terror dos bons. O famoso amigo invisível, aqui descrito de uma forma original e um tanto diferente. Gostei muito de como você, diante do limite pequeno de palavras, usou cada uma delas com sentidos diversos. Há muitas palavras aqui que expressam mais de uma ideia, como se houvesse uma narrativa dentro da narrativa do conto.

    Um conto interessante: quase um estudo deste tipo de conto de horror.

  23. Eduardo Selga
    24 de janeiro de 2017

    Uma narrativa na qual, apesar do efeito de terror, cuja eficácia sempre é muito relativa porque depende do leitor (há pessoas assustadiças; há quem nunca teve medo de escuro, mesmo na infância), apesar do efeito, entendo não ser ele o principal elemento dessa narrativa, e sim sua própria tessitura, o modo pro meio do qual o conto é construído.

    Há algo como “palavra surpreendente”, que seria o uso sintático (significado das palavras) e semântico (organização das palavras na frase) pouco usual, trabalhando no sentido de gerar imagens, mas que também pode causar incompreensão, a depender do leitor. É um texto muito imagético, mas não necessariamente no sentido da imagem dita, e sim da sugerida, a que vai sugestionar o leitor.

    Exemplo disso temos em “quando eu era, eu tinha um amigo invisível”. Era o quê? O esperável é um complemento, mas a ausência dele faz o verbo “ser” funcionar na função de “existir” ou “viver”, que não demandam complemento.

    Outro exemplo é “pessoas aparentes”, em que o adjetivo, do ponto de vista denotativo, pode referir-se àquilo que apenas parece ser, mas não é, ou, ainda, àquilo que é visível (um dado relevante num enredo no qual se sugere a existência de um fantasma). Mas a palavra ganha outro significado, sem negar os outros: quando nos damos conta da ambientação doméstica, ainda que fantasmagórica, “aparentes” pode funcionar como um neologismo criado para negar a relação de parentesco, pois “a” pode ser entendido como prefixo de negação (a exemplo de “amoral” e “assintomático”).

    Gostaria de ressaltar um terceiro caso: “escorrendo pelos incômodos da casa grande”, em que o verbo “escorrer” é usado em substituição ao “correr”, em função da natureza fluida ou imaginária do amigo; em que se substitui “cômodos” por “incômodos”, aludindo ao fato de que a casa é um lugar desagradável; em que “casa grande” (habitação de grandes dimensões) sugere “casa-grande” (sede da fazenda no tempo da escravidão), sugerindo, sem afirmar, que o macroespaço ficcional é o Brasil-colônia. Apenas no fim essa sugestão se esvai, com o uso do vocábulo “babá” (no tempo da escravidão institucionalizada o termo era “ama-seca” ou “mucama”).

  24. Leo Jardim
    24 de janeiro de 2017

    Minhas impressões de cada aspecto do microconto:

    📜 História (⭐⭐▫): acho que não entendi completamente. Entendi que existia uma entidade maligna perseguindo o garoto, mas não sei de quem era o corpo no fim: se dele mesmo ou do irmão.

    📝 Técnica (⭐⭐⭐): o maior ponto de destaque do texto é a forma como o autor contou a história, num jogo de palavras bem encaixadas como em “pelos incômodos da casa grande” e em outros locais. No princípio achei que faltava uma palavra na primeira frase (“criança”, talvez), mas depois, dada a dança das palavras, considerei intencional e entendi melhor o significado.

    💡 Criatividade (⭐⭐): consigo essa uma forma criativa de abordar um tema não tão novo.

    ✂ Concisão (⭐▫): acho que faltou um pouco de informação para o conto fechar melhor.

    🎭 Impacto (⭐⭐▫): o conto tem, sem dúvidas, um bom clima de mistério, enfumaçado pelas palavras fora de lugar, montando uma imagem nebulosa e assustadora. O impacto teria sido melhor, porém, se tivesse entendido melhor o final.

  25. Evandro Furtado
    24 de janeiro de 2017

    Bateu um pequeno cagaço aqui. Em relação à narrativa, confesso que não sei o que pensar. Algumas passagens soaram muito bem, outras pareceram um pouco estranhas. O conteúdo é pra lá de bom, assustado pacas. A impressão final foi positiva.

    Resultado – Good

  26. Victória Cardoso
    23 de janeiro de 2017

    Excelente conto de terror – foi um dos que eu mais gostei até agora. Macabro e com suspense na medida certa.

  27. Mariana
    23 de janeiro de 2017

    Macabro. Não consigo pensar além disso, enquanto olho para os lados, incomodada com a possibilidade de presenças invisíveis. Parabéns

  28. Fabio Baptista
    22 de janeiro de 2017

    Os contos de terror mandaram muito bem no desafio.
    Esse aqui, pra mim, foi o melhor. Começando pela escolha da imagem, passando pelas palavras bem utilizadas para dar o clima de estranhamento até chegar nesse final de calafrio.

    Muito bom.

    Abraço!

  29. Fheluany Nogueira
    22 de janeiro de 2017

    Temática, linguagem e título se articulam perfeitamente em um clima de mistério, tensão e medo. O autor parece fazer com o leitor o mesmo jogo que os personagens praticam na narrativa. As palavras empregadas com uma energia polissêmica enriquecem o texto e ocupam todos os cômodos da nossa mente. O desfecho provocou pasmo e comoção. Muito bom trabalho. Parabéns! Abraços.

    • Eduardo Selga
      28 de janeiro de 2017

      Fheluany,

      Gostei de seu comentário nem tanto pelo elogio, ao qual agradeço sinceramente, mas porque você o faz com propriedade (tenho acompanhado suas observações noutros textos), e usa alguma categorias importantes na análise, como polissemia e a relação texto-leitor.

  30. Sra Datti
    22 de janeiro de 2017

    O Narrador-personagem fantasma conta a história de um amigo imaginário, que na verdade, seria outro fantasma; possivelmente, seu irmão em outras vidas, “de uns passados doutras vidas minhas”.. Seriam ecos de um pretérito que se repetiam?
    “habilíssimas mãos de prestidigitador, esquartejava imagens de um futuro impossível ” E mais uma vez, o irmão determina mais um fim.
    Lembrou-me de “Vamos falar sobre Kevin”.
    Na verdade, não faz meu gênero, mas está muito bem escrito, com palavras cuidadosamente escolhidas. Talvez, dê outras leituras.
    Boa sorte.

  31. Bia Machado
    22 de janeiro de 2017

    Conto muito, muito ambíguo. Não consigo me decidir qual explicação é a melhor, ou mais sensata… Acho até que foi intenção do autor/autora: cada um que decida o que melhor lhe convém. Não senti medo, não me criou aquela sensação típica de contos de terror, me lembrou um pouco o filme “Os Outros”. Acho que esse microconto rendia um conto maior. Achei a linguagem bem trabalhada no texto, fosse mais um pouco elaborada e seria cansativa.

  32. Cilas Medi
    21 de janeiro de 2017

    Uma alucinação de muitas outras, constante e intermitente, e, como sempre, com fim trágico, mas, também, escrita de uma maneira linear e uniforme. Gostei do modo com que relatou a infância de muitos seres desconhecidos pelos adultos. A babá chegou tarde demais, infelizmente. Boa sorte!

  33. Tom Lima
    20 de janeiro de 2017

    Tem uma beleza enorme na construção das frases e das formas. Mas eu não gosto de terror, ele sempre falha em me assustar (e é essa a emoção esperada, não é?).
    As lacunas não deixaram eu sentir empatia, talvez alguma pena pela negligencia dos adultos, mas é só. Realmente não ficou claro pra mim o que aconteceu (talvez falha minha) e isso atrapalhou bastante.

    “Pessoas aparentes mentiam vê-lo, e sustentavam: trazia a máscara do irmão que eu teria se minha vida tivesse permanecido intacta.” Essa parte foi a que mais me atraiu, e também a que mais me afastou. O amigo imaginário talvez não seja tão imaginário assim, e as descrições que a personagem faz sejam projeções dele mesmo, o imaginário? É a personagem que lembra dele imaginário, atravessando paredes…

    Enfim, tem sua beleza (incômodos da casa foi muito bom!), mas não me pegou.

    Boa sorte.

    Abraços.

    • Eduardo Selga
      28 de janeiro de 2017

      Tom,

      Obrigado pelas palavras.

      Você disse “realmente não ficou claro pra mim o que aconteceu (talvez falha minha) e isso atrapalhou bastante”. Sim, mas até que ponto a clareza é importante, quanto ao enredo? Um conto não precisa ser claro, o que ele não pode é ser confuso, e para a confusão (não falo de ambiguidade) concorrem ao menos dois fatores básicos: técnica autoral e o universo do leitor.

  34. Estela Menezes
    20 de janeiro de 2017

    De novo. Eu e a minha dificuldade em me “relacionar” com esse tipo de escrita meio obscura (a palavra exata me fugiu)… Uma coisa é um final aberto, que deixa você brincando com diversas possibilidades. Outra coisa é um texto que é preciso ler e reler sem conseguir descobrir do que se está falando… Neste caso, o início é ótimo, o final inesperado, mas absolutamente claro e bem sacado, o problema é o parágrafo do meio, que parece uma pintura abstrata no meio de duas outras figurativas,… Sem dúvida, criou-se um clima, despertou-se a curiosidade do leitor, a escrita é correta, mas fiquei perdida no meio de descrições vagas e imprecisas que não formaram um sentido para mim …

    • Eduardo Selga
      28 de janeiro de 2017

      Estela,

      Não acha isso uma visão muito pragmática da literatura? É necessária a objetividade no texto jornalístico, no artigo, no ensaio. No texto literário não há essa obrigatoriedade, exatamente porque ele é uma manifestação da arte, onde o subjetivo impera.

      Por esse motivo, a sensação de pintura abstrata.

      Com isso não defendo a confusão narrativa, e sim a polissemia, ou seja, a construção textual de modo que permita mais de uma interpretação, todas claras em si, mas que, juntas, causam névoa. Ao leitor cabe, se quiser, dissipar as nuvens pela interpretação e escolher um dos caminhos.

  35. Leandro B.
    20 de janeiro de 2017

    Aos críticos dos comentários abertos, está aí um conto que eu deixaria de apreciar não fosse a discussão dos colegas.

    Claro, mesmo depois disso, posso ter entendido tudo errado. Sobre a entidade ser ou não o fruto da danação da criança, é realmente difícil dizer. Pelo o que entendi, ela já sofreu demasiado em vidas passadas, o que leva a uma grande coincidência cair novamente na prematuridade por conta do acaso humano.

    Mas, ao mesmo tempo, o narrador sabe seu destino e se refere à coisa como “amigo”, embora “louco” e “autista”, sendo que, historicamente, a loucura costuma ser associada com o perigo.

    Fico perdido, mas em um perdido interessante. O terro não me causou impacto, mas o esmero com as palavras valeu o conto.

  36. Amanda Gomez
    20 de janeiro de 2017

    Oi, Callado.

    Olha, parabéns pelo conto, está muito bem trabalhado, você conseguiu algo bem difícil que é contar uma história enorme, em poucas palavras e com detalhes impressionantes.

    A tensão e a melancolia estão presentes em cada frase. De imediato o leitor se apega ao personagem e torce mesmo sabendo que não há mais como, que ele fique bem.

    Há margens para muitas interpretações… a primeira frase.. ”Quando eu era” faz o leitor parar na hora e indagar se é um erro, como o autor pode deixar passar um erro tão aparente? aí vc segue a leitura e as coisas vão fazendo sentido e pensa ” caramba!”.

    Gosto de contos assim, inteligentes, que brinca com o leitor, que lança as dicas, mas elas estão do outro lado do penhasco e pra chegar lá, você tem que pular.

    Não se sabe se esse amigo invisível era uma entidade, ou alguém da família que o torturava, e que outros vaziam vista grossa… pode ser o irmão que morreu.. ou ele tenha morrido antes. Eu gostaria que essa questão da morte tivesse sido esclarecida, mas não diminuiu minha admiração pelo conto, por causa disso.

    Parabéns, boa sorte no desafio!

    • Eduardo Selga
      28 de janeiro de 2017

      Amanda,

      Obrigado pelas palavras. Você é hábil na interpretação, o que significa muitas e qualificadas leituras .

  37. Lee Rodrigues
    20 de janeiro de 2017

    Sabe, Callado, eu gosto desse rebusque, de procurar o que não está nas margens, e adentrar no seu texto foi como passear nos incômodos sombrios do seu persona.
    E bem de verdade, não me acanho em dizer, gostei deveras do fechamento.

  38. Felipe Teodoro
    19 de janeiro de 2017

    Muito bom!

    A linguagem adotada para contar a história combina com o clima obscuro e melancólico do texto, assim como combina com o título, toda a construção parece ser a brincadeira de esconde-esconde com o leitor. Acho interessante que mesmo com a revelação do “não ser mais” logo no início, o mistério continua e buscamos linha por linha entender o que realmente acontece. A cena final fecha com chave de ouro e nos ilustra uma cena bizarra. Excelente trabalho, a gente sente pena, tensão e medo. Parabéns!

  39. waldo Gomes
    19 de janeiro de 2017

    Tem o lance de agradar ao leitor e agradar ao crítico.

    Como leitor, não gostei. A situação é meio confusa, vaga demais.

    Como crítico, tbm não apreciei. As construções não se conectam, há imagens que sobram, outras que são interrompidas, o primeiro parágrafo inteiro é fraco, por assim dizer.

  40. Srgio Ferrari
    19 de janeiro de 2017

    Eu entendi. OH, SIM. Mas vossa sapiência deveria abandonar esse estilão que, mal empregado, obliquo, cagou, digo, defenestrou o insalubre resultado de anterior refeição no desfecho esquartejado que me mostrou.

  41. Simoni Dário
    19 de janeiro de 2017

    Bem escrito e ousado esse conto. O autor esbanja competência. Não gosto do tema escolhido, mas sei reconhecer um talento. Parabéns!
    Bom desafio!.

  42. Priscila Pereira
    19 de janeiro de 2017

    Oi Callado, não sei o que falar do seu conto. O terror não me pegou, (acho que nunca li textos de terror, não gosto do tema, parece que sou imune…kkk) Gostei demais dos seus jogos de palavras. Li, extasiada, cada palavra e decifrando como uma pista e não um texto. A escrita me ganhou, o terror não. Parabéns e boa sorte!!

  43. Fil Felix
    18 de janeiro de 2017

    A princípio, também achei estranho o “quando eu era” e depois fica sabido o porque. Mas há alguma coisa na escrita que deixou a leitura (pelo menos pra mim), travada. Como se a narrativa estivesse indo e vindo, numa confusão. Isso atrapalhou um pouco o fluir e acabei curtindo menos do que gostaria, pois a garotinha que narra como foi localizada (ou os quartos de seu corpo) é interessante.

    • Eduardo Selga
      28 de janeiro de 2017

      Fil,

      Que elementos há, no texto, que sustente sua firmação de que se trata de uma garotinha?

  44. Givago Domingues Thimoti
    18 de janeiro de 2017

    Não sou fã do terror, mas esse conto é bom. Muito bem escrito, muito bem planejado….
    Parabéns Callado!

  45. Gustavo Aquino Dos Reis
    18 de janeiro de 2017

    Callado,

    falhei miseravelmente com a tua obra.

    O enredo não me pegou tanto quanto a sua competência na escrita.

    No entanto, é um trabalho de peso e que carece de um olhar apurado para correlacionar todas as suas entrelinhas.

    Parabéns.

    E sinto, mais uma vez, por ter falhado.

  46. Claudia Roberta Angst
    18 de janeiro de 2017

    Quando li a primeira vez, julguei estar faltando uma palavra na frase “Quando eu era, tinha um amigo invisível.” No entanto, percebo agora que foi intencional. Ele deixou de ser, de existir.
    Esquartejar/ quartos do corpo dentro do armário – Poxa, macabro isso!
    Habilidade no emprego das palavras, economia precisa de explicações. Ritmo ágil, com bastante fluidez.
    Boa sorte,

  47. juliana calafange da costa ribeiro
    18 de janeiro de 2017

    Muito doido esse conto! Filme de terror! Achei o texto um pouco truncado, mas isso acaba se encaixando na loucura dos personagens e faz o conto ser o q ele é. Muito bom, parabéns!

  48. Roselaine Hahn
    17 de janeiro de 2017

    Cara, não gosto do gênero terror, mas vc. me pegou pela jugular, deu arrepios de medo, final primoroso. Achei um deleite a frase ” os incômodos da casa grande”, ela abarcou toda a interpretação incômoda que fiz da sua história. Tá na lista. Parabéns.

  49. Iolandinha Pinheiro
    17 de janeiro de 2017

    O conto é o relato de um fantasma e começa com “Quando eu era (vivo), tinha um amigo invisível. Os adultos fingiam enxergá-lo e atribuíam a ele os traços do irmão do menino. O quadro seguinte conta a relação do menino com o amigo imaginário (na verdade uma espécie de demônio) e das brincadeiras assustadoras dos dois pelos “incômodos” da casa. Ele fala do autismo do amigo, dos truques, dos esquartejamentos (de imagens de um futuro impossível. No fim o menino é de fato esquartejado. A impressão que eu tive, é que o menino criou esta perspectiva de amigo imaginário assassino para não encarar a realidade, que um parente o assassinou, e talvez tenha abusado dele antes. Tudo pode ser. A linguagem maluca ao mesmo tempo instiga e atrapalha a interpretação, deixa o leitor dividido, a gente não sabe se amou ou odiou, ou nem uma coisa nem outra. Não tive medo, e adorei os seus “incômodos da casa”.

    • Eduardo Selga
      28 de janeiro de 2017

      Iolandinha,

      Gosto muito de suas interpretações.

      Que bom que você não sentiu medo.

  50. Miquéias Dell'Orti
    17 de janeiro de 2017

    Cara, gostei bastante. No começo achei um tanto denso demais, mas acho justifica-se pelo que o autor gostaria de transmitir: um clima de forte repressão, quase claustrofóbico.
    Detalhe especial para “os incômodos dá casa..”. Adorei essa.
    E o final? Pu$& mer&$#!

  51. Thiago de Melo
    17 de janeiro de 2017

    Amigo Autor,

    Que história você conseguiu juntar com tão poucas palavras. A cada nova palavra um leque de possibilidades se abria na minha mente. Excelente!
    Senti um pouco de dificuldade em algumas palavras. Fiquei em dúvida se era erro de revisão ou se era de propósito. Por exemplo: “Quando eu era, eu tinha um amigo invisível.”

    A impressão que dá é de um erro, mas, em respeito ao autor, segui na leitura imaginando que o objetivo era dizer que o menino “era”, e que agora “já não é mais”, e eu estava certo.

    Muito bom texto. Parabéns!

  52. Brian Oliveira Lancaster
    17 de janeiro de 2017

    GOD (Gosto, Originalidade, Desenvolvimento)
    G: Além da imagem perturbadora, o texto parece estar escrito ao contrário. Bizarro. Transmite uma sensação incômoda em todo a narrativa. Se o objetivo era esse, acertou em cheio. – 9,0
    O: No entanto, senti uma leve confusão. Trata-se do relato de um morto? É bastante denso, sombrio. Tem um clima de terror embutido, mesmo sem trazer características do gênero. Foi complicado anexar um parágrafo ao outro, mas o destaque vai para as sensações. – 8,0
    D: Escrita um pouquinho truncada, mas que não atrapalha o restante do enredo. Apenas senti falta de algo que me levasse pela história, uma mão de auxílio. Mas, se o objetivo era fazer o leitor se sentir perdido, conseguiu. – 8,0
    Fator “Oh my”: Intrigante. Deixa um amargo ao final.

    • Eduardo Selga
      28 de janeiro de 2017

      Brian,

      Por que a necessidade de haver apenas um sentido para o que se lê? Numa estória podem haver estórias. Algumas, inclusive, percebidas pelo leitor, mas não pelo autor.

  53. Luis Guilherme
    17 de janeiro de 2017

    Uau! Muito muito bom!

    O melhor que li até agora (já li uns 23, acho).

    Adoro terror, e é difícil escrever terror, ainda mais em tão pouco espaço.

    Achei que a escrita tem uns problema de fluidez, mas isso não diminui a grandeza da obra.

    Adorei!

    Parabéns e boa sorte.

  54. Anderson Henrique
    17 de janeiro de 2017

    Estou aqui refletindo para decidir se a ideia foi genial e a execução nem tanto, ou se a execução foi genial e eu não consegui alcançar tudo. Gostei das escolhas de palavras, mas fiquei com a sensação de que faltava alguma coisa. Vou retornar e reler novamente depois, com maior distanciamento para tomar minha decisão. De qualquer forma, gostei da ousadia.

  55. mariasantino1
    17 de janeiro de 2017

    Olha, vou te contar… Fazia tempo, mas fazia muito tempo que eu não sentia medo de alguma coisa lida. Minha nossa! Acho que perdi até o sono (não estou exagerando, tô com o toda que não passa uma agulha).

    Então, obrigada (!) por essa descarga de adrenalina, por me conduzir embaralhada em meio a suas palavras. Sinto que algumas sentenças foram prejudicadas pela digitação (peloamor, eu sei como é isso– e como!).
    O conto começa com clima ameno, mas depois da palavra “autista” é só punhalada por cima de punhalada.

    Parabéns mesmo. Provavelmente seu conto esteja entre os meus favoritos.

    Boa sorte no desafio.

    • mariasantino1
      17 de janeiro de 2017

      toba*

    • mariasantino1
      17 de janeiro de 2017

      Voltei porque fiquei presa no lance dos adultos que fingiam ver o amigo. Bem, seria pelo menino ser autista e, dessa forma o “fingir ver” na verdade denota a falta de atenção? Ora, se houve o dito assassinato, se havia gargalhadas na madrugada e se ele atravessava paredes? Então me veio à mente que o amigo autista assassinou o narrador personagem e que havia muito descaso por parte da família.

      Sei lá.

  56. Vitor De Lerbo
    16 de janeiro de 2017

    A brincadeira do “quando eu era” no início do texto dá o tom do conto, narrado por alguém que “não é mais”. No início, gera confusão, mas no final, tudo faz sentido.
    Esse estilo exige uma grande habilidade do escritor.
    Parabéns e boa sorte!

  57. Victor F. Miranda
    16 de janeiro de 2017

    Não gostei da linguagem. Ela travou a minha leitura, e isso fez com que a carga de suspense diminuísse. Uma boa história, mas acho que poderia ter sido contada de forma mais simples. De qualquer maneira, eu entendi que essa foi a sua intenção ao escrever o texto e você se saiu bem no que se propôs a fazer. Boa sorte.

  58. Thata Pereira
    16 de janeiro de 2017

    Gsuis! Não se deve ler esse conto de noite, ainda mais se você estiver sozinha em casa.

    A falta de explicação na primeira frase me desagradou e aí o conto foi ficando cada vez mais confuso e no fim… ah, o fim. Tudo se resolve. Tenso e ótimo. Senti muitoo medo e isso é muito bom, pois acredito que era a finalidade do microconto.

    E aí, o irmão nasceu depois? Bem que ele(a) poderia assombrá-lo agora hein! Vou parar com isso… rsrs’

    Boa sorte!!

  59. Rubem Cabral
    16 de janeiro de 2017

    Olá, Callado.

    Muito bom o conto: bem escolhidas as palavras, o uso de duplos significados, do mistério do nascimento do fantasma narrador. Impressionante como um texto tão pequeno consegue causar calafrios.

    A escrita foi segura e o desenvolvimento da história, muito satisfatório.

    Nota: 9

  60. Juliano Gadêlha
    16 de janeiro de 2017

    Muito perspicaz. Comecei lendo e sentido falta de palavras, erros em outras, já estava pensando que o texto havia sido escrito com o auxílio (ou desapoio) de um corretor ortográfico. Mas a verdade é que está tudo redondinho, tudo tem uma razão de ser e uma função a cumprir. Muito esmero e cuidado, além de muita qualidade. Conseguiu usar o limite de palavras de maneira invejável, sem deixar nenhuma sensação de que o texto poderia ser melhor se houvesse mais espaço para desenvolvê-lo. Repleto de suspense, cria uma aura carregada de terror para quem lê. Ruim é ler a essa hora. Como dorme agora?

    Ótimo trabalho!

  61. Davenir Viganon
    16 de janeiro de 2017

    A narração onisciente de um fantasma falando de sua própria morte foi excelente! O autor foi feliz na escolha das palavras, fazendo construções muito boas. O resultado: em poucas linhas conseguiu contar a estória, dar ambientação e tensão. Conto acima da média do que tenho lido aqui, ate agora.

  62. Gustavo Castro Araujo
    15 de janeiro de 2017

    Um terror policial muito bem executado. Percebe-se o esmero do autor em dar significado a cada qual das palavras utilizadas, todas se interligando e compondo o cenário de suspense. “Quando eu era, eu tinha um amigo imaginário”. Daí já dá para perceber que o narrador já está morto e rememora, como narrador onisciente, sua própria história. Há certo misto de candura e temor embutidos, na medida em que se atém a aspectos da infância e de certo horror. Descobrir que a criança fora esquartejada “por mãos hábeis de prestidigitador” revela o maior dos temores de quem lê. Realmente, o garotinho não escapou… Também gostei dos trocadilhos, como se vê em “incômodos da casa”, e das metáforas. Melhor ainda é o mistério que permanece ao final, pois não sabemos, de fato, quem foi autor do crime – se de fato uma entidade sobrenatural, ou, talvez, a própria empregada. Enfim, uma ótima concepção, especialmente por se tratar de um microconto. Parabéns.

  63. Tatiane Mara
    15 de janeiro de 2017

    Olá…

    Amigo imaginário, evento sobrenatural.

    Não entendi nada do seguinte trecho : “Pessoas aparentes mentiam vê-lo, e sustentavam: trazia a máscara do irmão que eu teria se minha vida tivesse permanecido intacta.”

    É o morto falando que se tivesse ficado vivo, teria um irmão ? Mas como as pessoas diriam isso pra ele, se ele ainda estava vivo ?

    O restante é bem escrito e tranquilo, chega dar medo.

    Boa sorte.

  64. Laís Helena Serra Ramalho
    15 de janeiro de 2017

    Achei bem interessante a brincadeira sobre quem realmente era o fantasma ou o amigo imaginário. Um conto de terror criativo, que coube muito bem no limite de palavras.

    Só algumas construções que incomodaram de início, como na primeira frase: “Quando eu era,”. Deu a impressão de que você comeu uma palavra, embora no final fique claro que você omitiu para não entregar o enredo (e me fez ficar imaginando o que você quis dizer: vivo? Criança? Alguma outra coisa?). “Incômodo” no lugar de “cômodo” também me causou estranheza na primeira leitura, mas depois achei que foi um jogo interessante.

    Enfim, erros que no fim se revelaram propositais e deixaram a história bem instigante e interessante.

  65. Nina Novaes
    15 de janeiro de 2017

    Conto muito bom!

    Aberto a interpretações pesadas, macabro e meio melancólico, por fim.

    Remete a infância de muitas crianças – não a minha, no caso, não tive amigos imaginários, mas meus filhos tem.

    As trocas das palavras foi interessante pra mim, eu gosto por remeter os dois sentidos em uma palavra só.

    E por ser um conto super aberto que deixa no ar quem matou, quem morreu, que é sã e quem não é. Isso é muito bom por fazer o leitor ler e reler infinitas vezes tentando montar, sem a menor certeza, o cenário que melhor encaixe dentro de suas vivências particulares.

    Parabéns. 🙂

  66. Remisson Aniceto (@RemissonA)
    15 de janeiro de 2017

    Poderia ser somente tétrico e pronto, mas não. É puramente trágico, como indubitavelmente convém a uma pequena ótima trama.

  67. Tiago Volpato
    15 de janeiro de 2017

    Um texto bem construído, com bom uso das palavras. Não é um texto fácil de se ler nem de se compreender e creio que isso vai prejudicar seu desempenho. Um bom texto. Abraços.

  68. Lohan Lage
    15 de janeiro de 2017

    Sombrio e bastante ambíguo. Todavia, a ambiguidade aqui é a chave do negócio. Propositalmente, o autor a trabalhou com maestria, intercalando um jogo de palavras e criando uma aura caótica para o leitor. Bom microconto, parabéns, Callado!

  69. Matheus Pacheco
    15 de janeiro de 2017

    Muito bem escrito, mas me passou a impressão de ser uma série de creepypastas escritas juntas, mas isso não tira seu mérito.
    Um abração amigo.

    • Eduardo Selga
      28 de janeiro de 2017

      Mas o que são “crepypastas”? Segundo o primeiro site que encontrei o sobre o assunto “são escritas de forma envolvente, fazendo com que mexa com a imaginação do leitor. É dificil dizer se uma Creepypasta é baseada em algo real ou não, apesar de sabermos que são apenas histórias para nos entreter”.

      Ou seja, mais uma definição forçada de gênero que a internet molda e a indústria cultural forja.

      Agora, dizer que meu texto tem apenas a intenção de entreter é lamentável, pois entendo a literatura de um modo oposto a isso. Acho que a construção textual mostra isso.

  70. Glória W. de Oliveira Souza
    14 de janeiro de 2017

    Texto sinistro. Fantasmagórico. A temática não me é atrativa. Mas o texto flui bem. Lembra filmes e seriados muito em voga hoje em dia. Também demonstra um tom policialesco. Não consigo opinar quanto ao gênero contista.

  71. Zé Ronaldo
    14 de janeiro de 2017

    Maravilha de microconto, aberto até o tampo! O leitor que trabalhe, que rale para saber quem matou e quem morreu, que decifre a charada se o irmão imaginário era um louco real ou irreal. Se o narrador morreu ou foi morto. Técnica primorosa de escrita, texto bem tramado e elaborado. Perfeição! Já tá na lista!!

  72. José Leonardo
    14 de janeiro de 2017

    Olá, Callado.

    Imagino quem possa ter escrito esse texto. Um autor de outras paragens, com caminho de mar no meio.

    Interessante o jogo com esquartejar — quarto — quartos, este com o sentido da primeira palavra, onde está o desfecho do conto (pelo que depreendi). Tecnicamente, achei um tanto truncado o primeiro parágrafo, embora o segundo seja sublime. No geral, achei muito bom, totalmente mergulhado no mistério. A ilustração é sensacional, me fez lembrar a foto do menino-fantasma de Amityville.

    Boa sorte neste desafio.

  73. Edson Carvalho dos Santos Filho
    14 de janeiro de 2017

    Os trocadilhos são bons e o texto é bem escrito. A loucura transpira por todos os poros do poema. Bem denso, mas sinto que faltou um pouco de leveza para fazer contraponto com tanta densidade. Faltou um ar fresco em algum momento.

  74. Patricia Marguê Cana Verde Silva
    14 de janeiro de 2017

    Ótima linguagem e trocadilhos. Texto sombrio entretanto eloquente.

  75. Luiz Eduardo
    14 de janeiro de 2017

    Vou confessar que não gostei muito do tema e nem de algumas palavras usadas, gerou um pouco de confusão. Todavia, acho que voc~e consgeuiu conduzir a um desfecho inesperado e satisfatório. Boa sorte

  76. Antonio Stegues Batista
    14 de janeiro de 2017

    Gostei do texto, das frase com diferente sentidos. A abordagem do tema foi perfeita. O amigo, que não era amigo, imaginário porque os adultos não acreditavam nas palavras da criança. Bom conto, começo, meio e fim. Estilo diferente, imagens impactantes com um ambiente de terror sufocante.

  77. Bruna Francielle
    14 de janeiro de 2017

    Eu li e reli, esforcei-me e não entendi. Ai agora fui dar uma olhada nos comentários, li como se o personagem já estivesse morto, e ai parece que deu uma clareada. Realmente o tipo de conto que é preciso decifrar, e mesmo assim, algo pode ficar sem ser compreendido.
    A imagem usada para ilustrar aumentou o ”terror” do conto. Sim, acho que serve de conto de terror. “esquartejava imagens”, “quartos do corpo”, aqui entendemos que a criança, aparentemente, fora esquartejada.
    Pelo irmão? Diz que as pessoas fingiam vê-lo, talvez vissem mesmo, e o personagem protagonista é que não sabia (?).
    Enfim, fica realmente bem nebuloso de se entender tudo, algo posso dizer que entendi, e achei bom !

  78. Anorkinda Neide
    14 de janeiro de 2017

    Um conto inteligente, com palavras cuidadosamente estudadas para estarem ali, causando um desconforto no leitor, pq a princípio elas não deveriam estar ali, mas vc lê e vê q foi genial.. mas não tanto.. acho q exagerou um bocadinho.. rsrs
    criou um clima de suspense e terror e deixou a autoria do crime em aberto.. mas gostei desta consciência do narrador sobre o que lhe acontecia.
    um conto original com toda certeza, merece os parabens,

  79. Olisomar Pires
    13 de janeiro de 2017

    Bom conto. E poético. Exemplificando que é possível “contar” com lirismo.

    O jogo das palavras ficou muito bom: “escorregando pelos incômodos”, “esquartejando imagens” , “… os quartos do meu corpo…”

    E o principal: tem uma história, talvez sobrenatural, talvez um homicídio, mas não é só um fato isolado como tenho notado em outros textos.

  80. elicio santos
    13 de janeiro de 2017

    A frase final subentende que o narrador está morto. As elipses e trocadilhos são criativos, mas prejudicam a fluidez da leitura. “Quando eu era,”?

    • Eduardo Selga
      28 de janeiro de 2017

      Elício,

      O óbvio é fluido, pois ele diz aquilo que se conhece ou que se espera. O contrário disso demanda interpretação e seu universo.

      “Quando eu era”? Sim, ele era, não é mais. Verbo ser, no sentido de existir.

  81. Evelyn Postali
    13 de janeiro de 2017

    Sombrio esse texto. Nossa. Funesto. Eu me arrepiei. Gostei de como usou as palavras. Acho que faltou uma palavra na primeira frase, só. Não sei se foi por causa da contagem ou se proposital. Enfim. Um bom conto.

  82. Ceres Marcon
    13 de janeiro de 2017

    Callado!
    Sinistro isso. Amigos imaginários vivem aparecendo na vida das crianças. Um bom texto, que nos leva até o final, sem imaginarmos o que irá acontecer.
    Você usou palavras de duplo sentido. Cheguei a confundir “incômodos” acreditando que você tivesse errado a grafia, depois vi que foi proposital.
    Parabéns!

  83. Fernando Cyrino
    13 de janeiro de 2017

    uau, que bonito. Ficou mesmo muito legal a sua história. Gosto bastante da maneira como você trabalha a linguagem no conto. Bem ousado e criativo. parabéns, gostei muito.

  84. Guilherme de Oliveira Paes
    13 de janeiro de 2017

    Achei excelente, gosto da atmosfera sombria e gostei particularmente da ideia de um narrador já morto.

  85. Vanessa Oliveira
    13 de janeiro de 2017

    Nossa, que intenso! Não gosto muito de histórias sombrias, mas admiro muito quem as escreve. Fiquei confusa em algumas partes, como quem era o amigo imaginário, e se ele era imaginário mesmo. Fora isso, achei interessante.
    Boa sorte!

  86. Sabrina Dalbelo
    13 de janeiro de 2017

    Oi, acho que tu exagerou um pouco nas metáforas. Creio que há substantivos nos lugares de verbos (questão de paralelismo), mas a ideia é boa. Sombria e boa.

  87. Guilherme
    13 de janeiro de 2017

    Sinistro , sombrio… Achei que pecou um pouco pelo excesso de invencionices. Gostei do desfecho. Parabéns, camarada.

  88. Virgílio Gabriel
    13 de janeiro de 2017

    “Quando eu era, tinha um amigo invisível.” Era o que? Criança? Depois algumas palavrinhas me incomodaram um pouco, como trocar cômodos, por incômodos. Mas a ideia é boa, e segue um estilo que aprecio. Parabéns pelo trabalho.

  89. andré souto
    13 de janeiro de 2017

    Bem escrito, leva a ambiguidade até os seus limites.Parabéns.

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Publicado às 13 de janeiro de 2017 por em Microcontos 2017 e marcado .