EntreContos

Detox Literário.

Detective Comics #41 Set/2020 (Fabio Baptista)

A lua é sempre cheia em Gotham City.

Foi o que Mike pensou, orgulho inconfesso por ter soado poético brotando nos lábios, ao contemplar o céu escuro onde uma mortalha esfarrapada de nuvens tentava, sem sucesso, encobrir a rainha da noite, tão imponente que parecia ao alcance de um esticar de mãos e dedos, tão luminosa que fazia os cacos de vidro brilharem como poeira de luz nos becos vazios, tão bela e aterrorizante que podia, na mesma medida, inspirar casais apaixonados e sociopatas assassinos. Lua. Quinhentas vezes menor do que o Sol. E o Sol, quinhentas vezes mais distante. Ou seriam quatrocentas? Era por isso que, olhando da Terra, os dois tinham o mesmo tamanho e, dali a cinco dias, o satélite encobriria totalmente o astro rei e lançaria sua sombra em Gotham, trazendo mais escuridão a uma cidade carente de luz. Era isso que Mike havia lido no jornal naquele mesmo dia e, dali a duas horas, contaria a Laura. Além de mostrar mais uma vez que também podia ser inteligente, Mike, assim planejava, reavivaria a centelha de fé no coração da esposa, porque se aquela coincidência de números não era prova inconteste da existência do Santíssimo Deus Criador de Todas as Coisas, ele não sabia mais o que poderia ser.

Secou o suor do rosto e tomou fôlego para descarregar mais uma caixa. 

“Trabalho duro enrijece músculos e caráter”, o pai de Mike dissera certa vez, tentando convencer mais a si próprio do que ao filho. O velho se foi, mas a lição ficou. Seguindo os passos do pai, Mike se tornou estivador e viveu, por muitos anos, a felicidade inocente que só as crianças e os homens simplórios podem desfrutar, até perceber que caráter e músculos enrijecidos não pagavam o tratamento da doença que Laura descobrira havia dois meses. Mas Deus haveria de prover. Depois de conduzir o container vazio de volta ao navio, foi receber o pagamento e recebeu uma proposta que, por mais que tenha tentado, não conseguiu associar a uma intervenção divina em atendimento a suas preces.

—  Tá aqui o da semana, Mike – disse o capataz, entregando um bolinho mirrado de notas. – Vê se não gasta tudo de uma vez.

— Pode deixar, Charlie – Mike respondeu, sorrindo mais por obrigação do que por graça.

— Ah, Mike… tá a fim de fazer um por fora amanhã?

— Que tipo de “por fora”, Charlie?

— Cacete, Mike, que tipo pode ser? Vai chegar um navio cheio de caixa, você vai tirar as caixas do navio e colocar num caminhão, mesma coisa que faz todo dia. Com a diferença que vai ganhar numa noite o que costuma ganhar no mês. Era trampo pro Baley, mas ele sumiu faz uns dias, não posso contar. Você eu sei que é ponta firme.

— O pessoal fala que o Baley é capanga do Duas-Caras – Mike comentou, com um sentimento incômodo se avolumando no peito.

— O pessoal fala muita coisa, Mike – o capataz deu de ombros, puxando forte o ar. – O dia que acabarem os estivadores e as costureiras, acaba metade da fofoca no mundo.

— O que que tem nas caixas, Charlie?

— Produto de beleza, xampu, essas merdas de gente rica. Pra um rinoceronte que nem você vai parecer que é isopor – Charlie sorriu, dando tapinhas no braço de Mike, que parecia ser feitos de pedra e não de carne. – Cara, presta atenção, é serviço limpo, confia em mim. Cê acha que eu ia meter meu melhor funcionário em enrascada? Meia dúzia de caixa, barco vazio, bolso cheio, fim da história. Pegar ou largar, e aí?

Dizem que toda a vida passa diante dos olhos diante da morte. Isso Mike ainda haveria de descobrir, mas, naquele momento, descobria que ao ter oportunidade de fazer um serviço sujo, todas as lições de moral aprendidas na infância e todas as dívidas e problemas adquiridos na maturidade vinham à mente de uma só vez, num turbilhão de conflito que dilacerava a consciência. Mas talvez não fosse um serviço sujo, não é mesmo?

— Amanhã que horas? – Mike perguntou, com a angústia de quem dá o primeiro passo em um caminho sem volta.

— Meia-noite – o capataz respondeu, dentes escancarados num sorriso triunfante. – Meia-noite, meu amigo.

***

As taças estavam sempre cheias na mansão Wayne.

Sob a batuta de Alfred, um pequeno exército de copeiras e mordomos espalhava-se com sincronia olímpica pelo salão de festas, garantindo que nenhum copo ficasse desabastecido de champanhe, whisky, vodca, absinto e o que mais quisessem beber os políticos, empresários, as modelos e atrizes, artistas, influenciadores, comissários, juízes, desembargadores, jornalistas e bajuladores em geral, que gargalhavam, flertavam, conspiravam e testavam os limites de seus jogos de poder em mais uma festa promovida pelo excêntrico bilionário Bruce Wayne. Mãos enredadas à cintura da última capa da Vogue, o anfitrião navegava ao sabor do vento em um oceano de apertos de mãos, tapas nas costas e sorrisos, detendo-se aqui e ali vez ou outra. “Ganhei um bom dinheiro com as suas ações, Bruce!”, “as empresas Wayne são uma mina de ouro, Bruce!”, “seu pai estaria orgulhoso, Bruce!”, “outra namorada? Você não toma jeito, Bruce!”, “pode conceder uma entrevista exclusiva, senhor Wayne?”, “tá a fim de uma festinha mais reservada depois? Pode ser a três, gostei da sua nova namorada, Bruce…”, “bela festa, Wayne. Depois temos que falar sobre aquela parceria, grana alta pra todo mundo. Vou ali dar uma calibrada no nariz e a gente já conversa.” O sorriso brotava fácil a cada cumprimento efusivo, a cada elogio, sincero ou não, a cada proposta, indecente ou não. Bruce Wayne dava as melhores festas, Bruce Wayne fazia dividendos transbordarem dos bolsos dos acionistas, Bruce Wayne, apesar de um ou outro excesso com a bebida e com as mulheres (quem poderia culpá-lo?), era sempre gentil e animado e, por um motivo ou por outro, bem quisto por todos.

Bruce Wayne, na verdade, era o mestre dos disfarces. E ali estava a única máscara que não gostava de usar. No início, um mal necessário para manter as aparências, uma cortina de fumaça para que nem o conspiracionista mais criativo pudesse imaginar que o endinheirado ostentador e o morcego vigilante das noites de Gotham fossem a mesma pessoa. Com o tempo, percebeu que as festas ofereciam uma ótima oportunidade para identificar aliados e inimigos em potencial para sua cruzada silenciosa de prover melhores condições sociais na cidade e, assim, reduzir o contingente de recrutas do crime organizado, até que o Batman não fosse mais necessário. Com um pouco mais de tempo, concluiu que aquilo era uma utopia. Sempre haveria homens gananciosos, ou simplesmente maus por natureza, que achariam melhor seguir as ordens de um psicopata vestido de palhaço e tentar a sorte grande num assalto a banco do que trabalhar oito horas por dia atrás de um balcão. Também notou, e isso o incomodava mais do que gostaria de admitir a si próprio, que por mais que tentasse, por mais que usasse seu dinheiro e todo poder de persuasão emanado desse dinheiro, a miséria sempre vencia. Sempre havia alguém desesperado pela falta de comida na mesa, pelo prazo das contas chegando ao limite indiferente ao saldo bancário negativo, pela falta de perspectiva, pela ordem de despejo. E o desespero é solo fértil para se plantar desgraças.

— Bruce Wayne? – uma mulher interpelou o anfitrião, despertando-o de seus devaneios. – Julia Rothschild, encantada – ela se apresentou, estendendo a mão para Bruce. Em seu anelar, um anel de esmeralda que brilhava feito kryptonita e poderia abalar o sistema econômico de algum país subdesenvolvido.

— Está gostando da festa, senhora Rothschild?

— Senhorita… mas me chame só de Julia, por favor – ela corrigiu, lançando um olhar repleto de segundas e terceiras intenções. – Suas festas são muito famosas e parece que pelo menos uma vez os rumores ficaram à altura da realidade.

— Fico feliz que esteja gostando… senhorita. Hoje talvez tudo esteja mais radiante e bonito por você finalmente ter nos agraciado com sua presença – Wayne sorriu, cortês. – Eu a convido há quanto tempo? Quinze anos pelo menos, desde que nos encontramos em alguma reunião na Suíça pra discutir sobre alterações climáticas ou outro assunto chato qualquer. Você parece que não mudou nada, aliás. Parece até mais jovem – Bruce observou, tentando sem muito sucesso disfarçar a sincera surpresa.

— São seus olhos – disse Julia, segurando Bruce pelo braço, para descontentamento da modelo da Vogue. – Eu tive que vir para Gotham e não poderia deixar de ver pessoalmente um dos poucos bilionários que ainda se esquivam de entrar no meu humilde clube. E, falando em festa e em clube, daqui cinco dias haverá uma reuniãozinha nossa aqui na cidade. Nós vamos ver o eclipse de um jeito, digamos, especial. E você é nosso convidado de honra, senhor Wayne.

— “Senhorito”. E me chame só de Bruce, por favor. 

— Bruce… posso entender que isso foi um sim? Que finalmente poderemos ter certeza de que você está a nosso lado e disposto a colaborar com nossas pautas para implementar um futuro melhor e mais controlado para todos? “Uma nova ordem em um mundo globalizado, sem países, sem fronteiras” – Julia sorriu ao proferir o slogan.

— Minha agenda para esta semana está lotada, mas fico comovido com o convite de honra, Julia. Quem sabe na próxima?

— Ah, droga, então era um “não”. As mulheres da minha linhagem nunca lidaram bem com ilusão e rejeição – disse Julia, no tom de brincadeira com que são feitas as mais terríveis ameaças. – Mas, quem sabe na próxima… Bruce.

“Alfred, fique de olhos e ouvidos grudados nela”, pelo rádio na lapela, Wayne ordenou ao mordomo, assim que se afastou. “Por acaso eu já estava de olho nela, patrão Bruce. E nos outros quatrocentos e trinta convidados também. Mas, com exceção ao gosto refinado por esmeraldas e a conversa que teve com o delegado da zona portuária sobre uma carga misteriosa chegando amanhã, nada me chamou a atenção.”

“Carga misteriosa?” 

“Se me permite uma breve ilação, patrão Bruce, eu diria que tem algo a ver com algum tipo de entorpecente. E a conversa com o delegado teve a ver com algum tipo de suborno.”

“Ela deu mais algum detalhe?”

“Disse que a carga chegaria meia-noite, senhor.”

***

Quem vive de combater um inimigo, tem interesse em que ele continue vivo.

Foi o que Batman, empoleirado nos postes das docas, pensou enquanto observava um barco com o brasão da família Rothschild aportar no cais, sob segurança armada de cinco homens. Por mais que tentasse se concentrar, o pensamento era recorrente. Dois meses atrás, o Coringa havia tirado a própria vida, deixando um recado escrito com uma mistura de sangue e pasta de dente na parede de sua cela no Asilo Arkham: “Essa é a verdadeira (e derradeira) piada mortal: o mundo é o mesmo sem mim. E o mundo é o mesmo sem você, morceguinho. Isso é tão engraçado que me deu até vontade de cortar os pulsos! Ha Ha Ha Ha!” A notícia, a princípio recebida como brisa fresca de alívio, não tardou a revelar suas garras, como se fosse parte de um plano diabólico. Com a morte do arqui-inimigo, a motivação do herói desabara. Harvey, Cobblepot e Edward ainda estavam na ativa, mas não era a mesma coisa. Ainda havia muitos criminosos na cidade, mas, essa ideia cada vez mais se avolumava como convicção, mesmo se prendesse todos eles, seus pais não sairiam do túmulo e, por menos que gostasse de admitir, o desejo de vingança fora saciado havia muito tempo.

O primeiro capanga só acordaria dois dias depois, com o maxilar deslocado e um silvo nos ouvidos que o acompanharia pelo resto da vida. O segundo teve a metralhadora arrancada das mãos antes que pudesse pensar em atirar e recebeu um soco no estômago antes que pudesse pensar em qualquer tipo de reação. O terceiro teve tempo de pensar, mas não se pode atirar no que não se pode ver. E depois do chute que recebeu, não veria mais nada com nitidez por um bom tempo. Faltavam dois. Sempre havia outro e outro, poderia demorar um dia, uma noite, uma semana, sempre apareciam mais, por mais que Batman os mandasse para o hospital, por mais que Bruce financiasse programas de recuperação, por mais que Jim os enjaulasse, sempre apareciam mais e mais. “O mundo é o mesmo sem você”. Teria o palhaço sido acometido pela sanidade em seus momentos finais? Sempre houve um pouco de razão na loucura, afinal? Pensamentos inoportunos em momentos inoportunos, levando a desconcentrações e erros que não cometeria nem em seu ano um de vigilante.

Havia seis possibilidades para tirar de combate o penúltimo capanga. Três atordoavam com contato mínimo, duas eram letais e a restante deixava paraplégico. Meio segundo de dúvida na escolha de uma das primeiras ou da última. Tempo demais quando se está lutando no alto de containers sob a mira de duas 7.6 milímetros. Teve que improvisar. Desarmou o inimigo mais próximo, mas não o incapacitou. Ato contínuo, deslocou-se em direção ao último oponente, mas uma rajada de metralhadora cortou a batcorda antes que pudesse alcançá-lo. Cinco metros de altura, dois segundos para decidir entre amortecer a queda ou atirar um bulmerangue para atordoar o adversário. Atirou o batrangue. Não estilhaçou os ossos do antebraço graças à proteção do uniforme, mas ainda assim a dor era intensa. Percebeu que havia caído em frente ao estivador incumbido de esvaziar o navio. E concluiu também que estava exposto a um chute que poderia causar sérios problemas.

— Acaba com o morcego, Mike! – gritou o inimigo número quatro, que permanecera consciente sobre os containers. – Vai seu rinoceronte idiota, não deixa ele levantar!

Mike iniciou o movimento de ataque, pela osmose que os subordinados têm para obedecer aos patrões. Mas deteve-se antes que seu joelho encontrasse a cabeça do lendário vigilante de Gotham. “Se ele tá aqui… é porque tem coisa ruim nessas caixas. Você me meteu em enrascada, Charlie.” O capataz não teve tempo de responder. Acordaria três dias depois, mais enfaixado do que Ramsés II, com um pulmão perfurado e três costelas quebradas.

— No fundo eu sabia que era furada – Mike falou, como quem se confessa e pede desculpas a si próprio. – Mas a Laura tá precisando de remédio e eu acabei fazendo a coisa errada, com a desculpa que no final ia tá fazendo a coisa certa. Cê vai me prender, morcego?

— Não – Batman respondeu enquanto abria uma das caixas.

Mike achou melhor não abusar da sorte e tratou de se colocar a caminho de casa sem pensar duas vezes. Alguns passos adiante, porém, não conseguiu segurar o pensamento bobo que lhe veio à cabeça, junto a um inesperado sorriso. “Sabe, morcego… eu quero só ver a cara da Laura quando eu contar pra ela que te vi bem na minha fren…”, o sorriso permaneceu, mas a fala foi interrompida ao se virar e perceber que Batman não estava mais lá.

Alguns dias depois, Mike receberia uma proposta de emprego nas empresas Wayne.

***

Batman passou o restante da madrugada em sua caverna, analisando a composição química do produto encontrado nas caixas. Analisou uma vez, duas, reavaliou os dados, testou mais amostras – todas levavam à mesma conclusão estarrecedora: era um composto orgânico, adrenalina humana concentrada em níveis que indicavam uma condição extrema de estresse ou terror, três vezes superior à produzida por soldados em meio ao fogo cruzado de uma guerra. O Batcomputador calculou que seriam necessários entre cinco e dez pessoas para gerar adrenalina suficiente para preencher um único frasco. Havia quarenta e cinco frascos em cada caixa e vinte caixas no navio. Também fez projeções dos possíveis efeitos da substância quando aplicada diretamente na corrente sanguínea – euforia e dependência similar à produzida pela heroína, alerta mais potente que o da cocaína, possíveis alucinações e, com uso periódico a longo prazo… rejuvenescimento celular.

— A noite parece ter sido produtiva, patrão Bruce – disse Alfred, descendo à caverna com a bandeja de café da manhã. – Faz alguns meses que não via o senhor tão dedicado a um caso.

— Pouco antes de ser baleado naquele beco – disse Bruce, ainda com a armadura, mas sem a máscara, olhos fixos no imenso painel holográfico que servia como monitor –, meu pai me deu três revistas em quadrinhos. Era a história de um detetive que eu não consigo recordar o nome e nunca ousei pesquisar, com medo de macular as memórias. – Tomou um copo de suco em um gole só e mordeu o sanduíche. Girou a cadeira, encarou Alfred e então continuou: – Nas duas revistas, o detetive começava a história dizendo “um caso para resolver todos os casos”, dando a entender que o caso daquela história seria o último e mais importante de sua carreira. Mas não era. Pelo menos naquelas três que li, não era.

— Uma bela recordação, patrão Bruce – Alfred falou, meneando a cabeça em incentivo para Bruce prosseguir, enquanto enchia novamente o copo. – O patrão Thomas era bastante assertivo nos presentes.

— Acho que durante toda minha vida, além da vingança, além da busca pela justiça e proteção que a polícia é incapaz e o governo não tem interesse em oferecer, eu procurei o tal “caso para resolver todos os casos”, a panaceia para curar todos os males de Gotham e do mundo. E agora, Alfred… agora eu tenho a impressão de que encontrei.

— Patrão Bruce, tenho uma notícia que talvez corrobore essa sua impressão. – Alfred estendeu o tablet que trazia consigo. Na tela, a manchete que atingiu Batman com mais força do que um golpe do Crocodilo: “ações das empresas Wayne despencam 50% na abertura.” Um prejuízo de bilhões em dez minutos, um comportamento totalmente atípico. Diante de um patrão atônito, Alfred continuou: — Também recebemos uma carta, senhor.

Dentro do envelope, selado com o brasão dos Rochschild, havia um papel perfumado, escrito com letras dignas do convite de casamento de uma duquesa:

“Prezado senhorito Wayne (ou senhorito morcego, se preferir). Fascinante esse sobe e desce da bolsa de valores, não é mesmo? A propósito, tenho umas dicas de ações, ficarei feliz em compartilhar com você, caso encontre espaço na agenda, é claro. Conto com sua presença na festa do eclipse, que não será adiada mesmo com um pequeno contratempo que tive ontem. Encomendas que ficam presas na alfândega, às vezes acontece. Beijos, Julia.”

— Mais alguma novidade para começar bem o dia, Alfred? – Bruce Wayne perguntou, recostando-se na cadeira e traçando mentalmente as linhas de ação para combater aquela ameaça.

— Na verdade, senhor… tem mais uma coisa, sim. Há uma visita, aguardando no saguão principal.

— Visita? Quem?

— Ele não quis se identificar, senhor. Mas tocou o interfone e, com sotaque inglês bastante acentuado, pediu para falar com o “tolo fascista vestido de morcego que reside nessa admirável mansão.” Bom, talvez não exatamente com esses adjetivos, mas o fato de alguém chegar à mansão Wayne pedindo para falar com um morcego me chamou bastante a atenção e julguei que seria melhor deixá-lo entrar.

Bruce, sem colocar o capacete e sem tirar a armadura, foi de encontro ao visitante inesperado. De costas, um homem loiro com sobretudo marrom puído aguardava, fumando e contemplando as estátuas e quadros que ladeavam toda a extensão da sala, agora empesteada pela fumaça.

— John Constantine, pensei que tinha dito que nunca mais queria olhar na minha cara depois da nossa última ação em conjunto*. 

[* Detective Comics #26].

— E aí, seu puto do caralho. Já ouviu falar que quanto menos afirmações um homem fizer, menos imbecil ele vai parecer depois? Pois é, às vezes a vida me lembra dessa merda e eu sou obrigado a engolir minhas palavras e, por um bem maior, engolir meu orgulho britânico e vir falar com uns filhos da puta sem ética profissional que se metem nas investigações dos outros, tipo você. Tudo pelo bem da humanidade, saca? Ter coração altruísta é foda – disse John, acendendo um cigarro logo depois de jogar a última bituca na lareira.

— Então você também está investigando Julia Rochschild?

— A Julia te fodeu hoje nas ações, hein? – John comentou, sem disfarçar a satisfação. Queimou meio cigarro numa tragada e prosseguiu: – Mas ela é café pequeno, só a ponta do iceberg. Essa porra é muito maior e muito mais bizarra, morcego. A gente tá falando de coisas que afetam o jogo de poder em escala global, pactos com entidades ancestrais, sacrifícios humanos e umas merdas que cê nem imagina. A merda que pra resolver a gente precisaria de, sei lá… dois detetives foda, um deles bom de briga e outro que soubesse tipo combater demônios e tal. Ah, se o detetive bom de briga não fosse um cuzão que não sabe trabalhar em equipe também ajudaria pra caralho.

— Acho que, por um bem maior, o detetive bom de briga poderia trabalhar em equipe temporariamente – disse Bruce, colocando a máscara. – Embora seja preciso um tanto de autocontrole para não arrancar alguns dentes de uma certa boca suja.

— Entra na fila, seu puto. – John Constantine estendeu a mão. – Tá comigo?

— ‘Tô contigo – Batman retribuiu o cumprimento.

— Então bora salvar essa porra desse mundo.

 

Continua na próxima edição de Detective Comics. Não perca!

21 comentários em “Detective Comics #41 Set/2020 (Fabio Baptista)

  1. Marcio Caldas
    19 de setembro de 2020

    O conto retrata mais um dia de trabalho de Batman em gotham. Com seus vilões, mocinhos e o resto da população.

    Interessante o ponto de vista revelado pelo autor de demonstrar as questões sociais e políticas de uma cidade como gotham. Esse contexto social foi pouco exibido e sempre de maneira rasa, nos arcos do herói.

    A trama Interessante talvez precisasse de mais linhas para ter mais equilíbrio. Pareceu apenas uma parte de uma história em quadrinhos. Por outro lado, o texto construído não é dinâmico como os do quadrinhos, razão pela qual o leitor não se sente lendo uma HQ.

    No fim, fica a impressão de que a estética da HQ ganhou mais espaço do que a história em si, por não ter um desfecho.

    Nota:4

  2. Andreas Chamorro
    19 de setembro de 2020

    Mike aceita um bico que acaba tornando-se um crime, Batman o enfrenta e isso o faz lembrar da revistinha que ganhou quando criança. No fim Constantino aparece para que este é Batman entretém Rothschild e uma seita satânica.

    Olá, Frank! Conto incrível, não? Primeiro vou ressaltar seu domínio de narrative; principalmente no que tange a ritmo. Sabe criar um conflito interessante com poucos detalhes. Gostei muito da história de Mike e o que Batman fizera por ele. O texto ficou excelente para mim especialmente no fim por conta que eu queria saber o que aconteceu! Sacanagem incluir o Constantine no fim e deixar em aberto! Um ótimo cross-over, Frank. A cena da festa também fora oito ponto alto a meu ver; seu Alfred é hilário! O que puxa um elogio a seus diálogos muito bem feitos mesmo. Está nos finalista porque é um ótimo texto mesmo, boa sorte!

  3. angst447
    19 de setembro de 2020

    RESUMO

    Mike trabalha como estivador e precisa levantar dinheiro para pagar os remédios da esposa, Laura. É convocado para um trabalho extra – descarregar mercadoria de origem ilegal. Enquanto isso, Bruce Wayne frequenta festas acompanhado de uma bela mulher e depara com a enigmática Srta. Julia Rochschild, que o convida para a festa do eclipse. Bruce, como Batman, aparece no caís e desfaz a operação ilegal – da mercadoria suspeita – adrenalina concentrada capaz de causar euforia e dependência, possíveis alucinações e, a longo prazo, rejuvenescimento celular – segredo de beleza da Srta. Rochschild. Mike vai para casa, sem ser preso, e ainda recebe uma proposta de emprego nas empresas Wayne. Mais tarde, Bruce/Batman recebe a visita inesperada de John Constantine. Então, os dois decidem salvar “essa porra desse mundo”.

    AVALIAÇÃO

    FanFic de alguma história do Batman, misturada com o tal do Constantine. Desculpo-me pela minha ignorância do assunto, mas talvez o personagem Mike também faça parte de uma HQ ou filme de alta bilheteria.
    O conto está bem escrito, com um ritmo adequado de leitura, sem demorar muito ou se apressar demais nas passagens de ação. Linguagem clara, com vislumbres de poesia principalmente no início da narrativa.
    Só achei um pouco estranha a parte – “Mike achou melhor não abusar da sorte e tratou de se colocar a caminho de casa […] ao se virar e perceber que Batman não estava mais lá.” Mike achou que Batman estava acompanhando os seus passos?
    A trama tem a dose certa de ação e humor (e até um pouco de drama – Mike, suas lembranças e a doença de Laura) para cativar certo tipo de leitor. Não é por acaso que o conto está entre os finalistas. Já é um sucesso, top-10.
    O final ficou muito bom, com os dois combinando de salvar o mundo como se fossem tomar umas cervejas no bar da esquina.

    Boa sorte e que Batman te socorra se a festa do eclipse der errado.

  4. Fernanda Caleffi Barbetta
    18 de setembro de 2020

    Resumo
    Batman impede o recebimento de uma carga misteriosa por Julia Rothschild. A carga consistia em uma nova droga criada a partir de adrenalina humana concentrada. Como estivador, naquele dia, estava Mike eu havia aceitado participar do serviço sujo pois precisava de dinheiro para o tratamento de Laura.

    Comentário
    Quando vi que era mais uma história do Batman, confesso que desanimei, mas ao perceber a sua técnica, a escrita gostosa e fluida, fui fisgada pelo seu conto. As tiradas sarcásticas, engraçadas colaboraram ainda mais para meu envolvimento com o texto. Parabéns.
    O enredo é bastante criativo, gostei da ideia da adrenalina humana concentrada. Bem interessante também a mensagem do Coringa sobre o crime não ter fim e o mundo continuar apesar da morte dele e do próprio Batman.
    Na minha opinião, a trama, em alguns pontos, se perdeu um pouco. No início, o foco é Mike a sua história, mas ele vai perdendo importância até o ponto de questionarmos se eram realmente necessárias tantas linhas sobre ele logo no início.
    Alguns fatos ficaram incoerentes e mal explicados para mim, como o fato de Alfred ter ouvido a conversa de Julia com o advogado e, no final, o fato dela saber que ele era o morcego. Como aconteceu isso, como ela soube?
    A frase “por ter soado poético brotando nos lábios” ficou sem sentido para mim.
    Gramaticalmente quase perfeito, encontrei pouquíssimos deslizes. Destaco apenas: “foi de (ao) encontro ao (do) visitante inesperado.

  5. Rubem Cabral
    18 de setembro de 2020

    Olá, Frank.

    Resumo da história: Mike trabalha no cais como estivador e é contratado para uma tarefa suspeita, mas que paga bem. Numa festa em sua mansão, Bruce declina do convite da senhorita Rothschild e fica sabendo de uma possível entrega de entorpecentes no cais. Batman ataca no cais e impede a entrega de um entorpecente à base de adrenalina, poupando Mike, que acaba contratado pelas indústrias Wayne. As ações da Wayne sofrem um ataque especulativo, talvez represália da senhorita Julia Rothschild, que envia um novo convite – e que, portanto, sabe da identidade secreta de Batman. Uma visita inesperada, John Constantine, antigo desafeto do morcego, traz novos elementos conspiratórios e supernaturais ao que parecia ser apenas um caso que envolvia o uso de substâncias ilícitas. Bruce e John resolvem trabalhar juntos, apesar de suas diferenças.

    Análise do conto:

    a. criatividade. 3/5 – o encontro de Batman e Constantine foi interessante, mas a história promete mais do que entrega.
    b. personagens. 4/5 – Bruce está bem desenvolvido. Mike era dispensável.
    c. escrita. 4/5 – A escrita é limpa e sem erros. Há alguns voos bacanas tbm, com frases bem esculpidas.
    d. adequação do tema. 5/5 – é uma fanfic de Batman.
    e. enredo. 3/5 – o conto é como a introdução de uma história maior, o que frustra um tanto, pois não chega a empolgar com uma incrível história de deuses antigos, ameaça de escala global, etc.

    Boa sorte no desafio e abraços.

  6. Fheluany Nogueira
    17 de setembro de 2020

    Batman se recusa a participar de encontro da organização que sabia ser do mal e apreende droga que esse grupo trafica. É castigado com queda nas ações de suas empresas, mas junta-se a John Constantine para continuar a combater o crime em Gotham City.

    Detective Comics é revista histórica. Achei a narrativa bem conduzida, rápida, uma boa releitura de HQs. A presença de um personagem secundário, em paralelo à trama principal, foi um recurso interessante para mostrar o espírito de justiça de Batman.

    Outro ponto, é que me pareceu um episódio, mesmo, de série, sem muitas surpresas ou impacto e a sensação de que deveria ter visto os episódios anteriores e que terei que continuar a ver os posteriores para ter ideia do todo. Se foi essa a intenção do autor, conseguiu.

    De qualquer forma, um texto competente, acima da média. Parabéns e boa sorte no desafio. Abraço.

  7. Rsollberg
    16 de setembro de 2020

    Detective Comics #41 Set/2020 (Frank)

    Fala, Frank

    Resumo: O homem morcego numa espécie de crise existencial sem saber calcular ao certo o produto do que faz em uma escala global. A resolução de um mistério e a percepção de seu importante papel social.

    Bem, gostei bastante da história, porque mesmo trazendo originalidade, bebe das fontes primordiais do genêro. A jornada do herói em suas pequenas construções, as reminiscências que fazem da história original um sucesso, a apresentação do caso, do personagem, a resolução do caso, um crossover de matar, e um belissimo clifhanger típico de quadrinhos. Ou seja, trabalho de manual forjado com capricho.
    Importante destacar também as tramas, grande e pequenas, que se apresentam. Temos um arco menor que é o do Mike, com a história da mulher doente, os princípios ensinados pelo pai, a queda, a redenção e a possibilidade da nova vida. Temos a apresentação da Senhorita Roschild e seu evento misterioso. E o arco do personagem principal que passeia em todas as histórias, e que apesar das ações e aventuras, precisa resolver uma questão intima, que se traduz por entender seu papel dentro do mundo, bem como sua verdadeira relevância para a sociedade. Essa história só é resolvida no final e com um ótimo auxilio do caráter afetivo das coisas e os reflexos em sua construção. Aqui o autor recorre a memória do protagonista, donde ele tira uma lição e compreende, ao menos em parte, sua função nesse planeta hostil. Essa estrutura de história pode ser observada nas principais séries de ação e comédia, alternando arcos grandes e pequenos, tramas e subtramas.

    Na parte técnica/estilo resta, indubitavelmente, claro que o autor sabe o que faz, conduzindo o leitor ora por perguntas, ora por fluxo de consciência, vez por outra com alertas e lembretes do que estaria por vir ou poderia acontecer. Aquele lance bem usual na literatura noir fonte primária de todas essas sagas.

    “As taças estavam sempre cheias na mansão Wayne.” Gosto disso em um conto com limite de palavras. Em uma frase o escritor consegue sintetizar uma série de coisas, aproveitando o máximo de sua capacidade. Até para quem não conhece o personagem já tem ideia do que se passa no ambiente, há uma primeira evidência de fartura e “requinte”. Não são copos que estão cheios de refrigerante, são taças de vinho em uma Mansão. Isso já é suficiente para o leitor compreender grande parte da atmosfera envolvida. Em último efeito, ela alerta para o que está por vir.

    O texto possui algumas frases de qualidade inquestionável e que, antes de tudo, casam superbem com o personagem escolhido. Destaco essa como exemplo: “E o desespero é solo fértil para se plantar desgraças.”

    Outro apontamento vai aqui: “poderia abalar o sistema econômico de algum país subdesenvolvido.” Há uma preocupação constante em não usar o ordinário a todo momento, em não recorrer as obviedades das descrições. Penso que esse é um grande diferencial.

    A ironia, tão necessária nesse genêro, está presente em diversas partes da história. Destaco essa passagem como ilustração “Acordaria três dias depois, mais enfaixado do que Ramsés II, com um pulmão perfurado e três costelas quebradas.” Aqui, novamente, o autor foge do óbvio. O mais provável é que a maioria dos escritores optassem pelo simples “múmia”, no entanto, Ramsés é uma referência muito melhor; não é desconhecida, tampouco é muito usada, ou seja, acrescenta charme ao conto sem soar pedante. Esse é o cuidado e elaboração que espero quando leio os contos aqui do E.C, não é só o que se diz, mas como se diz.

    Outrossim, as frases que capitulam as divisões tem uma grande força, seja pela síntese, pelo poder de introdução, ou pela reflexão, agindo como um “teaser” do que está por vir “Quem vive de combater um inimigo, tem interesse em que ele continue vivo.”

    Para não dizer que só falei de flores, não curti muito essa passagem, vi como excesso “antes que” e não como recurso de narrativa. Gosto pessoal, claro! “O segundo teve a metralhadora arrancada das mãos antes que pudesse pensar em atirar e recebeu um soco no estômago antes que pudesse pensar em qualquer tipo de reação.”

    Penso que a grande virtude desse conto é entregar exatamente o que se propõe. Entretenimento de qualidade e original dentro dos seus parâmetro.
    Parabéns e boa sorte!

  8. Jowilton Amaral da Costa
    12 de setembro de 2020

    O conto narra a história de Mike, um estivador morador de Gothan City, que se envolve numa ação contra o crime do Batman.

    O conto é muito bom. Muito bem escrito, com muito domínio narrativo e com uma ótima trama. Não sabia que Constantine á havia atuado com Batman em uma revista. Ou isso é ficão? O personagem do estivador foi bem construído, pude imaginá-lo como um grandalhão musculoso meio abobado. kkkkkkk Boa sorte no desafio!

  9. Karen Salazar Cardoso
    12 de setembro de 2020

    O conto traz mais um caso do Homem-Morcego, no qual ele tem que lidar com uma conspiração que vai além de seus domínios. E pra isso revela-se a ajuda de um aliado interessante e inesperado.

    Conto muito bem desenvolvido, fluido e bom uma narrativa bem estruturada. Consegue passar totalmente o sentimento de estar lendo uma Detective Comics. Todo o conflito do personagem e a trama foram muito bem expostos mesmo com o pouco espaço de palavras para isso. Estrutura muito boa e fluxo bem feito e explorado.

  10. Marco Aurélio Saraiva
    12 de setembro de 2020

    Bruce Wayne descobre que Julia Rothschild, uma socialite, planeja algo de estranho e intercepta uma de suas entregas clandestinas. No final, descobre que ela está envolvida em algo muito maior e precisará da ajuda de Constantine para lidar com o caso.

    Isso aí sim é fanfic de verdade! Gostei muito do formato do seu conto: emulou até mesmo o formato de revistas em quadrinhos, com direito a cliffhanger no final! Sua escrita envolvente e a leitura fluida agradaram demais. A ambientação é incrível e seu trabalho com personagens é profissional. Você escreve de uma forma realística, trazendo Gotham para perto do leitor, com detalhes corriqueiros que adicionam muito à atmosfera da narrativa. Excelente!

    Um detalhe especial foi Mike. Que incrível a história dele. Simples, mas assim, adicionada à uma história do Batman, ganha muito valor. O final dele foi sensacional. O encontro com Constantine foi inesperado e bem-vindo. A trama é envolvente. Enfim, uma excelente leitura.

    Parabéns!

  11. Leo Jardim
    11 de setembro de 2020

    🗒 Resumo: Batman investiga uma trama complexa que envolve uma droga que pode dar o poder da imortalidade e recebe, no fim, a ajuda de Constantine.

    📜 Trama (⭐⭐⭐▫▫): cara, gostei muito da forma como o conto foi apresentado, do personagem secundário que depois voltou e teve uma participação curta, mas interessante (achei até que seria mais importante).

    Tem um problema, porém: é uma história pela metade. É um ótimo primeiro capítulo de uma história maior e gostaria muito de ler o restante. Mas, no gênero de conto, acaba não sendo uma história fechada, como início, meio e fim.

    📝 Técnica (⭐⭐⭐⭐▫): gostei muito da técnica utilizada. Conta bem a história, sem travar e com ótimas descrições de cena. Li tudo numa tacada só. Só como sugestão, acredito que muitas vírgulas poderiam ser trocados por pontos para deixar as frases um pouco mais curtas.

    🎯 Tema (⭐⭐): fanfic de Batman.

    💡 Criatividade (⭐⭐▫): dentro do esperado para o desafio.

    🎭 Impacto (⭐⭐⭐▫▫): gostei muito do conto e achei ele muito legal mesmo. Leria, com certeza a versão completa, como já disse. Preciso, porém, retirar pontos de impacto porque o texto encerra no auge e não no clímax. Deixa muita coisa em aberto e não conclui.

  12. Fernando Amâncio (@fernandoamancio)
    11 de setembro de 2020

    Mike, que trabalha no porto de Gotham, aceita fazer um trabalho “por fora”, mesmo desconfiado. Bruce Wayne, paralelamente, em uma festa na sua mansão, percebe algo de estranho nos planos de uma convidada, Julia Rochschild. Alfred, na escuta, identifica que uma entrega suspeita ocorrerá no porto no dia seguinte, à meia-noite. Batman, então, intercepta a mercadoria, poupando Mike, que é honesto. As ações da WayneCorp despencam e Bruce recebe a visita de John Constantine, que também está pesquisando a situação e propõe uma parceria.

    Bom, um texto bem interessante, que consegue captar muito bem o estilo ágil dos quadrinhos. Se não vencer o desafio, pode ganhar o prêmio de melhor FanFic do Homem Morcego da edição. Gostei bastante, inclusive do final aberto. Afinal, HQs tinham mesmo isso (o que eu odiava, já que não podia comprar muitas revistas).

    Particularmente, não sou um grande conhecedor de quadrinhos, mas do pouco que conheço do universo, não gosto da ideia do crossover com o Constantine. Aliás, acho que essa coisa de universo compartilhado um excesso atual. Mas sei que a DC tem feito isso com o Costantine, inserindo ele no meio dos heróis de uniforme.

    Enfim, isso é uma apreciação pessoal, que não influenciará na avaliação. O conto tem bom ritmo, é coerente com a temática do desafio e, enfim, me agradou. Parabéns e sucesso no desafio!

  13. Fernando Dias Cyrino
    10 de setembro de 2020

    Olá, Frank, cá estou eu curtindo a sua revista em quadrinhos. Traz-me a história da história da descarga de produtos no porto oriundos do submundo do crime. Aliás, do super mundo do crime ficaria mais acertado de dizer. E o pobre estivador, bruto e simplório, Mike, com sua pobre Laura doente, é cooptado para esse trabalho à meia noite na naturalmente escura cidade de Gotham. Numa festa na mansão de Bruce Wayne, o homem das festas esfuziantes e que também se transforma no Batman na busca de um mundo melhor. E a carga, de adrenalina humana concentrada – é recebida também pelo Homem Morcego que deixa fora de ação os capangas que a protegem. Mike, o carregador da carga, um pobre manipulado pelo capataz, é deixado livre, sendo que, uns dias depois, recebe proposta de trabalho das empresas Wayne. E a história, aliás, o capítulo, termina com a visita do outro detetive, John Constantine, parceiro em outras paradas, que vem lhe contar do que está por trás daquela carga da Júlia Rochschild. A coisa é muito maior e continuará na revista de outubro, número 42. Gostei da sua história, gostei da condução, tudo muito bem contado e redigido. Lamentei o final, mas vou esperar o próximo mês para saber o desfecho, ou ficar ainda com mais alguns pontos a serem solucionados em novembro, quem sabe… Bacana a sua proposta. Abraços.

  14. Ana Maria Monteiro
    9 de setembro de 2020

    Mike, um estivador com dificuldades financeiras, que vive em Gotham, recebe do seu capataz uma proposta para um trabalho “por fora” muito bem remunerado. Mike, percebe que será um trabalho sujo, mas as necessidades levam-no a aceitar.
    Dentro de dias haverá um eclipse em Gotham e todos se preparam para o evento. Bruce Wayne, sempre anfitrião de festas, recebe o convite de Júlia Rothschild, para assistir ao eclipse na festa que ela está a preparar e que será muito especial. Bruce declina e dá instruções ao mordomo para que obtenha as informações necessárias sobre o que Júlia está a tramar, mas tudo o que este descobriu foi que no dia seguinte à noite, chegaria uma carga suspeita.
    Bruce/Batman lá esteve a aguardar e, após uma intensa luta, conseguiu confiscar a carga. A luta foi difícil e por momentos esteve à mercê de Mike, mas este, percebendo que se Batman estava ali era porque o que estava a fazer era errado, poupou-o, facto que veio a render-lhe uma oferta de trabalho dias depois nas empresas de Bruce.
    Bruce tem a sensação de que o seu trabalho chegou ao fim, mas recebe a visita de John Constantine, que também está a investigar Júlia e faz com ele uma aliança para trabalhar em equipe. O que se segue? Saberemos na próxima edição de Detective Comics.

    Olá, Frank. Já escrevi imenso no resumo, no entanto o seu conto merece uma especial referência às reflexões de Batman sobre a natureza humana e é nesses apontamentos que reside o seu valor acrescentado. O personagem está muito bem montado e permanece fiel à imagem de Batman e Bruce, introduzindo mais uma das suas aventuras. Foi um prazer. Obrigada por participar e boa sorte no desafio.

  15. pedropaulosd
    31 de agosto de 2020

    RESUMO: O Batman achou o que talvez possa ser o caso de todos os casos, aquele com o qual encerrará a carreira. Trata-se de alguém que sabe de sua máscara, Bruce Wayne, e que está disposto a travar essa luta em duas frentes. Depois de apreender as mercadorias de um barco que carregava vários frascos de uma substância perigosa, o Morcego se vê diante de uma parceria inesperada. John Constantine e o Batman salvarão o mundo? Não perca a próxima Detective Comics!

    COMENTÁRIO: Quero que saiba que minha avaliação não se fez em cima do comparativo, mas foi inevitável colocar lado a lado os três contos de Batman que apareceram neste desafio. Este é o mais próximo de uma estória de Batman que eu li. Gostei da introdução com o personagem Mike, já que muito se critica a figura do Cavaleiro das Trevas pelo seu massacre contínuo das massas que adensam a criminalidade. Em verdade, não foi só esse personagem que pautou a crítica, mas achei inteligente ter incluído no conto uma parte voltada às reflexões do Batman a respeito dessa constante da criminalidade. Aliás, achei que um dos pontos altos foi justamente ver como ele lida com a morte do Coringa e a sua atuação no combate ao crime, mas também foi interessante ver pelos olhos do vigilante quando ele está em perigo, o raciocínio veloz e calculado enquanto lida com oponentes no corpo a corpo. A escrita dá conta de traduzir o quadrinho para a literatura, mantendo a dinâmica entre ação, imagem e pensamento que é tão natural das HQs. A própria estrutura do enredo é, na verdade, uma típica edição inicial, em que se estabelece o vilão da vez e se abre portas às múltiplas possibilidades do que virá em seguida. O final tem até um “continua” e uma cereja do bolo, o John Constantine em pessoa. Foi adorável ver essa dupla improvável se formar e confesso que ficou um gosto de “quero mais”, como suponho que tenha sido o objetivo.

  16. antoniosbatista
    31 de agosto de 2020

    Resumo de detetive Comics- Bruce Wayne dá uma festa em sua mansão, quando conhece Julia Rothschild que o convida a participar de um grupo de empresários, mas ele recusa e por coincidência, as ações de suas empresas despencam. Ele descobre que um navio da mulher está descarregando uma carga suspeita e combate os guardas. Resgata a carga e descobre que é uma droga. Ao final, recebe a visita do detetive John Constantine que pede ajuda para combater o crime.

    Comentário- Mais uma aventura do Homem-Morcego, Batman, combatendo criminosos. Está bem escrito, com boas frases, mas faltou algo diferente das histórias do Batman. Foram os mesmos personagens e a mesma ambientação, Gothan City. Talvez transportar o herói para um mundo alternativo, combatendo outros tipos de criminosos, monstros, viajar no tempo e impedir a morte de seus pais, etc. Colocar novas ideias no universo do herói. Seria uma história original, bem mais interessante. De qualquer forma, é uma boa história de Fanfic. Boa sorte.

  17. Giselle F. Bohn
    31 de agosto de 2020

    Aventuras de Batman: acuado por Julia Rothschild, o superherói recebe a visita de John Constantine, que propõe que trabalhem juntos para resolver esse caso, aparentemente dificílimo.
    Texto ágil, com descrições minuciosas, tecnicamente muito bem escrito. Acho que é o que se espera de uma fanfic! Como não tenho familiaridade nem com o personagem nem com o estilo, não é um conto que me envolve. Mas isso é problema meu, não do conto! 🙂
    Parabéns!

  18. Maria Edneuda Oliveira Pinto ; Claraliz Almadova
    30 de agosto de 2020

    O milionário Bruce Wayne descobre em uma das festas de sua mansão, que Julia, a mulher de uma família importante de Gotham traria um carregamento de entorpecente que garantia o rejuvenescimento de células, porém, com efeitos colaterais devastadores de exacerbamento de adrenalina que causava dependência química igualmente ao daquela causada pela heroína. O morcego vai ao porto e vê o carregamento chegar , ostentando o nome da família daquela mulher a quem ele galanteava. Batman luta com os capangas e com os estivadores. U deles era Mike que aceitara o trabalho porque o trabalho honesto não cobria os gastos da doença grave de Laura. Batman se dedica a investigar o caso e é avisado por Alfred que John chegara à caverna para se aliar ao morcego na luta contra mais aquele caso de ameaça à sociedade.Nota 5

  19. Gustavo Araujo
    29 de agosto de 2020

    Resumo: O Coringa morreu, mas os crimes continuam a ocorrer em Gotham. Em meio a uma festa para ricaços, Bruce Wayne recebe a dica de que um carregamento suspeito está para chegar. Tudo aponta para um esquema de uma rica herdeira dos Rothschild. Ele vai até lá e só não se ferra porque um dos estivadores contratados vacila na hora de acabar com o Morcegão. De volta à Batcaverna, Bruce recebe a visita de Constantine, que o avisa de que aquilo tudo é só o início de algo muito maior. Ele oferece ao Batman uma parceria e…

    Impressões: gostei do conto. Li muito gibi do Batman quando era moleque e até depois de adulto e o conto me fez lembrar dessa época. O texto me pareceu casar bem com a atmosfera adolescente que permeava os enredos, inclusive com as piadinhas. Achei bacana a ideia de afastar a trama do ambiente soturno do Cavaleiro das Trevas — livro e filme — preferindo uma temática mais simples. Isso porque com 3500 palavras de limite seria muito difícil abordar a história de um jeito mais sombrio, como tem sido a toada desde que o Nolan assumiu a vida do personagem.

    O enredo em si é legal e tem sucesso ao criar o suspense. Gostei também da história paralela do estivador, que explica o motivo dele não ter detonado o Batman quando teve chance. Bem sacada também a ideia de “continua no próximo número” porque seria evidentemente impossível terminar uma história desse tipo aqui no desafio. Só se fosse no esilo Lost “e então era tudo um sonho”.

    Enfim, é um bom trabalho, executado por quem conhece e gosta do assunto. Só não leva nota máxima porque, pessoalmente (e isso acaba pesando), prefiro enredos mais profundos. Mas respeito, muito, a opção pelo roteiro adolescente. Parabéns e sucesso na segunda fase.

    Nota: 4,0

  20. Bianca Cidreira Cammarota
    28 de agosto de 2020

    O conto começa com Mike, um estivador honesto que aceita fazer um trabalho sujo para ganhar um dinheiro extra, a fim de ajudar a família. No entanto, é a abertura do conto para a história de Batman em suas reflexões após o suicídio do Coringa acerca de seus propósito como Cavaleiro das Trevas. Logo é envolvido na carga ilegal que Mike está ajudando a carregar no Porto. Na briga com os capangas, Mike se abstém de agredir o Morcego, retornando à sua honestidade.
    Essa carga é da Julia Rochschild, mulher rica e influente que ele encontra em uma das festas da mansão Wayne. Essa carga é composta de um produto químico que pode dar poderes de força e rejuvenescimento e a história deixa implícito que Julia faz uso deles.
    Batman vê esse caso como o “grande caso” e sente-se mais uma vez motivado e com propósito. Constantine aparece na casa de Bruce e se oferece para ajudar nessa nova luta.

    O conto é maravilhoso! Fluido, chamativo, envolvente. Nós flutuamos nele… os diálogos são ótimos, ágeis e consistentes.

    ADOREI O CONTO!!!! Estupendo!

  21. Anderson Do Prado Silva
    25 de agosto de 2020

    Resumo:

    Ao combater um crime, Batman se depara com uma vítima social e lhe consegue uma oportunidade de trabalho. Como o crime é complexo, Batman acaba também por aceitar a ajuda de Constantine.

    Avaliação:

    (Autor, não leia o presente comentário como crítica literária, pois se trata apenas de uma justificativa para a nota que irei atribuir ao texto.)

    O autor possui pleno domínio da língua e das técnicas de narração. É um escritor “pronto”.

    O texto é divertido e criativo.

    Não identifiquei erros graves de revisão.

    O autor é tão, mas tão habilidoso, que poderia ter empregado suas qualidades como escritor para transitar fora do universo da literatura [ou cinema] de entretenimento. Poderia ter enveredado pela alta literatura e faturado uma nota máxima.

    O título e estrutura do texto são primorosos! Achei muito corajoso o final aberto (que faz todo sentido no “gênero” dos “quadrinhos”, mas que, aqui no desafio, poderia ter soado deslocado).

    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio!

Deixar mensagem para Ana Maria Monteiro Cancelar resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

Informação

Publicado às 24 de agosto de 2020 por em FanFic, FanFic - Finalistas, FanFic - Grupo 2 e marcado .