EntreContos

Detox Literário.

O Sniper Alemão (Sniper)

Quando meu pai retornou da Segunda Grande Guerra, havia aprendido apenas duas coisas: manusear armas e dirigir automóveis. Perdeu todos os dentes e uma grande parte da orelha esquerda. Durante todo o tempo em que passou na Itália, ficou encarregado de levar e trazer o comandante do seu esquadrão por onde quer que ele fosse, desde que não houvesse conflito, mantendo-o sempre longe do fogo dos nazistas.

Não era apenas isso, havia outras histórias. Conforme seus relatos se repetiam, deixávamos de dar crédito ao que falava. Tudo mudava segundo o seu desejo de tornar suas histórias cada vez mais estranhas, macabras e mórbidas.

Um dia, quando sua cabeça já não estava bem, nos disse que havia combatido o Caudilho Francisco Franco na Guerra Civil espanhola. Bem, isso nos pareceu, a mim e a meu irmão Benito, o fim de sua sanidade. As coisas andavam muito mal com ele, que começava a mostrar que delirava em sonhos de heroica grandeza. As loucuras da guerra, dos cigarros e do álcool pareciam pôr um fim à sua lucidez, que nunca foi grande coisa.

Sem ter o que fazer, exilado em sua própria casa, habituou-se ao silêncio. Permanecia horas sob o telheiro da varanda vendo o tempo passar. Vivia a estranha quietude de uma alma que se perdia. O herói que descansava cultivando o vício da inércia após o combate.

Sob o telheirinho ele podia ver o céu, as árvores, alguma criação solta pelo quintal. Um pouco mais distante, via mamãe lavando e passando um mundo de roupas que levaria até a casa dos que lhe pagavam algum dinheiro pelo trabalho de lavadeira. Ele não se movia, não ligava ao que via, não se dava conta do seu entorno. Aumentou o gosto que tinha pelos cigarros e pelo álcool, e quando falávamos de seus vícios, dizia que os adquiriu com a desesperança das trincheiras enquanto a morte não chegava do céu para matar amigos que dividiam aquela loucura.

Ora era heroico combatente, ora passeava num veículo com seu comandante, ora descansava em camas de lona, ora em valas defensivas onde esperava por uma ordem de atacar ou morrer sob o fogo dos obuses nazistas. Talvez fumasse e bebesse entre um desespero e outro, ou entre um descanso e outro, nunca soubemos. Verdades ou mentiras; sempre incertezas. Tudo nos parecia igual. Nunca contava a mesma história duas vezes. Ao serem recontadas elas se transformavam em outras, novíssimos relatos. Seguia aumentando seu repertório. Em tudo havia um delírio de poder e impotência, violência e mansidão. De verdadeiro ficava sempre a disposição que tinha para desavenças com vizinhos ou desentendimentos em bares. Queria respeito, que o respeitassem a qualquer custo. Era um herói.

Um morteiro que caiu próximo a ele o deixou sem os dentes e uma parte da orelha, dizia. Falava dos soldados que haviam morrido ao seu lado, os que sofreram danos maiores que os seus, e sempre descendo a detalhes quando falava de pernas e braços mutilados. Não lamentava, apenas transformava sua talvez casual sobrevivência em algo glorioso. Havia sobrevivido a uma guerra e isso o tornava um homem maior, mais determinado, embora nunca soubemos para quê, em qual direção.

Muitas vezes esquecido dessa versão, dizia que o coice de uma mula na base do Monte Castello — ou Castelnuovo, comuna de Velgato, não lembrava —, lhe arrancara os dentes e decepara uma parte de sua orelha, que se reduziu quando apodreceu após gangrenar. O médico podou-a, deixando no lugar uma aba curta e um buraco por onde ouvia pouco.

Tempos depois, esquecido do que nos havia contado, girava essa verdade na direção de uma briga com soldados do 5º Exército Americano num bar da Toscana, onde lhe estragaram o rosto com pancadas.

Meu pai era um herói de guerra. Nunca soubemos o que de fato aconteceu em seu rosto, ou mesmo se algo de anormal na guerra custara aqueles tantos danos, pois de tudo que nos dizia, sempre variavam as circunstâncias, embora permanecessem os mesmos estragos, visíveis e permanentes.

Mamãe nunca o desmentiu ou apoiou, talvez por já estar farta de tanto ouvir invenções de um bêbado que não se emendava, e quando ela percebia que papai passava da conta, dizia seu nome com alguma autoridade seguido de uma repreensão saída de um gesto, e assim transformava seu silêncio numa forma banal de autodefesa. Já não desejava se envolver.

Nesse tempo de contar histórias sobre a guerra, ele conseguiu trabalho em uma carvoaria enchendo sacos com tocos de carvão e os costurando com barbante, para depois vendê-los longe, dirigindo um caminhão tão sujo quanto ele. Quando retornava para casa, era então um homem negro enorme do qual só reconhecíamos o branco dos olhos e suas pupilas da cor do café ralo.

Esse emprego, como tantos outros, durou pouco, pois, com cigarros e fósforos, fez a poeira fina dos carvões explodir e provocar um incêndio na carvoaria, que o levou mais uma vez ao desemprego. Não se importava com isso, dizendo haver uma outra qualquer razão para o terem demitido. Foram injustos comigo, dizia. Tudo que lhe vinha em desagrado seria injusto, e nunca saberia o porquê de seus imerecidos azares.

Sem emprego, tudo piorava. Vinham as brigas, mais bebidas e menos tínhamos o que comer e vestir. Súbito, seu furor se acalmava, e a rapidez com que surgia nele algum ódio, ele se pacificava. Voltando à varanda fumava e bebia olhando o que os olhos alcançavam, como se ali permanecesse acumulando desencantos que explodiriam como o pó dos carvões.

Algumas vezes, tão de repente quando se deprimia, voltava à vida, disposto a resolver tudo com um emprego que conseguiria. Então corria à rua em busca de algum trabalho que nos desse dinheiro. Por hábito ou necessidade, queria estar próximo daquilo que pouco tínhamos: comida e bens. Trabalhou em feiras livres, restaurantes, mercadinhos de bairro, e sempre por pouco tempo, pois era comum que o pegassem a fumar, beber ou a furtar coisas de pouco valor: eram roupas, comida, cigarros e bebidas. Sabíamos que as roupas e a comida que furtava apenas justificava os furtos de cigarros e bebidas, habituando-se à vodca barata que facilmente encontrava.

Era comum vê-lo desperto por toda a noite, quando já havia consumido todo o álcool que pudesse encontrar e não era capaz de conseguir mais. Caminhava silencioso pela casa, indo e voltando, acelerando o tempo com suas intermináveis caminhadas pelos cômodos, esperando a chegada do dia para correr a um bar e começar tudo de novo.

Muitas vezes terminou seus dias em delegacias. Sempre fazendo arruaças após bebedeiras ou praticando algum furto sem importância. Um bêbado um pouco doido que tinha a fábula de ser um herói de guerra. Numa dessas vezes em que deixou a cadeia, começou a fazer coisas estranhas, e tudo era motivo para iniciar uma briga, e quando não estava buscando algo que o aborrecesse, voltava ao telheiro da varanda. Ficava por lá, por horas a fio, observando distâncias, elaborando algum plano para resolver nossos problemas. No fim do dia, o saldo de suas ações era a existência de dezenas de guimbas jogadas à sua frente, espólios das horas inutilizadas.

Era visível a sua indiferença, e sempre saía dali direto para a cama, quando dormia por horas sem fim. Havia dias em que despertava cheio de energia. Consertaria o que havia de ruim pela casa, ajeitaria o automóvel que tinha algum defeito, reconstruiria o muro desmoronado pelas chuvas, consertaria o portão que estava quebrado. Ouvia-o falar enquanto olhava o vazio do quintal abandonado, tomado pelas folhas caídas das árvores, sem muros ou automóvel, que nunca tivemos, e a casa nunca teve conserto que a melhorasse. Tudo nele piorava, e creio que nesses dias delirava ou tinha repentes em confusa sanidade.

Quando completei dez anos meu irmão Benito já estava com quinze. Foi nesse tempo que papai ganhou um emprego no governo como motorista de um rabecão, uma picape com traseira estendida pintada em preto e branco com quatro baús de aço que transportavam cadáveres. Nunca soube ao certo como aquilo aconteceu, mas creio que o emprego era parte de um programa para ex-combatentes desafortunados que levavam a vida em desordem.

A partir desse emprego tudo mudou. Ele começou a se ajeitar. Deixou de lado a apatia sob o telheiro e esqueceu os bares e as brigas de rua. Por volta de quatro e meia da manhã, mamãe acordava, ia ao fogão e preparava algo para ele levar como almoço, além de uma garrafa térmica com café, que colocava em sua bolsa de ombro. Ele acordava logo em seguida, pegava o que mamãe havia preparado e corria para chegar ao trabalho.

Recolhia corpos encontrados pela cidade e os levava ao necrotério. Era o que fazia. Ele não se importava com tudo aquilo. Um morto era apenas alguém em cujo corpo não havia vida. Nada de estranho com a morte, ao contrário, dizia que a morte se transformara num meio de vida. Mamãe não gostava do que ouvia, mesmo sabendo que as coisas melhoravam em casa com aquele emprego mórbido. Ele estava empregado, era um serviço público, afinal, algo que lhe caíra do Céu — ou do Inferno.

Mamãe dizia que papai era o empregado perfeito. Não ligava à morte por  viver uma guerra que não terminava, e era hábil ao volante, audaz quando bebia além da conta, capaz de ir a qualquer lugar dirigindo seu sinistro automóvel. Não via perigo em nada, não tinha medo. Assim, um pouco louco, fazia rolar a vida com dois filhos e uma esposa.

Foram anos felizes para ele, até começar uma outra forma de loucura — ou mórbida estranheza —, quando chegava com seu rabecão para almoçar em nossa casa. Próximo ao meio-dia, ele entrava em nosso quintal e abria a traseira do veículo, puxava as gavetas e nos mostrava, a mim e a Benito, os corpos que havia recolhido pela manhã. Sempre do mesmo: gente aos pedaços, perfuradas por balas ou facadas, atropelamentos. Lembro de um morto que custei a identificar. Com graça ele o chamou de papa — custei a entender que não era o papa, mas de uma papa de gente, a sopa de um morto, algo gosmento e de cheiro insuportável. Fazia aquilo imaginando que eu e Benito devêssemos acompanhá-lo naquela graça macabra.

Depois de nos apresentar aqueles corpos, ele entrava em casa, sentava-se à mesa e comia como um passarinho, sem disposição para almoçar ou jantar. Mantinha com ele um copo de vodca e esquecia da refeição. Falava, falava, falava, contava como havia encontrado cada um daqueles corpos que deixava na traseira do rabecão estacionado à sombra de uma amendoeira. Às vezes, trazia com ele um pedaço de salame e o comia em fatias, ou enquanto durasse a bebida. Sem sequer se despedir de nenhum de nós, pegava novamente o rabecão e retornava ao trabalho, indo ao IML entregar sua carga da manhã.

Aquele homem grande aos poucos começava a se deixar afetar pela inapetência, e ganhava outra vez uma voracidade pelos cigarros e pelas bebidas. Íamos outra vez nos acostumando a ele, ao seu jeito antigo, às suas coisas, com as visões de morte trazidas por ele até nós. Ele queria que eu e Benito ficássemos próximos dele, levando-nos a conhecer cada um daqueles cadáveres. Imaginávamos isso, eu e Benito.

Com aqueles que tinham boa aparência, mortos por infarto, mal súbito, envenenamento ou outra causa sem dano físico relevante encontrado pelas ruas, ele percorria os bolsos, os pulsos, os sapatos e as meias em busca de algo. Roubava dos defuntos canetas, cordões, relógios, pulseiras, estojos de maquiagem, alfinetes de gravata, cigarreiras, garrafas de bolso para bebidas, essas coisas, sempre algo que fosse um bem solidamente pessoal para o morto ou morta que encontrava. Nunca fez dinheiro com o que furtava. Nada vendia ou penhorava, e por mais que as coisas ficassem difíceis em nossa casa, sempre manteve tudo guardado e ordenado num armário em seu quarto. Tratava aqueles objetos furtados como sagrados, guardados em seu relicário. Eram lembranças de uma morte que conhecia e da qual havia cuidado. Parecia realmente prantear cada uma delas. Talvez os imaginasse como amigos soldados naquela guerra da qual não conseguia sair.

Muitas vezes entrei em seu quarto e o vi observando aqueles objetos, e o fazia como se transportado a um preciso momento, vivendo o instante em que o tirou do morto, ou lembrando do próprio morto, formulando secretamente uma história para ele, um desconhecido.

Gostava de mostrar, a mim e a Benito, o que tinha nas mãos, e dizer algo, por exemplo, sobre a beleza de uma caneta Parker 51, que acabei por herdar dele. Muitas vezes ele a colocava no bolso quando saía para trabalhar. Era capaz de lembrar perfeitamente do morto do qual a furtou. Sabia como o sujeito havia morrido, o local em que o encontrou e o recolheu, a hora, tudo, e insistia para que eu e Benito o ouvíssemos contar todas essas coisas em detalhes.

Embora aquilo nos parecesse mórbido, parte do seu horror ou de sua avançada loucura, eu gostava de ouvi-lo, Benito também. Gostávamos do mistério em que tudo aquilo se transformava na voz cheia de entonações com que nos contava tais histórias. Acostumávamo-nos com a morte, particularmente com a morte violenta.

Não sei o que o levou ao hábito de acompanhar alguns daqueles defuntos até que fossem sepultados — aqueles pelos quais estabelecia uma forte empatia —, quando tinha a oportunidade de se solidarizar com a família, passando-se por amigo ou alguém que havia conhecido o falecido numa data incerta. Sempre me pareceu sincero quando dizia que estava indo ao sepultamento de algum daqueles que havia transportado em seu rabecão.

Por muitas vezes ele nos fez acompanhá-lo. Vestia-nos com ternos de garotos, sapatos engraxados, bem penteados, e finalizava tudo dando um nó elegante em nossas gravatas. Fazia, a mim e a Benito, alguma preleção antecipada acerca do morto que lá encontraríamos, e o que mais pudesse saber sobre ele, depois nos levava até a capela de algum cemitério.

Por decorrência desses pequenos roubos, quando descobertos, passou seis meses na prisão. Não chegaram a denunciá-lo formalmente, não o levaram até um juiz que o julgasse. Depositaram-no, como de hábito, num amontoado de outros homens. Uma pilha deles. Numa coleção de perdidos. Ele resistiu. Formou amigos que iam e vinham. Sempre novos, todos tão antigos quando esse costume de colecionar homens que não se deseja cuidar, embora se queira punir. Não devia estar ali. Era um louco, não um bandido. Seu mundo era limítrofe, embora nem eu mesmo soubesse em que lado do mundo o devessem colocar.

— Já designaram um defensor público pro seu caso? — disse a ele quando o visitei.

— Dois. Vieram falar comigo.

— Dois?

— Dois idiotas. Queriam que eu aceitasse… já não sei. Loucura, disseram. Mas não tiveram coragem de usar essa palavra. Nunca soa bem…

— Insanidade mental por conta da guerra?

— Dois moleques que ainda não tinham barba. Mandei voltarem às fraldas…

— Prefere continuar preso?

— Você já jogou roleta-russa? — ele me disse. Parecia não me ouvir.

— Roleta-russa? Por que está dizendo isso?

Tive vontade de deixá-lo e voltar para casa, mas aguentei firme. Ele sempre conseguiu me manter curioso quando começava a me contar histórias.

— Voltei a pensar sobre isso… sobre a guerra, já que você falou da guerra.

— Você nunca saiu da sua guerra.

— Ninguém sai de uma guerra depois que entrou nela. Qualquer guerra; inclusive a que temos na cabeça, tendo ou não vivido uma guerra de verdade.

— Acho que não precisa ser assim.

— Havia por lá um soldado. Chamava-se Juracy Jordão. Já falei dele… o da foto.

— Havia muitas fotos…

— Não importa. Está morto. Ele gostava de jogar roleta-russa. Ganhava algum dinheiro jogando roleta-russa. Quando não estava roubando algo, um par de botinas, um quepe, suprimentos do rancho, essas coisas, ele estava procurando alguém que quisesse jogar com ele, a valer dinheiro. O cara gostava de dinheiro, mais do que gostava da vida. Não era fácil encontrar alguém que quisesse jogar, mas um ou outro aceitava. Sempre há.

— Não devia ser assim… jogando com tantos. Muitos mortos…

— Falavam de um sniper alemão usando uma Karabiner 98k com mira telescópica. Era o que diziam quando alguém aparecia com um tiro na cabeça, do jogo. Juracy era amigo de um tal Ernani, o soldado que levou um coice de uma mula no meio da cara e perdeu os dentes. À noite, os dois gostavam de visitar uma égua mansa que havia em nosso acampamento. Fodiam com ela durante a noite enquanto a coitada pastava no sereno. Levavam a égua até uma cerca, subiam na cerca e fodiam com ela. Quando não achavam a égua, procuravam por uma italiana velha que arranjaram numa dessas saídas noturnas.

“Eles odiavam a velha, que gostava do Ernani, um cara bonitão. Era uma mulher com voz em falsete dizendo coisas lascivas a quem a fodesse. Eles riam quando ela se esgueirava pelas sombras noturnas dos muros em busca de um soldado, algo rápido, furtivo, às vezes pagando algum dinheiro para ser fodida, às vezes sem dinheiro, mas sempre buscando pelo Ernani.

“Eles gostavam de fazer graça com a velha, dando sustos pra que ela corresse de volta pra casa em pânico, ridícula e atrapalhada, sem os sapatos, às vezes sem as roupas, mas sempre sem o pouco dinheiro que tinha. Eles a deixavam partir e iam procurar pela égua. Acho que preferiam a égua à velha italiana.

“Quando podiam, gostavam de ficar na casa de armas brincando com revólveres. Gostavam de jogar com a sorte, desafiar o destino e esperar pelos resultados. Quem teria mais coragem? Era a vez de Ernani, que apontou a arma contra a própria cabeça e apertou o gatilho. Só ouvimos um click, um nada, quase silêncio. Depois eu peguei a arma, girei o tambor sem pensar e apertei o gatilho. Outro nada. Então foi a vez do soldado Juracy, que tantas vezes ganhou. De olhos fechados ele tomou das minhas mãos o revolver, girou o tambor sem olhar o que fazia e apertou o gatilho. Levou nisso apenas um segundo, tempo pra não ter um pensamento que detivesse a sua mão. Ele não ouviu um click, ele não ouviu nada em meio a uma explosão imensa, um trovão no silêncio da noite. Como uma marreta, a cabeça do Juracy caiu sobre a mesa onde estávamos, tão rápida quanto os nossos pés deixaram o lugar. O Demônio quis Juracy e o levou embora.

“Novamente o sniper alemão tinha levado a melhor. Era assim que chamávamos o demônio de cada um de nós naquela loucura de guerra. Nosso sniper alemão.

— Nunca imaginei.

— O quê?

Sniper alemão. Todos temos um sniper alemão? É isso?

— Você trouxe cigarros? Não tenho conseguido por aqui… deixe seus cigarros comigo e vá embora. Aqui não é lugar pra você, um garoto como você.

Ao final de seis meses um advogado pro bono o libertou. Não foi difícil, uma vez que nunca foi dado à Justiça conhecer os crimes que ele de fato cometeu, roubando dos mortos. Nunca houve denúncia formal. Tudo foi dado como boato, mentira, qualquer coisa que o fizesse ficar livre novamente.

Retornou para casa e ao telheiro da varanda, fumando e bebendo. O tempo, aqueles seis meses em que passou na prisão, pareceu nunca ter existido, um maldito lapso, tempo ínfimo. Agia como se tivesse acordado de um sono para retornar à varandinha e fumar e beber. Estava outra vez sem emprego. Era novamente o herói de guerra que observava distâncias.

Sobre Fabio Baptista

22 comentários em “O Sniper Alemão (Sniper)

  1. Queli
    4 de maio de 2024

    Um conto bem escrito, que fala das impressões de um filho sobre o pai, que ele considera viciado, maluco, inconsequente, e não confiável.
    O tema está representado.

    Minha crítica é quanto à mesmice do texto, tornando a leitura maçante, cansativa.

    Talvez, e somente talvez, se tivesse explicado o problema do pai em dois ou três parágrafos e discorresse sobrevida das histórias com várias facetas tivesse ficado mais interessante. Mas, como eu disse, isso é só um talvez…

    Boa sorte!!

  2. Luis Guilherme Banzi Florido
    2 de maio de 2024

    Olá, Sniper! Tudo bem?

    Eu estava seguindo um padrão bem organizadinho de comentários, que eu copiava e colava usando a mesma estrutura pra todos. Infelizmente, agora estou voltando pro Brasil e no avião preciso usar o cel, de modo que todo meu padrão foi pro beleléu. Desculpe. Ainda assim, vou comentar com o mesmo empenho e usando os mesmos parâmetros e seriedade. Vamos lá!

    Uma melancólica história sobre um pai que sai da guerra, mas a guerra nunca sai dele. Uma tragédia realista vivida por milhões de jovens soldados ao redor do mundo. Geralmente, países que se envolvem em guerras por períodos extensos acabam com as famosas “gerações perdidas”, gerações de homens que voltam “quebrados” e não conseguem mais se adequar à vida comum em sociedade. Esse tema é muito presente na literatura, cinema, quadrinhos, etc. Alias, recomendo a leitura da HQ do the punisher, do Garth Ennis, que aborda esse tema de forma magistral. Acompanhamos a difícil vida daquela família, cujo pai nunca voltou da guerra. É um triste drama familiar, com uma excelente escrita, sólida e muito competente. Porém, o enredo me incomodou um pouco, devido a repetição excessiva do comportamento do pai. O conto se estende, e não há muita novidade durante um longo tempo, onde continuamos vendo as mesmas situações se repetindo. Isso atrapalhou o ritmo da leitura, pois começou a me cansar e eu fiquei um pouco entediado, pra ser sincero. As coisas melhoram a partir do novo emprego como coletor de defuntos. Acredito que esse seja o ponto alto do conto. Na minha opinião, se você tivesse reduzido o trecho inicial da construção do personagem do pai, e utilizado mais espaço do seu limite falando sobre essa época do emprego no rabacao, o conto teria muito mais impacto e seria mais interessante.

    É bem curioso quando o pai começa a mostrar os defuntos prós filhos, por exemplo.

    A ideia do sniper alemão é bem boa! Gostei!

    E no final, o ciclo se reinicia e ele termina onde começou, um trágico e realista retrato da vida de milhões de pessoas.

    Devo dizer também que, na minha opinião, o tema ficou bastante mal utilizado aqui. Eu sei que o homem era cleptomaníaco, e portanto o roubo é mencionado na história, mas não parece q o conto siga o tema roubo, e sim que o roubo aparece como elemento secundário e esporádico na trama. Para ser justo com os demais participantes, vou descontar pontos da adequação ao tema, mas vou descontar bem pouco, pois você até que tentou enquadrar.

    Construção de personagens: 9,0

    Enredo: 6,0

    Ritmo: 6,0

    Técnica: 9,0

    Desfecho: 6,0

    Adequação ao tema insuficiente: -1,5

    Nota final: 6,9

    Parabéns e boa sorte!

  3. Fabio D'Oliveira
    1 de maio de 2024

    Buenas!

    Relações parentais fazem parte da literatura universal, né? Podem ser abordadas de diversas formas, mas nunca deixam de intrigar, cativar e emocionar. A pessoa que não tem problemas com a mãe e o pai, ou ambos, não sabe a felicidade e o privilégio que possui. Seria desonesto da minha parte falar que o conto não mexeu comigo de certa forma. Tenho problemas com meu pai. Então, durante a leitura, teve vezes que tirei alguns segundos para respirar e refletir sobre o passado. Acho que é natural. Quando o leitor se relaciona com a história, a imersão se torna maior, mais profunda e autêntica.

    O conto se dedica a falar sobre o pai do narrador. Parece que é apenas isso. Mas não é. Quando Paulo fala de Pedro, sabemos mais de Paulo do que de Pedro. Sem perceber, o narrador revela parte de sua história quando fala do pai, o herói de guerra. Tudo o que temos é a visão que o protagonista tem do pai. Não sabemos quem ele realmente foi e é. Podemos apenas conjecturar, tal como o filho faz o tempo inteiro. No decorrer da leitura, percebi que o narrador tenta construir uma imagem sólida do pai. Tenta desvendá-lo. E, na impossibilidade de entendê-lo por completo, vê-se frustrado, mas também instigado. De todas as formas de demonstrar amor, talvez aquela era a forma dele demonstrar o amor que sentia pelo pai problemático. São

    São duas histórias dentro de uma.

    É mais fácil compreender quem é o filho do que o pai. Pois a imagem do último está nublada pelos julgamentos do narrador. Isso deixa o personagem paterno mais interessante, no meu ver. Quem ele realmente era? Por que vivia naquele ciclo de vícios? Por que não abandonava a guerra? São tantas questões, mas pouquíssimas respostas. E é natural que seja assim. O pai, tal qual o sniper alemão, são mistérios na vida do filho. Nada mais coerente do que isso.

    A escrita é muito boa. Boa organização de parágrafos, dicionário rico, construção textual excelente, algumas passagens bem inspiradas. Sobre o estilo, temos uma narrativa densa, um tanto pesada, que, admito, cansou bastante. Tanto que precisei descansar depois da leitura para tecer um comentário mais completo e poder refletir sobre o que tinha lido. Não estou acostumado a consumir esse tipo de literatura, acabo evitando, sendo honesto. Acho a vida pesada e busco leveza nas coisas que consumo.

    Porém, uma decisão criativa, ou intuição do autor, incomodou-me bastante. O conto dá voltas e voltas, narrativamente falando, consolida uma ideia, deixando-a redondinha, parece que vai seguir adiante e repete a mesma ideia, mas com palavras diferentes. O conto dá uma boa guinada quando o pai consegue o trabalho com o rabecão. Fica mais interessante, pois quebra o ciclo anterior. Entendo que essa decisão talvez tenha sido proposital para reforçar os ciclos de vício do pai, o quanto cansativo isso era para sua família, etc. E não condeno essa decisão. Entretanto, isso afeta a leitura de algumas pessoas e a experiência final, tornando seu conto mais nichado. Como leitor, acho justo apontar essa impressão.

    Não posso dizer que gostei do conto. Ele tem muitas qualidades, sim, cativou algumas lembranças, dolorosas, mas cativou e isso é um mérito, querendo ou não. A obra acerta quando se comunica com o leitor. Mas acredito que o que citei acima acabou me impedindo de desfrutar melhor da leitura.

    O saldo é positivo, não se engane. Está dentro do tema, abordando o roubo de forma literal e não literal. E com certeza ganhará uma boa nota, minha.

    Continue escrevendo!

  4. Gustavo Araujo
    29 de abril de 2024

    Em densas linhas, o texto nos conduz à mente de um homem estilhaçado por seu pretérito pessoal glorioso (assim o crê) e que se vê obrigado a lidar com a vida ordinária que agora lhe envolve.

    Aqui somos apresentados à epopeia de um ex-pracinha da FEB, que aparentemente passou por situações dramáticas entre a vida e a morte e que nelas, nessas situações, encontrou sentido para a própria vida, seja quando escapava da artilharia nazi-fascista (já que estava na Itália), seja quando conduzia tediosamente seu comandante de companhia pelos campos em conflito na região da Toscana.

    Não é desconhecido que a guerra molda a personalidade de cada indivíduo e que dita a maneira como viverão depois de passar por ela – quando têm essa oportunidade. Por isso é crível e verossímil o atrapalho do nosso protagonista quando conta e reconta com novas cores os acontecimentos que vivenciou. Por isso é crível que mesmo depois desse evento marcante, tenha dado ao filho mais velho o primeiro nome de Mussolini, Benito, o que leva a crer que o narrador chama-se possivelmente Adolf.

    Especulações à parte, não é de surpreender a dificuldade do protagonista em adaptar-se à vida real, sua opção pelos pequenos furtos, seu apego aos cigarros e principalmente à bebida, tudo com o intuito de fuga. David Morrell talvez tenha sido o autor da obra que mais fielmente retrata esse desencaixe,cuja adaptação para o cinema terminou por tornar-se ícone da cultura pop – o primeiro e único Johnny Rambo.

    Retomando a análise do texto, percebe-se o resgate momentâneo àqueles dias gloriosos quando o homem acha emprego como motorista do rabecão. A proximidade com a morte lhe traz paz, é evidente, dá à sua vida o sentido, o propósito vivenciado em sua versão mais saudosa. Ao terminar preso, só lhe resta refugiar-se nas lembranças daqueles dias uma vez mais, trazendo para isso – surpreendentemente – a lenda do sniper alemão, o subterfúgio usado pelos soldados para a prática de roleta russa.

    É interessante perceber que essa história específica era ainda desconhecida pelo filho-narrador. Talvez estivesse guardada na mente do pai para uma ocasião especial, de desespero, em que ele precisasse dar vazão a alguma frustração. Mas é fato que irá repeti-la em algum momento, alterando nomes e circunstâncias.

    De certa forma, este conto é a história de todos nós, que buscamos no passado idealizado o sentido para nos impelir adiante. Por isso é fácil nos identificarmos com o protagonista, com seus dramas, com sua ingenuidade, com sua crença inútil em um futuro tão brilhante quanto o passado. Em algum momento deixaremos de ser este para nos tornarmos aquele – se bem que não é impossível que, em alguns aspectos, essa transformação já tenha ocorrido.

    No geral, a história está muito bem escrita e nos conduz com bastante eficiência pela mente perturbada de uma pessoa ordinária mas ainda assim fascinante. De fato, é um recorte da existência um sujeito dilacerado psicologicamente pelo evento mais dramático que alguém pode experimentar.

    Achei que algumas ideias ficaram repetitivas, porém, mas nada que atrapalhe a experiência. Pelo lado pessoal, fiquei aguardando um clímax, uma espécie de apoteose narrativa, em que o velho soldado, enfim, encontrasse ele mesmo o sniper tedesco – algo que de fato justificaria o título do conto. Mas esse é meu eu rabugento. Por certo outras pessoas hão de apreciar melhor a maior virtude desta história que é o ato de privilegiar a autenticidade em detrimento de malabarismos narrativos.

    Parabéns pelo trabalho e boa sorte no desafio.

  5. Magia do natal
    29 de abril de 2024

    Oiê! Sim, sou eu de novo, a magia do natal. Achou que eu tinha ido embora? Que tolice, a magia do natal nunca desaparece, enquanto você mantê-la viva em seu coração!

    Sniper, o papai Noel tá meio pistola com você. Parece que faz três dias que você não escova os dentes. Ele pediu pra avisar que ele é mágico e inspirado num santo, mas ele não é dentista!

    Beijos natalinos cheios de amor e vitalidade óssea para todos vocês!!!!

  6. MARIANA CAROLO
    23 de abril de 2024

    Eu queria dizer que eu achei o conto maravilhoso. Mesmo, leiturona. E eu tenho muito estudado sobre a participação brasileira na II Guerra, coisa que nós pouco conhecemos e valorizamos enquanto país (escute Smoking Snakes - Sabaton). E apesar da adequação mais óbvia ser o roubo, acho que entra a viagem aqui também. Uma sem volta, pro inferno que é uma guerra. O pai é falho, mas me lembrou o meu avô. Eu já trabalhei com arquivos de crimes violentos e eu super entendo o fascínio e a forma dele lidar. Enfim, história 5,0/5,0 (O nome do mais velho é nome de fascista? Irônico)

    Narrativa excelente. A construção das frases me lembrou Cormac McCarthy, maior elogio eu não posso dar. Narrativa – 4,0/4,0

    O título e toda a figura do sniper alemão é muito excelente, a imagem também. Enfim – 1,0/1,0

    Nota 10/10. Impressionante, mesmo.

  7. claudiaangst
    18 de abril de 2024

    Oi, Sniper, tudo bem?

    O conto aborda o tema proposto pelo desafio, às vezes como pano de fundo, às vezes de forma metafórica, mas o roubo está lá em linhas e entrelinhas.

    Uma longa narrativa, com detalhes da vida do protagonista, descrições e narrativa dentro da narrativa. O texto tem fôlego, na minha opinião, para se desenvolver em um romance. Talvez seja um bom ponto de partida para algo maior, entende?

    Linguagem bem empregada, não encontrei erros que chamassem a atenção, talvez discorde de algumas vírgulas, mas nada de relevância. Conto bem elaborado, sem pontas soltas, dentro do tema e limite propostos. Exato e claro, mas confesso que senti alívio ao chegar na parte do diálogo. A leitura flui mais fácil, e eu tenho pressa, mas isso é problema meu, não é mesmo?

    Só fiquei confusa com uma passagem:

    “Tudo nos parecia igual. Nunca contava a mesma história duas vezes.” – Se o pai nunca contava a mesma história, como tudo parecia igual?

    Enfim, um bom conto, muito bem escrito, apresentando pleno domínio de escrita e notável gosto pela narração. Não agradará a todos os leitores, mas acredito que alcançará uma boa classificação.

    Boa sorte!

  8. Thales Soares
    15 de abril de 2024

    Escrita:

    – Enredo um pouco maçante, sem nada de muito interessante acontecendo.

    A escrita é boa e bastante fluida. Dá para notar que o autor possui perfeito domínio da escrita. As descrições são ricas e mergulham o leitor na mente desse veterano de guerra (qual é mesmo o nome dele? não sei se é mencionado na história). A única questão que não me agradou (por uma mera questão de gosto pessoal) é o fato de que o autor usa uma narrativa introspectiva que fica divagando e refletindo sobre a memória, a culpa e a identidade alterada pelos traumas da guerra, o que me pareceu um pouco entediante. Mas isso foi mencionar mais a fundo na questão de enredo. Os diálogos do final foram muito legais, e tivesse mais disso ao longo da história, eu teria gostado mais.

    Adequação ao Tema:

    Aqui o conto pecou. Dá para notar que o tema “Roubo” é abordado de forma bastante sutil. Ele não é o cerne da história, mas sim um mero detalhe, que poderia simplesmente não estar presente na história, e nada mudaria. Não tenho o costume de tirar muitos pontos pela falta de carinho ao tema, mas fico com a sensação de que a história já tinha sido escrita há muito tempo, e então o autor lembrou-se que tinha algumas menções sobre roubo, e decidiu enviar para o desafio (não estou alegando que isso ocorreu, estou apenas dizendo que é a sensação que se passa quando a história passa longe do tema). Pode ser também que eu, como leitor, não tenha sido hábil o suficiente para detectar que o autor estava abordando o tema Viagem, onde o veterano de guerra fica o tempo inteiro viajando ao passado, aos tempos de guerra. Mas se essa foi a intenção, creio que o autor deveria ter dado mais pistas, pois não é o leitor o responsável para atribuir o tema do desafio à sua história.

    Entretenimento:

    Aqui foi o que mais pegou para mim. Mais uma vez devo dizer que, por uma mera questão de gosto pessoal, eu não me senti preso à história. Apesar de uma escrita de alto nível, fluida e com ótimas descrições, eu me senti cansado enquanto lia, pois nada acontecia na história. Achei o ritmo excessivamente lento. Pelo título, e pela imagem em preto e branco, achei que teríamos um enredo mais agitado, com um pouco de ação e suspense. Mas tempos aqui somente os relatos sobre um veterano de guerra que ficou ruim da cabeça e não consegue mais se encaixar na sociedade. Ele ficou um ótimo personagem, e gostei do desenvolvimento que ele teve. Mas a história, na minha visão, não o colocou em situações que o fizessem brilhar, apenas o jogou num cotidiano entediante, onde ele ficou presos nos seus vícios e memórias antigas. Pode ser que esse de fato tenha sido o objetivo do autor… e por isso eu digo que eu não gostei apenas por questão de gosto pessoal mesmo. Os dois filhos do homem, e a esposa, me pareceram bem pouco explorados… mesmo um dos filhos sendo o narrador, nada na história contribuiu para que ele tivesse destaque, e ficou parecendo que o narrador era onisciente. O climax do final, como eu disse anteriormente, foi bacana, mostrando o diálogo da parte em que o veterano estava preso, onde ele conta sobre a existência de um fictício sniper, que justifica as mortes no jogo de roleta russa, e justifica também o título da história.

    Conclusão:

    PONTOS POSITIVOS:

    – Escrita de alto nível, com ótimas descrições, e boa fluidez.

    – Abordagem bem trabalhada sobre os danos psicológicos de um veterano de guerra.

    PONTOS NEGATIVOS:

    – Não se importou muito com o tema proposto do desafio.

    – Enredo um pouco maçante, sem nada de muito interessante acontecendo.

  9. Vladimir Ferrari
    15 de abril de 2024

    Está bem escrito e é pertinente com o tema, ainda que citando. Há certos excessos na composição das frases, muito por conta da opção de uma narrativa longa e dissertiva sobre o personagem central. Benito poderia facilmente desaparecer e a trama permaneceria densa e cansativa, rolando devagar até a ação no momento do encontro entre o narrador e seu pai na prisão.
    Eu sugiro, para engrandecer essa premissa (claro, se o autor/autora quiser), cortar sem descartar tudo o que acontece antes desse encontro e retalhar essa pirmeira parte como um jogo psicológico entre pai e filho, diante da perspectiva da resolução entre liberdade e execução (porque não?). O pai navega das loucas águas das lembranças de guerra, guiado pelo “barqueiro” do título. Um personagem atormentado pelo medo do percursor encontrar a espoleta. E um filho cheio de compaixão, assistindo a loucura apertar as correias na mente do seu grande herói.
    Bom, quem acabou viajando nas possibilidades do seu texto, fui eu. Sucesso.

  10. Givago Thimoti
    15 de abril de 2024

    Olá, Sniper Alemão!

    Tudo bem?

    Até o presente momento rs, não pretendo participar desse desafio. Ainda assim, eu resolvi participar comentando os contos, destacando mais minhas impressões como leitor, sem necessariamente me debruçar sobre a parte gramatical ou pertinência com o tema, por exemplo.

    “O Sniper Alemão” é um conto pesado, emocionalmente falando. Um tanto quanto mórbido, o que é adequado à história de um militar que lutou na Segunda Guerra Mundial e sofreu consequências psicológicas graves com a experiência. Entretanto, ao fim da leitura, a morbidez do conto tornou a leitura cansativa e batida. A sensação que tive foi que a história se alongou um tanto a mais do que o necessário.

    Nesse sentido de alongar, acho que faltou uma limpa no texto. A presença de Benito, por exemplo, só comeu umas palavras, ocupando espaço ali. A sensação que tive foi a Benito era extremamente esquecido pelo narrador-personagem, que aí fazia um adendo a Benito. Enfim, chatice minha. Ainda assim, destaco que o conto tem partes extremamente bem escritas. Destaco o seguinte trecho:

    ”Com aqueles que tinham boa aparência, mortos por infarto, mal súbito, envenenamento ou outra causa sem dano físico relevante encontrado pelas ruas, ele percorria os bolsos, os pulsos, os sapatos e as meias em busca de algo. Roubava dos defuntos canetas, cordões, relógios, pulseiras, estojos de maquiagem, alfinetes de gravata, cigarreiras, garrafas de bolso para bebidas, essas coisas, sempre algo que fosse um bem solidamente pessoal para o morto ou morta que encontrava. Nunca fez dinheiro com o que furtava. Nada vendia ou penhorava, e por mais que as coisas ficassem difíceis em nossa casa, sempre manteve tudo guardado e ordenado num armário em seu quarto. Tratava aqueles objetos furtados como sagrados, guardados em seu relicário. Eram lembranças de uma morte que conhecia e da qual havia cuidado. Parecia realmente prantear cada uma delas. Talvez os imaginasse como amigos soldados naquela guerra da qual não conseguia sair.”

    Boa sorte no Desafio!

  11. Emanuel Maurin
    13 de abril de 2024

    Um pai que foi à guerra transporta para a família todo o sofrimento que sente por meio de ações ruins, tais como pequenos furtos que faz nos cadáveres que carrega, é alcoólatra, fuma e mostra os cadáveres aos filhos. Entre todos os contos que li, esse é o terceiro conto de que gosto. Os personagens são bem aprofundados, a leitura é fluida, o cenário e os diálogos são bons. Também gostei do final. 

  12. Mauro Dillmannn
    10 de abril de 2024

    Muito bem escrito, correto na língua portuguesa.

    Um filho, personagem-narrador, fala sobre o pai, suas memórias de guerra, seus vícios, defeitos e vontades. O filho o considera louco. Conhecemos o pai a partir do relato do filho. Conhecemos o irmão, Benito, pelo relato desse mesmo narrador-personagem.

    O texto investe muito no discurso indireto e na descrição, que embora detalhada e relevante, torna-se um pouco cansativa. Um pouco mais de diálogo, intercalado à descrição, tornaria o conto, na minha percepção, mais atrativo. Exceto se o conhecimento indireto da figura paterna revelasse algo fundamental do conto, o que, me parece, não foi o caso.

    Embora os pequenos roubos do pai tenham sido o motivo da sua prisão, ou seja, aparece no enredo, o ‘roubo’ em si não é o tema do conto. Nem viagem. O conto trata da percepção do filho sobre o pai e suas supostas memórias desviantes e elocubrações de guerra.

    Parabéns pelo conto !

  13. Marco Saraiva
    9 de abril de 2024

    Em primeiro lugar: durante este desafio eu não terei acesso a um teclado brasileiro, então os meus comentários serão desprovidos da maioria dos acentos. Perdão pela dor nos olhos!
    Em segundo lugar: resolvi adotar um estilo mais explícito de avaliação, pegando emprestado do que o Leo Jardim fazia antes, com categorias e estrelinhas, e também deixando no final um “trecho inspirado”, que é uma parte do conto que achei particularmente bela ou marcante.

    —————————-

    Avalição

    Gostei da leitura no geral. Sua escrita me prendeu bem. A leitura vem facil, flui pelos olhos, e nao da para notar o tempo passar. O conto em forma de relato nunca é o meu preferido, mas aqui voce demonstrou que sabe o que faz e escreveu o texto muito bem, amarrando os temas e a historia, inclusive sabendo finalizar a narrativa – com ele de volta ao estado anterior, o que combina com o tom do conto – o que nao é algo que todos sabem fazer.

    TÉCNICA ●●◌ (2/3)
    Como falei, gostei da escrita, muito bem feita. So nao gostei dos dialogos. Os personagens nao tem voz propria, e as falas parecem apenas continuacoes dos paragrafos descritivos.

    HISTÓRIA ●●◌ (2/3)
    É uma boa historia, que prende, mas nao é uma historia excepcional ou que destaque o conto dos outros por este aspecto.

    TEMA ●◌ (1/2)
    O tema esta presente mas eh secundario. Ele surge mais para o final um pouco mais forte, ja que eh o motivo de o pai do narrador ser preso, mas ainda assim o tema real do conto nao eh roubo, nem viagem. Sao as mazelas da guerra e as marcas que sao deixadas nos que retornam.

    IMPACTO ● (1/1)
    É um conto impactante, tanto pelas historias contadas pelo pai do narrador, quanto pelas cenas mais visualmente terriveis, como os corpos que ele trazia de volta para casa, ou a historia titular do sniper alemao.

    ORIGINALIDADE ● (1/1)
    É um conto bem original. Nao lembro de ter lido nada parecido.

    Trecho inspirado

    “Ele resistiu. Formou amigos que iam e vinham. Sempre novos, todos tão antigos quando esse costume de colecionar homens que não se deseja cuidar, embora se queira punir. Não devia estar ali. Era um louco, não um bandido. Seu mundo era limítrofe, embora nem eu mesmo soubesse em que lado do mundo o devessem colocar.”

  14. Sidney Muniz
    7 de abril de 2024

    Título: O Sniper Alemão (Sniper)

    Cara: Não gostei por se tratar de uma palavra de origem Inglesa, o atirador seria alemão? Não li, mas não gostei do título.

    Coroa: Essa porra do Cara sempre quer achar algum defeito. Título tá bom, nem começou ainda e já está reclamando.

    Cara: o começo é apenas a outra ponta do fim, Coroa!

    Peso para título: Cara/Caroa: Cara venceu na moeda

    Cara: lendo o texto o excesso de pronomes seu/sua/seus/suas é em exagero.

    Coroa: Caralho, o cara só reclama, se é seu ou sua não importa, o texto é dele!

    Coroa: O texto é bom, é tipo um “Logan” da vida, bem sangrento, é um bom conto, a escrita é arrastada, mas tem uma boa polidez. Gosto de ver quem sabe escrever um texto assim. Denso, pesado, não descreve tudo, mas descreve muito.

    Cara: Concordo em algumas partes Coroa, mas no início o conto é arrastado demais, tedioso, falta algo. Talvez a trama do roubo poderia ter entrado um pouco antes. Custa a engrenar. Eu não curti.

    Coroa: Você é um nutela FDP da geração Z, sem sal e sem açúcar que não sabe o que quer. O texto é bom, não ,merece um 10 mas daria um 7 pela escrita. Escreveu o mais do mesmo, mas muito bem escrito.

    Cara: Vou pensar nisso!

    Coroa: o trecho final é maravilhoso, seu imbecil.

    Cara: Concordo com isso. O final é muito bom. Acredito que título do texto deveria ser o Sniper Russo! Mas tem o porquê de ser o Sniper Alemão.

    Coroa: Vamos dar logo um 8 para ele!

    Cara: Não. Vamos reler isso depois e avaliar. A escrita não é perfeita, o texto é arrastado e cansa, eu em alguns momentos pensei em não terminar de ler.

    Coroa: Seu cú! Texto bom pra cacete! Tudo indo bem. Texto nota 8 sem pensar duas vezes.

    Cara: Mais respeito, pois estamos em um ambiente culto, não é a esquina da nossa casa, ou um baile qualquer. Concordo que precisamos repensar e num geral eu gostei do conto, até aqui, nessa primeira leitura daria nota 6.

    Cara/Coroa: Vamos discutir isso!

    Peso da nota geral em análise.

    O Coroa pede desculpa pelo palavreado do Cara.

    • claudiaangst
      18 de abril de 2024

      Cara, avisa pro Coroa que “cu” não tem acento. O mesmo vale para nu, tu, cru, etc. E não vamos discutir por isso.

  15. Angelo Rodrigues
    6 de abril de 2024

    Olá, Sniper.
    Conto bom de ler.
    O autor passeia pelas dificuldades de uma família disfuncional, tudo pela ótica de um dos filhos do protagonista, o irmão de Benício, que não tem nome.
    O conto, embora contado mostrando um drama profundo, tratando da loucura de um homem que foi à guerra, tem um tom ameno. A docilidade com que o narrador fala das dificuldades da família, não permite que se perca o foco da complexidade psicológica proposta pelo autor. Tudo é controlado para que não tome o rumo da repulsa do leitor. Tudo segue, alternando momentos de dificuldade e alguns momentos de alívio cômico.
    Interessante ressaltar a capacidade do pai em relatar suas dificuldade de modo a criar nos filhos um desejo de saber, de ouvir histórias. O pai, para além de sua loucura, passa a ideia de que seja um grande contador de histórias, ainda que muitas vezes mórbidas.
    O conto passeia por diversas ideias que vão e vêm. Creio que o autor tem querido fazer o leitor entender que nesse vaivém, as coisas mudam um pouco, dado que as histórias mudam conforme muda o humor do protagonista. O coice de uma mula, em princípio foi a causa de suas deformidades, noutro ponto, esse coice se deu com outro personagem. Os danos no rosto, que se explicam confusamente, não deixam de insinuar que decorrem de um jogo de roleta russa. Isso ele não conta. Tão louco que era, conteve-se em relatar o que lhe ocorreu.
    O conto tem uma riqueza interessante, com muitas nuances psicológicas. A linguagem utilizada é bem legal, ritmada, poética.
    Um belo conto bom de ler.
    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio.

  16. Kelly Hatanaka
    5 de abril de 2024

    Costumo avaliar os contos com base nos seguintes quesitos: Tema, valendo 1 ponto, Escrita, valendo 2, Enredo, valendo 3 e Impacto, valendo 4. Abaixo, meus comentários.

    Tema
    Conto dentro do tema, tanto nos roubos praticados pelo pai quanto pelo futuro, roubado da família. Enxergo também o desajuste do pai como sendo a razão que foi roubada dele pela guerra.

    Escrita
    Deliciosa. É uma escrita bonita, lírica e, ao mesmo tempo, direta e clara. A história é contada com alma, há algo mais além da narrativa por trás das palavras.

    Enredo
    Não é um enredo elaborado, cheio de reviravoltas. O conto trata do pai e as reviravoltas são as incertezas a respeito de suas histórias. Numa hora ele se feriu em uma batalha. Em outra, foi um coice. Por fim, fica a impressão de ter sido a roleta russa. Ou não. O enredo não é elaborado e não precisa ser, pois a história não pede. O importante é construir essa incerteza e isso foi feito com perfeição.

    Impacto
    Uma história bonita que acaba como começa, o que só reforça o sentimento de desamparo. Não há salvação para o pai, nem para a família. Resta apenas esperar o sniper alemão. Gostei muito desta imagem do sniper, representando os demônios internos de cada um, e do final, mostrando que nada mudaria.

    Parabéns pelo conto e boa sorte no certame!

  17. Antonio Stegues Batista
    5 de abril de 2024

    O conto está bem escrito, frases criadas com esmero, lógicas, claras. A história de um ex combatente da Segunda Guerra Mundial que, como tantos outros sobreviventes, sofre com os traumas adquiridos com os horrores do campo de combate. O texto é composto por narrativas que vão e voltam no tempo, ações do passado e futuro que se mesclam em boa harmonia e coerência. Há uma miríade de detalhes e informações fornecidas pelo personagem que conta a história do pai. É como se uma torneira tivesse sido aberta e uma enxurrada de ideias encheu a cabeça do autor que teve o cuidado e habilidade para escrever e colocar tudo em ordem para que fosse compreensível; dentes, orelha, cigarro, bebidas, telheiro, carvoaria, caminhão, mula, égua, idosa, cadáveres, IML, caneta, cordão, relógio, sniper e muito mais. Bom conto. Boa sorte no desafio.

  18. Sílvio Vinhal
    2 de abril de 2024

    A condução da história é muito bem feita e nos leva pela mão, nos envolve e vai nos mostrando, por dentro, os personagens, as viagens insanas do pai, a míséria da guerra dentro e fora das pessoas.

    O tema é contemplado não apenas no roubo declarado das relíquias que o pai coleciona mas, também, na infância roubada dos filhos, no companheirismo e na vida matrimonial roubados da esposa, e de tudo que foi roubado do personagem principal, que é, ao mesmo tempo, algoz e vítima.

    Fiquei com a impressão de que as sequelas do pai foram, também, adquiridas no jogo da roleta russa. Uma orelha destroçada? E os dentes, teria sido também um coice?

    O desenvolvimento do texto, a meu ver, é quase perfeito. Talvez pudesse ter sido um pouco mais enxuto, mas não chega a comprometer o resultado. Há um momento, em específico, em que a história parece rumar para o desfecho e “recomeça” – justo quando o protagonista vai para a cadeia e, então, conta a história do sniper.

    O primeiro conto do desafio já levou o nível lá para cima! Os outros contistas que lutem! Parabéns e boa sorte! 

  19. Regina Ruth Rincon Caires - Caires
    2 de abril de 2024

    Dá gosto em participar de desafio que principia com um texto desta qualidade. LI e reli. Já era noite alta, mas eu não queria parar a prosa com Sniper; então, reli. Fiquei encantada com a clareza das descrições, com a emoção “envergonhada” que o narrador coloca em cada parágrafo. Falo de emoção “envergonhada” por causa da maneira amorosa e consternada com que o filho “conta” as práticas desajustadas do pai. Quando havia confusão mental, acredito que como escape dos horrores que o pai testemunhou na guerra, o recontar da história com personagens diferentes era até uma diversão. Mais leve para escrever.

    Sei que o tema escolhido do desafio (ROUBO/VIAGEM) está presente de maneira plena. O roubo talvez esteja mais explícito, mas eu também encontrei e embarquei nas viagens de “ausência” do pai. Que produção linda!

    A construção do texto é perfeita. Sniper envolve a gente com tanta competência que acho que nem pisquei durante a leitura. Enlaça o leitor.  Devo admitir que encontrei inteira identificação com as sensações descritas, pelo filho, sobre a realidade da família que enfrenta o vício da bebida. Do sono desregrado, que é vivido por todos, da falta de dinheiro, da insegurança. Quando fala de acabar o dia em delegacia, Ave Maria! Dói…  É um contar pesaroso.

    A guerra é um mal que não se explica. Os sobreviventes, quase na sua maioria, são mortos-vivos. Os horrores vividos engolem grande parte da sanidade, a sensibilidade é anulada. A vida se torna uma luta entre “ir” e “ficar”. Seguir ou parar. Observe que o pai tem ímpeto de recomeçar, mas não tem força para sustentar o desejo. Tudo parece fadado ao fracasso.

    Os roubos são tão mórbidos. Acho que apenas ele conhecia o verdadeiro significado daquele comportamento. Há roubos que não são roubos (heresia?). Verdade! Em uma entrevista, Amaral (ex-jogador do Palmeiras) contava a sua vida antes da fama. Ele trabalhava numa funerária, vestia os defuntos e os acomodava no caixão. Coisa sinistra, né?! Então, ele dizia que a família trazia as roupas para colocar no finado, tudo novinho. E ele olhava tudo aquilo: meias ainda na embalagem, cuecas zero-bala! Aí ele pensava: lá em casa tanta gente sem meia, sem cueca… Bem, o final você pode imaginar, né?! Eu o absolvo…

    Sniper, não há sequer um senão a questionar. O seu trabalho resulta numa leitura que afaga os sentidos. Mesmo com teor doído (nunca é bom lidar com desacertos em família), o conto vem para somar valores. Fiquei mais completa depois da leitura. Pensei, pensei, pensei, e dormi…

    Parabéns por tanta sensibilidade!

    Boa sorte no desafio!

    Abraço…

    • Regina Ruth Rincon Caires - Caires
      2 de abril de 2024

      Em tempo: confesso que quando li sobre as doideiras da roleta-russa, senti certa aflição. Juracy e Ernani eram endiabrados, mas, quando começa a história da “égua mansa”, caí na gargalhada. Não se assuste. Tive a lembrança de um fato lá da minha infância. Sempre fui muito curiosa, vivia tentando escutar as conversas da turma dos primos e do meu irmão. Todos mais velhos que eu. E entre essas escutas, percebi que havia coisa atravessada e que eu não entendia. Pra resumir: guardei apenas uma palavra. Mas vou juntar coragem para contar o final da história, tá bom?!

  20. Priscila Pereira
    2 de abril de 2024

    Olá, Sniper! Tudo bem?

    Vou deixar minhas impressões sobre seu conto, lembrando que é a minha opinião e não a verdade absoluta. (Obviamente)

    O conto narra a vida de uma família disfuncional, onde o pai “sobreviveu” a guerra e meio que mostra que as pessoas podem sair de uma guerra, mas a guerra nunca sai delas…

    A mãe trabalha muito pra sustentar os filhos e o pai vive no mundo dele, no vício, que ele julga justificado por tudo que supostamente passou na guerra. (Achei seu protagonista parecido com um tio avô que não largava a bebida e o cigarro também e que achava justo ser um fardo pras demais pessoas e ele não tinha a justificativa de já ter estado em uma guerra)

    O narrador é o filho mais novo e quase não participa da trama, é só um observador mesmo.

    A história é interessante, a escrita é muito boa, daquelas que você lê com prazer independente do que está escrito. Mas… (Sempre tem, né!) achei que você repetiu muito certas idéias imagino que para frisar bem, mas que achei desnecessário.

    Poderia ter enxugado muita coisa, que não haveria dano para o enredo. O conto é muito visual e fica meio repetitivo as vezes. Coisas que já entendemos, que já imaginamos…

    Gostei do final, onde tem o diálogo, você poderia ter usando mais esse recurso, daria mais agilidade e tiraria algumas repetições desnecessárias.

    Achei muito interessante a história sobre o Sniper alemão ser o demônio que levava a alma deles depois que desistiam do corpo (pq só quem já desistiu do corpo pra entrar em uma roleta russa, né?)

    O tema foi utilizado, mais como pano de fundo do que como tema central, o que é igualmente válido, mas sem grande originalidade ( já tô querendo demais também, né).

    De qualquer forma é um bom conto, que brilha mais pela escrita do que pela história.

    Parabéns pela participação!

    Boa sorte no desafio e até mais!

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Informação

Publicado em 1 de abril de 2024 por em Viagem / Roubo.