Amanheço em sossego, um doce sossego.
A brisa traz a meiguice matinal do vento. Dali a pouco o calor ser´s escaldante, mas agora a brisa é doce… Sossego…
Conforme a manhã transcorre e o calor gradativamente aumenta, eu sinto o sangue esquentar. Isto provoca uma reação nervosa por todo meu corpo… Tremor…
Na coroação do meio-dia, já não há auto-controle, o fluxo atinge neurônios.
Cabelos ruivos brilham ao sol, parece uma deidade. Ela ri, ela ama o sol, o calor, o suor que molha a raiz dos cabelos vermelhos em sua nuca… branca, macia… Ela confia.
Minhas mãos suadas, tremem, o sangue ferve. É meio-dia. O sol queima-me o dorso, os nervos descontrolados. Minhas mãos… A nuca alva, o cabelo vermelho.
A alcanço… Minhas mãos fortes não obedecem, apenas a apertam. O riso some, o brilho no olho some, a alegria pelo sol, some…O olho fecha. Ela não ri mais, nunca mais.
Solto-a. Sigo meu caminho como antes seguia, absorto, alheio… Menos tenso. Sei que vai esvair-se o calor, assim como a cor daquela moça… Vai passar…
Caminho até o entardecer, paro em frente ao mar. A temperatura já está normal, olho o sol…Vermelho… Se põe no mar. Mergulho diário dele, refresca-se. Alivio meus tremores, ele se foi…
Está escuro… Sossego… A brisa traz agora a doçura estrelada da noite. Não precisarei mais acompanhar a caminhada quente do astro-rei… Sirenes…Prisão…Sossego.
Como dizia Safo, ‘Não me cante as canções do dia, pois o sol é inimigo dos amantes. Cante-me as sombras e a escuridão. Cante-me as lembranças da meia noite’. Imaginei a ruiva como a personificação do sol e das canções do dia, que afligiam, de certo modo, o protagonista, que desejou, assim, matá-la, junto com suas sirenes. Com isso, ele pôde se reencontrar com a noite e, posteriormente, com a meiguice matinal do vento. Como os dias se repetem, poderíamos prosseguir com as Mil e Uma Noites, até que ele encontrasse sossego no dia. Legal. Duas trajetórias e duas narrativas. Duas personagens, cada qual com sua trajetória, fundindo-se no assassinato. Duas narrativas, a real, encoberta, e a poética. Muito bom. Parabéns.
Obrigada!!!
Adoro Safo! Que beleza de comentário, hein! Fiquei feliz! hehe
Precisei ler duas vezes para entender o final. Ótima jogada de palavras. Lemos o início pensando no sublime e terminamos com “como assim?”. Leve, me deixei levar pela primeira vez. Depois fui entender o caso “real”. Curto e profundo.
Obrigada pela leitura … que bom que ela lhe trouxe sensações contrastantes.. hehehe
Abração
Conto rápido, pungente, desafiador diria. Extremamente bom, consegui sentir a angustia do personagem. Excelente a sugestão da Maria Santino.
Parabéns Neide.
Quem é vc, fantasticontos? rsrsrs
Obrigada pelas palavras!
Swylmar Ferreira
Hum! Queria um pouco mais do conto?
Amando o blog, amei o texto, td!
http://livroarbitriodotco.wordpress.com/
Oi, gente obrigada pela leitura!
Foi o primeiro conto de minha vida, no Orkut, Rubem não lembra não? rsrsrs
Claro, tirando as incursões no colégio…
O título nem foi muito pensado sabe… na verdade, foi a partir dele q a história surgiu. Vou pensar nas dicas 😉
Fui arrumar um verbo e saiu errado ali :’será’.
Abração
Ops.. acabo de ver no meu próprio blog que meu primeiro conto foi outro..bem… então são gêmeos… 🙂
Gostoso de ler. Curto sem pretensões maiores, o conto acaba quase ao começar. O título tira o suspense, mas a confusão do que é realidade ou pensamento me agradou. Gosto do caos sentimental. 🙂
Oi, Neide. Então, além da sugestão da Maria eu ainda indicaria o uso de itálico ou recurso semelhante, para separar mais claramente os dois narradores.
Achei o miniconto interessante.
Oi, Anorkinda!
Acho um desafio criar muito em pouco espaço. Sempre prezo pela surpresa 😀 Achei bacana. Se me permite, mudaria o título para dar suspense, algo como: Calor ruivo, Sangue quente, Sossego 😉
Abraço!
eu pensei em mudar o título para VERMELHO QUENTE.. 🙂
Eu adoro contos que dizem tão claramente o que aconteceu sem dizer literalmente. Ficou claro? hahaha
O tamanho ficou perfeito.
Parabéns
Que doideira! Só tenho isso a dizer k