EntreContos

Detox Literário.

Tem Alguma Coisa Do Outro Lado da Janela (Antonio Stegues Batista)

Querido Diário

Meu nome é Nina Oliveira Kowalski. Hoje é 03 de setembro de 1996. Tenho 17 anos. Ganhei você de minha tia Deise no aniversário de 15 anos, mas só agora resolvi começar a escrever. Você será meu confidente secreto.

Hoje o dia está lindo, ensolarado. O sol volta a brilhar depois de vários dias nublados e friorentos. Os dias sombrios me deixam meio triste, mas agora com a primavera chegando, estou mais animada. 

Minha cidade é pequena, de casas antigas, centenárias, a maioria sem jardim, com a porta diretamente na calçada, de ruas estreitas, com alguns prédios de comércio, e um velho moinho para moer grãos. No final da tarde eu costumava ficar sentado na porta para esperar meu pai chegar do trabalho. 

Com a volta do chefe da casa, o jantar se transformava numa festa. A mãe queria saber como foi o trabalho dele e o pai queria saber as novidades do dia.

Nos fundos de nossa casa tem um pequeno quintal, com um pé de goiabeira e uma laranjeira. Minha mãe fazia geleia e doces das frutas. Num dos cantos do terreno ficava o forno para assar pão e o peru nos fins de ano. 

Depois que meu pai morreu, ela deixou de fazer pão e geleias. E até festa de fim de ano. Parece que uma parte dela também morreu.  Foi um período bem estranho aquele. Não me lembro muito bem daquele dia que meu pai faleceu. O nome dele é Olímpio Oliveira. Ele era dentista.

O nome de minha mãe é Irena Kowalski. Ela é filha de imigrantes poloneses. Veio para o Brasil ainda bebê. 

 Com 7 anos comecei a estudar no colégio do município e aos 15 anos conclui o ensino fundamental. Papai morreu dois nos antes. 

Mamãe começou a receber uma pensão, mas como o dinheiro não chegava, ela decidiu abrir um ateliê de costura para completar a renda e poder me matricular num colégio particular de ensino médio. Fiquei meio chateada por ela ter que se sacrificar por mim e até pensei em arranjar um emprego. Ela disse que não precisava, que eu era ainda uma criança.

 Eu não penso mais como uma criança e até guardei minhas bonecas porque não brinco mais com elas.

O que eu tenho para te contar hoje é só. Agora preciso lavar a louça do almoço.

 

 

 

Hoje é 08 de setembro.

Como eu não tinha nada para fazer, a mãe me convidou para ir junto com ela entregar um vestido que ela fez para a dona Madalena, viúva do açougueiro, Matias. Mateus é o nome do filho dela. Ele é meio estranho. Deve ter e minha idade. Não é feio, até que é bonitinho, mas nunca vi ele com uma namorada. Talvez porque é muito tímido. No colégio não conversava com ninguém. Ficava afastado lendo os livros dele. Não se enturmava.

O que eu quero te contar, Querido Diário é o seguinte; ontem quando fomos a casa do Mateus, levar o vestido da mãe dele, fiz uma loucura!

Enquanto dona Madalena e a mamãe foram para o quarto experimentar o vestido, fiquei na sala lendo uma revista de fotonovelas que encontrei numa estante. Em certo momento notei que Mateus estava escondido no corredor, me espiando. Fingi que não vi e continuei a ler a revista. Fiquei meio incomodada, sei lá, e me deu a louca, larguei a revista levantei a blusa e mostrei os seios pra ele. Não sei, mas acho que o pobre rapaz teve um treco. Ouvi um gemido e ele sumiu de vista.

Fiquei admirada comigo mesma, pela coragem de mostrar meu corpo. Ao mesmo tempo fiquei satisfeita de ter feito algo tão atrevido.

 

11 de setembro

A noite passada não consegui dormir direito. Acordei com os gritos de mamãe. Corri para lá. Acendi a luz e a vi sentada na cama olhando apavorada para a parede. Disse que tinha um bicho ali. Olhei, procurei pelos cantos e não encontrei nada. Acalmei mamãe, falei que foi um pesadelo, que era só um sonho mau.

Mais calma, voltou a deitar-se, virou para o lado e dormiu. Deixei a luz do abajur acesa e voltei para o meu quarto. Demorei a pegar no sono pois mamãe havia me dado um grande susto

De manhã, quando ela me chamou para tomar café, perguntei sobre o sonho e ela respondeu que não se lembrava de nada.

22 de setembro de 1996

Domingo

Minha tia Deise, irmã mais nova de meu pai, veio passar o dia conosco. Depois do meio dia saímos para fazer um piquenique no campo. A ideia foi de mamãe. O dia estava lindo, cheio de sol, os campos floridos, as árvores com uma roupagem nova, vistosa. As cores cinzentas do inverno foram substituídas por folhagens coloridas.

Foi um dia alegre, agradável. Pouco antes de voltar, como era um lugar isolado, mamãe e Deise fizeram a loucura de tomar banho no rio. De lingerie. Eu não fui porque não sei nadar. As duas mergulharam e ficaram um tempão lá embaixo. Até fiquei preocupada, achando que tinham se afogado. Mas voltaram à superfície e saíram do rio rindo. Como duas adolescentes sem juízo, diria minha avó.

03 de outubro de 1996

Mamãe voltou a ter pesadelos horríveis que a deixou bem desanimada. Até perdeu o apetite. Eu a convenci a consultar um médico. Foi um trabalhão marcar consulta com um especialista pelo SUS, mas conseguimos. Consultou com um psiquiatra, fez exames que não acusaram nada grave. O médico receitou uns calmantes para dormir e agora fazem duas semanas que ela não tem pesadelos. 

07 de outubro de 1996

Querido Diário

Você nem sabe o que aconteceu. A noite passada tive um sonho muito bom. Sonhei com o Mateus. Um sonho erótico. Não vou te contar os detalhes porque se a mamãe te descobre vai ler e depois vai zombar de mim.

 

16 de outubro

Hoje de manhã, mamãe foi a São Paulo comprar tecidos para suas costuras. Pensei que ela iria me levar junto, mas disse para eu ficar e arrumar a casa. Disse que iria com Deise, elas ficaram de se encontrar na avenida Paulista. Eu a acompanhei até o ponto do ônibus para a capital. Quando estava voltando, encontrei Gloria Brando e o namorado dela, o Tom Vieira. Glorinha foi minha melhor amiga no colégio e continua sendo, embora pouco a gente se vê. Eles estavam indo pescar e me convidaram para ir junto. Em princípio eu não queria ir, mas como Glorinha insistiu tanto, que acabei indo. Além do mais eu precisava me distrair um pouco.

Além dos caniços, eles levavam algumas garrafinhas de cerveja numa sacola de pano.

Chegando ao rio, a primeira coisa que o Tom fez foi abrir uma garrafa de cerveja e me oferecer. Recusei dizendo que bebida com álcool me fazia mal. Uma vez bebi um copo de chope numa festa e me fez muito mal. Fiz um fiasco danado vomitando no banheiro.

Depois de beber a garrafa inteira, Tom se sentou na raiz de uma árvore, tirou papel e fumo dos bolsos e começou a fazer um cigarro. Glorinha se sentou ao meu lado, na beira do barranco e ficamos conversando em voz baixa. Ela me perguntou se eu já tinha beijado alguém. Respondi que eu ainda não tinha encontrado o garoto que me faria entregar meu coração.

Glorinha me chamou de boba, romântica e ingênua. Que era para eu ser mais aberta, espontânea, e me perguntou se eu não queria beijar o Tom, se eu não queria fazer sexo com ele, que ela deixaria. Disse que iria gostar muito de assistir.

Fiquei chocada com as palavras da minha amiga. Nunca imaginei que ela iria me propor tal coisa. Claro que eu anseio pela minha primeira vez, mas não dessa forma. Indignada, fui embora, deixei os dois lá, bebendo cerveja e fumando cigarro de maconha. 

Mal cheguei em casa a mamãe também chegou. Estava pálida, nervosa. Disse que um homem no ônibus mexeu com ela, que o homem tinha cara de um demônio. O motorista do ônibus, vendo que ela estava muito nervosa, fez a volta e a trouxe até a porta de casa.

Mamãe ficou alucinada, andava de um lado para o outro, e de vez em quando olhava pela janela para ver se o demônio estava lá fora. Só se acalmou quando lhe dei um calmante para tomar.

 

5 de novembro

Querido Diário

Por falta de ânimo passei um bom tempo sem conversar com você. Mamãe ficou pior e os remédios já não fazem efeitos. Tia Deise, como responsável por ela, já que eu sou menor de idade, decidiu interná-la numa clínica de repouso em São Paulo. Na verdade, um hospital para doentes mentais. Quem paga é o marido dela que é gerente de uma metalúrgica e ganha bem.

Tia Deise vendeu a nossa casa e eu fui morar com ela. O dinheiro ela colocou no banco em meu nome para eu poder pagar um curso pré-vestibular no ano que vem. Eles moram num apartamento e eu confesso que não estou gostando nem um pouco de estar aqui. Preferia ter ficado sozinha na minha casa, a casa da mamãe. Tenho esperança de que ela vai melhorar, embora os médicos tenham dito que será difícil ela recuperar a razão.

E foi por esse diagnóstico desalentador, que Deise resolveu vender a casa e me obrigou a morar com ela. Disse que na capital eu teria mais chance de progredir na vida. Não sei, não tenho esperança de nada. Esta cidade me sufoca com seu prédios altos e trânsito barulhento.

No edifício onde vim morar, as pessoas passam uma pela outra e mal se cumprimentam. Parece que as amizades são fingidas, que eles desconfiam um do outro. Outra noite ouvi sons estranhos, como se alguém estivesse mexendo na porta de meu quarto.

 

9 de novembro

Noite passada acordei com alguma coisa puxando o lençol. Tive a impressão de eu era um rato muito grande. Deise e Marcelo acordaram com meus gritos. Marcelo olhou em todos os cantos do quarto e não encontrou nada. Concluímos que foi apenas um pesadelo. Fiquei com muita vergonha.

18 de novembro

Ontem, domingo, fomos visitar mamãe na clínica. Apesar da pintura vistosa, da decoração moderna cheia de vasos com flores coloridas, senti uma grande opressão naquele lugar.

 Logo que entramos na sala onde mamãe estava, vi que havia um homem de pé junto dela, com uma mão em seu ombro. Levei um choque quando vi o rosto dele, um rosto avermelhado, escamoso, cheio de caroços e os olhos eram azuis e profundos como o mar. Virei a cabeça para não olhar para ele e tentei voltar, mas tia Deise me empurrou gentilmente. Voltando a olhar, vi que o homem havia desaparecido.

Mamãe não me reconheceu e eu chorei muito por isso. Ela quase não falou e quando disse alguma coisa, foi algo sobre um vestido que ela tinha que fazer para ir a uma festa. 

Quando estávamos saindo de lá, notei que o homem de cabeça vermelha nos seguiu. Agora ele está ali, do outro lado da janela, pedindo para eu abrir e ele poder entrar…

43 comentários em “Tem Alguma Coisa Do Outro Lado da Janela (Antonio Stegues Batista)

  1. Amanda Gomez
    12 de dezembro de 2020

    Resumo📝 Nina conta em seu diário coisas sobre sua vida e a loucura da mãe, que provavelmente é hereditária.

    Gostei 😃👍 Histórias epistolares sempre me agradam, ganham uma leveza e fluidez que animam a leitura. Achei interessante a história de Nina e como você foi contando a vida ao redor, a morte do pai, o começo lento e alarmante da loucura da mãe. A exploração sobre sua sexualidade foi interessante também. Tem boas cenas, o conto me fez sentir aquela atmosfera anos 90, cidade pequena, mãe costureira, rotina escolar. Acho que foi uma boa ambientação. Descobri que a loucura seria hereditária foi outro ponto positivo, não estava esperando. Parabéns pelo trabalho!

    Não gostei 😐👎 Acho teve enfoque em algumas coisas, como a sexualidade dela, que não levaram a lugar nenhum. Quando a mãe é internada todo o resto passa meio abruptamente, uma corrida para chegar ao final e mostrar a surpresa, acho que poderia ter sido mais sutil como foi com a descoberta da loucura da mãe. Mas, são pequenos detalhes somente.

    O conto em um emoji : 👩‍👧📕

  2. Priscila Pereira
    10 de dezembro de 2020

    Resumo: Diário de uma jovem que vê a mãe enlouquecer e já dá sinais da doença também.
    Olá, Visão!
    Sabe, eu poderia ter escrito esse conto, é bem a minha cara 🤭
    Gosto da ideia de diários e de como vão dando o panorama todo aos poucos, entregando um pedacinho da história de cada vez.
    Seja o que for a doença da mãe, com certeza é hereditário e a filha já está tendo sintomas, triste isso.
    Eu queira a saber mais da vida dessa família, me parece que ainda tinha limite pra explorar mais a premissa, que é muito boa.
    Parabéns!
    Boa sorte!
    Até mais!

  3. Daniel Reis
    10 de dezembro de 2020

    RESUMO: jovem escreve um diário adolescente no qual paulatinamente vê a mãe perdendo o juízo e ela mesma decai aos poucos numa ilusão paranóica.

    IMPRESSÕES: o grande mérito dessa história é observar o nível linguístico e de pensamento de uma adolescente na hora da narrativa. Por outro lado, foi principalmente isso que me desconectou emocionalmente da história, já não encontrei reflexões mais profundas, como num diário de Anne Frank, somente os relatos de descoberta de uma menina-mulher (que, diga-se de passagem, estão muito bem escritos). De qualquer forma, no cômputo geral, é um trabalho bem urdido, que poderia ser aprofundado. Boa sorte no desafio.

  4. Bruno de Paula
    6 de dezembro de 2020

    Adolescente narra, através do seu diário, eventos que demonstram o despertar da sua sexualidade, o processo de enlouquecimento da mãe e, ao fim, o início do seu próprio processo de enlouquecimento.
    Olá, Visão.
    Então, pela primeira vez me vejo diante de um conto que não faço a menor ideia de como comentar, rs. Isso não é defeito do conto, deixe-se claro, talvez eu tenha falhado miseravelmente como leitor.
    É possível que o fato de eu nunca ter sido uma garota, fazer quase 17 anos que tive 17 anos e não ter tido nenhum dilema parecido com os dela dificultaram com que eu me identificasse? Talvez. Vai ver sou meio ogro. Ou meio burro. Sei lá.
    Sendo muito chato eu aponto que Oliveira deveria ser o último nome da garota, por ser o sobrenome paterno. Também achei esquisito ela se referir à amiga e ao namorado falando nome e sobrenome. Não é um hábito nada comum no Brasil. E também tem uns errinhos ou outros de revisão, mas não costumo me ater a isso, até porque meu conhecimento na área é um bocado limitado, rs.
    Vários elementos foram sendo colocados sobre a descoberta da sexualidade da garota, mas fiquei com a impressão que isso não levou a lugar nenhum. A filha enlouquecer tendo as exatas mesmas visões da mãe me pareceu muito esquisito. Certos transtornos mentais tem um componente genérico forte, mas as duas verem a mesma figura de demônio? Não me pareceu crível, ficou meio com cara de maldição. Mas meu conhecimento nessa área é também um bocado limitado.
    É, talvez eu seja muito limitado pro seu conto. ¯\_(ツ)_/¯
    Achei curiosa a maneira com que você decidiu terminar o texto, a frase final mesmo. Por um lado é instigante e deixa aberto a múltiplas interpretações sem recursos trapaceiros. Por outro ficou com cara de final de história de creepypasta. Não consigo nem definir se gostei ou não disso.
    Tô me sentindo mal por escrever um comentário tão inútil. Mas ao menos é honesto, rs.
    De qualquer forma, não foi uma leitura ruim, você narra de maneira leve e fluida. Nem senti o tempo passar.
    E… é isso.
    Desculpa por não te acrescentar em nada. 😦
    Um abraço meio constrangido.

  5. Fernando Dias Cyrino
    5 de dezembro de 2020

    Garota escreve diário. Anotando alguns pontos da sua adolescência. Foco maior na loucura crescente da mãe e, em segundo lugar, na descoberta e aflorar da sua sexualidade. Ao final a menina começa a sentir os mesmos sintomas delirantes da mãe. Um conto escrito em forma de diário adolescente. Este foi o estratagema que você usou para narrar a sua história. Mesmo assim, Visão, achei que seu conto careceu de um maior desenvolvimento. Tudo está legal, sabe, mas fiquei com a sensação de que poderia ter ido mais fundo no seu diário. Fica com o meu abraço e sucesso no desafio.

  6. Fabio D'Oliveira
    4 de dezembro de 2020

    Buenas!
    .
    Vou ser sincero: vi muito potencial, ainda que esteja bruto, precisando de bastante lapidação. Você sabe tecer uma boa narrativa, Visão. Ela é um pouco trancada por erros bobos, que podem ser resolvidos com uma boa revisão. Preste atenção, também, na organização do texto. Padronizar algumas coisas facilita a leitura. Quando há muita quebra de ritmo, sem que seja algo proposital, acaba deixando a leitura mais cansativa. Vou dar um exemplo: é desnecessário falar o ano dos acontecimentos pelo simples fato de que tudo se passo num único ano. A menção inicial bastaria, nesse caso. Um texto se constrói em detalhes, entende? Tem erros básicos de concordância e pontuação. Então, minha maior sugestão, no momento, é focar na lapidação do texto. Depois que terminar, espere um pouco, deixe o texto fugir de sua mente e pegue nele depois. Vai ter outra visão dele, garanto. Assim, ficará muito mais fácil perceber os erros e corrigi-los.
    .
    Um fato que me incomodou bastante na história foi a rapidez dos acontecimentos. Tudo ocorreu em 3-4 meses, literalmente. A doença mental da mãe , o atendimento no SUS (minha mãe tem depressão e ficou cinco meses esperando uma consulta com o psiquiatra, e olha que ela mora numa capital), a venda da casa, a loucura nascendo na filha; tudo muito rápido. Eu diria que seria melhor saltos temporais maiores. Um ano para a loucura da mãe crescer dessa forma, uns meses com ela sozinha na casa, já tendo sinais de doença mental também, indo pra casa da tia com a casa à venda ainda, etc. Eu tiraria a parte do menino e da amiga, pois não acrescentam em quase nada na história, nem na personalidade da menina, que é um pouco mal desenvolvida. Com o foco na loucura, na casa, na mãe e contar como o pai morreu, o conto com certeza ficaria mais atraente.
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    Vou destacar um trecho:
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    “Mamãe voltou a ter pesadelos horríveis que a deixou bem desanimada. Até perdeu o apetite. Eu a convenci a consultar um médico. Foi um trabalhão marcar consulta com um especialista pelo SUS, mas conseguimos. Consultou com um psiquiatra, fez exames que não acusaram nada grave. O médico receitou uns calmantes para dormir e agora fazem duas semanas que ela não tem pesadelos.”
    .
    Com enriquecimento de detalhes e narrativa, poderia ficar assim:
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    “17 de dezembro de 1996
    .
    Desculpe, sumi novamente. Estava tão feliz, querido diário… Mamãe estava melhorando, então, acabei focando nela, esquecendo de você. Foi um mês alegre. Saímos com a tia Deise, jantamos fora algumas vezes, foi uma delícia vê-la bem. Mas mamãe começou a piorar, mais uma vez. Parece até que seus pesadelos retornaram piores. Ela não queria, mas consegui convencê-la a procurar ajuda. Estamos esperando um espaço na agenda do especialista do SUS. É tudo tão demorado por aqui…
    .
    26 de março de 1997
    .
    Ah, querido diário, foi um trabalhão, mas conseguimos a consulta com um psiquiatra. Não participei, mas senti uma tensão no ar tão grande quando minha mãe saiu do consultório. Estou tão preocupada… Depois disso, minha tia Deise começou a nos visitar mais vezes. Ela também está preocupada com mamãe. Estou ajudando-a na organização dos remédios e ela fica mais calma, porém, começou a falar que tem alguém rondando a casa, espiando pela janela. Não sei o que fazer…”
    .
    Como viu, quando inserimos mais detalhes, a narrativa tende alongar, porém, torna-se mais rica e apreciável. Com uma boa escrita, não cansa o leitor em geral. Creio que você não queira escrever algo mediano, que não encanta, que não brilha, por isso estou passando essas dicas. Espero que te ajudem em algo!
    .
    Sobre a história, acompanhar a menina, que ainda não sabe nada da vida, vendo a mãe definhando, abraçando a loucura, é algo realmente triste. É a realidade de muitas pessoas. Minha prima acompanhou o vício da minha tia. O alcoolismo a destruiu. Foi triste, mesmo como um observador, imagina para quem está inserido no meio. Por vezes, senti falta de um sentimento mais forte por parte da menina. Acho que se preocupou muito com os fatos, sem se atentar que um diário, muitas vezes, seria usada como um meio de desabafo, não apenas para explicar tudo. Pode-se mesclar as duas coisas. Passa informação e mostrar o que a personagem sente de forma delicada e sensível. O final ficou excelente, ao meu ver. Observar a loucura manifestando-se na menina foi uma boa finalização. Em muitos casos de doenças mentais, realmente é algo genético, que, infelizmente, passa de pai/mãe para filho/filha.
    .
    Gosto de narrativas em formato de diários, relatos e jornais. Faltou maior organização e lapidação, mas foi um conto gostoso de ler. Gostei dele. Se continuar escrevendo, com certeza fará ótimos contos no futuro!

  7. Leda Spenassatto
    2 de dezembro de 2020

    Resumo:
    Uma jovem adolescente relata em seu diário a saúde mental da sua mãe e, mais tarde a sua.

    Comentário:
    Que texto lindo e meigo você escreveu, Visão!
    Uma excelente descrição da loucura, narrada pela ótica de uma jovem adolescente em seu diário. Seu companheiro e confidente.
    Ao narrar o episódio com a Glorinha e o Tom, você deixou transparecer o tamanho da solidão que a Visão estava sentindo, deixando aberto o caminho para o lindo desfecho do seu conto.
    Conto doce e triste, muito triste, mas que faltou ser revisado, pois tem falhas na pontuação, palavras que deveriam estar no plural e estão no singular.
    De cara, observe esse parágrafo

    “No final da tarde eu costumava ficar sentado na porta para esperar meu pai chegar do trabalho.”
    Seria sentada!

    De qualquer forma, seu texto é um doce. Adorei!

    Sorte de montão, eu te desejo!

  8. Marco Aurélio Saraiva
    28 de novembro de 2020

    RESUMO: acompanhamos a vida de uma adolescente através de seu diário. Ela perdeu o pai muito cedo na vida e a mãe iniciou sua trajetória na direção da insanidade. Aparentemente, no final do conto, descobre-se que ela também havia adquirido a mesma loucura da mãe.
    A escolha de escrever o conto através de diários foi boa. Permitiu que você fosse mais livre na escolha das palavras e no estilo, dando uma atmosfera informal ao conto e deixando que o leitor entrasse na cabeça da personagem. Foi interessante ver a mãe da narradora decair em um espiral de loucura e então ela mesma, com o tempo, seguir o mesmo caminho. Tudo pelos olhos dela, através de seu diário. Foi uma boa sacada, escrita muito bem, o que resultou em uma boa leitura.
    Seu conto, porém, segue alguns caminhos sem sentido. A narradora está se descobrindo sexualmente e acompanhamos sua peripécia com o vizinho e suas desventuras com a amiga e seu namorado. Porém, isso não leva a nada. O conto é sobre acompanhar a perda de uma mãe – assistí-la definhar mentalmente, lidar com esta situação, superar a morte de um ente querido (às vezes, sem que ele tenha realmente morrido). O conto também é sobre hereditariedade, sobre ela mesma ceder á loucura. Mas, no meio, também fala de uma sexualidade desconhecida, e de experimentações adolescentes. Este último tema ficou meio largado.
    Ainda assim, uma boa leitura. Gostei!

  9. Rubem Cabral
    23 de novembro de 2020

    Olá, Visão.

    Resumo da história:

    Moça escreve um diário e relata os problemas com sua mãe, alguém com problemas psiquiátricos. A moça vai descobrindo a sexualidade enquanto a mãe piora o estado e acaba por ser internada. A menina vai morar com a tia e tem a casa vendida. No final, observamos que a moça também vê a criatura de cabeça vermelha que a mãe dizia ver.

    Análise do conto:

    É um conto epistolar clássico, com algum desenvolvimento da personagem narradora, que começa a demonstrar interesse por rapazes e ter fantasias sexuais. A qualidade da escrita é boa e limpa, embora sem voos metafóricos ou frases que chamem atenção. A trama é simples, com um bom final, embora não muito surpreendente.

    Boa sorte no desafio & abraços.

  10. Amana
    22 de novembro de 2020

    Obs.: A nota final não se dará simplesmente pela soma da pontuação dos critérios estabelecidos aqui.
    Resumo: Jovem narra em seu diário momentos de sua vida e o processo de loucura da mãe.
    Parágrafo inicial (1,5/2): Primeiro parágrafo ok, dá as informações iniciais e com elas fiquei pensando no que estaria por vir.
    Desenvolvimento (1,5/2): Gosto de textos epistolares, gostei da narrativa da jovem, porém achei que o tempo foi muito curto, poucos meses, poderia ter dado um espaço maior de tempo.
    Personagens (1,5/2):Achei bem caracterizada a mãe, as situações em que ela mostra a sua loucura. Para a idade da narradora, achei uma narração que não combina muito com sua idade, a jovem parece ter menos idade. Sim, algumas pessoas chegam aos 17, 18, um tanto imaturas, dizem agora que a adolescência dura até os 24 anos, né? rsss… Mas me envolvi com a narração dela, apesar dessa coisa anacrônica me incomodar um pouco.
    Revisão (0,5/1): Passaram algumas coisas, não sei se foi por correr para enviar o texto, mas percebi durante a leitura, alguns poucos problemas de concordância, falta de palavras, enfim, coisinhas.
    Gosto (2,5/3):Gostei do texto, não me arrebatou, mas foi uma boa leitura. Boa sorte no desafio!

  11. Jorge Santos
    21 de novembro de 2020

    Olá, Visão.
    Gostei deste seu conto, que narra a história de uma menina que vive sozinha com a mãe, que tem visões e que acaba por ter de ser internada.No final, descobrimos que a própria menina também tem visões.
    O conto trata de uma perturbação mental que me é tristemente familiar e que mudou a minha vida há dois anos. Revejo aqui o trauma que sofri e o percurso (diagnóstico, internamento, diversos médicos, rios de dinheiro gasto em medicamentos). Talvez outros leitores pensem que o autor cometeu excessos – eu sei que pecou por defeito. A realidade é muito pior.
    A forma intimista e lenta do relato, tipicamente feminino, acompanha o leitor pela história da menina, usando o recurso do diário como forma de chegar ao leitor. Lembrou-me do diário de Anne Franck – e também este não relata os seus últimos dias. Da mesma forma, também não preciso de saber os passos seguintes. A esquizofrenia costuma chegar na fase final da adolescência e causa uma dificuldade em discernir a realidade da ficção. As pessoas passam a pensar que estão a ser perseguidas, a fechar as luzes e janelas. Só com acompanhamento médico de qualidade é que se pode quebrar o ciclo e a pessoa pode voltar a ter uma vida minimamente normal.
    Em termos de linguagem, não encontrei problemas de maior, apenas uma ou outra opção de pontuação que eu teria feito de outra forma. O conto tem fluidez e prende o leitor. O desfecho é feito de uma forma elegante. O que fica em aberto é perfeitamente previsível e o autore fez bem em não o desenvolver.

  12. Fil Felix
    20 de novembro de 2020

    Boa tarde!

    Seu conto trouxe uma abordagem muito interessante em torno da loucura, que não chegou a ser muito utilizada no desafio. O formato de diário é legal pra poder acompanhar essa progressão, tanto externa quanto internamente, da protagonista, além de ter um ar de confissão, de desabafo. Vamos acompanhando as descobertas adolescentes, como a primeira paixão e o convite sexual, enquanto a mãe vai se perdendo para a loucura. A trama em si possui bastante potencial para um romance infanto-juvenil.

    Já no formato de conto, senti que as coisas ficaram um tanto corridas. Num curto espaço de menos de 3 meses a mãe foi parar num manicômio, venderam a casa e tudo mais. O jeito como as coisas foram sendo narradas, como um colega comentou, tenderam um pouco para o infantil, também. Apesar da cena de mostrar os seios ou a cena do rio, no geral a “voz” da protagonista não ficou muito adolescente. A ideia do demônio que levou à loucura a mãe e que agora busca a filha, achei muito boa! Para não aparecer de supetão no meio do conto, teria sido interessante ir soltando algumas dicas menos abstratas, para trazer esse ar de obsessão/ possessão. Me lembrou um pouco de A Hora das Bruxas da Anne Rice, em que um demônio acompanha toda uma família por gerações.

  13. jowilton
    19 de novembro de 2020

    O conto narra a história de Nina, uma adolescente de dezessete anos que começa a escrever em um diário.

    Achei o conto médio. A escrita é fluida, a leitura ocorreu sem entraves. A divisão em dias dos meses também me agradou. No entanto, a história em si eu achei fraca. Outra coisa que me incomodou um pouco, foi que a narrativa me pareceu de uma criança e não de uma adolescente de dezessete anos. Ficou um pouco infantil, a narrativa, entende? O final teve pouco impacto. A loucura esteve presente. Boa sorte no desafio.

  14. Andre Brizola
    10 de novembro de 2020

    Olá, Visão.
    Conto em forma de diário, em que uma garota escreve sobre a vida com a mãe, e sobre como esta começa a sucumbir frente à loucura, que a leva à internação e, depois, à catatonia. No final, a garota revela ter visto um homem estranho, dando a entender que ela também começa a sucumbir à doença.
    Contos em forma de diário sempre me parecem interessantes pelo caráter episódico que as entradas diárias fornecem. Elas são todas com o viés da personagem, que diz aquilo que sente, enxerga e ouve, de modo que há sempre a dúvida se devemos ou não tomar aquele ponto de vista como verdade. E isso só já garante uma leitura divertida.
    Se me permite o comentário, fiquei com a impressão de que seu conto está um tanto quanto apressado. Me parece que a intenção dele seria mostrar uma aproximação um pouco mais lenta e detalhada da loucura que acomete a mãe e, depois a filha. Essa opção, entretanto, sairia do limite de três mil palavras, provavelmente, de modo que a alternativa aqui seria cortar detalhes e tentar formatar o enredo da melhor forma possível. O que me faz pensar nessa hipótese é a entrada em que Nina conta como foi abordada pela amiga e o namorado, que é uma cena bem narrada e bem construída, mas indiferente para a trama principal, com exceção aos dois últimos parágrafos. Imagino que outras passagens como essa ajudariam a criar o ambiente em que a personagem sucumbiria, lentamente, à loucura. Mas é apenas uma hipótese minha.
    No geral é um bom conto e que atende à proposta do desafio.
    É isso. Boa sorte no desafio!

  15. Rafael Penha
    10 de novembro de 2020

    RESUMO: A história de uma menina que perde o pai, a mãe enlouquece e ela própria começa a alucinar.
    COMENTÁRIO:
    Olá, Visão, acho que o seu ponto tem muito potencial, mas vc não utilizou em sua plenitude.
    A história é bem contada e a narrativa é fluida, fáciil de ser compreendida, o que sempre incentiva a continuar lendo, em suma, prende o leitor.
    Entretanto, achei a história um pouco desconjuntada. A princípio, conta a história da menina e sua família feliz e essa felicidade toda vai indo pelo ralo com o passar do tempo.
    A história tem muitos elementos sexuais que não percebo como ajudam ou que diferença fazem na narrativa. A passagem de Nina mostrando os seios para o garoto e a melhor amiga a incentivar a transar com o garoto me parecem estar ali de graça, sem qualquer função narrativa. Ou seja: Se fossem tirados, não faria nenhuma diferença para a história.
    Outro ponto que me incomodou foi o excesso de nomes e personagens. Muita gente entra e sai da história sem fazer diferença e acabam sendo muitos nomes para lembrar. Nesses casos, eu costumo não nomear esses personagens que vão sair rápido, para não confundir o leitor.
    A loucura da menina na minha visão, pareceu “herdada” da mãe, coisa que não me apetece muito. A menina parecia bem, mas de repente e sem qualquer motivo, ela começou a alucinar, exatamente como a mãe, que tambem enlouqueceu sem motivo aparente.
    Na minha opinião, as passagens er[oticas poderiam ser trocadas por mais desenvolvimento do nascer e da evolução da loucura seja na mãe ou na filha.
    Ademais, o conto é interessante, a autora é eficaz nos momentos de suspense, que me prenderam na história, como no grito da mãe e na coisa puxando os lencóis de Nina, mas acho que faltou construir a história de modo a valorizar esses momentos de ouro .
    Um grande abraço!

  16. Ana Maria Monteiro
    8 de novembro de 2020

    Olá, Autor.

    Resumo: Nina, uma adolescente de 16 anos, abre ao leitor o seu diário, onde nos conta o seu passado, pequenos episódios do dia-a-dia e processo de enlouquecimento da mãe.

    Comentário: Ao longo de dois meses e meio Nina dá-nos a conhecer o seu passado e o presente, vistos através dos seus olhos, enquanto o conto permite que observemos o próprio processo de doença mental avançar. Essa foi uma técnica muito criativa e que funcionou muito bem.

    Por outro lado, notei duas coisas que vão um pouco contra o resultado: o primeiro dia do diário, em que Nina se apresenta e resume a sua vida até aí. Penso que poderia ter entremeado essa informação num conto mais elaborado, pois embora eu própria nunca tenha escrito um diário, não me parece crível que o faz, se apresente. O outro aspeto que notei foi a linguagem da menina e até o seu discurso, ambas as coisas estariam muito mais adequadas a uma menina de 12/13 anos, aos dezassete já não creio que ainda se pense e se fale assim de forma tão infantil. Notei alguns pequenos deslizes que achei normalíssimos na linguagem de uma jovem e por esse motivo nem me debruçarei sobre eles.

    O final do conto está muito bom, é quase tangível. Gostei disso.

    Penso que é conto que merece ser mais trabalhado, no sentido de acertar a idade de Nina e de ir falando do seu passado ao longo dos dias, tendo hoje saudades do pai, noutro dia vontade de comer as geleias e doces que a mãe deixou de fazer depois que o pai morreu, etc.

    No geral, foi um bom conto e com grande potencial.

    Parabéns e boa sorte no desafio.

  17. Anna
    8 de novembro de 2020

    Resumo : A adolescente Nina Oliveira Kowalski decide escrever em seu diário. Desabafa sobre a morte do pai, sua ânsia de encontrar um amor, seu interesse por um garoto tímido, a proposta indecente da melhor amiga e por fim sobre os delírios da mãe e os próprios delírios.
    Comentário : O conto é marcante. A personalidade leve da garota é um alívio para o dia a dia do leitor que por vezes é um pouco pesado . Fiquei preocupada com o futuro da garota e estou torcendo pela melhora da mãe e da filha.

  18. Paula Giannini
    6 de novembro de 2020

    Olá, Contista,

    Tudo bem?

    Resumo: O diário de uma adolescente com sua vida e um retrato da evolução da doença da mãe.

    Minhas Impressões:

    Conto epistolar escrito em forma de diário. Epistolar é um dos meus estilos preferidos como escritora, gosto desta metalinguagem em que a personagem escreve, e, de certa forma, realiza um solilóquio, mais ainda em um diário, onde a narradora fala (desabafa) consigo mesma.

    Interessante notar como a adolescente vai apresentando a progressão da doença da mãe, ao passo que narra trechos da própria vida e até da própria loucura, que ela mesma não percebe (isso é ótimo). Assim, aos poucos o leitor percebe que a doença da mãe é algo que, de certa forma, também acontece com a filha. O público leitor sabe de algo, que a protagonista não sabe e esta técnica é um grande trunfo para o(a) escritor(a).

    Não há, obviamente, um modo de se manter são vivendo em um seio familiar tão próximo à loucura. Então, a voz adolescente é muito coerente e bem construída, soando quase natural. Para mim, talvez, apenas o pequeno momento em que ela diz que não vai narrar seu namoro por temer que a mãe leia o diário, possa ser pouquinho fora do eixo. Isso, porém, foi algo rápido e, acredito, apenas uma chatice dessa leitora aqui.

    Como estou dizendo a todos, se acaso errei o alvo na análise de seu conto, desconsidere. Aqui, estamos todos para aprender, afinal. Sempre.

    Desejo sorte no desafio.

    Beijos
    Paula Giannini

  19. Leandro Rodrigues dos Santos
    6 de novembro de 2020

    Adolescente em seu diário relatando a perca do pai, e adoecimentos de si e da mãe;

    Tecnicamente muitas repetições de palavras, de conjunções (principalmente do ‘e’), erro em colocação pronominal.
    Sobre a ideia, não me chamou atenção, um tanto banal.

  20. Misael Pulhes
    5 de novembro de 2020

    Olá, “Visão”

    Resumo: uma garota de 17 anos relata alguns dias durante 3 meses do final de 1996, enquanto, em meio a trivialidades do dia a dia, sua mãe vai adoecendo mentalmente, e ela mesma passa a ter algumas estranhas visões.

    Comentário: Eu fiquei com gosto de quero mais. Achei o conto curto, o que é uma crítica em meio a um elogio. A prosa estilo diário soou muito bem, muito fluida e nada cansativa. Talvez por isso mesmo eu esperasse algum trabalho mais aprofundado na história, alguma demora um pouco maior.

    Me parece, também, que o tema principal, da loucura, acaba sendo diluído no meio de outras questões menores, mas que acabam tomando a dianteira – como a questão sexual, que, sinceramente, pareceu forçada, injustificada. Não sei se isso é bom ou ruim, visto que sutileza é virtude… talvez a coisa em si ter aparecido sutil no meio do texto e ficado maior no final seja mesmo uma virtude.

    Enfim, ficou esse gosto de que a premissa e a forma poderia ter sido muito mais bem trabalhadas, aprofundadas, já que a autora sabe bem o que fazer com as palavras. De todo modo, um dos mais gostosos de ler! Parabéns e boa sorte!

  21. Luciana Merley
    4 de novembro de 2020

    Olá, autor.
    Farei um resumo e em seguida deixarei minhas impressões conforme os critérios CRI (Coesão, Ritmo e Impacto). O impacto é, na maioria das vezes, o critério definidor da nota final.

    Uma menina escrevendo em seu diário a experiência do processo de adoecimento da mãe e dela própria após a perda do pai.

    Coesão – Por se tratar de escritas em diário, a base da narrativa é entrecortada e desconexa na maioria das vezes. São experiências esparsas sendo contadas por uma adolescente, logo, espera-se mesmo essa falta de coesão. Mas acho que o início é muito vago e não dá ao leitor uma ideia mais clara do que esperar do conto. Algumas inserções pareceram forçadas e soltas no texto, sem estabelecimento de relação com todo o resto (como as questões da sexualidade por ex). O ponto de encontro das suas ideias parece ser o adoecimento mental hereditário, antecipado pela dor da perda do pai, ainda assim, sinto que faltou muito pra considerar o texto coeso.

    Ritmo – Um pouco travado na minha opinião. Senti falta de fluidez na escrita.

    Impacto – Gosto da ideia de uma criança falando de acontecimentos tão marcantes de um jeito quase que inocente ou natural, mas creio que o texto precisa ser melhor trabalhado para gerar mais interesse e expectativas. A situação da loucura surgindo “quase que do nada” não foi apresentada de modo tão verossímil.

    Espero ter contribuído um pouco. Parabenizo pela participação e desejo que tenha sorte no desafio.

  22. Almir Zarfeg
    3 de novembro de 2020

    Resumo:
    Uma jovem registra, num diário, passagens de sua infância e adolescência, primeiro no interior, depois na capital.

    Comentário:
    Uma delícia de se ler e apreciar essas memórias infantis e juvenis de Nina, registradas em seu diário. Tudo feito de maneira leve, descontraído, mas com passagens bem picantes, como a ocasião em que ela, para provocar um garoto, lhe mostra os seios. A loucura progressiva da mãe, Irena, também é descrita no querido diário. Enfim, produzir um livro de memórias nessa idade e, ainda por cima, torná-lo atrativo, não é tarefa das mais fáceis. Por isso, gostei bastante e desejo sorte à Visão…

  23. Elisa Ribeiro
    3 de novembro de 2020

    Adolescente registra em um diário além de suas experiências a progressão da doença mental da mãe.

    Um conto que se utiliza da narrativa epistolar em forma de diário para nos mostrar a interioridade de uma adolescente cuja perda do pai termina por disparar episódios de instabilidade psicológica na mãe e nela própria.

    O primeiro dia do diário, muito descritivo, não me agradou muito, mas a partir do segundo dia a narrativa me envolveu. A narradora é verossímil, os fatos que ela relata são igualmente críveis e a progressão da doença da mãe foi narrada de uma forma sutil o que muito me agradou.

    Achei interessante a ênfase na questão do despertar da sexualidade da adolescente. Não somente por aspectos de verossimilhança, afinal a sexualidade é uma grande questão nessa fase da vida, como também pelo fato de as descargas hormonais de adolescência serem um dos gatilhos da instabilidade mental nessa fase.

    O que não gostei: o início do conto. Não me soou natural, por exemplo, a personagem descrever sua cidade e a casa onde mora na primeira página de seu diário. Mas pode ser que o problema seja dessa leitora aqui, que nunca escreveu diários.

    O que gostei: a mão leve do autor. A naturalidade e a sutileza na apresentação dos fatos da trama.

  24. Lara
    3 de novembro de 2020

    Resumo : Uma jovem decide escrever em um diário para se abrir. Conta sobre a morte precoce de seu pai. Conta sobre a internação de sua mãe e conta sobre o próprio delírio no final.
    Comentário : Amei o texto, me pareceu doce e simples. Fiquei triste pela protagonista ter entrado em um mundo de fantasias.

  25. Mac Brava
    3 de novembro de 2020

    Resumo:

    Finalmente, depois de alguns anos depois de ter ganho seu diário, a adolescente de 16 anos, começou a registrar suas memórias. A infância que lhe trouxe boas lembranças, um cotidiano simples de família, trabalho e amor. Com a morte do pai, a mãe começa a definhar e acaba por ser internada em um hospital psiquiátrico.

    Cara autora, autor.

    Gostei muito da fidelidade da autencidade de um diário de uma jovem naquela idade. As lembranças da infância, as experiências afetivas e sexuais, o sofrimento pela perda da estrutura familiar até a manifestação de que a loucura perseguiu a família. Um texto ágil, simples, um monólogo que a gente espera o trecho final.
    Parabéns e sucesso!

  26. Fabio Monteiro
    31 de outubro de 2020

    Resumo: Nina descreve acontecimentos de sua vida em um diário. Em meio as suas falas descritas aponta as paranoias de sua mãe. Os acontecimentos marcam sua vida demonstrando que nina também tem problemas mentais ou comportamentais.

    Isso é muito comum. A hereditariedade para os problemas mentais é quase justificável. Percebo que ao tentar encaixar o tema na narrativa o autor (a) busca fatos que vão delineando a vida da personagem principal.

    Me pareceu uma historia real. Apesar de simples tem um Q de verdade nos fatos narrados. Acredito que autor (a) tenha se espelhado em algo que viu ou presenciou acontecer.
    Se não presenciou, descreveu cenas que fazem parte do cotidiano. São bem mais comuns do que pensamos.

    Para o tema loucura teria sido legal explorar mais as cenas e a ambientação dos acontecimentos. Isso teria criado uma atmosfera de suspense.

    Seu texto é bom pela criatividade em usar fatos recorrentes.

    Tem erros em vários pontos. Faltam palavras que completam frases.

    Creio que tenha faltado uma revisão mais apurada. Porem, não leve como uma critica negativa, apenas um apontamento para melhoria no futuro.

    Os errinhos não mudam a minha percepção. O que vale para minha analise é a criatividade e o quanto o texto prendeu minha atenção. Neste aspecto numa escala de 0 a 10, diria que estava com 100% da minha atenção no seu texto. Sem bocejos.

    Seja como for, eu gostei muito da sua narrativa.

    Boa Sorte. Espero ter contribuído de alguma forma.

  27. opedropaulo
    29 de outubro de 2020

    RESUMO: Nina ganhou um diário e desde então tem inscrito seu cotidiano em suas folhas. Uma menina jovem e inocente, o convívio familiar depois da morte do pai é pontuada pelos surtos de sua mãe, até o ponto em que a mulher é internada e Nina vai morar com a tia. Depois de visitar a mãe, talvez saiba o que a assombrava.

    COMENTÁRIO: Há um problema na narrativa. O formato epistolar é uma plataforma interessante para o desenrolar da estória, uma vez que não vemos apenas um narrador personagem, mas um que que fala para si mesmo, em sua intimidade, nos dando acesso a possíveis segredos que o personagem quer ou não quer que fiquem registrados. Aqui, o formato funciona enquanto formato, mas enfraquece a estória, com múltiplos relatos que compõem um cenário realista do que seria uma vida possível para uma jovem de 16 anos, mas que, ao mesmo tempo, nos desvia da estória principal que é o enlouquecimento de sua mãe. É o tema que destaca esse trecho da estória como “principal”, é claro, e por isso a leitura se dá criando certa expectativa quanto ao que virá daí. Com a estória enveredando pelas paixões, descobertas e constrangimentos de Nina, por um lado dá verossimilhança à personagem, mas por outro nada é plenamente desenvolvido para ter importância efetiva, aparecendo na leitura sem engajar o leitor. Há um bom aproveitamento do formato de anotações em diário, o que aparece na criação de uma progressão. A princípio, a mãe acorda a filha gritando na sala, depois o que virá? A cada nova data, o cenário é pior, e isso realmente cativa a leitura. Essa expectativa ficou bem estabelecida, mas a falta de enfoque, como já me referi, tira a força da trama. Além desse problema, há erros de concordância e deslizes de digitação que uma revisão atenta teria eliminado. O efeito provocado é mais uma distração, para mim menor do que aquelas contidas na própria trama.

    Boa sorte!

  28. Bianca Cidreira Cammarota
    29 de outubro de 2020

    Olá, Visão!

    O conto tem como protagonista uma jovem de 17 anos, Nina. Através de seus relatos escritos em um diário, tomamos conhecimento de sua vida no interior, a morte de seu pai, suas pequenas aventuras de adolescente, o gradual enlouquecimento de sua mãe e internação e, finalizando o enlouquecimento da protagonista, agora vivendo com a tia em São Paulo.

    Antes de tudo, tenho a dizer para o(a) autor(a), que adorei seu conto! Uma forma diferente de expor a história, que vai nos atraindo devargazinho e,quando nos damos conta, estamos presos no relato de Nina.

    O tom juvenil do texto casa perfeitamente com a idade da protagonista/narradora, bem como o seu relacionamento com o diário. Nas entrelinhas, no que não é dito, formamos a história com as pistas fornecidas por uma adolescente. Imagino o trabalho de quem escreveu manter o tom adequado e, ao mesmo tempo, coeso e coerente.

    De algo leve e floral, digamos assim, somos inseridos na história pontuada discretamente da tristeza e loucura que há de vir, ainda mantendo o ar adolescente na descrição. Em um crescente de apertar o coração, assistimos a vida de Nina se esfarelar, terminando por ela mesma enlouquecer.

    Interessante que o gatilho da loucura da família é a separação de ente querido: a mãe, após a morte do marido; Nina, após a ida a São Paulo, com a falta da mãe e de toda sua vida calma e familiar do interior. Claro que é perceptível a natureza frágil das duas mulheres, sua sintonia, inclusive nas alucinações.

    Um conto excelente! Diferente, coerente, coeso, envolvente. Parabéns!!!

    Abraços

  29. Alexandre Coslei (@Alex_Coslei)
    28 de outubro de 2020

    A essência do conto, que se dá numa narrativa epistolar em forma de diário é a relação de uma adolescente com a instabilidade psicológica de sua mãe.

    Sempre elogio um autor pela empreitada, por se esforçar em construir um universo pela escrita. Não é fácil. É um aprendizado eterno, mesmo para os mais experientes. A palavra é uma armadilha, o texto é um cadafalso. A escrita só permite a arrogância dos idiotas, não dos talentosos. No caso deste texto, o autor mostra seu talento porque estruturas simples dentro de uma narrativa não representam demérito, mas virtude.

    O que faltou, talvez pelo equívoco do formato em relação a história, foi uma dose a mais de “pegada”. Um conto não pode se dar ao luxo de uma abertura aguada, pálida. O primeiro parágrafo de um conto é o abrir das cortinas, o começo do espetáculo, o brilho repentino dos holofotes num palco de atores que começam a entrar. Ele precisa prender os nossos olhos, precisa nos fazer prosseguir pelo interesse inevitável na leitura. Infelizmente, o formato epistolar precisa de atenção redobrada para ser cativante num conto. Os parágrafos iniciais de “Tem alguma coisa do outro lado da janela” parece uma ficha corrida da personagem, um documento de cartório. Não caiu bem.

    No decorrer da narrativa, o autor vai assumindo mais o controle, criando boas expressões, tentando sequestrar a nossa curiosidade que foi pouco trabalhada no início do texto. Foi se saindo melhor na costura da trama e mostrou que faz parte do time nobre da disputa. Alcança o fim do conto com segurança e nos surpreende com um toque inquietante que arremata o conjunto. Enfim, valeu ter lido até o ponto final.

    Sucesso.

  30. jeff. (@JeeffLemos)
    28 de outubro de 2020

    Resumo: Os relatos de nina em seu diário descritos de forma bem juvenil, contando causos do dia-a-dia e registrando o desenvolvimento do colapso mental de sua mãe.

    Olá, caro autor!
    Inicialmente eu pensei que não gostaria do conto, mas conforme a história avançava me peguei ansioso pelo que viria. Lembro que meu primeiro conto para o EC, em 2013, foi um conto em formato de diário. Eu fui massacrado nesse desafio e fiquei por último, mas isso não vem ao caso. (rs)
    Gostei da sua história, da maneira jovem com que ela é contada e até mesmo me afeiçoei com a personagem. Essa caracterização da aparição me lembrou muito o demônio de “Insidious”. Achei interessante esse final em que ela mesma começa a ser

    • jeff. (@JeeffLemos)
      28 de outubro de 2020

      … perturbada por essas visões. Achei muito triste, também.
      Quanto à parte técnica, já foi dito por alguns amigos, mas creio que são erros pequenos que podem ser resolvidos com uma revisão mais minuciosa.
      Parabéns pelo bom trabalho e boa sorte no desafio!

      p.s.: aconteceu alguma coisa sobrenatural enquanto eu escrevia o comentário e acabou indo cortado. Espero que não tenha sido trabalho do tal homem que espera na janela.

  31. Regina Ruth Rincon Caires
    28 de outubro de 2020

    Tem Alguma Coisa Do Outro Lado da Janela (Visão)

    Resumo:

    A história de Nina, contada por ela em anotações no diário, que envolve a morte do pai, a psicose da mãe com internação em clínica psiquiátrica, e que finaliza com os primeiros sinais de loucura da própria narradora.

    Comentário:

    Um texto de teor adolescente, escrito com ares pueris, descrevendo as “doiduras” que cometemos no início da puberdade, aqueles arroubos que parecem “atos de coragem”. Proporciona leitura leve, descompromissada.

    Os deslizes incomodam, alguns quebram a sequência da leitura, o “sininho” dispara, não tem jeito. Pé de goiabeira, moinho de moer, fazem duas semanas – isso pede reparo.

    Acredito que a “loucura” da mãe passa a preluzir na filha Nina. As visões que a perseguem podem ser prenúncios.

    É isso, Visão, parabéns pelo seu trabalho! Acho que é nova no desafio, bem-vinda!

    Boa sorte no desafio!

    Abraços…

  32. cicerochristino
    28 de outubro de 2020

    Resumo:
    O conto é apresentado no formato de diário de uma adolescente, que relata questões íntimas, chegando a demonstrar um distúrbio do qual sua mãe é acometida. Ao final, a protagonista apresenta os mesmos sintomas da genitora, passando a ideia de um distúrbio, quase maldição, hereditário.

    Comentário:
    Um conto bem trabalhado, que se utiliza do formato de diário para trazer os pontos de vista e as impressões da protagonista acerca das questões que vão se tornando centrais na medida em que o texto se desenvolve. O recurso é muito bem empregado, tanto para demonstrar as camadas da psiquê da protagonista, quanto para revelar o ponto onde vai ocorrer o grande impacto ao final do conto.
    A única questão que acho que ficou carente de cuidado é que a “loucura” da mãe, depois que tem a alucinação pela primeira vez, foi pouco trabalhada, sendo o processo de internação ágil demais, também (tendo em vista que uma ex-cunhada ficou como curadora dela e conseguiu vender um imóvel em menos de um mês em uma cidadezinha do interior).
    Apesar desse pequeno detalhe, é um conto bom, coeso, com ritmo interessante e com impacto inesperado no final. Gostei!
    Parabéns e boa sorte!

  33. Fernanda Caleffi Barbetta
    27 de outubro de 2020

    Resumo
    Adolescente escreve um diário relatando a perda do pai, o enlouquecimento da mãe, seu desenvolvimento sexual e ao final, a sua própria loucura se aproximando.

    Comentário
    Gostei de ter escolhido escrever o conto em forma de diário, nos levando a conhecer a protagonista não apenas por sua fala, o que acontece em uma narração na primeira pessoa, mas também por sua escrita.
    O tema loucura foi pouco abordado, pouco desenvolvido. Talvez tenha faltado se aprofundar mais nos indícios desta insanidade. Pouco ficamos sabendo do problema que acometia a mãe.

    Acredito também que tenha faltado algo que tornasse o texto mais interessante. Você coloca vários fatos, mas nenhum deles é muito desenvolvido.

    Gostei bastante do final, mostrando que a menina estava indo para o mesmo caminho da mãe.

    No início, um deslize na revisão me deixou confusa porque foi escrito “eu costumava ficar sentado”, o que me fez imaginar que seria um menino. Depois compreendi que era uma menina.

    Complicado dizer se os erros são seus ou da personagem, já que é ela que escreve, mas vamos ao que pude encontrar de deslize gramatical:
    agora fazem (faz) duas semanas
    pouco a gente se vê (veja)
    remédios já não fazem efeitos (efeito)

    Alguns deslizes na revisão:
    Deve ter e (a) minha idade
    seu (seus) prédios altos

  34. antoniosbatista
    27 de outubro de 2020

    Resumo: Garota de 17 anos, escreve em um diário, o seu cotidiano. Fala de suas alegrias e tristezas, a saudade do pai, a saúde da mãe que vai aos poucos sucumbindo à demência.

    Comentário: Achei um bom argumento, escrita simples, adequada a uma personagem de 17 anos. A narrativa começa num dia de sol, claro e agradável, e pouco a pouco vai ficando sombria. A mãe, sofrendo de alucinações, precisou ser internada e a menina, por herança hereditária, acaba seguindo o mesmo caminho da mãe. O final é bem impactante. Boa sorte.

  35. José Leonardo
    27 de outubro de 2020

    Cara Visão,

    Retornarei aqui nos próximos dias visando comentar seu texto. Só estou passando agora para reiterar que você é dono(a) do texto, não tendo que receber pito (imposição) de ninguém quanto ao que for. Faça as mudanças que achar necessárias (se for o caso) após as contribuições dispostas, mas lembre-se que Gestapo da Gramática é dose!

    Saudações.

  36. Nilza
    26 de outubro de 2020

    Resumo:
    A narrativa é um relato do cotidiano de Nina em seu diário, que revela seus conflitos e também o de sua mãe, após o falecimento do pai.

    Comentário:
    A linguagem simples, própria de uma adolescente, descrevendo seus anseios, conflitos e suas descobertas. O que a princípio parece ser apenas transtornos da mãe, se revela como da filha também. A narrativa não revela se tais conflitos são desencadeados pela morte do pai, aparentemente antes disso a vida era normal. Bem como se tem relação à sexualidade de ambas, embora algumas passagens remeta a isso. Um bom texto.
    Boa sorte!

  37. Fheluany Nogueira
    26 de outubro de 2020

    Jovem registra seu dia-a-dia no diário. Revela traumas familiares devido a morte do pai. O início da sexualidade e conflitos adolescentes. A loucura vem rondando a garota; a mãe adoece e ela vai morar com a tia. No final, a jovem se sente perseguida.

    A narradora-protagonista vai se deixando dominar por uma ideia fixa, fruto de um desequilíbrio mental que a princípio parece estar sob controle, mas que no final molda a realidade da personagem fazendo com que a distorção se torne a única via de interação.

    Título e texto sugestivos; cenas interessantes e adequadas ao tema do desafio; linguagem simples e um tanto infantil para a protagonista de dezessete anos.

    Boa sorte. Abraço.🙂

  38. Thiago de Castro
    26 de outubro de 2020

    Resumo: Através de um diário, a protagonista revela o começo dos seus traumas familiares devido a morte do pai. No decorrer do conto, entre descobertas da sexualidade e conflitos adolescentes, a personagem tem que lidar ainda com o adoecimento da mãe, cujas consequências lhe atingem diretamente tanto na vida cotidiana como na sua sanidade.

    Bom começo, em primeira pessoa, a situação segura, cotidiana e normalizada. Os trechos curtos de cada confidência precedidos da data localizam o leitor e deixa o texto bastante confortável de ler. A cada dia relatado a loucura se aproxima, retraindo e progredindo, deixando o leitor tenso a cada final de trecho.

    Existe uma tensão sexual em várias passagens. Uma forma de mostrar que a protagonista, mesmo traumatizada, vive conflitos adolescentes de sua idade e vai sendo, aos poucos, engolida pela loucura. O delírio pareceu para mim personificado nesse escamoso personagem, que também tem uma tóxica conotação sexual que permeia todo o conto, que termina com uma insinuação, um quase surto ou quase perdição da protagonista.

    É o tipo de texto que mais sugere do que descreve, perfeito para o tema proposto do desafio.

    Parabéns e boa sorte!

  39. Giselle F. Bohn
    26 de outubro de 2020

    Menina escreve em seu diário os eventos que culminaram em sua loucura, seguindo os passos da mãe.
    Conto interessante, bem escrito. A linguagem é bem simples e combina com a voz da narradora adolescente. Perfeita adequação ao tema.
    Eu achei que o autor jogou umas informações ali que me deixaram esperando arremate: a menção sobre ela ter mostrado os seios para o menino, o sonho erótico, a sugestão de sexo com o namorado da amiga, o banho de rio da mãe e da tia que sugere algo a mais. Tudo isso tinha ótimo potencial, na minha opinião, para desenhar personagens atormentadas talvez por questões sexuais mal resolvidas, mas do jeito que foi feito ficou muito superficial.
    Mas é um conto bem interessante, e que mantém nosso interesse do começo ao fim.
    Boa sorte no desafio e parabéns! 🙂

  40. Claudia Roberta Angst
    25 de outubro de 2020

    RESUMO
    Confissões de Nina ao seu diário. Conta desde a morte do pai e a mudança de vida, o transtorno mental de sua mãe e como tudo se transformou depois disso. Até que Nina também começa a ver coisas, do outro lado da sanidade.

    AVALIAÇÃO
    Como o conto é escrito em forma de diário, ainda mais sendo a linguagem de uma adolescente, não há razão para se ater a pormenores gramaticais. Um bom recurso para se evitar perda de tempo com revisão, já que qualquer erro será relacionado á personagem e não ao(À) autor(a).
    O ritmo do conto é atrelado ao ritmo da leitura de um diário… Como o leitor leria se pegasse o caderno e fosse xeretar o que Nina escreveu? Pensei que fosse ficar cansativo, mas não ficou.
    Fiquei esperando por algo que me surpreendesse, mas o enredo seguiu o que eu já imaginava, a mãe enlouquecendo e a filha indo pelo mesmo caminho. As duas sofrendo com alucinações, sendo que Nina pareceu ver reptilianos conforme a imagem escolhida para ilustrar o conto revela.Talvez porque eu ainda tenha em mente outro conto que li, aquele lá da Helo, que também tinha uma mãe perturbada e acabou apresentando transtornos mentais.
    O final ficou muito bom, com a elaboração de um texto bem imagético, que nos faz visualizar o que Nina vê. “[…] Agora ele está ali, do outro lado da janela, pedindo para eu abrir e ele poder entrar…” Será a loucura querendo entrar de vez na cabeça de Nina?
    Boa sorte e cuidado com o outro lado…

  41. Anderson Do Prado Silva
    25 de outubro de 2020

    Resumo:

    Adolescente narra, em um diário, seu dia-a-dia. O conto se foca nos dias a partir dos quais a loucura aparece na vida da personagem.

    Comentário:

    Visão, parabéns pelo texto e boa sorte no desafio!

    Gostei de dois momentos em seu conto:

    1. o gesto louco de levantar a blusa e mostrar os seios: ri muito nessa passagem; e cheguei, até, a pensar que seu texto seria sobre esse gesto louco;

    2. o desfecho do seu enredo: achei muito bom, muito bom mesmo; cheguei a sentir até um pequeno arrepio; estou até agora sem conseguir olhar para a janela daqui de casa! O quê?! Fiquei bolado! Assustador!

    Visão, você precisa tomar um pouco mais de cuidado com a gramática! Seguem algumas observações:

    – quando você interromper a estrutura ordinária de um enunciado para inserir uma ideia de tempo, faça-o entre vírgulas:

    . em “mas agora com a primavera chegando, estou mais animada”, “com a primavera chegando” deveria estar entre vírgulas, mas você usou apenas a vírgula posterior;

    . em “No final da tarde eu costumava”, “No final da tarde” deveria ser sucedido por vírgula;

    . em “ontem quando fomos a casa do Mateus, levar o vestido”, é preciso inserir uma vírgula após “ontem” e excluir a vírgula que antecede “levar”;

    . em “Em certo momento notei que”, deveria haver uma vírgula após “Em certo momento”;

    . em “Ao mesmo tempo fiquei satisfeita de”, deveria haver uma vírgula após “Ao mesmo tempo”;

    . em “A noite passada não consegui dormir direito”, não só deveria haver uma vírgula após “noite passada”, como o artigo definido “a” deveria ser eliminado;

    . em “Depois do meio dia saímos”, deveria haver uma vírgula depois de “Depois do meio dia”;

    . em “uns calmantes para dormir e agora fazem duas semanas”, “agora deveria estar entre vírgulas;

    . em “Em princípio eu não”, deveria haver uma vírgula após “Em princípio”;

    . em “outra noite ouvi sons estranhos”, deveria haver vírgula após “outra noite”;

    . em “Ela quase não falou e quando disse alguma coisa, foi algo sobre”, “quando disse alguma coisa” deveria estar entre vírgulas (você só usou depois, faltando antes);

    – quando você interromper a estrutura ordinária de um enunciado para inserir uma ideia de lugar, faça-o entre vírgulas:

    . em “Nos fundos de nossa casa tem um pequeno quintal”, “Nos fundos de nossa casa” deveria ser sucedido por vírgula;

    – “moinho para moer” soou redundante. Moinhos moem mesmo e, neste caso, de regra, o melhor será encerrar a frase em “moinho”. Só mencione o que o “moinho” mói se for indispensável para sua história (e, aqui, não é o caso);

    – releia seu texto e tente eliminar pronomes, pois, alguns deles, podem ser inferidos:

    . em “Mamãe começou a receber uma pensão, mas como o dinheiro não chegava, ela decidiu abrir um ateliê de costura” já se sabe que você está falando de mamãe. Então para que o “ela”?

    . em “Eu não penso mais como uma criança”, já se sabe que o seu texto é um diário e, portanto, narrado em primeira pessoa. Então, pra que o “eu”?

    . em “a mãe me convidou para ir junto com ela entregar um vestido que ela fez para a dona Madalena”, você poderia facilmente cortar “junto com ela” ou o segundo “ela” sem qualquer alteração de sentido;

    . em “acabei indo. Além do mais eu precisava me distrair um pouco.”, já se sabe que o sujeito de “acabei” é “eu”. Dessa maneira, o sujeito de “precisava” não tinha por que ser explicitado.

    – quando o “que” introduz uma explicação, deve ser antecedido por vírgula. Quando você não faz isso, o seu “que” passa a introduzir uma especificação. Assim, quando você escreveu “Quem paga é o marido dela que é gerente de uma metalúrgica e ganha bem.” ficou parecendo que “ela” tinha vários maridos, sendo que um deles, qual seja, aquele que era gerente, pagava as contas. Dessa forma, o correto é um uma vírgula antes do que, tornando “que é gerente de uma metalúrgica e ganha bem” uma explicação sobre o único marido que ela tem. Entendeu? Tome cuidado com o “que”, pois ele é traiçoeiro.

  42. Angelo Rodrigues
    25 de outubro de 2020

    Resumo:
    Um longo diálogo entre uma menina e seu diário. Ela conta a história de sua família, de seu pai que morre, de sua mãe que enlouquece. E para finalizar a história, insinua que talvez haja algo de genético na família, pois ela também começa a dar sinais de que tem visões, e que, em breve será internada num hospício e verá também homens com cabeça vermelha endiabrados.

    Comentários:
    Conto legal. Aos poucos ele vai construindo a história de uma mãe que termina por enlouquecer. Tem como premissa, em princípio, que a loucura estará localizada na mãe, mas, em determinado momento, o foco vira na direção da menina, que também, como sua mãe, começa a dar sinais de algum distúrbio.
    Isso foi interessante.

    Há no conto algumas insinuações que se perdem, e funcionam como migalhas que o autor joga na direção do leitor. Na parte em que mãe e cunhada afundam no lago e voltam sorrindo, como adolescente, nos é informado que pode haver entre ambas alguma forma de amor sexual. Esse evento é abandonado e funciona em tríplice compreensão: pode ser um fato, pode ser uma fantasia da narradora, pode ser uma compreensão equivocada do leitor.
    Novamente interessante.

    Não querendo ser chato, acho que o nome da menina deveria ser Nina Kowalski Oliveira, e não Nina Oliveira Kowalski, dado que o nome do pai, no Brasil, funciona como último sobrenome.

    O conto tem uma pegada ingênua, talvez relativizada pela idade da narradora, talvez pela escolha do contista. Acho, entretanto, que esse modo de narrar, quando o narrador dialoga com seu diário, tornou-se clichê, com frases como “Querido diário” e tal, abdicando de algo mais ousado. Não ficou mal, poderia ter ficado melhor se a narrativa da trama tivesse se dado com alguma forma diferente de abordagem.

    Legal o conto.

    Boa sorte no desafio.

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Publicado às 25 de outubro de 2020 por em Loucura e marcado .