EntreContos

Detox Literário.

O Pequeno Theo (Fabiano Dexter, Renato Silva e Gustavo Araujo)

Mas a nossa história começa, na verdade, uma semana antes de Theo finalmente se sentar no velho píer para assistir ao pôr do sol.

Era seu primeiro dia de férias quando saiu de Vila Velha com seus pais e sua Irmã, de carro, para visitar a sua avó que morava no sul do estado do Espírito Santo. Suas lembranças sobre este primeiro momento são poucas, tendo em vista que nem mesmo o pijama tirou enquanto era encaminhado pelos seus pais para o carro. Sentou-se, encostou o travesseiro que trazia debaixo do braço na porta assim que ela se fechou e dormiu até ser despertado pela fome. Sua mãe, preparada, nem esperou que ele reclamasse antes de lhe entregar um pote com três pequenos baguetes com presunto e queijo. Sua Irmã, ao seu lado, apenas olhava para ele e sorria. Essa era uma viagem que faziam sempre, na primeira semana das férias de julho. E embora começasse como as outras, não iria terminar assim.

A estrada que seguia para o Sul não era das melhores, com muitas curvas e pouca segurança, mas a viagem transcorreu sem maiores problemas. Cerca de uma hora depois do segundo despertar de Theo, finalmente saíram da estrada principal e seguiram por uma estrada de terra, onde após poucos minutos pararam para que o Pai descesse do casso e abrisse uma porteira para passarem. Entravam assim na Fazenda em que Vovó trabalhara a vida toda, onde Mamãe havia nascido e crescido. Seus olhos sempre se enchiam de lágrimas pelas lembranças da infância nesse momento da viagem e ela sempre fazia questão de fechar ela mesma a porteira após a passagem do carro. Faltavam ainda cerca de vinte minutos para chegarem ao destino.

As crianças sempre adoram esse momento da viagem.  Embora mais lenta, ela é cheia de sacolejos e a cada solavanco mais forte elas soltavam pequenos gritinhos, animados. Os pés de café passam a dominar completamente a paisagem e sempre que passavam por um ponto mais alto conseguiam, ao longe, ver o grande rio que passava próximo à casa da Vovó. Se houvesse alguém no rio nesse momento veria apenas uma grande nuvem de poeira se locomovendo em meio ao cafezal, aguardando o vento para se dissipar.

Após a última curva já era possível ver a casinha da Vovó ao longe. Era uma casa pequena, com um telhado de telhas vermelhas e cujas paredes já foram verdes um dia, mas hoje mais se aproximam de um tom azul-água. As janelas de madeira se encontravam todas abertas, assim como a porta que ficava acima de dois pequenos degraus, mantendo toda a casa cerca de meio metro acima do terreno. Galinhas passeavam pela área em frente à casa e uma senhora com um vestido surrado, de tecido já fino, aguardava de pé, com os cabelos já brancos presos em um coque acima da cabeça. Os óculos estavam pendurados em uma armação que se destacava em seu rosto fino e um sorriso sincero estava estampado em seu rosto, mostrando os poucos dentes que lhe restavam. A única parte do seu corpo que se movia era a cabeça, acompanhando o carro até estacionar sob uma pequena cobertura que Vovó chamava de garagem. Em seguida o seu sorriso se alargou ainda mais ao ver os netos saindo do carro e correndo em sua direção com os braços abertos enquanto Mamãe gritava ao fundo “Cuidado com a Vovó!”.

Após os abraços e beijos molhados, entraram na pequena casa, que nada devia a qualquer casa de fazenda. O piso vermelho contrastava com as paredes claras, ainda que não completamente brancas, e pelas diversas mantas coloridas, de retalhos, espalhadas pela casa. Havia mantas na mesa, sofá, televisão, camas… Em todo lugar em que coubesse uma mantinha, lá estava ela.

O primeiro quarto, com duas camas, um armário e um pequeno criado mudo era das crianças. Ao lado, em um quarto um pouco maior, dormia Vovó. Em frente, com uma cama de casal, um pequeno armário e uma estante de livros ficavam os Pais, ao lado do único banheiro da casa. Ao fundo ficava a sala de televisão e jantar e a cozinha. Saindo por uma segunda porta na cozinha se chegava aos fundos da casa, coberta, com uma grande mesa de madeira e um fogão a lenha. E era desse fogão que saia um cheiro simplesmente maravilhoso, capaz de fazer o mais fervoroso ateu acreditar em deus, pois era impossível aquilo vir de uma ação terrena.

O restante do dia passou sem grandes novidades, com as crianças explorando a região no entorno da casa da Vovó enquanto os mais velhos conversavam e faziam as tarefas domésticas que sempre ficam a cargo deles, ações que não pertencem ao universo das crianças e por isso mesmo não são por elas percebidas.

Ao final da tarde, todos estavam sentados mais uma vez na mesa de madeira do lado de fora da casa, próxima ao fogão de lenha. Comiam um bolo de milho que, por si só, seria motivo para canonizar Vovó enquanto tomavam um suco de limão, as crianças, e um café que havia sido torrado e moído naquela mesma tarde. O sol se punha lentamente quando a velha senhora, olhando para o horizonte, diz:

– Lembrem-se todos, explorem à vontade a fazenda, mas NUNCA parem no velho píer para assistir ao pôr do sol…

– Por que, vovó? – perguntou a Irmã.

– Porque a Firmina vem e leva as crianças desobedientes para o fundo da lagoa – disse a Vovó, com os seus pequenos olhos claros esbugalhados.

A Irmã ficou assustada. O Pai e a Mãe apenas riram

– Alguém viu o Theo? – perguntou a Mãe.

– Deixe o moleque brincar! – exclamou o Pai.

– Ele tem sete anos, temos que ficar de olho.

– Com estada idade, eu atravessava Vila Velha para chegar na escola.

A Mãe não respondeu. Voltou aos seus afazeres.

Passada a sonolência da viagem, os abraços da Vovó, o delicioso almoço e o café da tarde, Theo resolveu sair para brincar. Ele gostava de explorar a propriedade sozinho. Da última vez que visitou a Vovó, ele era um pouco menor e não lembrava de ter ido muito longe. Agora, um pouco mais velho, sentia-se mais confiante para ir além dos limites da propriedade. Atravessou as cercas, invadindo as terras do vizinho. O menino correu pelo gramado, enchendo as suas roupas com fiapos e mato. Ele desceu a colina em direção à lagoa. Diferente da porção que banhava a propriedade da Vovó, esta tinha uma construção em madeira que permitia estar mais próximo da água. O pequeno Theo tomou algumas pedrinhas e subiu no píer para jogá-las na água.

O menino se divertia vendo as pedrinhas saltitando na superfície da água, e o movimento de alguns peixes que subiam curiosos. O sol refletia na água em raios cada vez mais oblíquos e o menino pareceu esquecer do tempo naquele local.

Sentado na ponta do píer, Theo observava a beleza do pôr do sol, enquanto balançava as perninhas no ar. O frio daquele fim de tarde parecia não incomodar o menino, não o suficiente para tirá-lo de lá. Ele havia deixado seu par de chinelos alinhado em um canto da construção, tomando cuidado para deixar cair na água. Sua mãe ficaria furiosa.

– Oi, menino. Como você se chama?

Theo quase caiu na água ao ser surpreendido com aquela voz doce e infantil. Ao se virar, viu uma menina que teria a sua idade, tez morena e cabelos longos e cacheados. Ela usava um longo vestido azul e estava descalça.

O menino se levantou e disse seu nome:

– Theo.

– Oi. Me chamo Firmina – sorriu.

Theo retribuiu o sorriso.

– Onde você mora?

– Vila Velha… – disse Theo, um pouco lento. Continuou. – Mas estou na casa da minha vó, ali do outro lado da cerca – disse, apontando para leste do píer.

– Eu moro ali – disse a encantadora menina, apontando para o fundo da lagoa.

Theo olhou para a lagoa, tentando enxergar o fundo. O reflexo do sol poente ofuscou seus olhos.

Firmina, com sua mão diminuta, segurou a de Theo.

– Vem comigo. Vou te levar para conhecer a minha casa.

O garoto não ofereceu resistência e pulou na lagoa com a garotinha, ambos desaparecendo na água.

– Theo! Theo! Cadê você, moleque? – gritava o pai.

– Theo, fala com a mamãe!

O casal estava procurando o menino há um tempo e seguindo os possíveis lugares por onde poderia estar escondido.

– Deve estar no píer? – disse a Mãe.

– Você acha que ele está lá?

–É, não custa nada. – E saiu apressada.

– Ei, espera! Se ele estiver lá jogando pedrinhas na água, está tudo bem.

– Você não ouviu a minh mãe?

– Ah! Você acredita nas lorotas da “vovó”? – riu o marido. – A sua mãe sempre foi muito supersticiosa e colocou na sua cabeça e dos seus irmãos um monte de lorotas! – debochou o Pai.

A Mãe não disse nada e continuou seguindo e chamando pelo filho: – Theo!

Ao iniciarem a descida pela colina, o que os colocariam de frente para píer, Theo havia pulado na água. Por pouco os pais teriam visto a cena. Só acharam o par de chinelos do garoto e chamaram mais vezes. Desta vez, o Pai ficou bastante apreensivo, para não dizer desesperado.

Retornaram para a casa da Vovó. O Pai resolveu chamar a polícia, procurando um lugar mais alto onde o sinal de celular funcionasse.

– Não liga para a polícia por enquanto – disse a Vovó.

– Quanto mais rápido chamar a polícia, maiores são as chances de encontrarmos Theo são e salvo – respondeu o Pai, bastante aflito.

– Filha, sabe que a Firmina pegou ele, né?

– Ah, mãe, para com essas coisas. Agora, não. – suplicou sua filha, a mãe de Theo.

– A senhora fala daquela menina que morreu afogada na lagoa quando sua mãe era pequena? – perguntou o genro.

– Sim. Firmina era filha de um sitiante vizinho do meu avô. Um dia esse vizinho viu algo que deixou ele doido, aí ele matou a mulher dele e depois ele correu atrás de um homem lá na cidade. E os dois se mataram numa briga de faca. E a Firmina viu a mãe morta na cama, saiu correndo. Dizem que ela correu pelo píer, mas se desequilibrou e caiu na água. Nunca acharam o corpo, só pedaços do vestido e mechas do seu cabelo. Ela era uma menininha linda e todos gostavam dela.

A irmã de Theo fingia estar vendo TV na sala, enquanto os pais e a Vovó conversam na cozinha, com a porta fechada para a menina não ouvir.

– Vocês fiquem aqui. Vou buscar meu neto e ele vai voltar bem pra casa – disse a Vovó com uma voz bastante confiante e segurando firmemente um antigo rosário na mão esquerda. Ela enrolou um véu sobre os cabelos, em parte por causa da friagem da noite ali na roça.

– Não vou deixar a senhora ir sozinha! – disse o genro, se levantando num pulo.

– Ele é meu filho! Não posso esperar aqui sem fazer nada! – também exclamou a Mãe.

– Vá cuidar da sua filha, que eu trarei o Theozinho – respondeu a Vovó.

– Você fica protegendo a sua família aqui e liga pra polícia se eu não voltar até as galinha cantar – falou para o genro, antes de sair.

A Irmã não ouviu a conversa da Vovó e seus pais, mas ela sabia o que estava acontecendo. E sabia que seu irmão gêmeo AINDA estava bem, caso a Vovó chegasse a tempo.

Vovó saiu em passos curto e rápidos. Estava vestida e calçada como se estivesse indo à missa. Teria uma missão muito importante a seguir. Não seria a primeira vez que se encontraria com Firmina. Ela tinha a mesma idade que Theo naquela tarde lá no píer…

Alheio a isso, Theo via-se envolto pelas águas. Havia um brilho diferente na superfície. Gotas se desprendiam do manto líquido como se fossem pequenos diamantes se evaporando. À sua frente, Firmina ria gostoso, um riso inocente, feliz. Theo riu com ela. A curiosidade lhe roubara o medo. Não se importava com a escuridão que se seguira ao pôr do sol. Havia as estrelas agora. E havia ela.

― Vamos mergulhar? ― perguntou a menina, a tez morena banhada pelo luar.

― Claro! ― respondeu ele. Naquela situação, sentia-se capaz até de voar.

No seio do rio, deixou-se abraçar pela leve correnteza que se insinuava rumo à escuridão profunda. Sob as águas, percebeu que seu corpo emitia um brilho esverdeado, assim como o de Firmina. O mais incrível é que conseguia respirar ali, assim como ela. Ambos mexiam-se como curimbatás, nadando um atrás do outro, rindo, como só as crianças são capazes de fazer. Podia ficar ali para sempre.

Súbito, veio à superfície. Estranhamente, o sol brilhava, embora já próximo do poente. Da linha d’água, notou o píer a alguns a pouca distância. Seus chinelos estavam ali, do exato modo como os havia deixado. Era como se tivesse voltado alguns minutos no tempo. Olhou para trás, em busca de Firmina, mas ela desaparecera.

― Theo!

Reconheceu a voz do pai.

― Theo, filho… Onde você está?

Viu quando a mãe chegou ao píer.

― Eu tô aqui, mãe! A Firmina tá aqui também. Ela é muito legal, eu…

― Theo, responde, por favor!

― Aqui, mãe!

Logo o pai se juntou à mulher. Da ponta do píer, ambos estendiam os olhos pelas águas, incapazes, porém, de notar a presença do menino.

― Eu tô aqui! Vocês não me enxergam?

― Nem enxergam, nem escutam ― disse Firmina, aproximando-se dele e piscando um olho. ― Não enquanto a gente estiver brincando.

No píer, a mãe recolheu os chinelinhos e aninhou-os junto ao peito, como se fosse um par de escudos. O homem a abraçou, ainda mirando as águas enquanto o sol finalmente desaparecia por trás do horizonte. Ele sussurrou alguma coisa no ouvido dela e em seguida tomaram a direção da casa.

Theo e Firmina se entreolharam.

― Podemos mergulhar mais um pouco? ― perguntou o menino. ― Mas só um tantinho mais, porque daqui a pouco eu preciso voltar.

Firmina riu em afirmação. Mas dessa vez, o sorriso dela era um pouquinho diferente.

Indiferente, Theo deixou-se afundar. Ainda estava encantado com o brilho que emitia sob a linha d’água. Firmina se aproximou dele e ambos deram as mãos. Um cardume agulhinhas surgiu como uma nuvem e eles os perseguiram, tentando furar a formação. Eram muito rápidas as agulhinhas, todavia, e aquele esforço todo o deixou o menino tonto. Ainda assim repetiram as tentativas vezes mais. E mais. E mais. Tudo era magia. Impossível deixar de brincar daquela forma. De repente, Firmina era tudo o que ele tinha no mundo.

Foi quando algo em sua memória aflorou assim, sem querer. Uma voz. Um rosto. Subindo à superfície, olhou instintivamente para o píer e notou que ali havia uma mulher velha. Ao lado dela, uma menina loura como ele próprio. Quem eram aquelas pessoas que lhe pareciam tão familiares?

― Firmina! ― disse a mulher do alto do píer. ― Eu sei que você está aí. Onde está o meu neto?

Theo mergulhou de volta, procurando por Firmina. Tinha se assustado com aquelas pessoas.

No píer, Vovó olhou para a irmã de Theo e disse a ela para voltar para a casa.

― Seus pais vão ficar preocupados, Carolina. Não tenho tempo para explicar.

― Vovó, eu conheço a história, eu sei…

― Não, minha neta. Você não sabe. Só digo que se você quiser ver seu irmão vivo novamente, é melhor voltar para junto dos seus pais.

― Mas eu…

― Obedeça.

Carolina pôs-se em marcha. A escuridão era quebrada pelo luar já alto, de modo que conseguia enxergar as trilhas no entorno do rio sem problemas. Aquilo tudo era injusto demais. Vovó nem quis escutá-la. Logo ela… Sabia, sim, o que estava acontecendo. Tintim por tintim… Sabia que Theo estava com Firmina, sabia que ele estava mergulhando, divertindo-se com a menina, maravilhado com a vida sob as águas, com o próprio brilho, com os peixes, com as correntes profundas que os conduziam por entre um mundo fantasticamente irresistível.

Sabia, mais do que isso, que Theo estava em perigo e que assim que sua mente fosse completamente enfeitiçada por aquele deslumbramento todo, impedindo o acesso a memórias de sua vida como criança, não haveria como trazê-lo de volta.

Contornando a margem, Carolina entrou no rio, invisível aos olhos da avó, cuja voz insistente desaparecia à distância. Precisava salvar o irmão.

A água a envolveu num abraço frio. Sem o encanto de Firmina, a temperatura beirava o insuportável. Num segundo, lembrou-se de quando ela própria fora sequestrada pelo encanto da menina e como, num átimo, salvara-se porque o feitiço só haveria de funcionar com meninos – algo que, então, Firmina desconhecia.

― Theo! ― sussurrou. ― Sou eu, Theo, sua irmã!

Ao longe, um coaxar de sapos surgiu como única resposta.

― Sei que consegue me ouvir! Por favor, escute o que eu tenho a dizer…

Agora eram os grilos que cricrilavam na direção do céu estrelado.

― Theo, eu sei que a Firmina é incrível, que ela parece legal… Mas não… Ela quer te levar embora, para longe do papai e da mamãe. Você precisa resistir!

Apesar da escuridão opressiva, Carolina continuou ali, a água batendo gelada em seu peito.

― Lembre de quem você é, Theo! Lembre quem eu sou… De onde você vem. Da mamãe, da Vovó…

Ele estava ali. Carolina sabia que estava, ainda que não pudesse vê-lo. Theo a observava, um misto de curiosidade e inquietude. Tinha vontade de permanecer ali, de ouvir o que aquela menina tinha a dizer, mas ao mesmo tempo Firmina o chamava para outro mergulho, prometendo a ele que seriam amigos para sempre.

Foi nesse instante em que a Avó surgiu, dizendo:

― Estou vendo você, Firmina.

― Vovó? ― assustou-se Carolina.

― Deixe que eu assumo daqui. Essa história minha com a Firmina é bem mais antiga do que você pensa.

― Theo, escute a Vovó!

― Quanto tempo já faz, Firmina? Setenta anos? Oitenta? E você ainda quer se vingar de mim, da minha família? Não é culpa minha se a sua mãe se apaixonou pelo meu avô… Que um homem inocente tenha morrido e que o seu pai, o seu pai, Firmina, tenha enlouquecido a ponto de acabar com tudo e com todos… Pobrezinha de você…

As palavras da Avó eram pesadas como um nevoeiro, mas ela parecia saber muito bem o que estava a dizer.

― Eu entendo, Firmina, o porquê disso tudo, mas você não precisa descontar sua raiva em quem não tem culpa de nada. Você é um espírito que precisa de paz, que precisa entrar em harmonia com você mesma. Com essas estrelas, com essas águas. Você sabe disso. Só que não é arrastando uma criança inocente para a escuridão que você habita que você vai conseguir chegar nesse ponto.

Um brilho esverdeado tomou forma ao lado de Carolina e da Avó.

― O mundo precisa de equilíbrio, Cecília ― disse Firmina, chamando a Avó de Theo e Carolina pelo primeiro nome. ― Só com a morte de alguém de vocês, nestas mesmas águas em que eu pereci, vai me permitir o descanso.

― Você tentou comigo há mais de meio século. Depois tentou com a minha neta… Não deu certo… Vai passar a eternidade tentando?

― Se for preciso, vou.

― Pois então me leve. Se esse é o preço da paz, estou disposta a pagá-lo. Leve-me, Firmina. Não vou oferecer resistência.

― Vovó, não… ― disse Carolina.

― É preciso acabar com isso, querida. Eu já vivi muito.

― Mas…

Um brilho ainda mais intenso tomou conta daquela margem do rio, a ponto de cegar Carolina. Quando recuperou a visão, percebeu que a Avó havia desaparecido, assim como Firmina.

― Theo!

Alguém gritava ali próximo.

― Ele está aqui!

Era a voz do pai, com um tom de alívio, quase embargada.

Fachos de lanternas riscavam a escuridão.

― Carolina! ― gritou a mãe, assim que a viu na beira das águas.

Abraçaram-se os quatro diante dos bombeiros e dos homens da polícia, enquanto mergulhadores se preparavam para procurar a Vovó. Jamais a encontrariam.

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22 comentários em “O Pequeno Theo (Fabiano Dexter, Renato Silva e Gustavo Araujo)

  1. Fabio D'Oliveira
    30 de setembro de 2024
    Avatar de Fabio D'Oliveira

    Buenas!

    Dessa vez farei uma avaliação mais pessoal, apontando o impacto do conto em mim.

    Gostei do conto. De certa forma, ele é simples. Trama, narrativa, conclusão. Mas é na simplicidade que vive o sucesso da vida. Adorei a forma criativa com que cada autor explorou a premissa. Teve coesão e algo novo em cada parte. Adicionando esse comentário depois do desafio, pergunto-me como ele ficou tão mal posicionado. Eu realmente gostei dele.

    Achei o texto bem escrito, em linhas gerais e a história capturou minha atenção desde o início.

  2. Sílvio Vinhal
    21 de setembro de 2024
    Avatar de Sílvio Vinhal

    Há coesão entre o segundo e o primeiro autor, o texto escrito pelo terceiro autor é um pouco diferente, perceptível, mas não chega a prejudicar a continuidade.
    Chama a atenção o uso do “Mas” iniciando frases, alguns probleminhas de pontuação, principalmente na falta do emprego de vírgulas. Em alguns momentos, a repetição excessiva de termos, como o “já”.
    Chamou a atenção a palavra “deus” escrita em caixa baixa, quando os nomes de Pai, Mãe e Vovó, são omitidos, mas a designação é escrita em caixa alta, como se fossem nomes próprios.
    A estranheza fica por conta do “tom” religioso descrito ao longo do conto. Se o autor é agnóstico ou quis manifestar algo, escrevendo a palavra “deus” em caixa baixa — isso se perdeu no meio do caminho.
    É perceptível, também, frases mal elaboradas, com falhas, ou truncadas e alguns erros de concordância, embora não seja nada que tenha comprometido o fluir da história.
    O conto funciona, como entretenimento, embora não seja um dos meus favoritos no desafio. A descrição das aventuras de Theo com Firmina são lúdicas, por um momento leva o conto para um lado menos adulto. 
    Logo depois, a “explicação” de Cecília sobre o acontecido, amarra a história — para o bem ou para o mal, porém, acaba sendo um “choque de realidade”, pois se trata de uma história pesada.
    Em determinado momento, é dito que Carolina e Theo são gêmeos, porém, durante todo o conto a impressão que tive é que Carolina era uma irmã mais velha.
    A avó nunca foi encontrada (acho que li isso em outro conto. Haveria algum lugar onde as avós possam ser encontradas depois que entram nas águas?)
    Parabéns pela participação no desafio. Desejo sorte!

  3. Victor Viegas
    21 de setembro de 2024
    Avatar de Victor Viegas

    Olá, Frankensteiners!

    ✨ Destaque: “E sabia que seu irmão gêmeo AINDA estava bem, caso a Vovó chegasse a tempo.”

    📚 Resumo: Theo, um moleque levado da breca, vai visitar a avó, que fala para não ir ao píer durante o por do sol por causa do espírito zombeteiro, também conhecido como Firmina. O moleque, em vez de arrumar sarna pra se coçar, vai para o píer e dá de cara com a entidade, mais louca pra puxar o pé do menino que monstro debaixo da cama. A irmã gêmea tenta salvar, mas a vovozita se coloca em sacrifício para resgatar o menino. No final, a vó de Theo literalmente foi comer o pão que Firmina amassou e foi dar uma volta por outras bandas.

    🗣️ Comentário: Embora o conto esteja bem escrito, sinto que o primeiro autor demorou muito para colocar a ambientação. Foram parágrafos detalhando a viagem e a visita. A escrita em si não foi o problema, tanto que se o conto tivesse mais palavras, o desenvolvimento não seria tão comprometido com tamanha descrição. Uma coisa que me incomodou na leitura foi a participação da irmã gêmea, uma que a função dela poderia ser facilmente substituída por outro personagem e outra que ela parece adivinhar tudo o que está acontecendo, o que deixa a narrativa um tanto conveniente. Eu sei que são gêmeos, mas “A Irmã não ouviu a conversa da Vovó e seus pais, mas ela sabia o que estava acontecendo. E sabia que seu irmão gêmeo AINDA estava bem, caso a Vovó chegasse a tempo” e “Logo ela… Sabia, sim, o que estava acontecendo. Tintim por tintim… Sabia que Theo estava com Firmina, sabia que ele estava mergulhando, divertindo-se com a menina, maravilhado com a vida sob as águas” transmite um poder um tanto paranormal. Talvez seja preciso investigar essa irmã.

    💬Considerações finais: De uma forma muito estranha, este conto me lembrou do filme O Sexto Sentido, principalmente a frase “Eu vejo gente morta… todo o tempo” e coloca aí junto uma mistura de Cuca “cuidado com a Cuca que a Cuca te pega, e pega daqui, e pega de lá” Parabéns pelo Frankenstein! Boa sorte!

  4. Leo Jardim
    17 de setembro de 2024
    Avatar de Leo Jardim

    🗒 Resumo: uma visita à casa da vó numa fazenda do interior. O menino Theo acaba capturado no píer por Firmina, um espírito que habita o rio. Descobre-se que ela já tentou pegar a vó e a irmã gêmea de Theo. No fim, a vó se entrega para que o neto sobreviva. 

    📜 Trama (⭐⭐▫▫▫): é bem simples e sem grandes solavancos. Ao contrário da estrada de entrada da fazenda, esse conto segue um caminho bem reto, sem curvas e buracos. Desde o início já imaginei que Theo seria capturado e que alguém se sacrificaria pelo seu retorno. De positivo, o início é bem sinestésico, com boas descrições do ambiente e das sensações com gosto de infância.

    Além tem essa inconsistência que me incomodou enquanto lia:

    ▪ salvara-se porque o feitiço só haveria de funcionar com meninos – algo que, então, Firmina desconhecia (achei um pouquinho forçado, mas beleza…)

    ▪ Você tentou comigo há mais de meio século (viu? Carolina não foi a primeira menina que ela tentou)

    ▪ percebeu que a Avó havia desaparecido, assim como Firmina. (E no fim, levou a vovó, que é uma menina rs)

    📝 Técnica (⭐⭐▫▫▫): tem como ponto positivo o que já disse acima, mas apesar disso, encontrei muito errinhos que são bobos, mas foram se acumulando. Melhora ao longo do conto e com a troca de autorias.

    ▪ *Mas* Theo não estava sozinho. (…) *Mas* a nossa história começa (duas adversativas em sequência parece um cavalo de pau nas ideias)

    ▪ descesse do *casso* (carro?)

    ▪ Os pés de café *passam* a dominar completamente a paisagem (…) As crianças sempre *adoram* esse momento da viagem. (…) Embora mais lenta, ela *é* cheia de sacolejos (e outros trechos…) (seria bom manter o tempo verbal do conto: passavam / adoravam / eram)

    ▪ tomando cuidado para * deixar cair na água (não)

    ▪ Senti falta de uma divisão entre as cenas, os famosos ***

    ▪ Você não ouviu a *minh* mãe?

    ▪ – A senhora fala daquela menina que morreu afogada na lagoa quando sua mãe era pequena? – perguntou o genro (exemplo de diálogo não natural; ele tinha dito no almoço)

    ▪ notou o píer *a alguns* a pouca distância 

    🧵 Coesão (⭐⭐): não percebi as passagens de autoria, exceto pelo sumiço dos erros. Achei um bom trabalho nesse quesito.

    💡 Criatividade (⭐▫▫): então, achei bastante clichê a premissa do espírito do lago sequestrando crianças. Não teve nada de novo no desenvolvimento e conclusão também.

    🎭 Impacto (⭐⭐▫▫▫): ficou bem claro até então que não curti muito o conto. A premissa era até interessante, o desenvolvimento não foi ruim, nem o fim, mas faltou um pouco de sal, de “tompero”, como diria o famoso chef francês. Não é um conto ruim, tem um gostinho de casa da vó, mas não se destaca além disso.

  5. rubem cabral
    17 de setembro de 2024
    Avatar de rubem cabral
    • Enredo. Razoável, achei um pouco raso. O pequeno Theo vai à fazenda de sua avó junto com sua família. Lá vai ao pier ver o por do sol e encontra com Firmina, uma menina que morrera afogada e que supostamente afogava quem ela encontrasse por ali. Alertada pelo sumiço do neto, vovó e a irmã gêmea de Theo vão em seu encalço, conseguindo vovó, ao se sacrificar num acordo com Firmina, recuperar Theo.
    • Escrita. Não gostei muito do narrador, ele segue um estilo no início que lembra narradores de contos de fadas, estilo que depois se perde. Há algumas falhas de concordância na parte que julgo que tenha sido escrita pelo 2o autor. Fora isso, a escrita não é inspirada e tal, mas entrega a história a contento. Acho que houve muito “tell” e pouco “show”, senti-me, como leitor, conduzido pela história, o que não achei muito agradável.
    • Personagens. Achei os personagens pouco desenvolvidos, infelizmente.
    • Coesão. Boa. Fora os pequenos erros de escrita da 2a parte (?), não senti muita flutuação nas escritas dos autores. Não gostei muito, porém, de terem nomeado Vovó e a Irmã. Pareciam arquétipos de início, e achei que os demais autores deveriam ter mantido o estilo.
  6. Pedro Paulo
    16 de setembro de 2024
    Avatar de Pedro Paulo

    COMENTÁRIO: Premissa, seu desenvolvimento e seu desfecho são entregues com bastante coesão, consolidada no enredo e no estilo. Mantém sua coerência nos eventos representados e também dá a impressão de ter sido escrito por uma única pessoa. Entretanto, há um aspecto negativo no estilo e um desfavorecimento ao restante do conto que atribuo à primeira autoria. Em primeiro lugar, introduzir a leitura com Théo no píer ao entardecer para logo em seguida nos informar por meio de Vovó Cecília o grande perigo disso foi uma escolha óbvia demais para armar o conflito do texto, além de ser um dos diálogos mais artificiais do conto, em que a senhora foi completamente apropriada como ferramenta narrativa da autoria. Essa escolha ofuscou parte do impacto da conclusão, deixando a história previsível. Em segundo lugar, a primeira autoria tem a responsabilidade de estabelecer personagens e cenários, mas perdeu a mão com um excesso descritivo que pode ser tomado como um estilo autoral, mas que não contribui muito para o texto, tanto é que foi o que mais percebi de diferente nas autorias subsequentes, que abandonaram a insistência descritiva. Assim sendo, é um texto com um começo algo arrastado, mas ainda comedido em seus estabelecimentos, e uma continuidade e conclusão acertadas, mas de impacto atenuado por entregarem exatamente o que se esperava.

  7. vlaferrari
    16 de setembro de 2024
    Avatar de vlaferrari

    Sinceramente, um garoto de sete anos ficar andando sozinho na roça, com lagoa por perto … É pra dar merda mesmo! Um pouco de clichê, até. Como bem destacaram alguns, ficou meio irreversível descambar para o terror com a primeira parte da estória. Jason Voorhess que o diga. Há repetições e outros erros de falta de revisão, mas como não estou no desafio, vou me concentrar na estória. As descrições deveriam, na minha opinião, englobar mais os personagens e menos o ambiente, para fugir um pouco do clichê.

    Apesar do tema pelo qual a criação enveredou, os autores/autoras se deram bem e a estória pareceu vir de uma fonte só. O interessante que eu “colhi” é a relação de vingança de Firmina, ainda que Vovó tenha afirmado que tudo foi um grande engano da parte dela e tenha se rendido pelo bem de Théo e, num sentido mais altruísta, pelo bem da própria Firmina (ainda bem, né? Chega de sequências de terror, que ficam ainda piores que o primeiro filme).

  8. Luis Guilherme Banzi Florido
    15 de setembro de 2024
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Olá, autores! Tudo bem? Primeiramente, parabéns pela participação num desafio tão dificil e maluco quanto esse!

    Início: o início do conto é bastante descritivo, talvez um pouco demais para mim, pra ser sincero. Em alguns momentos funciona muito bem, como ao descrever o carro na estrada de terra, mas em outros parece que passa do ponto, como na descrição da casa. Eu não estava muito interessado em saber a distribuição exata dos cômodos, e fiquei com a impressão de que aquilo não contribuiria em nada pra história, o que pode ser um problema num espaço de apenas 1500 palaras. Mas é claro que isso não torna o início ruim. A construção das bases do enredo é bem feita, e a introdução da maldição funciona, ainda que a avó gritando pra não ver o pôr do sol no pier me soa um pouco forçada. Se ela sabia da maldição, seria mais prudente garantir que as crianças estariam por perto na hora do pôr do sol, certo? De todo modo, o início traz uma mitologia interessante, vamos ver o que os demais autores vão fazer com ela. Ah, achei muito interessante o uso da letra maiúscula nos membros da família.

    Meio: o meio do conto não destoa muito do início, apesar de ser possível perceber a mudança de autor, especialmente pois aqui, o uso tão bem empregado da letra maiúscula nos membros da família começa a se perder um pouco. Ainda assim, o segundo autor faz um bom trabalho em desenvolver o mistério e apresentar Theo e os leitores ao mundo de Firmina.

    Fim: a parte três segue na mesma toada, e consegue utilizar bem os recursos anteriormente empregados. Porém, senti que muitos elementos foram adicionados meio às pressas aqui, como o histórico do avô da avó, o desejo de vingança de Firmina, etc. Por exemplo, como a irmã sabia que ela só conseguiu fugir pois Firmina só consegue encantar meninos? Me parece uma conclusão inteligente demais para uma criança tão nova. O que quero dizer é que a mitologia, que era mais simples, começa a ganhar novos elementos muito rapidamente, e tudo desemboca na captura da avó, que me deixou com um gosto amargo na boca. Senti que o conto como um todo não pedia um final trágico assim, não sei. Enfim, não chega a ser ruim a parte final, mas achei que não entrega tudo que o conto propunha até então.

    Coesão entre os autores: o primeiro autor vai ao pier ver o pôr do sol. O segundo autor fica lá, sentadinho esperando o sol se por. O autor 3 é Firmina: a menina se preparar pra laçar Theo, mas na hora H tropeça, era a mira e captura Vovó. Em outras palavras: o autor 1 criou um mistério em torno de Firmina, o autor dois mais conduziu a história e apresentou os elementos do mundo de Firmina, sem, no entanto, dar nenhuma guinada significativa no enredo, e o autor 3, apesar de fazer um bom trabalho, não me parece ter utilizado com perfeição os elementos propostos anteriormente, e agiliza o final com novos elementos, culminando num desfecho que me pareceu agridoce.

    Nota final: bom.

  9. Jorge Santos
    15 de setembro de 2024
    Avatar de Jorge Santos

    Olá, trio.

    Gostei bastante deste conto. Tem fluidez e coerência, uma história que prende desde o primeiro momento e que tem uma reviravolta no final (reviravolta essa que era previsível, mas mesmo assim cumpre o objetivo). Não é o primeiro texto em que não consigo separar as partes, mas creio ser aquele cuja articulação foi mais bem conseguida. Alguém que não saiba da mecânica diabólica deste desafio e poderá ficar a pensar que é obra de um único autor. Em termos de linguagem encontrei alguns pormenores irrelevantes (à exceção do “descer do casso”, em vez de carro). Parabéns.

  10. claudiaangst
    13 de setembro de 2024
    Avatar de claudiaangst

    Meus cumprimentos e vamos ao que interessa.

    Neste desafio, usarei o sistema ◊ TÁ FEITO ◊ para avaliação de cada conto.

    ◊ Título = O PEQUENO THEO – Uma história singela sobre um menino?

    ◊ Amálgama = Não percebi de imediato a troca de autoria. Seguiram o mesmo tom do início da narrativa.

    ◊ Fim = Os fins justificam os meios? Talvez… E a ordem dos fatores altera o produto? Permita-me começar pelo fim, observando o impacto causado na leitura.

    O sacrifício da Vovó para salvar Theo me fez lembrar do filme O Inferno de Dante. Achei um tanto dramática essa escolha para o desfecho do conto, mas funcionou para causar impacto. No entanto, acredito que o final ficaria melhor sem tanta explicação, mantendo o tom de mistério e intensificando o terror. Também não se retomou o momento descrito no primeiro parágrafo do conto.

    ◊ Entremeio = Desenvolve-se o grande conflito do conto com o desaparecimento de Theo. A narrativa focou-se na ação, deixando de lado as descrições anteriormente feitas.

    ◊ Início = Apresenta Theo sentado no píer refletindo sobre acontecimentos ocorridos no período de uma semana. O narrador diz que o menino não está sozinho. Há um mistério aí que não foi devidamente aproveitado pelos(as) autores(as) seguintes. Era o espírito da avó? Ou Firmina?

    ◊ Técnica e revisão = A linguagem empregada é simples, clara, com preocupação de caracterizar os personagens e o ambiente na primeira parte. O recurso dos diálogos pontuados ao longo do conto serviu para agilizar a leitura.

    Falhas no quesito revisão:

    – […] pai descesse do casso > […] pai descesse do carro

    – beijos molhados > sei que quis associar molhados às lágrimas, mas ficou péssimo isso, hein.

    – Por que, vovó? > Por quê, vovó?

    – Com estada idade > Com esta idade

    – a minh mãe > a minha mãe

    […] AINDA estava bem, caso a Vovó chegasse a tempo. > […] AINDA estaria bem, caso a Vovó chegasse

    – […] o píer a alguns a pouca distância > […] o píer a alguns metros a pouca distância

    – cardume agulhinhas > cardume de agulhinhas

    – criado mudo > há quem condene o emprego da expressão, pois contém teor racista. Poderia trocar por mesinha de cabeceira.

    – fundo da lagoa > mas não era um rio?

    – repetição muito próxima de palavras como: mas/mas, já/já/já, rosto/rosto, além da repetição do nome Theo, muitas vezes, mais para o final do conto.

    ◊ O que ficou = Algumas pontas soltas, desencontro de propostas, mas a sensação de que a história macabra foi finalizada. Firmina está satisfeita agora. Será?

    Parabéns pela participação e boa sorte!

  11. Fabio Baptista
    10 de setembro de 2024
    Avatar de Fabio Baptista

    X Sensação após a leitura: Santa mãe do céu…

    X Citações pro bem e pro mal:

    x apesar do / Mas / Mas
    Logo no começo temos essas 3 quebras de raciocínio. O “mas” é um ótimo recurso narrativo, mas (olha ele aí) deve ser usado com moderação. Colocar muitos em seguida quebra o ritmo da leitura e perde a força. Esse “apesar do”, aliás, não fez muito sentido, porque não há muita relação do céu limpo com o frio. Enfim…

    x casso

    x abraços e beijos molhados
    não foi a escolha mais feliz de adjetivo

    x Com estada idade
    x ouviu a minh mãe

    x Filha, cê sabe que a Firmina pegou ele, né?
    A serenidade no olhar de quem sabe que o neto foi pro saco!

    x Vá cuidar da sua filha, que eu trarei o Theozinho – respondeu a Vovó
    Putz, isso me lembrou muito a vó do Boça do Hermes e Renato

    x AINDA estava bem, caso a Vovó chegasse a tempo
    estaria

    x notou o píer a alguns a pouca distância.

    x Um cardume agulhinhas
    de?

    x amigos para sempre
    Esse é dos bons! Dizem…

    X Conclusões:

    Tem tantos furos nessa história que acho que nem vale a pena enumerar.
    Mas eu diria que o furo “imperdoável”, que me chamou a atenção desde a primeira leitura da primeira parte, é: como diabos essa vovó deixa os netos correrem esse risco? Talvez os pais não acreditassem, a Firmina inexplicavelmente pulou a mãe do Theo, mas a vovó, ah, essa vovó sabia que era verdade! A irmã sabia! Deus do céu!

    Talvez não tenha sido a intenção do primeiro autor que a coisa fosse para o lado do terror, mas com aquele gancho ali ficou difícil. Depois do início pacato, com muitas repetições de palavras que me incomodaram, surge a lenda da Firmina. TALVEZ houvesse a chance de conduzir para um lado mais de lenda que a vovó contava para assustar, acho que teria sido uma opção melhor, ir para uma aventura infanto juvenil em vez do terror. Mas o segundo autor foi pro terror (e acho que todo mundo iria) e a partir daí foi um tal de correr atrás do rabo para remendar a história, dar motivações para os personagens e tapar os buracos. Porém, senti que, para cada resposta, mais duas apareciam. O(a) terceiro(a) autor(a) é disparadamente mais habilidoso(a) com as palavras, mas acaba sofrendo do mesmo mal em relação à trama, porque ali os furos já tinham virado uma bola de neve. Tudo é melhor descrito nessa terceira parte, mas a real é que nem Tchekhov em seu dia mais inspirado daria jeito nessa história. A cereja foi o efeito “caralho, matei a vovó” que o pequeno Theo daqui a uma semana viria a pensar.

    Fun fact: Na primeira leitura não havia me dado conta, por ter lido os contos aleatoriamente, mas, agora lendo na sequência, fiquei de cara com o fato de que esse final provavelmente combinaria muito melhor com o conto anterior, com a vovó (coincidentemente com o mesmo nome) se afogando para salvar o neto!

    MÉDIO

  12. Fernando Cyrino
    10 de setembro de 2024
    Avatar de Fernando Cyrino

    Olá, pessoal, cá estou eu às voltas com o píer amaldiçoado do sul do Espírito Santo. Puxa, a história começou legal, vocês são muito bons contadores de história. Mostram bem as crianças dormindo no carro, comendo ao sentirem fome, passando pelo canavial e chegando à casa da vovó. Mas que vovó foi essa que vocês arrumaram!? Trata-se de uma família tremendamente disfuncional. Era impossível a mãe não saber da história terrível havida da Firmina havida no lugar. Como não, se ela foi criada com a sua mãe (a avó). E sendo sabedora da maldição da menina afogada e desaparecida, ela teria que ter protegido o pobre do Theo. Gente, aquele píer precisa ser destruído rápido. E nem quero falar da avó que fez o alerta, mas alerta é pouco, até porque o pobre do Theo já tinha saído para o passeio fatal. Era necessário maior assertividade da parte dela (e da mãe). Aliás, são dois os píeres a serem derrubados: na fazenda da vovó. Li duas vezes o conto e fiquei com a impressão que se trata de uma e na fazenda vizinha, aquele píer que permite se ir até mais perto da água e que parece foi de onde Firmina levou o garotinho. Mas mesmo após a releitura fiquei confuso, porque me pareceu que as buscas eram feitas a partir do píer da propriedade familiar. Bem, vocês escrevem muito legal. São bem criativos, o conto tem uns pequenos defeitos que uma boa revisão pode dar conta deles, mas é uma história legal, mas que, pra mim, teve esses problemas que sinto sejam causados mais pela minha ranzinzice de leitor chato do que mesmo do que a história traz. Fiquem com o meu abraço e meus votos de sucesso no desafio.  

  13. Fabiano Dexter
    9 de setembro de 2024
    Avatar de Fabiano Dexter

    Gostei bastante do Conto. Temos uma história que começa de forma bem simples e, aos poucos, vai se tornando cada vez mais complexa e agitada, ainda que tenha se seguido uma linha clássica de Espíritos Malignos em Busca de Vingança. (Tipo aquele filme “Cabin in the Woods”, não lembro o título em português)
    Por exemplo, dentro do que temos no desafio, fica bem claro os pontos onde ocorrem as trocas dos autores, já que cada um deles imprime um ritmo diferente à narrativa, além de incluir (ou alterar) fatores na história, como a transformação do rio em lago feita pelo segundo autor (e que voltou a ser rio no terceiro)
    O primeiro autor deu um ritmo mais lento à história e o prazo de uma semana para os demais autores desenvolverem. Se por um lado deu total abertura para o desenvolvimento do que havia levado Theo ao Pier, ele o colocou lá, ao final da história. Isso certamente dificultou um pouco o trabalho. Mas embora tenha sido dada toda a semana para o desenvolvimento a história se passa toda muito rapidamente, com Theo indo ao Pier, sendo sequestrado por Firmina, a avó aparecendo para resgatar, a irmã aparecendo também… E por fim o sacrifício da avó para acalmar Firmina. O segundo autor pegou a história para si não apenas no desenvolvimento, mas também no estilo, não sobrando muito o que o terceiro pudesse fazer a não ser seguir e concluir a história, o que fez dentro do que havia recebido.
    E ao termos um Conto mais dentro do padrão, não apareceu nenhum elemento que diferenciasse ou tornasse o conto único, que o fizesse se destacar dentro dos demais. Certamente que com uma comunicação aberta entre os autores teríamos um resultado muito melhor.

  14. Gustavo Araujo
    9 de setembro de 2024
    Avatar de Gustavo Araujo

    O início do conto se aferra a uma forte nostalgia. Da saída de Vila Velha até a chegada à fazenda da Vovó, passando por estradas esburacadas, porteiras e plantações de café, tudo rescende a infância. Imagino que o autor tenha vivido isso de perto e teve habilidade suficiente para passar para o papel todo o sentimento gerado. É tudo muito autêntico, verdadeiro: a casinha, as mantas, as colchas de retalhos, a comida maravilhosa da avó… Enfim, parece um depoimento pessoal. Muito bacana. Só achei meio estranho a sede de uma fazenda de café ser uma casa tão simples e que tudo fosse gerido por uma senhora tão frágil… Mas, tudo bem, licença poética aplicada. Fato é que esse primeiro autor lança o gancho para o seguinte no momento em que vovó renova um alerta: que ninguém vá ao píer para assistir ao por do sol.

    Entra o segundo autor, com uma prosa mais direta e seca, abandonando o tom nostálgico e apostando em algo mais próximo do terror. Cria a personagem Firmina, uma garota com um passado tenebroso e que arrasta crianças incautas para o fundo do lago (que no início havia sido mencionado como rio). Bem, fato é que Firmina arrasta Theo para o desconhecido – algo que parece ser do conhecimento da avó, que sai ao resgate do menino. A irmã, aparentemente, tem ideia do que está acontecendo. Apenas os pais estão vendidos na trama.

    É noite e Theo está na água com Firmina, de acordo com o terceiro autor. O lago volta a ser rio e o sobrenatural toma de vez a atmosfera do conto. Theo vai perdendo a memória aos poucos, encantado que está por Firmina. A Avó tenta contato com a garota-fantasma, mas é a irmã de Theo (que aqui sabemos chamar-se Carolina) quem sabe realmente o que está rolando, já que ela mesma tinha sido abduzida no passado. A avó surge, as explicações vêm à tona: Firmina quer vingança e, no fim, a avó de Theo se oferece em sacrifício para que tudo fique em paz.

    No geral, não achei o conto muito coeso. O clima de nostalgia do início simplesmente se desfaz com os dois autores seguintes. Mas, sinceramente, não sei se esse clima resistiria por muito tempo mesmo, especialmente depois que o primeiro autor lançou a base do sobrenatural, ao alertar que o píer era perigoso.

    O segundo autor deu vazão a isso, criando uma história de fundo para um fantasma, cabendo ao terceiro amarrar as pontas. Acho que sobraram explicações aí e a magia do conto acabou se perdendo. No fim, é um trabalho que entretém, mas que se torna esquecível depois de cinco minutos.

    De todo modo, parabenizo os autores pela proposta e desejo boa sorte no desafio.

  15. JP Felix da Costa
    5 de setembro de 2024
    Avatar de JP Felix da Costa

    Este conto não me fascinou. Tem uma estrutura tipo montanha russa.

    Começo: A lenta subida. Vai-se apreciando a paisagem. A ação é lenta, descritiva e imersiva. Não é que esteja mal, ates pelo contrário, mas parece-me um ritmo demasiado lendo que os autores seguintes não iriam ter palavras suficientes para manter. De todo o texto tiram-se poucas coisas. Theo começa no pier e depois a história recua uma semana. A avó diz para não ir ao pier ao por do sol, num tom ligeiro.

    Aí chegamos à curva e começa a descida: O segundo autor acelera a ação e introduz uma maldição, mas toda a gente continua em tom ligeiro. A semana de Theo esfuma-se e, algures entre o segundo e o terceiro autor, a curva acentua e passamos a ter uma maldição estilo filme japonês, mas sempre em tom ligeiro.

    A minha conclusão é que o/a primeiro/a autor/a pretendeu criar ambientação para a história e lançar um mistério com a combinação do “Mas Theo não estava sozinho.” com o “Lembrem-se todos, explorem à vontade a fazenda, mas NUNCA parem no velho píer para assistir ao pôr do sol” com uma semana entre os dois momentos que, possivelmente, seria a segunda parte. Mas o autor seguinte ignorou as pontas deixadas pelo primeiro e atacou logo na ação. O terceiro subiu a fasquia da maldição, e partiu para a ação. Resultado, o comportamento dos personagens não bate certo de umas partes para as outras e a história torna-se inverosímil, mesmo com a suspensão da descrença. A semana que já não é semana, a irmã que nada sabe mas depois sabe tudo e já foi vitima…

    No final, uma história que, no conjunto, não convence, e dois autores que não estudaram a fundo o texto anterior para lhe dar continuidade com coerência.

  16. Priscila Pereira
    5 de setembro de 2024
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, autores! Tudo bem com vocês?

    Começo: O personagem principal e o mistério são apresentados, mas o que mais chama a atenção é a descrição do ambiente, muito boa mesmo, dá quase para ver a fazenda, a casa, os móveis, a avó. Gostei bastante desse estilo.

    Meio: Desenvolveu o mistério de forma competente, mas não muito original. E não conseguiu manter as descrições, focando mais nas ações.

    Final: Ficou meio apressado, e tenho a impressão de que a irmã não precisava aparecer na história, não só agora pelo menos. E a morte da avó tirou toda a caracterização de história infantil. Estava sendo uma história infantil legal e até pensei em ler para a minha filha, mas esse final me fez desistir 😅

    Coesão: Os autores não conseguiram manter o estilo descritivo e nostálgico do primeiro, infelizmente, da pra notar as trocas de autores. E do segundo em diante a qualidade da revisão também caiu, mas nada grave.

    Visão geral: Eu gostei do conto, principalmente do começo, e gostaria que continuasse como uma ótima história infantil, sem precisar de reviravoltas ou da morte da avó. Sei que as vezes achamos que pra una história ser boa precisa de um grande impacto no final, mas as vezes só uma boa história de família, bem nostálgica, feliz e inocente já é suficiente.

    Parabéns aos autores!

    Boa sorte no desafio!

    Até mais!

  17. Leandro B.
    5 de setembro de 2024
    Avatar de leandrobarreiros

    *Todo e qualquer crítica refletem mais um ponto subjetivo meu do que qualquer outra coisa. Outro leitor pode achar o oposto.

    Achei uma história competente quando analisada as partes em separado, com uma qualidade ainda maior no início.

    Como obra conjunta, contudo, acredito que o conto deixe um pouco a desejar. Tematicamente parece que a proposta original, ou talvez o estilo inicial, foi sendo deixado de lado. Não houve exatamente uma subversão, mas uma mudança de proposta, imo.

    Por partes, gostei muito do começo do conto. O autor impôs um estilo bastante interessante, criando conexão entre protagonista e leitor, devido aos recursos de construção utilizados. Eu nunca visitei minha avó no campo, mas lendo a primeira parte senti que era, na verdade, uma memória minha, o que é bastante impressionante.

    O primeiro autor ainda tenta pontuar algumas diretrizes para a história, deixando-as abertas o suficiente para oferecer liberdade aos próximos colegas. Dentre as diretrizes, sabemos que Théo passará por uma espécie de experiência transformadora e que há uma misteriosa figura com ele.

    A parte da figura estranha, devo dizer, foi a mais estranha para mim na primeira parte. Tenho a impressão de que ela estava lá na primeira versão do conto, mas quando o autor começou a cortar palavras devido ao limite, esqueceu a frase lá, ou esqueceu de modificá-la.

    As coisas se transformam um pouco na segunda parte. Grande parte dessa sensação de identificação com a história vai sendo deixada de lado para se trabalhar o plot, o que, eu acho, é justo. Noto, contudo, que o estilo não foi completamente abandonado, tentando o autor manter certa coerência. Temos a introdução da situação problema e a promessa de um mistério sobre o que aconteceu no lago e com Théo.

    A terceira parte, finalmente, parece romper de forma mais definitiva com o estilo inicial para responder tudo o que aconteceu e criar um desfecho para a história, tentando, de certa maneiro, colocar Théo na posição original da história. O resultado final aqui é… um pouco embaçado, já que a sensação original que tive foi muito mais de uma história sobre crescimento do que um reflexão tipo “caralho, matei a vovó”. O autor tentou incluir melhor a irmã na história original, o que achei uma tentativa válida, mas tudo ficou meio… rápido e exagerado. Especialmente os pensamentos da menina que parece deveras desenvolvidos para alguém com sete anos. Eu sei que dizem que meninas amadurecem mais rápido, mas ali ficou meio exagerado.

    Então essa é minha impressão geral. Embora os autores sejam competentes, o todo não se funde tão bem com as partes.

  18. Thales Soares
    2 de setembro de 2024
    Avatar de Thales Soares

    Este conto é interessante, mas um pouco acoxambrado. O primeiro autor dificultou muito as coisas para a continuação, pois ele imprimiu um estilo de escrita bastante autoral e muito difícil de ser emulado. Sua riqueza em detalhes durante as descrições até tentou ser seguida pelos seus sucessores, mas eles falharam em pegar um elemento crucial desenvolvido com maestria pelo autor original… que é essa questão do gosto da nostalgia! Ao lermos o início desta obra, sentimos um quentinho no coração, como se estivéssemos sendo abraçados, com boas memórias permeando nossa mente. Isso se perde, e desaparece completamente assim que o segundo autor inicia sua parte. O terceiro autor, por sua vez, mescla-se de forma perfeito com o segundo. Desta forma, para mim, ficou parecendo que a história foi escrita por 2 pessoas.

    Outra grande diferença que prejudica um tantinho a coesão do conto, é que se lermos o primeiro parágrafo e o último, logo em seguida, perceberemos uma diferença gritante no seguinte aspecto: o primeiro autor tenta fazer algo bastante pé no chão, com forte apego à realidade, citando inclusive diversas referências reais. O segundo e o terceiro autor já seguem por uma linha mais mágica, como se estivéssemos assistindo a um sonho. Não que isso seja totalmente problemático… pois o primeiro autor dá indícios de que a história seguirá por um caminho um pouco mais sobrenatural. No entanto, acho que a transição da realidade para a magia foi feita de forma muito abrupta, e eu, como leitor, fiquei perdidinho quando do nada começou a acontecer um monte de magia e coisas doidas que, até então, pareciam que ocorreriam apenas nas entrelinhas, ou de forma um pouco mais discreta.

    O estilo de narração do primeiro autor é mais lento, sendo algo mais contemplativo. Os dois autores seguintes focaram mais na ação, com diversas coisas acontecendo, uma atrás da outra. Começamos a história mostrando Theo e sua família indo fazer uma viagem que eles faziam todo ano. Aqui, então, surge o primeiro problema de roteiro… que é o fato de que, somente este ano específico, a avó decide avisar sobre Firmina. E nos anos anteriores, a véia tinha se esquecido dessa grande problema? Na verdade….. esse ponto da história ficou um pouco mal encaixado pelo seguinte motivo: percebi que o autor 1 encerrou a parte dele neste trecho:

    “– Lembrem-se todos, explorem à vontade a fazenda, mas NUNCA parem no velho píer para assistir ao pôr do sol…”

    Na fala seguinte, é o autor 2 que assume. O que me faz imaginar que… o autor 1 desejava criar um suspense com essa questão do pier. Talvez, um mistério crescente, que fosse revelado somente lá para o ato final. Mas então o autor 2 surge e já faz sua revelação na lata, logo na fala seguinte, dizendo “Ah, é a Firmina!”. Porém… o autor 2, além de matar o suspense da história, faz essa afirmação como se fosse algo despretensioso… só que na realidade, o autor 3 mostra que a Firmina é um espírito maldito que está tentando assassinar a família de Theo já há várias gerações, e tanto a avó quanto a irmã sabem disso. E como diabos eles comentaram sobre algo tão perigoso assim, de forma como se não fosse nada demais? Isso me deixou realmente indignado, porque mostrou que os personagens aparentemente são tapados! Esse fantasma vingativo está lá no pier, nada foi feito para se resolver a situação ao longo dos quase 80 anos em que ele existe, nunca ninguém comentou sobre ele, e mesmo assim deixam as crianças andarem livremente por todo o local, correndo o altíssimo risco de serem abordados por essa entidade maligna. Isso tudo, para mim, vai muito além da suspensão de descrença. O que me parece é que o autor 3 exagerou no nível de perigo, fazendo algo incompatível com aquilo apresentado pelos autores 1 e 2.

    Então acontece um monte de loucuras na sequência. Firmina aparece, sequestra Theo (ela o seduz, como uma sereia, para ele pular no lago). Aí a avó assume o protagonismo da história e diz que vai resolver tudo. Ela vira uma super avó, do nada. Mas então surge a irmã e disputa com a véia para ser a salvadora de Theo. Aí fica uma parte um tanto bagunçada, para mim, com as duas tentando salvar o Theo, mas sem necessariamente trabalhar em equipe… como se uma estivesse competindo com a outra. Então é contado para o leitor toda essa história maluca sobre a origem de Firmina, e o motivo de ela se transformar em um espírito vingativo. Aí a véia diz “Você tá aqui há muitos anos tentando matar alguém, e nunca conseguiu. Tentou comigo, tentou com a Carolina, e tentou com o Theo. Nunca vai dar certo”, aí o espírito diz “Mas eu não vou desistir”, e, do nada, a velha fala “Ah é? Pois então tá bom. Eu desisto. Me leva aí, você venceu”. Com isso, a véia morre, chega a polícia e os bombeiros, Theo é salvo, e a história termina.

    Ok…… mas e quanto ao primeiro parágrafo? Me parece que o último não se encaixa com o primeiro. Theo, quando mostrado pelo autor 1, está sentado de forma despretensiosa, apenas pensando nas coisas, uma semana depois de todo o ocorrido. Não parece que sua avó morreu por sua culpa, por ele ter sido teimoso. Na verdade, isso, para mim, nem se encaixa!

    No geral, apesar de todos os problemas, não foi uma história ruim… foi algo divertidinho, porém, não marcante. Boa sorte aos autores.

  19. Kelly Hatanaka
    2 de setembro de 2024
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Olá, caros colegas entrecontistas!
    Primeiramente, parabéns pela participação corajosa e desapegada.
    Vou avaliar e comentar de acordo com meu gosto, não tem muito jeito, afinal não tenho conhecimento nem competência para avaliar de forma mais “técnica”. Ou seja, vou avaliar como leitora mesmo. Primeiro, cada parte separadamente, valendo 1 ponto cada. Depois, a integridade do resultado, valendo 3 e, por último, o impacto da leitura, valendo 4.
    Começo
    A história começa com Theo sentado no píer, mas é dito que começa uma semana antes, quando eles chegaram na casa da avó. É uma viagem que fazem todo ano. Esta parte está bem explicada, bem descrita. Alguns estranhamentos: Irmã, Pai e Mãe com letra maiúscula e um narrador onisciente prometendo mistérios: “(…) Mas Theo não estava sozinho(…)”,  “(…) E embora começasse como as outras, não iria terminar assim.(…)”
    Meio
    Theo encontra Firmina e pula na água. OS adultos se desesperam e a avó vai atrás dele.
    Fim
    A história de Firmina é contada. A mãe dela se apaixonou pelo avô da avó (é, ficou estranho) e na confusão daquele dia, Firmina morreu no lago. A avó se oferece para ir com Firminha no lugar de Theo e encerrar a maldição.
    Coesão
    Os autores 2 e 3 mandaram muito bem em emular o estilo do autor 1. Mantiveram o mesmo jeitão, inclusive o negócio de escrever irmã, pai e mãe com maiúsculas. Mas a narrativa tem lá seus furos. Só não sei se estes furos estão na conta da mudança de autor.
    Impacto
    É uma boa história, com bastante potencial, mas que sofreu com algumas incoerências, que
    talvez não tenham ocorrido por conta da troca de autor. Talvez tenha faltado uma revisão mais atenta, não sei.  O fato é que algumas coisas ficaram estranhas.
    . No começo é dito que a história começou uma semana antes do momento em que Theo estava sentado no píer apreciando o pôr do sol. Mas a família dá pela falta do menino no final da tarde do primeiro dia.
    . Lá pelas tantas, vovó avisa para não irem ao píer para evitar Firmina e todos ficam espantados. Mas, esta não era uma viagem que faziam todos os anos? Vovó nunca avisou antes sobre o píer?
    . E se o píer era tão perigoso, por que ele continuava lá?
    . Firmina atacou a avó, Carolina e Theo. Por que ela pulou a mãe do Theo?

  20. André Lima dos Santos
    27 de agosto de 2024
    Avatar de André Lima dos Santos

    O conto possui muitos problemas de revisão que incomodaram a leitura.

    Há diálogos expositivos demais e alguma incongruências (quem chegou primeiro ao pier? Rio ou lago?).

    Há certas tomadas de decisões e facilitações narrativas que também incomodam (Se algo tão sério que se repetia havia 70 anos estava presente, a negligência da avó com seu neto não se justifica em um simples aviso aos pais). Essas facilitações são desnecessárias, pois tornam o conto apressado demais. Havia espaço para um melhor desenvolvimento.

    Senti falta de um mergulho maior (sem trocadilho) no horror. O conto clama por isso, praticamente implorou, mas a abordagem no terror foi superficial demais.

    Uma qualidade do conto é o seu fluxo. A linguagem é rápida, nos carrega até o final sem percebermos o tempo. Mas me pareceu uma ideia pouco trabalhada, com espaço para evolução, ainda bruta. Há pano pra manga nessa história!

    De todo modo, é um trabalho feito a 3 cabeças e o estilo se manteve bem. Acho que a força do conto está em sua linguagem e em sua narrativa atraente. Por isso, me frustro por não ver algo melhor elaborado.

    É um bom trabalho que poderia ser ótimo!

  21. bdomanoski
    25 de agosto de 2024
    Avatar de bdomanoski

    Quesitos avaliados: Entretenimento, Originalidade, Pontos Fracos

    Entretenimento Razoável. Até que me entreti conforme ia lendo, uma vez que não costumo gostar de histórias com protagonistas infantis. A história não é a das mais “Uau, nossa! Que interessante”, é singela, porém forneceu uma leitura agradável e instigante conforme os acontecimentos ocorriam. Parabéns

    Originalidade Novamente, não é algo que eu tiraria o chapéu. O fim foi um pouco clichê, com a avó trocando a vida pela do neto. O crucifixo e visual católico com o qual ela saiu, no fim acabou sendo sem propósito já que ela não usou os adereços pra nada. Porém não é uma história que se vê sempre. E há uma interessante mistura de elementos, tais como o cenário, a família, o passado e a assombração.

    Pontos Fracos Achei bem escrito e coeso. No fim, sendo razoável acabou por se sair bem. Apenas pelo fato de não ter tido faltas graves deve pontuar bem.

  22. Antonio Stegues Batista
    21 de agosto de 2024
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Resumo do conto; O menino Theo, de 7 anos, vai com sua irmã gêmea, pai e mãe, visitar a avó que mora numa fazenda perto de um rio. A avó recomenda para as crianças não irem no rio, porém, o menino decide ir e se senta no píer (trapiche) quando surge uma menina que o convida para mergulhar. O guri desaparece todo mundo sai a sua procura. O moleque danada desobedeceu às recomendações da avó que sabe haver ali uma alma penada que não foi embora por causa de uma mágoa de uma tragédia no passado que envolveu duas famílias há 60 anos. O fantasma da menina precisa se vingar de algo que o menino e nem a avó tem culpa. Para salvar o menino, a avó se oferece para o fantasma levá-la em troca do Theo e assim, poder quebrar os grilhões que a prende no leito do rio e ir para a mansão dos mortos em outra dimensão.

    Uma história comum de espíritos vingativos que não encontram o Caminho da Luz por conta da sua própria culpa. A escrita é boa, mas tem alguns erros de digitação, palavras repetidas num mesmo parágrafo, e Deus escrito com d minúsculo. No mais eu gostei do enredo, achei uma boa história e com a narrativa coesa e fluida. A irmã gêmea não teve relevância na trama, talvez na ideia do segundo autor teria, mas o terceiro não deu continuidade, ou não teve inspiração para esse detalhe que, certamente mudaria alguma coisa no final da história, ou talvez, ainda, seja apenas um simples detalhe de verossimilhança na criação de personagens.

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Publicado às 8 de julho de 2024 por em Começo, meio e fim e marcado , , .