EntreContos

Detox Literário.

Beijo Roubado (Claudia Roberta Angst)

Nunca veste branco. Tampouco parece apreciar pombas. De paz, parece conhecer apenas a palavra, muito pouco para quem se julga tão esperta. Não que ela diga isso, mas o seu olhar impõe essa certeza.

Vou ao seu encontro sem prestar atenção aos sinais, meio empurrada pelas circunstâncias e pela insistência materna. Ou isso, ou ela taca fogo em tudo, ameaça quase diariamente. Mãe doida. Mãe doída. Quer paz, eu me aborreço quando tudo me parece calmo demais. Por isso, arrisquei e vim parar aqui. Por que não? Recomendações confiáveis, boas avaliações, o nome me fazem pensar na primavera… E eu gosto de flores, talvez pela impermanência da beleza.  

Há tanto o que roubar neste mundo. Joias, dinheiro, objetos de arte, talheres de prata, armas, lingerie, chocolate e outras guloseimas nos corredores da loja da esquina. Uma variedade imensa de pecados esperando que você apenas estique a mão na direção deles, que lhe acene com a promessa de acolhimento. Embolso balas no caixa do restaurante por quilo. Adiciono ao crime, gordura que adquiri com a refeição. Por que não?

Pessoas são estranhas. Estranhos são pessoas. E por isso parecem tão interessantes.

Ela, a psiquiatra proibiu. Terminantemente. Relacionamento só daqui uns dois anos, e olhe lá. Assim, me condenou ao casulo antissocial. Diz que é para o meu bem, para a construção da minha sanidade mental. Se eu topar, tudo bem. Se não, que eu procure outra alternativa, mas não sob os seus cuidados. Cuidados… acolhimento, distinção. Acho que estou me apaixonando por ela.

Percebo o seu olhar, marcado pelo delineador meio borradinho, sabe? Aquele jeito de quem acabou de acordar de uma soneca breve, de poucos minutos. Os cílios longos cobertos por camadas, camadas e mais camadas de máscara… preta ou azul, depende do dia. Ela quer parecer jovial, embora já tenha passado dos 50. Mas é linda. É linda porque assim a vejo, traçada com distinção. Eu gosto da palavra “distinção”. Parece que me faz separar as ideias na mente.

Disse que é perigoso buscar definições no Google. Mas ela diz tanta coisa, não é mesmo? Pesquisei, sim, porque sou dessas. Não, eu nem sei se sou dessas ou daquelas. Nem sei. Sou?

Borderline. Borde linhas.

Delineie bordas.

Limite a personalidade, se tiver alguma.

Leio páginas e mais páginas em sites especializados, também escuto entrevistas com o dr. Fulano de Tal, renomado psiquiatra, especialista em casos como o meu. Não deveria fazer isso. Ela me disse. Eu fingi obedecer. Desculpe, doutora, a curiosidade é mais forte do que a obediência.

Seres rancorosos, que não sabem perdoar, nem mesmo conseguem lidar com conflitos. Apresentam dificuldade de perceber a si mesmos, desconhecem o labirinto dos seus estados emocionais. Tudo o que não toleram em si projetam no outro, mergulham em diversas personalidades, como a decorar scripts de vidas alheias. Jogam na defesa. Utilizam-se da chamada “Identificação Projetiva”.

Fiquei cismada com essa tal de identificação projetiva. Acho que vou perguntar à doutora. Não, melhor não. Ela vai descobrir que andei fuçando na internet e deixará de gostar de mim, ou do que projetou em mim, do que se identificou comigo.

Não sou uma tábua rasa, não regulo os batimentos cardíacos de acordo com o metrônomo. Eu tenho ângulos e fendas e relevos onde passam mãos e desejo. Sou humana, talvez demasiadamente humana, como disse algum filósofo.

— Sim, acontece muito isso. Há dificuldade de controlar a raiva e, muitas vezes, podem apresentar comportamento inadequado, mostrando-se intensamente irritados.

Repito mentalmente a fala do doutor Fulano de Tal. Tal e qual. Não aceito o diagnóstico, afinal, ele não me conhece. Nem ela. Não de verdade. E se eu for só uma mentira?

O último namorado, antes da proibição médica entrar em vigor, como era mesmo o nome dele? César. Isso. Disse que não aguentava lidar com alguém tão explosiva e instável. Que eu era tóxica. Virou moda isso agora: relacionamentos tóxicos. Eu o envenenava com o meu jeito de ser, mas bem que ele gostava quando dividíamos o sofá para ver as intermináveis partidas de futebol, e a mesa do botequim da esquina, onde eu representava tão bem minha paixão pela cultura popular, pagode e outras mesmices.

Você é muito ácida. Esse seu sarcasmo me assusta.

Claro que me senti rejeitada, jogada fora como um embrulho mal feito. Tentei mudar tudo em mim, o meu jeito, ajustar-me aos anseios do sujeito, mas em nada tive sucesso. Agora era como se eu mesma me rejeitasse. Meu parceiro às vezes parecia estar nas nuvens, e dizia se sentir muito amado, mas depois tudo mudava.

— Não aguento mais! Essas brigas, suas chantagens e reações exageradas. Deu pra mim. Adeus.

E eu que era exagerada? Só queria que ficássemos juntos, e ele estava indo embora. Aos poucos, aos picados, gotejando pelo ralo do cotidiano. Não era mais o amante perfeito, seguia seu caminho, me descartando, culpado por negligência e abandono. Eu e minha amargura e falação. Ele não entendia. Perder não era uma opção. Perder era como morrer.

César se foi. Quase fui também. 

Não é intencional parecer assim insensata, agir só por instinto. Poderia sim, viver em harmonia com o meu lado racional, equilibrado, calibrado pelos senões da doutora. De mãos dadas em uma imensa roda de opiniões e citações sábias que partilharíamos durante seminários de psiquiatria. Não. Eu ainda flerto com o tal curso de psicoterapia, análise. Caro, muito caro. Repetir a vida do outro traz despesas impensadas.

Não sei porque essa implicância com as redes sociais. Proibida. Mas como vou me informar? Como vou saber mais do mundo, das notícias, das guerras, das rixas políticas e alta e a baixa do dólar. Como vou descobrir mais sobre ela?

Sim, a doutora tem perfil. Em apenas uma das plataformas. Talvez o perfil seja falso mesmo, mas as fotos não. É ela mesma, as cores, o jeito de inclinar a cabeça um pouco para trás, levantando o queixo, olhando tudo de cima. Eu acho engraçado porque ela sorri torto nas fotos. Assim, vê, desse ladinho. Sei, é assim mesmo, um pouco mais baixo no canto do lábio… Eu sei, eu sei tudo sobre ela. Decoro, exploro, sou ladra das suas malditas intenções.

A paixão não é isso? Patologia, doença.  A Sexta-feira da Paixão não deu em boa coisa, mas aquelas dores parecem ser celebradas todos os anos. Eu troco de dores, as paixões me dominam, eu viro outra, eu só sei ser outras. Nunca eu mesma. Eu roubo identidades, me aproprio dos seus gostos e visto suas personalidades. Deveriam se sentir amadas, admiradas, honradas por eu tê-las como modelo.

O problema é a imaginação, que me faz idealizar um mundo onde mulheres caminham coroadas de flores, e homens compartilham gargalhadas. Poderia me livrar das fantasias tão inapropriadas para a minha idade, afinal sou tão jovem. Se houvesse nisso uma precisão, uma urgência maior do que a própria vida, eu agiria assim.

— Sim, pode ter um componente genético. Não é possível definir um gene responsável pelo quadro, mas há algumas evidências de que o distúrbio possa estar ligado à genética. Alguém da família pode…

Nessas horas, eu balanço a cabeça e concordo com qualquer resposta. Eu nem sei por que perguntei mesmo aquilo. Tanto faz se é praga de vizinha ou maldição de família. Não tenho planos de ter filhos, minha vida é seca em todas as raízes e ramificações. Nasci para brotar em momentos específicos, florescer de acordo com o olhar do outro. Da outra. Da doutora. Ela é bela, sensível, tola e vulnerável.

Ela gosta de discutir os traumas da infância conturbada que possivelmente eu tive. Não diz exatamente isso, aliás diz muito pouco. Conduz a minha narrativa a esse ponto. Mas eu não quero falar sobre isso. É doloroso e inútil. Quero decorar sua fala, o jeito que morde o lábio inferior quando se sente desautorizada pelo meu silêncio.

Dra. Gardênia parece só ter interesse nas alterações do meu cérebro. Mas eu quero outras exigências, quero impor minha presença tão duplicada a seu gosto. Meu corpo já se parece com o seu, refeito em arredondadas proporções que refletem nossos odores de fêmeas. Duelam?  Se abraçam naqueles segundos que silencio minha resposta.

— Nunca soube de ninguém assim… Sei pouco. Sei muito pouco da minha família, mas pode ser sim… componente genético, possível definir, não é? Evidências desse distúrbio…

Sim, eu começo as frases repetindo suas palavras. É quase automático. Eu busco nela o que perdi em mim, o que nunca tive de fato em mim.

Não levo nada disso em consideração, quando acordo horas depois de ter sonhado com ela. Conto os cortes ainda recentes, estrategicamente camuflados por roupas e sorrisos. Sou imperceptível debaixo dessa camada que é dela, é ELA. Acaricio a pele marcada. Aquela futura cicatriz em chamas. Sorrio. E a vontade de dançar vai entrando pelos meus sentidos, atravessando razões tão bem defendidas. Distintas, afogadas decisões.

Meu reflexo nos vidros dos carros, nas vitrines, revelam um balanço. Têm um ritmo profanado, revelam desejos libertos. De resto, só percebo a música preferida dela deslizando pelos cantos da mente, convidando para a entrega de maneira definitiva. Qualquer dia.

Mudo meu jeito de vestir. Adoto suas cores, o humor do seu figurino, o estilo e padronagens dos seus vestidos. Acho que combina comigo. Tudo combina comigo. Ou sou eu que combino com tudo?

Gardênia me olha espantada. Talvez se reconheça em mim. Há uma imediata identificação que nos aproxima. Ela quase sorri, mas nada diz. Senta-se na poltrona como regente fatigada. Espera que eu fale, eu imploro por reconhecimento. Vê como me esforcei para te agradar? Escolhi tudo pensando só em você.

Ela continua muda, alisa as pregas da saia com as mãos, respira com mais rapidez. Tem pressa, mas do quê?

— Você me ama, não ama?

Por que pergunto isso? Não sei, juro que não sei. Seus olhos crescem, suas mãos esfregam o estofado da poltrona. Ela se levanta aflita. Começa a dizer coisas sem sentido: projeção, engano, transferência, distorção de imagem, sentimentos equivocados. Finjo que escuto e só a observo. O corpo tenso, mas inquieto. A boca trêmula, à espera de resolução.

Também me levanto, decidida, quase feliz. Ela se afasta. Sigo em sua direção, alcanço seu corpo, todo o encanto, amparo seus ombros entre minhas mãos. Ela tenta se apartar de mim, receia que alguém nos veja? Bobinha, a secretária já foi embora, estamos a sós. Ninguém virá. Ninguém será testemunha da nossa entrega.

Como treme! Não diz mais nada, parece paralisada. Ela é tão eu, eu tão ela, uma simbiose que me alucina. Aqueles lábios cobertos do mesmo batom que estampa os meus sorrisos. Acaricio seu rosto, seguro seu queixo e a beijo. Como se fosse o vidro do espelho, o reflexo de uma felicidade tardia.

— Não!

E ela se solta, se desembaraça dos meus abraços. Foge delirante de um desejo que desaprova. Eu sei. Ela me ama. Mas o amor, às vezes, é impronunciável.

Lambo os lábios buscando o gosto daquele beijo. Roubado sim, mas tão esperado.

Vejo que ela alcança um objeto sobre a mesa. Ele brilha… ah, o abridor de cartas. Peça nobre garimpada de algum antiquário.

— Por favor, vá embora…

Não sei se ela me pede isso com a voz ou com os olhos. Estou surda, também emudeço. Não cedo. Permaneço aos seus pés, ao seu dispor, para o bem e para o mal.

Ela me ameaça. Eu grito. Digo que a amo mais do que tudo, que serei perfeita, serei como ela quiser. Só me deixe ficar, para sempre, ao seu lado.

De repente, estamos abraçadas, ou algo assim. Há uma luta de corpos, um só emaranhado em gestos desconexos. Mesmo quando sinto a lâmina tão próxima da minha garganta, não consigo evitar: jamais a condenarei. Trocamos de papel. Muito ágil, já disse que sou jovem, me aproprio do seu papel, das suas curvas, do objeto ameaçador. 

Beijo, beijo de novo, de novo, mas ela não reage como espero.

O que há?

Gardênia parece sorrir. O mesmo sorriso meio torto.  O batom borrado, desfazendo-se em goles sem fôlego. Permanece inerte, esparramando sua ausência no mesmo lugar.

Não há mais guerra em seus olhos. Posso sentir o gosto do ontem, do anteontem, do tempero ácido das brigas que podemos ainda fingir. Suas mãos, quase em prece, parecem buscar pelas promessas e sonhos que oferto.  É nosso destino? Não sei. Provação talvez.

Seja como for, tudo é paz agora.

Sobre Fabio Baptista

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57 comentários em “Beijo Roubado (Claudia Roberta Angst)

  1. Anderson Prado
    10 de junho de 2024
    Avatar de Anderson Prado

    Quanta atenção aos detalhes! Belo trabalho. Parabéns, Cláudia!

    • claudiaangst
      8 de agosto de 2024
      Avatar de claudiaangst

      Só li agora o seu comentário, Anderson. Muito obrigada pela leitura. Sempre uma honra. Abraço.

  2. Renato Silva
    1 de junho de 2024
    Avatar de Renato Silva

    Olá, tudo bem?

    Que mulher doida. Se a intenção do conto foi de mostrar o quão pirada era a sua protagonista, conseguiu com bastante êxito. O uso da primeira pessoa aqui deu bastante certo, pois ficamos completamente imersivos na obsessão e loucura da personagem.

    O texto está bem escrito, bastante coeso. Não sou da área, mas acredito que descreveu muito bem uma pessoa com tais transtornos.

    Boa sorte.

    • claudiaangst
      4 de junho de 2024
      Avatar de claudiaangst

      Não deu tempo da mulher doida te responder, Renato. Mas ela ficou encantada com o seu comentário, apaixonada mesmo. Cuidado!

  3. Sílvio Vinhal
    1 de junho de 2024
    Avatar de Sílvio Vinhal

    O tema recorrente é abordado aqui com desenvoltura e assertividade. Não seria o crime perfeito, porém, um conto que beira a perfeição. Um forte concorrente ao podium.
    O final trágico, e ao mesmo tempo, talvez o único possível.
    Frases que se destacam pela perfeição poética e metafórica.
    “Gotejando pelo ralo do cotidiano”
    “O batom borrado, desfazendo-se em goles sem fôlego.”
    Parabéns e boa sorte no desafio!

    • (MEU/SEU) PERFUME
      1 de junho de 2024
      Avatar de (MEU/SEU) PERFUME

      Oi, Silvinho, como vai a minha paixão recorrente? Sou mesmo muito desenvolta e assertiva. Não tenhho tempo a perder… e pelo jeito você também não, está na maior correria… O tempo urge!

      Te vejo no podium, na rua, na chuva, na fazenda, ou numa casinha de sapê.

  4. Pedro Paulo
    1 de junho de 2024
    Avatar de Pedro Paulo

    RESUMO: Uma mulher é um espelho distorcido e transtornado.

    COMENTÁRIO: Este é um daqueles que cada linha nos traga mais ao mesmo tempo que é preciso mediar curiosidade com angústia. Acelerada e inconstante, a narração é quase um fluxo de consciência, alternando entre devaneios, memórias e momentos no tempo presente da narradora personagem. Não só o estilo funciona em nos informar o que está acontecendo como, também, nos faz compreender mais e mais a sua psicose e suas obsessões. Apesar da escrita bem competente, confesso que a princípio não entendi a abordagem do tema, que aparentava estar somente no título. Mas a conclusão então faz perceber que durante toda a leitura a personagem ia, pouco a pouco, construindo a sua persona e se preparando para sua investida final. Um roubo de identidade, um roubo de autonomia… sinistro! Parabéns à autoria.

    • (MEU/SEU) PERFUME
      1 de junho de 2024
      Avatar de (MEU/SEU) PERFUME

      Pepê querido, eu entendi bem? Você me chamou de distorcida e transtornada? Você realmente sabe agradar uma mulher.

      Está curioso ou angustiado? Me ama ou me adora? Também acho a nossa relação sinistra. Vamos deixar essa história de roubo de lado, e dividir a identidade do amor? Me liga!

  5. MARIANA CAROLO
    31 de maio de 2024
    Avatar de MARIANA CAROLO

    História: o relato de uma pessoa que sofre da condição de Borderline. É interessante que a construção me lembrou Lolita, com o narrador usando o texto como uma defesa de si. Até o final estava pensando, mas será que está romantizando algo tão complicado? Bem feito 4,0/4,0
    Escrita: me senti lendo algo da Clarice Lispector, um bom “roubo da sua poesia”. Não é o meu estilo favorito de prosa, mas está bem feito. Apesar disso, a escrita foi fluída. 3,5/5,0
    Imagem e título: Adequados, ao final as estátuas fazem sentido. 1,0/1,0

    • (MEU/SEU) PERFUME
      1 de junho de 2024
      Avatar de (MEU/SEU) PERFUME

      Como assim, Mari, você me conectou à Lolita? Acha mesmo que eu estava me defendendo? O mundo é bastante hostil, você sabe, um mundo cheio de estátuas frias e insensíveis. Mas sei que não perderei a sua companhia, que me considera uma louca romântica, sei lá… de repente nem sou… de repente sou o NADA. Mas pode me chamar de seu TUDO, Tudo bem. Tudo meu.

  6. Amanda Gomez
    27 de maio de 2024
    Avatar de Amanda Gomez

    Oi, bem?

    Um conto muito denso, varias camadas, o leitor não pode embarcar e relaxar, precisa estar atento. 

    Estamos na mente de uma mulher com transtornos, borderline é o que se destaca. Sempre acho uma loucura corajosa narrar em primeira pessoa qualquer personagem com problemas psicológicos. É um mergulho profundo demais, acaba deixando o leitor meio desnorteado, claustrofóbico. No pior dos cenários, perdido.

    Temos aqui uma narrativa muito rica, poética, bastante característica. Gosto bastante dessa escrita. 

    Assim como a personagem, meu interesse foi pela figura secundaria dessa historia, a Psiquiatra, a forma como ela a descreve ajuda bastante nisso, o interesse. Acho que o excesso dos seus desejos deixa a leitura um tanto cansativa, mas imagino que não deveria ser diferente.  A crescente do perigo é palpável conforme a historia desenrola. 

    Por vezes me vi confusa sobre o gênero da personagem, ora parecia homem, outra mulher…outras indefinida. 

    Eu não espera por este final, pronto pra autora que surpreendeu com esse final trágico e bizarro. O mais valioso foi roubado. 

    Muito bom mesmo. Parabéns. 

    • (MEU/SEU) PERFUME
      30 de maio de 2024
      Avatar de (MEU/SEU) PERFUME

      Amanda, você é muito amada? Pergunto porque o seu nome significa “digna de ser amada”… bom, eu li isso em algum lugar… onde? As vozes da minha cabeça não chegaram a um consenso.
      Como assim eu pareço homem, pareço mulher, uma coisa indefinida??? Defina o seu amor, a sua adoração, o seu desespero em me ter por perto. Sou espelho de todas as neuroses que nos prendem uns aos outros. Ou nada sou.
      Ser ou não ser, nem Shakespeare se atreveu a escolher.
      Mas escolho você, amada Amanda. Sempre.

  7. Gustavo Castro Araujo
    25 de maio de 2024
    Avatar de Gustavo Castro Araujo

    Estar diante deste conto é como estar diante de um teatro onde um renomado espetáculo está em cartaz. Para conhecê-lo, no entanto, é preciso adquirir um bilhete, neste caso, uma pequena dose de paciência. É que o texto começa lento, trazendo um extenso fluxo de consciência que tende a deixar perdido o leitor mais desavisado, aquele acostumado a narrativas adolescentes. Sim, o texto maduro, escrito por quem sabe o que está fazendo pode repelir os leitores mais afeitos ao instantâneo, que se recusam a mergulhar na mente de quem está falando. É esse o bilhete que se exige neste conto: a paciência para o mergulho.

    Vencida essa etapa, resta-nos apreciar. No caso, temos uma jovem mulher com transtornos psicológicos que, no limite, tenta roubar a personalidade de sua terapeuta. Lentamente, começa a emular o jeito de vestir, de se comportar, de falar… E para sacramentar esse furto, dispõe-se a seduzi-la. O embate não prospera. A terapeuta, assustada, termina morta pela jovem. Um fim trágico, ainda que esperado para este tipo de narrativa.

    A habilidade do(a) autor(a) é o ponto forte do texto. Funciona como uma espécie de novelo por entre os labirintos da mente da nossa protagonista. Às vezes, um novelo tênue, é verdade, com fios que provocam miragem, mas que no fim conduzem com segurança à saída. A trama, depois percebemos, é até simples e é nesse momento que entendemos a perícia de quem escreveu, já que transforma uma história comum em algo muito interessante, com destaque para o momento derradeiro.

    Em suma, apesar do bilhete de ingresso um tanto caro (afinal fluxos de consciência são sempre uma aposta arriscada), o conto, no geral, é muito bom, acima da média com certeza.

    Parabéns e boa sorte no desafio.

    • (MEU/SEU)PERFUME
      30 de maio de 2024
      Avatar de (MEU/SEU)PERFUME

      Adorado Gugu, então você acha que nada mais sou do que uma atriz teatral? Pelo menos, o espetáculo é um sucesso e a bilheteria fatura alto. Sim, o ingresso é caro… mas a vida é ainda mais rara, não?
      Vamos conversar uma outra hora… Outro momento em que você não esteja tão ocupado com comentários e avaliações. Quando você puder só olhar para mim e compreender que nada sou sem sacramentar o furto do seu coração (aproveitei e roubei suas palavras também).
      Posso repelir os leitores mais afeitos ao instantâneo, aqueles insensíveis que se recusam a mergulhar na minha mente, mas nunca me afastarei de você, nem mesmo quando a “indesejada da gente” chegar.
      Fique mais um pouco. Tome um chá comigo, pode ser de alguma substância que esse povo aí anda tomando… Pelas loucuras que andam dizendo, deve ser bom. Fique, mas só fique se me ama. Ou melhor, só me ame para ficar.
      Seja como for, tudo estará em paz.

  8. Marco Saraiva
    22 de maio de 2024
    Avatar de Marco Saraiva

    Em primeiro lugar: durante este desafio eu não terei acesso a um teclado brasileiro, então os meus comentários serão desprovidos da maioria dos acentos. Perdão pela dor nos olhos!
    Em segundo lugar: resolvi adotar um estilo mais explícito de avaliação, pegando emprestado do que o Leo Jardim fazia antes, com categorias e estrelinhas, e também deixando no final um “trecho inspirado”, que é uma parte do conto que achei particularmente bela ou marcante.

    ———————————

    Avaliação

    Um conto sobre uma mulher que sofre de borderline, e que acaba se apaixonando por sua psiquiatra. Uma paixao com consequencias fatais.

    O conto eh um poema escrito na forma de fluxo de consciencia. Fluxos de Consciencia sao, por si so, dificeis de acompanhar. Poemas sao, naturalmente, pouco diretos e mais ligados a forma de a narrativa. O resultado eh um conto muito belo, de escrita poetica e estilosa, e de uma historia muitissimo interessante, porem confuso e dificil de processar.

    Eu gostei do conto. Muito ate, especialmente pela forma como voce entra na cabeca da personagem, como voce narra as suas confusoes, ve por seus olhos, as suas certezas e as suas paixoes. Sao coisas dificeis de ler. Voce nos faz entrar dentro da cabeca de alguem com borderline, experienciar viver pelos olhos de outrem, uma pessoa caotica, que vive sempre a flor da pele. Isso voce fez muito bem, e eh por isso que esse conto vale a pena ler, apesar das minhas ressalvas, que eu detalho abaixo:

    TÉCNICA ●●◌ (2/3)

    A tecnica eh muito bela. Voce tem intimidade com a lingua, sabe o que esta fazendo. Porem, o inicio do conto eh muito dificil de entender. Sao informacoes pela metade, ideias jogadas pra cima sem nenhum preambulo. Uma releitura explica muita coisa, mas muita gente nao vai se dar ao trabalho de ler outra vez. O conto se encontra do meio para o final, onde mantem uma narrativa mais concisa e da mais chao para o leitor, mas o inicio eh muito caotico e, sinceramente, dificil de acompanhar.

    Tirando isso, a tecnica eh belissima. Os trechos poeticos sao sensacionais, e a narrativa do ponto de vista da personagem foi extremamente bem feita.

    HISTÓRIA ●●● (3/3)

    Apesar de a historia ser simples, ela cumpre bem o seu papel aqui. O conto eh bem estruturado, usa o espaco que tem para explorar as duas personagens, e tem um final marcante. Nao fosse o inicio confuso, ficaria mais facil entender a trama, mas isso eh problema da tecnica e nao do enredo.

    TEMA ●◒ (1.5/2)

    Eu entendi onde voce queria chegar. Ela se apaixonou por Gardenia, a ponto de querer ser ela, vestir-se como ela. Na cabeca dela, ela roubou a identidade de Gardenia. Uma ideia muito interessante mas ela nao rouba a identidade da psiquiatra de verdade, ela a mata, eh bem diferente. Eh QUASE o que voce quis, mas so tirei meio ponto por que o resultado foi muito bom. Especialmente quando se nota que a personagem nao tem nome, mas o alvo dela, sim.

    IMPACTO ● (1/1)

    O conto eh impactante tanto pela forma quanto pelo enredo. Uma vez que ele se acha e te faz mergulhar na trama voce fica preso, e a luta entre as duas no final me fez prender a respiracao.

    ORIGINALIDADE ● (1/1)

    Nada a comentar. Conto bem original, com muita autoria.

    TRECHO INSPIRADO (escolhi dois!)
    “Não tenho planos de ter filhos, minha vida é seca em todas as raízes e ramificações. Nasci para brotar em momentos específicos, florescer de acordo com o olhar do outro.”

    “Gardênia parece sorrir. O mesmo sorriso meio torto. O batom borrado, desfazendo-se em goles sem fôlego. Permanece inerte, esparramando sua ausência no mesmo lugar.”

    • (MEU/SEU) PERFUME
      30 de maio de 2024
      Avatar de (MEU/SEU) PERFUME

      Querido Marquinho, tudo bem contigo, gato? Então, a doce Gardênia diria que você sofre de um distúrbio chamado TOC. Que obsessão por organização, menino! Tudo explicadinho, separado em tópicos, nota distribuídas por méritos, ah, se eu não te amasse tanto, me cansaria de você.
      Está interessado em conhecer minha técnica, que você considera muito bela? Sim, eu tenho grande intimidade com a língua, e sei o que estou fazendo… e faço bem feito. O problema é que nem todos reconhecem isso, aí eu tenho que tomar minhas providências… Foi o que acontecue com a Gardênia, mas mudemos de assunto, porque essa já é uma flor murcha pelo esquecimento.
      Vamos conversar sobre o impacto da minha história na originalidade do que sentimos um pelo outro? Você diz que não tem nada a comentar… então podemos cometer roubos recíprocos… Fica o convite.

  9. Thiago Amaral
    21 de maio de 2024
    Avatar de Thiago Amaral

    Oi Perfume, tudo bem?

    Seu conto deixou uma polêmica na minha cabeça: não sei se gosto ou não… vou optar pelo meio termo. heheh

    Esse estilo meio “fluxo de consciência” pode ser perigoso, pois o autor pode simplesmente jogar reflexões e fazer brincadeiras vazias com as palavras, mas que não tem muito a ver com a história em si. Fica bastante enfeite, mas sem conteúdo. Uma salada pretensiosa.

    Mas acho que a maior parte do texto escapa disso, e tem coerência com a personagem e com a história que você conta. Eu estava com o nariz um pouco torcido, mas os comentários viraram meu coração para que eu visse mais méritos na sua escrita.

    Acho que seu conto é um ótimo exemplo de escrita rápida bem feita. Entramos no ritmo de pensamentos e sentimentos da personagem, já que as frases muitas vezes são curtas. Às vezes, apenas de uma palavra. Vou roubar o seu estilo no futuro hahahah

    Fiquei curioso para saber mais sobre Borderline, quem sabe no futuro… Aí poderei saber se a condição ficou bem caracterizada. Pelo pouco que pesquisei, acho que ficou fiel.

    Aliás, ri bastante lendo seus comentários. Bacana ver o conto se espalhando para além de suas bordas…

    No fim, seu conto é no mínimo interessante e estiloso, e um bom exemplo de como construir um personagem.

    Obrigado pela contribuição, e até a próxima!

    • (MEU/SEU) PERFUME
      30 de maio de 2024
      Avatar de (MEU/SEU) PERFUME

      Como você é adorável, meu Thithi! Dizer que deixei uma polêmica na sua cabeça foi o mesmo que assumir que sou inesquecível, uma paixão insuperável. Te entendo, muitos já me disseram isso, e eu mesma já senti isso também.
      Vê como combinamos? Somos tudo e nada ao mesmo tempo. Reflexo um do outro. Culpa e absolvição. Inferno e paraíso. Quem somos? Não sei… Vamos perguntar para o Dr. Fulano de Tal?

  10. Cícero Robson
    18 de maio de 2024
    Avatar de Cícero Robson

    Oi, Gardênia. rsrs

    Olha, achei o seu conto excelente. Até agora o melhor que li (ainda faltam alguns). Texto envolvente, transmite a nós leitores os sentimentos e as angústias da narradora. Você tem o domínio da linguagem, demonstra um bom repertório de palavras, de conhecimentos, apresenta situações e pensamentos que envolvem as pessoas que possuem borderline.

    Muito interessante como mostra o sentimento entre paciente e terapeuta (comum e comumente reprovável). Para além de todas os impedimentos que as convenções sociais e éticas profissionais, estão ali duas mulheres com sentimentos que se aproximam e se afastam.

    Parabéns e boa sorte no desafio.

    • (MEU/SEU) PERFUME
      30 de maio de 2024
      Avatar de (MEU/SEU) PERFUME

      Meu doce Cici, também te achei bem envolvente, viu?
      No momento, a única angústia que me abate é não saber se o seu amor por mim é forte o bastante para superar nossas diferenças.
      Preciso de provas, argumentos, juras de amor e promessas de sangue. Só isso. É tão pouco perto de tudo o que ofereço… amar-te até em Marte.

  11. Jorge Santos
    13 de maio de 2024
    Avatar de Jorge Santos

    Olá. Na minha qualidade de familiar de pessoas com doenças mentais, achei esta narrativa especialmente difícil de ler. A instabilidade emocional foi bem retratada, se bem que algumas repetições desnecessárias desorientam e desmotivam o leitor. A narrativa flui, a instabilidade da personagem principal é descrita com força, o desfecho é algo expectável, mas quando acontece não frustra o leitor. E o desfecho, ou aquilo que consegui depreender do desfecho, que podia ser mais claro, é especialmente assustador para quem conhece pessoas na mesma situação.

    • (MEU/SEU)PERFUME
      15 de maio de 2024
      Avatar de (MEU/SEU)PERFUME

      Salve Jorge! Me salve, Jorge!

      Pelo o que entendi, você conhece pessoas como eu. Mas eu nem sei direito como sou. Quem sou, afinal?

      Sinto muito se minha história funcionou como gatilho de lembranças dolorosas, embora ela mude ao sabor do vento. Sou o que querem que eu seja, sou o que puderem amar. Ou odiar.

      Só sei que adorei receber sua atenção, mesmo por tão breve momento. E por isso, ofereço-lhe outro desfecho, menos assustador, mais seu do que meu.

      Gosto imenso de ti.

  12. claudiaangst
    8 de maio de 2024
    Avatar de claudiaangst

    Oi, Perfume sem Gardênia, tudo bem?

    Achei curioso o pseudônimo, esperava algo como Perfume de Gardênia, mas depois de ler o conto, creio ter entendido a intenção do(a) autor(a).

    O conto aborda um dos temas propostos pelo certame: roubo. Afinal, acontece uma tentativa de roubo de personalidade, e efetivamente há o roubo de uma vida. Além disso, a narradora fala que chegou a efetuar pequenos roubos.

    No geral, o texto está bem escrito, com uma dose generosa de prosa poética. No entanto, encontrei duas falhas de revisão (que podem ser facilmente resolvidas):

    Recomendações confiáveis, boas avaliações, o nome me fazem pensar na primavera > aqui ou se opta por uma vírgula, ou se altera a construção frasal > […] o nome que me faz pensar na primavera…

    Não sei porque essa implicância com as redes sociais > Não sei o porquê dessa implicância

    Não entendo muito do quadro de borderline, mas parece que o(a) autor(a) pesquisou a respeito e, mesmo que não o tenha feito, como a narradora não é confiável, não se pode exigir que o seu comportamento e fala sejam fiéis ao diagnóstico sugerido. Pra mim, a protagonista/narradora parece ser cleptomaníaca, bordeline, bipolar e psciopata. Tudo junto e misturado.

    O começo é lento e um tanto descritivo, talvez para situar o(a) leitor(a), mas conforme a narrativa avança, a leitura ganha maior fluidez e atinge o clímax lá pelo final. Não esperava tal desfecho, mas acho que funcionou bem.

    Boa sorte!

    • (MEU/SEU)PERFUME
      15 de maio de 2024
      Avatar de (MEU/SEU)PERFUME

      Como vai, Cacau? Gosto tanto de você quanto de chocolate. Ou é a mesma coisa?

      Por que cismou com o pseudônimo? Não posso revelar meu nome real, é contra as regras do desafio. Sem Gardênia é algo tão óbvio quanto doloroso, percebe? Nem o perfume restou…

      Por que me fez lembrar disso? Dela, do que fui enquanto ela existiu? Ou nunca existiu? Eu existo?

      Não quero mais conversar. Não agora. Não enquanto não disser que me ama para sempre. Fique aqui. Só um pouco… o quanto dure a eternidade.

  13. Givago Thimoti
    3 de maio de 2024
    Avatar de Givago Thimoti

    BEIJO ROUBADO (PERFUME SEM GARDÊNIA)

    Bom dia, boa tarde, boa noite!

    Primeiramente, gostaria de parabenizar o autor (ou a autora) por ter participado do Desafio Viagem/Roubo – 2024! É sempre necessária muita coragem e disposição expor nosso trabalho ao crivo de outras pessoas, em especial, de outros autores, que tem a tendência de serem bem mais rigorosos do que leitores “comuns”. Dito isso, peço desculpas antecipadamente caso minha crítica não lhe pareça construtiva. Creio que o objetivo seja sempre contribuir com o desenvolvimento dos participantes enquanto escritores e é pensando nisso que escrevo meu comentário.

    No mais, inspirado pelo Marco Saraiva, também optei por adotar um estilo mais explícito de avaliação, deixando um pouco mais organizado quando comparado com o último desafio. E também peguei emprestado do que o Leo Jardim fazia antes, com categorias e estrelinhas, e também deixando no final um “trecho inspirado”, que é uma parte do conto que achei particularmente digno de destaque.

    Avaliação + Impressões iniciais

    Parabéns à autora, ao autor! Conto muito bem escrito! Não e uma leitura gostosa, mas creio que está na dose certa de estranhamento, curiosidade para cativar o leitor. Impacto bem positivo!

    HISTÓRIA  (3/3)
    Beijo roubado é um conto ao estilo de digressão, na qual a narradora-personagem (que eu vou chamar de Bebe Rena ~ referências a série da Netflix) desenvolve uma paixão obsessiva por sua psiquiatra/psicanalista. Dessa maneira, a história se desenvolve por meio dos pensamentos da narradora-personagem.

    Bebe Rena aparentemente possui transtorno de Borderline: “O transtorno de personalidade borderline é caracterizado por um padrão generalizado de instabilidade e hipersensibilidade nos relacionamentos interpessoais, instabilidade na autoimagem, flutuações extremas de humor e impulsividade. O diagnóstico é por critérios clínicos. O tratamento é com psicoterapia e, às vezes, medicamentos. Pacientes com transtorno de personalidade borderline não toleram estar sozinhos; fazem esforços frenéticos para evitar o abandono e geram crises, como tentativas suicidas, de tal forma que levam os outros a resgatá-los e cuidar deles.”

     Nesse sentido, penso que a construção da personagem foi perfeita. Por meio das digressões e ações da narradora-personagem, podemos ter um relance de Bebe Rena e seu transtorno psiquiátrico.

    No mais, é uma história bem feita, que pode ser percebido que a autora/o autor propôs a estudar o tema.

    TÉCNICA  (3/3)

    Acho que a técnica aqui está sublime: uma escrita bem-feita gramaticalmente, a qual eu não percebi nenhum erro gramatical. Meu único “ah!” (e eu reconheço que pode ser mais uma chatice minha), mas aquele trecho no qual Bebe Rena diz “Lambo os lábios(…) me soou estranho no ouvido, lendo em voz alta.

    No mais, é preciso destacar o lirismo da escrita, responsável por cravar a nota máxima nesse aspecto. No início, a construção se assemelha a um poema em forma de prosa, mostrando como a narradora-personagem sente uma forte paixão pela médica, sem revelar isso logo de cara. Em meio ao lúdico (e transtornado) amor de Bebe-Rena, podemos perceber o quanto a narradora encontra-se desequilibrada. A técnica da autora/do autor evidencia as características de quem tem Borderline.

    Meu último elogio quanto a técnica de escrita é o seguinte: a forma como foi feita traz Bebe-Rena como um ótimo exemplo do que chamamos de “narrador-suspeito”, ou seja, aquele narrador o qual não podemos necessariamente confiar. Quem confiou com certeza não esperava o fim macabro do conto.

    TEMA  (1/1)

    Beijo Roubado aborda não só um beijo roubado, mas também o próprio roubo de identidade de paciente apaixonado/obcecado pela psiquiatra. Uma expansão implícita do tema bem interessante, ao meu ver, que ficou bem caracterizada.

    IMPACTO  (2/2)
    Impacto bem positivo! Terminei a leitura com a sensação que li um dos melhores contos do desafio. É um texto que vou com certeza guardar para aprender uma coisa ou outra.

    ORIGINALIDADE  (1/1)

    Para mim , um conto extremamente original, bem trabalhado, que extrapolou implicitamente o tema além de trazer junto consigo fortes referências psiquiátricas para embasar a narradora-personagem.

    Trecho interessante:

    “Mudo meu jeito de vestir. Adoto suas cores, o humor do seu figurino, o estilo e padronagens dos seus vestidos. Acho que combina comigo. Tudo combina comigo. Ou sou eu que combino com tudo?

    Gardênia me olha espantada. Talvez se reconheça em mim. Há uma imediata identificação que nos aproxima. Ela quase sorri, mas nada diz. Senta-se na poltrona como regente fatigada. Espera que eu fale, eu imploro por reconhecimento. Vê como me esforcei para te agradar? Escolhi tudo pensando só em você.

    Ela continua muda, alisa as pregas da saia com as mãos, respira com mais rapidez. Tem pressa, mas do quê?”

    Nota: 10

    • (MEU/SEU) PERFUME
      5 de maio de 2024
      Avatar de (MEU/SEU) PERFUME

      Gigi, querido, você também é 10.

      Acho que nunca me senti assim tão aprovada em toda a minha vida. E você parece saber como isso é importante para mim. Suas palavras me fizeram, sei lá, querer ser alguém melhor, alguém como você… Talvez mesmo ser você.

      Saiba que escolhi as palavras para agradá-lo, selecionei cada uma só pensando em você. Sei que reconhece isso, combinamos, você do seu jeito, e eu do mesmo jeito.

      Não vejo a hora de encontrar você novamente. Melhor, fique aqui comigo. Para sempre. Te amo.

      • Givago Thimoti
        5 de maio de 2024
        Avatar de Givago Thimoti

        Oi, Bebe Rena!

        Eu tava pensando, eu e você somos meio incompatíveis. Mas sabe, eu tenho um conhecido que ele é perfeito para você! O nome dele é Joe, é alto, cabelo liso desgrenhado, ele vai onde você for, companheiro mesmo!!! Ele mora nos EUA, mas, coitado, a namorada terminou com ele… Deu no pé e sumiu no mundo. Com um pouco de conversa vocês se entendem e se encontram por aí.

        PS: eu sei que você vai sentir uma profunda decepção em relação a mim! Aceita um conselho? Senta com a Monize, ela desconstrói essa imagem 10 que você criou de mim em dois tempos rs

    • (MEU/SEU) PERFUME
      6 de maio de 2024
      Avatar de (MEU/SEU) PERFUME

      Eu vou me controlar… vou me controlar… me controlar… controlar… control….Vou, porr@ nenhuma. Doutor Fulano de Tal não sabe de nada. Não entende como sofro, como você, Givago, o meu Gigi, me faz sofrer.

      Não pude lidar com a sua resposta. Como assim? Está terminando comigo? Como pode ser tão insensível a ponto de me jogar às traças, ou pior, aos braços desse tal de Joe???? Não posso tolerar isso, me dá uma faca ou algo que acabe com esse suplício. Vou cortar os pulsos? Talvez… Não, vou cortar relações com você, seu ingrato.

      A gente acha que encontrou o grande amor da vida e o que vem é uma avalanche de desilusão.

      Guarde seus conselhos para essa tal de Bebê Rena, nem estamos no Natal e você vem com essa… Francamente, que decepção! Mas eu vou ficar bem… bem longe de você …. te odiando como nunca. Comigo é assim.. ai, que dor… ai, que vontade de…

      Por que você não podia simplesmente me amar para sempre? Seria tão mais fácil para nós dois. Agora só me resta esse vazio que o ódio vai engolindo aos poucos.

      Te odeio… não, talvez não… Volta pra mim! Eu prometo tomar todos os remédios. Já estão comigo. Doutor Fulano de Tal até me aplicou um sedativo ou algo do gênero. Tô meio confusa, nem sei se estou no lugar certo… mas o recado é pra você, Gigi, Givago, Divago, Jivago (vou até a Rússia por você)

      Só volta! Volta pra mim… E eu vou esquecer todos os motivos que me fazem odiar você.

      Te amo.

      • Magia do Natal
        7 de maio de 2024
        Avatar de Magia do Natal

        Oieee, menina perfumada!! Saudades de você! Sim, sou eu mesminha, a Magia do Natal!

        Vim trazer uma mensagem do papai Noel. Ele tá meio pistola com você, falou que todo ano você manda cartinha pedindo shampoo anti piolho, e ele já te falou que ele não tem licença pra produzir medicamentos. Ele pediu pra te passar o contato do médico do seu bairro, tô mandando no privado.

        Beijokinhas cheias de glitter.

        OBS: não se esqueçam: o natal não acontece em 25 de dezembro. Ele acontece diariamente no coração dos puros.

  14. Sem Noção
    2 de maio de 2024
    Avatar de Sem Noção

    Oi Meu/Seu Perfume.

    Gata, li seu texto e senti uma conexão entre nós.

    Como diria Joey Tribiani, how you doing?

    Sem Noção

    • (MEU/SEU) PERFUME
      5 de maio de 2024
      Avatar de (MEU/SEU) PERFUME

      Oi, Gato, como vai?

      Gosto de felinos, são tão sensuais e belos. Gardênia não gostava muito deles, será que não gostava de mim??? Não quero nem pensar nisso, não agora. Falemos de você, Gato.

      How you doing?

      Que bom que sentiu a conexão que existe entre nós… eu diria que é mais do que isso, nós são desfeitos e nos recolhemos em um laço, quase abraço. Ah, você me fez ficar assim poética!

      Quer me ler mais? Venha…

  15. Queli
    27 de abril de 2024
    Avatar de Queli

    Texto surpreendente! Enredo excelente.

    Adorei a forma como escreve. Dá prazer em ler.
    Nos devaneios da personagem há uma riqueza literária muito grande.

    É quase lírico. Amei tudo!

    Ficou dentro do tema, sugerindo um roubo diferente, mas mais impactante.

    Espero poder ler outros textos da autora.

    • (MEU/SEU) PERFUME
      5 de maio de 2024
      Avatar de (MEU/SEU) PERFUME

      Estonteante Queli, espero que goste de surpresas. Sou uma caixinha delas… surpreendo o tempo todo, inclusive a mim mesma. Mas só farei surpresas se você assim quiser, podemos combinar isso, embora se houver combinação, não haverá surpresa. Como a vida é complicada, não é mesmo?

      Queli é o seu nome mesmo ou é uma personalidade adjacente da querida Kelly? Já pensei em mudar meu nome para Jasmim, ou algo assim mais floral. Não sabe o meu nome? Ah, não se preocupe com isso… até eu me esqueço dele muitas vezes.

      Por que quase lírico? Não gosto do “quase”…. faz eu me sentir inadequada, entende? Quero o todo, tudo, sem repartir com ninguém. É o meu jeitinho.

      Goste de mim assim, por inteiro… e nunca me abandone. Promete?

  16. Mauro Dillmann
    24 de abril de 2024
    Avatar de Mauro Dillmann

    Texto bem escrito. Tem uma opção por frases curtas, afirmativas, de impacto.

    Cumpriu o tema ‘roubo’ sem cair no óbvio: furto, crime. O tema roubo está contemplado de forma metafórica desde o título.

    A leitura flui bem, o texto é envolvente e lapidado. A escrita é bem conduzida, as palavras, me parecem, foram escolhidas com cuidado. Uma bonita linguagem.

    Doença, paixão e arrebatamento estão presentes. O conto parece deixar alguns pontos ‘em aberto’, exigindo do leitor uma participação.

    Faz um jogo de palavras, trocadilhos e repetições propositais, trazendo certa harmonia para o texto.

    Dois detalhes:

    “Recomendações confiáveis, boas avaliações, o nome me fazem pensar na primavera” [salvo engano, parece que faltou uma vírgula depois da palavra ‘nome’]

    “Não sei porque essa implicância com as redes sociais” [‘por que’ separado, pois significa ‘por qual motivo’]

    Gostei muito dessa escrita. Quero ler outras coisas do/a autor/a.

    Parabéns!

    • (MEU/SEU) PERFUME
      5 de maio de 2024
      Avatar de (MEU/SEU) PERFUME

      Como vai, Dillman? Gosto de frases curtas porque não há nada que não se possa resumir em poucas palavras. Mas aqui me estendo. Talvez por sua causa. Sempre ajo assim quando motivada por uma boa causa, talvez por sua causa.

      Confesso que fiquei um tanto incomodada por ver apontadas as minhas falhas. Ah, como pude ignorar a ausência de vírgula e aquele “por que” aglutinado sem razão (meu impulso de superar qualquer separação?!) Falhei, mas isso não nos impede de seguir em livre conversação. Se afirma, tão gentilmente, que deseja me conhecer melhor, lendo-me em outros contextos, eu acredito. Achei isso muito sedutor.

  17. Luis Guilherme Banzi Florido
    24 de abril de 2024
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Olá, Perfume. Tudo bem?
    Estou voltando aos desafios após longos anos, então estou um pouco enferrujado, mas muito empolgado em ler os contos e deixar minha opinião! Obrigado por enviar o seu, e vamos lá:
    Um resumo rápido do conto: divagações em primeira pessoa de uma menina jovem que foi diagnosticada provavelmente com distúrbio de personalidade limítrofe/borderline, provavelmente tendo um surto após o término recente de um namoro. A personagem desenvolve uma paixão doentia pela psiquiatra, o que resulta em tragédia. 
    Opinião e comentários gerais:
    Para ser sincero, o ritmo do conto até mais ou menos metade não estava me agradando muito. Particularmente, diferente de muitos colegas de EC, eu sou um apoiador dos contos contemplativos/divagantes em primeira pessoa, pois gosto bastante da ideia de explorar psicologicamente e de forma intimista o protagonista. Porém, até metade do conto, eu estava achando o ritmo bastante chato, e me peguei torcendo pro conto não continuar naquela pegada até o final. 
    Felizmente não foi o que aconteceu. Acredito que de 60% pra frente, mais ou menos, o ritmo do conto se beneficiou muito de uma evolução no enredo, passando de divagações um pouco desconexas da mente da protagonista para um enredo interessante, que me deixou imaginando que algo terrível poderia acontecer, devido ao diagnóstico previamente fornecido de borderline. Devido ao título do conto, e ao pseudônimo (Gardênia muitas vezes é uma planta relacionada a amores secretos), imaginei que a protagonista fosse roubar um beijo de seu amor secreto, e ao ser rejeitada, cometeria suicídio. Porém, o final do conto me surpreendeu seguindo outro caminho, e terminou por cima.
    Resumindo, eu diria que o conto seguiu até metade um pouco tedioso, apesar de construir bem a personagem, mas ganhou muito em ritmo e interesse na reta final, terminando num excelente desfecho. No fim das contas, apesar de chata, a primeira parte serve ao propósito de construir bem a personalidade dela para culminar com o desfecho, o que merece seu crédito.
    Uma última observação: admito que, devido ao pseudônimo, eu considerei a possibilidade de a psiquiatra ser a pessoa que nutria um amor secreto pela paciente, afinal, era a dra. quem se chamava Gardênia. 
    Enredo:6,0
    Ritmo: 6,0
    Desfecho: 9
    Técnica 8,0
    Construção de personagem: 8,0
    Total: 7,4
    Parabéns pelo trabalho e sucesso no desafio!

    • (MEU/SEU) PERFUME
      24 de abril de 2024
      Avatar de (MEU/SEU) PERFUME

      Pelo jeito, Sr. Luis, o senhor já me analisou, avaliou e grudou em minha testa um rótulo. Tudo bem, sou o que cada um quiser que eu seja.
      Muito me magoou saber que considera minha narrativa chatinha, boring, decepcionante. Pense nas consequências das suas palavras (era o que dra. Gardênia sempre me falava, ah não, era o dr. Fulando de Tal que dizia isso).
      Enfim, nada importa. Acho que fiquei na média… passei? Raspando! E arranhando meu ego no ralador do seu olhar crítico.
      Não queria ser alguém na média… quero mais do que isso, entende? Claro que não. Já deu para notar que não me entende.
      Como diria Pity: “não espere eu ir embora pra perceber que me acha fod@!”

  18. Priscila Pereira
    20 de abril de 2024
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Perfume! Tudo bem?

    Vou deixar minhas impressões sobre seu conto, lembrando que é a minha opinião e não a verdade absoluta. (Obviamente)

    Que escrita sensacional! Que ótimo uso de palavras, frases e parágrafos! A autora manja muito mesmo! Perfeição!

    O enredo é bastante simples, uma paciente borderline narrando o que se passa em sua mente doente. E toda a divagação é (deve ser) bastante consistente com a situação da protagonista. Não tenho nenhum conhecimento sobre essa doença e nunca convivi com ninguém que tenha esse diagnóstico, então não sei como é, mas me pareceu bastante verossínil.

    Único porém (sempre tem, né?) é que achei bem chatinho todo o começo, até começar a entender do que se tratava, aí começou a ficar interessante e o final, meio aberto, apenas sugerido, achei bem legal!

    Vou apontar o que entendi do final e não me responsabilizo por possíveis spoilers para alguém que não devia estar lendo os comentários antes de ler o conto!

    Então, acho que no final, a personagem mata a psiquiatra com o abridor de cartas. Esse é o único final possível. Imagino que os consultórios dos psiquiatras devem ter mais segurança… Já que pode ser comum os pacientes surtarem e atacarem seus médicos.

    O tema foi bem usado, de forma literal com o beijo roubado e de forma metafórica com a doença roubando a vida da protagonista e da psiquiatra.

    Um ótimo conto, mesmo que um pouquinho chato 😅 (já sei a autoria 😏) Parabéns!

    Boa sorte no desafio!

    Até mais!

    • (MEU/SEU)PERFUME
      24 de abril de 2024
      Avatar de (MEU/SEU)PERFUME

      Entenda, preciosa Pri, que a sua opinião já é a verdade absoluta para mim. Vivo por ela.

      Saber que achou o começo da minha narrativa chatinha muito me desorientou. Mal tive coragem de ler o resto do seu julgamento. Ainda bem que já tinha despejado uma boa dose de elogios, o que ajudou a equilibrar as coisas.

      Sou mesmo assim, como já dizia uma música de um grupo ou sei lá o que (procura no Google, que estou sem tempo pra isso) – “complicada e perfeitinha”. A complicação fica por conta das pessoas que não conseguem enxergar a perfeição em mim.

      Agradeço pela tentativa de me animar, de quase me amar, mas isso não é suficiente para mim. Nunca é.

      Abraço ( não é melhor, não)

  19. Thales Soares
    20 de abril de 2024
    Avatar de Thales Soares

    Não entendi nada, absolutamente nada!

    Peço desculpas pela minha ignorância, mas eu juro que tentei. Li duas vezes. Teve uma hora que eu até dei uma pausa, para beber uma água. Quando voltei, eu nem lembrava em que parte eu parei, então li vários parágrafos que eu já havia lido, e para mim era como se fosse algo totalmente inédito! Meu cérebro simplesmente foi incapaz de conter e interpretar as informações contidas na sua escrita, e eu não sei porque isso ocorreu!

    Dada essas circunstâncias excepcionais, eu me abstenho de fazer minha crítica para este conto. Simplesmente este estilo específico de narração não foi feito para mim, de tal modo que eu não consigo decifrar o que está escrito aí. É meio chato eu dizer isso, mas é a verdade. Para não prejudicar este conto, tentarei dar uma nota neutra para ele, mesmo eu não tendo gostado nem um pouco, pois não quero prejudicá-lo na classificação, visto que nossos colegas parece que adoraram (li os comentários deles).

    Aliás, sorte que os comentários estão abertos, senão, no dias das revelações dos autores, eu me sentiria um idiota por ser o único dando nota baixa e descendo a lenha num conto que aparentemente está muito bom, mas que apenas eu não consegui apreciar.

    Pelo título, o conto me pareceu que atendeu ao tema, já que tratou sobre roubo. Fora isso, entendi que a narração é feita em primeira pessoa, e que a protagonista se parece muito com minha última ex namorada, totalmente doida. Aí no decorrer da trama começou uma divagação sem fim, que não levava a lugar nenhum (ao meu ver), e eu comecei a ficar confuso. Para mim, se eu tivesse lido todos os parágrafos em ordem aleatória, daria na mesma, pois o conto não me pareceu seguir uma linha do tempo, tendo um começo, meio e fim, já que nada acontecia, apenas eram apresentadas reflexões da personagem, que ficava meio que brincando com as palavras, eu acho. E então, no final, parece que ocorreu algum plot twist, eu não sei bem… essa parte ficou meio nebulosa para mim.

    Enfim, é isso. Foi o que eu entendi. Acho que cumpri com minha parte do combinado do desafio, de ler e avaliar cada conto postado, e até tentei (em vão) fazer um resuminho. Li duas vezes, passei por todas as palavras do conto, só não consegui conectá-las e formar algum sentido lógico na minha mente. Mas acho que meu trabalho aqui está feito. Me desculpe por eu ter feito um comentário tão paia, mas eu realmente me esforcei!

    • (MEU/SEU)PERFUME
      24 de abril de 2024
      Avatar de (MEU/SEU)PERFUME

      Thales, como diria dr. Fulano de Tal, desenvolvemos a partir daqui uma relação de amor e ódio. Amo a sua sinceridade e odeio a sua total incapacidade de me entender. Amo o seu esforço para se aproximar de mim e odeio sua tentativa vã de fuga. Você provoca sensações conflitantes em mim, mas tentarei superar isso tudo.

      Talvez não me entender seja a sua declaração de amor mais verdadeira. Como já disse a alguém: não precisa me entender, basta me amar. Me amar totalmente, para sempre, sem condições ou regras.

      Sabe de uma coisa? Estou achando que não somos tão diferentes assim, viu? Sei lá… já consultou um psiquiatra?

      Nos vemos por aí, em algum espelho.

  20. Emanuel Maurin
    19 de abril de 2024
    Avatar de Emanuel Maurin

    No primeiro parágrafo, a personagem é descrita como briguenta de forma magistral. A transição para o segundo parágrafo, onde a mãe a leva a um compromisso é feita de forma suave e elegante. Já no terceiro parágrafo, o autor apresenta a personagem como ladra. Enfim chega a psicologa. As cenas seguintes o personagem é descrito pelo que lê no Google como uma pessoa que sofre borderline. Ela sente uma fantasia inconsciente entre analista e analisando (isso fui ver que era no Google). Depois a narrativa e a história segue fluida com o aprofundamento bem consistente da personagem, ficou bom.

    “César se foi. Quase fui também.” (A briga foi feia.). Em seis palavras você descreveu uma cena forte. Bela descrição. A mulher tá proibida de usar rede social, mas fuça no perfil da doutora. Imagino uma cena engraçada. Achei bem legal o autor ter dado sinais no início do conto que o nome da psicóloga seria Gardênia, coisa de gênio, viu? Outra coisa que achei legal que estou aprendendo a fazer é narrar a antagonista na visão do protagonista, vc faz bem essa descrição. Estou tendo um aprendizado aqui. E outra coisa que eu não sei fazer e você faz bem: reduzir os nomes próprios e pronomes pessoais do conto. Tbm acho bem difícil fazer. “Ela me ameaça. Eu grito. Digo que a amo mais do que tudo, que serei perfeita, serei como ela quiser. Só me deixe ficar, para sempre, ao seu lado.” Que cena maravilhosa! Desculpe se errei em algo na minha análise, porque não sei fazer direito, mas tentei fazer o melhor que pude. Amei o seu conto. Lendo, fui aprendendo. Obrigado por partilhar.

    • (MEU/SEU) PERFUME
      24 de abril de 2024
      Avatar de (MEU/SEU) PERFUME

      Tão terno esse seu posicionamento de discípulo/admirador! Mas sou muito jovem para pretender ensinar algo a alguém. Meu objetivo sempre foi e sempre será outro: ser aceita e amada – mas de verdade, nada dessa sopa de clichês que andam postando nas redes sociais.

      O seu olhar foi acolhedor, senti-me pertencente a uma seita qualquer, de desorientados, que seja, mas que se entendem.

      Se me ama, tudo bem, seguiremos em paz. Mas a paz é tão monótona, não acha?

  21. Kelly Hatanaka
    18 de abril de 2024
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Costumo avaliar os contos com base nos seguintes quesitos: Tema, valendo 1 ponto, Escrita, valendo 2, Enredo, valendo 3 e Impacto, valendo 4. Abaixo, meus comentários.

    Tema
    Conto dentro do tema. Um beijo roubado, uma pessoa com transtorno borderline, que “rouba” a personalidade alheia, bem como pequenos objetos.

    Escrita
    Maravilhosa. Poética na medida, o suficiente para contar a história com a incerteza necessária, flutuando entre os pensamentos erráticos da protagonista, na sua ausência de si, preenchendo-se das outras pessoas, compondo a si mesma a partir de peças roubadas dos outros.

    Enredo
    Uma mulher que sofre de transtorno borderline se apaixona por sua psiquiatra. Por fim, ela rouba um beijo e o que acontece depois é incerto. Estamos seguindo a história pelos olhos da paciente e, pelos seus olhos, Gardênia sorri. Mas esta conclusão não parece coerente com a reação da médica algumas linhas antes, em que ela pega um abridor de cartas para se proteger. Minha interpretação é de que a paciente tomou o abridor de cartas e, no corpo a corpo que se segue, mata a médica.
    Viajei?

    Impacto
    Gostei muito do conto e da maneira como ele foi desenvolvido. É um fluxo de consciência muito interessante pois a personagem não tem uma visão clara de si. Portanto, nós a vemos como uma combinação de outras pessoas, de expectativas, de sentimentos. Nós vemos como ela vai se apropriando de características alheias e vamos seguindo com expectativa o que será desse amor ilusório pela psiquiatra.
    O final não ficou em aberto, mas ele convida a interpretações diversas. Se o leitor se baseia na narrativa da protagonista, tem uma visão. Porém, se adotar o ponto de vista dos demais personagens, terá outra conclusão.

    • (MEU/SEU)PERFUME
      24 de abril de 2024
      Avatar de (MEU/SEU)PERFUME

      Amável Kelly, não sei se você viajou, mas adoraria viajar com você. Tão querida que me traz um bem-querer. Não gosto de finais abertos, não gosto de pessoas ambíguas… ou me ama ou me deixa. Mas você não vai me deixar, vai? Promete????

      Não sei mesmo se sei quem eu sou, ou se tenho uma visão clara de mim. Devo trocar de espelho? Quer ser o meu espelho?

      O que diria dra. Gardênia sobre a nossa relação? Ela desaprovaria, com certeza. Chata! Ela, não a nossa relação. A doutora não me deixava fazer nada, tudo para o meu bem, dizia. No final, foi tudo para o bem de não sei quem, porque dela não foi, não é mesmo?

      Divago, enternecida com as suas palavras, com o desabrochar do nosso relacionamento. Bem me queira e nunca se vá.

      • Kelly Hatanaka
        26 de abril de 2024
        Avatar de Kelly Hatanaka

        Eu acho que a dra. Gardênia me mandaria correr para as montanhas! 🙂

  22. Regina Ruth Rincon Caires
    18 de abril de 2024
    Avatar de Regina Ruth Rincon Caires

    Que trabalho lindo! Que luta dessa “menina” que, mesmo tendo passado dos 50, se ama e se desama tão intensamente! Viver esse transtorno não é nada fácil.

    O texto, além de primoroso, tem um jogo de palavras que atiça a reflexão. Palavras bem escolhidas e profundamente “sentidas” constroem pensamentos que vão além do escrito. Há um texto “invisível” nas entrelinhas. E o jogo de palavras mais perfeito e que enlaça toda a história, no meu entendimento, é:

    “Borderline. Borde linhas.

    Delineie bordas.

    Limite a personalidade, se tiver alguma.”

    E há muitos pensamentos magistralmente registrados aqui. Sim, pensamentos. É isso que o conto traz do início ao fim.  Análise, balanço, observação, diagnóstico, check-up, exploração, verificação, reconhecimento.  

    “E eu gosto de flores, talvez pela impermanência da beleza.“

    “Pessoas são estranhas. Estranhos são pessoas. E por isso parecem tão interessantes.”

    “Cuidados… acolhimento, distinção. Acho que estou me apaixonando por ela.” (e quem é a psiquiatra?)

    “É linda porque assim a vejo, traçada com distinção. Eu gosto da palavra “distinção”. Parece que me faz separar as ideias na mente.”

    “Eu tenho ângulos e fendas e relevos onde passam mãos e desejo. Sou humana, talvez demasiadamente humana, como disse algum filósofo.”

    “Não aceito o diagnóstico, afinal, ele não me conhece. Nem ela. Não de verdade. E se eu for só uma mentira?”

    “Só queria que ficássemos juntos, e ele estava indo embora. Aos poucos, aos picados, gotejando pelo ralo do cotidiano.”

    “Perder não era uma opção. Perder era como morrer.”

    “Caro, muito caro. Repetir a vida do outro traz despesas impensadas.”

    “Eu sei, eu sei tudo sobre ela. Decoro, exploro, sou ladra das suas malditas intenções.”

    “Eu troco de dores, as paixões me dominam, eu viro outra, eu só sei ser outras. Nunca eu mesma. Eu roubo identidades, me aproprio dos seus gostos e visto suas personalidades. Deveriam se sentir amadas, admiradas, honradas por eu tê-las como modelo.”

    “Poderia me livrar das fantasias tão inapropriadas para a minha idade, afinal sou tão jovem. Se houvesse nisso uma precisão, uma urgência maior do que a própria vida, eu agiria assim.”

    “Nasci para brotar em momentos específicos, florescer de acordo com o olhar do outro. Da outra. Da doutora. Ela é bela, sensível, tola e vulnerável.”

    “Eu busco nela o que perdi em mim, o que nunca tive de fato em mim.”

    “Sou imperceptível debaixo dessa camada que é dela, é ELA. Acaricio a pele marcada. Aquela futura cicatriz em chamas.”

    “Têm um ritmo profanado, revelam desejos libertos.”

    “Acho que combina comigo. Tudo combina comigo. Ou sou eu que combino com tudo?”

    “Ela se levanta aflita. Começa a dizer coisas sem sentido: projeção, engano, transferência, distorção de imagem, sentimentos equivocados. Finjo que escuto e só a observo. O corpo tenso, mas inquieto. A boca trêmula, à espera de resolução.”

    “Ela é tão eu, eu tão ela, uma simbiose que me alucina. Aqueles lábios cobertos do mesmo batom que estampa os meus sorrisos. Acaricio seu rosto, seguro seu queixo e a beijo. Como se fosse o vidro do espelho, o reflexo de uma felicidade tardia.”

    “Foge delirante de um desejo que desaprova. Eu sei. Ela me ama. Mas o amor, às vezes, é impronunciável.”

    “Ela me ameaça. Eu grito. Digo que a amo mais do que tudo, que serei perfeita, serei como ela quiser. Só me deixe ficar, para sempre, ao seu lado.”

    “Muito ágil, já disse que sou jovem, me aproprio do seu papel, das suas curvas, do objeto ameaçador.”

    “…desfazendo-se em goles sem fôlego. Permanece inerte, esparramando sua ausência no mesmo lugar.”

    “…tudo é paz agora.”

    Desculpe-me! Para falar sobre as frases que reproduzem pensamentos tão intensos e explicativos, quase repeti integralmente o conto, mas até que merecia. O texto é tão profundo e tão significativo que, não sei se viajei “além” dele, vejo a caminhada de uma suicida. A batalha entre resistir, enfrentar e se render ao que é mais forte nesse jogo. “O transtorno de personalidade borderline é um transtorno mental grave caracterizado por um padrão de instabilidade contínua no humor, no comportamento, autoimagem e funcionamento”. Há muito sofrimento neste caminhar, o indivíduo vive em “constante instabilidade emocional, sensação de inutilidade, insegurança, impulsividade e relações sociais prejudicadas. Essas experiências geralmente resultam em ações impulsivas e relacionamentos instáveis.” E provocam comportamentos descontrolados, podendo chegar à automutilação, além de pensamentos e comportamentos suicidas.

    Não sei, mas é tudo narrado de maneira tão compulsiva que, quando a leitura termina, vem aquela sensação: queria tanto ter chegado a tempo de ajudar.  E pensar que tudo isso ocorre tão próximo a nós. Na família, nos amigos, no vizinho, no colega, e podemos só enxergar quando uma tragédia descortina tudo.

    Autora, nem percebi se há deslizes na escrita. Que importa?! Se a estrutura do conto está perfeita? Bah… Só sei que a leitura abalou as “minhas” estruturas. E que beleza de desabafo, que narração tumultuada de uma realidade igualmente tumultuada vivida por quem carrega esse transtorno! Que dolorido sentir isso. O conforto que fica é saber que “…tudo é paz agora.”

    Desculpe-me se interpretei equivocadamente a sua criação. E também por ter escrito quase 3500 palavras! Jesus…

    Parabéns pelo trabalho!

    Boa sorte no desafio!

    Abraço…

    • (MEU/SEU)PERFUME
      20 de abril de 2024
      Avatar de (MEU/SEU)PERFUME

      Misericórdia! Quantas palavras cabem em um comentário? Não sou capaz de me igualar e camuflar minhas angústias em tal personalidade prolixa… Se bem que, metade é de frases minhas, não é?

      Adorei o seu jeitinho. Adorei os elogios, o reconhecimento da poesia em minha fala. Mas será que sou assim mesmo? Talvez tudo seja uma grande mentira e você não goste nada de mim. Não de MIM MESMA, a real.

      Por acaso sabe o meu nome? Meu endereço? A vida do meu filho, desde o fim até o começo? Brincadeira, não tenho herdeiros… Uma das coisas que a doutora pediu (exigiu) que eu evitasse… Nasci para brotar em momentos específicos, florescer de acordo com o olhar do outro, sem nunca frutificar.

      Por favor, eu imploro, continue me amando. Mesmo que eu seja uma cópia da cópia da cópia da cópia de um reflexo que se perdeu no tempo.

  23. Antonio Stegues Batista
    18 de abril de 2024
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Mulher cleptomaníaca, se apaixona por sua psicanalista. Confesso que no início não gostei da narrativa e até pensava em detonar o conto, mas a parte final mudou minhas intenções psicopáticas. Há uma reviravolta no final, embora possa ser previsível, mas a diferença é a narração, as descrições e o ritmo imposto, perfeitos. O teor poético parece exagerado, mas essencial, necessário, como as cores são essenciais para dar beleza a uma pintura e além disso, é parte biológica da personagem. Então, os primeiros parágrafos são meio lentos, chatos. arrastados, embora seja necessário para formar as circunstâncias, o ambiente tanto físico quanto mental, e para o grande final, né. Cumpre o tema, já que a personagem é uma ladra de profissão.

    • (MEU/SEU)PERFUME
      20 de abril de 2024
      Avatar de (MEU/SEU)PERFUME

      Olha, nunca tinha me chamado de ladra assim na cara dura, viu? Ladra eu? Nem o doutor Fulano de Tal levantou essa hipótese. Pelo menos disse que sou uma profissional, elevou a calúnia a um certo grau de elegância.

      Mas se gostar de ser assaltado, serei a maior mão leve que já conheceu. Sou boa nisso de ser o que não sou e ser o que gostariam que eu fosse se eu não fosse como sou igual a todo mundo e mesmo assim ninguém.

      Se você tem intenções psicopáticas, acho que estamos bem. Estamos, não estamos? Diz que sim, por favor, por favorzinho… diz que sim!!!!

  24. Vladimir Ferrari
    18 de abril de 2024
    Avatar de Vladimir Ferrari

    “Permanece inerte, esparramando sua ausência no mesmo lugar” coisa linda de se ler. Emocionante. Uma viagem pelo intelecto, sem dúvida e um roubo “bem planejado”. Excetuando-se alguns “me” desnecessários no início do texto (NA MINHA OPINIÃO, desconsidere), já carimbo com um “11”.
    Experimentei sua narrativa como um trecho de “A Insustentável Leveza do Ser”, que estou lendo. Aquele entremear de sensações e sentimentos em primeira pessoa que parece terceira e envolve o leitor em uma mente perturbada, atenta ao mundo ao mesmo tempo em que devassa a mente do personagem. Sensacional. Parabéns.

    • (MEU/SEU)PERFUME
      20 de abril de 2024
      Avatar de (MEU/SEU)PERFUME

      Eu estava me sentindo tão acolhida, tão querida e quase pertencente ao seu mundo, quando você veio com essa história de MEs desnecessários.

      Você sabe o quanto dói se perceber desnecessária, uma inútil? Sabe como é ser um saco vazio de identidade procurando se encaixar entre as palavras dos outros?

      Me deixa! Me entenda! Me ama! Todos esses MEs importam!

      Mas você parece que gosta de mim… então deixa pra lá, vamos conversar sobre como somos maravilhosos. Se você gostar de conversar, se não, ficamos em silêncio… o que você achar melhor. Desde que me queira, desde que eu seja o seu perfume favorito. É simples, não é?

      • Vladimir Ferrari
        22 de abril de 2024
        Avatar de Vladimir Ferrari

        Perdão. É que comentários, como já observaram outros autores dos desafios, não são o meu forte. No meu caso, adoro críticas. Quanto mais ácidas e amargas, mais me motivam a ser melhor. Considero-me um eterno aprendiz e pretendo nunca deixar de considerar-ME (rsrs) assim. É um texto lindo de ler, independente das minhas anotações. Confesso que gosto de frases “estranhas” para a maioria. Mas, como faço questão de frisar: fique a vontade para desconsiderar o que digo. O texto é seu, a premissa é sua e sou apenas um invejoso de não ter a sua capacidade de criar coisas (repito) tão belas de se ler. Abraços.

  25. Angelo Rodrigues
    18 de abril de 2024
    Avatar de Angelo Rodrigues

    Olá, senhora Perfume sem Gardênia.

    O conto está muito bem escrito. Transfere ao leitor um gosto pela leitura, com construções inteligentes e poéticas.

    Isso é bem legal.

    O conto passa ao leitor a ideia de uma mulher bipolar (multipolar?)  que, em fase equilibrada, faz reflexões acerca de sua própria personalidade mutante. Causas? Todas podem ser, nenhuma está no cardápio, ou podem vir no pacote ao nascer. Entre os remédios: a compreensão de tudo o que está em jogo.

    A protagonista, de forma incessante e compulsiva, busca referências externas do seu modo de existir. A psicanalista, o google, Fulanos de tal. Relata um comportamento bastante comum aos que têm esse distúrbio. Poucos compreendem e aceitam o ritmo de um bipolar/multipolar, que em dado momento são introspectivos, até mesmo repulsivos, e em outros são expansivos e agregadores. De modo geral esse comportamento natural a quem tem o problema, pode parecer propositalmente danoso a quem o compartilha de fora.

    Um pouco estranho, no processo de cura – se assim se pode chamar, dado que formalmente não se conhece como resolver o problema –, que se escolha afastar a paciente das informações do mundo. Não faz sentido, dado que todo processo, seja ele qual for, deve buscar “aterrar” o paciente, pondo-o em contato com a realidade do mundo, ainda que sob proteção.

    Pelo desenvolvimento textual, parece que a paciente vive um forte momento de projeção em direção a quem lhe cuida.

    Confesso que, num dado momento, fiquei perturbado pela direção que o conto tomou. De uma boa construção textual e avaliação psicológica muito bem traçada pelo autor, o conto partiu em direção a uma paixão pouco plausível entre médico/paciente, bastante pouco verossímil, ou, por outro lado, a existência de uma cuidadora muito pouco preparada para acompanhar a paciente, deixando se envolver afetivamente, o que destrói o que foi construído na parte inicial.

    Ou o conto não é outra coisa que não o efeito da bipolaridade da personagem como fruto de um “delírio” que se construiu no texto. Não sei.

    Fiquei com a impressão de que a maior parte do conto não se encaixa nessa parte final, a despeito de tudo funcionar bem na condução dos acontecimentos. Essa condução, segura a princípio, não me pareceu indicar a possibilidade do fim que o conto tomou, um plot twist bastante estranho, dadas as indicações construídas de início.

    No que diz respeito ao texto em si, acho que ficou bem legal, mas tem um gosto esquisito de implausibilidade construtiva e/ou lógica. Não o desmereço por isso, pelo contrário, acho que o conto está ótimo, mas… acho que algo estranho aconteceu.

    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio.

    • (MEU/SEU)PERFUME
      20 de abril de 2024
      Avatar de (MEU/SEU)PERFUME

      Sabe, moço, que aqui onde estou, com essas paredes brancas, o silêncio e o efeito das drogas (dizem que é o melhor pra mim, mas não sei não…), sinto a presença de seres angelicais…e o seu nome me lembrou de anjos, assim como o nome dela me faz pensar na primavera. Melhor mudarmos de assunto.

      uma mulher bipolar (multipolar?)  que, em fase equilibrada, faz reflexões acerca de sua própria personalidade mutante = essa definição me deixou ainda mais confusa. Foi coisa do Doutor Fulano de Tal?

      Primeiro dizem que sou só uma garota confusa, depois sugerem um diagnóstico estranho: borderline, e agora você vem e diz que sou praticamente um multishow de possibilidades. Como posso construir uma personalidade saudável a partir desses picados que vocês, sábios, me oferecem? Fica difícil, assim, meu anjo.

      Mas sei lá, gosto como você pensa, talvez eu pense igual, não sei… Fale mais sobre seus gostos, desgostos, que remédios você está tomando? Acho que podemos nos entender bem, muito bem.

      Me aceita? Por favor, me queira bem… ou vou te odiar para sempre.

      Ou não!

  26. Eduardo Machado
    18 de abril de 2024
    Avatar de Eduardo Machado

    genial

    • (MEU/SEU) PERFUME
      20 de abril de 2024
      Avatar de (MEU/SEU) PERFUME

      Nem sei onde estou, quem sou ou por onde vou (as drogas novas ainda não estão funcionando, serão experimentais?), mas paro aqui por um momento para dar a atenção que eu tanto quis só para mim. Seu comentário foi o mais breve, o mais impactante, o mais relevante. E para responder à altura: amei!

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Informação

Publicado às 17 de abril de 2024 por em Contos Campeões, Viagem / Roubo e marcado .