A primeira coisa que notei, logo que entrei no quarto do hotel, foi o cheiro de sangue. Um cheiro tão forte que me deu um pouco de tontura e enjôo, mal abri a porta e senti que estava a ponto de desmaiar dentro do quarto escuro como se caísse em um abismo sem fim, escuro e sangrento. O ar era puro cheiro de sangre, um cheiro muito forte, tão forte que parecia líquido, e em poucos segundos eu já quase sentia como se estivesse bebendo sangue, litros e mais litros, dava pra sentir o gosto do sangue no ar, dava pra sentir o gosto do sangue descendo pela garganta. Sei reconhecer muito bem cheiro de sangue por motivos que não consigo lembrar (ou não quero lembrar), mas tenho certeza de que qualquer outra pessoa reconheceria estando em um lugar assim. A atmosfera do quarto era pesada, dificultava a respiração até que senti que iria me afogar em sangue se não saísse de lá – mas até então não havia encontrado sangue líquido – apenas o cheiro de sangue. Era um cheiro tão pesado que parecia colorir a escuridão do quarto em vermelho, coloria o silêncio ensurdecedor de vermelho.
Tateei pelas paredes perto da porta, procurando o interruptor, até finalmente encontrá-lo e senti que as paredes pareciam úmidas, como se estivessem cobertas de sangue quase coagulado. Tive um forte ímpeto de sair do quarto antes de ligar a luz, pois quem quer ou o que quer que fosse que habitava o quarto, com certeza havia perdido muito sangue e provavelmente deveria ter sido horrivelmente assassinado. Meu pavor de ver que tipo de desfiguração ou mutilação grotesca esperava para queimar minha vista me afligia terrivelmente, porém, não ligar a luz e sair correndo do quarto não era mais uma opção – minha imaginação do que poderia ser me assombraria para sempre se eu não visse que tipo de carnificina estava encoberta pela escuridão. Tomando coragem, me aproximei lentamente do interruptor que encontrara com dificuldade no quarto escuro, fechei os olhos e liguei a luz. Primeiro, senti minha visão iluminada sob as pálpebras fechadas por uma luz muito forte, amarelada. Vagarosamente, fui abrindo os olhos.
O chão do quarto era de madeira, e estava intacto: nenhuma gota de sangue ou nada que lembrasse sangue. As paredes eram beges e muito limpas, não havia nenhum traço de manchas de qualquer tipo, muito menos de sangue. No meio do quarto, uma cama com lençóis brancos, completamente limpos. À esquerda, uma janela fechada, coberta de cortinas de veludo negras e, ao lado, cobrindo todo o resto da parede, um armário de madeira. Tudo parecia normal demais com as luzes acesas, até o cheiro do lugar mudara: tudo que sentia era um leve cheiro mofo vindo das cortinas, mas além disso, nada mais. O cheiro de sangue intoxicante desparecera por completo quando liguei a luz, como se absorvido pela luz. Como se fosse a escuridão que sangrava, então escondida pela luz.
À direita, de frente para a cama, a única coisa que contrasta com a atmosfera tranqüila de todo o lugar: um quadro. Mas não um simples quadro, não um campo com flores, não uma pintura bela ou agradável, mas o provável fruto de uma mente perturbada por pesadelos, ou doentia e sádica: dentro de uma moldura oval, com detalhes entalhados em um metal dourado, já meio enferrujado em alguns cantos, encontra-se uma jovem olhando para mim. Seu rosto delicado, apesar de sujo de sangue e mutilado por sua expressão de dor, me era estranhamente familiar, mas não conseguia me lembrar de onde a conhecia. Era uma imagem terrivelmente realista, era como se a jovem estivesse bem na minha frente, prestes a se mover, se levantar e vir na minha direção. Até a iluminação do quadro era igual à do quarto, assim como a cor da parede atrás dela e o piso onde ela estava ajoelhada. A jovem tinha a pele completamente pálida, os lábios sem coloração alguma a não ser pelo vermelho das gotas de sangue que lhe escorriam de um dos olhos e de dentro da boca. A imagem era tão realista que parecia que as gotas iriam pingar para fora do quadro a qualquer instante. Seus cabelos eram loiros, longos, sujos de vermelho ao redor do pescoço. Vestia um vestido branco, rasgado em um dos ombros, e pintado de vermelho com o sangue que escorria do profundo corte em sua garganta. Um de seus olhos azuis olhava fixamente para mim, com uma expressão de dor e crueldade ao mesmo tempo, como se cobrasse por vingança. O outro de seus olhos ela segurava com a mão direita próximo a órbita, pois estava solto. Uma cachoeira de lágrimas de sangue escorria de sua órbita direita, e o olho que ela segurava também me observava, porém de uma forma menos humana, sem expressão alguma. Um olhar morto, que poderia significar qualquer coisa e eu jamais seria capaz de decifrar, mas algo me dizia que não era nada que eu fosse gostar.
A estadia no hotel foi um pesadelo. Chovia torrencialmente no dia que cheguei lá, e eu estava dirigindo há um bom tempo, perdido na estrada. Lembrei-me então da indicação que um amigo me fizera sobre um hotel antigo naquelas redondezas. Se fosse qualquer outra situação, eu teria saído do hotel no mesmo dia, quem ficaria hospedado em um quarto de hotel fedendo a sangue com as luzes apagadas e sob o olhar ameaçador de um quadro sangrento com as luzes acesas? Falei com o dono do hotel, pedi outro quarto, mas aquele era o único vago, era um hotel pequeno e eles não tinham muitos quartos.
Já fazia mais de uma semana que chovia. Por sorte eu levara um livro comigo, pois caso contrário não ia ter nada para fazer. Nos primeiros dias, até conseguia me concentrar um pouco no livro, era uma compilação de contos de terror ingleses. Mas, a cada noite que passava, eu sofria com pesadelos macabros com a criatura do quadro. Isso quando conseguia dormir, pois sempre que apagava as luzes, o quarto ficava imerso em um odor de sangue asfixiante. Reclamei disso para o dono do hotel, mas ele disse que não sentia cheiro algum. O homem também parecia não se incomodar pela pintura grotesca que ilustrava a parede do quarto. Aliás, chegou até a parar em frente ao quadro e ajeitar sua gravata, como se estivesse em frente a um espelho.
Resolvi então ligar para o amigo que me indicara o hotel e perguntar sobre o quadro e o cheiro de sangue. Quando ele atendeu e ouviu minha voz, ouvi um barulho estranho, como se algo tivesse caído no chão. Outra pessoa, alguns minutos depois, pegou o telefone e me disse que ele desmaiara e deixara o telefone cair, mas já estava começando a se recuperar. Ele então voltou ao telefone e disse:
– Isso é algum tipo de piada de mal gosto? Quem está falando? – ele gritou, com uma voz nervosa, como se tivesse visto um fantasma.
– Calma, Joe, sou eu mesma, a Victoria. Só queria saber sobre aquele quarto de hotel que você me falou esses tempos, se você se lembra de um quadro estranho com uma garota morta pendurado na parede do quarto? É um quadro oval, com uma moldura entalhada e dourada. Tenho tido pesadelos com isso e tenho a impressão de conhecer a garota do quadro. Além disso, quando você se hospedou aqui já tinha um cheiro estranho no quarto? Parece até sangue, acho que estou enlouquecendo. – Falei tudo isso rapidamente, sem esperar pela resposta da primeira pergunta para perguntar logo a segunda, a ansiedade e quase pânico de estar enlouquecendo ou presa em um hotel com um quadro que contem alguma espécie de fantasma ou demônio me atormentava demais – isso que antes de ir parar no hotel eu era completamente cética sobre tais assuntos. Mas isso foi antes.
Meu amigo parou para respirar e pensar por alguns segundos, e finalmente me respondeu, com a voz mais triste e assustada do mundo:
– Victoria, eu me lembro disso que você diz ser um quadro: era um espelho, o espelho na frente do qual você foi assassinada há dois anos. Foi uma chacina, encontraram o seu corpo degolado em frente a esse espelho. Todos no hotel foram assassinados, até mesmo o dono do lugar, todos… – Ele falava com dificuldade, chorando assustado, babulciava entre soluços, até que deixara o telefone cair outra vez.
Que curioso.
Aqui acontece o inverso do que costumamos ver em muitos contos. O final é infinitamente melhor do que o começo.
Acho que os camaradas já indicaram que o sangue no início foi “meio” exagerado. O Pedro tocou no ponto da questão, o(a) autor(a) se preocupou em destacar a submersão da personagem na presença de sangue, mas falhou na sua realização. Tentou enfatizar essa impressão pela repetição e não pela descrição do sentimento.
Sabe o que pensei com o começo? Se não fosse um conto de fantasmas, arriscaria que se tratava de um vampiro.
Acho que o(a) autor(a) poderia insistir ainda mais no quadro/espelho, uma das melhores idéias da história. Enfim, sugiro que reescreva o conto. Tem material muito bom aí.
Gostei do conto. Como os colegas já apontaram as correções a serem feitas, não vou repetí-las. Na minha opinião, penso que a narrativa ficaria melhor em 3ª pessoa, pricipalmente o desfecho.
parabéns e boa sorte!
Gostei do conto sangrento. Tem palavras fortes e gosto disso em contos pesados.
A ideia é bacana, o final forte também, mas a revelação poderia ter ocorrido de forma mais sutil. Apesar de certos excessos, a abertura do conto é instigante, não sabemos o que se passa, a narração é vertiginosa. Essa sobreposição de realidades/dimensões ali no quarto é um artifício interessante. Mas o conto parece exigir um desenvolvimento maior, uma elaboração (das personagens, do hotel, da trama) bem mais detida.
Minha fala será tal qual a do Frank. É um bom conto, digo, com potencial. Se seguir o já comentado pelos demais colegas, crescerá bastante. Dessa maneira, parabenizo ao/a autor (a) pelo conto.
Antes de comentar o conto como um todo, quero fazer uma observação ao início, que evoca o cheiro de sangue. Pessoalmente, nunca cheirei sangue. Sua tarefa, como autor(a) era me fazer senti-lo mesmo assim. No entanto, o que se vê é só uma descrição da intensidade do cheiro, repetindo a palavra sangue muitas vezes. E sobre ele? Como ele é? Isso, creio eu, foi uma falha que futuramente deve ser corrigida. Quanto ao conto, é um texto de suspense bem elaborado, com um final que conseguiu me surpreender. No entanto, carece de uma revisão.
Adorei o conto, ideia me surpreendeu um pouco, esperava outra coisa quando comecei a ler.
Mas teve alguns pontos que ao meu ver deixaram a desejar,primeiramente o excesso da palavra sangue. Segundo,pontas importantes soltas a merce da nossa imaginação,se muitas pontas tivessem sido amarradas ao texto o conto em si ficaria com muito mais potencial.
Mas para mim esta no caminho certo,continue praticando.
Boa Sorte!
Após ler uma série de observações sobre os comentários por mim postados neste concurso e suas respectivas respostas (infelizmente) concluí que fui tomado de certa pobreza de espírito. Em certos momentos nem fui técnico, muito menos humilde. Peço perdão a este escritor pelo comentário até maldoso por mim desferido. Se alguém precisa de umamãe de santo sou eu, para tirar esse espírito de porco que se encostou em mim. Sem mais desculpas: gostei muito! E espero que tal texto esteja entre os primeiros.
Gostei da trama, não de como foi narrada. A repetição da mesma palavra acaba cansando a leitura.
Mas é uma boa estoriam, com um ótimo final. A narração em primeira pessoa imprime uma boa empatia com o personagem e causa emoção ao final.
Gostei da ideia e acho que ela tem muito potencial, basta seguir as várias dicas dadas pelos colegas. Enfim, apesar dos furos e repetições é um bom conto!
Não tenho nada contra sangue, pelo contrário, confesso que adoro escrever umas carnificinas de vez em quando, mas eu até fui me analisar pra ver se não era eu quem estava vazando.
Na primeira parte, você disse a mesma coisa várias vezes e isso incomodou bastante (mais que o sangue).
Pareceu-me uma história narrada verbalmente e não escrita. Mas a ideia é legal, eu gostei. Com uma boa lapidada sai um conto joia, Adorei o final também.
Quando começou a ficar legal e deixar um pouco daquele “sangue” para trás, o conto acabou.
Acho que o uso reduzido da palavra sangue, e algumas linhas a mais deixaria o texto com uma cara muito melhor.
A ideia é bem legal, só achei que não foi trabalhada com todo o potencial.
Enfim, parabéns e boa sorte!
Penso que as várias vezes em que proferiu-se “sangue” foi com o intuito de chocar, ou mesmo enjoar o leitor. Ao menos senti assim. Uma jornada muitíssimo interessante, de a personagem enfrentar seu algoz, no entanto penso que ela deveria ter descoberto sozinha, e não com o amigo… ao telefone.-.
Também penso que a trama deve se revelar com muito impacto no último parágrafo, apesar de deixar pistas desde o início, mas “saquei” tudo quando o dono ajeitou a gravata em frente ao quadro “como se fosse um espelho”. Isso me decepcionou 😦
O primeiro ato de terror deste texto foi ler “sangre”… E o início da leitura tem tanto sangue que não precisarei de doação até o final dos meus dias!
Mas continuei… Pois Allah aprecia os perseverantes!
Então me veio uma pergunta: O que leva (ou faz permanecer) uma pessoa, sã, nesse local?
Mas continei… Apesar de já estar atolado em sangue!
E, acabei por gostar muito deste texto!
Por fim um texto que nos tempo e espaço condizentes.
E o principal: causou-me insônia!
Parabéns!
Se não é o melhor, é o segundo!
Não vou me apegar aos pontos negativos; o pessoal já indicou bastante eles (sangue, sangue, sangue…).
No geral, gostei da narrativa, do modo que foi conduzida. Já o final deixou a desejar. A revelação foi feita de forma tão injusta quanto terminar o namoro por telefone. Poderia ter gastado mais umas linhas ali. Também caberia um melhor trato psicológico da protagonista, tratando do conflito inconsciente de estar morta e não aceitar.
Sobre o título… Bem simplista, mas adequado.
Sobre a técnica… O primeiro parágrafo foi tão mal escrito que me deu vontade de parar ali. Houve tanto eco com cheiro, sangue, forte, quarto, que você sente como se estivesse lendo a mesma coisa repetidamente. Qual não é o desespero quando, ao tentar seguir com a história, os ecos continuam? De repente, lá pelo meio da narração, ocorre troca do tempo verbal para o presente, e aí a coisa se perdeu por completo. Mais à frente, do nada, você se dá conta que estamos num hotel, o que quebra totalmente o ritmo que o texto vinha tentando criar. Portanto, eu peço, ou melhor, exijo: RELEIA, REVISE E REESCREVA SEU TEXTO.
Sobre a história… Uma coisa que me enfurece é ver autor brasileiro escrevendo com nomes estrangeiros. Pra quê isso?! Eu vejo aqui uma idéia incrível, para ser muito sincero. Uma protagonista perdida em um ambiente hostil, em que sente cheiro de sangue em todo canto e não consegue ver de onde o cheiro vem, porque é de si mesma! Aos poucos vai tentando se encontrar no lugar, para adiante perceber que aquele é seu leito de morte. A idéia é realmente impecável, pena que construída de uma forma TERRÍVEL, o que destruiu qualquer qualidade que pudesse ter.
Sobre o final… Péssima a revelação POR TELEFONE. Muito melhor seria a personagem ter descoberto por si só. Seria mais impactante e chocante.
Eu estou com o Gustavo. O conto acabou quando começou a ficar interessante. Ele merecia um outro final, mais do tipo “Os Outros”. Ninguém conta à uma morta, por telefone, que ela morreu… e simplesmente acaba assim. Sugestão: reescreva e trabalhe mais o final!!!! O conto está muito bom, muito bem escrito, com exceção de algumas questões, como o excesso da palavra “sangue”; faltou mais coesão. Talvez esperar alguns dias, reler o conto e arrumar pequenos detalhes. A escrita está espetacular, muito criativa e pós-moderna. Por exemplo, o trecho que fala sobre o cheiro do sangue, capaz de colorir a escuridão!!!!! Uma mescla de sentidos: o cheiro, a cor e falta de cor (escuridão)… simplesmente, vc tem muito talento e deveria mesmo desenvolver um novo final ao seu conto!
Me lembrou o estilo de contos de terror antigos tipo os de Lovecraft e Allan Poe. Primeira pessoa, muita descrição. A única coisa que não gostei foi o final, o amigo explicando todo o enredo pelo telefone me pareceu uma solução “mágica” demais, meio que saída do nada.
Outra ideia bacana mas que sucumbe devido à falta de desenvolvimento. Não vou nem falar da intensa repetição da palavra “sangue” – acho que o autor já entendeu que foi em demasia. Para mim, o pecado deste conto é acabar quando começa a ficar interessante. O autor poderia ter-nos feito imergir muito mais na história – contar os motivos pelos quais a protagonista foi assassinada, tecer mais detalhes sobre o hotel em si e sobre o tal amigo com quem ela consegue falar no telefone. Aliás, achei conveniente demais eles conseguirem se falar – ele está vivo, não?
Bem, fica aí a dica para que a história seja melhor desenvolvida.
A ideia e o ponto de vista adoptado no conto são dos meus favoritos até ao momento. Mas a prossecução ainda precisa de ser limada – estive a ver alguns comentários já deixados, e na sua maioria focam os pontos que vou referir brevemente, com conselhos para ultrapassar os ditos.
1) O leitor entrevê o final antes do protagonista, exactamente quando o dono do hotal compõe a gravata;
2) Repetição de vocábulos e de informação. Chegou uma altura em que daria para fazer um drinking game com a palavra sangue (“sangue do Diabo”, que também é uma bebida vermelha, para combinar e tudo =D)
3) Porquê passados dois anos?
Essa história daria um grande conto.
Os parágrafos imensos e a falta de delicadeza entregam os pontos fortes e deixa a leitura extremamente cansativa.
Acho que o autor tem uma boa história nas mãos, só precisa treinar um pouco mais a escrita. Não é somente o excesso de repetições e as idas e vindas da narrativa, na minha opinião faltou sutileza.
Invista mais na história ela ainda pode se tornar um bom conto.
Pensei desistir da leitura depois da décima repetição da palavra “sangue” (e tenho certeza de que não foi proposital, porque também aconteceu com “parede”, “quarto”…). Mas me forcei a continuar.
Daí vem “Tateei pelas paredes perto da porta, procurando o interruptor, até finalmente encontrá-lo…” no começo do parágrafo. Tá, foi difícil encontrá-lo. Anotado. No final do parágrafo, aparece: “…Tomando coragem, me aproximei lentamente do interruptor que encontrara com dificuldade no quarto escuro…”. Eu já entendi, autor!
Esse texto parece uma tentativa de construir uma montanha-russa. É o tipo de brinquedo que te guia por um caminho fantástico, cheio de altos e baixos, sustos e arrepios, sem dar a impressão de que, na verdade, você está preso a um carrinho sobre trilhos. Infelizmente, só conseguiu me levar por um passeio ao “Túnel do Terror” desses parques de diversões em feiras de cidade pequena.
A ideia não é ruim, longe disso, mas a execução deixou muito a desejar. O autor tem material para retrabalhar.
Melhor inspiração até agora. A ideia para o final é muito, muito boa! E estou com a sensação de que encontrei alguém que gosta mais de vermelho do que eu rs’
Não preciso nem dizer algo sobre as repetições. Foi o que deixou o texto cansativo (demais). No lugar das descrições excessivas sobre sangue, penso que você deveria explorar outras coisas e sensações.
A fala dela com o amigo, achei muito comprida. Até levei em consideração que ele, assustado, permitiu que ela falasse, falasse e falasse, mas me incomodou. Já o desmaio, acho que poderia ficar melhor como um mal-estar, pois a maneira rápida que soa não é tão convincente.
O fim é perfeito!
Hmmm, o final me desagradou DEMAIS! Não em termos de conteúdo, que foi fenomenal, mas quanto à maneira com que a última frase foi escrita. Quando lemos, ficamos com aquela sensação: Ué, não vai continuar?
Tenho algo comigo que a última frase tem que ser conclusiva, tem que dizer alguma coisa que nos deixe com uma sensação boa. Deve ser uma frase impactante, o que não aconteceu no conto em questão! Parece que cortou um pedaço, entende o que quero dizer?
Outra coisa que me incomodou foi a repetição EXCESSIVA de palavras. Vejamos um exemplo: “O ar era puro cheiro de sangre, um cheiro muito forte, tão forte que parecia líquido, e em poucos segundos eu já quase sentia como se estivesse bebendo sangue, litros e mais litros, dava pra sentir o gosto do sangue no ar, dava pra sentir o gosto do sangue descendo pela garganta. Sei reconhecer muito bem cheiro de sangue por motivos que não consigo lembrar (ou não quero lembrar)”. Só a palavra sangue, nesse pequeno trecho, repete-se 5 (cinco) vezes. Cheiro, três vezes. Isso sem contar outras palavras, que se repetem com excesso, de maneira aproximada! Entenda que isso descontinua a leitura.
De qualquer forma, queria te parabenizar pela história. O enredo, até agora, foi o que mais me comoveu, o que já conta muuuitos pontos pro autor!!!
Abraços!
Olá. Tente dar mais crédito a nós leitores. Você não repetiu somente palavras, repetiu muita informação.
“Tudo parecia normal demais com as luzes acesas, até o cheiro do lugar mudara”
“O cheiro de sangue intoxicante desparecera por completo quando liguei a luz”
Vê? É a mesma informação. O leitor entendeu da primeira vez, não precisa repetir. E isso acontece pelo texto todo, parece ter uma preocupação exagerada em explicar as coisas. Escolha um jeito de falar, fale e passe pra próxima. Ficar remoendo, voltando, faz o narrador soar inarticulado. Nessa neura de explicar, você acabou tirando parte do impacto da revelação no final. A gente já sabe que era um espelho, você disse isso antes, quando fala do dono do hotel arrumar a gravata. É ruim descobrir algo antes do protagonista, exatamente porque uma hora ela vai ter que saber, e aí você vai ter que se repetir. Então, por exemplo, você podia ter parado a frase antes:
“Aliás, chegou até a parar em frente ao quadro e ajeitar sua gravata…”
Assim dá uma dica que depois de lido só é que o leitor entende.
Leitor é esperto, conte com ele assumindo coisas, descobrindo sozinho. Vai da experiência, com o tempo, achar essa linha entre dar demais e deixar o leitor perdido, mas pode se segurar com vontade, que a gente acompanha.
Achei o enredo com furos demais pra me empolgar, se estou sendo sincero. Tem muita coisa que não faz sentido. A pessoa morreu tem 2 anos, porque agora tudo isso acontece? As reações dela a todo o sangue e ao quadro são extremamente subestimadas. Ninguém seria tão blasé diante de um quarto coberto de sangue. Como ela conseguiu falar com o amigo? E tudo isso, é claro, é parte da ficção, mas a gente tende a perdoar absurdos quando o autor ganha credibilidade, nos conquista, mas a narrativa teve os entraves já mencionados e isso não aconteceu.
Longe de eu ter achado de todo ruim, é só que o foco é no que podemos melhorar. Digo isso porque foi mesmo o que me veio à cabeça, espero que te ajude te alguma forma. Abraços
Ótima esta dica do Caio!
“A gente já sabe que era um espelho, você disse isso antes, quando fala do dono do hotel arrumar a gravata. É ruim descobrir algo antes do protagonista, exatamente porque uma hora ela vai ter que saber, e aí você vai ter que se repetir. Então, por exemplo, você podia ter parado a frase antes:
‘Aliás, chegou até a parar em frente ao quadro e ajeitar sua gravata…’
Assim dá uma dica que depois de lido só é que o leitor entende.”
Vai deixar o final ainda mais impactante! 😉
Também achei a dica do Caio muito boa. Não pensei nisso quando li este conto, mas agora parece que faz todo o sentido. O Caio até deu a sugestão da frase a ser usada…rs. Aproveite, Red.
Essas dicas, sugestões e comentários são o que realmente importa nesses desafios.
Pareceu uma cena de Bram Stoke em Drácula – sangue, sangue e mais sangue! rs.
É uma boa historia, mas deveria ser melhor explorada, sem pressa.
Acho que o autor(a) está no caminho certo. Parabéns.
Acredito que o exagero sanguinolento do começo tenha sido proposital para chocar o leitor e o arrastar nesse rio de sangue sem chance de parar de nadar (no caso, ler). Não, quase não existem diálogos, mas a curiosidade mantém o leitor grudado em poças de sangue coagulado. Final bem bolado, com imagens trabalhadas para surpreender e fechar muito bem a narrativa. Gostei. Boa sorte!
Nossa! Adorei o final!
O conto foi super bem escrito, e, apesar de todo o sangue e carnificina, não ficou pesado. E, fugindo do lugar comum do fantasma que assombra, ela não queria fazer mal para ninguém.
Está de parabéns!
“O cheiro de sangue intoxicante desparecera por completo quando liguei a luz, como se absorvido pela luz. Como se fosse a escuridão que sangrava, então escondida pela luz.” -> Nesse trecho específico, você repetiu muitas vezes a palavra luz. Numa edição posterior, tente variar.
Texto com muitas repetições nos parágrafos iniciais. A palavra “sangue” se repete à exaustão. Seria bom modificar isso. Gostei da narração do meio para o final, mas penso que deveriam ser dados mais detalhes. O final está até bom da forma como está, mas me deixou intrigada com algumas coisas, por exemplo: por que aquele amigo conseguiu receber a mensagem da pessoa? Foi uma simples mensagem, mesmo? Ou foi o que a Victoria pensou ser, mas foi algo diferente, que se deu de outra forma? Acho que isso fez o final perder um pouco de força, pelo menos para mim, na minha leitura. Talvez desse até para esticar um pouquinho mais, aproveitando o “gancho” da revelação.
É… Confesso que tinha pensado em desistir de continuar a leitura lá pelo segundo parágrafo. Muito sangue, sangue, sangue, sangue, sangue… Demais. Depois, pensei: “Dá uma chance para a autora, vai… Ele deve estar ‘naqueles dias’… Dias de sangue…”
Ok. Continuei de má vontade e me forçando, pois o texto, muito exagerado no início (o conto já começa imerso nessa intensidade sanguínea!), fez com que eu me sentisse muito desconfortável com a leitura. Aí, então, vem a ligação telefônica e o primeiro diálogo da história e eu consigo me reaproximar da história e até sentir curiosidade sobre o que viria na sequência.
E então chega o fim. O melhor do conto. Não por ele ter acabado (embora já no segundo parágrafo fosse o meu maior desejo!), mas sim por ser o primeiro dos textos postados no presente Desafio que conseguiu verdadeiramente me surpreender com o final.
Não, não vou contar pra você que gosta de ler os comentários antes de ler os contos. (Hahá, te peguei!)
O fato é que este final conseguiu criar um “link” com o chatíssimo exagero sanguíneo do início e, assim, justificá-lo para mim.
Enfim, gostei da surpresa e da história (montada somente ao final da leitura!). A cena do “suposto quadro” se transformando em um espelho (na mente da personagem e na nossa, concomitante”mente”) foi muito legal e o “sangue” frio com que o cara meio que “dá a notícia” para a mulher na pior dentre todas as menstruações de sua vida, valem a leitura!
Parabéns e boa sorte!
🙂
Ricardo, rindo eternamente das suas comparações com o sangue! rsrs’
Passei aqui para perguntar se o “Não, não vou contar pra você que gosta de ler os comentários antes de ler os contos. (Hahá, te peguei!)” foi para mim, pois já disse isso aqui! Mas dessa vez não busquei nenhum Spoiler, apesar de amá-los e desejar obter eles a todo custo! rs’
Abraços!!
Rs! Não diretamente, Thata… Como vi que era o primeiro a deixar um comentário no conto em questão, decidi brincar com quem chegasse depois. 😉 Eu também, volta e meia, me pego diante da tentação de ler os comentários antes de ler o texto; principalmente nos mais extensos e com poucos comments.
Acho que é humano, parceirinha… Esquenta com isso não! 😛
Tô esperando o seu conto, hein! Rs!
Abrax!
. 🙂 .