Todos os dias, Napoleão cruzava o Arco do Triunfo da mesma maneira. Cabeça erguida, passadas largas, olhar perscrutando o ambiente ao seu redor.
As pessoas, ele podia notar, nutriam grande respeito por sua figura. Não raro, ouvia gracejos vindos de toda parte.
– Bonjour, Napo.
– Comment allez-vous, Napo?
– Il est un plaisir de vous voir à nouveau, Napo.
E a todos ele respondia com o mesmo menear de cabeça. Se sentia no direito, afinal de contas, Paris era uma cidade barulhenta demais para uma resposta oral. Talvez fosse culpa dos revolucionários. Não prometeram “liberté, égalité et fraternité”? Mas não era isso que ele via nas suas perambulações pela capital francesa.
A situação havia melhorado muito, sem dúvidas, depois da Revolução. Ao menos, o número de desabrigados era bem menor agora. Mas a injustiça ainda pairava sobre aqueles ares, como se montada sobre a Torre Eiffel, contemplando a metrópole que agraciava os turistas com sua beleza e, ao mesmo tempo, negligenciava aqueles que haviam nascido em seu próprio berço.
Napoleão sabia dessas coisas porque ele próprio era um desabrigado. Tinha que circundar as ruas movimentadas, entre carros e pessoas, todos os dias, em busca de alimento. Tinha sorte quando achava algum.
Vistoriava o lixo em busca de algo que pudesse comer. Sonhava com uma bela bisteca bem passada, mas se contentava quando encontrava um pedaço de osso com um pouco de carne em uma das pontas. Mas havia aqueles dias em que a sorte o abandonava por inteiro. Então seguia atrás da única pessoa que lhe agraciava com boa comida.
O restaurante de Émile era o único lugar da cidade em que Napoleão poderia ganhar comida de verdade. Afinal, as pessoas eram sempre muito gentis com ele, mas a barreira entre a gentileza e o altruísmo é muito espessa.
Mas Émile era um bom homem, e gostava de ajudar. E Napoleão ia a ele quando precisasse. Não por ele. Ele poderia resistir aos ossos e a sua pouca carne. Mas por Marie.
Napoleão e Marie cresceram juntos. Brincaram juntos. Se divertiram juntos. E juntos agora viviam, sem teto e sem muros, no céu aberto parisiense. Sim, Paris era sua casa. Sua e de Marie. A bela Marie. De curtos cabelos loiros e extensos olhos azuis. Da maquiagem forte – que Napoleão não fazia ideia aonde ela conseguia – que contrastava com a pele alva e suave que o confortava nas noites frias de inverno. Do casaco cinza e dos shorts rasgados que nunca fediam em Marie. Aliás, ela tinha um cheiro engraçado, quase indecifrável, que dava vontade de ficar por perto o dia todo. Marie dos pés descalços e, no entanto, nunca sujos. Marie da voz suave e encantadora, do toque meigo e reconfortante, do riso terno e apaixonante. Maria, a imperatriz de Paris. Sua imperatriz. A imperatriz de todos os desabrigados, que cuidava de cada um como se fossem seus filhos, mesmo sendo ela a mais jovem de todos.
Napoleão se questionava como aquela doce e bela criatura poderia ter parado ali, naquele mundo cruel dos sem-lar. E nunca encontrou respostas. O que ele podia fazer então, era ir até Émile, e buscar o melhor que pudesse para levar a sua musa.
– Ora, o que temos aqui? – dizia Émile com aquele sorriso largo e contagiante. Aliás, Napoleão notava, sua barriga balançava toda vez em que ria, como se tivesse vida própria, e isso parecia o divertir ainda mais. – Veio em busca de algum alimento, Napo? – perguntava entre os bigodes, já sabendo a resposta. – Pois saiba que tenho algo muito saboroso hoje. – e trazia aquela sacola cheia de algo apetitivo. Algumas vezes era uma bela macarronada italiana, outras um bife à milanesa. Napoleão gostava de todos. – Aqui está. Tudo dividido. Um pouco para você e um pouco para Marie. Está certo? – Napoleão assentia. – Pois bem. Você é um ótimo amigo. Não. Não precisa agradecer. Au revoir, Napo. – Então ele partia, de volta para a Praça Charles De Gaulle, seu quartel general, como ele gostava de chamar.
Na volta mais pessoas o cumprimentavam. É claro que ele sempre buscava fugir daqueles que o maltratavam. Havia pessoas cruéis no mundo, afinal. Mas essas, Napoleão podia farejar ao longe. Tinham um cheiro rançoso, meio acre, quase azedo. Se respirasse com mais força era possível até sentir seu gosto. Tinham sabor de ferrugem. Não que Napoleão andasse por aí lambendo ferrugem, mas achava que o gosto era igual. Então ele se desviava dessas pessoas, e seguia seu caminho de volta para Marie.
Não era muito difícil encontrá-la. Ela se destacava na multidão, tinha esse dom natural. Era como contemplar a Catedral de Notre Dame ou o Museu do Louvre, em um par de olhos. Quando ela o via, abria o sorriso. Os dentes pareciam cascatas de madrepérola descendo por entre as encostas de rubi que eram os seus lábios.
– Napo. – ela dizia. – Venha cá garoto.
E ele corria. A sacola entre os dentes, tomando cuidado para que nada se perdesse.
Quando chegava por perto ele parava e abanava o rabo, esperando pela aprovação da imperatriz.
Recostavam-se em algum degrau, sempre de olho em algum guarda que pudesse causar problemas.
– Veja o que temos aqui. – ela exclamava enquanto o acariciava por debaixo do pescoço.
– Espero que goste. – ele arfava em contentamento.
– Adorei. Foi Émile que deu? – ele assentia. – Não me deixe esquecer de agradecê-lo. – mas ele sempre esquecia.
Então se fartavam naquele banquete, sempre deixando um pouco, é claro, para dividir entre os outros desabrigados.
– Diga-me uma coisa, Marie.
– Oui?
– Por que os outros não me entendem como você faz?
– Não são muitos os que podem falar com cachorros, Napo.
– É por isso que está aqui? Porque fala com animais?
– Todos acham que sou louca. Não existe espaço nesse mundo para pessoas diferentes.
– Talvez se eu me afastasse, você pudesse ter uma vida normal. – ele dizia, já com um tom de voz entristecido.
– Não seja bobo. Você sempre insistindo nessas histórias. Sabe que nunca vou abandoná-lo. – ela se abaixava e beijava-lhe o focinho. – Você é meu melhor amigo.
– Mas viver assim, desse modo, nas ruas. Sempre tendo que buscar comida por aí. Procurando por abrigo quando chove. Cette tristesse de tous les jours.
– Eu não me importo. Estou feliz.
– Mas não se sente sozinha?
– Tenho você ao meu lado.
– Mas não sente frio?
– Teu carinho me esquenta.
– Não te dói as costas por dormir no concreto?
– Teu amor é minha cura. Diga-me, Napo, quantas vezes tivemos essa conversa? Todos os dias. Conversamos sobre isso todos os dias. Você faz as mesmas perguntas e eu lhe dou as mesmas respostas. Não se cansa?
– Me cansa vê-la assim, todos os dias. As mesmas roupas, os mesmos sonhos inalcançáveis.
– Como sabe que tenho sonhos? – ela perguntava, franzindo o cenho.
– Está em seus olhos. Aliás, uma garota de dezesseis anos que não tem sonhos tem o que?
– Esperança, Napo. Esperança de dias melhores. Acha que eu me sentiria melhor vivendo em um palácio, sabendo que há milhares, talvez milhões de pessoas, vivendo nessa miséria toda? Tendo que procurar por comida todos os dias? Não, Napo, eu não seria feliz. Se a vida é cruel com um, que seja com todos.
– Mais la vie est belle!
– Oui. E eu não preciso de roupas caras ou de uma mansão enorme para saber disso. Estou confortável dessa maneira. Então não me venha mais com essa conversa.
Napoleão assentia sem, no entanto, planejar cumprir tal promessa. Eles se recostavam ainda mais e contemplavam o céu que começava a escurecer.
Marie fitava a lua que começava a brotar no céu, e, de fato, sonhava com dias melhores, mesmo sabendo, em seu coração, que tudo aconteceria de novo, da mesma maneira, no dia seguinte.
Marie Linville: La Douleur de l’Invisible
A madame estirada sobre sua banheira de hidromassagem jamais será capaz de saber como é a vida daqueles que tem de se higienizar em uma ponte qualquer, enquanto nenhum guarda espreita. Tampouco em sua cama, repleta de lençóis de seda, ela sente a dor nas costas de um chão duro e pedregoso. Em seu coração ela não sente o medo do amanhã.
Antes do Sol nascer, Marie levantou-se e seguiu em sua caminhada matinal. Pensou em acordar Napoleão, mas o vira-lata parecia sereno em seus sonhos e ela foi incapaz de despertá-lo.
As sombras tomavam a capital francesa, transformando cada beco ou esquina em uma armadilha mortal. Ainda sem o glamour dos turistas e dos comerciantes circulando, a cidade ostentava um vazio que talvez fosse, de fato, sua verdadeira natureza. O silêncio, quebrado apenas por um latido ali ou por um bater de asas acolá, ainda reinava.
Marie vislumbrava aquele terreno inóspito, ponderando se aquela era a verdadeira Paris, em seu modo mais cru, mais terrível, mais amedrontador. A madrugada, em nada se comparava com a noite. As luzes não pareciam iluminar, pareciam vigiar.
A imperatriz caminhava em silêncio, distraída. Não havia, ela própria, feito aquele percurso tantas vezes? Mas o cotidiano é traiçoeiro. Ele abocanha com tédio aquele que tenta se libertar, enquanto surpreende o acomodado.
O homem surgiu das sombras como um demônio invocado pela tristeza dos desabrigados. Agarrou-lhe por trás e ela nunca teve tempo de gritar. Arrastou-a para a escuridão, seus pés se debatendo tentando livrar-se dos musculosos braços.
Ele fitou-lhe em escárnio. Os cabelos loiros, os olhos bem azuis, o sorriso perfeito. Era o príncipe encantado transfigurado em um pesadelo inominável. Mais uma vez, Marie tentou gritar por ajuda, mas ele tapou-lhe a boca. Arrancou-lhe o casaco e as lágrimas começaram a brotar.
A imperatriz começou a tremer, como se o corpo tentasse negar o terror pelo qual estava passando. Apertava os olhos, tentando se livrar daquela visão medonha que lhe apavorava cada vez mais. O homem rasgou suas vestes, expondo a pele pura e intocável que Marie possuía. Ela, em defesa, tentou se trancar em sua mente para escapar daquilo.
Ele deslizou a mão por sua pele pálida, que se arrepiou em repulsa. O homem salivava como uma besta irracional e ela sentiu o hálito que fedia à bebida pela primeira vez. Ele próprio começou a se despir, dando a ela o alívio que precisava.
Marie gritou – ou chorou, era impossível distinguir. Uma onda aguda escapou de sua boca pequena, ecoando por entre becos e vielas, abalando a atmosfera parisiense.
O homem se debruçou sobre ela, a boca mirando o seio direito exposto. Um grasnar soou sobre suas cabeças e ele virou-se assustado. Do céu, desceu uma gralha negra, em espiral, que mirou com ferocidade seu olho. Ele cambaleou para trás, diante da dor de ter seu globo ocular arrancado da órbita. Maria aproveitou para recuar contra a parede, se encolhendo em posição fetal.
A órbita vazia do homem agora lançava lufadas de sangue por todos os lados e ele gritava em desespero. Recobrou a compostura e com o olho remanescente fitou a imperatriz. A carranca convertida em ódio puro, avançou contra ela. Agarrou-lhe os pulsos enquanto arrancava os shorts com os dentes. Preparava-se para finalizar aquele ato abominável quando algo saltou sobre suas costas. Sentiu os dentes cravando em sua clavícula e dobrou-se sobre sua coluna.
Marie tentava realizar a cena que via diante de si, mas demorou a perceber que Napoleão viera em sua defesa. O cachorro mordia e arrancava pedaços de seu agressor.
Latidos ao longe, aos montes. Uma matilha entrou no beco, cercando o homem. Saltaram sobre ele, mordendo e arranhando. Houve um grito. Depois silêncio.
Napoleão se aproximou dela, esfregando o focinho em sua face.
– Minha imperatriz. – ele disse entre lágrimas. – O que fizeram a ti?
Marie desabou em seu pranto, tremendo, gemendo, tentando conceber o inconcebível.
Ficou lá até que o Sol nascesse, Napoleão sempre ao seu lado. Os outros cães haviam dado cabo do monstro que a atacara. Nem mesmo ossos restaram.
Quando o primeiro feixe de luz iluminou sua cálida epiderme, ela alinhou-se, os olhos azuis fitando o vazio. Napoleão percebeu o movimento e se pôs de pé.
Um guarda passou à entrada do beco. Olhou de relance, mas a ignorou ao perceber que era apenas uma garota de rua. Seus olhos se direcionaram para o seio exposto e, inconscientemente ele lambeu os lábios. Depois partiu.
A imperatriz se levantou. Dispôs as vestes rasgadas no corpo da forma que pôde, passou a mão sobre a face borrada de maquiagem para secar as lágrimas, acariciou Napoleão.
– Então é assim? – ela perguntou para ninguém. – Somos invisíveis?
Prosseguiu para fora da viela. Notou as pessoas que andavam de um lado para o outro, concentradas em si próprias, sem tempo para olhar para o lado. As que contemplavam a paisagem pareciam se importar mais com a pedra do que com a carne.
Seus pés descalços roçaram o chão molhado pelo sereno da madrugada, que era, na verdade, a lágrima dos abandonados. Marie engoliu sua dor.
Olhou para o céu, como se ele pudesse lhe dar respostas. As nuvens pareciam escondê-las, no entanto.
– Talvez elas também nos escondam dos olhos de Deus. – sussurrou.
Continuou caminhando pela calçada movimentada. A pequena garota, que poderia ser a princesa de um conto de fadas, fora forçada a se transformar em outra coisa qualquer. Fora forçada a se transformar no nada. No invisível, no intangível.
As pessoas passavam ao seu lado, sempre muito altas. Como se fosse uma personagem de um antigo desenho animado, ela não podia ver seus rostos, apenas seus corpos altos, compridos, seus braços e pernas longas, suas posturas inexpressíveis. E do alto de sua insignificância, eles não a enxergavam de volta.
– Je suis invisible. – disse em voz baixa, contemplando as mãos frágeis que pareciam começar a se tornar transparentes.
As sombras dos prédios que incidiam no chão começaram a girar no chão em uma psicodelia exagerada. As cores e matizes da realidade se alteravam para algo menos palpável. Ela começava a ver o mundo como realmente era.
– Le monde est un mensonge. – ela berrou, os braços aberto em direção ao firmamento. – Je suis un mensonge.
E passou a correr, as pernas curtas balançando no ar, em um número de balé involuntário a céu aberto. A imperatriz pulava e girava em desespero naquele mundo cheio de vazio. Marie tentava encontrar um pouco de compaixão ao seu redor. E Paris olhava para ela de volta, sem, de fato, a enxergar.
Quero realmente agradecer a tod@s pelos excelentes comentários. Críticas anotadas, vamos melhorar no próximo. Aqui vão alguns pontos destacados.
– Em relação às passagens em francês: eu sou um megalomaníaco, acho que alguns já devem ter percebido isso, he he. Mas além de tudo, acho que há certas coisas que a língua portuguesa não é capaz de expressar. Aliás, também deve acontecer com o inglês, o francês, o alemão… Enfim, foi uma maneira de tentar dar uma expressividade diferente.
– Em relação à mudança da trama: me desculpem, mas tem um carinha dentro da minha cabeça que sempre pede por um pouco de violência gratuita. Ele é meio Pasolini, meio Holocausto Canibal, meio Centopeia Humana, com quês de Gacy, de Dahmer, de Bundy. Então é bem possível que o trash sempre apareça;
– Em relação aos absurdos na trama: Aristóteles já dizia em sua poética que a literatura (na verdade ele usava poética mesmo, já que o termo literatura não existia) não é sobre o que aconteceu, mas sobre o que poderia acontecer. É algo que acabo levando comigo. Mas acho que tenho que trabalhar para que fique mais verossímil.
Enfim, acho que é isso. Se faltou algo, por favor, me avisem.
Mais uma vez, muito obrigado!
☬ Napoleão e a Imperatriz de Paris – Final
☫ Gaubert Fotier
ஒ Físico: O texto continue bem escrito. Narrativa leve e natural, na maioria das vezes, travando apenas no ataque do homem. Talvez o autor não esteja acostumado a narrar situações semelhantes. É necessário encontrar uma forma de envolver e prender o leitor. Assim, cenas desse tipo produzem o efeito desejado. Não foi isso que aconteceu comigo. No mais, o autor parece ser bem talentoso. Oriento apenas que procure definir seu estilo.
ண Intelecto: A estória fala sobre os miseráveis, aqueles que foram abandonados pela sociedade. Mas não é profundo o bastante para emocionar. O autor tenta, mas não é bem sucedido. Os personagens são sólidos e o cenário também. Acredito que o autor esteja no caminho certo. Com certeza, com mais prática e reflexão, ele irá se aprofundar em sua escrita. Irá brilhar!
ஜ Alma: A segunda parte desandou um pouco. A oportunidade que o autor tinha em descrever a rotina da Imperatriz foi desperdiçada. Ele quis chocar ou impressionar, mas não conseguiu. Na realidade, ele criou um clima mais tenso para a estória, um clima que não poderia ter sido trazido. A melancolia seria o ideal. Com um toque de esperança, claro!
௰ Egocentrismo: Gostei do texto. Devo dizer que criei expectativas, pois adorei a primeira parte, mas acabei me decepcionando um pouco. É culpa minha, claro, mas como evitar esse sentimento por completo? Difícil!
Ω Final: O autor escreve de forma magnífica. Com certeza tem talento na área da literatura. Precisa, porém, se aprofundar mais em sua escrita. Mergulhe sem medo, Gaubert! A estória é concisa e tem uma mensagem interessante, mas o texto não é profundo o bastante para fazer o leitor entender por completo o que o autor queria dizer. Ficou com um pé fora do tema, enquanto a primeira parte traduziu bem o que é o foco no cotidiano.
௫ Nota: 8.
O conto tem um ritmo muito bom e um estilo bem interessante, prendendo minha atenção em grande parte do texto. Já estava assinalando como ponto negativo a menção a torre Eiffel na época de Napoleão até ser surpreendido que não se travava nem daquela época, nem daquela figura.
O maior ponto negativo para mim foi o conto ser tão curto. Acho que poderia ter sido melhor explorada a história da Imperatriz, o poder que ela tem em falar com os animais, ou se é só com um cão, ou se é tudo coisa da mente dela, mostrar mais seu dia a dia e suas aflições, enfim, deixar a história mais profunda e com mais nuances.
Fui surpreendido com a pegada que essa segunda parte do conto tomou. Uma nova face. Achei muito boa e esse lado sombrio ficou muito bem escrito. Não consigo ver meu comentário anterior, mas lembro que tinha ficado com a impressão de ser um conto “fofo”, contrariando a impressão que estou agora, mergulhado numa densidade muito maior. Gostei da trama, que é bem criativa também. Fiquei feliz que tenha passado de fase, assim pude compreender melhor o universo que você criou. Marie e Napo são encantadores. Esse conto é melhor do que muita história de sucesso por aí nesse gênero, mas é claro, meu gosto pessoal.
Parabéns pelo trabalho.
Não gostei da continuação, me pareceu exagerada a cena no beco, com a violência dos cães, achei meio surreal, e aí podem me perguntar: surreal, em um conto onde a protagonista conversa com um cão? Não sei, acho que essa passagem poderia ter sido feita de outra forma, da forma como está pareceu apenas querer dar um impacto, fazer uma quebra, mas não caiu bem, a meu ver, até porque as duas personagens, Napo e Imperatriz, parecem ter ficado meio apagados, serviram apenas ao propósito do autor, que era continuar e concluir a narrativa. É válido pela crítica social, mas o final melancólico não me animou. Parece que terminou ali porque, dessa vez, era onde deveria mesmo terminar. De
novo, desnecessárias também as frases em francês. Boa sorte no concurso.
Caro (a), Gaubert Fortier
Achei bacana.
Comecei achando que seria um romance histórico. (Bela pegadinha, rs)
Depois, na primeira parte, achei que fosse um conto sobre a perspectiva do cachorro “vagabundo”. No entanto, na segunda, o autor resolve focar mais na personagem Maria, que é a “mãe” dos desabrigados, uma espécie de cinderela, luisa mel e são Franscisco de Assis com Por fim, fiquei sem saber ao certo sobre o todo, acreditando que é um conto onde a Paris decadente e a própria natureza humana são os principais personagens.
Gostei mais da primeira parte do conto. Penso também que o texto não se conectou por inteiro, apenas uma impressão particular.
Ele é bem escrito, e tem ótimas frases: “Mas o cotidiano é traiçoeiro. Ele abocanha com tédio aquele que tenta se libertar, enquanto surpreende o acomodado.”
Certamente uma das melhores frases sobre o tema do desafio.
“Seus pés descalços roçaram o chão molhado pelo sereno da madrugada, que era, na verdade, a lágrima dos abandonados.” O autor soube bem dar esse tom mais poético para a narrativa.
A ambientação foi muito bem feita, deu pra sentir um pouquinho dessa parte de Paris.
Parabéns e boa sorte
O cotidiano dos esquecidos. Triste realidade. Mas comum. Achei bacana o paralelo entre a personagem e o cão. Parceiros de um tipo de vida que os outros preferem não enxergar, Achei bacana, bem escrito, só um pouco arrastado no final, que poderia ter sido encerrado uns dois ou três parágrafos antes. Achei os trechos em francês deslocados. Não me fizeram achar o texto bonito, e sim não entendi quase nada.
Napoleão e a Imperatriz de Paris (Gaubert Fortier) – Primeira Fase
📜 Trama: (3/5) conta uma história e se encerra, mas a primeira parte sozinha não chega a ter uma trama envolvente, já que muita coisa ficou em aberto para a continuação.
📝 Técnica: (3/5) narra bem, contém uma boa fluidez, sem grandes percalços, exceto na bastante chata pontuação no diálogo. Escrevi um curto artigo sobre isso (http://www.recantodasletras.com.br/artigos/5330279). Veja se ele pode ser útil.
🎯 Tema: (2/2) adequado.
💡 Criatividade: (3/3) embora tenha ar se coisa há vista, achei criativa a ambientação e o relacionamento da menina com o cão.
🎭 Emoção/Impacto: (3/5) a história deixa um ar de comoção, com os questionamentos do Napoleão. O impacto não é muito grande, por deixar a história em aberto.
Napoleão e a Imperatriz de Paris (Gaubert Fortier) – Segunda Fase
📜 Trama: achei ótima a cena de ação, muito bem narrada e incluiu muita tensão à história. O final, mesmo um pouco anticlimático, foi comovente. (0)
📝 Técnica: manteve o mesmo nível e o mesmo problema de pontuação. (0)
🔧 Gancho/Conexão: é uma história dividida ao meio, apesar de ser uma história bem coesa. (0)
🎭 Emoção/Impacto: merece uma bonificação pela cena do estupro, muito bem narrada, apesar de não ter gostado muito do final. (+0.5)
⭐ Nota: 9.0
Trecho de destaque: “A madrugada, em nada se comparava com a noite. As luzes não pareciam iluminar, pareciam vigiar.”
Retomando…
Se alguma coisa aprendi neste desafio – este é último conto que comento no certame – é que uma segunda leitura faz bastante diferença. Ao contrário de minha impressão inicial, a locação em Paris não me causou estranheza. Ao contrário, conferiu à trama um colorido diferente. Creio que se tivesse se passado em São Paulo ou alguma outra metrópole brasileira, o conto teria sido atingido por uma atmosfera mais opressora, mais monótona, mais triste. Percebo aqui, depois da leitura completa, que o autor pretendeu dar à trama um enfoque não tão deprimente. A primeira metade flerta, de fato, com a fábula. A abordagem da rotina do cão que fielmente se preocupa com uma garota de rua parecia apropriada para um tema raso e por isso cheguei a torcer o nariz quando vi alusões a críticas sociais. Para minha surpresa, a segunda metade aprofundou essa ideia. O enfoque mudou, senão radicalmente, ao menos sensivelmente, abandonando-se o ponto de vista de Napo e mergulhando no de Marie. Gradativamente, o clima de fábula é substituído pela abordagem social. Creio, no entanto, que a maneira como se chegou a ela, ou melhor, como ela se desdobrou foi um tanto simples. Contudo, sou obrigado a admitir que o conto cumpre bem sua proposta e, ao contrário do que eu havia imaginado, a continuação favoreceu a trama. No geral, portanto, um bom trabalho.
Nota final: 8,0
Olá, autor (a).
Pois bem, eu achei seu conto interessante. É bem escrito, tem uma ideia bacana e bem original. Retrata bem o cotidiano de moradores de rua e ainda usa um pouco de fantasia para tentar deixar a vida mais aceitável e as pessoas não se sentirem tão invisíveis. Gostei dessa essência.
No entanto, a história em si não me agradou muito. Cheguei ao final sentindo falta de algo, como se a história estivesse incompleta. Achei que faltou algum tipo de acontecimento marcante, que me fizesse guardar a história na cabeça.
Quanto a narrativa e parte gramatical, ficou bem escrito. Simples e direto, com um nível muito bom de qualidade.
Apesar de não ter sido um dos meus favoritos, achei bacana, e lhe dou os parabéns por isso.
Boa sorte!
Ahh gostei tanto da primeira parte tão lúdica!
Mas…
o abuso achei que ficou gratuito…que objetivo teve a história? Ele foi atingido? Tô me perguntando o dia todo antes de vir comentar aqui… rsrsrs
Vc escreve muito bem, foi o formato do desafio em duas fases que prejudicou este conto e alguns outros, acredito que perdeu o ritmo inicial… que tinha um ar de ‘guardo surpresas para depois’ e eu pensei que as surpresas seriam agradáveis… pq os personagens cativaram.. mas eles vieram apagados na segunda parte.. muitas reflexões e pouca participaçao deles próprios, quase sem diálogos…
Uma pena e a culpa não é totalmente sua… rsrsrs
Abraçao
Mestre(a), estou sendo totalmente franco em lhe dizer que não entendi o conto. A primeira parte, embora não fazendo minha cabeça, foi boa. Consegui correlacionar a história de Napo e Marie. Porém, na segunda parte, o que a priori se apresentava numa atmosfera de realismo fantástico, torna-se confuso. Quem era o agressor de Marie? Quem era a gralha negra que lhe levou a órbita? Quem era a madame (personagem que inaugura a segunda parte)?
Não obstante, parabéns pelo trabalho.
Segunda avaliação:
Eu gostei da escrita desse conto, mas realmente não consegui captar a intenção do autor, lendo a segunda parte. Fiquei esperando aquilo que comentei na primeira avaliação: explorar melhor os momentos da menina com o cachorro. Fiquei me perguntando se foi uma metáfora e se, sim, não captei a mensagem.
Uma observação: quando o homem começa a se despir, é o tempo que ela precisava, o conto fala. Porém, quando algo ataca o homem, após esse instante, ela se agacha no canto invés de sair correndo? Acredito no medo que sentiu, mas acho que esse tempo que rolou deixou as coisas pouco convincentes.
Tive a impressão que o(a) autor(a) não escreveu o conto inteiro de uma só vez, deixando a segunda parte para depois. Na verdade, não vejo problema nisso, foi apenas uma impressão.
Boa sorte!!
Muito bem escrito mesmo. Isso aqui é literatura de primeira.
Gostei da ambientação em Paris, das descrições leves, da construção dos personagens… de tudo. Napoleão me pegou de surpresa: não o notei até que abanasse o rabo. Por muitos parágrafos me peguei franzindo o cenho tentando entender o que lia, e sempre que você jogava um pouco de luz sobre o enredo eu sorria.
Uma história muito interessante, cheia de camadas e significados. O resultado foi uma leitura leve, que me fez refletir, sorrir, entristecer e sonhar.
Parabéns!!
Bom, devo dizer que gostei mais da primeira parte do que da continuação. Fiquei com aquela impressão de deslocamento, que por vezes vemos nos filmes que fazem sucesso e são “obrigados” pelo estúdio a ter uma “parte 2”.
Porém, o padrão de escrita continuou excelente como no começo e a cena do ataque à imperatriz é tensa. Cheguei a estranhar os cães devorarem todo o homem até não sobrar nada, mas daí me lembrei que o conto tem uma pegada de conto de fadas então, OK.
A reflexão sobre essa “invisibilidade” é muito boa e a frase final, muito bonita.
Apesar de não ter gostado da segunda metade como gostei da primeira, mantenho a nota pelo geral.
NOTA: 8
EGUAS (Essência, Gosto, Unidade, Adequação, Solução)
E: Bem, o clima parisiense-londrino continua saltando aos olhos. O cenário também é um personagem, o que adicionou uma camada interessante ao contexto. – 9,00.
G: Não fugiu muito da história anterior, o que é positivo. Houve uma mudança expressiva de narrativa, mas é possível notar a conexão com a parte melancólica observada desde o início. Essa frase define todo o enredo e curti: “Seus pés descalços roçaram o chão molhado pelo sereno da madrugada, que era, na verdade, a lágrima dos abandonados”. Pequenas coisinhas incomodaram; expostas a seguir. – 8,00.
U: As trocas temporais são um tanto inconstantes. A escrita precisa de um pouco mais de lapidação, mas flui bem. – 7,00.
A: Gostei por não ter saída fácil. Continuou na “mesma”, o que expressou muito bem o cotidiano descrito. É um final sem esperança de dias melhores, mas poético. – 8,00.
S: A solução para unir dois textos através de capítulos já deixa um espaço vago na mente do leitor. No entanto, a atmosfera geral prossegue e atinge o objetivo. – 8,00
Nota Final: 8,00.
Olá, Gaubert.
Então, eu gostei mais da primeira parte. Achei a segunda com menos substância e com algumas inconsistências também.
– gralhas são menores e menos agressivas e menos comuns também do que corvos na europa. eu trocaria o pássaro por um corvo. Também cegaria o estuprador, mas sem arrancar o olho, pois seria quase impossível um corvo fazer isso com um homem vivo;
– alguém ter um olho arrancado e continuar um estupro soa exagerado para mim, coisa de filme de terror, sem muita conexão com a realidade;
– alguns detalhes ficaram estranhos também, como a menina usar maquiagem, os cães terem devorado um corpo inteirinho, com todos os ossos, já viu o tamanho de um fêmur ou de um crânio?;
– inserir frases em francês continuou a me incomodar. Tive que ir ao dicionário para ver que “mensonge” é mentira, e continuo a não ver muito sentido em tais inserções;
– há pequenos erros quanto ao uso de certas palavras fora do seu significado usual, o nome da personagem às vezes vira “Maria”.
Considerando o todo, já que a primeira parte é melhor e a escrita tem poucos escorregões, darei 6,5
Olá, Gauber Fortier!
Na primeira etapa havia uma candura tão linda em seu conto que, de certa forma, perdeu-se na continuação. A escrita continuou bela (surgiram pequenos erros de repetições de palavras, nada alarmante) em busca de imagens perfeitas. O que comprometeu, de verdade, foram os novos fatos que afastaram a leveza original.
Abaixo, deixo alguns trechos prejudiciais em sua continuação:
* “Agarrou-lhe por trás e ela nunca teve tempo de gritar.”???
Este “nunca” passa a ideia que a personagem sempre fora atacada pelo vilão. Informação desmentida logo a seguir: “O homem rasgou suas vestes, expondo a pele pura e intocável que Marie possuía.”
* …” passou a mão sobre a face borrada de maquiagem para secar as lágrimas, acariciou Napoleão.”
Soa estranho uma garota de rua preocupar-se com a própria aparência e, principalmente ter maquiagem para usá-la no dia a dia, já que que isto é um tipo de luxo perecível, produto com data de validade.
* “As sombras dos prédios que incidiam no chão começaram a girar no chão em uma psicodelia exagerada.” A repetição da palavra “chão” é desnecessária nesta frase; já está explícito o local onde as sombras giraram.
*”Do céu, desceu uma gralha negra, em espiral, que mirou com ferocidade seu olho.” Ri muito nesta cena. É como se eu estivesse assistindo um desenho do Pica-Pau onde o gavião desce girando… A não ser que a gralha negra estivesse defendendo seu ninho, seria impossível ela atacar uma presa “imensa” ainda viva, já que se trata de uma ave omnívora.
* “Os outros cães haviam dado cabo do monstro que a atacara. Nem mesmo ossos restaram.” Quando baixou o estilo Resident Evil no escritor, a trama quebrou o encanto.
Boa sorte!
☬ Napoleão e a Imperatriz de Paris
☫ Gaubert Fortier
ஒ Físico: Esse texto é magnífico. Bem escrito, com narrativa fluida e com certa personalidade. Apenas um adendo nessa última questão… Trabalhe mais no seu estilo, encontre a autenticidade que você mostrou estar procurando nesse texto. Se fizer isso, brilhará, com certeza!
ண Intelecto: Não é uma surpresa muito grande quando descobrimos que Napoleão é um cachorro. Um leitor mais atento irá perceber que tem algo de errado e ficará aguardando a solução do problema — ou procurar pistas! Por enquanto, a estória não transmitiu nenhuma mensagem. No entanto, vemos personagens sólidos e bem construídos. Se o texto avançar, espero que continue assim.
ஜ Alma: O foco foi, certamente, a rotina de Napoleão. O objetivo foi alcançado! Parabéns! O autor conseguiu mostrar sua rotina de forma leve, sendo impossível se cansar, ao mesmo tempo que apresentou toda a sua vida e realidade. O final ficou bem fechado, o que é ótimo, mas não consegui captar nenhum gancho para uma continuação.
௰ Egocentrismo: Gostei muito desse texto. O autor mostrou possuir muito potencial nessa área, inclusive talento. O que mais me agradou foi a vontade em criar um texto único, ao apresentar o francês e o português juntos sem exageros.
Ω Final: O autor escreve muito bem e consegue nos apresentar um texto magnífico. A estória está dentro do tema e apresenta ótimos personagens. O estilo também agrada. A estória não é profunda, mas consegue distrair o leitor. Para completar, o final ficou fechado, ou seja, o texto funcionar por si mesmo; no entanto, não tem nenhum gancho visível para instigar o leitor.
Antes de mais nada, parabéns por chegar à segunda fase deste desafio.
O título do conto sugere o encontro de Napoleão Bonaparte, imperador da França com uma Imperatriz (que vamos supor que seja a sua Josefina). Logo, o leitor depara-se com um cachorrinho leal e fofo que cuida muito bem da sua pequena imperatriz, uma jovem sem teto.
O tema COTIDIANO é abordado, desenvolvido em volta do dia a dia da menina e do cão desabrigados.
A passagem do quase estrupo foi bem desenvolvida e me deu uma aflição danada aquela coisa do homem perder o globo ocular. Bem merecido, afinal.
O conto termina com um tom bem melancólico, com a moça dando-se conta de que, perante a sociedade, ela não existe, é uma mentira.
Encontrei alguns probleminhas na revisão:
(…)não fazia ideia aonde ela conseguia – ONDE
(…)ir até Émile, e buscar – esta vírgula é desnecessária
– Não te dói as costas – Não te DOEM as costas
(…)tem o que? – o quê?
(…)daqueles que tem de – daqueles que TÊM de
Alguma divergência quanto ao uso de virgulas como em “(…)seu coração ela não sente” – Em seu coração, ela não sente.
Gostei muito de algumas imagens criadas:
– (…)sereno da madrugada, que era, na verdade, a lágrima dos abandonados
– (…) pareciam se importar mais com a pedra do que com a carne.
O início do conto passa a ideia de uma história fofa para crianças, mas o desenrolar da trama revela um lado mais pesado e sombrio, realidade cruel.
O leitor não familiarizado com a língua francesa, precisará consultar o dicionário, principalmente para entender o sentimento da menina no final.
É isso aí! Boa sorte! 🙂
Parte II: Ganhou um subTÍTULO (Marie Linville: Dor do Invisível) sensível e impactante, mantenho a nota (2/2). Mantenho também a nota do TEMA, não houve fuga (2/2). O FLUXO também se manteve forte; agora, a “banheira de hidromassagem” (já tinha na época?) e “se higienizar em uma ponte” (não seria “fonte”?) ficou estranho. (1/2). A TRAMA melhorou, ficou mais intensa e personalizada, mas o 1º parágrafo da 2ª parte ficou meio solto (1/2). FINAL poético, belíssimo (2/2). TOTAL 8.
Olá.
Gostei muito do conto. Muito bem escrito e conseguiu manter em “segredo” por um bom tempo que se tratava de um (adorável) cão.
Texto bem escrito, sem erros e com um final que instiga a vontade de continuar a ler para saber o destino de Napoleão e sua “rainha”.
Boa sorte
Gostei do conto, de verdade. Porém, infelizmente, os personagens não me cativaram. A escrita está sólida, com algumas boas sacadas, mas não tem muito conteúdo narrativo. Um conto, diria eu, fofo.
Quando citou o osso eu já imaginei que Napo era, na verdade, um cachorro. Fiquei me perguntando onde isso levaria no conto e surgiu o diálogo entre o cão e a menina. Lembrei da Chapeuzinho Vermelho, quando conversa com o lobo na casa da vovozinha. Não gostei muito do nome “Émile”, pois associei a uma figura feminina, não sei se é usado para homens na França. Gostei do conto, mas acho que faltou explorar melhor o diálogo entre o cão e menina.
Boa sorte!
Emoção: 1,5-2 – Gostei, apesar de algumas incongruências. Digamos que Napo e Marie me cativaram.
Enredo: 1,5-2 – Não é muito elaborado, mas tem graça por sua leveza, parece ter sido construído para fazer a gente gostar das personagens, rs. Me lembrou aqueles filmes que eu assistia muito quando criança, do Boomer ou da Lassie, e que adorava. No começo achei que fosse Napoleão mesmo, mas depois vi que não, que era um cãozinho, mas o começo está de enganar, apesar da citação à Torre Eiffel e à Revolução… Se são tempos mais atuais, que Revolução seria essa? Também não vejo necessidade nas frases em francês, ou todos falam em
francês, ou traduzido para o português, né? Tá, pode até parecer um “charme” isso de escrever uma frase aqui e ali no idioma local das personagens, mas até hoje só vi essas coisas acontecerem em livros de Danielle Steel e em novelas da Globo, rs. Apesar de não ver grandes problemas entre o diálogo fantástico entre uma menina e um cão, acho que acabou ficando forçado, parece que esse diálogo é possível apenas para que nele se explique algumas coisas da história. Podia ter uma personagem humana pra ajudar nessa parte, se for esse o caso mesmo, ficaria mais natural, e a conversa entre garoto e cão seria menos forçada. 😉
Construção das personagens: 1,5-2 – São dois fofos. Três com Émile, rs. Mas no caso da Marie, penso que ela me parece uma garota de menos idade do que os dezesseis anos citados, talvez onze ou doze. E outra coisa que me incomodou foi a idade do cão, se ele cresceu junto com a garota, deu a entender que tem a mesma idade que ela, mas pela equivalência entre idade de cão e ser humano, ele já seria bem idoso, quase no fim da vida já, e me pareceu mais ser bem “jovem”, rs.
Criatividade: 1,5-2 – Talvez a carga dramática pudesse ter sido mais trabalhada,
acrescentando os conflitos que podem ser vividos por uma garota de rua.
Adequação ao tema proposto: 1-1 – Adequado ao tema, perfeitamente.
Gramática: 1-1 – Não vi problemas, ou então a escrita me cativou tanto que nem percebi algum erro que esteja aí. =)
Trecho destacado: “– Esperança, Napo. Esperança de dias melhores. Acha que eu me sentiria melhor vivendo em um palácio, sabendo que há milhares, talvez milhões de pessoas, vivendo nessa miséria toda? Tendo que procurar por comida todos os dias? Não, Napo, eu não seria feliz. Se a vida é cruel com um, que seja com todos.”
Lembrei do Napoleon, o filme de 95. Uma graça… HAHA
O conto é bem escrito, bem descrito. Achei legal essa brincadeira na narrativa, esse jogo foi interessante. Não sei se a segunda parte pode acrescentar algo de maneira positiva, porque fiquei com a impressão de que ele ficou bem fechado assim, mas posso quebrar a cara… tomara.
Parabéns pelo trabalho e boa sorte no desafio, messie Fortier.
Ahhh que lindinho…
Um conto bem chubs 🙂
Concluí que toda a intelectualidade e cultura do cachorro são devaneios de Marie, a louca… hehehe inclusive considerar-se uma ‘menina’ da nobreza faz parte de sua loucura… que loucura doce de se ler!
Parabéns.
Achei bem original.
Um abraço
ahh encontrei isto pra consertar:
‘ e isso parecia o divertir ainda mais.’
.
‘ e isso parecia diverti-lo ainda mais’
ok?
Bacana o conto, bem escrito, com uma aura de leve melancolia. Demorei um pouco até perceber que Napo se tratava de um cão. Achei interessante a relação dele com a moradora de rua, especialmente pelo fato de eles conseguirem “conversar”. É, portanto, uma fábula, com os aspectos positivos e negativos que caracterizam esse gênero. O aspecto positivo é a inocência que permeia a narrativa, algo que leva o leitor – não importando a idade – a revisitar a própria infância. Como negativo, destaco a “lição de moral” embutida, que flerta com uma bandeira panfletária um tanto simplista: a mulher que dispensa a riqueza porque não conseguiria aproveitá-la sabendo que tanta gente passa fome. O ser humano é bem mais complicado que isso e “fabular” essa percepção é diminuir o debate.
No geral, contudo, o conto mais me agradou do que desagradou, principalmente pela boa caracterização do protagonista. A ambientação em Paris, embora dispensável, trouxe certa luz, com as menções aos pontos turísticos, mas creio que a história funcionaria melhor se tivesse se passado em alguma cidade brasileira. Isso, por certo, traria maior identificação por parte do leitor.
Não sei se esse conto funcionaria bem como a premissa de um texto subsequente. Como história fechada, ficou interessante, mas não a ponto de me despertar o desejo de saber o que aconteceria com Marie numa eventual sequência.
Nota: 6,5
Adorei!
Leitura muito leve, prazerosa. A escrita flui, o autor ou a a autora mostra um domínio competente da língua e um timer pra narração muito bem afiado. Percebi que o Napo era um cão logo no começo, o que não diminuiu minha alegria ao ler o conto. Foi o último que li do grupo, e meio que encerrou com chave de ouro. Meus enormes parabéns! Vou dar, com alegria, nota 9. Não é o melhor do grupo, mas certamente está entre os meus preferidos. Grande abraço, espero ler a continuação em breve!
Um conto interessante sobre a amizade, apesar das dificuldades. Soube ficar dentro do tema e teve boa descrição de ambiente e personagens. Não gostei das inserções em Francês não óbvias para quem não compreende o idioma e encontrei algumas conjugações verbais equivocadas. Pode melhorar no uso da vírgula e dos pontos.
Olá,Gaubert Fortier!
Muito boa esta sua “adaptação canina” para o livro Les Misérables. Através de uma escrita saborosa, os ares de Paris ganham vida. Ainda mais quando o cativante protagonista leva o nome do símbolo maior francês: Napoleão. Torna-se interessante visualizar as peripécias do cão de nome famoso conversando com a única humana que o compreende.
Nota 10
O TÍTULO (2/2) tem sua imponência e nos leva a um cotidiano distante de nossa realidade. Honra o TEMA (2/2) pela ousadia e o FLUXO (2/2), com belas construções embora lento, mantém seu encanto pelo domínio. A TRAMA (1/2) me lembrou Charles Dickens e a inocência na miséria da era vitoriana, mas a única surpresa foi Napo ser um cão. O FINAL (0,5/ 2) deu um sentido de rotina típico dos pobres, mas sem que me fisgasse a ler uma continuação. 7,5
Ao ler o final tive de ler novamente o início e consegui captar nuances que antes não havia entendido. Criativo, com um ar de conto de fadas. Mas talvez a reviravolta pudesse vir apenas no final – no meio quebrou um pouco o ritmo do texto e a mudança no ponto de vista repentina não caiu tão bem. No entanto, é uma bela história mais meiga e menos ranzinza (engraçado que no outro grupo há uma ideia parecida).
Olá,
Gostei da história, comecei a suspeitar que Napo era uma cachorro quando ele foi recepcionado por Émile. Mas mesmo assim a surpresa foi boa.
Marie é uma coisa boa no conto, curiosa a escolha dela de morar nas ruas e cuidar dos cães. Mais interessante ainda é ela conseguir falar com eles.
O final da história é bem simples e cativante, eles vão continuar dia após dia nas ruas procurando comida.
Uma boa história onde o conflito é a sobrevivência nas ruas. Parabéns!
Boa sorte!
Nota: 8
Eu gostei bastante.
Achei muito bem escrito e com um toque de pureza, de conto de fada, muito bem aplicado.
Fui enganado duas vezes pelo protagonista – primeiro pensei que fosse o próprio Napoleão. Depois um mendigo que assumiu esse apelido. Daí vem a revelação, muito bacana. E o mais legal é que numa releitura percebemos as várias pistas deixadas.
Além dos pequenos apontamentos abaixo, minha única ressalva é que o final não cria expectativa por uma continuação. O conto é bom, muito bom. Mas ele é bem fechado em si mesmo (normalmente isso seria um ponto extremamente positivo, mas não nesse desafio). A ideia de uma continuação faz parecer aquela coisa forçada do cinema, quando o filme faz sucesso e fazem o 2 pra aproveitar o embalo. Espero que o autor surpreenda.
– não fazia ideia aonde ela conseguia
>>> onde
– ela tinha
>>> cacofonia
– apetitivo
>>> usaria “apetitoso”
NOTA: 8
Uma história tocante, que só vai se mostrando no desenrolar do texto. Há uma pequena confusão na grafia do nome Marie, que também aparece como Maria, e o uso do termo apetitivo me soou mais como imprecisão… já que seu significado não é usualmente sinônimo de apetitoso. Na “cena” diálogo entre as personagens, há palavras que me pareceram pouco prováveis para um cão, mas isso não é mera firula se considerarmos o inusitado da conversa em si. risos Falta, talvez, um climax, mas o cotidiano é assim muitas vezes, não!?
Olá, Gaubert.
Gostei bastante do enredo da história e das duas surpresas: que Napo não era o Napoleão dos livros de história e, depois, que ele era um cão. De início eu já estava anotando minhas críticas: as pessoas chamando o Napoleão de “Napo”?! Torre Eiffel no tempo da revolução?! 😀
A escrita tem pequenas escorregadelas, mas tem boa qualidade, em linhas gerais. As personagens também estão bem desenvolvidas e é fácil ter empatia seja pelo cachorro, seja pela moça.
Não gostei muito das falas em francês ou misturadas, de português e francês. Acho tal recurso meio novelesco, parece coisa da Glória Perez e sua Turquia em que todo mundo fala português brasileiro com palavrinhas turcas aqui e acolá. Ora, o conto se passa em Paris e as personagens são francesas, logo elas falam francês, muito embora o texto seja narrado em português. Alguns clichês, de citar quase que tão somente os lugares mais turísticos de Paris, e de algumas passagens meio doces além do ponto, também poderiam ser limados.
Somando, portanto, mais prós que contras, achei o conto bastante bom.
Enredo: 5 (0-6)
Escrita: 2,5 (0-4)
Abraços.
Gramática impecável, assim como a construção do texto. Achei muito interessante retratar o cotidiano normal de uma figura histórica como Napoleão, pois sai dos clichês deste tipo de relato. Também gostei da Imperatriz, que não poderia ser mais real (real de realidade x real de realeza). Excelente conto e me despertou o interesse pela continuação.
Bom texto. Bem escrito, bem leve. Achei bem interessante a sua abordagem, não esperava uma filha do Doutor Dolittle (:P). Nem tenho muito o que comentar, não percebi nenhum erro no texto. O único porém que posso apontar, é que você poderia ter encaixado alguma coisa para deixar uma expectativa para o próximo texto, não que seja algo obrigatório, mas você podia ter feito algo para deixar as pessoas querendo ler o próximo, o conto ficou bem fechadinho, não consigo visualizar uma continuação, mas isso não é um defeito e não vai alterar em nada a qualidade do seu texto.
Muito bem escrito, parabéns.
Vamos a segunda parte. A história continua muito bem escrita como a primeira parte e muito bem conduzida. A segunda parte foi bem instensa, você decidiu tratar de um tema forte e bem pertinente a nossa sociedade. Eu gostei da reflexão. Juntando as duas partes foi um ótimo conto. Parabéns.