EntreContos

Detox Literário.

Ecos (Pétrya Bischoff)

Banhava-se no alaranjado chiaroscuro que é a noite de débeis luzes artificiais.

Havia dias, a pressa pela última condução a fazia arfar em taquicardia. Não só a pressa, é bem verdade. Como pano de fundo de quaisquer emoções, havia aquela agonia inerente. Sua respiração chiava brônquica e pesada com o ar de baixas temperaturas que penetrava suas entranhas e era expelido como fumaça de gelo seco pela boca trêmula e arroxeada.

Os saltos das botas de cano alto produziam, contra o solo da calçada, um som seco e vibrante cada vez mais emergente. O tecido de couro vegetal do casaco sobretudo bailava ruidosamente, como capa de super-herói, na altura das panturrilhas. Uma das mãos comprimia contra o peito um pequeno volume de livros e a outra, fazendo um frenético movimento de pêndulo, carregava dentre os ressequidos dedos um cigarro filtro branco.

Entre dez ou quinze passadas, uma tragada e outra olhadela pelas sombras que erguiam-se da penumbra a cada farol alto que passava. Os sentidos muito alertas aos ruídos e estalos que surgiam dos becos escuros, halls de entrada e esquinas que aproximavam-se. Andava costeando o meio-fio, mas, ao perceber movimentação dentro de algum carro estacionado, afastava-se vigilante, de maneira a encontrar abrigo na parede próxima.

Seguia assim, olhos arregalados e cabeça inquieta em todas as direções. Não ousava, sequer, esperar o ônibus no ponto marcado. Àquela hora não havia muitas pessoas na rua e, mesmo outros possíveis passageiros poderiam representar perigo. Descia, então, a avenida. Vislumbrava no horizonte letras neon azuladas e tentava, por sua posição, determinar se aquele veículo seria o seu transporte. Se estive perto do ponto, corria tresloucada para pegá-lo. Se não estivesse, seguia caminhando até que ele aproximasse o suficiente para que pudesse fazer sinal e o motorista, de bom grado e coração, parasse.

No entanto, nem mesmo aquele espaço com, pelo menos, dois rostos conhecidos, iluminação, e destino certo, a acalmava por completo. Subia avidamente os três degraus, cumprimentava gentilmente o motorista, equilibrava-se por mais três ou quatro passos enquanto o veículo já punha-se em movimento e, ao passo que procurava pelo cartão de vale-transporte na bolsa, fazia uma rápida varredura no local. Uma senhora encontrava-se sentada no banco ao lado do cobrador, um jovem rapaz dois bancos atrás dela e, no meio do ônibus, na outra fileira, estava um homem com aparência cansada e uniforme de alguma empresa de tele-coleta. Passa a roleta com um sorridente “boa noite” ao cobrador e segue trôpega até o último banco, localizado atrás da porta traseira. Saída e emergência.

Suspirava aliviada, a cabeça quicando recostada no vidro; ainda é possível rabiscar um torto boneco-palito onde sua respiração fez embaçar. Casas e árvores e placas de sinalização. Escuro e frio. A condução pára em mais alguns pontos, a senhora da frente desce, depois o homem. Sobem alguns outros colegiais. Seu ponto se aproxima, ela faz sinal, a imponente Mercedes-Benz range e a amedrontada moça desce.

Exceto o latido dos cuscos ao longe, a noite é toda morbidez. Quatro quadras em linha reta a separam do conforto e segurança de seu lar. Quatro quadras, dois postes bruxuleantes e outros três apedrejados pelos moleques dos vizinhos. A lua minguante é sufocada por espessas nuvens e, em vários pontos, a escuridão é total. Com um sobressalto, pensa ouvir algo como um assobio cadenciado. Com um tremor interno, olha para trás e constata que não há nada. No entanto, a sensação de invasiva companhia já se assenta. Cerra os dentes e aperta o passo. Os brônquios inflamados voltam a reclamar presença. Engasga e tosse mucosa.

Agora, a certeza é de ter ouvido passos justamente no momento que passa debaixo de um dos postes que ainda iluminam, deixando-a em evidência na rua nem tão deserta. Duas intermináveis quadras e vem-lhe à mente trechos de algum vagabundo que bem poderia ter sido um tuberculoso viciado em ópio:

 

Súbito, ouço clamar meu nome

Não que seja meu, essa desgraça

Mas quem há de negar que alguém além de Deus

Tenha autoridade, e o faça?

 

Amarro-a, sim, pois debate-se em demasia

Os gritos não abafo nem proíbo

Deixo que berre e mantenha esperança

De ser resgatada, rapariga de prostíbulo

 

Os olhos verdes lacrimejam sem piscar

Seguindo a lâmina que exibo

Pressionando contra jugular pulsante

Lentamente a instigo

 

Que hei de fazer com tal puta

Se é única culpada por sua condição atual?

Escolheu o destino na ponta da faca

Ao tornar-se, na noite, mais uma marginal

 

Quanto mais apavorada ficava, mais sua mente produzia e reproduzia situações de horror onde ela era presa indefesa a ser maltratada, torturada e violentada. Tentava afastar os pensamentos e mentalizar sua cama a poucas centenas de metros, mas os passos que ouvia estavam mais próximos e eram sim reais.

Pensou em correr no instante que pressentiu a pior das circunstâncias tomando-lhe de assalto. A falta de ar era agora uma realidade, a taquicardia passou a fazê-la tremer por completo; os músculos com espasmos involuntários e as pernas e mãos ficando dormentes. A sensação de irrealidade com o mundo ao seu redor a fez ter certeza: estava passando por mais um episódio de pânico. E na rua, a mercê de alguém que poderia fazê-la sentir dor. Tanta dor.

No momento que sentiu que poderia desmaiar, os passos que ouvia estavam, definitivamente, na mesma rua que ela. Havia dobrado a esquina e ela atreveu-se olhar. Aquele vulto envolto em escuridão aproximava-se com tanta rapidez quanto ela própria tentava fugir. Não havia como correr, pois já não sentia as pernas. Explosões de bolas brancas confundiam sua visão. Uma única quadra e não podia sequer gritar. O ser franzino, com negras madeixas que desciam na altura dos ombros não tinha mais que dezoito anos e aproxima-se tanto que é possível identificá-lo ao passar debaixo de um dos postes que pisca esporádico.

A sensação é de ser arrebatada e não mais sentir o próprio corpo. Não como esmorecer, mas um alívio que pode-se comparar a pairar sobre o chão argiloso enquanto uma letargia dissipa os tremores. Todos os temores num entendimento mútuo de empatia que só poderia ser compreendido por que. compartilha dos mesmos receios.

41 comentários em “Ecos (Pétrya Bischoff)

  1. Laís Helena
    13 de junho de 2015
    Avatar de Laís Helena

    1 – Narrativa, gramática e estrutura (3/4)
    O texto possui alguns leves erros de revisão, mas nada que atrapalhe a leitura que, aliás, foi muito fluída. O autor soube demonstrar o medo da personagem de forma que este parecesse quase palpável. Apesar de não ter fobia, me identifiquei um pouco com a personagem; cursei a faculdade no período noturno por algum tempo e vivia com medo de ser assaltada. O poema não pareceu fazer muita diferença.

    2 – Enredo e personagens (2/3)
    Esse foi um dos contos que mais gostei até agora; a única coisa que me incomodou foi o final um tanto corrido e inconclusivo. Mas a ambientação, a descrição do medo da personagem, tudo isso foi muito satisfatório.

    3 – Criatividade (2/3)
    Você abordou uma fobia que talvez seja muito comum na vida real (não tenho certeza se realmente é fobia de ser perseguida/assaltada, e nem se ela é mesmo tão comum quanto imagino), mas o fez de uma forma interessante.

  2. Bia Machado
    13 de junho de 2015
    Avatar de Bia Machado

    Gostei muito! Foi um dos que li há alguns dias, por ser curto, e deixei para comentar depois (nesse caso, beeem depois, no último dia! =P). O conto dá uma sensação de desespero no leitor, é um suspense crescente, e primeiro vi que tentar encontrar a fobia estava me atrapalhando na leitura. Quando deixei isso de lado, curti! E aí ponderei que a fobia é de ser perseguida por pessoas desconhecidas, à noite? Ou me enganei? rsssss… Pelo menos foi a impressão que tive, e não sei se isso é uma fobia, mas espero que sim! E cada vez mais comum, diga-se de passagem… Parabéns!

  3. Wilson Barros
    13 de junho de 2015
    Avatar de Wilson Barros

    Nem precisava poema, o conto inteiro é escrito em linguagem poética. A “prostitutofobia” é uma das maiores contradições dos homens. Se as odeiam, deviam deixá-las em paz e não utilizar-se delas. Mas na verdade é muito mais fácil fingir em uma sociedade hipócrita que ser sincero. Excelente tema para debate, um conto social importante e bem escrito.

  4. Felipe T.S
    13 de junho de 2015
    Avatar de Felipe T.S

    O clima do conto é muito bom, as descrições funcionaram para mim, você conseguiu passar o desespero, o medo irracional, o suspense pulou da tela! Há alguns deslizes já apontados pelos colegas, coisas que você deve ficar atenta, e que ajeitando, só ajudarão seu texto a atingir seu potencial máximo.

    Você narra muito bem, no geral, eu gostei!

  5. vitor leite
    12 de junho de 2015
    Avatar de vitor leite

    este conto me parece bem escrito e agarra o leitor para saber o desfecho, para ouvir o que vem a seguir. Conto curto, compacto intenso, real, próximo de todos nós, facilitando muito a relação do conto com o leitor e, muito ritmo, concluindo: muitos parabéns.

  6. Jowilton Amaral da Costa
    12 de junho de 2015
    Avatar de Jowilton Amaral da Costa

    O conto é enevoado. Dá pra sentir o frio da noite, escutar os passos das botas estalando no chão. A ambientação sombria é muito bem feita. eu gostei muito. O final faz referência a que uma mulher sozinha andando na rua fica muito feliz em encontrar uma outra mulher na mesma condição, ou algo assim, em relação a violência contra as mulheres. Agora vem o porém, não identifiquei exatamente qual seria a fobia. Medo de sentir dor, medo da noite, medo de ser violentada, tudo isso ao mesmo tempo agora? Boa sorte.

  7. Tiago Volpato
    12 de junho de 2015
    Avatar de Tiago Volpato

    Um conto bem interessante. Creio que sua intenção era criar um texto como se fosse uma pintura, se for o caso, você conseguiu (ou eu me enganei terrivelmente pelo pseudónimo, o que pensando bem deve ser o correto). O texto possui passagens inspiradas, bem detalhadas, que conseguiram passar o clima de tensão da personagem, muito bom.
    Particularmente eu prefiro textos com mais enredo do que descrição, mas gostei muito do seu texto, ele conseguiu me prender legal. Você criou um texto simples, mas que conseguiu acertar no desafio. Parabéns.

  8. mariasantino1
    12 de junho de 2015
    Avatar de mariasantino1

    Olá!

    ↓Os deslizes, em minha concepção, são os únicos poréns desse conto.

    ↑ Verossimilhança, imagens oferecidas, sensações, flashes que são certeiros para explicar o motivo das sensações agonizantes da personagem e o cenário também foi muito bem descrito, além da ausência de nomear essa ou aquela fobia. Você conseguiu ser precisa de uma forma que até se escuta as passadas chegando por trás e se deseja que a personagem acelere o passo e consiga chegar em casa. O tamanho do conto é agradável, mas em escritos com esse tipo de estruturação, eu sempre vou querer ler mais.

    Parabéns. Boa sorte e um abraço!

  9. Carlos Henrique Fernandes Gomes
    11 de junho de 2015
    Avatar de Carlos Henrique Fernandes Gomes

    Frida, que conto maravilhoso! Também tenho esses ecos de vez em quando! Atendeu de pronto à proposta do desafio com brilhantismo! Depois da última vez que fui assaltado, com um 38 enferrujado apontado na barriga, fiquei um tempão praticamente andando rodopiando pela rua para não ser surpreendido por ninguém. É um medo que se tem até dormindo; e se o 38 enferrujado dispara num pesadelo! A última crise que tive de asma, entrei em pânico e aí não respirava de jeito nenhum! Quase morri! Não é aquele quase morri de calor, de tédio, de ódio, de frio, de canseira, esse quase morri de frescura; quase morri de morrer mesmo e a gente não tem controle sobre mais nada! É assim o medo! Brilhantes as descrições dos sintomas da fobia da moça que teve tanto medo de uma pessoa que tinha tanto medo dela. Ecos! Sensacional!

  10. Fabio D'Oliveira
    11 de junho de 2015
    Avatar de Fabio D'Oliveira

    ❂ Ecos, de Frida ❂

    ➟ Enredo: É um texto elétrico, cheio de energia, que parece estar sempre em seu clímax. No entanto, quando finalmente chegamos no real ápice da história, ela é finalizada. Que sacanagem, Frida! A história envolve, porém, com um final tão brusco, prejudicou o conteúdo final. Tenha mais paciência da próxima vez e só posso dar um conselho: reescreva o final. Sobre o enredo, no geral, não há muito o que falar. Não é original. Conhecemos a personagem apenas na situação de terror. Seria bom, também, explorar ela mais um pouco. E talvez o rapaz que a perseguia, provável assassino.

    ➟ Poema: Gostei bastante. E dar a entender que a protagonista será assassinada pelo rapaz que a persegue. Encaixou-se muito bem no texto.

    ➟ Técnica: Olha, a técnica é boa, vejo talento nela. A narrativa é bastante fluída. Não tenho muito o que declarar.

    ➟ Tema: Perfeito. Você consegue sentir o medo dela, tão irracional, tão exagerado, tão real! Parabéns! Poucos conseguiram fazer isso! Muitos se confundem, mas o tema é uma das partes mais importantes de um desafio literário. Apenas mencionar uma fobia, forjar um pouco de medo, etc, etc, não basta! Belo trabalho!

    ➟ Opinião Pessoal: Gostei e não gostei. O estilo eletrizante não foi muito ruim, apesar de ser muito perigoso. E pessoalmente não sou muito fã. Porém, foi o final que me deixou desapontado. Que isso, Frida, por que fez isso conosco!? Faça melhor da próxima vez!

    ➟ Geral: História boa, mas nada criativa. Tem talento. Técnica boa. Poema ótimo. Encaixou-se muito bem com o tema. Final brusco e broxante. Gostei e não gostei.

    ➟ Observação: Por que tanta pressa, Frida!? Por acaso você se espelhou na sua personagem? Faça as coisas com calma. E não termine os contos assim, em seu ápice!

  11. Fil Felix
    10 de junho de 2015
    Avatar de Fil Felix

    Gostei do conto, de como passou a temática pra gente, desse medo de andar a noite, de a qualquer momento ser atacado por alguém. Realmente toca na gente. Mas concordo com os amigos, ficou bem curto e acaba não passando nada além da descrição do cotidiano. Por ser algo tão universal, podia ter estendido um pouco mais e ter dado um twist aí no meio.

    O poema ficou excelente, um dos mais legais até agora. Tocante e forte ao mesmo tempo, adorei como usou o termo puta, que não fica fora de contexto e dá uma outra camada ao conto.

  12. catarinacunha2015
    10 de junho de 2015
    Avatar de Catarina Cunha

    TÍTULO deslocado. Não encontrei o “eco” no texto, nem subliminarmente.
    O POEMA sobre a puta está excelente. Sobrevive tranquilamente sem o texto.
    FLUXO DO TEXTO estiloso e extremamente competente. Gosto de autores que subvertem a ordem das orações com pinceladas de metáforas. Gostei muito do que li e do poder de síntese do autor (a).
    TRAMA forte e envolvente. Desperta a curiosidade, mas a fobia ficou meio travestida de síndrome do pânico.
    FINAL sem clímax, sem graça. Embora o último parágrafo esteja belamente construído, como raramente vemos, tive a impressão de que não houve conclusão e não foi proposital. O final não convenceu.

  13. rsollberg
    9 de junho de 2015
    Avatar de rsollberg

    Caríssima, Frida!

    Adorei o seu conto ao melhor estilo noir. Esse terror psicológico, sendo habilmente mesclado com o ambiente detalhado de forma rica. Aliás, a ambientação foi um dos pontos altos da história. Conseguiu me projetar para o lugar da personagem.

    A poesia, na minha humilde opinião, foi uma das melhores que li. Ela se fundiu perfeitamente com o texto. Algo dificílimo e, até aqui, raro.

    No que diz respeito a adequação do tema, penso que deva existir uma linha tênue entre a síndrome do pânico e alguma fobia especifica, alguma espécie de ágorafobia mais intensa, sei lá. Fiquei dividido, pois os sintomas e as consequências são parecidas. Bom, com não sou estudioso, rola a bola.

    Também gostei do título: Ecos. Ecoando na mente e no ambiente.

    Parabéns e boa sorte!

  14. Virginia
    9 de junho de 2015
    Avatar de Virginia

    Muito boa a escrita, gostei das metáforas e da descrição minuciosa das ações da personagem. A narrativa não me prendeu muito, mas a poesia é bem interessante, fiquei pensando que tipo de “malandro” declamaria algo assim. Não captei bem a fobia, mas o suspense e a criatividade estão muito bons. Parabéns e boa sorte !

  15. Anorkinda Neide
    9 de junho de 2015
    Avatar de Anorkinda Neide

    Tá muito bem escrito, acho eu, deslizei pela leitura sem problemas, exceto o desassossego… lembrei o tempo todo de minha filha e suas historias ao chegar em casa…kkkk
    esse pânico ae é certeiro em quem estuda de noite!
    Por isso mesmo, é pânico e não fobia, eu acho.

    Concordo com as colocações e correções dos colegas ae, por isso, despreciso de refazê-las.
    Agora vamos ao poema! ^^

    Gostei das rimas ricas 😉
    Gostei da primeira estrofe
    e ponto.

    Acho q está bem introduzida na cena, a poesia, faz parte do pânico da garota mas… ela ficou estranha em sua construção mesma. Não sei, quisestes dar força ao poema com palavras fortes mas que não combinaram-se entre si… jugular pulsante, achei feio mesmo…rsrrs

    Bem, é isso
    Boa sorte ae
    Abração

  16. Ana Paula Lemes de Souza
    8 de junho de 2015
    Avatar de Ana Paula Lemes de Souza

    Hmmm, o TAMANHO. Gostei de cara do tamanho do conto. Gosto de contos curtos, embora nem sempre eu consiga fazê-los.
    Receio conhecer a autoria deste conto, talvez por uma palavrinha que está quase a denunciá-la por trás da história (chiaroscuro, talvez?).
    Parabéns! Desejo-lhe sorte!

    Alguns erros encontrados:

    Usa-se sempre próclise após atratores, dentre estes, a conjunção “que”:
    – “que erguiam-se da penumbra” = que se erguiam da penumbra
    – “que aproximavam-se” = que se aproximavam
    – “que pode-se comparar” = que se pode comparar
    Erro com crase:
    – “a mercê de” = “à mercê” é uma locução adverbial feminina que pede a crase.
    Erro de digitação:
    – “por que. compartilha dos mesmos receios.” = por quem compartilha dos mesmos receios.

  17. Gustavo Castro Araujo
    6 de junho de 2015
    Avatar de Gustavo Castro Araujo

    Achei excelente. Quem já teve que pegar busão de noite e voltar para casa atravessando algumas quadras desertas e mal iluminadas há de se identificar com esse texto na hora. Gostei muito das descrições, da atmosfera sufocante, do medo latente se transformando em desespero paulatina e inexoravelmente. O poema é, para mim, um dos melhores que li até o momento. Reflete muito bem o clima angustiante, servindo como (falso) presságio para a menina.

    Sim, o texto é simples, mas às vezes não é preciso tramas elaboradas para passar uma boa ideia. Sem querer tecer comparações, tome-se por exemplo o clássico “Rope”, ou “Relíquia Macabra”, do Hitchcock. Uma ideia singela que funciona de modo fantástico, fazendo o espectador se contorcer na poltrona. Aqui neste texto, pelo menos eu fiquei com o coração na mão à medida que o tal sujeito se aproximava da protagonista. Li de um fôlego só, contente por se tratar de um texto curto, para saber como terminaria — quem era o tal rapaz, enfim.

    Como peça de entretenimento, se levarmos em conta a razão “linhas-escritas-por-emoção-gerada” este conto se sobressai com louvor.

    Claro que poderia melhorar, afinal, havia espaço, bastante espaço, para tanto. Poderíamos saber mais sobre a garota, os motivos que a faziam voltar para casa tão tarde. Ela estuda? Trabalha? Tem namorado? É sonhadora? Ou batalha que nem uma desesperada? Enfim, se tivéssemos mais informações sobre ela poderíamos estabelecer um vínculo de afinidade com ela, torcer por ela, temer por ela, enfim, poderíamos nos identificar ainda mais com ela. Fica aí essa sugestão para que o texto seja desdobrado.

    Boa sorte!

  18. Leonardo Jardim
    5 de junho de 2015
    Avatar de Leo Jardim

    Minha avaliação antes de ler os demais comentários:

    ♒ Trama: (2/5) achei a trama muito simples. No fundo é apenas uma cena longa de uma pessoa com medo, embora muito bem descrita. Não entendi muito bem o final: era um jovem conhecido?

    ✍ Técnica: (4/5) percebi uma confusão com tempo verbal, mas as frases foram muito bem escritas e as palavras bem escolhidas. Não fosse esse problema temporal, seria digno de nota máxima. É mesmo uma técnica muito refinada!

    ➵ Tema: (2/2) o medo de ser assaltada (ou coisa pior) está explícito no texto (✔), mesmo sendo algo muito natural hoje em dia.

    ☀ Criatividade: (1/3) um texto cotidiano e uma fobia comum.

    ✎ Poema: (2/2) gostei bastante, com ótima sonoridade e, embora não esteja totalmente encaixada na trama, dá o tom do medo da protagonista.

    ☯ Emoção/Impacto: (4/5) esse é o ponto alto do conto. Fiquei apreensivo o tempo todo imaginando o que poderia ocorrer. Só o final que podia ser mais claro e impactante.

    Escorregadas para o presente:
    ● *Passou* a roleta
    ● ainda *era* possível
    ● A condução *parou*
    ● senhora da frente *desceu*
    ● Etc.

    Outros problemas encontrados:
    ● Se *estivesse* perto do ponto
    ● poderia ser compreendido por *quem* compartilha dos mesmos receios.

  19. Claudia Roberta Angst
    3 de junho de 2015
    Avatar de Claudia Roberta Angst

    Olá, autora!
    Os erros que escaparam à revisão já foram devidamente apontados.
    A fobia pareceu-me mais um ataque de síndrome de Pânico, mas considero dentro de espectro fóbico (inventei isso agora, tá).
    O poema fez sucesso comigo, gostei bastante. A narrativa prende a atenção do leitor pois instiga a sua curiosidade. O que acontecerá com a moça tão apavorada?
    Boa sorte, guria!

  20. Evandro Furtado
    3 de junho de 2015
    Avatar de Evandro Furtado

    Olá Frida

    Muito bom o texto. Você trabalhou o tema de forma excelente. Uma história curta e muito densa, com uma personagem muito bem construída e uma linguagem nem tão simples, nem tão exagerada.

    O desenvolvimento da trama foi, de fato, muito bom. E que final, hein?

    Parabéns.

  21. Brian Oliveira Lancaster
    2 de junho de 2015
    Avatar de Victor O. de Faria

    EGUA (Essência, Gosto, Unidade, Adequação)

    E: Um conto com pega noir, meio policial.
    G: Gostei do início, mas depois a troca de tempo dos verbos atrapalhou um pouco. Mesmo assim, é interessante acompanhar sua trajetória, pois a fobia é expressa de modo inerente, desde o começo. Precisava apenas de um pouquinho mais de atenção do autor, pois escreve bem, mas certas passagens carecem de revisão.
    U: Trocas temporais e frases sem conectivos apareceram aqui e ali, mas não estragou a experiência.
    A: É uma história cotidiana, mas instiga a continuar. Foi fácil criar a conexão com a personagem. A atmosfera foi um dos pontos altos.

  22. Cácia Leal
    1 de junho de 2015
    Avatar de Cácia Leal

    Texto simples, mas que flui. A trama não é bem elaborada, no entanto compre bem a tarefa de abordar o tema, e o faz com precisão, descrevendo o ataque de pânico de uma fobia.
    Gramática: Encontrei alguns erros, uns que até o corretor automático encontraria. Valeria a pena verificar, como na última linha, o ponto final depois do “por que” e o “que pode-se comparar” (o que puxa o pronome). E outros mais.
    Criatividade: Foi criativo como o tema foi elaborado, usando uma ação cotidiana.
    Enredo: enredo simples, mas cumpriu seu papel.

    • Frida
      2 de junho de 2015
      Avatar de Frida

      Olá, Cácia! Obrigada pela leitura e comentário. Estarei mais atenta ao corretor da próxima vez 🙂 Boa sorte para você!

  23. Fabio Baptista
    1 de junho de 2015
    Avatar de Fabio Baptista

    *****************************
    >>>>>>>>>>TÉCNICA – 3/3
    (Pontos de avaliação: Fluidez narrativa, correção gramatical, estrutura da história, estética)
    *****************************
    Muito boa.

    A ambientação beira a perfeição. A clareza com que a angústia da personagem foi passada também não fica atrás.

    Só tem um pequeno deslize no final, um ponto que entrou no lugar do “m” de “quem”.

    *****************************
    >>>>>>>>>> TRAMA – 2/3
    (Pontos de avaliação: Motivações dos eventos, verossimilhança, desenvolvimento dos personagens)
    *****************************
    Gostei da abordagem do tema em algo bem cotidiano.
    A simplicidade da trama me agrada, mas faltou algum impacto no final. Não falo sobre um ataque real, ou algo do tipo, mas uma descrição melhor do sentimento do outro personagem que cruza o caminho da protagonista.

    *****************************
    >>>>>>>>>> POESIA – 2/2
    (Pontos de avaliação: a poesia em si e a relevância para a trama)
    *****************************
    Muito boa e adequada ao contexto.

    *****************************
    >>>>>>>>>> PESSOAL – 1/2
    (Pontos de avaliação: 0 – Não gostei / 1 – Gostei / 2 – Gostei pra caralho!
    *****************************
    Gostei!

    Um final melhor trabalhado me agradaria ainda mais.

    *****************************
    >>>>>>>>>> ADEQUAÇÃO AO TEMA x 1
    (0 – Não se adequou / 0,5 – Parcial / 1 – Total
    *****************************
    O medo aqui é palpável. Não sei se entra necessariamente como uma fobia, mas considerarei adequação total.

    • Frida
      2 de junho de 2015
      Avatar de Frida

      Olá, Fábio! Obrigada pela leitura e comentário. Acho maravilhosa essa maneira de comentar, com notas e especificações, ainda o farei também. 😛
      Boa sorte para você!

  24. simoni dário
    1 de junho de 2015
    Avatar de simoni dário

    Olá Frida, ótimo conto. A narração e o enredo estão excelentes,só fiquei pensando na roupa que você colocou na personagem que tem uma fobia dessas e precisa andar pela rua em noites mórbidas, chama a atenção, não? Botas de salto e cano alto com casaco de couro vegetal sobretudo até a altura das panturrilhas? Mas, você é extremamente habilidosa com a escrita e descreve as cenas de forma impecável. Muito bom.
    Parabéns e boa sorte!

    • Frida
      2 de junho de 2015
      Avatar de Frida

      Olá, Simoni! Obrigada pela leitra e comentário.
      Ah, o problema da roupa… talvez tu tenhas vislumbrado algo mais sexy ou “inapropriado” que eu própria. No entanto, a questão aqui não é culpabilizar a possível vítima, não é? Vamos desconstruir esse esteriótipo de mulher vulgar que está pedindo para ser atacada. Que tal?
      Boa sorte para você também!

  25. Wallace Martins
    31 de maio de 2015
    Avatar de O corvo

    Olá, meu caro Autor(a), tudo bem?

    Seu conto é, realmente, maravilhoso. Soube manter uma aura de suspense e tensão do início ao fim que é invejável, uma técnica muito boa e apurada, parabéns, gostei muito da sua narração.

    No entanto, o medo da moça pode ser algo bem normal e visto na maioria das pessoas, afinal de contas, é uma mulher, solitária, a noite, se contextualizado no Brasil, acaba por ser muito comum, visto que o índice de violência a mulher, infelizmente, é muito alto. Sendo assim, faltou algo mais irracional neste medo, faltou transformá-lo em pânico da pessoa, praticamente, não raciocinar diante do medo, isso que entendo como fobia.

    Em algumas partes houveram deslizes quanto aos tempos verbais, incomodou um pouco, mas não me foi algo que conseguiu retirar a atenção, consegui me adaptar e seguir a leitura adiante, contudo, será bom revisar bem estes pequenos pontos.

    O poema ficou magnificamente bem encaixado e construído.

    Parabéns pelo ótimo conto e obrigado por compartilhá-lo conosco.

    • Frida
      1 de junho de 2015
      Avatar de Frida

      Olá, Wallace! Obrigada pela leitura e comentário. Meus textos sempre ficam com furos de revisão. Depois de enviar, eu mesma os encontro e passo a crer que algum serzinho maligno manipula minha visão para não enxergar a tempo de arrumar. Quanto a veracidade da fobia, sabia que muitos poderiam refutar, mas meu único argumento reside em experiência própria com a situação. :/
      Boa sorte a você também!

  26. Sidney Muniz
    29 de maio de 2015
    Avatar de Sidney Muniz

    Então somos dois, mas o seu está melhor dos que os meus costumam ficar, certamente. haha

  27. JC Lemos
    29 de maio de 2015
    Avatar de JC Lemos

    Olá, Frida. Tudo bem?
    Acho que sei quem é você.

    Seu conto é bom. Retrata a situação com angústia, criando boas imagens e trazendo o leitor para a trama. O cenário é bem descrito e tem a capacidade de mostrar muito com pouco. Gostei também da imersão da personagem, do poema bem escrito e da fobia que já se tornou algo comum hoje em dia. Acho que com o tempo, do jeito que está, todos estaremos devidamente inoculados com esse medo.

    Há alguns pequenos deslizes, mas nada que uma revisão mais atenta não possa dar jeito.

    Parabéns pelo trabalho!
    Boa sorte!

    • Frida
      29 de maio de 2015
      Avatar de Frida

      Olá, JC!
      Obrigada pela leitura e comentário. Teu chutes de autoria não valem, desconfio que você tenha invadido o sistema do EC e já está há alguns meses nos vigiando rrsrssr.
      Boa sorte a você também!

  28. Rubem Cabral
    29 de maio de 2015
    Avatar de Rubem Cabral

    Olá, autor(a).

    Gostei muito do texto: você foi capaz de criar uma atmosfera opressora e o conto transmite tbm muitas sensações. A qualidade da escrita está acima da média, com algumas construções bem inspiradas e descrições ricas.

    Achei o poema bom, com uma primeira estrofe muito boa. Contudo, o tema “fobia” ficou meio embaçado, pois o medo da moça pareceu-me real e completamente devido…

    Dito isso, parabéns! Foi uma leitura prazerosa.

    Ah, arriscaria dizer que o autor é provavelmente gaúcho.

    Boa sorte no desafio e abraços!

    • Frida
      29 de maio de 2015
      Avatar de Frida

      Olá, Rubem!
      Obrigada pela leitura e ótimas palavras de incentivo.
      Será que alguma característica linguística regional denunciaria essa escrita? Ou talvez já não haja fronteiras ou “arreios” e eu tenha me apropriado de algo rsrsr.
      Boa sorte a você também!

      • Rubem Cabral
        2 de junho de 2015
        Avatar de Rubem Cabral

        Oi. Acho que só no RS costuma-se chamar os cachorros de “cuscos”, não?

        “Exceto o latido dos cuscos ao longe…”

        abraço!

  29. Rogério Germani
    28 de maio de 2015
    Avatar de Rogério Germani

    Olá, Frida!

    Entendo que fobia é um medo irracional de alguma coisa, animal, situação, etc que represente pouco ou nenhum perigo real.
    O medo apresentado pela personagem solitária no cenário de suspense apresentado na trama ( lua minguante, locais escuros, postes com luzes bruxuleantes…) é algo comum a qualquer indivíduo cauteloso no Brasil. Com a onda de violência que assola nosso país, mulheres (e por que não homens também?) devem sempre ficar em alerta. A marginalidade, ainda mais em situações propícias, nos espreita.

    Vamos à análise do texto.

    Pontos fortes

    1- A escrita prende-nos pelo suspense bem elaborado.
    2- Cenários contribuem, e muito, para aumentar o pânico da personagem.

    Pontos negativos

    1- Desta vez, irei apenas mostrar alguns trechos que precisam ser revisados:

    “Se estive perto do ponto, corria tresloucada para pegá-lo.”

    “Saída e emergência.”

    “Todos os temores num entendimento mútuo de empatia que só poderia ser compreendido por que. compartilha dos mesmos receios.”

    Parabéns pelo conto e boa sorte!

    • Frida
      29 de maio de 2015
      Avatar de Frida

      Olá, Rogério!
      Obrigada pela leitura e observações nesses deslizes gramaticais, ainda devo me policiar muito nesse aspecto.
      Quanto a fobia, tentei mesclar meus próprios episódios em função da síndrome de pânico com uma crescente (e não irracional, é verdade) preocupação com ataques sexuais, que muitas mulheres acabam desenvolvendo.
      Boa sorte para você também!

  30. Sidney Muniz
    28 de maio de 2015
    Avatar de Sidney Muniz

    Vamos lá autor(a)

    Uma boa leitura essa hein?

    Gostei bastante da narrativa, do tom que imprimiu de suspense e tudo foi bom, eu gostei.

    Senti falta de algumas coisas, a fobia está aí, uma crise de pânico a acompanhando, as sensações, o foco do autor(a) foi interessante e o conto é curto sem deixar que a ausência de algo ou de alguém seja notada.

    É um episódio interessante, e do que penso é bem essa a sensação que uma fobia nos passa, daí para mais. Mas eu gostei, gostei bastante.

    Contudo o que mais prejudicou a leitura foi a confusão dos tempos verbais, hora passado, outrora no presente, deixando de preestabelecer uma ideia melhor do acontecimento.

    Deixo agora algumas observações:

    Uma das mãos comprimia contra o peito um pequeno volume de livros e a outra, fazendo um frenético movimento de pêndulo, carregava dentre os ressequidos dedos um cigarro filtro branco – a alternância do tempo verbal prejudicou um pouco. Senti a falta de uma vírgula após livros, e sugiro que seja reformulada essa passagem daí em diante pois da forma que está trava a leitura.

    Quem sabe: de livros, e a outra fazia um frenético movimento de pêndulo, carregando dentre os ressequidos dedos um cigarro filtro branco.

    Entre dez ou quinze passadas, uma tragada e outra olhadela pelas sombras que erguiam-se da penumbra a cada farol alto que passava. – esse passadas/passada não deu liga. – Sugiro que o primeiro fique talvez: Entre dez ou quinze passos…

    No entanto, nem mesmo… – nesse parágrafo há mais uma alternância de tempo que incomoda.

    Todos os temores num entendimento mútuo de empatia que só poderia ser compreendido por que. compartilha dos mesmos receios. – Esse por que é junto, certo?

    No mais gostei e desejo boa sorte, e parabenizo pelo talento.

    • Sidney Muniz
      28 de maio de 2015
      Avatar de Sidney Muniz

      leia-se passadas/passava… pensei numa coisa e escrevi outra… haha

      • Frida
        29 de maio de 2015
        Avatar de Frida

        Olá, Sidney!
        Obrigada pela leitura e observações, é impressionante como sempre deixamos passar coisas grotescas, independente das revisões. Meu ponto fraco nos desafios é essa desatenção acrescida da ânsia em enviar.
        Boa sorte para você também!

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Publicado às 28 de maio de 2015 por em Fobias e marcado .