Se eu fosse um vaga-lume,
iria iluminar tua face, guiar-te
os passos e ainda te roubar um sorriso,
e, em volta de ti, rodopiar
feito bobo.
E se eu fosse um príncipe, chamar-te-ia
para passear pelos bosques e,
quem sabe, encontrar ali uma clareira
com faunos e fadas e coisas assim,
e sob a melodia doce das gaitas e flautas, dançaríamos
a mais bela valsa, até a sol cair.
E quem me dera ainda se pudesse ser Deus,
apenas por um dia.
Faria, das estrelas, seus olhos,
para vê-los quando olhasse pra cima,
e tornaria a noite feliz e eterna.
Mas, mais que tudo, queria mesmo ser sonho,
sem começo nem meio e nem fim
numa noite fria e pintada de azul e
enfeitada por fadas e faunos, e vaga lumes iluminando
a relva, onde estaria deitado, ouvindo, atento
as batidas alegres
do teu coração.
Belo poema, Miguel. Parece simples, mas é uma simplicidade que engana, pois o sentimento imaginado nas ambições do eu lírico é extremamente profundo.
Parabéns!
Então Miguel. Acredita que fiquei pensando nesse seu poema de amor e acabei ficando preocupado com o resultado? O Poeta já se sente, por natureza, fora desse mundo e se a pessoa a quem é dirigido o poema é desse mundo (mesmo que você ache ela de outro mundo), alguns ajustes precisam ser feitos. Senão acontece com você o que aconteceu com o Fabio! A dica é: você até pode pensar o poema como se fala, como se faz um conto, mas ele precisa de alguns arranjos para dar uma melodia (nem sempre são as rimas) com algumas palavras arredondadinhas e macias em posições estratégicas. E sobre os faunos, fadas e vaga-lumes, saiba que às vezes precisam ser explicados para a pessoa não achar que você falou besteira. E quem sabe seu poema de amor fica mais bonito com imagens de fadinhas deixando atrás de si um rastro de estrelinhas, faunos simpáticos tocando flauta com uma alegria que não é desse mundo e os vaga-lumes (em alguns lugares são chamados de pirilampos) dançando ao som das flautas dos faunos em torno de vocês. Você sabe que tudo isso é clichê e também sabe que uma palavrinha, ou um versinho faz tudo ser original. É aí que vai a “assinatura” do Poeta. João Cabral de Melo Neto contava histórias longas como poemas (Vida e morte severina, por exemplo), Carlos Drumond de Andrade não se preocupava com rimas, nem com o sentido do poema, Cecília Meireles descascava-se em poemas e por que você não pode fazer alguma coisinha parecida? Bóra lá que o amor é assim mesmo!
Bernardi! Que bonito! Muito leve e sentimental…hehehe
Posso dar meus pitacos? :p
O título, acho que seria mais realista se fosse: Para me fazer feliz ou Pra me fazer feliz, como sugeriu o Sidney
pq o enredo todo fala da sua felicidade em amar e nao necessariamente em fazê-la feliz, embora esteja implicito…hehehe
Sempre acho que o verbo no fim do verso é estranho, pois parece q o restante desceu pro verso seguinte, gratuitamente, forçadamente
assim, na primeira estrofe:
‘Se eu fosse um vaga-lume,
iria iluminar tua face,
guiar-te os passos
e ainda te roubar um sorriso,
e, em volta de ti,
rodopiar feito bobo.’
‘roubar-te’, tb seria melhor ali… pra combinar com ‘guiar-te’ que apareceu logo acima.
Aqui tb, ó
‘e sob a melodia doce das gaitas e flautas,
dançaríamos a mais bela valsa, até a sol cair. ‘
desci o verbo para o verso seguinte 😉
E aqui:
‘enfeitada por fadas e faunos, e vaga lumes
iluminando a relva, onde estaria deitado,
ouvindo, atento as batidas alegres do teu coração.’
Parabéns pela inspiração, está lindo!
Abração
Ficou bacana, Miguel.
O título, como você usa a informalidade ao longo da poesia, poderia ser Pra te fazer feliz… acho que ficaria melhor, o “para” está muito formal.
encontrar ali uma clareira – acho que esse ali ta meio deslocado, pois já se sabe que é pelos bosques, e não precisa do ali. Outro ponto é “a sol” acho que queria escrever “o sol”.
Tem algumas coisinhas que podem ser melhoradas, uma vírgula faltando, outra sobrando, mas a poesia é doce e apaixonada, numa singeleza que transborda a alma do poetar.
Gostei!
Parabéns!
Ehhh, Miguelzinho. Muito bacana sua poesia, faz pensar que amar é se iludir para seguir vivendo ( minha frase ficou estranha
). Já pensou o que seria a vida sem ilusão?
Boa.
Boa, Miguel!
Uma vez arrisquei algo desse tipo, com faunos, fadas e coisas assim.
Mas o resultado não ficou tão bom.
E a moça que recebeu a poesia não entendeu nada, porque não conhecia bem os seres mitológicos.
Enfim, joguei aquela porra fora.
Mas essa sua ficou bem mais legal!
No melhor estilo apaixonado! Ela já leu?