De pensar que o autor, Terry, sofre de Azheimer, leva nos crer que certos aspectos da vida são muito cruéis para escritores talentosos e criativos. E pelo fato de escrever obras que alcançou tantos leitores pelo mundo, podia-se pelo menos pedir o livramento de tamanho sofrimento.
Não que escrever novelas humorísticas seria o passe de uma vida santificada. Mas pelo menos ser poupado de uma doença tão cruel.
Choração à parte desse tipo de tragédia existencial, escritores de narrativa humorística tendem a ser atentos observadores e críticos conscientes do meio social que o acerca. E trazem fatos pertinentes convertidos em uma narrativa que diverte e entretêm, sem que quem os ri na verdade está gozando de uma crítica sem entender direito.
Mas a um aprofundamento dos papéis dos personagens e a contextualização de toda a trama, é um tapão de conscientização para os bobos de plantão. Mas somente para aqueles o percebem e parem de rir nos primeiros 3 segundos que antecedem da conscientização da mensagem que o autor quis passar.
Confesso que só me dei conta do tipo de mensagem que o autor quis passar pois sou a boba que ri e digere apenas a primeira camada do bolo (que é a mais gostosa) do que compreender que há algo mais por dentro da história em si. A parte mais aprofundada da trama, fica mostra a politicagem dos relacionamentos interpessoais que levam a resultados egoístas e materialistas. E que personagens que poderiam ser somente figuras pictórias do folclore popular local, a tomarem uma atitude resolutória.
A narrativa de humor, existem aspectos que são comicamente exagerados para que simpatizemos e rirmos do comportamento delas, mesmo de um evento banal que é uma peça de teatro.
A descrição dos fatos segue a coerência do gênero, com pequenos lances surreais de detalhes para finalização da contextualização de uma cena.
Nem sempre reina a bobeira em todas as linhas, o autor soube respeitar a angústia do rei fantasma, na sua desesperada constatação de realidade de sua condição de desencarnado. Mas nada choramingoso demais.
Mas a presença da figura da Morte, é usada um recurso interessante que sua passagem pela história e interação com o personagem é feita em um diálogo com as letras em caixa alta. Sendo cômico uma figura temida, mostra-a como um ser comum, apesar da capa e foice, que somente desempenha seu papel sem explicar o que virá a seguir. Não é muito diferente do que acontece na realidade. A Morte simplesmente vem, não explica nada o que virá a seguir.
Interessante que o humor inglês é feito de uma acidez crítica da sociedade deles, mas feito de maneira surreal que nem se perceba que está consumindo uma crítica séria e realista. Tal como a série Monty Phyton que satirizava os usos e costumes do povo de lá, o livro não seria diferente. Digo até bem mais suavizada do que a escrachação que o programa mostrava (rolava de rir da tiração de sarro da beleza inglesa).
Apesar da crítica, a trama que não foge de muito do que se vê nos encaminhos políticos de qualquer país capitalista. Se ficar na primeira camada, vai rir e se divertir muito. Mas se não quer ficar com gosto de creme azedo na boca, não pense demais na profundidade da mensagem.
Seguindo suas regras de conduta, as bruxas tomam um atitude mais coerente ao problema que caíra diante de suas portas.
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