Há fantasmas que me assombram. Eu não posso vê-los, mas os escuto todo o tempo. Eles me sussurram o que eu deveria fazer, eles gritam comigo. O pior de tudo é que são contraditórios. Não posso dar-lhes ouvido, mas eles estão gritando nesse exato momento. Alguns não querem que eu escreva sobre eles e outros querem que eu os delate. É uma confusão tremenda. Às vezes me acho em areia movediça, se tentar fugir sucumbo. Se ficar imóvel não saio do lugar. Não posso seguir nenhum, o que me deixa na estaca zero.
Outrora tentei abafar essas vozes fantasmagóricas. Fingi-me de surda e comecei a fazer o que meu coração queria. Não demoraram a descobrir e quase me sufocaram. Eu estava de novo sob o controle deles. A sensação que tive nos pequenos momentos e ações que executei por mim mesma me deu uma liberdade real tão intensa e imensa que jamais poderei esquecer, por mais que os fantasmas me forcem a isso. Agora o meu maior desejo é reviver essa liberdade. Essa esperança faz crescer dentro de mim uma força capaz de concretizar esse desejo. Os fantasmas sabem dele, mas não o conseguiram destruir. Tentam me ocupar o tempo todo para que eu não me lembre de realizá-lo, mas eu estou me lembrando.
Quando esta força estiver grande o suficiente vou surpreendê-los, empurrá-los, afastá-los de mim o máximo de tempo que eu puder. Eles são insistentes e provavelmente voltarão, mas eu resistirei o quanto eu conseguir. Se eles me pegarem eu junto forças de novo e os afasto. Na verdade acho que é sempre isso o que posso fazer, afastá-los. O que define minha paz é quanto tempo fico longe deles e meu tormento quanto tempo passo com eles.
Você deve estar se perguntando “mas que fantasmas são esses?”. Bem, eles são pensamentos do tipo que te laçam, amarram, selam sua boca e te deixam onde você mais teme estar. Pense no seu pior pesadelo, você o vive acordado. Enquanto alguns fantasmas te obrigam a viver assim, outros te dizem que você só está preso ali por que quer, mas por mais que tente você não consegue se mexer, nem se desamarrar e eles insistem que ninguém está te obrigando. No entanto não há saída, o lugar está cercado de fantasmas rindo de você. Eles sabem tudo o que você pensa. Eles sabem sua vontade de sair, eles são os primeiros a ver seus planos numa tela gigante acompanhados de pipoca e gargalhadas.
Eles têm uma obsessão em fazer sofrer e eu em fugir deles. Pode parecer um ciclo vicioso, mas encontrei uma maneira de sair uma vez e posso sair outras vezes. Eu deixo crescer em mim a vontade mesmo não sendo secreta. Eu estou ciente que eles sabem, mas eles pensam que a têm sobre controle enquanto eu não penso em sair, desejo, mas não penso, não tento. Apenas separo uma imagem que significa liberdade para mim, apenas eu a interpreto assim. Eles vêem na tela uma lembrança minha, mas eu vejo minha porta de saída. Ela me cura as feridas e me preenche de forças. Forças ocultas que em grande dimensão poderão afastá-los e me deixar livre outra vez. É só essa imagem que vejo. Eles podem até pensar que estou deprimida, mas estou em repouso absoluto, em estado de cura.
Obrigada a todos pelas opiniões sinceras e sugestões. Foi muito importante a participação de vocês.
Não gostei. O estilo de quem escreveu não me agrada, esse diálogo interno me deixou com tédio. Não tenho muito mais a dizer, está bem escrito, sem erros, mas a cabeça de quem escreveu simplesmente não bate com a minha, como quando vemos uma pessoa e logo de cara já sabemos que não poderemos ser amigas, por mais correta que a outra seja, enfim, literatura tbm tem dessas coisas.
Escrita simples mais bem escrita.
A Autora tem uma boa ideia em mãos.
Boa Sorte!
Parece um fragmento de uma história maior. Imaginasse mil contextos pra o conto, mas não há como ter certeza pois nada é dado.
Tem potencial, mas dentro da pequena amostra que eu tive desse mundo, vai acabar sendo sufocado por outros contos do desafio.
Olá. Você deu muito espaço pra paralelos, pra projetar o que o narrador diz como metáfora pra outras coisas, mas essa abrangência também dá um ar de desfoque, de diluição… quer dizer, parece que o narrador não está mesmo falando de nada, quando ele parece estar falando de muita coisa. Se num texto você encontra um subtexto que é uma crítica a algo, uma alusão à um problema, uma discussão sobre a sociedade, é sempre algo bem definido pelas circunstâncias que o autor cria. Você não criou nenhuma circunstância, é tudo vago e ‘por cima’ e pode ser sobre qualquer coisa, ou sobre nada.
Se deixar de lado o chapéu de analisador, como história em si também não tem muito em que segurar. Aí acho difícil… proponho maior definição, mais planejamento do que você quer com o texto ou que tipo de história quer contar. Se é algo com nuances que passe uma mensagem, defina a mensagem e crie alegorias mais fortes, menos abertas. Se for um enredo intrigante, dê mais detalhes, crie um arco, começo, meio e fim. Se não fica uma coisa meio incompleta, nos dois casos, e por isso sem muito impacto.
É, espero que ajude de alguma maneira, abraços
Bacana. Mas como já disse em outro conto, frente a um desafio literário, não cumpre o seu papel. Na minha opinião, claro.
Não saquei direito com qual intenção o conto foi escrito. Tem uma pegada bastante introspectiva, associa fantasmas e demônios internos, pensamentos perturbadores, é um discurso que a narradora faz para si mesma, para continuar. Mas não sei se nesse curto espaço, traçando uma situação angustiante mas também vaga, o conto consegue atingir o leitor. No meu caso não aconteceu.
Não me agradou. Sem dúvidas é um texto curto, mas o monólogo me pareceu um pouco desinteressante. Não posso culpar o(a) autor(a), afinal, não gosto desse tipo de texto. De todo modo, não me pegou. Espero que os camaradas possam fazer críticas mais construtivas.
Boa sorte!
Entendi a proposta, mas achei fraco.
Foi legal usar os fantasmas de uma forma diferente da convencional.
De qualquer forma, não me cativou. Mas dá para ver que há potencial!
Parabéns e boa sorte!
O conto está bem escrito. Uma espécie de fluxo de consciência. Gosto desse tipo de narrativa, mas me pareceu que faltou algo. No último parágrafo, acho que a explicação do que seriam esses fantasmas não seria necessária, deixando a cargo do leitor decidir. Mas gostei.
Hmmm, adorei! Lindo conto. Não creio que a intenção do autor foi se estender e nisso discordo dos colegas! Pra mim soou algo como uma poesia, cantando o que todos nós vivemos: somos assombrados constantemente por nossos pensamentos, que vezes nos calam, que vezes nos motivam, que vezes nos seguram, que vezes nos impulsionam!
Meus sinceros parabéns! Só temo, como digo pra outros colegas, que o conto seja ofuscado pelo brilho de outros do desafio, mas, de qualquer maneira, saiba que é um lindo conto! Simples e muito bonito!
Gostei bastante, mas queria que continuasse.
Seguir vendo essa batalha interna dela. Como David Haller…
Parabéns.
Um conto que ultrapassa a fina linha divisória existente entre a genialidade e a loucura…
Parabéns e boa sorte!
Abordagem com um excelente potencial, com uma boa narrativa, mas que se assemelhou mais a uma introdução. Como leitora, também prefiro textos com um enredo concreto, o que infelizmente afecta a minha leitura deste conto.
Pequeno e com uma mensagem simples. Achei que faltou algo mais na narrativa, como outros colegas já disseram, creio que a autora tem muito mais a oferecer!
Parabéns e boa sorte!
Poderia ter desenvolvido mais, assim parece o início de uma ideia, ou algo que terminou bem antes do que poderia ter sido… se continuar, gostaria de ver como ficou! Boa sorte! =)
Pela segunda vez nesse desafio me deparo com textos que são ótimos, mas são curtos demais para eu conseguir apreciar adequadamente. Vi esse relato como a excelente introdução de algo maior, me desapontei quando descobri que não havia nada, mas ainda agarro-me a esperança do(a) autor(a) ter em mente alguma coisa. Enfim, vim aqui para comentar o texto e não divagar. Ótima escrita, bom ritmo, mas é curto demais. Parabéns de qualquer forma.
Conto curto sem uma história acontecendo de fato. Típico meu. Eu quase poderia dizer que é de minha autoria, mas não é. Acho que transmitiu ao leitor o que desejava de fato. Então, alcançou seu objetivo com louvor. Boa sorte!
O texto é uma fagulha, um lampejo imaginativo que traduz algo que acomete todos nós. A abordagem promissora infelizmente parou por aí, jamais tomando forma, o que, a meu ver, foi uma pena. Tenho plena certeza de que a autora seria capaz de muito mais, caso desenvolvesse a premissa. Fica aí a sugestão 😉
Poxa, gostei bastante deste conto. Ainda mais por “quem são os fantasmas”. Gostaria de ler mais escritos seus, Manuela. Meus parabéns, de verdade! Vai entrar na minha lista! Haha
É um relato, pequeno, simples. Se era isso que o/a autor/a queria, ótimo!
Eu senti falta de profundidade (desculpa, não sei explicar como se atinge isso, acho que é algo que se sente. Leio alguns textos e a sensação que tenho é que estou caindo em um abismo). Quando vejo um texto curtinho, espero emoção. A leitura foi tão tranquila… costumo gostar de contos calmos, sem impacto e grandes surpresas, mas nesse caso é preciso ter uma história para envolver. Quando ela é pequena precisa de algo que chame atenção, que emocione… que dê profundidade.
Boa Sorte!!
Ao meu ver curto demais… Mas é digno de louvor a exposição do autor nesta obra. Parabéns!
Entre os fantasmas “clássicos” e a esquizofrenia. O conto é dúbio, o que é bacana, mas não contou uma história “de ponta a ponta”, deixando o leitor a ver navios.
De qualquer forma, boa sorte à autora!