EntreContos

Detox Literário.

Certa Magia… (Fernando Abreu)

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A Mi acordou e a sala já estava cheia de fumaça. Saiu do quarto ainda com as pantufas de sapo e deu de cara com a minha mãe. Ela viu a menina, deve ter lembrado das minhas broncas, e apagou a guimba no vasinho. Sempre que eu vou molhar as plantas é a mesma coisa, borrifo, troco o pires, jogo a água preta de cigarro no tanque. Que porquice. Ela diz que assim não fica cheiro. E daí?

Mas a Mi também não é santinha. Se está em casa hoje é porque não pode ir pra escola. Dá nervoso só de lembrar. Ela tem rixa com uma outra menina, vivem se xingando, mas dessa vez passaram do limite. Quando ligaram de lá contando tudo, não acreditei. A diretora disse que se pegaram de pau no recreio, uma tentando arrancar o cabelo da outra, só não deu em coisa pior porque um dos coleguinhas separou. Agora a Mi está com um vermelhão no rosto, já passei remédio, mas tem que cuidar. Acho que a coisa piorou quando as duas começaram a se xingar na sala da diretora, a mulher ficou nervosa, me ligou na hora, fui lá, deu nisso, suspensa. Vê se pode…

Acordei atrasada. Foi estranho. Logo que levantei, fui tirar as roupas do varal. Peço pra minha mãe fazer, mas ela não para em casa, não sabe nem o que está acontecendo com a gente. Que desabafo, viu, é muito complicado. Ela é morcega, os horários doidos não batem com os da casa, mas, normal, é minha mãe, nunca negaria ajudar. Quando cheguei na área de serviço uma coruja branca estava em cima das roupas, me encarando. Corri assustada pro quarto e fechei a porta. Não podia usar o interfone da cozinha, medo daquele bicho voar em mim. A Mi dormia, liguei no celular do porteiro e pedi pra subir. Ele chegou com um esfregão meio sujo, mandei tomar cuidado com as paredes, foi batendo pra cima do bicho. Só ouvi o barulho das asas, que medo, mas o homem não deu conta. A danada passou pra sala e ficou em cima da estante, escondida bem atrás, imagina, do vaso das cinzas do tio Aroldo. O esfregão voando sujo, uma lambuseira. Coruja, 10, a gente, zero.

Minha mãe chegou não sei de onde, viu toda a cena patética na sala e começou a dar risada. Brincou que a gente estava com medo de um bichinho. A velha é fogo. Subiu no braço do sofá, pegou a coruja com a mão. O bicho ficou olhando pra cara dela, ficou meio abobado de repente. Jogou pela janela. A coruja voou torta até sumir. Deixei até minha mãe acender um cigarro depois dessa, ficou lá, vendo televisão com aquela cara de poderosa, o porteiro morreu de vergonha.

— Foi no velório, dona Judith? Toda de preto… — disse o porteiro.

— Que velório?! Tomou baile duma coruja!

Deixei aqueles doidos lá e fui trabalhar.

Quando desci indo pro trabalho, encontrei a família do Henrique no elevador. Ele é um dos mais franzinos da escola. Baixinho, olhou pra mim com a aquela mala quase maior do que ele nas costas.

— A Mi não vai pra escola hoje, tia?

— Não vai, está de castigo, brigou.

— Henrique, não incomoda — disse o pai.

— Foi ele que separou as duas, bonitinho.

— É que elas estavam brigando, mas foi difícil de parar a briga delas.

— Foi, né? Você se machucou?

— Nada — interveio o pai.

— Que bom, Henrique. Você é corajoso, viu?

— Sou não, eles me zoam.

Fui embora pensando. O Henrique dava mesmo esses problemas. Não é culpa dele, coitado, é tão pequeno que não consegue se defender, mas é um menino muito doce. Até aqui no prédio não desce muito, os outros moleques não se dão com ele, outra vez deixaram o pobre preso dentro da quadra. Criança não dá trégua. Acho que a única amiga dele é a Mi. Ele vai às vezes lá em casa, ficam na sala jogando, se dão bem. Não gostam de Educação Física, até conversei com a mãe dele, ela foi chamada na escola também. A diretora me disse que a Milenka não podia andar só com o menino, por que ele era mais novo, do ano anterior. Não dei bola, imagina, um ano só de diferença. Eles implicam com cada coisa…

É muito trânsito, levei duas horas pra chegar do trabalho em casa. Uma velha não deu seta, quase bati, mostrei o dedo, mandei praquele lugar. Ah, às vezes eu explodo. Estranhei, muito silêncio na casa. Quando fui ver não tinha ninguém, às vezes minha mãe desce com a Milenka pra ficar olhando, é… Fumando! Enquanto ela brinca no parquinho. Fui tomar banho. Quando saí, nada das duas. Passei creme, minhas mãos vivem secas, ajeitei as almofadas da sala, chamei o elevador.

Olhei de longe. Nada. Até o banco que minha mãe senta pra fumar, vazio. Estavam no parquinho, dona Judith na frente deles, com uns disquinhos na mão. Jogava de uma pra outra, devagar. Imagina! Ensinando malabares pras crianças. O Henrique ainda com o uniforme da escola, imitando a Milenka jogar os discos, derrubando e pegando do chão. Jogavam, desequilibrando e reclamando, tornando a fazer. Cada idéia… A professora esperta, claro, disquinhos pro ar e a fumaça no canto da boca. Eu sempre lembro de um filme quando ela faz isso, uma cena de um japonês que esconde o cigarro dentro da goela, ainda aceso, e depois volta a fumar. Engole, fuma, engole. Que queime a língua! Chamei minha mãe.

— Boa noite, dona Judith.

— Boa noite, querida. Olha, logo eles pegam o jeito da coisa.

— Não sabia que você fazia malabares!

— Eu me viro, ué! Olha a Mi, já quase fazendo uma sequência, vê?

— E os outros meninos não implicaram por aqui?

— Não, passaram aqui, mas depois foram jogar bola.

— Ah, melhor. Chega de malabarismo. Vamos subir, vou pedir alguma coisa pra gente comer.

— Pizza de novo?

— É o que dá. E esse cigarro, aí?

— Cigarro?

— É, esse aqui que a senhora jogou longe.

— Não é meu.

— Mãe!

— Não implica. Olha, não quero comer agora, sobe com ela. Preciso sair.

— Sair de novo?

— Beijo, volto logo. Tchau Mi, tchau Henrique!

— Vai, vai, dona Judith! Milenka! Vamos subir!

— Mas já?

— Agora! Jantar…

— O Henrique não pode jantar lá em casa?

— Eu pergunto pro meu pai, tia!

O Henrique acabou indo comer fora com os pais. Peguei o telefone enquanto ia pro quarto, já ia terminando o pedido da pizza quando me dei conta. O cartão não estava na bolsa. Cancelei, chamei a Milenka, esquentei uma sopa que tinha congelado há um tempo. Ela reclamou que queria pizza, que tinha nojo de sopa, mas depois esqueceu. Mandei largar de frescura. Que nojo o quê!

Fiquei até tarde no quarto da Mi, conversei um pouco com ela. Dormiu rápido. Queria que eu ficasse lá, disse que estava com medo. Dei um beijo nela e fui pra sala. Li uma revista à meia luz até pegar no sono. Quando ia fechando os olhos, ouvi umas batidas no vidro da varanda. Um vulto em pé. Levantei num pulo. Que susto! Minha mãe ajeitava a vassoura na parede, tremia de frio esfregando as mãos lá fora. Abri. Ela entrou, sentou do meu lado.

— Já pedi pra você não fazer isso. A Mi acabou de dormir.

— Desculpa, a janela do meu quarto é muito estreita.

— Onde você foi?

— Toma, pega, fica com isso.

— Dinheiro? Nossa… Mas, é muito dinheiro!

— É, eu sei. Vai pegando aqui, tem mais…

— Conseguiu isso como?

— Vendi as cinzas do tio Aroldo.

— As cinzas do tio?!

— É, reciclagem.

— Não brinca com isso!

— Ai, ai… Essa geração. Você não sabe nada, filha.

— É, não tenho poderes igual você, mãe. Desculpa ser uma proletária.

— Sou um fracasso, também. Se você não tem poderes, é por que eu não sou grande coisa.

— Somos dois casos perdidos, então.

— Pode ser. Estou cada dia mais fraca. Logo parto, isso acaba.

— Não começa com essa conversa. A gente acaba brigando.

— Brigar nada. Tô cansada, queridona…

— Hahaha. Você não tem jeito.

— Vou me esticar aqui pelo sofá. Vai dormir, filha. Sobrou vinho?

— Na geladeira. Vou pegar uma manta. Te amo, mãe.

— Também te amo. Ah…

— O que?

— Eu peguei seu cartão.

— Tudo bem, boa noite. Deixa em cima da mesinha, amanhã.

O dinheiro veio em hora certa. Era semana de olimpíadas na escola da Milenka, tinha que comprar uniforme, cada série era um continente, a quinta era Oceania. Levantei mais cedo, passei na loja. Quando a Mi acordou a roupa já estava na gaveta dela. Ficou feliz, me deu um beijo, partimos pro colégio. Aquela camiseta verde mal feita, sabem como tirar dinheiro da gente. Vi ela virar um pontinho lá no fim do pátio e, claro, um outro pontinho chamado Henrique correr perto dela. Que dupla.

Já passava do meio-dia, ia ter a abertura das Olimpíadas, os pais sempre iam. Almocei, avisei que iria resolver uns problemas, quando ia saindo com o carro, minha mãe aparece na entrada da garagem com uns sacos de salgadinhos. Quase atropelei ela. Salgadinhos! Já foi abrindo a porta e entrando no carro.

— Precisa me assustar todo dia?

— Acha que eu ia perder o jogo? Não senhora.

— Que óculos escuros são esses?

— Gostou? Comprei agorinha no shopping.

— Eu, hein…

— Eu tenho estilo.

Sentamos na arquibancada. Minha mãe esfarelando aqueles salgadinhos com cheiro de queijo. Uma mulher até reclamou. Fresca, que se dane. Depois do desfile de todas as séries, a diretora fez um discurso sobre a importância do esporte na vida das crianças e tudo mais. Queria ver ela numa quadra correndo, ah, queria… O time da quarta série entrou todo uniformizado. Vi no final da fila o Henrique, pequeninho, as luvas gigantes sambando na mão. Formaram as posições, todos com um boné feio que a escola dava. Entrou o time da quinta série, os moleques mais velhos se achando, olhando pros pais, mandando beijinho. A Milenka ficou procurando a gente, mas não achou.

O jogo começou. Minha mãe gritava toda vez que a Milenka ou o Henrique iam de um lugar pro outro. Não entendo nada desse jogo, só sei que ficam rebatendo essa bolinha com o taco e correndo naqueles pontos marcados. Eu estava toda perdida quando minha mãe apertou meu braço.

— Ai!

— Olha que bonitinho. A Mi vai jogar pro Henrique rebater. Lindos.

Isso não vai dar certo, pensei. O menino estava branco, o bastão tremendo no ar, as pernas. Outras crianças zombando. A Milenka, aparecida, ficava movendo o braço devagar com a bola na mão, como se jogasse muita coisa. Arremessou fraco. O Henrique tentou rebater, mas o taco voou da mão dele e rolou pela quadra. Quando foi pegar, um outro esticou o pé, derrubou ele. Que ódio, até uns pais do nosso lado rindo. A Mi correu, gritou alguma coisa com raiva, pegou o bastão do Henrique, colocou ele de volta na base. Do nada, mostrou o dedo do meio pro menino que tinha passado a rasteira. Começou a falar alto, brava.

— Henrique, olha aqui. Olha.

— Não quero mais jogar, Mi.

— Você não precisa jogar, mesmo. Olha aqui, não precisa jogar esse jogo besta.

— Não?

— Tem nada! Eles são todos idiotas, sabe?

— É, idiotas! Idiotas! – berrou.

Fiquei olhando aquilo assustada. A Mi pegou as bolinhas do chão, começou a jogar pro alto. Nunca pensei que ela faria aquilo. O Henrique fazia igual. Começou jogar pro alto, meio desajeitado, de uma mão pra outra. Ia fazendo do jeito dele. Os dois riam, iam jogando mais rápido, as bolinhas voando em círculo ao redor deles. Os pais em silêncio. Nenhum pio.

— Malabares!

Uma luz piscou pelo corpo da Milenka. As bolinhas flutuaram. Bonés, tacos, lancheiras, cadernos voando lá no alto. Vi umas borboletas, rodaram, passaram pela quadra e se espalharam pela escola. Começou uma choradeira, os pais correndo pra acudir, as crianças fugindo. Minha mãe me cutucou, tirou os óculos, olhava pros lados, ria. Aparou uma borboleta no dedo e me olhou, assim, como se estivesse nascendo de novo.

34 comentários em “Certa Magia… (Fernando Abreu)

  1. fernandoabreude88
    22 de agosto de 2014
    Avatar de fernandoabreude88

    Só agradecendo a todos que leram e comentaram. Escrito de uma vez só, procurei achar no conto a naturalidade de uma voz narrativa feminina, colocando-a em situação de um leve conflito entre a mãe e a filha. Acho que o mérito do conto é essa coisa casual, simples e até mesmo meio sem graça da vida, e o elemento fantástico dando um leve brilho.

  2. Fil Felix
    21 de agosto de 2014
    Avatar de Fil Felix

    Achei o conto meio bobinho, quase nao dá pra perceber a temática, tirando algumas coisas. A descoberta de poderes poderia ter sido mais dramática.

  3. Weslley Reis
    19 de agosto de 2014
    Avatar de Weslley Reis

    Gostei da abordagem diferente do tema. A ideia de bruxas vivendo uma vida cotidiana como todos nós, por mais que não seja das mais originais, foi bem trabalhada. A levada corriqueira talvez seja responsável por isso. Um belo conto.

  4. Carmem Soares
    9 de agosto de 2014
    Avatar de Carmem Soares

    Bem casual né! É simples, sem grandes pretensões. A estória é narrada de forma bastante natural: uma bruxa decadente, uma filha, muito responsável e madura, que não herdou seus poderes, uma caçulinha descobrindo a magia diante de muitas pessoas. Achei bonitinho, mas senti falta de um pouco mais de tempero!

  5. Martha Angelo
    9 de agosto de 2014
    Avatar de Martha Angelo

    Achei a ideia da bruxa camuflada no cotidiano familiar bem simpática, mas o excesso de detalhes e microtramas quebraram o ritmo da leitura.

    • fernandoabreude88
      22 de agosto de 2014
      Avatar de fernandoabreude88

      Mas quais microfilmas?

  6. Juliano Gadêlha
    8 de agosto de 2014
    Avatar de Juliano Gadêlha

    Ótimo texto. Uma leitura muito agradável, narrativa bem desenvolvida. Há um momento em que os diálogos ficaram um pouco confusos e tem um ou outro erro de escrita, mas no geral muito bom. Parabéns.

  7. Lucas Almeida Dos Santos
    6 de agosto de 2014
    Avatar de Lucas Almeida Dos Santos

    Não achei nada mau, mas me faltou emoção, alguma coisa que prendesse minha atenção. Parabéns pelo texto

  8. rsollberg
    5 de agosto de 2014
    Avatar de rsollberg

    Um conto bem escrito, que certamente alcançará em cheio um público infanto-juvenil. Tem uma pegada de filmes adolescentes da Disney, a mãe relapsa e a filha responsável. Um garotinha que descobre seu talento e seu melhor amigo franzino, que “apanha” no colégio. Até o esporte escolhido para ilustrar a última cena vai nesse sentido “conto de fadas estadunidense”. As referências da temática estão presentes e pontuam o texto: Coruja, Vassoura e mágica no final.
    Realmente não é o tipo de leitura que costumo fazer, mas, em suma,não me desagradou nem um pouco.
    Parabéns e boa sorte no desafio.

  9. Walter Lopes
    4 de agosto de 2014
    Avatar de Walter Lopes

    Leitura agradável.

  10. Marcellus
    3 de agosto de 2014
    Avatar de Marcellus

    Muito bom conto! Demorei a me acostumar com a narrativa, mas logo ficou bem empolgante. Parabéns à autora!

  11. Edivana
    2 de agosto de 2014
    Avatar de Edivana

    Gostei, um recorte interessante de um cotidiano agradável. Tem um certo charme, uma doce desenvoltura, e essa velha é das boas! rs O final é até previsível, fiquei esperando por ele, e me deu agonia, fico pensando no que aconteceu depois, isso é angustiante! Mas também é bom.

  12. Marquidones Filho
    2 de agosto de 2014
    Avatar de Marquidones Filho

    Me perdi na história…

    • fernandoabreude88
      22 de agosto de 2014
      Avatar de fernandoabreude88

      Poxa, que pena. É uma história realmente complicada.

  13. Wender Lemes
    31 de julho de 2014
    Avatar de Wender Lemes

    Parabéns! Resgatou a ideia de bruxas sem todo o estereótipo maligno, velho, enrugado, medieval etc. Lembrou um pouco aqueles filmes de sessão da tarde de bruxas modernas, o que não deixa de ser outro estereótipo. Achei legal, no entanto, porque destoou do que li até agora. Boa sorte!

  14. Willians Marc
    31 de julho de 2014
    Avatar de Willians Marc

    Gostei. Tem um tom bem diferente dos outros contos do desafio, bem mais inocente e com linguagem informal. Só acho que podia ter mais alguns pequenos toques de magia, gostei muito da personagem bruxa com seu ar superior e irônico.

    Parabéns e boa sorte!

  15. Thata Pereira
    31 de julho de 2014
    Avatar de Thata Pereira

    Adoreeiii o final!! rs’

    Confesso que o começo não me atraiu muito não. Nos outros contos, as bruxas apareceram logo de cara e eu fiquei me perguntando cadê a desse conto aqui. Quando a avó mencionou um suposto poder que ela estava perdendo, pensei que o conto ficaria apenas nisso, mas o final me surpreendeu positivamente, por conta dessa frase: “Aparou uma borboleta no dedo e me olhou, assim, como se estivesse nascendo de novo.”, achei lindo!!

    Boa Sorte!!

  16. Pétrya Bischoff
    31 de julho de 2014
    Avatar de Pétrya Bischoff

    Nossa! Quanta informação.
    Foi uma leitura rápida. Até o meio do texto eu estava desgostando, a partir da hora que a mãe vende as cinzas do tio comecei a sentir empatia pela estória. Contou-se o cotidiano de uma família, e um amiguinho. Como muitas infâncias. Não penso que haja muito mérito na escrita, mas valeu a sensação de bem-estar de proporcionou. Boa sorte.

  17. Gustavo Araujo
    31 de julho de 2014
    Avatar de Gustavo Araujo

    É interessante como fatos cotidianos podem ser bem trabalhados em termos literários. Essa história – que na verdade não é uma história, mas um recorte de um dia qualquer – transborda naturalidade. Existe uma bruxa aí, mas é como se ela fizesse parte do cenário, sem causar grandes impactos. Tem alguma coisa de “Jeannie é um gênio”, uma entidade meio amalucada, mas com uma personalidade deliciosamente magnética. A maneira como o texto foi escrito me ganhou desde as primeiras linhas. Lembrei de Nick Hornby e sua “Alta Fidelidade”, mas também lembrei de “A Culpa é das Estrelas” pelo tom leve, quase adolescente, permeado de observações sarcásticas. Enfim, um texto ótimo, diferente e muito bem escrito. Parabéns.

  18. David.Mayer
    31 de julho de 2014
    Avatar de David.Mayer

    O que gostei:
    A história cotidiana, o tom suburbano e nostálgico, como se a narradora lembrasse de fatos passados e lhe trouxesse um sorriso nos lábios. Os personagens bem construídos. A escrita bem elaborada.

    O que não gostei:
    Do final. Muito fantasioso.

    Melhorar:
    Nada. Só o final que não gostei muito, mas isso pode ser de cada um.

  19. JC Lemos
    30 de julho de 2014
    Avatar de JC Lemos

    Gostei muito do tom descontraído da narração! Divertido e bem escrito. Iniciou muito bem minha noite de leituras. haha

    Confesso que no começo achei um tanto estranho e até mesmo desisti de ler ontem, mas hoje voltei e não me arrependi. Gostei dos poderes telecinéticos no final, deu um ar de Carrie, sei lá.

    Parabéns pela obra e boa sorte no desafio! 😀

  20. Eduardo Matias dos Santos
    30 de julho de 2014
    Avatar de Eduardo Matias dos Santos

    Realmente interessante a ambientação da figura já estereotipada no ambiente comum de um lar. Uma bruxa, sim, mas com preocupações da vida suburbana.Muito legal.
    P.S. Espero que a Mi receba logo sua carta de Hogwarts, já que ela não é um aborto.

  21. mariasantino1
    30 de julho de 2014
    Avatar de mariasantino1

    Hum. Muito interessante o finalzinho com as bolinhas e a borboleta, gostei disso. Não gostei dos diálogos secos. Acho que caberia mais algum mistério ligado a mãe da narradora para nos fazer sentir mais a trama e conexão com o tema. Parabéns pelo conto. Boa sorte no desafio.

  22. Rodrigues
    29 de julho de 2014
    Avatar de Rodrigues

    Caramba, esse conto é muito legal. Gostei da criação destas três personagens femininas, coisa que acho difícil de fazer e sempre tento nos meus contos. O drama cotidiano vivido por elas, os problemas e a afirmação destes como um elo entre a família, que apesar das diferenças, continua firme na corda bamba. Essa inserção do elementos fantástico, assim, com se fosse algo corriqueiro, também foi muito interessante. Bom conto.

  23. rubemcabral
    29 de julho de 2014
    Avatar de rubemcabral

    Gostei! Conto muito simpático, tipo “a vida doméstica de uma família incomum”. Boas as personagens, bons os diálogos e descrições. Lembrou-me um tanto o Ray Bradbury e seu país do outono.

    Parabéns ao autor.

  24. Ricardo Gnecco Falco
    29 de julho de 2014
    Avatar de Ricardo Gnecco Falco

    Gostei do conto. Gostei da narradora. A história é um pouco parada e creio que foi mais alongada do que necessitava, mesmo reconhecendo a intenção da autora (imaginei a Bia, será que é ela? — Se não for, desculpe! Me empolgo, às vezes…) de causar uma espécie de apego do leitor para com as personagens. As cenas do cotidiano espalhadas pelo conto soaram um pouquinho soltas, sem nenhuma amarra que justificasse suas existências; a não ser a supracitada tentativa de apego emocional por parte do leitor. No entanto, encarando esta “pegada” mais cotidiana do conto como um certo estilo pretendido pela autora, a história flui bem, ajudada pela boa escrita e domínio da Língua apresentadas nesta obra. O final ficou bem legal, com a “surpresa” mágica aderindo bem ao tema proposto no presente Desafio e também bem alinhado com o estilo percorrido durante toda a leitura. Um bom conto. Tranquilinho e ameno como um fim de tarde de um domingo agradável; nem muito quente, nem muito frio… Morno. Mas agradável. 😉
    Boa sorte,
    Paz e Bem!

  25. Fabio Baptista
    28 de julho de 2014
    Avatar de Fabio Baptista

    ====== ANÁLISE TÉCNICA

    Não é o meu estilo de escrita preferido, mas foi executado com muita competência dentro da proposta.
    Não encontrei um erro sequer, só me perdi um pouco nos diálogos mais longos.

    ====== ANÁLISE DA TRAMA

    Não existe necessariamente uma história sendo contada aqui.
    Parece mais uma crônica da bruxaria! 😀

    Os personagens são carismáticos, a narradora conquista.

    Mas senti falta de algum ponto de tensão, algo que criasse expectativa além da narrativa gostosa.

    ====== SUGESTÕES
    Colocar nos diálogos alguns “lembretes”, vez ou outra, só para orientar o leitor sobre quem está falando.

    Tentar criar uma expectativa sobre o jogo de baseball.

    ====== AVALIAÇÃO

    Técnica: ****
    Trama: **
    Impacto: ***

  26. Eduardo Selga
    28 de julho de 2014
    Avatar de Eduardo Selga

    Este é o nono conto que analiso neste desafio.

    Provavelmente a tentativa foi construir um texto que fugisse às vassouras, rogos em latim, o feminino como elemento estigmatizado pelo mal, altares, círculos mágicos etc.

    A fuga foi implementada, mas não funcionou a contento. E não porque deveria haver, ainda que pequena, uma ou outra presença do estereótipo para que o leitor identificasse o texto com o tema proposto. A bruxa está presente e,ao contrário do que se espera, é urbana e contemporânea.

    A questão é que o enredo é fraco. A tensão é frágil, protagonismo e antagonismo não estão bem delimitados. Por causa disso, o conto se arrasta do jeito que um conto não pode se arrastar.

    Em 28/07/2014

    • Fernando Abreu
      22 de agosto de 2014
      Avatar de Fernando Abreu

      Só não entendi o porquê da bruxa não poder ser moderna e contempoerânea. Não se espera? Como assim?

      • eduardoselga
        24 de agosto de 2014
        Avatar de eduardoselga

        Pode sim, e é muito bom que seja, na medida em que foge um pouco do estereótipo. O que disse é que não se espera que seja urbana e contemporânea. Essa personagem, que frequente as estórias infantis desde o medievalismo, possui o seguinte estereótipo: velha, má, rural, mora em casebres, etc.

  27. Claudia Roberta Angst
    28 de julho de 2014
    Avatar de Claudia Roberta Angst

    Uma simpática história de feiticeira ou um conto de bruxas?
    A narradora conversa com o leitor em tom informal, em coloquial intimidade.
    Acho que algumas passagens poderiam ser um tantinho mais concisas, pois arrastam um pouco o ritmo da narrativa.
    Uma leitura lúdica e agradável. Um refresco entre tantos contos mais pesados.
    Boa sorte!

  28. José Geraldo Gouvêa
    28 de julho de 2014
    Avatar de José Geraldo Gouvêa

    Melhor conto do desafio até agora. Que texto lindo! É um tanto irregular, especialmente no meio, onde tem uns trechos meio telegráficos, mas é surpreendente o tempo todo. Nada é o que parece. E o mais engraçado é que se fosse um texto maior, e desse mais detalhes, provavelmente desandaria. Parabéns a quem escreveu.

  29. Anorkinda Neide
    28 de julho de 2014
    Avatar de Anorkinda Neide

    Meu, que imagem é essa? nada a ver com a linda história!
    Que eu amei! parabens!

  30. Pedro Luna
    28 de julho de 2014
    Avatar de Pedro Luna

    Bacana. A cena final foi muito boa, mas achei o início do conto meio distante, apesar de importante para afeiçoar com personagens e com a trama. Por gosto pessoal, e o que espero de bruxas, não me cativou muito. Mas foi algo diferente, e tem sua qualidade. Parabéns.

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Publicado às 28 de julho de 2014 por em Bruxas e marcado .