EntreContos

Detox Literário.

Santo (João Murim)

Ríamos de uma velha piada quando ele levou a cerveja à boca e esvaziou a caneca em um só gole. Com um sorriso intenso e brevíssimo, acompanhou a nossa alegria com ar indulgente. Levantou-se e, sem aviso, comunicou sua decisão:

– Amigos, eu vou embora para sempre.

Um de nós esboçou um questionamento. Alguém ainda tentou dissuadi-lo. Mas ele fez um curto gesto de mãos e se despediu:

– Adeus.

Deixou a porta aberta como se voltasse logo. Alguns pensavam se tratar de uma brincadeira. Miravam o umbral esperando vê-lo retornar risonho e bêbado. Nunca voltou.

Um ano transcorrido e não havia notícias. Sua partida nos transtornava, não conseguíamos desvendar seus motivos. Esvaziamos as canecas como ele havia feito. A porta, ainda aberta, o esperava.

No dia seguinte, construímos-lhe um altar.

59 comentários em “Santo (João Murim)

  1. harllon
    29 de janeiro de 2016

    Apesar do final pouco entendível e deslocado do resto do texto, pelo menos, foi o que eu senti. Gostei bastante do seu conto, principalmente, da forma sucinta e repentina que o amigo vai embora.

  2. Fabio D'Oliveira
    29 de janeiro de 2016

    ௫ Santo (Baltazar)

    ஒ Estrutura: Baltazar mostra que sabe escreve. O texto está esteticamente belo, assim como a narrativa é natural. Ele consegue criar um clima poético em cima da estória, coisa que fica muito bonita.

    ஜ Essência: A estória está um pouco confusa, não o desenvolvimento dela, mas a mensagem que o autor quis passar. Será que ele quis realmente passar alguma mensagem? Não sei.

    ஆ Egocentrismo: Gostei da estória, mas não entendi muito bem o enredo e sua mensagem, se é que ela tem uma. Bem, vale a leitura!

    ண Nota: 8.

  3. Pedro Luna
    29 de janeiro de 2016

    Bom, fiquei dividido. A situação completamente maluca do sujeito se levantar e simplesmente decidir ir embora ficou muito boa e interessante. Confesso que ri até. Mas o altar no final ficou um grande vácuo para mim. Não entendi.

    Conto bem escrito, mas para mim, pecou no fim.

  4. Swylmar Ferreira
    28 de janeiro de 2016

    Texto muito bem construído e escrito, bem criativo. O que pegou foi o final do conto onde me parece faltar a explicação do altar. Mas isso é critério do autor.
    Boa sorte.

  5. Kleber
    28 de janeiro de 2016

    Olá, Baltazar.
    Eis aí um texto mais leve e ironico, que me fez pensar em várias coisas diferentes ao mesmo tempo. Achei inusitada a sugestão ao leitor no final, de que só é incensado aquele que se foi. Em vida, o sujeito pode não valer um centavo furado. Mas, depois que morre ou desaparece, todo mundo é bonzinho!
    Gostei de olhar por esta perspectiva.

    Sucesso!

  6. mkalves
    28 de janeiro de 2016

    li o conto e fiquei com a mesma sensação de “tá, e daí?” que me assaltou em alguns outros; depois li alguns comentários (o q não costumo fazer antes de escrever minhas próprias impressões) e vi que eu seria a única alienígena a não ser tocada pelo texto. Mas é isso… Talvez eu seja uma leitora chata e careta, mas se ao menos eu tivesse tido um vislumbre de quem é esse que decide sumir, ou se seu sumiço tivesse provocado algo mais que uma espera seguida da construção de um altar…

  7. Nijair
    28 de janeiro de 2016

    .:.
    Santo (Baltazar)
    1. Temática: Ausências, idolatrias, libações.
    2. Desenvolvimento: Texto envolvente.
    3. Texto: Bem escrito, gostei da fluidez do discurso.
    4. Desfecho: Altar para quem parte sem dar notícias? O que ele fez para isso, apenas sumir?
    Prefiro quem vive e deixa legado. Os santos possuem histórias de luta, superação – não surgem do nada nem por terem virado fantasmas na memória de quem fica. As ausências precisam de sentido para se justificarem. Quem entende a mente dos ébrios, não é?
    Boa sorte!

  8. Nijair
    27 de janeiro de 2016

    Altar para quem parte sem dar notícias? O que ele fez para isso, apenas sumir? Prefiro quem vive e deixa legado.Os santos possuem histórias de luta, superação – não surgem do nada nem por terem virado fantasmas na memória de quem fica. As ausências precisam de sentido para se justificarem.

  9. Tamara Padilha
    27 de janeiro de 2016

    Um conto bem desenvolvido, muito bem escrito, passou uma mensagem meio dupla, fiquei entre o bar, surgido depois de ler os comentários dos colegas porque até então não tinha pensado nisso, ou então fiquei pensando em ser algo como o inferno, já que tinha a palavra umbral.
    Um tanto misterioso ao extremo, mas acho que esse mistério que deixou o conto muito bom.

  10. Daniel Reis
    26 de janeiro de 2016

    Oi Baltazar, aí vai o meu comentário:

    TEMÁTICA: conversa de bar, uma história coloquial, quase anedota.

    TÉCNICA: adequada, em alguns pontos me lembrou o Luis Fernando Veríssimo ou o Fernando Sabino, escritores que eu admiro muito.

    TRANSCENDÊNCIA: acho que faltou uma pegada final, além do altar – o cara virou santo, porque sumiu e parou de beber com eles? Sei não…

  11. Thales Soares
    25 de janeiro de 2016

    Oi Baltazar. Você escreve muito bem.

    Suas frases conseguiram me manter preso e curioso para saber o que iria acontecer com o cara disse que nunca mais voltaria. E, no final das contas, ele não voltou mesmo. Não entendi ao certo qual foi o propósito do autor, e qual mensagem ele gostaria de ter transmitido com isso.

    Vi que muita gente aqui achou o conto nosense, mas eu não consegui identificar tais elementos. Para mim (minha visão, opinião pessoal), pareceu-me raso.

    Na verdade, quando li pela terceira vez, logo após eu ter escrito minha frase anterior, o texto me pareceu mais atraente e charmoso. No final das contas, acho apenas que o sentimento que a obra me causou foi “confusão”. Mas não uma confusão frustrante e negativa. Mas sim uma divertida, ao estilo “what the fuck?”

  12. Lucas Rezende de Paula
    24 de janeiro de 2016

    Legal o sumiço do personagem, mas pensei que fosse resultar em algo. Não gostei do mistério pelo mistério. Cabia algo mais ai.
    Boa sorte.

  13. Laís Helena
    23 de janeiro de 2016

    Na primeira leitura eu não entendi, talvez porque tenha esquecido do título na pressa de começar. Mas o título se mostrou uma parte importante, que vai além de identificar esse conto entre os demais.

    O motivo de ele ter virado um santo ficou à escolha do leitor. Acharam que ele era especial por ter desaparecido sem dar explicações? Por que depois de sumido os amigos só se lembraram daquilo que ele fez de bom, e perceberam que era digno de nota? Ou será que sua tarefa era apenas ensinar-lhes e, findada a lição, ele não tem mais por que estar entre eles? Acho que esse tipo de história, com pistas ocultas no próprio texto, funciona muito bem em contos curtos, especialmente se bem feita.

    Só achei que esse “dia seguinte” ficou um pouco confuso, especialmente abaixo do parágrafo onde é informado que um ano se passou. Imagino que eles tenham se reunido novamente um ano depois, e no dia seguinte dessa nova reunião, construíram o altar.

  14. Renato Silva
    22 de janeiro de 2016

    Achei o conto interessante, mas senti falta de “algo”. Como o limite de palavras é muito pequeno, sei que este algo não é culpa do autor.

    Bem interessante um homem que tá lá, bebendo sua cervejinha, simplesmente se levanta e diz “Vou embora”. E ele simplesmente vai embora e não volta. Fica o mistério, tanto para os seus amigos quanto para nós, leitores.

    Ficou bem escrito, você usou bem as palavras. Frases curtas.

    Achei a última frase estranha. No dia seguinte a quê? Seria um dia depois de completar um ano de sua partida ou um dia após os amigos terem se reunido para beber, após um certo tempo sem se ver?

    Eu não acho que ele tenha morrido.

    Boa sorte.

  15. Mariana G
    22 de janeiro de 2016

    O conto é ótimo.

    Juro que na primeira vez que li não percebi a alusão religiosa, então pensei que era um altar para um morto, como fazem lá no Japão por exemplo, ou uma despedida sem defunto. O que me fez pensar na frase: ”A dor é para os vivos.”, mas que no caso desse micro-conto fica como ”a dor é para os que ficam”, que por sua vez também dá margem para reflexões bacanas.
    Quando percebi a alusão religiosa me soou estranha, mas não desagradável, ou seja, mesmo com duas percepções diferentes o texto não muda de qualidade, e isso é um bom feito.
    Parabéns e boa sorte!

  16. Marcelo Porto
    22 de janeiro de 2016

    Um bom conto.

    E essa conclusão, hein? Realmente não sei bem o que dizer. É uma alusão a Cristo? Esse altar pode ser uma mesa de bar, onde se reúnem para falar do saudoso amigo?

    Enfim, um bom conto. Bem escrito e que nos faz pensar.

    Parabéns!

  17. Piscies
    22 de janeiro de 2016

    Gostei do tom crítico do texto. Ele narra, realmente, a tendência humana a adorar qualquer coisa diferente. Se o homem teve a coragem de simplesmente sumir após um gole de cerveja, ele deve ser venerado de alguma forma.

    É claro que ele é um pouco mais profundo, mesmo sendo narrado em tom brincalhão. Como são feitos os santos? De onde saem os nomes dos homens e mulheres que respeitamos e adoramos sem nem mesmo conhecermos?

    Quem foi aquele homem? Não sei, mas se ele ainda estivesse entre os amigos, teria um altar? Se não, o que faz de um homem um santo? Sua coragem de realizar o que ninguém nunca realizou? As pessoas que ele conhecia e ajudou?

    Eu sei que não parece, mas é um conto para refletir. Parabéns!

  18. Anorkinda Neide
    22 de janeiro de 2016

    Achei o texto seco e direto, sei q o limite blablabla.. rsrs
    Vi dois caminhos de interpretação, algo religioso, como o Messias que compartilhou com os amigos por um tempo e foi embora, sendo adorado desde então… e/ou a velha máxima: todo morto vira santo.
    .
    qualquer das duas cabe e não cabe ao mesmo tempo, pela crueza e rapidez do texto, eu senti assim, nas várias releituras que fiz.
    O texto é bom, mas pra mim faltou um quê! uma mágica!
    Abração

  19. Miguel Bernardi
    21 de janeiro de 2016

    E aí, Baltazar. Tudo bem?

    Aqui está um conto curto que consegue dosar bem um enigma e dar um final ao mesmo, ainda que não definitivo. Fica a dúvida do que aconteceu, em meio à ótima qualidade da escrita apresentada, e ao remorso no final… construíram-lhe um altar, ao que se foi, pois acharam que estava brincando. E se alguém o tivesse seguido..?

    Adorei.

    Um grande abraço!

  20. Jef Lemos
    20 de janeiro de 2016

    Olá, Baltazar.

    Gostei do conto. Assim como o dos estranhos que se encontram no terraço, esse deixa margem para muitas interpretações. E eu opto pelo fantástico. Talvez ele tenha atravessado um certa Porta e ido parar em algum lugar distante. Outro universo. Outra dimensão ou seja lá o que for. O clima que você criou com a narrativa também é bem aconchegante. O final foi o que menos me agradou, mas também não foi ruim.

    Parabéns e boa sorte!

  21. mariasantino1
    19 de janeiro de 2016

    Oi, autor.

    O nome me fez ligar o texto a Jesus Cristo. Achei excelente o clima enigmático que você deu ao conto e as interpretações variadas para as atitudes. A criação do altar foi a forma dos amigos manter aquele que partiu junto deles, talvez para que eles mesmo pudessem seguir adiante. Enfim, nada do que eu disser será inédito ao que foi dito pelos colegas que interpretaram como uma simbologia religiosa.

    Muito bom.

  22. Tom Lima
    18 de janeiro de 2016

    Me pareceu um grande simbolo. Um convite à interpretação.

    Por que foi embora? O que deixou pra trás? Porque se tornou santo entre os que ficaram?

    Novamente muitas perguntas, mas de uma forma boa.

    Muito bem executado, gostoso de ler e de se pensar sobre.

    Muito bom! Parabéns!

  23. Fil Felix
    18 de janeiro de 2016

    Sempre bom um conto que dá margem para diversas interpretações. A palavra “umbral” no texto me levou pra outros planos que acabei deixando de lado toda a coisa de amizade. Apesar de ser, literalmente, uma despedida e a partida da personagem pela porta, pra mim foi como descrever a morte. Algo quase espírita, em que a alma se despede, como se estivessem num quarto e ele, deitado numa cama. E mesmo se passando tanto tempo, os amigos não conseguiram entender essa partida, a morte. Devido ao título e ao altar, dá a entender que pode retratar um personagem importante, ou como “nascem” os santos.

    Viajei bastante! Isso é ótimo. Além disso está bem escrito e estruturado, só achei um pouco estranho a parte final. Passa-se um ano e depois há o dia seguinte (que não entendi se era o dia seguinte a partida ou não).

  24. vitormcleite
    18 de janeiro de 2016

    olá e muitos parabéns, gostei da tua escrita, do desenvolvimento da trama e de toda a acção. Muitos parabéns e boa sorte. Nós cá em Portugal dizemos que é preciso morrer para ser boa pessoa, parece que segues esse principio.

  25. Wilson Barros Júnior
    18 de janeiro de 2016

    Muito boa a história, muito sugestiva, como alguém já disse. Muito bem realizado, ocultando mais do que mostra. O fantástico e o inusitado foram bem realizados. Um excelente conto, parabéns.

  26. Brian Oliveira Lancaster
    18 de janeiro de 2016

    BODE (Base, Ortografia, Desenvolvimento, Essência)

    B: Texto curioso, lembrando aquelas velhas conversas de tabernas de rpg. – 9
    O: Eficiente em transmitir as emoções, mesmo que o final tenha ficado um tanto obscuro (não vi motivo suficiente para construírem um altar). – 8
    D: O suspense e as informações cotidianas deram um bom tom à introdução da história. O texto inteiro nos deixa pensando nas atitudes do protagonista, o que é muito bom, mas não curti muito o final em aberto. – 8
    E: Uma entrada e uma saída. A metalinguagem se encaixaria bem aqui. – 8

  27. Daniel
    18 de janeiro de 2016

    Achei que o texto se encaixou perfeitamente na proposta do desafio: uma micro-história dentro de um micro conto. Além disso, o desfecho me decepcionou em um primeiro momento. Mas três segundos de reflexão depois e achei o desfecho genial.
    Parabéns!

  28. Jowilton Amaral da Costa
    18 de janeiro de 2016

    Um conto que faz o leitor viajar nas interpretações, acho isso muito bom. Quem seria este amigo de que causou tanta falta, a ponto de se fazerem um altar em sua homenagem? Alguém, com certeza, que era admirado, ou passou a ser, pela coragem de abandonar convívios sociais. Viajei legal. Muito bom. Boa sorte.

  29. Bruno Eleres
    17 de janeiro de 2016

    O texto foi bem escrito, mas a ideia não foi cativante o suficiente para mim perto das outras do desafio.

  30. Andre Luiz
    16 de janeiro de 2016

    Eu achei muito simbólica a representação da amizade que você retratou em seu conto, principalmente pela reação dos amigos ao construírem um altar para o amigo perdido/morto, representando para eles a real “morte” de sua amizade. De certa forma, é bastante melancólico, e acabou revelando-se também belo e poético. Boa sorte!

  31. Simoni Dário
    16 de janeiro de 2016

    Estranho comentar aqui, porque o conto não me consquistou. Achei que os demais captaram alguma coisa que nào consigo pegar, achei vago demais, vazio demais, e não porque não goste de completar lacunas, mas achei o enredo meio sem sal, desculpa autor, estou meio sem graça em ser do contra. A escrita é ótima, narrativa excelente, confesso que fiquei com pulgas atrás da orelha, mas foi só. Talvez falte-me experiência para captar alguns contos mais elaborados.De qualquer forma, parabéns e boa sorte no desafio!

  32. Evandro Furtado
    16 de janeiro de 2016

    Fluídez – 10/10 – sem erros, sem problemas, texto dinâmico;
    Estilo – 10/10 – narrativa simples mas bem estruturada;
    Verossimilhança – 10/10 – trama bem traçada, personagens bem desenvolvidos;
    Efeito Catártico – 10/10 – fiz beicinho aqui, o que em linguagem corporal significa: “que final foda!”.

  33. Fabio Baptista
    16 de janeiro de 2016

    Não sou muito de analisar “símbolos” e metalinguagem, porque não sou capacitado para isso. Mas aqui fiquei com impressão de ter visto algo nesse sentido e não faço ideia se foi intenção do autor (acredito que foi), mas acabou me conquistando.

    Esse lance do altar é mais ou menos aquele negócio de “depois que morre vira santo”, foi assim que interpretei. No caso, aqui, não foi a morte em si, mas uma despedida definitiva do mesmo jeito.

    Gostei!

    Abraço.

  34. Leonardo Jardim
    16 de janeiro de 2016

    Minhas impressões de cada aspecto do conto antes de ler os demais comentários:

    📜 História (⭐⭐▫): qdo terminei de ler fiquei com sentimento de incompletude. O título e o altar deram uma dica: santificaram ele pelo desaparecimento inexplicado? Fiquei com dúvidas em relação ao objetivo do autor.

    📝 Técnica (⭐⭐▫): boa, não encontrei nenhum erro que travasse a leitura.

    💡 Criatividade (⭐▫▫): não vi nada de muito novo aqui.

    🎭 Impacto (⭐▫▫): talvez o texto tenha alguma mensagem escondida, mas como não consegui captar a essência, fiquei boiando.

    • Leonardo Jardim
      16 de janeiro de 2016

      Percebi algumas nuances lendo os comentários. Reavaliarei ele antes de escolher meus favoritos.

  35. Cilas Medi
    15 de janeiro de 2016

    Conseguiu ao que veio, relatar a perda de um amigo que vai embora sem explicar o motivo, deixando o forte sentimento de desamparo. Para minimizar a saudade, um monumento. Gostei.

  36. Antonio Stegues Batista
    15 de janeiro de 2016

    Não foi necessário muitas palavras para conta uma bela estória de amizade e companheirismo. O altar concretiza a lealdade, o que falta muito hoje em dia nas pessoas.

  37. Rogério Germani
    15 de janeiro de 2016

    Nitidamente nota-se que o autor interiorizou a ideia do conto de partida do Kafka. Mesmo que ocorra alguma variação de cenário, o motivo sair sem destino é corriqueiro.
    Isto fez com que a “pureza” do conto fosse quebrada, já que a trama não trouxe algo que saísse do lugar-comum. É o mesmo que certas versões de músicas aqui no Brasil fazem com os sucessos internacionais: parece que é, mas não é…

  38. Marina
    15 de janeiro de 2016

    Gosto do estilo casual, quando bem construído. O enredo é direto, não explica o desnecessário; o autor foca na partida, não importa para onde. Importa o que foi deixado, o que ela causou. Gostei bastante.

  39. elicio santos
    15 de janeiro de 2016

    O texto possui unidade, enredo, desenvolvimento e subtexto, a critério do leitor. Achei um pouco de exagero a questão do altar e fiquei meio confuso quanto à linha temporal. Os amigos construíram o altar para o desaparecido no dia seguinte a saída dele ou um anos depois? Fora isso eu gostei muito. Parabéns!

  40. Sidney Rocha
    15 de janeiro de 2016

    Muito bom!

  41. José Leonardo
    15 de janeiro de 2016

    Olá, Baltazar.

    Tributo a uma grande amizade ou alusão a uma outra história, religiosa? Duas interpretações que cabem aqui. As duas válidas, a meu ver, e nem entro no mérito. Conto sem firulas, bem elaborado. Parabéns.

    Sucesso neste desafio.

  42. catarinacunha2015
    15 de janeiro de 2016

    Mandou bem, INÍCIO no meio da ação. FILTRO totalmente sob domínio, sem arrancar pedaços da história. Tenho uma queda pelo ESTILO casual; não é qualquer um que sabe executar sem ficar afetado. A TRAMA aberta deu voz ativa ao PERSONAGEM. FIM digno do título.

  43. Gustavo Castro Araujo
    14 de janeiro de 2016

    Tenho uma certa fraqueza por contos que falam de amizade. Quando se mistura a despedidas, então, fica difícil segurar a onda 🙂 Neste conto, você, caro autor, soube dosar muito bem esses aspectos, mexendo com as emoções em doses muito inteligentes. Há espaços suficientes para que o leitor preencha de acordo com suas convicções, permitindo que o conto ganhe interpretações diversas. Talvez seja essa a melhor qualidade de um micro conto, na medida em que fornece a quem lê as ferramentas para construir seu próprio substrato e extrair daí a nuance que mais lhe apetece. No caso da amizade, isso, de fato, assume ares santificados, eis que um amigo é, muitas vezes, mais próximo do que um irmão. Enfim, um belo trabalho que certamente será bem lembrado pelos participantes. Parabéns!

  44. Bia
    14 de janeiro de 2016

    Dá para se considerar um conto de mistério esse, hein? E se os amigos tentaram desvendar o que aconteceu, podemos enquadrar em um microconto policial? Tudo isso foi pra dizer que gostei muito, não vi nada fora do lugar. Mais um que está na minha lista de favoritos, com certeza!

  45. Rsollberg
    14 de janeiro de 2016

    Então, como não fazer uma conexão com o conto do Kafka postado aqui no E.C onde o mote também é um partida?

    No entanto, esse aqui me agradou mais.
    Não me interessa a história do homem que partiu, tampouco sua motivação ou objetivos. O que na verdade importa é o que essa ação representou para os que ficaram, seus amigos. A desconfiança transformada em surpresa, esperança que vira uma lenda, até por final alcançar a reverência.

    A inesperada partida transformando, na medida do possível, a vida dos que ficaram. E mais, a mensagem subliminar que a vida segue para todos. Como o marido que vai comprar cigarros e nunca mais volta, o tal marido é um detalhe, o legal é acompanhar a sobrevivência dos que ficaram.

    Em um exercício de reflexão, consegui enxergar um “quê” de última ceia, onde o líder prepara seus discípulos para sua partida. Incrédulos, eles permanecem esperando sua volta e, seu nome, fundam a “igreja”.

    Sem dúvidas um conto que me fez pensar bastante!.
    Gostei muito.
    Parabéns e boa sorte no desafio.

  46. André Lima dos Santos
    14 de janeiro de 2016

    Bom conto. Curti bastante a ambientação. Eu adoro coisas que remetem a vida e morte.

    Boa sorte no desafio!

  47. Leda Spenassatto
    14 de janeiro de 2016

    Gostei do texto e do final aberto. Gosto das leituras que questionam e, a sua escrita está bem a carácter.

  48. Leda Spenassatto
    14 de janeiro de 2016

    Mensagem bem transmitida. Fui! Não interessa para onde, quando, por quê?
    Boa concordância e o enigma dos questionamentos. Gosto disso! Gosto quando o texto me remete a vários finais. A quem diz que não entendeu, mas não é para entender, é para questionar.

  49. Claudia Roberta Angst
    14 de janeiro de 2016

    E ele simplesmente se foi. No entanto, havia anunciado a sua partida e até comemorado com os amigos. Foi para onde e por qual razão? Não importa. Pelo mistério criado, deixou ares de sobrenatural e por isso ganhou adoração em altar. Existe algo que provoque mais adoração do que o desconhecido?
    Bem escrito, com palavras dosadas para um impacto leve, mas suficiente.
    Boa sorte!

  50. Pedro Henrique Cezar
    14 de janeiro de 2016

    Gostei do conto. Enigmático e tem muito a dizer. Deixa o leitor trazer a sua realidade, logo repleto de interpretações. Parabéns!

  51. Ricardo de Lohem
    14 de janeiro de 2016

    Miniconto surreal, cheio de possibilidades, muito rico. Uma excelente narrativa fantástica. Adorei! Parabéns!

  52. Sidney Muniz
    14 de janeiro de 2016

    Curti bastante o conto!

    Na ousadia de ter muitas personagens em um conto, fazendo deles apenas dois, o amigo e os amigos do amigo… genial isso.

    Em um conto enorme não ficaria tão bem escrito, é um texto que está do tamanho certo, realmente na medida!

    Parabéns e boa sorte!

  53. Daniel Vianna
    14 de janeiro de 2016

    Talvez “Bacothazar” fosse mais apropriado, né? (Baco Thazar, seria assim mesmo?) Mas, enfim, o texto é muito bom, de todo modo. Essa coisa do amigo tomar uma decisão séria enquanto esvazia um copo, num clima de descontração entre amigos, isso é tão iluminado. Foi, para mim, a parte mais interessante do conto. Parabéns.

  54. Eduardo Selga
    14 de janeiro de 2016

    O nonsense presente no texto lhe empresta ares de insólito, estratégia de construção textual que possui o condão de deixar um leitor meio suspenso diante de atos e fatos que desafiam a lógica racionalista, que preside nossa existência cotidiana.

    E é exatamente o nonsense que faz do conto uma metáfora do comportamento humano, na medida em que há uma tendência em santificar aquilo que nos é simultaneamente misterioso e prazeroso, como por exemplo, o sexo era há poucas décadas atrás. É o que acontece também quando gostamos demais de um escritor e de sua obra, na qual sempre enxergamos novas coisas. Misteriosamente.

    A santificação do personagem caminha nesse sentido. Muito bem quisto, tomou uma atitude sem explicação e que gerou expectativa. Resultado: um altar em sua homenagem, para lembrar do impacto que provocou naquelas “almas”. Para acalmá-las e de algum modo causar efeito de sentido, na medida em que o misterioso não se explica.

  55. Thata Pereira
    14 de janeiro de 2016

    Eu gostei do conto, porque expressa o desejo que muitas vezes temos de largar tudo e ir embora, começar algo novo (bom, pelo menos eu rs). Mas a ideia do altar me fez questionar se o cara morreu. Será que morreu de verdade, para os amigos foi como se tivesse morrido ou foi apenas um símbolo?

    Boa sorte!

  56. Rubem Cabral
    14 de janeiro de 2016

    Olá. Um bom miniconto, com um final bem insólito, lembra mesmo o continho do Kafka.

    Pessoalmente, eu “limaria” “transcorrido” ou “transtornava” tão próximos.

    Abraços e boa sorte.

  57. Davenir Viganon
    14 de janeiro de 2016

    Esse me lembrou bastante o miniconto do Kafka. Um homem saindo de repente sem se preocupar em voltar… gosto dos dois contos

  58. Renata Rothstein
    14 de janeiro de 2016

    Excelente escrita e os motivos nossos, contidos nas entrelinhas. Muito humano.

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Publicado às 14 de janeiro de 2016 por em Micro Contos e marcado .