Quando se tem um cão, o simples ato de chegar em casa torna-se uma aventura. Você pode ser recebido por um labrador enlameado, que te lambuza inteiro, por um border collie com o seu sapato na boca ou até mesmo por um pinscher com problemas de incontinência, se abaixando e respingando por toda a sala.
Para Marcela, não havia nada mais gratificante do que entrar em casa. Mel, sua basset dachshund cor de caramelo era presença constante atrás da porta do apartamento, a qual, uma vez aberta, revelava um par de olhinhos pretos e brilhantes e uma cauda enlouquecida. Era o amor engarrafado.
Só que naquela quarta-feira, Marcela não ouviu o tic tic das patinhas chocando-se contra o piso laminado, nem a encontrou pulando ao abrir a porta – Será que a Mel está dormindo? – pensou a jovem mulher que chegava em casa após um dia de trabalho.
Com alguma pressa, a jovem de cabelos longos, presos em um rabo de cavalo, deixou as chaves e a bolsa sobre o sofá de courvin azul e saiu à procura de sua mascote. – Mel! Melzinha? – chamava quando viu a cadelinha se aproximando devagar.
– Tava dormindo nenê? Larga mão de ser preguiçosa e paga sua bolinha!
Mel não foi buscar o brinquedo. Ao invés disso, deitou-se sobre o tapete da sala, em posição de esfinge, onde aceitou os carinhos de sua dona.
Marcela foi ao banheiro e tomou um banho relaxante. Lavou os cabelos, esfoliou a pele e mandou ralo abaixo, as preocupações de um dia difícil no trabalho. Quando desligou o chuveiro e abriu o box, esperava encontrar sua companheira deitada no capacho, como acontecia quase todos os dias, embora ela não estivesse ali.
Já trajando a camisola com a qual iria para a cama, a mulher massageava hidratante nas mãos e braços quando ouviu um ganido. – Mel? Tudo bem por aí? – perguntou imaginando se a mascote se enroscara com algum brinquedo de cordinha ou trombou em alguma cadeira, mas outra vez não recebeu nenhum tipo de resposta.
Voltou para a sala e viu a basset deitada, chegou mais perto e acariciou sua cabecinha, ganhando uma leve abanada de cauda e foi para a cozinha.
Esperava a chegada do marido para jantarem juntos, mas Mel deveria estar com fome, então encheu o potinho dela de ração e a chamou para comer. Nada! Será que ela está doente? – pensou enquanto pegava pratos e copos para deixar a mesa posta.
Sentou-se no sofá e ligou a TV. Assistia a um seriado policial quando Mel deu outro ganido, seguido de um salto, como se alguém a houvesse espetado. Marcela notou que algo de muito errado acontecia e agachou-se perto do animal. A cachorra se levantou e sua dona tentou segurá-la nas mãos quando ela gritou novamente.
Com o coração acelerando e as mãos trêmulas, a moça foi ao telefone e chamou a veterinária. – Traz ela aqui já – disse a doutora e Marcela recolocou a calça social usada de mais cedo com uma camiseta. Calçou rapidamente uma sandália e foi pegar a mascote.
Só que ao tentar pegá-la, Mel gania e se afastava. – Que teria acontecido com ela? – perguntava-se a mulher que não sabia como levaria sua pequena para ser socorrida. Após algum tempo e tentativas frustradas, Marcela recorreu a um cobertor que foi jogado por cima da mascote e transformado em saco, com o bichinho gritando e se debatendo enquanto sua dona chorava em desespero esperando o elevador.
Graças ao trânsito do fim de noite, o trajeto curto levou quase meia hora para ser cumprido, e quando chegou ao consultório, a médica já a esperava. Ela tomou aquele embrulho das mãos de Marcela e levou direto para a sala de raios-X. Ansiosa, a dona tentou entrar junto, mas foi impedida, tendo que esperar na recepção.
Avisado pelo celular, Robson, marido e coproprietário de Mel chegou meia hora depois, bem em tempo de encontrar a veterinária, que já tinha um diagnóstico:
– A radiografia mostra um objeto metálico preso na garganta dela. Parece uma faca de cozinha.
– Mas como isso foi parar na garganta dela? – perguntou Marcela angustiada.
– Vocês nem imaginam os objetos que os animais engolem. Precisamos fazer uma cirurgia de emergência para remover, vocês estão de acordo?
– Claro doutora – disse Robson.
– Ela corre risco de morte. Preciso que vocês assinem uma autorização.
– Sem problemas! Salva a nossa menina!
Foi uma noite longa até tudo ser preparado e executado. Uma delicada cirurgia foi executada e a faca foi retirada com sucesso. Incrivelmente, o objeto se alojou de uma forma que os danos causados foram pequenos e Mel teria uma vida normal.
Quando receberam as boas notícias, Robson e Marcela se abraçaram aliviados. Foi um susto e tanto.
Passando por aqui para agradecer a todos que comentaram. As dicas foram anotadas e todas as críticas construtivas serão levadas em conta.
Só pra dizer que há dois programas na TV sobre o que crianças e animais são capazes de engolir em acidentes domésticos e a faca nem é o pior que já vi por ali.
Abraços e obrigado!
a história não me agradou, parece tudo muito cor de rosa, estava à espera de algo a qualquer momento para me acordar, mas passei ao lado desta história. Me desculpe e espero que consigas dar uma volta ao texto para ficar uma história bem melhor que nesta fase.
Esse conto é uma alerta para os donos de animais, prestem bem atenção no que eu estou dizendo. Minha vizinha outro dia me chamou pra mostrar sua gata, que estava muito quieta e não queria mais comer. Ela achava que alguém havia colocado “mau-olhado” nela, vê se pode. Eu disse para ela levar a gata no veterinário. O médico diagnosticou uma doença qualquer, simples de ser tratada com medicação e a gata recuperou-se logo. Se não assim, a gata teria morrido de fome.
Além disso, o conto é escrito no chamado “estilo de massas”. É o tipo de conto que muita gente não gosta, mas os milhões de leitores emergentes adoram. Por outro lado, o estilo do autor é impecável e a história flui muito bem. Daí o seu valor.
Caro (a), Python Trooper
Então, para ser bem sincero, essa primeira parte do conto não me agradou muito, porém, é bem possível que a continuação possa me surpreender.
Achei a narrativa muito simples, muita descrição, pouca emoção. Em contos desse tipo, onde a história é ordinária, sempre espero mais da construção do texto.
Senti falta das frases de impacto, das analogias, de algo mais lacônico… As perguntas da personagem são óbvias para o leitor e, a meu ver, não precisam ser reforçadas todo o tempo. Fica parecendo roteiro de novela.
De qualquer modo, parabéns e boa sorte.
Tive a sensação de estar lendo uma redação escolar. As descrições das personagens ficaram forçadas e mesmo a demora da dona da cachorra para perceber que algo muito errado estava acontecendo soa artificial. Não funcionou.
Bom, a história me trouxe lembranças. Uma vez minha cadela comeu um caramujo esmagado e foi aquele sufoco, levei no vet. Vi muito do que eu vivi no conto. Um ano depois ela morreu e eu a tatuei no braço. Porém, o conto parou apenas nisso, não deixando interesse em ler um possível segundo conto. Tipo, pensei: pô,como o cachorro comeu a faca? Mas o próprio doutor já me tirou essa ansiedade com a sua explicação. Como um todo, não gostei. : / O começo é interessante, falando dos bichos de estimação, mas o restante não me pegou.
Não consegui me comover com a cachorra. Achei sem sal a história. Não gostei.
Acredito que o autor(a) poderia observar melhor o significado de algumas palavras usadas erroneamente.
A história não me envolveu ou tirou qualquer reação de mim. E também me parece que ela já encontrou seu fim. Não há nada que pareça justificar uma sequencia para este conto.
As descrições estavam elegantes no início, mas deram lugar a uma narrativa mais apressada do meio pro final.
Foi um texto bem escrito, mas não vi nada de muito chamativo nele. Por mais que o tema do desafio seja cotidiano, textos sem atrativos são textos sem atrativos. Sempre.
O final ficou muito abrupto. Estava lendo o texto esperando ver algum tipo de reviravolta quando… acabou.
De qualquer forma, o clima de tensão quando Marcela descobre que há algo de errado com a Mel ficou evidente e muito envolvente. Acho que só a história não me fisgou da maneira que deveria.
Boa sorte!
Preso na garganta (Python Trooper)
♒ Trama: (3/5) é simples, mas funciona. Prende a atenção e nos faz torcer pela vida da cachorrinha. O final foi, porém, muito abrupto, não dando tempo para sentir mais o problema. Você poderia, por exemplo, enquanto a mascote estivesse sendo operado, mostrar o casal relembrando os bons momentos com a cachorra ou qualquer outra coisa que estendesse mais a nossa apreensão. Da forma como ficou, não deu tempo de sentir a possível morte da Mel.
✍ Técnica: (2/5) descreve bem, mas ainda possui alguns pontos de imaturidade, que precisam de um pouco mais de treino. Anotei abaixo alguns problemas de ortografia que chamaram atenção.
➵ Tema: (2/2) adequado (✔).
☀ Criatividade: (2/3) ganhou pontos pela situação inusitada.
☯ Emoção/Impacto: (2/5) o texto tinha tudo para emocionar quem gosta de animais, como eu, mas pelos problemas já expostos acima, acabou não dando tempo.
➩ Nota: 6,5
Problemas que encontrei:
● Larga mão de ser preguiçosa e *pega* sua bolinha
● mandou ralo abaixo *sem vírgula* as preocupações de um dia difícil no trabalho
● Claro *vírgula* doutora
O conto não possui grandes problemas, sendo bem narrado mas encaminhando o leitor para algo que não acontece.
As descrições estão boas, nós conseguimos sentir o peso do cotidiano, do chegar em casa e tentar largar todo este peso do dia no chuveiro. Quem tem animais também sabe como é ser recebidos por eles, algo que também vira cotidiano e nos acostumamos (apesar que, no meu caso, os gatos de casa mal levantam de preguiça). Então há essa conexão entre conto e leitor, que é muito legal.
Mas ao terminar de ler, senti que nada demais aconteceu. Acho que faltou um tchan, um clímax melhor trabalhado, algo que cruzasse essa linha de quebrar o cotidiano por quebrar. Acabou por ficar um conto simples e curto
Uma história bem do cotidiano. Soou como um relato, simples, quiça remetendo a um conto inventado, fictício. E, mesmo sendo o conto 1 de 2, pareceu-me sem final; mesmo um 1/2 final.
Seguem alguns detalhes que, penso eu, ajudarão o/a autor/a a enxergar com maior facilidade os pontos mais fracos de sua obra:
Repetição demasiada da palavra “jovem”, já no início da leitura (3º, 4º parágrafos).
Problemas de pontuação no 7º parágrafo (uso indevido da vírgula). Variação de tempo verbal no 8º parágrafo (enroscara / trombou). Construção frasal confusa no 12º parágrafo (“Marcela recolocou a calça social usada ‘de’ mais cedo com uma camiseta…”), entre outros.
Mas, no geral, está bem escrito e possui uma carga emotiva que pode sensibilizar/projetar uma profundidade aos leitores que por ventura tenham passado por experiências parecidas.
Parabéns!
Boa sorte!
Paz e Bem!
🙂
O conto tem um tom jornalístico. Parece informar uma situação ocorrida apenas. Acho que faltou desenvolver mais a estória. Principalmente o final. Mas o início é a parte que está melhor.
Tema – 10/10 – adequou-se à proposta;
Recursos Linguísticos – 10/10 – texto bem estruturado, coeso, consistente;
História – 10/10 – proposta bacana, bela execução;
Personagens – 10/10 – muito bem construídos psicologicamente;
Entretenimento – 10/10 – o texto prende do início ao fim, tem aquele tom de agonia de tentar descobrir o que vai acontecer com a cachorrinha;
Estética – 8/10 – texto muito bom mas faltou aquele tcham final, quem sabe na continuação.
☬ Preso na garganta
☫ Python Trooper
ஒ Físico: O conto revela duas coisas do autor: ele escreve bem e tem uma preferência pelo simples — pelo menos para escrever. Isso é bom. O estilo não impressiona, mas não é ruim, sendo que o autor precisa aprimorá-lo apenas se quiser se destacar nesse meio. A narrativa flui naturalmente, indicando que o autor tem certo talento na área. É difícil encontrar alguém que consiga alcançar e uma narrativa fluída e deliciosa e mantê-la até o final do conto.
ண Intelecto: A estória é muito simples. O autor consegue deixar o leitor agoniado junto com Marcela e Robson, principalmente se ele tiver certa paixão por animais domésticos. Não há segredos. É um relato curto e objetivo. E é exatamente por isso que o enredo é um pouco fraco. É uma relação rápida, onde o leitor se esquece do texto em menos de cinco minutos depois de lê-lo.
ஜ Alma: Infelizmente, o texto não se encaixa no tema do desafio. A situação que teve foco na estória é uma quebra na rotina, na realidade. O cotidiano de Marcela é descrito apenas no início, que se fez necessário para preparar o terreno para o que estava por vir. Sem falar que o gancho para um continuação não existe.
௰ Egocentrismo: Apreciei a leitura, por causa do estilo simples e por gostar muito de animais. Senti um pouco da agonia de Marcela. No entanto, não foi possível gostar do texto por inteiro. Falta alguma coisa…
Ω Final: Texto bem escrito e singelo. Estória segue o mesmo caminho. É fraco por natureza. Não está dentro do tema. A inexistência do gancho para uma continuação é um pouco desconcertante. Entretanto, o autor merece admiração, pois é talentoso. Só fez uma má escolha.
௫ Nota: 6.
EGUA (Essência, Gosto, Unidade, Adequação)
E: Chegar em casa é, por si só, um hábito rotineiro, bem explorado aqui. O tom de “casa de família” agradou, bem como colocar uma mascote na jogada. – 9,0.
G: O texto tem um jeito meigo diferente dos outros do desafio. É menos depressivo e mais “diário” mesmo. Curti o contexto do animalzinho e foi possível visualizar cada cena. Não sei dizer, mas o restante achei um tanto corrido. Talvez fosse a intenção, mas não deu tempo de me ater a cada cômodo da casa, ou a ação decorrida por ali. No entanto, o final pareceu conclusivo demais. – 7,0.
U: Encontrei alguns errinhos (como “paga” em vez de “pega”), mas nada que comprometa o restante da história. A escrita flui bem, sem grandes floreios, mas também sem grandes entraves. – 8,0.
A: É um cotidiano, meio corrido, mas é. Senti falta de um gancho mais específico, apesar da pergunta “como essa faca foi parar lá” aparecer em minha mente. – 7,0.
[7,8]
Um conto rápido, compreensível, fácil de ler. O enredo está adequado ao tema proposto e conta um infeliz acidente com uma cadelinha que engole uma faca. Só achei estranho o cão engolir uma faca e não sofrer dano algum. Ou, vai haver alguma explicação, ou uma reviravolta na segunda parte da estória?
Olá, autor (a)!
Eu, infelizmente, não gostei muito do conto. Pareceu-me cru demais. Faltou um pouco de construção frasal e ambientes e situações que instigassem o leitor a continuar, a querer ler até o fim. Do jeito que está, a narração não é convidativa e é pouco dinâmica.
Alguns trechos podem ser melhorados, sendo mais suaves e contínuos. Algumas descrições avulsas também podem ser retiradas.
Uma revisão e reconstrução do conto pode transformá-lo em um bom conto. Do jeito que está, precisa amadurecer.
De qualquer forma, parabéns e boa sorte!
Então… Uma narrativa sobre o cotidiano de uma mulher e sua cachorrinha? Mel parece mesmo ser uma gracinha, mas espera lá – engolir uma faca? Quando citou que se tratava de um objeto metálico, pensei – ah engoliu a aliança de alguém. Faca? Não ficou lá muito verossímil isso, viu?
(…) paga sua bolinha! – aqui um deslize na revisão – PEGA sua bolinha!
O fim pareceu ser mesmo o fim de uma redação escolar, desculpe, mas foi isso que pensei mesmo.
Entendi que a cachorrinha comportou-se o tempo todo contrariando o seu próprio roteiro cotidiano. O tema encaixou-se aí, tudo bem.
O fim pareceu ser mesmo o fim de uma redação escolar, desculpe, mas foi isso que pensei mesmo. Não consigo imaginar uma continuação para este conto. Nem me despertou curiosidade para ler mais. Continue escrevendo e boa sorte!