Perambulando por estas trilhas, noites e noites sem fim, sem destino, sem saber porquê…
A floresta densa, negra, fechada em seus mistérios, não abre-se para mim. Eu sigo andando e pensando, tentando achar sentido.
Quase enlouqueço…
Então procuro um escape… Converso com as corujas e elas nada me revelam dos segredos. Escuto os ventos que volta e meia sopram furiosos, mas eles só falam da continuidade da escuridão.
Nunca amanheceu desde que aqui cheguei… Quanto tempo faz? Ou é apenas uma noite e meu sentido temporal eternizou-se?
Às vezes durmo de exaustão… Como frutas que se oferecem na escuridão, os animais fogem uns dos outros, naquele ciclo do maior que come o menor e parecem não me ver nem sentir… Será que estou aqui?
Aqui onde? Que floresta será esta? Por que não amanhece?
Parece que ‘alguém’ ouviu meus brados e desesperos… Vejo uma luminosidade, será miragem da floresta?
Pisco os olhos, esgueiro-me quase sem discernir o que vejo… Parece-me que faz tanto tempo que não vejo nada que não seja folha, árvore, animais, ambientado no escuro…
É um roupeiro. Certamente uma miragem…
A parte interna de um guarda-roupas, inserido no meio da floresta eternamente noturna…
Ao chegar mais perto, vejo o lado interno do espelho na porta do roupeiro… Do outro lado, meu quarto. Reconheço as paredes verdes, a janela fechada com o padrão galhos de árvores das cortinas…
Vejo minha cama desfeita e sentado em frente ao espelho, em minha poltrona preferida… Eu mesmo!
Catatônico, olhando o Nada, olhando para mim, sem me ver, sem piscar… Semi-morto.
☬ Catatonia
☫ Anorkinda Neide
ஒ Físico: Conheço a autora faz muito tempo. O estilo de prosa dela sempre vem misturado com suas origens. É possível enxergar a poesia em cada linha de seus textos. Isso não é ruim. No entanto, às vezes, algumas construções que ficariam lindas num poema não brilham como deveriam. Nesse conto é possível encontrar isso. A cacofonia é um problema para o leitor, pois quebra o ritmo da leitura, que é muito importante. O texto é pequeno, mas nem por isso os tropeços não prejudicam. Oriento que tome cuidado com isso, principalmente se o texto for grande.
ண Intelecto: Não existe inovação na estória. Trata-se de uma alma perdida que descobre a verdade por detrás do pesadelo que vive. A roupagem também não impressiona. No entanto, a autora consegue transmitir a agonia do personagem, mesmo não se aprofundando nele. Peço que tome cuidado com as repetições. No caso desse texto, a escuridão está muito presente, mas como o texto não é visual, repetir sua presença se torna cansativo para o leitor.
ஜ Alma: Um texto que é feio, tão feio, que se torna belo. Acompanhar a descoberta da pobre alma é grandioso, principalmente com o estilo da autora. É difícil encontrar isso hoje em dia. Os textos, em geral, são superficiais demais. Há muitas descrições inúteis, muita enrolação para ocultar a verdadeira falta de conteúdo, apelos desesperados ao prolixo, etc, etc. Anorkinda Neide escreve com o coração, faz arte de verdade. E ela é fantástica por isso. Ela tem um grande fã!
௰ Egocentrismo: Apesar da leitura não ser muito agradável, por causa da cacofonia em demasia, a forma como a estória é contada me envolveu. Consegui sentir a angustia do personagem. Isso é ótimo! E não tem como não gostar do texto, já que pertence a uma pessoa que admiro muito.
Ω Final: Um texto que precisa de mais desenvolvimento na sua estrutura. É necessário eliminar a cacofonia. O enredo não precisa ser original, muito menos a roupagem, mas a autora precisa compensar de outra forma. Deixar o texto fluido com um toque de poesia seria o ideal. Acredito no potencial da autora.
௫ Nota: 7.
Oi Fábio!
Olha, é pra pensar o texto e não na autora por trás senão atrapalha a avaliação…kkk Bom receber tuas palavras… Obrigada!
Tenha dó deste textinho ele é idoso…
Nem fale dos textos rasos e dos livros aos milhares q estão sendo consumidos à superfície da razão, que eu fico nervosa!!! rsrsrs
Simbora nós, escrever mais pra escrever melhor!
Abração
Olá, Anorkinda! Espero que esteja tudo bem contigo.
Não se preocupe, consigo dividir razoavelmente o autor do texto, hahaha. Mas é muito difícil não adicionar um ponto extra na avaliação do gosto pessoal quando se admira o escritor.
Quanto à idade do texto, bem… É importante levar em consideração quando se está avaliando a potência atual do autor, mas o texto em si, ah, nunca terei dó, hahahaha.
E vamos nessa, escrever para crescer!
Muito bem escrito, vívido e realista, em um estilo límpido. Podem-se ouvir ecos do “Heráclito “, de Jorge Luís Borges, assim, como das inquietações de Coetzee. Excelente leitura, parabéns.
Ave Maria! Abençoada!
Você mima a gente demais, Wilson! E isso é tão bom! huahua
Obrigada pela leitura e pelas palavras.
Não caibo aqui em mim de contentamento!
Abração
Não consegui desviar minha mente da imagem do armário de Nárnia…rs. O texto é daqueles nossos, né, prosa poética na veia. Gostei de como ficou o final, esse confronto consigo mesmo em outro plano, como se tivesse perdido a identidade em outro lugar. Pronto, já viajei. 🙂
Hehehe
Que bom que gostou, eu tava bem insegura! é bom lembrar de Nárnia, é marcante!
Eu acho q essa tua viagem ae é bem procendente! 🙂
Bjão
Queria dar mais ou menos esse clima de “perdido na floresta” no meu poema do penúltimo desafio.
Acho que você teve mais sucesso aqui do que eu lá. 😀
O cenário ficou perfeito, mas não funcionou muito bem como conto (pelo menos pra mim). No final sobrou só aquele sentimento de… “e agora ??????”.
Abração!
Oi!
é que aqui está em primeira pessoa, acho q por isso o ‘perdido’ na floresta é melhor sentido… no seu poema, vc deu voz a uma floresta assombrada, acho que o clima é o mesmo com olhares diferentes. 😉
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Realmente não se parece com um conto, nem miniconto? rsrsrs Foram os primeiros textos meus em um formato diferente de poema, quase que eu pego tudo e transformo em estrofinhas! kkkkk
Obrigada pela leitura, FB!
Abraço!
ahhh : ‘ e agora?’ e agora nada.. a consciência dele está perdida eternamente na selva enquanto ele estiver catatônico, mas pensando agora, será um vislumbre de cura o fato de ele se enxergar?
A forma como está escrito o texto, deixa tudo fluido e leve.
Na minha cabeça a história entrou em um ciclo infinito: o eu sentado se perde em devaneios quando se vê em uma floresta e por ai vai…
Parabéns.
Oh que bom, Lucas!
Obrigada pela leitura!
O texto é tão antiguinho que eu pensei q eu ia só levar lenha nele!! hehehe
Abração!