EntreContos

Detox Literário.

[EM] O Fim do Mundo de Alaor (Anderson Roberto)

Faltavam cem segundos para o fim do mundo…

Alaor leu a terrível notícia no jornal. É um homem de meia-idade, reservado, sem posição política definida, sem muitos sonhos ainda a realizar, e historicamente apegado às tradições, como gostar de ler o jornal impresso no início da manhã e com o rádio sintonizado em seu programa preferido. Nunca tinha lido que existia o tal “Relógio do Apocalipse”, era assim que o chamavam na matéria. Descobriu que os ponteiros deste relógio estavam há muito tempo estáticos, e que o tempo é relativamente diferente neste relógio, não se marca o fim ou o início do dia e da noite como nós seres humanos estávamos acostumados. Eles marcam o tempo que a humanidade ainda tem como expectativa de vida, e que o avançar ou o retroceder dos ponteiros estavam ligados diretamente à imbecilidade que os humanos tem para acabar com tudo e de só pensar em riquezas. O autor da matéria não havia escrito aquelas palavras, a interpretação de Alaor havia pedido até alguns palavrões para adjetivar o homo sapiens, mas ele se conteve como sempre fez.

Sua esposa o chamou pelo nome, apesar de saber onde ele nestes últimos anos, sempre estaria de manhã. Trouxe-lhe o café preto e sem açúcar por causa do diabetes e uma torrada com manteiga dos dois lados. Ele sorriu e ela depois de segundos intermináveis sorriu de volta, estava embutido na troca de sorrisos quase melancólicos o diálogo da manhã: como passou a noite? Eu muito bem e você? Já tomou os seus remédios? E você, já tomou o seu? Não sei como você agüenta estas musicas! E as notícias do jornal, continuam as mesmas? O seu time ganhou? Me deixe acabar de ler que daqui a pouco lhe conto… Não teve coragem de dizer à mulher que o fim do mundo estava próximo. Esqueceu um pouco a leitura e a fitou voltando para a cozinha, o vestido esgarçado e as pernas com algumas veias salientes. Se contasse a ela, talvez pensasse que tinha embirutado de vez, andava reclamando a ela que ultimamente a memória não andava lá essas coisas. E justamente na hora em que todos os neurônios voltaram para novamente pensar no fim do mundo, o locutor anunciou a música de Cartola, “Preciso me encontrar”.

Sentiu um baque ao escutar o inicio dedilhado da música e depois a marcação dos instrumentos ganhando corpo e volume e a voz de Cartola a lhe chamar para dar o fora dali e aproveitar seus últimos segundos de vida, seus últimos cem segundos. Olhou em volta e sentiu asco. Sentiu como se estivesse fora da curva da vida, tantas coisas a aproveitar e agora aquele mundo ou pelo menos a vida de que todos tinham conhecimento, iria findar-se em tão pouco tempo. As palavras e a melodia entravam em seus ouvidos e também em seus poros e ele ali, a olhar aquele café sem gosto e a torrada com todas as suas restrições. Foi uma retrospectiva bem rápida, exatos os três minutos que durou a música: foi um bom marido na medida do possível, bom pai na educação dos filhos, que agora crescidos tinham seus próprios problemas. Foi um bom funcionário da empresa que trabalhou por mais de trinta anos, mesmo que em alguns momentos um soco bem dado no nariz diminuiria consideravelmente os embates diários. Foi um bom amigo, mesmo que agora a maioria de suas amizades estava morta e os que ainda continuavam vivos, Alaor evitava encontrá-los por não suportar as suas eternas reclamações. Foi um bom cristão, mesmo sabendo que em alguns momentos ele poderia ter feito uma oração e um pedido com mais fervor. Foi um bom irmão, mesmo não suportando na maioria das vezes as imperfeições do seu sangue. Foi um bom filho, mesmo sabendo que poderia ter dito aos pais que os amava mais do que eles pensavam. E então como resultado de suas avaliações, descobriu-se que era apenas bom em tudo e com o fim do mundo mais próximo a cada segundo, a sua chance de ser ótimo em alguma coisa diminuía com um estalar de dedos.

Cartola deu ainda mais ênfase no refrão. “Deixe-me ir, preciso andar” ficou martelando na cabeça de Alaor, os segundos para o fim do mundo andando cada vez mais depressa e ele a ponto de chorar sem saber o que fazer. A mulher o tirou daquele transe, lhe perguntando o que queria de almoço e como ele não lhe respondeu, permanecendo com os olhos esbugalhados e tristes, decidiu ela mesma, já voltando para a cozinha, que seria bife de peito de frango e salada de brócolis e tomate. Foi neste momento que de dentro do peito de Alaor surgiu um rompante que não surgia há vários séculos. Olhou tudo em volta até que os seus olhos encontraram a janela e dentro dela o mundo, mesmo que por uma ironia este fosse de forma quadrada. Esticou a vista o máximo que pôde, mas não conseguiu ir além de algumas quadras, porque os olhos não funcionavam mais direito e os prédios a toda volta limitavam a visão. Mas decidiu que não queria mais aquele limite, queria como na música ultrapassar aquela barreira e aproveitar ao máximo aqueles segundos restantes. O rompante ainda vociferava no peito e já se espalhava por outros tecidos e órgãos: já que os humanos estão acabando com o mundo, que eles vão à merda e me deixem aproveitar tudo o que eu puder.

O programa preferido acabou, várias músicas foram tocadas depois de Cartola, os minutos da manhã já haviam sido quase todos consumidos e nada do fim do mundo iniciar. Coitado de Alaor, levou a interpretação da notícia ao pé da letra, que mesmo sendo este um relógio, o do Apocalipse só movimentaria os ponteiros se os humanos assim o quisessem. A vida continuava da mesma forma, preservando as suas esquisitices e idiossincrasias de cada região do planeta. Não havia risco de asteróides, terremotos, inundações ou qualquer tipo de fim com interpretação religiosa. Pelo menos por enquanto e a não ser nos filmes, o mundo continuava inteiro e funcionando normalmente, com uma indisposição aqui e ali, mas nada que não pudesse ser recuperado. Dona Ivana, a mulher de Alaor, veio contar-lhe sobre uma fofoca e dizer que iria sair para comprar o frango e terminar o almoço. O encontrou estirado sobre o tapete com os mesmos olhos esbugalhados e tristes. Deu um grito de desespero ao perceber que o havia encontrado já sem vida.

Não era rompante e nem um embate contra a vida monótona que havia levado. Alaor teve um infarto fulminante e que levou a sua vida toda de uma vez.

O fim do mundo pode acontecer de várias formas, o de Alaor começou no coração…

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23 comentários em “[EM] O Fim do Mundo de Alaor (Anderson Roberto)

  1. Danilo Heitor
    12 de junho de 2021

    Ambientação: simples, mas eficiente. A história se ambienta no próprio Alaor.

    Enredo: gostei da citação ao Relógio do Apocalipse, mas achei que ela ficou um tanto perdida no desenrolar da história. Gostei do Cartola dando o ritmo. O final foi interessante e a reflexão sobre o fim do mundo começar no coração também.

    Escrita: tem alguns errinhos bobos, mas nada que comprometa o andamento.

    Considerações gerais: um conto bom, mas sem tanto brilho.

  2. Tolbert Dzowo
    12 de junho de 2021

    Ambientação : Boa deu pra sentir o lugar onde o Alaor estava com a sua mulher. Foi bem descrita a casa a notícia do fim do mundo o pânico e tudo .
    Erendo : O fim do mundo pode acontecer de várias formas, o infarto foi o fim do mundo dele, só lhe sobravam lembranças e arrependimentos. De tudo que aconteceu, de como ele teria melhorando as coisas, porém o tempo não volta.
    Escrita : Foi boa deu para entender, tiveram alguns textos longos, mas não causaram nenhum problema.
    Considerações: Foi um fim do mundo diferente, estava já me acostumando somente a ver acção e você me trouxe um fim do mundo de arrependimentos. Gostei boa sorte.

  3. Ana Carolina Machado
    12 de junho de 2021

    Oiiii. Abaixo falarei um pouco mais dos seguintes elementos do texto:
    Ambientação: Um conto ambientado no cotidiano que começa com um idoso que fica muito impressionado com uma notícia no jornal sobre um relógio do fim do mundo.
    Enredo: O enredo segue o Alaor e suas reflexões e pensamentos após ver a notícia do relógio do fim do mundo. Ele começa a pensar que resta pouco tempo para aproveitar antes que as coisas terminem. Acho que tudo deixou ele tão nervoso que ele acabou infartando no fim do texto.
    Escrita: A escrita é boa e transmite bem a atmosfera cotidiana.
    Considerações gerais: Um texto que mostra um fim de mundo diferente, pois no conto o mundo acabou somente para o Alaor. A narrativa foi realista, pois tem alguns idosos que realmente se impressionam com as notícias a ponto de ficarem nervosos.

    Boa sorte no desafio!

  4. Dayanne de Lima Pinheiro
    10 de junho de 2021

    AMBIENTAÇÃO: um tema cotidiano muito bem costurado, com um quê de Lígia Fagundes Telles. Conquistou-me completamente!

    ENREDO: um senhor idoso se dá conta da iminência do fim do mundo e repassa sua vida, suas prioridades e anseios, e neste afã acaba enfartando, tendo seu apocalipse particular. Um enredo de Conto moderno, mas focado no contar do que no desfecho, ainda assim com um desfecho poético, quase filosófico.

    ESCRITA: um primor, a sensibilidade com que consegue nos passar o sentimento de Alaor nesses minutos finais é ímpar, esse conto é perfeito!

    CONSIDERAÇÕES FINAIS: um dos melhores contos até o momento, estou realmente muito feliz de ter participado deste concurso e ter tido a oportunidade de conhecer sua escrita. Bravo!

  5. Bruno Raposa
    9 de junho de 2021

    Ambientação: Simples, cotidiana. Não é ruim, mas foge completamente da proposta do desafio, que é voltado para a literatura de gênero.

    Enredo: Gostei da ideia de usar o famoso Relógio do Apocalipse, que sempre foi um objeto intrigante pra mim. Porém, a forma como essa ideia foi conduzida foi por demais inverossímil. Já é exigir demais da suspensão de descrença do leitor que Alaor, um homem informado, se confundisse achando que os 100 segundos eram literais. Fica ainda pior com o fato de que a ação se passa num período muito maior do que os tais 100 segundos e Alaor segue com essa ideia fixa. Pode-se jogar a culpa numa possível senilidade do personagem, mas é muito, muito difícil de comprar essa narrativa. Todo o restante do enredo fica comprometido por se sustentar nessa premissa.

    Escrita: Logo no início tem um “É” onde deveria ser “Era” que gera uma variação temporal esquisita. De resto, não notei grandes problemas. Trabalha bem os sentimentos do personagem. A música do Cartola parece ter sido usada como muleta narrativa, me desagradou um pouco. No geral, não é um ponto que se destaca, mas é uma escrita correta. Tem lastro para evolução.

    Considerações gerais: Achei um conto mediano, com altos e baixos, mas alicerçado numa premissa inverossímil. Dentro do contexto do desafio, o maior problema, porém, é que ele não se encaixa na literatura de gênero. Isso pesa muito na minha avaliação. Infelizmente, vai para as últimas posições na minha lista. 😦

    Desejo sorte no certame.

    Abraço.

  6. Natália Koren
    7 de junho de 2021

    – Ambientação: Uma cena cotidiana que não requer grandes ambientações. Mas o início do texto, pintado com ares de crônica, trouxe umas frases muito boas que descreviam muito com poucas palavras. Me empolgou logo de cara.
    – Enredo: Aqui as coisas começaram a ficar um pouquinho mais complicadas. Confesso (e pode ser absolutamente burrice minha) que tive certa dificuldade em entender as implicações do tal relógio. Era uma metáfora? Uma daquelas contagens simbólicas do tipo “se toda a história do planeta se condensasse em um século de existência”? Um artigo escrito por algum colunista no jornal descrevendo a ganância da humanidade de forma figurada? Sendo um desafio de ficção / fantasia, eu tendi a pensar que se tratava de fato de um relógio marcando esse tempo, e custei a me desprender disso, talvez porque a escrita começa logo a ficar confusa… O que foi um problemão, visto que o conto se desenvolve todo a partir dessa ideia. Então nesse momento, começou a me perder. Voltei a me situar mais perto do final e gostei do desfecho. Simples, mas funciona.
    – Escrita: Em uma palavra, inconsistente. Tem coisas muito boas e outras muito ruins. Começa muito bem, e aí tropeçamos numas inversões desnecessárias que dificultam a leitura. Volta a ficar boa depis do refrão da música, foi a parte que mais gostei – desse ponto até o final. E tem ainda muitas incoerências de tempo e concordância verbal que me incomodaram bastante.
    – Considerações Gerais: Um conto simples, que força um pouquinho para se encaixar no gênero proposto, mas para mim funciona. Acho que precisa de uma boa revisão para desatravancar o início, que fica confuso muito rápido, mas no geral é bom.

  7. Fabio D'Oliveira
    5 de junho de 2021

    É um conto bom, Basílio, está dentro do tema, mas não é fantasia, terror ou FC. É cotidiano. E não sei se é justo que ele esteja num desafio destinado aos gêneros que citei inicialmente.

    AMBIENTAÇÃO

    Praticamente inexistente.

    A narrativa se concentra no mundo interno de Alaor e suas reminiscências do que fez e não fez. Não há sequer uma apresentação eficiente da casa do protagonista, ou da cidade, para darmos uma forma visual maior, então ficamos sempre dependendo da própria imaginação para criar maiores imagens.

    ENREDO

    É o ponto forte desse conto.

    Não é original, claro, e abordar o fim do mundo numa perspectiva introspectiva, ou seja, do fim do mundo do indivíduo, não é a execução mais criativa, mas você sabe conduzir a história.

    Inicialmente, pensei que seguiria um caminho à la O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, com uma narrativa intrometida e bem humorada, mas acabou indo para um caminho mais niilista, mais pessimista. Foi uma pequena decepção, admito, mas não foi culpa inteiramente sua. O início do seu conto é muito promissor.

    Outro elemento interessante é o ritmo da narrativa: rápido, numa sucessão de pensamentos, como um brainstorm. Achei adequado para a proposta do enredo.

    ESCRITA

    Boa, mas pode melhorar, Basílio.

    Em alguns pontos, senti que você se demorou demais em rememorações, alongando algo que podia ser resumido. Isso cortou um pouco da dinâmica da leitura e me senti cansado em alguns pontos.

    Sobre erros, não encontrei nenhum, acho que poderia repensar algumas frases e pontuações, mas são detalhes. De resto, é um conto bem escrito, com uma narrativa inteligente e bem construída.

    CONSIDERAÇÕES GERAIS

    Como disse no início, é um bom conto. Alaor é um personagem comum, não brilha, mas serve bem para a proposta do texto. O problema aqui, na minha opinião, é o gênero do conto. Ele não é um conto de fantasia, FC ou terror, nem um subgênero que poderia se aproximar, como realismo mágico. Não mesmo. Não tem como avaliar bem um conto que não se adapta a um dos conceitos básicos do desafio. Claro, a moderação não proíbe e nem pune, mas como a avaliação aqui dentro é individual, saindo da curva dessa forma, sempre deixa em aberto a possibilidade de alguém avaliar essa questão.

    Espero que entenda minha posição.

    Parabéns pelo trabalho!

  8. davenirviganon
    4 de junho de 2021

    Ambientação: Atrelada ao cotidiano, da pacata e, agora, curta vida do protagonista.

    Enredo: Uma vez que o conto depende muito do que se passa na cabeça de Alaor. O espaço para ser tudo uma invenção da cabeça dele enfraquece um conto em um desafio que deveria ser do ramo do fantástico. Entendi que a pegada era do cotidiano mas poderia ser um cotidiano com algum tipo de especulação e não uma máscara de fantástico para entregar o mundano.

    Escrita: condiz com contos sobre o cotidiano, que trazem alguma fina ironia da vida mas esquece dos eventos e do maravilhamento com o fantástico.

    Considerações Finais: Um conto sobre o cotidiano, poderia ser inserido em algum ramo do fantástico com mais habilidade e não uma mera desculpa para colocar nesse desafio.

  9. Victor O. de Faria
    2 de junho de 2021

    Ambientação: Um texto bastante singelo e curioso, com seu cotidiano nas entrelinhas. Escrever sobre o cotidiano sempre foi um embate interessante aqui no EC e sempre traz à tona a velha polêmica: cotidiano é ficção? Cotidiano pode ser um tema em si? Creio que o autor(a) conseguiu fazer isso aqui muito bem, apesar da forma simples. Um casal de idosos “à beira do precipício” sem entender mais como o mundo funciona. Muito bom.

    Enredo: É um curioso drama com um misto de comédia nas entrelinhas. Quem escreveu tem um senso de humor apurado, embora não evidente. Gostei da relação “casal de idade” com notícias tecnológicas atuais. O final é trágico, mas ao mesmo tempo reflexivo (e um tanto satírico).

    Escrita: Aqui vem o porém. Não gosto muito de fluxos de pensamentos, e o texto está recheado deles. Inclusive, o tempo verbal muda constantemente do passado para o presente. O autor(a) escreve bem, mas a gramática (ou a forma em si) incomoda um pouco.

    Considerações gerais: Gostei, com algumas ressalvas. A criatividade pode fluir de uma temática cotidiana e aqui não foi diferente. Ainda bem que o autor(a) soube atrelar os eventos e acontecimentos ao relógio do Apocalipse, senão a história estaria um tanto fora do tema. O texto tem um ar de escrita madura e espero, sinceramente, ver mais histórias cotidianas de sua autoria por aqui.

    (Obs. essencial.: não leio os outros comentários antes de comentar).

  10. Marcia Dias
    31 de maio de 2021

    AMBIENTAÇÃO: As inquietações de um homem de meia-idade, enquanto toma seu café da manhã em casa.

    ENREDO curto, direto e pontual: Alaor morre de um ataque fulminante enquanto lia o jornal e ouvia Cartola. Contado com sutileza e cuidado nas construções frasais, o contista já descrevia o ataque cardíaco de Alaor no começo do dedilhado da música, quando sentiu um “baque” que já não era exatamente uma emoção, mas a morte chegando mesmo.

    ESCRITA: Boa, mas notei que precisa de revisão na pontuação.

    CONSIDERAÇÕES FINAIS: Gostei muito! O texto é curto mas diz muito mais do que muitos caracteres.

  11. Luis Fernando Amancio
    28 de maio de 2021

    AMBIENTAÇÃO
    A ambientação é boa, o autor introduz bem o leitor ao ambiente doméstico no qual a história se passa.
    ROTEIRO
    Simples, o que não é ruim. Não é uma história que surpreende o leitor. O início do conto, com essa história de “relógio do apocalipse”, não convence. Precisamos de um bocado de boa vontade para comprar essa situação de um jornal estampar que faltam 100 segundos para o fim do mundo de acordo com um determinado relógio.
    ESCRITA
    Mais do que revisão, merece um amadurecimento. Há frases que se alongam demais. O diálogo mental entre o casal, por exemplo, poderia ser enxugado. Acho que o autor tem boas ideias e potencial para desenvolver sua narrativa de uma forma mais encantadora.
    CONSIDERAÇÕES GERAIS
    O fim do mundo pode ocorrer em diferentes perspectivas. Para quem morre de infarto, não importa se a Terra durará centenas milhões de anos. Para Alaor, o mundo acabou, ainda que possa ter durado mais do que os 100 segundos anunciados. Gostei do conto, da ambientação doméstica e senti empatia pelos personagens. A escrita do autor, como eu disse acima, pode melhorar. Proporcionar ao leitor uma experiência mais agradável ao longo do texto. Estamos aqui para aprender, Basílio. Você tem potencial.

  12. jeff A Silva
    25 de maio de 2021

    Olá caro autor ou autora.

    Ambientação: É bem resumida e sem detalhes maiores. Uma rotina caseira sem graça com nada muito chamativo. De tudo descrito pouco se remete ao tema proposto aqui.

    Enredo: Um enredo calcado pelo sentimento. Com um conflito interno de um homem simples diante do fim. Tudo embalado numa crônica minimalista. O fim veio só não da forma esperada.

    Escrita: O texto com certeza é dinâmico e agradável na leitura. Achei também que o tamanho foi foi bom levando em consideração a construção do conto, não perdendo tempo com barrigas desnecessárias.

    Considerações gerais: É um conto pautado no cotidiano, algo que me desagrada um pouco dada a possibilidade de representações melhores e mais criativas com o tema do certame. Tinha mais potencial para ser aproveitado com a psiquê do personagem porém ficou pelo caminho. Um dos pontos que gostei foi a inserção da música no texto (sempre sou fã) fora isso é apenas ok.

    Parabéns pelo trabalho e sorte aqui.

  13. Nelson Freiria
    24 de maio de 2021

    Ambientação: meia cansativa com as questões domésticas, mas creio que a intenção era essa mesma, para assim convencer o leitor da epifania, ou catarse, ou seja lá o que for melhor para classificar a mudança interior de Alaor.

    Escrita: palavras redondas em um texto curto. É como dizem, o simples funciona.

    Enredo: pode ser o ponto alto ou fraco, a depender do leitor. Confesso que a breve história de Alaor não me emocionou, seu drama diário e sua incapacidade de lidar com o Relógio do apocalipse me deixaram meio “?????”

    Considerações gerais: devo reconhecer que apesar de não me empolgar, o conto é bem escrito. Por ser curto, eu esperava um desfecho mais contundente. A última frase do conto parece o parágrafo anterior repetido de outra maneira.

  14. opedropaulo
    16 de maio de 2021

    AMBIENTAÇÃO: Aqui o ambiente é a recapitulação agoniada que um indivíduo faz de sua própria vida ao se deparar com o fim do mundo.
    ENREDO: É um enredo voltado para dentro do personagem, que passa pelas reflexões que um homem faz de sua vida, numa verdadeira valoração. Há uma premissa de que toda pessoa é um mundo em si só e funciona muito bem aqui, já que é a introspecção que ocupa a maior parte das linhas do texto. Acredito que as duas últimas linhas poderiam ter sido dispensadas, inclusive. Senti-me como se estivesse subestimando o leitor ao achar que a ideia do texto já não estava suficientemente evidente.

    ESCRITA: Acredito que poderia ter sido menos “torrencial”, com uma maior divisão dos parágrafos e uma atenção maior à pontuação.

    CONSIDERAÇÕES GERAIS: É mais um texto que se dedica a explorar os sentimentos quanto ao fim iminente ao invés de explorar o fim em si, o que é muito bem-vindo. A execução é boa, embora não surpreenda e tenha algumas falhas na forma como foi apresentada.

  15. Jorge Santos
    16 de maio de 2021

    Ambientação:

    Excelente, cheio de poesia. É o conto mais simples do desafio, e um dos que tem mais força. É preferível uma ideia forte do que algo complexo que faça o leitor dispersar-se.

    Enredo:

    O conto é simples. Tem uma mensagem poderosa: a vida tem de ser aproveitada ao máximo.

    Escrita:

    Simples e eficaz, sem “gordura” desnecessária.

    Considerações gerais:

    Conto curso e bem executado. O fim do mundo não precisa de ser algo apocalíptico. O fim da vida pode surgir num segundo.

  16. antoniosbatista
    15 de maio de 2021

    Ambientação= De certa forma corresponde ao tema.

    Enredo= Simples, sem grandes novidades. Homem ouve a notícia de que uma guerra nuclear está próxima de acontecer( relógio simbólico, onde meia-noite é a hora do apocalipse), desejava aproveitar o máximo do tempo que lhe resta, mas tem um ataque cardíaco e morre.

    Escrita= Boa. Narração clara e coerente.

    Considerações Gerais= Fiquei frustrado com o final, pois achava que Alaor iria fazer algo extraordinário, mas o coitado não aguentou a emoção, morreu enfartado.

  17. Ângelo Rosa de Lima
    10 de maio de 2021

    Ambientação: Conto bem ambientado dentro da sua simplicidade.

    Enredo: Quase não há enredo, há uma exêgese da última manhã de um homem.

    Escrita: Agradável e sem erros, soube usar de licença poética numa dose que não exclui ninguém de entender o conto.

    Considerações gerais: Mais uma entrada criativa no sentido de escapar das mãos do tema e trazer algo mais monótono do que o tema pede, o que pode ser visto positivamente ou não.

  18. Fheluany Nogueira
    7 de maio de 2021

    AMBIENTAÇÃO –
    O espaço-temporal do dia-a-dia habitual ao protagonista, interpretado e internalizado subjetivamente como um mundo coerente. O clima é bem construído, apesar de certa discrepância ao relatar a idade do de Alaor: meia-idade; mas já trabalhou trinta anos em uma firma e toda a sua caracterização e da mulher mostra um casal de idosos.

    ENREDO –
    Uma realidade certa que comanda as atitudes do protagonista, quando aparece a notícia de fim-do-mundo. Então, esta realidade é suspensa e traz desorganização mental e a busca de uma nova organização — o mundo quadrado (ótima metáfora).

    O texto fala sobre morte, inevitável, a certeza de que um dia a vida chega ao fim. O foco de interesse, assim, seria como o homem lida com a morte; seus medos, suas angústias, suas defesas, suas atitudes diante da morte.

    ESCRITA –
    Leitura fluente, prazerosa, ágil, que leva o leitor, de idade aproximada ao protagonista, a se identificar com ele.

    CONSIDERAÇÕES GERAIS:
    Um conto reflexivo, meio melancólico. No pequeno mundo de todos os dias está também o tempo e o lugar da eficácia das vontades individuais — abordagem bastante diferenciada dos outros trabalhos; aqui é retratado o senso comum do fim-do-mundo, sem fantasias ou ficção científica, o Realismo de Eça de Queirós.
    A narrativa se fechou muito bem com as múltiplas conotações da palavra “coração”.

    Parabéns pela ideia e boa sorte no desafio. Abraço.

  19. thiagocastrosouza
    5 de maio de 2021

    Ambientação: cotidiana, sem grandes desafios. Um ambiente doméstico e bem descrito.

    Enredo: Carregado de ironia, flertando com a crônica e brincando com a maneira literal do personagem enxergar o mundo, que o levou à ruína. Há também uma reflexão sobre o caminho que percorremos e como as escolhas que fazemos influenciam no estado presente das coisas. Me divertiu, mas não foi muito além.

    Escrita: Como disse, um estilo de crônica, até pela escolha do retrato doméstico que o autor quis desenhar. Marcado pela normalidade do começo ao fim do texto, a frase final tem um impacto positivo.

    Considerações gerais: um conto de fim de tarde ou, como Alaor, para se ler num começo de domingo. Aborda o fim dos tempos fora do gênero FC e Fantasia, o que é um respiro no desafio, indo por um caminho mais interpretativo. O que é o fim, de fato?

    Grande abraço!

  20. Ana Lúcia
    4 de maio de 2021

    Ambientação: Achei interessante e consegui imaginar a cena se desenvolvendo muito bem
    Enredo: Achei uma ideia interessante, consegui praticamente ver o casal
    Escrita: foi bem fluida e achei que mesmo o texto sendo curto conseguiu servir ao que se dispõe. Como alguém disse o fato de ser dinâmico fez muito sentido por a história se passar pela visão de um dos personagens junto de seus pensamentos
    Considerações gerais: uma boa história mesmo curta e extremamente criativa a viradinha no final.

  21. Lucas Julião
    4 de maio de 2021

    Salve, salve Basílio! Pelo jeito deixaram o melhor para o final, se continuar assim eu vou poder morrer feliz antes de acabar essas correções. Mas vamos lá, apontando os problemas do texto, inclusive.

    Ambientação: Boa, coisa simples! Uma tensão dentro de casa de um cara preocupado com o fim da vida e sua pequenez. Como um conto deve ser. Mas tem um erro crasso aqui. Tu começa falando que ele é um homem de meia idade; ou seja, entre 40 e 50 anos, mas logo em seguida ele já tá na maior idade com a maioria dos amigos mortos? Isso é um problema importante para a história, ainda mais por que a idade do personagem é importante para o desenvolvimento da trama e como o conto é curto o problema fica mais evidente.

    Enredo: Somos todos Alaor! O nome não sei se é dos melhores. Mas esse mundo que acaba e não acaba, que a gente quer que acabe logo mas a gente quer viver mais… Não tem coração que aguente.

    Escrita: Achei que poderia ser um pouco mais fluída. Mas teve boas jogadas.

    Considerações gerais: Não é um conto de fim do mundo mas como o fim do mundo é elaborado dentro da cabeça do personagem me faz o ver como um conto sobre o fim do mundo. Foi o único texto aqui que “finge” um fim do mundo que trabalha isso de forma verdadeiramente criativa. Não é um jardim em pânico ou um recomeço; mas as tensões do apocalipse e é isso que eu espero. 8,0/10

    Alias, esse conto daria um excelente curta

  22. Anderson Prado
    2 de maio de 2021

    Ambientação: O conto até está bem ambientado, mas a adequação à literatura de gênero é duvidosa.

    Enredo: O enredo é bom: o mundo de um pode não ser o mundo de todos, então o final do mundo pode ser o fim de apenas uma de suas partes. Assim, o fim do eu o fim do próprio mundo.

    Escrita: A escrita está muito bem encaminhada: as melhoras possíveis são poucas.

    Considerações gerais: Como de regra não gosto da literatura de gênero, acabei por gostar muito desse conto. É um nota 9,9!

  23. Kelly Hatanaka
    2 de maio de 2021

    Olá Basílio.
    Você apresenta um conto muito intimista e cheio de sentimento, de que gostei muito. Abaixo, meus comentários.

    Ambientação:
    Eficiente. Não houve grandes descrições, mas não foi necessário. O desenho da vida doméstica e o apego à rotina foram o suficiente para me levar a uma sala, aos barulhos de uma casa e ao som meio chiado de um radinho.

    Enredo:
    O enredo se desenrola na cabeça de Alaor, que faz um balanço da própria vida, quando crê que o fim do mundo se aproxima. Por fim, ele estava certo, mas não da forma como imaginava.

    Escrita:
    Um texto agradável de ler, fluido e dinâmico, como se fossem mesmo os pensamentos de alguém, correndo, passando para o próximo.

    Considerações gerais:
    Foi uma abordagem diferente do tema, e bastante adequada. A rotina e a monotonia são muito bem retratadas e a história é agradável de ler.

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Publicado às 1 de maio de 2021 por em EntreMundos - Fim do Mundo e marcado .
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