EntreContos

Detox Literário.

Com Tato (Karina Nou)

Ao dar o primeiro passo fora da prisão, Renato ainda não se sentia livre de verdade. Se vê de mãos atadas. Com o coração acelerado, a cabeça repleta de questões, sem enxergar nenhuma perspectiva de futuro. O dia chuvoso aumentava ainda mais aquele astral depressivo dele.  Mesmo assim, resolve passar pelo cemitério onde estava enterrada a sua mãe. Chegando lá ele se impressiona com o contraste da imagem que viu. Ao fim do caminho preenchido de túmulos, os raios do sol deram o ar de sua graça iluminando a morbidez daquele cenário. Renato fez uma prece e conversou com aquela que sempre foi a sua musa inspiradora. Os raios solares surgindo do nada, depois de uma chuva forte, para ele só poderia ter uma explicação. E o olfato despertado entre os odores de vela ali permanentes, pelo cheirinho do sabonete que a sua mãe usava também.

Renato amava tanto a sua mãe que se viu na obrigação de vingar a sua morte. Com suas próprias mãos. E foi por essa razão que ele foi preso.

O mármore escrito Saudades Eternas que o seu padrasto colocou com o nome, data de nascimento e de morte dela estava já meio apagado. Mas o tempo não fez Renato esquecer o dia em que a sua mãe foi cruelmente assassinada. Bem na época que ela estava pensando em montar a sua própria escola. 

Tia Clarinha, como era conhecida pelos estudantes, foi muitas vezes chamada para dar aulas particulares. Tamanha a procura, ela decidiu ensinar também em sua casa. Certa vez, Clara ficou sozinha com um dos seus alunos mais espertos, o Martin. Ele gostava muito de conversar e sobre diversos assuntos. Às vezes ela precisava pedir com firmeza para ele voltar aos estudos.

Martin acabou presenciando um dia, a chegada do namorado da sua querida professora. Ele viu também quando ela o beijou. Depois deste ocorrido, o aluno mais conversador havia se transformado no mais quieto. Ficou desanimado, cabisbaixo, não se interessava mais por nada do que ela falava nas aulas. Deste comportamento estranho foi aparecendo um outro aluno. Um adolescente revoltado que chegou na casa da tia Clarinha e num falso abraço, lhe deu uma facada nas costas. A educadora que já tinha os pulmões debilitados, não resistiu ao grave ferimento.

Saindo do cemitério ainda contemplando as cores que o sol pintava no céu, Renato vê mais à frente um lugar movimentado. Carros estacionando perto de um prédio com paredes de tijolos vermelhos. Nas janelas haviam pinturas que pareciam ser feitas por crianças. Era uma escola que funcionava ali.

Se aproximando do local, Renato para emocionado quando lê na parte de cima do prédio: Centro Educacional Santa Clara. Ler o nome da sua mãe lhe traz a certeza de que ela estava lhe acompanhando. Ele é surpreendido mais uma vez quando uma bola surge do outro lado do muro da escola. De onde parecia ser o playground. Ele decide ir atrás dela e a devolve. Ouve o agradecimento alegre de uma criança. Seguido de outro. E mais outro. E  outros mais. Isso o emociona mais uma vez. Isso sim chega a ser claramente libertador para Renato.

No embalo do sentimento que foi despertado ouvindo as vozes animadas daquelas criaturas  inocentes, ele responde que não foi nada, e vai com tudo procurar um emprego lá. Foi como se atendesse a um chamado.

Cumprimentando a diretora da escola com um alegre Oláá!, imitando perfeitamente o jeito de falar de sua mãe, Renato conta sobre o que aprendeu quando viveu a mágica experiência de trabalhar com crianças. Fala que nem esperava gostar tanto. Quando conseguiu o emprego como professor numa escola perto da sua casa, ele foi sem vontade nenhuma, achando que esse desafio seria impossível de se vencer. Tinha quase certeza que ensinar não era com ele. Não tinha nenhuma paciência e ainda tinha muito o que aprender. Para Renato, as crianças seriam os seus professores, e não o contrário. O que ele não sabia era que reconhecer isso poderia fazer dele um excelente profissional.

Os dias passavam e o relógio da sala de aula não lhe chamava a atenção. Ele nem via o tempo passar. Diferente dos outros empregados da escola que pareciam estar sempre contando as horas para ouvirem o toque final.

O comprometimento do tio Tato com cada um dos seus alunos inclusive com os colegas, e os outros funcionários da escola chegava a ser mais que um simples potencial. Ele chamava a atenção de todos. Até quem não simpatizava com ele, ao vê-lo lidando com os pequenos, se encantava. Como alguém poderia estar tão satisfeito, tão apaixonado pelo que fazia, tendo que aturar tantos pestinhas? 

Lembra do dia em que teve o seu jeito com crianças bem elogiado por uma ex-namorada. Ela até quis ter um filho com ele. E a forma como lhe pediu isso foi bem difícil de recusar, mas construir uma família não fazia parte dos seus planos. A vontade de ser pai ainda não tinha lhe aflorado.

Não sabia se realmente apreciava a arte de ensinar ou se aquilo que estava vivendo era como se estivesse encarnando um outro personagem. Se era apenas um papel que estava fazendo para enfim conseguir ser admirado pela sua mãe e padrasto.

Renato não conheceu o pai biológico, mas no namorado esquisito da sua mãe ele encontrou uma figura paterna que estava sempre à disposição deles.

Na sala de aula, no ginásio de esportes, no coral, nas peças teatrais, nas feiras de ciências, olimpíadas de matemática, gincanas literárias, até nas aulas de outros idiomas. Inglês, Espanhol, Francês, Alemão e até Russo ele se arriscava a ensinar. Dava os seus palpites também na alimentação. A hora da merenda também virava uma deliciosa aula. Aprender de tudo com o Tio Tato era ter a sensibilidade despertada da melhor maneira, era ser mais atencioso com todas as pessoas, e aos detalhes que o mundo oferecia. Era sentir na pele, e não importava a cor que ela tinha, o que uma boa e eficiente educação pode ser capaz de fazer com qualquer indivíduo.

Tio Tato tinha um jeito todo especial de conduzir, de liderar. Ele deixava as crianças mais livres e assim, mais seguras. A disciplina não era muito o seu forte, mas em compensação o seu método tinha resultados. Quando se comportavam mal, bastava um olhar dele para que entendessem e mudassem a forma de agir. Tio Tato mostrava para elas o que tinham de diferente e as ajudava a enxergar nisso uma beleza sem igual.

Em algumas era como se precisasse de um fórceps para tentar extrair delas mesmas uma visão positiva de si próprias. E ele estava sempre disposto a como a sua avó, que trabalhou por muito tempo no interior como parteira, a dar a luz a cada serzinho que ainda estava por nascer naqueles pequenos corpos ainda meio desabitados. Para alguns deles aprenderem as lições, às vezes era mesmo tão difícil quanto realizar um parto. E dos mais complicados e traumáticos. Apesar de tudo, Renato se sentia agradecido diariamente por poder exercer uma profissão que trazia ao mundo seres mais interessantes. Mais fortes, destemidos. E também mais doces.

As histórias que contava, a forma que lia o que os alunos escreviam, os comentários que ele fazia sobre o que eles desenhavam… Para tudo o que as crianças aprontavam, o tio Tato tinha uma observação pertinente. Ele as engrandecia. Elas ficavam cheias de orgulho de ser quem eram. E de tudo o que faziam. Certa vez, uma das alunas o presenteou com uma pintura, e ele a colocou num quadro pendurando-o na parede da sala. A menina ficou tão feliz que chamou os pais e os amigos para mostrá-los a sua arte, que tinha feito tão despretensiosamente na escola. Tio Tato ficou muito mais feliz que ela. E já via brilhar no seu futuro uma grande artista o chamando para conhecer o seu trabalho numa famosa galeria de arte.

Embora carregasse nas costas o imenso peso de ser um ex-presidiário, de ter na consciência o fato de ter tirado a vida de alguém, Renato conseguiu demonstrar para a diretora da escola que era uma pessoa de confiança. E que ela teria finalmente encontrado alguém que estava há muito tempo a procura. Ele falava empolgado dos livros que leu, dos cursos que fez, sendo que o de pedagogia era para ele o mais importante. Renato nem disfarçou a empolgação que sentiu ao falar de um projeto de conscientização que apresentou à comunidade. Uma campanha contra o uso de armas de brinquedo pelas crianças. Bibliotecas da comunidade vestiram a camisa do projeto, que recebeu o apoio de algumas empresas. Livre-se desse perigo, arme-se com livros! Foi o nome criado por ele. Muitas crianças da comunidade foram estimuladas a trocar o ato de brincar de atirar pelo costume de ler.

A diretora da escola ficou tocada com as experiências que Renato teve e com a forma que ele as descreveu. Ela lhe passou informações sobre um treinamento que ia acontecer na escola uma semana depois. Renato foi logo providenciar a sua inscrição. Um possível recomeço despontou na vida daquele homem que tinha no nome o significado de renascimento. Sua mãe Clara sabia o que estava fazendo quando escolheu este nome para ele.

Na volta para a casa onde cresceu, Renato reencontrou o padrasto. O momento em que pegou a arma na sua gaveta lhe veio à mente. Junto com ele veio o dia em que quis o acaso que ele fosse trabalhar numa Casa de recuperação. Para onde fora também encaminhado o jovem que esfaqueou a sua mãe. Martin foi obrigado a fazer um tratamento psicológico e Renato teve que ir ao mesmo local para atestar a conclusão de um curso que estava fazendo. E acabou unindo o útil ao deplorável.

Com a arma que pegou do padrasto escondida dentro de uma bíblia, Renato conseguiu entrar na Casa de recuperação onde estava Martin com tranquilidade. E aparentando ter a melhor das intenções, ao entrar no quarto onde descansava o seu alvo, Renato fala com ele do jeitinho que costumava fazer a sua mãe. E pela última vez, agora numa voz masculina, Martin ouve saudoso o Oláááá! Cumprimento que marcou a sua infância. Antes que ele pudesse se pronunciar a respeito, Renato abre a bíblia, lê algumas Palavras do Senhor, pega o revólver, e sem piedade, acerta em Martin dois tiros no peito.

– Eu quis me vingar. Minha mãe era uma mãe também para ele. Não media esforços para ajudá-lo. Não foi à toa que ele recebeu o apelido de Queridinho da tia Clarinha. – Renato dá uma pausa respirando fundo. – Ele merecia ter ficado num lugar bem pior do que aquela Casa de recuperação.  Mas pelo menos quis o destino que os nossos caminhos se cruzassem ali.  – Tato se abre para o seu padrasto. Que estava sentado na varanda da casa bebendo e fumando um cigarro. Antes de se dirigir ao enteado, ele toma o último gole da garrafa de pinga, pondo-a com força em cima da mesa.

– E agora, você  vai trabalhar como a sua mãe? – sem disfarçar a curiosidade sobre a vida daquele menino que ele ensinou um dia a atirar achando que estava fazendo grande coisa, como um ensinamento nobre passado de pai para filho.

– Sim. – Renato responde confiante-  E estou otimista de que já vou conseguir um emprego. O tio Tato está prestes a voltar!

– Você, por acaso, vai trabalhar numa escolinha que tem o nome da Santa…

– Nessa mesmo! Na Santa Clara!- sem acreditar no que estava ouvindo, o padrasto de Renato chega a pensar em ir na sua gaveta. Não queria perder a segunda chance que Deus lhe deu na vida de construir uma decente família! Finalmente havia encontrado alguém que merecia ter a sua valiosa companhia para sempre. Finalmente ele podia viver um amor eterno. Tinha até tatuado na pele o nome da nova mulher: Maria Expedita. E a Ditinha, filha deles, já estava matriculada na Santa Clara. Ele ia ter que dar um jeito nisso.

Como é que uma pessoa poderia ter a capacidade em sã consciência, de confiar no trabalho de alguém como esse seu enteado? O mundo está mesmo perdido. Por isso o mal tem conseguido adentrar também nos lugares que deveriam nos deixar tranquilos. Até nas escolas a segurança já não se faz presente.

– Deus me livre da minha Ditinha ter esse tio Tato como professor!

E só Deus para saber até quando ela ainda poderia tê-lo como seu suposto irmão mais velho.

Chegando em casa com o papel que tinha a sua aprovação no treinamento da escola, Renato fala aquele seu Olá! que também era conhecido pelo seu padrasto,  e diz a boa nova: Tio Tato II a missão enfim pode ser iniciada! Os primeiros passos como professor no Centro Educacional Santa Clara iam  começar a ser dados pelo filho da tia Clarinha. E esse Centro Educacional, quem sabe, pode se tornar mais tarde, uma grande universidade.

Tio Tato sai em direção ao cemitério. Diz que vai ver a sua musa inspiradora. Tem que ir lá lhe dar as boas notícias! E tem certeza que o pôr do sol daquele dia chuvoso será mais um espetáculo!

Sobre Fabio Baptista

22 comentários em “Com Tato (Karina Nou)

  1. Felipe Lomar
    9 de março de 2024

    olá

    bem, é uma história inspiradora. Mas o texto tem alguns problemas. a começar pela escrita simples e pouco artística, descritiva demais. Soma-se isso a uma história com poucos acontecimentos realmente relevantes para levá-la a frente, e o resultado é uma leitura um tanto monótona, com um ritmo bastante arrastado. Também é meio inverossímil a ideia de um ex presidiário, ainda mais condenado por homicídio, arrumando emprego em uma escola tão facilmente. Esse furo me incomodou. Poderia ter usado para falar da realidade complicada e do preconceito da sociedade com ex presidiários, mas a história parece querer esquecer essa realidade. No final, parece que há a tentativa de passar uma lição de moral, mas não é bem clara qual.

    por outro lado, é um texto bem revisado e com uma escrita certinha, sem grandes defeitos. Só falta um certo toque mais artístico, uma ornamentação. A cobertura do bolo

    boa sorte!

  2. Marco Aurélio Saraiva
    9 de março de 2024

    Este conto é uma joia bruta. Notei que havia um fio condutor – uma boa ideia, um enredo interessante – mas que na hora de colocar no papel, careceu de perícia. Acompanhamos Renato na sua saída do presídio para recomeçar como um professor em uma escola, fazendo o trabalho que a sua mãe sempre fez. A grande reviravolta está na descoberta de que a mãe de Renato morreu nas mãos do próprio aluno predileto, e que Renato havia sido preso por matá-lo como vingança. A maior parte do texto descreve o comportamento de Renato na escola que o acatou, e seu processo de tomada de decisão para reiniciar a vida fora da prisão.

    Ao meu ver o conto precisa de mais de voz e mais técnica, mas isso vem com o tempo.

    O que não gostei: a confusão no tempo verbal da narrativa. O texto não se decide se é narrado no presente ou no pretérito. As primeiras frases do conto já são assim: “Ao dar o primeiro passo fora da prisão, Renato ainda não se sentia livre de verdade. Se vê de mãos atadas”. Ou ele se via de mãos atadas, ou ele não se sente livre de verdade. Os verbos têm que estar no mesmo tempo, senão a leitura fica confusa.

    O estilo da narrativa também ficou confuso. Ela começa como uma narrativa cena-a-cena, momento-a-momento, cinematográfica, descrevendo cada movimento, cada elemento do cenário. Então pula para um resumão de como Tio Tato lidava com as crianças. A linha do tempo ficou confusa também, primeiro descrevendo Renato como professor, com vários parágrafos dedicados a demonstrar as suas habilidades como instrutor, a como ele soube lidar com cada criança da melhor forma, etc. Então, descobrimos que ele estava na escola há pouco tempo, e que havia passado apenas no treinamento? E neste meio-tempo, sem nenhuma discriminação, há uma narrativa sobre o momento em que a mãe de Renato morreu, e o momento em que ele matou Martin, costuradas no meio do texto. Por isso que eu digo que o texto é uma joia bruta: são boas ideias, e os momentos narrados têm muito potencial, mas eles precisam de mais elaboração.

    Finalmente, uma coisa que me incomodou um bocado foi o fato de Renato ser aceito assim, tão fácil, como professor em uma escola. Um ex-presidiário, condenado por ter matado um adolescente! E o texto se confunde um pouco também nisso, já que ele vai até a escola muito feliz e certo de que queria ser professor, mas então a narrativa fala que “ele foi sem vontade nenhuma, achando que esse desafio seria impossível de se vencer”.

  3. claudiaangst
    6 de março de 2024

    Olá, Cris, tudo bem?

    Seu conto aborda o tema proposto pelo desafio. Há um recomeço.

    Encontrei alguns lapsos de revisão. No entanto, o que mais me incomodou foi a alternância de tempos verbais dentro de uma mesma frase. Por exemplo:

    “Chegando lá ele se impressiona com o contraste da imagem que viu”. > gerúndio – presente-pretérito.  > Chegando lá, ele se impressiona com o contraste da imagem que VÊ.

    “[…] a dar a luz” > a dar à luz

    “[…] para mostrá-los a sua arte” > para mostrar a eles a sua arte > para lhes mostrar a sua arte

    “[…] alguém que estava há muito tempo a procura” > alguém que estava HAVIA muito tempo à procura

    “[…] falava empolgado dos livros que leu” > falava empolgado dos livros que havia lido/tinha lido/lera

    A história de vingança que levou Renato à prisão não é, de fato, nada inverossímil, mas a narrativa me pareceu um tanto carregada de uma dramaticidade quase piegas.

    Há muita informação para pouco espaço: o passado de Renato, a vida da mãe, do padrasto, do recomeço de vida do padrasto, a nova mulher, a filhinha, que vai estudar na escola em que Tio Tato recomeçará a sua trajetória docente. Tive de reler o conto para entender. Fiquei na dúvida se o padrasto estava mesmo pensando em matar Renato para que a filhinha não ficasse a mercê de um ex-presidiário. Viu o que quero dizer? Tem história demais para um só conto, dava para escrever um romance inteiro.

    Parabéns pela participação no desafio e boa sorte para escapar das facadas pelas costas e armas escondidas em bíblias.  

  4. Fernanda Caleffi Barbetta
    6 de março de 2024

    Bonita a história de redenção, de uma segunda chance. Bonita a forma como mostrou o amor dele pela mãe, pelos alunos.
    Algumas sugestões, que são apenas minha opinião. Use o que fizer sentido para você.
    O final acabou bem abruptamente, na minha opinião. Foi levantada uma questão do Tato com o padrasto que não teve um desfecho.
    Em alguns momentos fica confuso o que é passado e o que é presente.
    “Ao dar o primeiro passo fora da prisão, Renato ainda não se sentia livre de verdade. Se vê de mãos atadas” – começou no passado e foi para o presente. Foi proposital?
    “Se vê de mãos atadas. Com o coração acelerado, a cabeça repleta de questões, sem enxergar nenhuma perspectiva de futuro.”  Sugestão, colocar vírgula após “atadas”.
    “astral depressivo dele.” – o “dele” é desnecessário
    “Chegando lá ele se impressiona com o contraste da imagem que viu” – contraste da imagem com o que? Com a imagem que guardava na lembrança? Precisa deixar claro.
    “Um adolescente revoltado que chegou na casa da tia Clarinha e num falso abraço, lhe deu” – tirar a vírgula, ou colocar uma antes de “num”
    “Nas janelas haviam pinturas” – havia
    “vai com tudo procurar um emprego lá” – vai com tudo?
    “mas no namorado esquisito da sua mãe” – esquisito como? pq?
    “E ele estava sempre disposto a (vírgula) como a sua avó, que trabalhou por muito tempo no interior como parteira, a (tirar esse a) dar a luz”
    “Para alguns deles aprenderem  (aprender) as lições, às vezes era mesmo tão difícil quanto”
    “Elas ficavam cheias de orgulho de ser (serem) quem eram”
    Algumas frases curtas nçao precisariam ser separadas por ponto final pois estão conectadas às anteriores. Pode ser usada uma vírgula ou ponto e vírgula. Exemplos: “Elas ficavam cheias de orgulho de ser quem eram. E de tudo o que faziam” / “Na sala de aula, no ginásio de esportes, no coral, nas peças teatrais, nas feiras de ciências, olimpíadas de matemática, gincanas literárias, até nas aulas de outros idiomas. Inglês, Espanhol, Francês, Alemão e até Russo ele se arriscava a ensinar.”
    “Tio Tato ficou muito mais feliz que ela” – do que ela
    “E que ela teria finalmente encontrado alguém que estava há muito tempo a procura” – alguém de quem estava há muito tempo à procura
    “com a forma que ele as descreveu” – como ele as descreveu
    “Renato fala com ele do jeitinho” – aqui foi para o presente
    Quem fala isso? “Como é que uma pessoa poderia ter a capacidade em sã consciência, de confiar no trabalho de alguém como esse seu enteado? O mundo está mesmo perdido. Por isso o mal tem conseguido adentrar também nos lugares que deveriam nos deixar tranquilos. Até nas escolas a segurança já não se faz presente.”

  5. Vladimir Ferrari
    5 de março de 2024

    Um ligeiro excesso de pronomes que poderia ser evitado. Frases curtas são um ponto positivo, e encorpam o texto, mas alguns elementos são desnecessários (astral dele, túmulos, imagem que viu, raios de sol iluminam, cemitério x morbidez). Enfim, as repetições se espalham pelo texto, bem escrito, mas massante. O narrador guia-se nas ações do protagonista e repetir o nome “Renato” a todo momento, a meu ver, é desnecessário.
    Sobre a narrativa em si, vi o atendimento da premissa, mas senti uma certa indecisão. O leitor é levado a pensar em algo ruim pela aparição do padrasto, que poderia ser excluída do texto, sem problemas. Sucesso.

  6. Priscila Pereira
    4 de março de 2024

    Olá, Cris! Tudo bem?

    Seu conto não está na minha lista de obrigatórios então não poderei avaliá-lo mas mesmo assim quero deixar meu comentário.

    O começo é muito interessante e instigante, mas o meio e o final foi muito explicadinho, muito contado e pouco mostrado, meio embolado no final… Eu não entendi muito bem o padrasto, até achei que ele ia matar o Renato, ou impedir ele de conseguir o emprego, mas o conto simplesmente acabou sem mostrar o que acontece!

    Achei inverossímil um ex presidiário, que matou um adolescente, consiga assim tão fácil um emprego em uma escola.

    Sua escrita é simples e direta. O conto está bem revisado. A prática vai melhorar muito sua escrita.

    Boa sorte no desafio!

    Até mais!

  7. Leda Spenassatto
    2 de março de 2024

    Com Tato

    “Os raios solares surgindo do nada, depois de uma chuva forte, para ele só poderia ter uma explicação. E o olfato despertado entre os odores de vela ali permanentes, pelo cheirinho do sabonete que a sua mãe usava também”.

    Cris depois de explicação, creio que caberia dois pontos , mas você prossegue sem apontar qual seria a explicação

    “Renato amava tanto a sua mãe que se viu na obrigação de vingar a sua morte” 

    desnecessário > Com suas próprias mãos.

    “E foi por essa razão que ele foi preso. E ele estava sempre disposto a como a sua avó, que trabalhou por muito tempo no interior como parteira, a dar a luz a cada serzinho que ainda estava por nascer naqueles pequenos corpos ainda meio desabitados. – Nessa mesmo! Na Santa Clara!- sem acreditar no que estava ouvindo, o padrasto de Renato chega a pensar em ir na sua gaveta. Não queria perder a segunda chance que Deus lhe deu na vida de construir uma decente família! Finalmente havia encontrado alguém que merecia ter a sua valiosa companhia para sempre. Finalmente ele podia viver um amor eterno. Tinha até tatuado na pele o nome da nova mulher: Maria Expedita. E a Ditinha, filha deles, já estava matriculada na Santa Clara. Ele ia ter que dar um jeito nisso”.

    Para mim ficou bastante confuso esse parágrafo. A impressão que eu tive é que foi escrito as presas sem uma leitura aprofundada.

    Também achei bastante repetitivo quando você descreve as atividades do Renato (Tio Tato) nas escolas.

    Você começou bem o seu conto, porém logo depois do primeiro parágrafo, perdeu o fio da meada.

    O tema é bem legal, um pouco mais de objetividade e clareza deixariam seu conto nota dez.

    Sorte ! ! !

    Abraços!

  8. Emanuel Maurin
    29 de fevereiro de 2024

    Renato, um ex-presidiário que se vingou do assassino da sua mãe, que era uma professora querida por todos. Renato se torna educador inspirado na sua mãe e consegue um emprego na escola que leva o seu nome. Ele enfrenta o conflito com o seu padrasto, que tem uma filha na mesma escola, e que não sabe do seu segredo. Renato homenageia a sua mãe no cemitério e espera um futuro melhor.

    O conto é bem escrito e criativo, a construção dos personagens e suas motivações estão boas, tem suspense que me prendeu, a leitura é fluida e de fácil entendimento, gosto disto, mas tem algumas repetições de palavras e expressões, erros de pontuação e concordância e passagens que poderiam ser mais desenvolvidas ou explicadas.

  9. Gustavo Castro Araujo
    27 de fevereiro de 2024

    Confesso que fiquei dividido com relação a este conto. A história do ex-presidiário que cumpriu pena após matar o assassino de sua mãe tinha tudo para ser bem interessante, mas escorregou em alguns pontos que me deixaram um tanto frustrado.

    De um lado há a ideia de redenção, traduzida no propósito de Renato em reconstruir-se, em seguir os passos da mãe.

    Por outro, vê-se que o desenvolvimento dessa ideia careceu de verossimilhança. Isso porque tudo acontece de modo muito rápido: o modo como ele consegue o emprego, como se vê aceito pelas crianças e demais professores, como é elogiado por todos – olha, é açúcar demais nessa receita.

    Tudo funcionando às mil maravilhas – e olha que estamos falando de um ex-detento, alguém que fora condenado por homicídio… Difícil comprar a ideia de superação nesses termos.

    Não sou muito de reclamar de tropeços gramaticais, mas aqui houve vários deslizes, sendo o principal a falta de paralelismo verbal, além de vírgulas sobrando, letras dobradas, etc.

    Mas nem tudo são puxões de orelha. Gostei da ideia da revelação sobre o assassinato de Martin ter ocorrido só no terço final da história. E gostei também do dilema que se apossa do padrasto de Renato, lá no fim, quando ele se vê desconfortável por deixar a filha estudar na escola que o enteado dá aula. Pena que esse aspecto não foi desenvolvido.

    Enfim, uma ideia interessante que preferiu privilegiar a atmosfera de Oz em vez de provocar o leitor com a ameaça do retorno ao Kansas.

    De todo modo, desejo a(o) autor(a) boa sorte no desafio.

  10. Fabio Baptista
    26 de fevereiro de 2024

    Renato cumpre pena por ter matado o assassino da mãe. Ao sair da prisão, tenta voltar ao ofício de professor. Por coincidência é a mesma escola onde estuda a filha de seu (ex)padrasto, que não fica muito feliz com a ideia.

    Então, estou meio receoso para fazer esse comentário, mas vamos lá… sendo bem direto, na minha visão falta bastante coisa para esse conto. De positivo, destaco apenas a gramática (ah, perto do final eu me surpreendi com a reação do padrasto e isso foi legal. Mas não teve nenhuma consequência e o conto acabou em seguida). O receio não vem de dar uma opinião sincera, premissa aqui do Entrecontos, mas sim de talvez influenciar uma mudança que pode deixar os contos dos desafios meio uniformes… é um fenômeno que senti acontecer no passado, o grupo meio que vai se moldando ao gosto geral do próprio grupo e quando a gente se dá conta tem vários autores com estilos semelhantes ou buscando se enquadrar em um determinado estilo.

    Enfim, eu vou dar algumas linhas gerais do que eu acredito que possa ser melhorado na sua escrita. Não é algo que se absorva do dia para a noite, mas tenho certeza de que com a prática você vai notar a diferença.

    Eu sei que é tentador narrar as coisas no presente, mas tente deixar isso para quando estiver dominando muito bem as técnicas. Na dúvida, narre tudo no passado. Isso vai evitar mistura de tempos verbais e algumas confusões desnecessárias que surgem em decorrência disso. Quando Renato começa a relatar sua experiência como professor eu fiquei com um nó na cabeça. Talvez eu tenha perdido alguma coisa, mas li 3 vezes e a dúvida permaneceu sobre em qual tempo exatamente aquilo estava ocorrendo.

    Contar/Mostrar: talvez você ouça bastante sobre isso por aqui (lembrei que tem até vídeo no canal do Entrecontos no Youtube onde falo sobre isso, mas deu até vergonha de assistir meu eu do passado kkkk). Resumindo, algumas partes da história precisam que “a câmera se aproxime”. Por exemplo, a cena em que Renato vai matar o menino que assassinou Clara merecia um nível de detalhamento maior. As mãos tremendo, o suor escorrendo, os dentes rangendo frenéticamente ávidos pela vingança, o desespero (ou talvez o alívio) estampado no olhar do ex-aluno ao ver a arma sendo sacada de dentro da bíblia. E, principalmente:

    Diálogos. Essa é a maneira mais efetiva de dar vida aos seus personagens e mostrar ao leitor os sentimentos deles. Tipo, é bem diferente quando você diz “Renato era muito amoroso com a mãe” (só um exemplo) e quando você faz o leitor chegar a essa conclusão demonstrando ações e falas de Renato com a mãe.

    Em um conto, não dá pra mostrar tudo… e ficar detalhando tudo também é cansativo para o leitor. É um equilíbrio delicado, mas a dica é que as partes fundamentais do conto e os traços de personalidade mais importantes dos seus personagens devem ser mostrados.

    NOTA: 6

  11. rsollberg
    25 de fevereiro de 2024

    Fala, Cris

    Antes de tudo gostaria de deixar claro sou apenas um leitor entusiasmado e meus comentários dizem mais sobre gosto do que qualquer outra coisa.

    Inicialmente preciso dizer que gostei bastante desse jogo de palavras do título, usando o nome do protagonista e o ato de cuidado, acurácia, e o próprio “contato”.

    Quando soube do tema, imaginei logo que teríamos uma história de recomeço abordando a ressocialização de um apenado. Torci para que não fosse algo como nas histórias de Van Damme, felizmente aqui não foi.

    É um enredo singelo, mas que deixa sua mensagem. Escrever também é um ato político, como asseverou Conceição Evaristo, embora muitos tenham resistência em aceitar esse fato. Há, evidentemente, uma história de redenção, que chama atenção justamente por ser extraordinária. Num mundo cada vez mais maniqueísta e punitivo, onde acham que proibir progressões de regime é a solução, contar essa jornada em outro diapasão pe notável. Parabéns;

    Na parte técnica, o autor usou frases curtas, bem diretas, com algo de jornalismo moderno. Ocorre uma repetição excessiva dos nomes próprios e, principalmente, dos pronomes. Metade dos “eles” poderiam ser suprimidos sem qualquer perda, ao contrário, gerando mais fluidez para o texto.  Percebi um pequeno paralelismo verbal nesse trecho “ao entrar no quarto onde descansava o seu alvo, Renato fala com ele do jeitinho”, passado e presente.

    De todo modo, penso que é um conto que entregou o que se propôs de forma competente. Parabéns e boa sorte.

    Obs: Também gostei muito da escolha da imagem.

  12. Leda Spenassatto
    25 de fevereiro de 2024

    Com Tato

    “Os raios solares surgindo do nada, depois de uma chuva forte, para ele só poderia ter uma explicação. E o olfato despertado entre os odores de vela ali permanentes, pelo cheirinho do sabonete que a sua mãe usava também”.

    Cris depois de explicação, creio que caberia dois pontos , mas você prossegue sem apontar qual seria a explicação

    “Renato amava tanto a sua mãe que se viu na obrigação de vingar a sua morte” 

    desnecessário > Com suas próprias mãos.

    “E foi por essa razão que ele foi preso. E ele estava sempre disposto a como a sua avó, que trabalhou por muito tempo no interior como parteira, a dar a luz a cada serzinho que ainda estava por nascer naqueles pequenos corpos ainda meio desabitados. – Nessa mesmo! Na Santa Clara!- sem acreditar no que estava ouvindo, o padrasto de Renato chega a pensar em ir na sua gaveta. Não queria perder a segunda chance que Deus lhe deu na vida de construir uma decente família! Finalmente havia encontrado alguém que merecia ter a sua valiosa companhia para sempre. Finalmente ele podia viver um amor eterno. Tinha até tatuado na pele o nome da nova mulher: Maria Expedita. E a Ditinha, filha deles, já estava matriculada na Santa Clara. Ele ia ter que dar um jeito nisso”.

    Para mim ficou bastante confuso esse parágrafo. A impressão que eu tive é que foi escrito as presas sem uma leitura aprofundada.

    Também achei bastante repetitivo quando você descreve as atividades do Renato (Tio Tato) nas escolas.

    Você começou bem o seu conto, porém logo depois do primeiro parágrafo, perdeu o fio da meada.

    O tema é bem legal, um pouco mais de objetividade e clareza deixariam seu conto nota dez.

    Sorte ! ! !

    Abraços!

  13. Pedro Paulo
    24 de fevereiro de 2024

    RESUMO: Um ex-presidiário vê a chance de recomeçar após seguir pelo mesmo caminho da mãe assassinada-e-vingada ao se enveredar pela docência e pelo trabalho de educação e conscientização.

    COMENTÁRIO: Uma abordagem justa do tema desafio em um texto que requer mais polimento. O que quero dizer é que a autoria não se permitiu ser sutil na maneira de construir a narrativa, atravessando o protagonista por um caminho de coincidências que pareciam amarrar todo o seu reerguimento numa espécie de reencarnação da mãe. Nada de errado com essa escolha, mas foi a maneira como foi feito que incomodou, pois era tão evidente a intenção da história que rapidamente se tornou previsível e o texto deixou de cativar a leitura como antes.E veja que é uma trama como espaço para muitas subtramas interessantes como, por exemplo, o projeto de leitura do personagem. Mas a maior parte do texto foi dedicada à construção do personagem do Tio Tato, evitando que caminhos mais originais pudessem ser erguidos. Outras escolhas que não me pareceram muito boas foram os trechos dedicados a recapitular o que havia ocorrido, não porque não são importantes, mas pelo momento em que foram colocados no conto, quebrando com o que vinha anteriormente e embaraçando a leitura. Também notei um problema de pontuação, ao que recomendo um trabalho maior de revisão.

  14. Kelly Hatanaka
    24 de fevereiro de 2024

    Estou avaliando os contos de acordo com os seguintes quesitos: adequação ao tema, valendo 1 ponto, escrita, valendo 2, enredo, valendo 3 e impacto valendo 4.

    Adequação ao tema
    Atende ao tema. Renato sai da prisão e quer recomeçar a vida dando aulas.

    Escrita
    Correta, mas um tantinho confusa.
    Tive dificuldade em perceber, às vezes, quem estava falando ou pensando.
    A parte em que Renato relembra seus dias de professor se alongou um pouco demais, cansou.

    Enredo
    Confuso. Renato sai da prisão por matar um adolescente que estava em custódia e arranja um emprego de professor em uma escola que tem o nome da mãe. Seu padrasto não fica contente. Não sei se ficou implícito que o padrasto vai matar Renato. Se foi essa a ideia, preciso dizer que ficou sutil demais.

    Impacto
    O problema foi, em minha opinião, falta de verossimilhança.
    Que escola no mundo contrataria um homem que acabou de sair da prisão, após ter sido preso por assassinar um adolescente a sangue frio?
    O homem mata um adolescente e, depois, a diretora da escola, que o entrevista, fica impressionada por causa de um programa de desarmamento? Soa muito raso, quase um deboche. Sem falar que Renato não parece estar lúcido. Tem um comportamento estranho e uma visão engrandecida de si mesmo, falando de si na terceira pessoa e não demonstra sombra de arrependimento pelo seu crime.
    Confesso que torcia por uma reviravolta, que ele descobrisse que o padrasto é que havia matado a mãe e que ele, Renato, tinha matado um inocente e, finalmente, tivesse remorso. Mas não: Martin era doido, Renato idem e o padrasto também, pelo jeito.

  15. Sílvio Vinhal
    23 de fevereiro de 2024

    Há uma certa ingenuidade na narrativa, pois é um tanto improvável que um ex-detento consiga trabalhar justamente numa escola para crianças. Talvez fosse interessante explorar ou aprofundar mais alguns temas pertinentes, dentro dessa ideia de renascimento de um ex-detento.

    Há real possibilidade de recuperação de um detento? Esse é um debate pertinente, atual, só que precisaria ser tratado com mais densidade, para ter relevância.

    A questão de matar (por vingança) o assassino da mãe, também é algo que poderia ser explorado com muita profundidade. Ele é culpado? É inocente? Faltou uma pesquisa aqui para entender como a justiça age em casos assim.  Houve algum benefício na pena? Como os jurados encararam a sentença? Como ficou a cabeça do personagem, no tempo que passou na prisão?

    Do jeito que está, o conto optou por seguir o “caminho mais fácil” e é, justamente por isso, que não explora ao máximo o potencial que poderia explorar.  A história fica caricata, ingênua, embora seja “fofinha”.

    Há algum problema com a pontuação, principalmente pela falta do emprego de vírgulas.

    O texto pode ganhar densidade dramática. (ouça a música Domingo no Parque, do Gilberto Gil), vai ajudar a entender.  Ao descrever uma cena de assassinato, por exemplo – não dá apenas para dizer que Martin viu o namorado beijando a clarinha e enfiou a faca nela.

    Para ganhar densidade dramática é preciso construir o ciúme dentro do Martin, descrever como isso mexe com o corpo e a mente dele, ao gerar uma gota de suor na fronte, ao fazer com que seus olhos se injetem de sangue…  sem esquecer do conflito interior, afinal, ele decide matar o seu objeto de desejo e de amor.

    Da mesma forma – faltou o conflito interior do Renato. Sim, ele fez justiça com as próprias mãos. Porém, numa história tão pesada o leitor quer ver sangue, quer ver o conflito. “Sou um homem de bem, fui criado por uma mulher extraordinária. O que me levou a sair do meu prumo e matar?” Quem é de fato o Renato, que aparece aqui descrito de uma forma tão superficial?

    Não é possível ser um bom escritor se fugimos dessas “obrigações” – afinal, contar uma história, qualquer um pode contar. De nós é exigido mais. Precisamos construir a ação, os sentimentos, os conflitos psicológicos dos personagens – é isso que vai, um dia, garantir a nossa “obra prima”.

    Por fim, preciso dizer que o texto entrega uma história muito fechada, sem dar margem ao leitor para imaginar, para completar parte dela. Falta um pouco o “mostrar” ao invés de contar, fica a dica.

  16. Antonio Stegues Batista
    23 de fevereiro de 2024

    A história é sobre Renato, um ex-presidiário que matou o assassino de sua mãe. Logo que sai da cadeia ele arranja emprego no colégio em que sua mãe trabalhou. Ali ele se dá bem, se torna um bom professor, mas acontece que a filha do seu padrasto, com outra mulher, estuda no mesmo colégio e o padrasto, ao saber que Renato está trabalhando lá, não gostou por ser ele um ex-presidiário. A história termina com Renato indo ao túmulo da mãe, contar a novidade e não ficamos sabendo o que o padrasto fez, já que ele não queria ter Renato como professor da filha dele. O conto infringe uma regra, ao ser escrito com dois tempos verbais diferentes, uma questão simples de estética narrativa. O enredo é simples, mas interessante. As ações poderiam ser melhor elaboradas. O enredo ficou meio resumido, poderia ter criado mais detalhes nas relações dos personagens. Boa sorte.

  17. Simone
    15 de fevereiro de 2024

    Neste conto temos a vida de Renato, um homem marcado pela fatalidade, a mãe assassinada por ser muito boa , por ter deixado um aluno apaixonado, numa paixão doente, num adoecimento mental. E ele, Renato, foi tomado pelo ódio. Condenado à prisão, ele não parece ter arrependimento, mas, com certeza, tem muita vontade de recomeçar. Acontece que o padrasto, estando também nessa energia que parece pairar sobre a vida de Renato, representa a dificuldade para o recomeço. Renato não conseguirá e a vida dele parece presa nessa energia ruim. Talvez esses dois homens, enteado e padrasto, se envolvam em outra crise. E ambos não possam recomeçar. Uma história rica se bem analisada. Contada com detalhes que não deixa o leitor fugir das intenções do escritor. Parabéns!!!!!

  18. Angelo Rodrigues
    12 de fevereiro de 2024

    Com Tato

    Por Cris

    O conto, embora bom de ler, apresenta algumas transições literárias que parecem tomadas por algo mágico e determinantemente necessário à condução da narrativa, particularmente por conta de que ele é um assassino condenado, como é dito mais adiante no texto. 

    Há saltos que passam por cima das dificuldades naturais e resolvem tudo. Um dos salto mais significativos decorre de Renato deixar a prisão e, sem maiores explicações, apenas por decorrência do desejo – aqui está a magia – do autor, tornar-se professor de crianças num colégio que, aparentemente, tem algum caráter religioso. Creio que isto seja uma licença literária bem extraordinária.

    Num segundo momento, apenas por decorrência de sua namorada perceber nele um jeito bom com crianças, ela requer que ele lhe dê um filho. 

    Temos aqui um texto que escorrega possibilidades, destituído das dificuldades naturais do mundo e suas implicações, o que se torna um pecado frente à necessidade de que qualquer texto deva requerer uma boa verossimilhança com a realidade.

    Costuma-se dizer que a vida real pode dispensar a verossimilhança, mas não a obra literária.

    Em outro ponto Renato, saído da prisão, como dito, arrisca-se a dar aula de Inglês, Espanhol, Francês, Alemão e até Russo. Um poliglota? Dava também pitacos quanto à alimentação das crianças. Era também Nutrólogo? De onde saíram tantas habilidades? 

    Em outro ponto, por conveniência construtiva, Renato e o assassino de sua mãe se encontram em um local específico e ele, então, com a arma dentro de uma Bíblia, dispara contra o algoz de sua mãe.

    Depois de tantas peripécias, Renato retorna ao lar de onde saiu e encontra o padrasto que, boquiaberto, estranha confiarem ao enteado tanta responsabilidade por ele ser um assassino condenado.

    A partir desse ponto o conto escorrega mais uma vez, destruindo a mansidão com que a vida de Renato havia se deparado após sair da prisão. Nem seu padrasto, já casado com outra mulher e pai de uma filha desse casamento, admite que tudo aquilo esteja ocorrendo, e requer que sua filha, a Ditinha, não seja aluna de Renato.

    Ao final, tal qual nos filmes românticos, Renato vai visitar a mãe morta no cemitério e observar o pôr do sol, ainda que em um dia chuvoso.

    Um conto um tanto ou quanto ingênuo, que transita sem grandes preocupações entre a realidade e o sonho textual, e tem na parte final algo de confuso com o tio Tato II entrando em ação.

    Recomendaria ao autor que procure trazer ao texto um pouco mais de tonicidade narrativa, amarrando suas pontas soltas, que devem sempre estar ligadas à realidade ou à ficção plausível.

    Parabéns pelo texto e boa sorte no desafio.

  19. Mauro Dillmannn
    12 de fevereiro de 2024

    O texto é correto na língua e a escrita apresenta fluidez.

    Um conto bem pensado, estruturado, lapidado, gostoso de ler. O título é interessante e tem duplo sentido (muito bom).

    Confesso que estranhei, na trama, o assassinato da personagem Tia Clarinha surgir de repente e narrado com a naturalidade de quem narra o modo de matar um inseto.

    De qualquer forma, o narrador não julga, colocando-se sensivelmente ‘imparcial’. Esse aspecto me chamou atenção.

    O conto traz muitos elementos: cemitério, morte, assassinatos, escola, educação, memória e o recomeço para um ex-presidiário.

    O final ficou ‘amarrado’ com o início, mas fiquei com a impressão de que faltou algo para ‘concluir’ o conto.

    Uma observação: já no início, o conto tem dois tempos verbais: “Renato ainda não se sentia livre de verdade. Se vê de mãos atadas” (se sentia, no pretérito; se vê, no presente).

    Parabéns pelo conto !

  20. Givago Thimoti
    11 de fevereiro de 2024

    Com Tato (Cris)

    Primeiramente, gostaria de parabenizar o autor (ou a autora) por ter participado do Desafio Recomeço – 2024! É sempre necessária muita coragem e disposição expor nosso trabalho ao crivo de outras pessoas, em especial, de outros autores, que tem a tendência de serem bem mais rigorosos do que leitores “comuns”. Dito isso, peço desculpas antecipadamente caso minha crítica não lhe pareça construtiva. Creio que o objetivo seja sempre contribuir com o desenvolvimento dos participantes enquanto escritores e é pensando nisso que escrevo meu comentário.

    No mais, e com muito tato, seguimos para minha avaliação: 

    1. Impressões iniciais: 

    + Pertinência com o tema do desafio  

    – Vários erros gramaticais. Faltou uma boa revisão gramatical; falta de vírgulas, repetição de palavras… A construção de algumas frases também me incomodou bastante.

    – Eu achei a história bem confusa. Por vezes, é devagar, por vezes acelera. Ora está no presente, ora está no passado. Isso fez com que fosse difícil compreender a história adequadamente.

    – Faltou revisão gramatical

    2- Resumo:

    Pelo que entendi, “Com tato” trata do recomeço de Renato (Tio Tato), filho de uma professora que é assassinada por um aluno, Martin. Renato foi preso após vingar a morte de sua mãe. Após a saída da cadeia, Tio Tato busca retomar sua vida pós-cárcere, alcançando a redenção dando aula para crianças, tal qual a mãe.

    3-Corpo (gramática/estilo de escrita):

    Bom, eu pessoalmente não gosto de apontar cada erro gramatical que o(a) autor(a) comete. Acho cansativo para mim que avalio e para quem é avaliado. Contudo, destaco principalmente a falta das vírgulas, em frases como: 

             “Saindo do cemitério, ainda contemplando as cores que o sol pintava no céu, Renato vê mais à frente um lugar movimentado.”

                Mas o tempo não fez Renato esquecer o dia em que a sua mãe foi cruelmente assassinada, bem na época que ela estava pensando em montar a sua própria escola.” 

    Portanto, diante desses erros gramaticais e das construções de frases, o estilo de escrita foi bastante prejudicado. É um conto com sentimento, mas, infelizmente, um sentimento contaminado por esses erros.

    4-Alma (o que tocou ou não o leitor. Pontos fortes e/ou fracos)

    Precisei dar algumas relidas no conto para poder compreender perfeitamente a história. Nunca é um bom sinal. E, ainda assim, sinto que faltou entendimento da minha parte. Por conta disso, não consegui me conectar com o texto. 

    Essa brincadeira de ir e voltar no texto, tentar costurar o passado no presente e o presente no passado, é perigosa e arriscada. Imagino que se trata de um escritor iniciante. Por isso mesmo, já vou deixar minha sugestão (a primeira de muitas); é preciso ser MUITO CLARO quando utilizar essa técnica. Caso contrário, o leitor vai se perder algumas vezes na leitura. 

    A segunda coisa que me incomodou foi a condução da história. Talvez, esse seja o grande calcanhar de Aquiles desse conto. Iniciar o conto com Renato indo visitar o túmulo da sua mãe foi um bom começo. É forte, especialmente quando compreendemos o motivo pelo qual Renato está preso e sua mãe morta. Aqui temos uma boa ideia do que o conto iria se tratar; a redenção de um preso. 

    Infelizmente, é aqui que a condução do conto desanda. Ali, você joga o assassino Martin, um adolescente apaixonado pela professora, que teve o coração partido quando assistiu ela beijar o namorado dela (padrasto de Renato). No parágrafo seguinte, você mata Clara. Ou seja, nos primeiros parágrafos, você já nos mostrou tudo o que nos prenderia na história. Faltava mostrar a redenção de Renato. E faltou a clareza.

    Conduzir uma história é difícil, embora às vezes soa até como uma habilidade natural do escritor. Isso é uma falácia, porque por vezes temos uma história clara em nossa cabeça e, quando escrevemos, ela continua clara. Tenho certeza que isso aconteceu contigo. Mas diante da leitura dos outros, vemos que não está tão claro assim. Talvez, a leitura de outras pessoas teria solucionado essa não clareza. Essa falta de clareza me impediu de me conectar com a história. 

    Então, não ficou muito claro, para mim, por exemplo, quando Renato virou professor? Curso de pedagogia durante a prisão? Parece, por exemplo, que antes da morte da mãe ele já tinha sido professor.

    Além disso, senti que a falta de uma verossimilhança em determinados momentos. Exemplo: Renato foi contratado como professor após uma semana de treinamento com uma diretora que estava com um pé atrás por ele ser um ex-presidiário. Acho que teria que demonstrar mais resistência. Ou por exemplo, como ele escondeu uma arma dentro de uma bíblia, se ele teve que entrar num centro de recuperação juvenil, um lugar com proteção que buscar evitar a entrada de quaisquer materiais perigosos, como arma de fogo. Ou por exemplo, Martin nunca percebeu que Clara usava uma aliança, considerando que ela era casada com o padrasto?

    Acho que a próxima coisa que sinto que preciso falar é sobre a densidade de um conto. O sonho de todos os escritores, especialmente dentro do desafio literário do EntreContos, é condensar uma história densa no limite de palavras. Um conto profundo, que provoca no leitor múltiplas sensações, que o deixe arrebatado e etc. Tive a sensação que o (a) escritor (a) ousou em colocar uma história densa como um livro num conto, mas não soube conduzir bem a narrativa.

    Então, outro conselho que aprendi aqui: menos é mais. Menos cenas e referências ao padrasto, que ali no final mais me confundiu do que ajudou. (Confundiu porque, aparentemente, o próprio padrasto duvidava do enteado após o homicídio cometido). Mais cenas com a mãe, a título de apelação mesmo para prender a emoção do leitor. 

    Por fim, trabalhe bastante em revisão, clareza. Apela para amigo, apela para CHATGPT (com o único intuito de REVISÃO GRAMATICAL). Certeza que o próximo conto vai sair melhor. 

    Nota: 2

  21. Thales Soares
    11 de fevereiro de 2024

    Esse conto não funcionou muito comigo.

    Eu já trabalhei muito tempo como educador, e acredito que escola alguma aceitaria um assassino para dar aulas, por mais que ele seja o melhor professor de todos os tempos, e isso deixou a história um pouco inverosímil para mim.

    Por mais que Renato tenha se redimido, e agora está recomeçando a vida, isso não apaga o seu passado de assassino. Renato, ao meu ver, é tão culpado quanto Martim. Essa discussão, inclusive, é bastante interessante, sobre a questão do peso do crime máximo que Renato cometeu. Achei até que ao longo da narrativa isso seria mais bem explorado, mas a história optou por ignorar completamente essa dualidade de Renato, que hora é um assassino impiedoso, e hora é o melhor professor da escola. Acredito que a história poderia se beneficiar bastante de uma maior profundidade na exploração dos conflitos internos de Renato e na complexidade das suas interações com outros personagens, como o padrasto. A inclusão de mais nuances psicológicas e morais enriqueceria o conto, permitindo uma análise mais interessante dessa temática de recomeço e redenção.

    Sobre a escrita, achei tudo muito bem apresentado. No entanto, essas idas e vindas na questão temporal acabaram me confundindo em determinados trechos, onde eu tive que voltar um pouco para reler algumas partes, mas nada que comprometesse a obra (pode ser que tenha sido mais culpa minha do que do escritor, pois eu estava um pouco cansado enquanto lia… mas a história não estava me fisgando tanto).

    Apesar de não ter me agradado, tenho certeza que muitas pessoas vão adorar, pois a ideia está bem interessante. De qualquer forma, boa sorte no desafio!

  22. universodecontos
    10 de fevereiro de 2024

    Esse conto não funcionou muito comigo.

    Eu já trabalhei muito tempo como educador, e acredito que escola alguma aceitaria um assassino para dar aulas, por mais que ele seja o melhor professor de todos os tempos. Por mais que Renato tenha se redimido, e agora está recomeçando a vida, ele continua sendo um assassino. Renato, ao meu ver, é tão culpado quanto Martim. Essa discussão, inclusive, é bastante interessante, sobre a questão do peso do crime máximo que Renato cometeu. Achei até que ao longo da narrativa isso seria mais bem explorado, mas a história optou por ignorar essa dualidade de Renato, que hora é um assassino impiedoso, e hora é o melhor professor da escola.

    Em suma, acredito que a história poderia se beneficiar de uma maior profundidade na exploração dos conflitos internos de Renato e na complexidade das suas interações com outros personagens, como o padrasto. A inclusão de mais nuances psicológicas e morais enriqueceria o conto, permitindo uma análise mais interessante dessa temática de recomeço e da redenção.

    Sobre a escrita, achei tudo muito bem apresentado. No entanto, essas idas e vindas na questão temporal acabaram me confundindo em determinados trechos, onde eu tive que voltar um pouco para reler algumas partes, mas nada que comprometesse a obra.

    Boa sorte no desafio!

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Informação

Publicado às 10 de fevereiro de 2024 por em Recomeço e marcado .