EntreContos

Detox Literário.

A Caça (Letícia Cavalcante)

Você pode achar que eles não estão nem aí pra você. Mas está errado. Eles querem a sua carne, o seu sangue. Eles querem você.

Jéssica estava rindo com seus amigos na praça, comentavam sobre o dia na escola, falavam as besteiras de sempre. Abruptamente lhe veio um arrepio da cabeça aos pés, tão forte que lhe fez estremecer visivelmente. Seu humor mudou radicalmente e logo não estava mais concentrada na conversa, nem sequer sabia mais do que riam, estava olhando para todos os lados, tinha a nítida sensação de estar sendo observada. Outro arrepio lhe passou pelo corpo, colocou-se de pé no mesmo instante, despediu-se rapidamente de seus amigos e, antes mesmo que eles respondessem, saiu em disparada para casa.
Por um lado foi ótimo estar sozinha e em movimento, a fez sentir-se ativa. Era como se um peso tivesse saído de seus ombros. Por outro sentia em sua nuca uma queimação, como se estivesse sendo perseguida, observada… Caçada. Andou mais rápido e olhava para trás sempre que possível, observando até as sombras dos altos prédios pelos quais passava.
Chegou a casa e passou direto para o quarto, sem nem mesmo falar com sua mãe, que estava sentada no sofá assistindo TV. Trancou a porta. Jogou-se na cama, pôs o fone de ouvido, colocou sua playlist favorita para tocar, fechou os olhos e pensou em todas a aquelas sensações incômodas que deveria esquecer. Não conseguia tirar da pele aquela sensação horripilante de estar sendo analisada friamente.
Ela não via qualquer razão para um sequestrador de verdade querer-lhe, não era exatamente bela e com certeza não era nada rica também. Balançou a cabeça e se chamou de louca, afinal monstros, que eram sua segunda opção, não existiam. Depois de ler tantas histórias sobrenaturais estava começando a confundir realidade com ficção. Era isso. Pegou seu caderno, iria escrever. Sim. Pois aquilo sempre a deixava mais calma, tranquila, aquilo lhe aliviava. Tentou começar em uma de suas histórias, mas não conseguiu escrever nada. Toda a história estava em sua cabeça, mas não conseguia escrever nenhuma maldita palavra. Tentou com suas outras histórias. Nada. Maldito bloqueio. Então outro arrepio fez estremecer todo o seu corpo. Olhou cada centímetro do seu quarto. Nada. Não tinha absolutamente nada.
Levantou-se de um salto, tirou os fones e resolveu que iria tomar um banho. Um banho a deixaria calma e tiraria aquelas loucuras dela. Tirou a roupa e foi para o chuveiro. A água quente relaxou seus músculos e acalmou lhe os nervos, acabou rindo de sua paranoia. Fez questão de ficar embaixo d’água o máximo de tempo possível. Quando saiu penteou os cabelos e, em seguida, escovou os dentes, mas assim que acabou e pôs a escova no lugar sentiu que tudo ao seu redor girava. Pôs uma mão a pia e a outra ficou espalmada sobre o espelho. Então sentiu. E quando sentiu soube. Aterrorizada, puxou sua mão para longe do espelho. Alguma coisa por trás do vidro, mexeu sob sua pele. De alguma forma sabia que não podia machucá-la. Não ainda. Estremeceu. Mas agora sabia que estava lá.
Correu para a cama, ficou em posição fetal e se cobriu o máximo que pode com os edredons e lençóis. Estava com tanto medo que quase chorou, mas nem isso conseguia de tão petrificada que estava. Escutou um barulho e encolheu-se ainda mais, aguçou os ouvidos e nem mesmo ousou respirar. Eram batidas em sua porta, sua mãe lhe chamou para jantar. Mas Jéssica não conseguia falar nada, estava petrificada de medo e sabia que ninguém acreditaria nela, sabia disso por que, caso tivesse acontecido com outra pessoa ela não acreditaria.
Sua mãe entrou no quarto e ela fechou os olhos, fingiu que estava dormindo. Logo escutou sua mãe sair. Tentou dormir. Tentou desesperadamente dormir, mas não conseguia, simplesmente não podia fechar os olhos. Seu corpo estava rígido, pois ela se encontrava há muito tempo na mesma posição, mas não ousaria mexer-se, se pudesse teria parado também te respirar. Ainda sentia em sua mão o roçar dos gélidos membros que tinha entrado em contato através do espelho. Agora tinha certeza estava sendo observada. Continuou parada, por muito tempo, até que todo o cansaço a venceu. E finalmente ela dormiu.

Levantou-se de manhã no piloto automático, depois de ter dormido quase nada e quando o fez teve pesadelos terríveis, tinha ficado numa espécie de torpor, tomado um banho rápido, se vestido sem ver realmente o que vestia, sem fome ou sede.
Ia para a escola, mas em dado momento notou que seus pés tinham tomado um caminho próprio. Olhou o relógio no seu celular e viu que já estava mais que atrasada. Deu uma olhada em volta, estava em um dos bairros mais estranhos da cidade, tinha andado poucos vezes por aquelas bandas e estranhou muito ter ido parar justo ali.
Notou um prédio pequeno e azul marinho desbotado, de apenas cinco andares. Ao lado da entrada um painel anunciava a utilidade de cada andar. Chegou mais perto para ler. O primeiro andar era um escritório de advocacia, depois se seguia de um consultório odontológico, acima uma agencia de turismo, uma casa de empréstimos vinha em seguida e o quinto andar se encontrava vazio, o número do proprietário estava demarcado ao lado para possíveis interessados no lugar.
Sentiu o mesmo arrepio lhe passar pelo corpo, ficou paralisada e quis chorar, durante a noite tinha desejado intensamente estar livre desse pesadelo macabro. Vã esperança. Algo lhe agitou o estômago e agradeceu por não ter comido nada, caso contrário já teria vomitado. Assim que recuperou os movimentos correu para dentro do prédio. Estava razoavelmente quente lá dentro, e este calor começou a acalma-la. Não durou muito, visto que outro arrepio lhe estremeceu todos os músculos do corpo, notou que tremia de forma vergonhosa, um frio anormal para aquela época do ano tinha invadido o prédio.
E então ela escutou o som de algo grande se arrastando, um barulho terrível, que a fez sentir vontade de explodir a própria cabeça, percebeu que o som vinha da entrada, antes de ver de onde vinha o som correu a toda velocidade pela escada, o primeiro andar estava vazio, continuou correndo até o próximo lance de escadas, o som parecia estar atrás dela, em seu ouvido, tirando seu raciocínio, destruindo sua sanidade.
Correu a toda velocidade pelas escadas, escorregou no terceiro andar, rolou e ficou deitada um tempo sentindo a dor da queda, até notar o barulho lúgubre novamente. Ah, como queria ter morrido naquela queda. Levantou-se, percebeu que tinha a perna direita machucada, mas nem isso a impediu de voltar a correr. A cada andar se encontrava mais desesperada, tudo vazio, completamente vazio. Não havia ninguém para lhe ajudar.
Chegou ao quinto andar, não tinha mais para onde ir, olhou desesperada para todos os lados, a não ser por duas janelas, não tinha por onde sair. Ali estava quente e soube que por enquanto estava segura. Encolheu-se no extremo da sala, rezando. Quem diria que ela, que nem era tão religiosa, estaria rezando fervorosamente por sua vida. Rezava para que aquele pesadelo acabasse. Queria acordar e estar na sua cama, queria com todas as suas forças viver, queria… Então o som voltou e ela tapou os ouvidos com força enquanto gritava um som desesperado, agudo e completamente louco.
O frio lhe abateu gravemente, começou a tremer convulsivamente e chorar. Da escada, que ficava bem no meio do corredor viu, finalmente, o que tanto a perseguia. Gritou novamente de forma ainda mais histérica e sinistra que antes, quis arrancar seus olhos. O som que vinha daquele ser medonho e desumano não era natural, era… Demoníaco. A criatura soltou um grito ensurdecedor, Jéssica caiu tombou no chão tentando tapar os ouvidos, mas era em vão, pois o grito estava dentro de sua cabeça. Gritou até que se viu sem voz. Deus, como ela queria acordar agora.
Num último gesto de desespero, correu para a enorme janela de vidro que estava fechada próxima a ela e, pensando apenas em livrar-se daquele horror, jogou o corpo com toda a força que tinha, sem importar-se com o vidro e nem lembrar-se que estava no quinto andar.

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33 comentários em “A Caça (Letícia Cavalcante)

  1. Leandro B.
    16 de janeiro de 2014

    No que diz respeito ao suspense, acho que esse conto não deve nada a nenhum outro. Dentro dessa característica, acho que o texto está perto da perfeição, o que me agradou muito. (sou um amante do bom suspense, cada vez mais raro) A narrativa, também, é muito limpa e nos empurra para frente a cada parágrafo.

    Mas, como em outro texto, ele falha seriamente ao lançar uma assombração sem razão de ser. Não que você precise de uma razão muito específica, a falta de motivo pode ser um motivo (?), mas isso deve ser apontado no conto. A menina estava no lugar errado, na hora errada. Há espaço para se trabalhar com a casualidade, mas não para ignorá-la na história. Como acho isso fundamental, perdeu muitos pontos comigo.

    Ainda assim, gostei bastante.

    Bom conto.

  2. Edson Marcos
    15 de janeiro de 2014

    Quando ela viu o que a perseguia, pensei que eu veria também, mas não foi mostrado, o que frustou minhas expectativas. Mas como diz o título, há somente a caça, faltou detalhar o caçador e sua motivação. Há potencial na sua escrita, por isso, persista!
    Boa sorte.

  3. Raione
    11 de janeiro de 2014

    O conto começa com brusquidão, acho que por isso não me convenceram todos aqueles arrepios. Me parece que há um problema de ritmo, quero dizer, o conto transmitiria melhor essa atmosfera de caçada sobrenatural (que é o foco, já que se abre mão de especular sobre a criatura, de imaginar motivos, etc.) se fosse mais detido e detalhado, ou o contrário, se fosse radicalmente breve e direto. Mas a cena do banheiro é muito boa, é como se o conto só começasse de verdade ali, naquele momento de completa estranheza, como depois de duas frases rasgantes (“Então sentiu. E quando sentiu soube.”) o medo se instala quase como insanidade. Perto dessa cena sutil o que se segue é só ação frenética. Mesmo a influência do fantasma sobre a garota não é muito bem descrita, como quando ela se desvia do seu caminho habitual indo na direção da “armadilha” e é dito simplesmente que seus pés agiram por vontade própria.

  4. Pedro Luna Coelho Façanha
    10 de janeiro de 2014

    Bom, não gostei. Porque do meio pro fim, me deixou cansado. Mas o mote paranoico e ágil do início do conto me chamou a atenção. Talvez você pudesse fazer algo mais sufocante..

  5. Ryan Mso
    10 de janeiro de 2014

    Esperei bastante do conto por conta do início, mas deixou a desejar. Pode ser melhor trabalhado em outra ocasião. De qualquer maneira, parabenizo ao/a autor (a).

  6. Pedro Viana
    4 de janeiro de 2014

    Vamos por partes. Narrativa: ágil, com frases curtas, mas a falta de diálogos e o excesso de velocidade distanciaram o leior. Personagens: inicialmente, bem construídos, mas deixou muitas pontas soltas, como o porquê de estar sendo perseguida, onde estavam os amigos e familiares nessa hora, enfim. Trama: simples, tensa, porém pouco surpreendente. Como um todo, o conto deixou a desejar, mas com certas melhorias pode ficar muito bom.

  7. Paula Mello
    24 de dezembro de 2013

    A ideia inicial do conto foi muito boa,mas não me prendeu. Creio que poderia amarrar algumas pontas soltas,como por exemplo o porque do fantasma perseguir Jéssica.
    Mas fora isso o conto ficou muito bem estruturado e bem escrito.

    Boa Sorte!

  8. Gunther Schmidt de Miranda
    24 de dezembro de 2013

    Após ler uma série de observações sobre os comentários por mim postados neste concurso e suas respectivas respostas (infelizmente) concluí que fui tomado de certa pobreza de espírito. Em certos momentos nem fui técnico, muito menos humilde. Peço perdão a este escritor pelo comentário até maldoso por mim desferido. Sendo assim, apenas me resta ser breve: apenas não gostei. Mas seu esforço é louvável e tenho esperança em sua próxima obra.

  9. Weslley Reis
    23 de dezembro de 2013

    O conto tem uma boa trama, de fato. Mas ao meu ver falha na profundidade dos personagens e deixa muitos elos soltos. Tem tambem a questão de coisas como “um som terrível”, não gosto disso. Prefiro menos utilização de adjetivos e mais definições de sentidos. Me pareceu um trecho de história, uma boa trama a ser mais desenvolvida.

  10. Jefferson Lemos
    18 de dezembro de 2013

    Senti falta de alguma coisa… uma narrativa em primeira pessoa, uma explicação, mais linhas.. algo que desse mais consistência ao texto. O final previsível me desinteressou mais ainda. :/
    Acho que se o texto tivesse sido maior e com uma narrativa diferente, teria impactado muito mais.
    De qualquer forma, parabéns e boa sorte!

  11. susyramone
    17 de dezembro de 2013

    Gostei da narrativa rápida, o enredo poderia ter sido melhor desenvolvido, sem dúvida, e acho que se houvesse existido explicação a pelo menos um dos fenômenos, ficaria mais interessante. Imaginei a personagem com uma espécie de síndrome do pânico, ou o que o valha. Percebi nos comentários que o pessoal se amarra muito em querer explicações, o leitor em geral quer, sim, explicações para tudo, mas não podemos negar que o indizível também é atraente. Este recurso apenas não foi utilizado de maneira satisfatória.

  12. Frank
    17 de dezembro de 2013

    O começo do conto é muito bom e a ideia daquilo que acontece à personagem me deixou bem curioso. O ritmo também é frenético e me agradou. Infelizmente, não gostei dos aspectos soltos. A falta de explicação ao final do conto também não me agradou. Enfim, o mote é bom, mas eu desenvolveria mais de modo a explicar melhor quem era o tal caçador e suas motivações.

  13. Pétrya Bischoff
    16 de dezembro de 2013

    Gosto de frases curtas que pressupõem rapidez na leitura. É um texto bom de acompanhar, no entanto a estória não é tão interessante. Seria bom saber pq ela foi “escolhida”, enfim… Tem potencial, mas penso que no momento não esteja pronto para o desafio 😉

  14. Jowilton amaral da costa
    16 de dezembro de 2013

    Gostei do conto até o meio. Gosto de frases curtas, dá agilidade e tensão, e foi bem usado, dando um bom suspense. Do meio para o fim a narração se perdeu, muita repetição e fiquei curioso sobre o que era que perseguia a personagem, mas isso é coisa minha. Tá longe de ser um conto ruim, como longe de ser um dos meus favoritos aqui do sesafio. Abraços.,

  15. Gunther Schmidt de Miranda
    15 de dezembro de 2013

    Parágrafos longos… Ausência de diálogos… Final previsível… Com certeza entre os cinco… CINCO PIORES!

  16. Marcellus
    14 de dezembro de 2013

    A ideia do conto é boa: a paranóia que aos poucos vai revelando algo sobrenatural. Mas os parágrafos são enormes e há os furos no enredo já comentados (cidade meio vazia, achei eu).

    Entendi que a menina tinha que entrar no prédio, mas era preciso algo mais concreto, que viabilizasse essa escolha (ou que não deixasse escolha).

    O autor pode, com algum retrabalho, transformar o conto em um texto muito bom. Boa sorte!

  17. Elton Menezes
    13 de dezembro de 2013

    Sobre o título… Gostei. Acho que ficou muito bem colocado, porque delineia bem a caçada psicológica que acontece entre os personagens.
    Sobre a técnica… Acho que o conto ganharia MUITO mais força se tivesse sido escrito na primeira pessoa, pois assim entenderíamos melhor o que a garota passa. O narrador não é muito onisciente, não tanto quanto deveria, e algumas coisas padecem de explicação. Por exemplo, que arrepio sinistro é esse que faz a menina correr dos amigos sem mais nem menos? Não poderia ter sido o frio que a fez se cobrir com edredom? No mais, está bem escrito, com uma trama ágil, cheia de ação intercalada com psicológico.
    Sobre a história… Eu tenho o péssimo defeito de não gostar de histórias muito soltas. Essa história fica solta em vários momentos, e não temos explicações. Acho isso um tanto vazio, embora seja lá uma opinião muito pessoal. Também não me agrada quando o autor usa de ardil para que os acontecimentos ocorram, como por exemplo “os pés foram levados sem que ela soubesse como”. Acho mesmo forçado.
    Sobre o final… Que final? Temos um vilão sem explicação do que é (perdoável), sem explicação de seu motivo (imperdoável, já que a caça é o mote da história). Temos um suicídio que é explicável pelo psicológico, mas… Poxa! A garota não poderia apenas fugir dali? O que havia de tão errado na criatura que a prendia e a levou a tal ato? Perguntas e mais perguntas.

  18. Cácia Leal
    12 de dezembro de 2013

    Gostei do enredo, embora eu ache que merecia ser mais bem trabalhado a questão psicológica. É um conto extremamente psicológico, que mostra a profundeza da mente humana, suas confusões e desatinos. Achei bastante elaborado, mas mereceria um pouco mais de amadurecimento da escrita. Quem sabe, ler algum tempo depois e, talvez, arrumar possíveis pendências.

  19. vitorts
    11 de dezembro de 2013

    O conto padece de alguns vícios. Em especial, incomodou um pouco o eco gerado principalmente pelo uso próximo de advérbios de mesmo sufixo:

    “AbruptaMENTE lhe veio um arrepio da cabeça aos pés, tão forte que lhe fez estremecer visivelMENTE. Seu humor mudou radicalMENTE …”

    “O frio lhe abateu graveMENTE, começou a tremer convulsivaMENTE e chorar. Da escada, que ficava bem no meio do corredor viu, finalMENTE, o que tanto a perseguia. Gritou novaMENTE …”

    Como o Gustavo comentou, há muito de onírico no texto. Talvez pelo ritmo mais desprendido e frenético, ficou difícil ter empatia pela personagem e entender muito bem o que ocorria ao longo da história. Não consegui criar uma imagem mental da personagem, por exemplo.

    O mote é bacana. Dá para manter a perseguição e um tempo desenfreado com qualidade caso você pegue esse conto e dê uma esticada nele. Dê espaço para o bicho crescer que a coisa fica boa. 🙂

  20. Bia Machado
    11 de dezembro de 2013

    Podia ter desenvolvido melhor, não corrido tanto. No fim, não entendi: para quê tudo isso? Foi delírio? Por que a moça foi perseguida? Personagens pouco caracterizados, bem pouco mesmo, podia ter dado mais vida a eles, inserido diálogos, dar “voz” a eles… Enfim, o conto é um material a ser bastante trabalhado ainda…

  21. Gustavo Araujo
    11 de dezembro de 2013

    O conto tem muito de onírico – parece com a descrição de um pesadelo. Como tal, não pressupõe explicação alguma para os atos desmedidos da protagonista. Tudo acontece sem motivo aparente, ou melhor, tudo acontece por conta de um terror psicológico existente apenas na cabeça da personagem principal. O texto acerta na dose de tensão, mas as pontas ficaram soltas demais para o meu gosto.

  22. Inês Montenegro
    10 de dezembro de 2013

    Julgo que o maior problema deste conto é faltarem motivos para as acções da personagem. A súbita sensação de ter alguém a observá-la não é o suficiente para a levar ao terror psicológico em que ela se encontrava, pelo menos não tão rapidamente, e a entrada dela no prédio não convenceu. Também me pareceu que no início houve demasiada enrolação, com certeza com a intenção de detalher bem o terror da personagem, mas como, lá está, este não pareceu credível, também isto falhou.
    Em relação à escrita, é bastante boa, atenção apenas a algumas gralhas.

  23. Marcelo Porto
    10 de dezembro de 2013

    O conto não engrenou. Apesar dos elementos aterrorizantes não teve história, apenas um caso contado por alguém.

    O transe que levou a protagonista ao prédio não me convenceu, subir ao quinto andar dum prédio abandonado ? Por que não fugiu para a rua?!! Ficou forçado demais.

    Não consegui captar a relação entre o espelho do banheiro e o quinto andar do prédio abandonado. A cena do banheiro é a melhor da história e foi esquecida no dia seguinte quando ela toma um banho como se nada tivesse acontecido.

    Fui até o final esperando a revelação do que aconteceu no banheiro e parece que entrei num filme de terror americano para adolescentes, onde a mocinha (ou a morta da vez) corre justamente para onde não deveria.

  24. Caio
    10 de dezembro de 2013

    Olá. O texto podia ganhar com adição de novos elementos. Mais história de fundo, mais interação da personagem com outras pessoas, mais sobre o que a persegue, enfim, um pouco mais. Em nenhum momento achei ruim, mas foi como ouvir uma história pela metade. Tem aquelas cenas em começo de filme de terror, em que a gente vê alguém desconhecido morrer pelo monstro e depois o filme passa para a próxima vítima, e aí sim nos mostra personalidades e desenvolve o monstro. Seu texto me lembrou desse tipo de cena, a gente vê uma mulher sendo perseguida e morta, mas ainda não sabemos pelo quê ou porque isso é importante. A pressa é compreensível nesse contexto do desafio, mas é bom pensar num desenvolvimento maior em obras futuras. A experiência de leitura fica bem mais satisfatória e emocionante, e é a diferença entre alguém ler seu conto e esquecê-lo (porque foi só uma história) ou ficar pensando no que leu por horas depois (porque tinha nuances e personagens completos).

    Ainda assim, a habilidade está aí, tem muito que funciona no texto. Tomara que te faça sentido o que eu falei, e te ajude de alguma forma. Abraços

    • Elton Menezes
      13 de dezembro de 2013

      Adorei esse comentário 🙂 Descreveu bem a sensação que tive!

  25. Ricardo Gnecco Falco
    10 de dezembro de 2013

    Me pareceu um bom exercício de escrita, buscando trabalhar a tensão e causar certo interesse no leitor à respeito das explicações para tudo aquilo.
    Contudo, existem ainda muitas “folgas”… A parte do prédio de cinco andares, como ele aparece na narrativa e o modo com que o mesmo vai atraindo a menina perturbada precisam de um pouco mais de “força”. Há também um certo extrapolar (literalmente) de sensações. Quente e frio, angústia e bem estar… Estas coisas. Nem estou entrando na questão da revisão, onde muitos errinhos bobos passaram despercebidos e incomodam um pouco devido ao número excessivo, denotando uma certa falta de zelo para com a obra finalizada.
    No entanto, a imaginação da história foi bem legal e enalteço o/a autor/a pelo firme propósito de transformar em linhas escritas as linhas ouvidas em seu íntimo criativo. Este desejo/vontade/paixão por escrever é o que nos (enquanto autores) diferencia das demais pessoas que, sofrendo os mesmos lampejos criativos, optam por não transformá-los em palavras/linhas/textos.
    Então, parabéns! Você é um/a escritor/a!
    Continue escrevendo e lendo. Depois leia e escreva mais. Então, escreva e escreva e leia e escreva mais ainda! 🙂
    Gostei de sua criação e espero encontrar suas linhas mais vezes por aqui e em outros concursos/desafios de escrita.
    Forte abraço!
    😉

  26. amandaleonardi23
    9 de dezembro de 2013

    A narração é ótima, transmite uma adrenalina, gostei disso, consegue prender bem o leitor. Só achei que faltou qualquer explicação do enredo, ficou meio solto.

  27. Claudia Roberta Angst - C.R.Angst
    9 de dezembro de 2013

    Nada contra o final, embora um tanto dramático. Fantasma mau!
    É o segundo conto que leio e apresenta um “pode” no lugar de “pôde” (pretérito perfeito). Mas isso é o de menos.
    Sou curiosa, mas não me importei com o final sem explicações quanto ao fantasma. Esses espectros têm lá seus motivos, mas sempre os mantêm em segredo.
    Claro que senti falta de diálogo, mas eu não saberia como encaixá-los na narrativa.
    Fiquei com medo desse fantasma, mas apreciei a leitura. Boa sorte!

  28. selma
    9 de dezembro de 2013

    Fiquei empolgada, a historia é boa, mas faltou ligar os pontos. Por exemplo, porque da caçada, seria uma vitima aleatória, um acaso? Entendi o que a autora quis dizer, mas ela não disse.
    A aflição da personagem é autentica, fiquei até com dó…rs.
    Talvez tenha sido melhor mesmo não saber o que estava atrás dela.
    Parabéns!

  29. bellatrizfernandes
    9 de dezembro de 2013

    Gostei do conto, no geral.
    A personagem me inspirou compaixão – ela fez quase tudo o que eu faria na situação dela – e me fez querer saber o final da história.
    Achei que você usa muito das vírgulas, deixa as frases muito longas. O ponto final é seu amigo, não se esqueça. Tinha vezes que parecia que você tinha escrito tudo em um fôlego só.
    Gostei do final, de ela se jogar da janela. Mas mais uma vez, todo mundo está focando nos clichês, no medo, no demoníaco e focando menos nos motivos que os espíritos tem para tal. Quer dizer, eles já foram como nós, certo?
    Acho que é isso.
    =D

  30. alanadasfadas
    9 de dezembro de 2013

    O final é bem interessante, embora previsível! Mas senti falta de algo mais consistente quanto à trama de fantasma. Ficou algo diabólico, mas faltou aquela beleza fantasmagórica, aquela pintura bonita, tocante! Doido isso?

    Gostei também da narrativa em terceira pessoa!

    Parabéns!!!

  31. Thata Pereira
    9 de dezembro de 2013

    “Eles querem a sua carne, o seu sangue.” — isso me marcou de uma forma tão sinistra, que adorei.

    Apesar de ser narrado em terceira pessoa, senti uma aflição tão boa ao lê-lo! Meio que contradizendo o que acabei de dizer em outro conto: passamos uma emoção maior ao narrar em primeira pessoa. Isso me chamou a atenção e gostei bastante.

    Fiquei um pouco decepcionada com o final, quando percebi que era aberto e que não descobriria o motivo do (fantasma?) estar perseguindo Jéssica. Com a intenção do final aberto, ficaria mais interessante se o autor(a) tivesse descrito melhor a criatura. Só para tirar esse sentimento de vazio, sobre o que ela seria…

    Vez ou outra há repetições de palavras muito próximas e quando li me deram certo desconforto.

    O final é previsível, mas não me incomodou. Gostei 😉 ♫ ela se jogou da janela do quinato andar, nada é fácil de entender…

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Publicado às 9 de dezembro de 2013 por em Fantasmas e marcado .
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