Desfecho Romances – Editora Multifoco
226 págs
Eis um livro com a premissa de que nunca julgue um livro pela capa. Aliás, uma que enche-me de vergonha por ter “profissionais” colegas capazes de tal atrocidade. O pior disto é deixar um autor amargurado pelo mau trabalho executado, encobrindo o que há de melhor neste livro, que é sua história.
Felizmente a incompetência gráfica em seu conjunto não obscurece a qualidade literária deste lindo e poético romance, um dos poucos que encontrei com tal qualidade que mereceria uma produção mil vezes melhor. Mereceria uma capa dura, com verniz em destaque no nome do autor, além de uma bela paisagem de uma praia à noite. Esse livro é a prova do quanto autores são submetidos à humilhação de verem seus trabalhos, dedicados e feitos com carinho, violentados por uma produção porca e mal cuidada de uma editora que desdenha de histórias poéticas e que teve a coragem de cobrar por tal descalábrio.
Dado o meu recado indignado sobre tal situação, eis a resenha deste belo livro maltratado.
As lembranças do jovem Ricardo passa por momentos de intensa felicidade e difíceis, como todo jovem poderia passar, mas retratados de uma sensibilidade na narração e poética de como a vida de alguém disposto a amar e viver um grande amor, poderia sobreviver às adversidades que a vida pode abater em seu caminho.
O reerguer e o prosseguimento pela vida não é fácil e tampouco desprovido da vontade de se ver livre para continuar de pé.
A narrativa bem cuidada conduz a história, que poderia ser ínfima e simplista, a caminhos que somente quem sabe a conduzir, fazer evoluir descompromissadamente. Suas passagens de intensa poética e lirismo por aspectos reflexivos pela vida do jovem meio que embala-nos o quanto de nossas vidas está sendo ou não bem conduzida para nossas verdadeiras felicidades.
Quase sempre a imobilidade na busca da felicidade deixa-nos inertes ao que se deve ser feito para sentirmos mais felizes.
A trajetória do personagem mostra que é preciso ter a coragem inicial de se lançar-se à esse caminho desconhecido, sujeito a acidentes de planejamento e felizes encontros com o desconhecido.
Digo que o autor ainda conserva o lirismo e poética dos grandes escritores, fato que é cada vez mais raro de se encontrar hoje em dia. É como se ele encapsulasse toda a essência da escrita tradicional brasileira, em perdido nos confins do interior de Minas.
Talvez pelo passar dos anos, estilos de escrita como a do autor resista às exigências de mercado e à ignorância de editoras que querem simplesmente o lucro, matando a poética original de uma boa literatura nacional. Chega de termos, temas e estilos de escrita importados, que fazem sentido a seus mercados originais.
Posso não ter um estilo de escrita que chegue nem perto do respirar deste autor. Mas rezo o dia de algum dia conseguir chegar a um décimo de seu talento. E não tenho o menor pudor em reconhecer o valor de uma boa escrita e trabalhos invejáveis de José Geraldo.
Grande JG! O “Rede de Contos” virou relíquia, parceiro! Quem tem, tem; quem não tem, nunca terá! (rs!) Foi uma edição pioneira e limitada — além de uma experiência muito rica e prazerosa!
Sobre o “volume 2”, nada nos impede de juntar uns “manos/manas” e dar continuidade a este empreendimento de sucesso! Vai propondo aí para quem você acredita estar dentro do perfil da proposta e em breve esta sementinha poderá germinar. 😉
Abração,
Paz e Bem!
Hoje fiquei sabendo que a resenha da Márcia havia sido replicada aqui. Obrigado a ela e ao EntreContos por me dedicarem este texto. Espero que sirva de estímulo para que outros procurem conhecer a minha obra.
Sobre o Secretária Eletrônica, é um dos meus raros textos que eu já revisei cinco vezes para catar erros de digitação e nunca consigo mudar uma palavra sequer. Pequeno, justo e eficaz, sob todos os aspectos que eu consigo manipular.
Obrigado ao Rick pela lembrança.
P.S. = Você tem mais exemplares do Rede de Contos? Gostaria de mais cópias. E talvez de participar de um volume 2.
O JG é um velho amigo virtual (dos tempos mais vívidos do Orkut) e um GRANDE escritor! Tive a honra de participar de uma antologia de contos que reuniu trabalhos de vários escritores de uma comunidade literária da referida rede social e o conto deste autor foi um dos mais (bem) comentados pelos leitores em seus feedbacks!
O livro em questão é o “Rede de Contos”, de 2010, e o JG participou com a obra “Secretária Eletrônica” que, com afinco, recomendo a todos que quiserem se aprofundar mais no estilo deste verdadeiro artista das palavras!
Abração,
Paz e Bem!