EntreContos

Detox Literário.

A Missão de Júlia (Isabella Beatriz)

O mundo é silencioso.

Pelo menos para mim, ele é.

Quando eu era pequeno havia dois tipos de pessoas: As Sonoras e as Silenciosas.

As Sonoras estavam sempre fazendo barulho: Conversando, rindo, mudando móveis de lugar e dirigindo seus carros e tratores barulhentos. Eu não gostava muito delas. Observava de longe, e só falava quando falavam comigo. O modo de vida deles era estranho para mim.

Sempre fui muito mais das Silenciosas. Elas eram como eu, se movimentando pelas sombras, caladas, sem mexer em nada, sem falar com ninguém. Mas diferente de mim, quando elas tentavam tocar alguma coisa, atravessavam-nas, e quando tentavam tocar alguém, ninguém sentia.

De vez em quando eu encontrava alguma Silenciosa com um gênio mais forte, que movia cortinas ou espantava os animais de cima do sofá. Mas apesar disso, nenhuma delas emitia nenhum som. A maioria era jovem. Estavam por toda a parte, cutucando e atravessando os Sonoros, passando por paredes, tentando interferir em suas vidas. Os mais velhos pareciam confusos, fora de sintonia. Andavam em círculos. Pareciam ter esquecido algo precioso.

Eu gostava de uma, especialmente. Não me lembro de como nos conhecemos, não exatamente. Sei que um dia ela não estava lá e no outro ela estava. Ela devia ter a minha idade. Ela gostava de passear pelas margaridas da minha mãe. As margaridas a atravessavam, mas a minha mão não. Nós brincávamos por horas, só nos dois, no topo da colina com a árvore e o balanço. Todos os dias ela me esperava na varanda de trás para mais um dia de brincadeiras. Mamãe não gostava que eu passeasse com ela. Ela segurava meu rosto e dizia:

-Não tem menina ali, meu filho.

-Tem sim. Ela é minha amiga.

Ela só balançava a cabeça e ia conversar com o meu pai. Eles falavam muito alto, o que sempre me fazia pensar se eu estava fazendo algo errado.

 

Teve uma noite em que os sons rasgaram o ar e fizeram doer meus ouvidos sensíveis. Acho que eu tinha 7 anos. Quando olhei pela janela, era como uma grande celebração de vermelho e laranja explodindo no céu. Minha amiga apareceu para mim na janela, me chamando para fora. Eu a segui. Ela me levou até a igreja e até a sacristia debaixo dela. Era estranho porque eu nunca tinha visto uma Silenciosa na igreja.

A terra naquela noite, acima de nós, tremeu como nunca antes e rugiu como se fosse ela própria uma Sonora, tão barulhenta quando a velha viúva que morava no fim da estrada de terra, que gritava e sacudia o punho quando eu chegava perto da casa dela.

Quando saímos debaixo da terra havia dois tipos de pessoas: As Silenciosas e as Geladas.

As Geladas estavam por toda a parte. Pelo chão, nas plantações, na cidade. Meus pais agora eram Gelados. E também havia muito mais Silenciosos do que eu me lembrava. Os novos Silenciosos eram iguais a alguns Gelados, mas nem todos voltaram na sua versão muda e meio transparente.

A minha amiga pegou a minha mão e me levou pelos campos. Ela cuidou de mim, me mostrou onde dormir e o que comer. Eu obedecia, porque ela parecia ser a única que sabia o que estava fazendo.

-Porque você não fala?

Perguntei um dia, com saudade da minha própria voz. Ela olhou para mim longamente, sem responder.

-Eu queria ouvir a sua voz. Aposto que ela é muito bonita.

Ela sorriu e as bochechas ficaram num tom corado. Ela ficou na ponta dos pés miúdos e me deu um beijo estalado na bochecha.

E o tempo voou.

Nos primeiros meses, eu e a minha amiga tínhamos um objetivo: Começamos a enterrar todas as vítimas das luzes e cogumelos laranja. Na verdade, eu as enterrava. Ela só me mostrava onde cavar e sentava ali do lado enquanto eu colocava os corpos um em cima do outro nas covas improvisadas.

Minhas covas começaram ruins. Rasas e em lugares úmidos. Depois melhoraram. Eu aprendi onde cavar, como cavar e o quanto cavar. E minha amiga aprendia comigo, observando tudo com os grandes olhos castanhos.

-E se eu te desse um nome? – Perguntei, um dia, pendurado na minha pá. Ela balançou a cabeça, sem gostar da ideia. – Por quê?

Ela me olhou, cansada. Eu sempre fazia perguntas que ela não podia responder.

-OK. OK. Eu vou te chamar de Julia. Posso? O que você acha de Julia?

Ela deu de ombros e me empurrou, sorrindo e correndo a frente.

Os anos se passaram. 10, para ser exato.

Os corpos da cidade acabaram ou apodreceram por si só. Com a ajuda de Julia eu juntei o que eu precisava e fomos embora. Eu e ela, pelo mundo. Andando em direção ao nada, conhecendo Silenciosos e Gelados, mas nenhum Sonoro.

Eu cresci e Julia cresceu comigo. E com 17 anos, assim como eu era um homem feito, ela virou uma mulher, sempre com o brilho travesso de menina nos olhos e as ideias mais malucas. Eu temia que ela acabasse se esquecendo do que estava fazendo, como os Silenciosos mais velhos. Quem sabia quando ela começaria a agir estranho e andar em círculos?

Um dia, numa encruzilhada, escolhi o lado esquerdo. Julia correu atrás de mim e me puxou pela mão, para que eu fosse para o lado direito.

-Para lá? Por quê? – Ela só revirou os olhos e foi até as minhas costas, empurrando-me. – Julia, para! Quero ir naquela direção!

Ela bateu o pé e desapareceu. Olhei ao redor.

-Julia?! Não faz isso! Você sabe que eu odeio quando você some!

Julia voltou, com os braços cruzados e uma careta. Apontou na direção que ela queria seguir, batendo o pé no chão.

-Tá bom, tá bom, mãe.

Mostrei-lhe a língua, mas fiz sua vontade. Julia era tudo o que eu tinha. Sorri para ela e peguei a sua mão.

Essa cena se repetiu algumas vezes, toda a vez que eu me desviava do caminho que ela parecia ter traçado. Julia parecia saber exatamente onde estávamos indo. Ela tinha a determinação dos Silenciosos jovens que eu costumava ver quando criança.

Três dias depois, eu e Julia estávamos descendo uma colina. Eu tinha uma maçã de um pomar atrás de nós e a jogava para cima. Julia ria o seu riso sem som, empurrando-me para tentar me fazer derrubar a fruta.

Eu sorri e guardei a maçã. O sorriso dela desapareceu, como se ela tivesse escutado algo se quebrar.

-O que foi? Algum problema?

Julia estendeu a mão e tocou meu rosto. Não entendi o que ela quis dizer. Ela apontou para o horizonte, para o vulto que caminhava. Não era transparente como um Silencioso e movia-se, diferente de um Gelado.

-Um… Um Sonoro!

Eu disse, olhando embasbacado. Estava tão cansado da minha própria voz! Ela assentiu. Continuou apontando.

-Vamos.

Eu peguei a mão dela e comecei a puxá-la na direção da pessoa estranha, mas ela não se mexeu. Balançou a cabeça de um lado para o outro. Parecia triste.

-O que foi?

Ela sorriu de leve, ainda de uma forma triste, e ficou na ponta dos pés. Ela beijou o canto da minha boca e deu um passo para trás.

-Julia… Aonde você vai?

Dei um passo na sua direção e ela recuou, voltando a balançar a cabeça.

-Julia.

Ela continuou balançando a cabeça. Meu coração se acelerou. Queria pegar a sua mão de novo, queria levar ela embora. Ela era minha família. Eu a amava.

-Você cuidou de mim esse tempo todo para me deixar?

Ela apontou para o outro Sonoro. Era uma mulher e tinha me visto. Estava correndo na minha direção. Julia olhou para ela e então para mim e deu de ombros, como se se sentisse mal por ir embora, mas não tivesse outra escolha.

-Era isso, não era? A sua missão? A que os velhos esquecem?

Julia acenou e desapareceu no ar, como se fosse feita de ventos de verão.

43 comentários em “A Missão de Júlia (Isabella Beatriz)

  1. Leandro B.
    15 de janeiro de 2014

    Muito, muito bacana. Desde as classificações até a forma criativa com que se indicou que o garoto era um médium. Nada exagerado ou simples demais. Acho que o conto dosou com muita competência o que precisava para construir essa história. E se o(a) autor(a) quer falar mais sobre o universo, aguardemos ansiosos! rs

    Fiquei incomodado com a Júlia seguindo seu destino e, aqui, me parece que o(a) autor(a) conseguiu comover exatamente da maneira que queria.

    Ótima leitura.

  2. Edson Marcos
    15 de janeiro de 2014

    Não vejo necessidade de explicações aqui. Vi um cataclismo, um escolhido e um anjo da guarda, que conduziu um novo Adão até o encontro com uma nova Eva.
    Tenho a mania de ler o conto imaginando as possibilidades e finais possíveis, e este encaixou-se perfeitamente ao meu gosto. Claro que um livro explicando detalhes dos personagens seria bem melhor, mas assim está bom também. Me fez recordar do filme “A Estrada”, com um toque sobrenatural.
    Parabéns ao autor. Boa sorte!

  3. Paula Melo
    14 de janeiro de 2014

    Gostei bastante do seu conto,leitura leve e gostosa.
    Só ficaram algumas pontas soltas,mas elas deram assas a minha imaginação.

    Boa Sorte!

  4. Ryan Mso
    9 de janeiro de 2014

    A história tem potencial, boa ideia, mas não gostei muito da execução, parece que falta algo… De qualquer maneira, parabenizo ao autor pelo trabalho.

  5. gustavomoonmartins
    7 de janeiro de 2014

    Ao mesmo tempo em que gostaria de algumas explicações, não acho que elas sejam necessárias. É uma história sobre encontros que termina com um encontro. Não sei se é necessário ir além disso.
    As personagens são um tanto quanto fabulares, o que não é de todo ruim.
    O que me incomodou mesmo foram os saltos temporais. Entendo que a ideia era mostrar que os dois estavam juntos a vida inteira, mas eles passaram uma sensação de brevidade muito grande e adicionar o fator tempo necessariamente faz com que se queira pensar no aspecto “mundo” e o que fez com que esse mundo virasse o vazio que é. Talvez se já tivesse começado com eles dois no mundo sem som o conto pudesse ter funcionado também.

  6. Pedro Viana
    30 de dezembro de 2013

    Esse conto já começou a me agradar desde o início com sua abordagem pouco comum. Sonoros, Silenciosos, Gelados…. tudo muito legal e ainda abrindo margem para cada leitor formar sua própria definição. A narração é envolvente, mas o final foi um pouco fraco e vago para o conto. Parabéns de qualquer modo!

  7. Frank
    24 de dezembro de 2013

    Uma grande sacada a forma de classificar as pessoas. A história é instigante e faz pensar bastante sobre o que estaria acontecendo. Gostei bastante, embora preferisse as coisas um pouco mais fechadas.

  8. Gunther Schmidt de Miranda
    24 de dezembro de 2013

    Após ler uma série de observações sobre os comentários por mim postados neste concurso e suas respectivas respostas (infelizmente) concluí que fui tomado de certa pobreza de espírito. Em certos momentos nem fui técnico, muito menos humilde. Peço perdão a este escritor pelo comentário até maldoso por mim desferido. Se algo merece ir para a cova foi a forma rude como tratei esse texto, escrito com dedicação e amor. Sendo assim, apenas me resta ser breve: apenas não gostei. Mas seu esforço é louvável e deposito esperança em sua próxima obra.

  9. Ricardo Labuto Gondim
    23 de dezembro de 2013

    Gostei do conto por diversas razões. A mais evidente é a liberdade com que foi escrito. Deixar espaços à imaginação do leitor é confiar nele — e atrelar-se ao essencial.

  10. Weslley Reis
    23 de dezembro de 2013

    Não sei se é uma questão de estilo da autora, porém, essas pontas abertas me deram margem pra muita imaginação. Pode ser um defeito, visto de um certo ponto, mas COMO as pontas foram deixadas dá a impressão de muita coisa além.

    Por mais que eu critique bastante a tal falta de profundidade nos personagens, a trama nesse caso, suplantou qualquer falta de profundidade.

    Fez o que um conto tinha de fazer.

  11. susyramone
    19 de dezembro de 2013

    A narrativa me cativou, o enredo me prendeu também. Gostei da forma como fiquei pensando e imaginando possíveis respostas para as coisas não explicadas e isso foi o mais legal. Parabéns, adorei!

  12. Jefferson Lemos
    18 de dezembro de 2013

    Gostei bastante da história, mas poderia ter sido melhor executada. O começo foi muito bom, mas depois ficou rápido demais e perdeu aquele “gosto”.
    De qualquer forma,essa idéia rende muito, invista nela!
    Parabéns e boa sorte!

  13. Pedro Luna Coelho Façanha
    18 de dezembro de 2013

    Bacana. Gostei muito do começo, mas não tanto da parte final do texto. Sei lá, as passagens de tempos, as cenas de enterro, o caminho seguido e a revelação final da missão, me soaram apressados e um pouco desinteressantes. O resto, como já dito: sonoros e silenciosos, sacada boa, dá um livro.

  14. Bia Machado
    17 de dezembro de 2013

    Gostei muito do conto. Essas denominações de Silenciosos, Sonoros, Gelados, achei muito criativo, um diferencial que prendeu minha leitura e me deixou animada pra continuar. Gostei da linguagem e do desenvolvimento, bastante aberto, por sinal. Não tenho problemas com contos “abertos”, aceito-os numa boa, rs, se eles me chamarem a atenção, de alguma forma. Parabéns!

  15. Caio
    17 de dezembro de 2013

    Olá. Eu vi os pontos positivos desse texto, achei muito bem inspirado, mas o negócio é mesmo que eu não achei personagem nenhum… ah, eu achei muito inspirador também, do tipo que coça a imaginação da gente. Mas ser fofo não é uma personalidade! Que isso… Senti que não sabia nada sobre os dois no final, e se o narrador em primeira pessoa me conta da morte de todo mundo que ele conhecia e eu ainda não aprendo nada sobre ele no processo tem algo errado. Só se ele também não era humano… sei lá, não deu pra ignorar isso não.

    Agora imagina se essa mesma história fosse um livro. Você descrevia o mundo todo onde eles vivem, apresenta os personagens, acontece a catástrofe e fica o meio todo dele com a Juju (somos íntimos?) se ajudando. A Ju ajudando o menino a sobreviver sozinho num mundo desolado e destruído (contaminado?) e o protagonista tentando ajudá-la a descobrir por que ela é uma silenciosa, o que falta pra ela ficar em paz. Depois de vários percalços com outros silenciosos e com comida e abrigo, e desenvolvimento de personagem, eles encontram outros vivos, e percebem que Juju só não estava em paz por causa dele. Eles se separam numa cena linda, ele reencontra a sociedade e todo mundo chora porque acabou e foi ótimo. Pra mim soa uma ideia muito melhor que esse conto.

    Sei lá, eu acabei de ler já me veio a vontade de ler essa história escrita por inteiro e a fundo. O texto me soou alguém me contando desse livro, resumindo a história e cortando a profundidade das pessoas fictícias. Me cutucou o cérebro, mas como conto não achei completo ou justo com a história, que precisa de mais espaço. Não é sobre o final ”aberto” (achei que os fatos tavam todos aí…), é sobre desenvolvimento. Todo mundo morreu, o mundo foi abalado por armas nucleares, o cara viveu sozinho por 10 anos, e tudo isso é contado em um parágrafo cada?

    Se eu soo ranzinza é só porque a história me empolgou mesmo, e eu não consigo crer que você tenha cultivado ela por inteiro, nem perto disso.

    Fica pelo menos meu incentivo a um projeto maior com base nesse. E insisto que personagens e personalidades são importantes…
    É isso, espero que não atrapalhe, abraços

    • Coleen Riley
      17 de dezembro de 2013

      Não se preocupe, Caio! Não atrapalha nada!
      Veja só você, escrever A Missão de Júlia foi um desafio porque: Para mim contos precisam ser curtos. Eu sei que o limite era muito maior que esse, mas já me enfraquecem os ossos toda a vez que eu vejo aqueles contos que se estendem demais. E o grande problema dessa história grande era se ele ficasse grande demais e fugisse ao meu controle.
      Além disso, não tive muito tempo para desenvolvimento de personagem. Decidi ser sucinta, bidimensional mesmo: Júlia vai ser calada e Fulano (Eu nem me importei em dar um nome para ele!) vai ser introspectivo.
      Entendo que você não tenha conseguido se conectar com eles – acredite, estou reclamando disso em vários contos! – e isso não é nada ranzinza. É que eu me encontrei numa encruzilhada: Ou contrariava meu instinto de manter tudo sucinto ou contrariava meu instinto de desenvolver o personagem. Acabei escolhendo a segunda opção.
      Não pretendo desenvolver essa ideia – não por enquanto – já que já estou trabalhando em outras duas distopias. Talvez um dia!
      Obrigada!

  16. Pétrya Bischoff
    16 de dezembro de 2013

    Maravilhoso, emocionante e envolvente. Algumas críticas me irritam, mas enfim, pontos de vista. Para mim, até agora entre os três melhores. Parabéns 😉

  17. Gunther Schmidt de Miranda
    15 de dezembro de 2013

    Um texto leve, sem dúvida; mas com muitas dúvidas e devaneios.
    Um texto sem local, nem tempo.
    Um texto onde o que mais tem são fantasmas e com tantos fantasmas nenhum fala com o protagonista!
    Se são as crônicas de um coveiro está excelente: porque, ao meu ver, esse texto foi para a cova!

  18. Jowilton amaral da costa
    14 de dezembro de 2013

    Bom conto. Singelo sem ser piegas. Narrativa limpa e cativante. Também gostei dos termos usados: SONOROS, SILENCIOSOS e GELADOS, boa sacada. Parabéns.

  19. selma rios
    13 de dezembro de 2013

    É a mais bonita que li até agora. Simplista ou não, me cativou como leitora. Está bem escrita, tem fundamento e inovou. Parabéns!

  20. Elton Menezes
    13 de dezembro de 2013

    Sobre o título…
    Sobre a técnica… Sincero apreço ao narrador personagem, muitíssimo bem escrito e cativante. Pela forma como delineia os pensamentos, cheguei a imaginar que se trate de uma criança autista ou muito imatura. Por outro lado, estranhei a forma como o narrador mantém sua imaturidade de diálogo e discurso após os dez anos, o que de certa forma reforçou minha idéia do autismo.
    Sobre a história… Achei belíssima até os últimos parágrafos. Ao contrário de Gustavão, acho que são sim necessárias explicações maiores que as dadas, por melhor que o texto tenha sido. Porque é criado um ambiente tão único, tão ímpar, que naturalmente nós queremos compreendê-lo melhor. Ainda mais quando estamos falando de um desafio, em que o top3 será presidido pelo melhor do melhor dos melhores… Qualquer menos aqui pode faltar lá na frente. E acho sinceramente que isso acontecerá com esse conto, que tinha tanto potencial para estar entre os mais mais.
    Sobre o final… Acho que a pobreza de explicações fez com que o final fosse a única coisa realmente a desejar dessa história tão bem escrita.

    • Elton Menezes
      13 de dezembro de 2013

      Desorientado… Sobre o título: Bem legal. Prende a atenção o texto inteiro sobre qual é a maldita missão. Pena que não ficou tão clara :/

  21. Gustavo Araujo
    12 de dezembro de 2013

    Sou totalmente suspeito para falar deste conto. Eu simplesmente adoro narrativas assim. Durante muito tempo me aventurei por esses caminhos e até hoje aprecio o estilo, seja escrevendo, seja lendo.

    Bem, algumas pessoas dizem que a virtude está na simplicidade. Isso é verdadeiro para este texto: bem escrito, com personagens ternos, em uma história envolvente, cativante até o osso. Sinceramente, não senti falta de explicações como alguns dos amigos disseram. Para mim, a relação entre os dois protagonistas bastou.

    Qual o interesse em saber a origem da explosão? Ou do tremor de terra? Que relevância há em saber o motivo porque uma “Sonora” surgiu no fim? Querer tais questões respondidas é o mesmo que desejar conhecer a espécie de veneno que havia na maçã da Branca de Neve. Esse é o meu ponto de vista.

    O conto é muito mais do que explicações a meu ver inúteis – com o devido respeito a quem pensou o contrário.

    Para mim, a força da história está na relação entre os personagens, esse amor surgido em um cenário terrível (e que até por isso deu certo), mas que tem data certa para acabar, conforme a triste resignação de Julia. Enfim, o conto é belo por ser triste, por não ter explicações demais, por permitir que o leitor acompanhe os protagonistas e que seja testemunha de seus destinos melancólicos.

    Em suma, achei o máximo, do início ao fim. Com uma ressalva apenas: que seja suprimida a penúltima frase. Contém explicações demais.

  22. Cácia Leal
    12 de dezembro de 2013

    Doce, meigo, suave, são as palavras que melhor descrevem esse conto. Ele é contado, inicialmente, pelos olhos de uma criança, e o autor utiliza os termos como uma criança o faz. Muito bom! Tb fiquei curiosa para saber o desfecho imaginado. Embora eu curta essa ideia de não dar fim à história. mas acredito que uma breve e rápida explicação seria bom nesse caso, que é tão abrangente. Gostei bastante mesmo.

  23. Ricardo Gnecco Falco
    12 de dezembro de 2013

    Gostei bastante. O texto transmite a ternura existente entre as personagens como a própria forma de superação para um horror delicadamente amenizado. Possui certo ineditismo (pelo menos para mim), mostrando o envelhecimento etéreo. E, por centralizar a atenção do leitor no relacionamento entre o casal, o verdadeiro foco (ou mensagem) da história é somente percebido ao findar-se a leitura, retumbando em forma de um eco percebido somente então como onipresente.
    Um bela leitura para uma história de horror, com um final dúbio – não por ser aberto, mas sim por conseguir ser feliz e triste concomitantemente.
    Vale muito a leitura!
    . 🙂 .
    PARABÉNS!

    • Ricardo Gnecco Falco
      13 de fevereiro de 2014

      Meu Deus… Só me toquei hoje que a autora desta obra tem… 16 anos!
      16 anos!!!
      🙂
      #esperançadediasmelhoresparanossaliteratura!

  24. Claudia Roberta Angst - C.R.Angst
    11 de dezembro de 2013

    Adorei essa classificação das pessoas em sonoras e silenciosas. Isso já cria logo de início uma identificação com o leitor que começa a se analisar e aos próximos também. Sou sonora? Sou silenciosa??? E depois, ainda aparecem as geladas.
    Além disso, a narrativa flui bem e a leitura é bem agradável. O leitor é conduzido até o final do conto sem esforço. Gostei. Boa sorte.

  25. Marcelo Porto
    11 de dezembro de 2013

    Um conto leve e sem sobressaltos.

    Uma grande sacada do(a) autor(a) em segmentar os personagens em sonoros, silenciosos e gelados. A identificação é imediata, poupando muito o tempo do leitor e isso é uma outra grande qualidade da narrativa, a gente acaba com uma boa sensação de ter investido o nosso tempo em algo interessante.

    O clima é quase poético e a trama é bem conduzida, só senti falta de um conflito para temperar a história.

  26. Thata Pereira
    11 de dezembro de 2013

    Gente 😦 imagina minha cara triste.

    Eu estava completamente envolvida. Adorei a relação do casal! É um lindo texto, é uma linda história. Mas também senti falta das explicações. Talvez, eu não tenha fisgado algo lá pelo meio que explique isso, mas, mas… 😦

    Descordo do Marcellus: se o foco é o casal, que não fosse dado o mistério. Pelo menos não o mistério final que é o que mais me incomodou.

    PS: quando o desafio desse mês acabar o autor/a PRECISA me dizer o que pensou ao escrevê-lo, pois vou ficar eternamente com essa história na cabeça. Por favor *-*

    • Ana Google
      11 de dezembro de 2013

      Também preciso saber, THATA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

      • Thata Pereira
        11 de dezembro de 2013

        Tô muito aflita com esse conto rs’ Isso por ter gostado muito da história.

        aproveito esse meu comentário para consertar o meu “Descordo”, que coisa feia. rs’
        Descordar = Ação de cortar ou prejudicar a medula espinhal (do touro).
        Eu quis dizer Discordo.

    • Coleen Riley
      11 de dezembro de 2013

      Podem deixar, quando o desafio acabar, vocês vão ganhar suas respostas.
      Eu acabei criando todo uma mitologia para esses fantasmas diferentes, mas não consegui expressar do jeito que eu queria.
      Mas não se preocupem! As respostas existem!
      Obrigado pelos comentários!

      • Ana Google
        11 de dezembro de 2013

        Ebaaaa! Também fiquei assim porque eu gostei MUITO do conto! Só fiquei meio desgostosa com a falta de respostas! RS! Aguardemos, Thata! Beijos!!!

  27. Inês Montenegro
    11 de dezembro de 2013

    Atenção à falta de acentos e aos números digitais que deveriam estar em extenso.
    Gostei das denominações de Sonoros, Silenciosos e Gelados, bem como do foco escolhido pelo narrador, que, sendo o protagonista, disse muito sobre a sua personalidade. Considerei, contudo, que demasiadas coisas ficaram em aberto e por esclarecer.

  28. marcellus
    11 de dezembro de 2013

    Ao contrário da minha amiga pesquisadora ruiva, achei que o final combinou bem com o conto: o foco era o casal.

    O que me incomodou um pouco foi a falta de revisão e a linguagem por vezes simplista. Masé uma boa história.

    • Elton Menezes
      13 de dezembro de 2013

      A linguagem simplista era obrigação: o narrador é uma criança!

      • Marcellus
        14 de dezembro de 2013

        “Quando eu era pequeno…”. O narrador escreve o conto DEPOIS que tudo aquilo aconteceu, depois que deixou de ser uma criança. Pelo menos, eu acho…

    • Coleen Riley
      15 de dezembro de 2013

      Me intrometendo aqui…
      Sim, o Elton está certo, o narrador era uma criança e sim, você está certo, ele narra depois que tudo aconteceu.
      Porém, é preciso lembrar que, aos 7 anos, ele perdeu os pais e todas as pessoas que ele conhecia. Não havia mais escola, não havia mais professores e a única pessoa que ele poderia contar era um espectro que não falava. Não é de se admirar que o seu desenvolvimento tenha sido menor do que as pessoas normais.
      A sua linguagem era restrita ao que ele sabia aos 7 anos.
      Espero ter ajudado!

      • Marcellus
        15 de dezembro de 2013

        Intrometimento muito bem-vindo! Essa foi uma percepção que me escapou, Coleen e é totalmente factível. Parabéns e obrigado!

  29. Ana Google
    11 de dezembro de 2013

    Eu estava amando o texto até chegar ao final, quando muitas dúvidas não foram esclarecidas. Já disse aqui que eu gosto de finais abertos, mas não tão abertos como este. Algumas dúvidas não foram respondidas de forma adequada, gerando uma certa frustração no leitor, como por exemplo:

    Teria o menino morrido na explosão de vermelho e laranja, assim como todos, ou ele foi o único sobrevivente? Seria tal explosão um apocalipse, configurando-se em uma explosão cósmica, a morte do sol ou um corpo celeste que caiu na terra? Por que alguns gelados (corpos mortos?) não voltaram na versão muda e meio transparente (fantasmas Silenciosos ou Sonoros)? Se o menino foi o único sobrevivente, como ele pôde conseguir tal façanha, sendo que TODOS na cidade morreram? Por que os Sonoros sumiram após os 10 anos? E quem é a tal mulher Sonora do final do texto? E, agora, por fim, qual era a missão de Júlia, simplesmente levá-lo ao encontro da Sonora desconhecida, mas para quê?

    Eu li o texto em ritmo frenético, é muito bem escrito e envolvente, mas achei que no fim pelo menos ALGUMAS das dúvidas iam ser esclarecidas, mas NENHUMA foi, o que me deixou MUITO frustrada…

    Pense nisso, o texto é lindo, eu confesso, mas não se faz isso com o leitor!!! Deixá-lo assim tão sem respostas!!!

    Abraços!

    • Alan Machado de Almeida
      11 de dezembro de 2013

      Gostei do conto do jeito que foi escrito. Ao meu ver, não precisa de mais explicação do que teve. O que o autor não disse eu consegui deduzir ou minha imaginação completou.

    • Felipe Holloway
      13 de dezembro de 2013

      Acho que as explosões foram decorrência de alguma espécie de guerra nuclear, Ana, como comprova, creio, a menção a “cogumelos laranja”.

      • Ana Google
        23 de dezembro de 2013

        Felipe, também imaginei isso de imediato! Mas como um garoto sobrevive a uma guerra nuclear? Ah, se a curiosidade matasse… Aguardando ansiosa pelas explicações da autora sobre o texto! = )

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Publicado às 11 de dezembro de 2013 por em Fantasmas e marcado .