“E de Extermínio”, do escritor fluminense Cirilo S. Lemos, é um livro sui-generis, no bom sentido da expressão.
Depois de ler um resumo sobre seu enredo e achar graça da capa, que evoca o estilo de ilustrações e panfletos da antiga U.R.S.S., o leitor esperará por um típico romance dieselpunk, por uma trama passada numa realidade histórica alternativa. Quanto a esses aspectos, não ficará decepcionado: professor de história, Cirilo nos brinda com ambientação imersiva e um quadro complexo e bem estruturado desse Brasil onde algumas coisas não ocorreram como nossos livros nos contaram.
O império, ainda que cambaleante, persiste nos anos 30, dirigíveis são o meio de transporte favorito dos ricos e aristocratas, os frutos da Revolução Industrial, que vieram substituir a mão de obra escrava, trouxeram-nos poluição e máquinas, muitas máquinas: robôs, fortalezas voadoras, “vestíveis” de combate. E, acima de tudo, há no livro conspirações por poder e embates ideológicos. Monarquistas versus republicanos, integralistas versus comunistas, e muito mais.
No entanto, se existem na obra os elementos típicos de uma ficção científica retrô, a paranormalidade (?) manifestada pelas aparições a diferentes personagens de uma santa do hiperespaço, de um super-herói de quadrinhos e de um cachorro falante, talvez fizessem o livro se encaixar melhor no escaninho do New Weird.
A ambientação, suja, palpável, a boa construção das personagens principais e a pouco conhecida história da Baixada Fluminense, são os pontos de destaque do livro, isso, além da trama complexa e bem urdida.
Que o leitor não espere, contudo, um livro escapista e leve de aventuras, onde personagens principais nunca se ferem ou mesmo morrem. “E de Extermínio” é muitas vezes um livro duro, onde apenas os mais fortes sobreviverão, onde nem sempre a justiça irá prevalecer.
Parece interessante. Nunca experimentei nada dos gêneros dieselpunk ou new weird, mas interesse não falta.
Muito me interessei!