EntreContos

Detox Literário.

As lágrimas que o rio esconde (Ana Carolina Machado)

Lydia gostou muito da idéia de viajar para o Amazonas, mais especificamente para o interior do estado. Iriam visitar  uma região em que a floresta amazônica ficava no quintal das casas e as canoas tomavam a vez dos carros. 

A mãe da menina disse que precisavam dá uma respirada de todo aquele ar poluído, além disso seria bom rever uns parentes distantes que não viam há tempos. 

-Sua prima Lorinda vai ficar muito feliz em te ver .-sua mãe  comentou enquanto terminavam de arrumar as malas.

Lorinda tinha doze anos assim como Lydia . As duas tinham formado um forte laço de amizade  durante as semanas que passaram juntas. Sorriu com a perspectiva de vê-la novamente, mas uma parte dela temeu que as coisas estivessem mudadas, pois afinal haviam se passado alguns anos.

Na última visita Lorinda tinha tentado lhe ensinar a remar.  Lydia não tinha apresentado muito progresso, apesar dos esforços dela . Ao se despedirem ficou a promessa de na próxima vez retomarem de onde pararam. Seja na questão do remo ou  das brincadeiras que ficaram incompletas. 

O percurso foi feito em quase sua totalidade de ônibus, porém no fim da viagem tiveram que recorrer ao barco, pois a casa dos parentes era acessada somente por rio. 

A viagem de barco se mostrou mais agradável do que se lembrava. Fazia um friozinho gostoso devido devido a floresta que margeava o rio. 

 Sua mãe como a maioria dos passageiros tinha atado uma rede e estava dormindo, pois a viagem seria longa e o frio era convidativo para horas de sono. Lydia gostava de ficar acordada para ouvir as histórias de visagem que os viajantes contavam. Ficava no seu canto somente escutando com atenção. 

Tinham narrativas para todos os gostos. Algumas sobre o boto dançar com moçãs nas festas, sobre visagens de estrada que pediam carona e muitas outras . Mas no meio das narrativas uma palavra chamou sua atenção. 

-Mãe, o que é mundiá mesmo?- perguntou mais tarde  para a sua mãe quando teve chance. 

-Mundiá? – respondeu a mãe bocejando. Ela tinha acordado há um certo tempo,  mas ainda estava  com aparente sono. Isso fez Lydia se lembrar de  Lorinda, porque a prima  lhe disse que nessa região  sonolência  tinha outro nome. Eles chamavam de murrinha de sono. 

-Bem, mundiá é quando a floresta engana a pessoa. -respondeu sua mãe finalmente. – Tipo, mostra uma coisa que não é real e em alguns casos faz a pessoa se perder. Quando eu era nova ouvia os mais velhos falarem que quando a pessoa faz coisas erradas a floresta apronta com a pessoa. Mas acho que eles falavam isso só pros jovens não aprontarem. – completou a mãe deixando escapar uma risada. 

Ainda conversou mais um pouco com a mãe sobre isso, mas parecia que o sono dela estava passando para a garota. Tentou se manter acordada, mas Lydia acabou sendo vencida pelo sono e dormiu. Estavam na metade da viagem. 

Acordou quando estavam saindo do rio grande e entrando no rio pequeno. O local  era mais calmo e o barco parecia se arrastar  como se ele quisesse permitir que toda a paisagem fosse apreciada com muita atenção. A menina logo tratou de despertar para prestar atenção ao quadro que se pintava ao redor do barco.

Naquele trecho havia mais casas na beira do rio e por causa disso era possível ver pessoas lavando roupa ou preparando peixes em uma parte mais baixa da ponte. O local recebia o nome de assoalho e também servia para embarcar nas canoas sem molhar o pé. 

Sorriu ao ver crianças pulando da ponte em direção ao rio. Lembrou de como tinha aprendido a nadar na última vez que esteve com os parentes. Foi tirada de seus pensamentos por um barulho que não ouvia há anos. Mesmo com o tempo ela sempre se lembraria do barulho do motor da rabeta. 

Ao olhar na direção do som viu um senhor na rabeta levando algumas rasas de açaí. Lembrou de uma piada que Lorinda contava. A prima dizia que se ela não aprendesse a remar pelo menos tinha a opção da rabeta que nada mais era que uma canoa com um motor.

Olhando na mesma direção notou que a ponte da casa dos tios aos poucos se tornava visível. Estavam quase chegando e sabia que os tios e Lorinda deviam está  a espera delas.

Eles realmente estavam, mas algo parecia errado. Lorinda estava quieta e indiferente enquanto os tios estavam entusiasmados e falantes. Lydia ficou sem saber o que dizer devido a reação fria da prima.  Ficou até com receio de a abraçar e optou por uma saudação padrão.  O reencontro delas estava bem diferente do idealizado. 

Pensou que talvez ela e a prima só precisassem de um tempo para resgatarem a amizade de antes.

Nos quatro dias seguintes notou que Lorinda continuava muito distante. O objetivo de brincarem juntas ficou só no plano das idéias. Lydia até tentou aproximações, mas a prima sempre a afastava, as vezes de forma não intencional .  Lorinda parecia está com os pensamentos muito longe. 

Talvez notando isso o tio de Lydia passou a lhe dá mais atenção. Ele se encarregou de lhe ensinar a remar e pescar. Ele lhe contou a relação dos cupins voadores e a pescaria.  Explicou que quando os insetos aparecem é  porque os peixes do rio grande estavam vindo para o Rio pequeno. Lydia estava se divertindo, mas o distanciamento da prima a incomodava. 

Mais tarde naquela noite viu a prima na ponte e lembrou das vezes em que elas iam até o local para ver as estrelas. Os astros celestes pareciam brilhar mais forte ali do que na cidade. 

A garota pensou em se aproximar novamente , mas lembrou do que tinha ocorrido nas outras vezes. Pensou em mudar de método e tentar parar de insistir por atenção. Entrou em casa depois de olhar mais uma vez para a prima. 

Uma vez dentro de casa começou a pensar se tinha feito o certo. Aquela situação estava incomodando muito Lydia. Queria esclarecer logo o que tinha de errado e por isso resolveu voltar e perguntar de uma vez por todas o porque daquele tratamento frio . Logo se assustou ao notar que a prima não estava mais na ponte. 

Se aproximou com cuidado e notou que a prima estava no assoalho se preparando para entrar em uma canoa. Aquilo realmente surpreendeu Lydia. Era muito perigoso andar de canoa durante a noite, por causa do escuro e da maresia.

Ninguém faz uma coisa dessas sem um motivo muito forte  . Tinha alguma coisa muito errada e Lydia ia descobrir.

Desceu as escadinhas de madeira para perto da prima e disse:

-Lorinda! O que tá fazendo? 

-Fugindo. 

Lydia ficou sem reação e foi pega de surpresa pelo abraço de Lorinda. O gesto não parecia apenas um simples carinho, mas um pedido de ajuda. Sem que perguntasse Lorinda começou a lhe contar de uma vez só. Em uma confusão de palavras que devido a estarem guardadas há um certo tempo saíram todas de uma vez. 

Ficou chocada ao saber que o pai de Lorinda a acariciava de maneira imprópria durante a noite. Essas coisas ocorriam nas noites em que ia caçar e ao voltar tarde entrava no quarto da filha. Naquele dia ele estava caçando na floresta e Lorinda pensou em fugir antes, pois não tinha coragem de contar para a mãe. 

Enquanto falavam o vento começou a ficar mais forte. Era como se estivesse levando as palavras delas para as árvores da outra margem do rio. Ficou uma sensação diferente no ar, como se a floresta estivesse acompanhando tudo. 

Convenceu Lorinda a entrar com ela. No dia seguinte contariam tudo para a mãe de Lydia e ela tomaria as providências. Fugir no meio da noite não ia resolver. 

No dia seguinte o tio não voltou da caçada e mesmo com conhecidos fazendo buscas não foi achado. Lydia somente lembrou do que a mãe tinha dito sobre a floresta aprontar com as pessoas que fazem coisas erradas. 

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14 comentários em “As lágrimas que o rio esconde (Ana Carolina Machado)

  1. marcoaureliothom
    27 de junho de 2020

    Olá autor(a)!

    Antes de expor minha opinião acerca da sua obra gostaria de esclarecer qual critério utilizo, que vale para todos.

    Os contos começam com 5 (nota máxima) e de acordo com os critérios abaixo vão perdendo 1 ponto:

    1) Implicarei com a gramática se houver erros gritantes, não vou implicar com vírgulas ou mínimos erros de digitação.

    2) Após uma primeira leitura procuro ver se o conto faz sentido. Se for exageradamente onírico ou surrealista, sem pé nem cabeça, lamento, mas este ponto você não vai levar.

    3) Em seguida me pergunto se o conto foi capaz de despertar alguma emoção, qualquer que seja ela. Mesmo os “reprovados” no critério anterior podem faturar 1 ponto aqui, por ter causado alguma emoção.

    4) Na sequência analisarei o conjunto da obra nos quesitos criatividade, fluidez narrativa, pontos positivos e negativos, etc.

    5) Finalmente o ponto da excepcionalidade, que só darei para aqueles que realmente me surpreenderem.

    Dito isso vamos ao comentário:

    RESUMO:
    O rio esconde as lágrimas de uma menina abusada pelo próprio tio. É mais um conto que mais parece um relato verídico, desta vez sobre abuso infanto-juvenil algo muito presente nas comunidades ribeirinhas e em outras regiões do Norte e Nordeste do Brasil.
    Não que nas outras regiões não ocorra, mas o senso comum nos faz crer que longe do Poder Público aliado a cultura da mulher procriadora e objeto sexual, a tendência ao abuso é maior.
    Quem levanta a questão do abuso é a personagem Lygia ao visitar sua prima, a abusada. O abusado, o próprio tio, desaparece após sair para caçar, o que fez a personagem crer que teria sido engolido pela floresta, como punição.

    CONSIDERAÇÕES:
    Apesar de bem construída, a narrativa não surpreende justamente por ser uma situação que eu considero comum, a do abuso infantil na Amazônia.
    Eu mesmo já estive em Manaus e em algumas cidades do interior, como militar, e presenciei um pai oferecendo a própria filha de uns 14 anos com cara de 10, para alguns soldados.
    Foi um episódio que me marcou e seu conto trouxe esta lembrança, tanto pelo que para mim era inconcebível em minha juventude, um pai oferecer a própria filha por dinheiro, quanto o de um homem ter interesse de mulher em uma menina aparentando uns 10 anos.
    Foi um dia em que perdia a inocência e seu conto me trouxe esta lembrança.
    A propósito, o tema é bem amazônico, mas achei a história pouco criativa ao limitar-se a descrever algo que ocorrer por lá. Nem o não retorno do tio salvou, porque considerei uma solução deslocada na história.
    Independentemente da avaliação, aproveito para parabenizar-lhe pela obra e desejo sucesso na classificação final.

    Boa Sorte!

  2. Daniel Reis
    27 de junho de 2020

    19. As lágrimas que o rio esconde (Menina)
    Resumo: no reencontro de duas primas, no interior do Amazonas, a visitante acredita que a visitada ainda é uma criança, mas ela enfrenta o abuso sexual do próprio pai e pensa em fugia. Impede-a de ir e contam à tia o que acontecia. O destino do abusador é selado quando ele sai para caçar e convenientemente não volta – ou “não é voltado”.
    Comentário: quanto à PREMISSA, o conto apresenta o tema do desafio claramente, a partir da alocação do cenário onde se desenrola o drama – que é um assunto grave e muito pertinente, o do abuso sexual, provavelmente ainda mais comum na região do que se possa imaginar. Na parte TÉCNICA, acredito que o autor(a) foi simples na narrativa e que poderia rever alguns aspectos, como gramática e revisão, construção frasal, além de pontos estruturais como “o que aconteceu de verdade com o pai abusador”. O EFEITO NO LEITOR pende para o positivo, ainda que a história mereça uma revisão em forma e conteúdo.

  3. Regina Ruth Rincon Caires
    26 de junho de 2020

    As lágrimas que o rio esconde (Menina)

    Resumo:

    A história de Lydia (menina de 12 anos), sua mãe, tios (pais de Lorinda) e Lorinda (prima de 12 anos). Lydia e a mãe visitam os parentes que vivem na Amazônia. A menina percebe que algo não está bem com a prima Lorinda, e, ao fim, descobre que o tio abusa da menina. O tio desaparece na caçada.

    Comentários:

    Outro texto que aborda o problema do abuso sexual de crianças. Triste. Sabemos que é deprimente qualquer leitura ou qualquer noticiário sobre este tema. Não traz prazer. Mas é real.

    O texto é um contar descompromissado, solto. A narrativa flui natural, sem preocupação com a estética, com acertos. Há vários deslizes de escrita, pontuação, cacofonia. O autor optou pela simplicidade e caprichou no emprego de termos regionalistas. O enredo tem estrutura. Acredito que, com uma leitura apurada, ajeitando aqui e acolá, o texto vai ficar ainda mais lindo.

    Agora, o título é um primor! É, sem sombra de dúvida, o mais bonito do desafio. Poesia pura. O pseudônimo também é poético, pureza.

    Parabéns, Menina!

    Boa sorte no desafio!

    Abraços…

  4. Tereza Cristina S. Santos
    25 de junho de 2020

    O conto trata de Lydia, uma garota de 12 anos que viaja com a mãe para o interior do Amazonas. Quando chega ao Amazonas e encontra sua prima Lorinda nota que a menina está com pensamentos distantes. Numa noite, Lydia vê Lorinda entrar em uma canoa, ela conta que era abusada pelo pai e planejava fugir de casa. Lydia convence a prima a permanecer no Amazonas e resolver a situação com a ajuda da sua mãe. O pai de Lorinda não voltou para casa depois de uma caçada, por que a floresta apronta com quem tem conduta errada.
    O texto é bem estruturado, possui início, meio e fim. O autor consegue desenvolver as idéias com coerência. O argumento do texto está dentro do tema proposto.

  5. Fabio D'Oliveira
    25 de junho de 2020

    Resumo: Lydia visita sua prima na Amazônia e descobre as aflições dela.

    Olá, Menina!

    Você sabe escrever, mas, espero não estar errado, sua narrativa aparenta ser de uma iniciante. Sua escrita ainda não é madura. Falta técnica, esmero, lapidação. O estilo não é definido, está em mutação, variando conforme o conto progride. Se este for o caso, pode contar comigo para ajudar na sua evolução como escritora.

    Você já mostra a história, não conta, o que é excelente e mostra sua naturalidade para escrever. Foque, agora, na lapidação dos textos. Depois de terminar um conto, por exemplo, deixe de molho por um ou dois dias. Depois, com mente calma e coração leve, releia o conto. A arte da escrita é um pouco parecida com a arte do bonsai. Você precisa observar o crescimento do texto, cortar os excessos, tudo isso com calma e ponderação. E, saindo um pouco dos cortes, você, com certeza, encontrará necessidade de adicionar novas coisas. Relendo, assim, você identifica pontas soltas na história.

    Sobre a técnica, você aprende mesmo praticando muito, ajustando seus erros e aprimorando seus acertos, e lendo bastante, também. Tudo o que você lê é absorvido pela mente e, na hora de escrever, essas técnicas, que você só leu, começam a surgir nas suas linhas, tomando sua própria forma. O mesmo acontece com o estilo. Você vai aprendendo um pouco mais sobre você como escritora conforme vai escrevendo e lendo. É algo mágico e só o tempo ajuda nisso, mesmo.

    O tema está intermediário, você dá um foco legal na floresta, mas mostra inexperiência para mantê-lo. O que merece detalhe mesmo é a história e o título, que é lindíssimo. Não há nada de original no enredo, claro, nem na forma como você abordou, mas a sensibilidade para expressar as intenções do tio da Lydia foi admirável. A forma como ele se aproximou dela, com a desculpa de passar tempo, esboça exatamente como o pedófilo faz para se aproximar da criança e ganhar sua confiança. O desenvolvimento está cru, mas o com o tempo vai pegar o jeito!

    Vou te mostrar, num exemplo, como pode deixar sua escrita melhor:

    “Nos quatro dias seguintes notou que Lorinda continuava muito distante. O objetivo de brincarem juntas ficou só no plano das idéias. Lydia até tentou aproximações, mas a prima sempre a afastava, as vezes de forma não intencional . Lorinda parecia está com os pensamentos muito longe.”

    Com uma técnica mais apurada, poderia ficar assim:

    “Observou a noite amazônica por quatro luas com aquela esperança inocente de que tudo retornaria ao normal. Mas não voltou. Lorinda continuava distante. Às vezes, quando chegava perto e deixava os olhos se encontrarem, via retração, reserva e até um pouco de vergonha, tanta que Lydia decidia se afastar. O que estava acontecendo? Queria brincar como antes. Por que Lorinda agia como uma adulta triste agora?”

    É algo bem simples, mas que muda toda a narrativa, né?

    Parabéns, tem alma de escritora, basta investir nisso! Muita felicidade para você!

  6. pedropaulosd
    24 de junho de 2020

    RESUMO: É o conto do macaco guariba sem o macaco guariba.

    Brincadeira.

    Lygia está ansiosa pelo reencontro com sua prima, que mora no interior do Amazonas. Ao encontra-la, estranha a distância entre elas e se surpreende ao vê-la saindo numa canoa à noite. É quando descobre do assédio que a prima vinha sofrendo. Convence que deveriam contar para sua mãe e na manhã seguinte descobrem que o tio não retornou da caça, especula Lygia que em função da justiça levada a cabo pela própria floresta.

    COMENTÁRIO: O conto tem um enredo bem consolidado, com início, meio e fim. A princípio se estabelece para onde a personagem vai indo e o que espera da viagem e, em seguida, o conflito: a prima está distante. Isso cria uma expectativa quanto ao que separa as duas amigas, intrigando o leitor a querer saber do que se trata. A revelação dá coerência ao comportamento da pobre garota e um certo impacto, ao mesmo tempo em que cria uma nova expectativa, esta quanto ao que virá da revelação à família.

    Então veja, a estória em si funciona, no entanto, o que faltou aqui foi um desenvolvimento mais impactante, o que, pelo tamanho do conto, arrisco-me a supor que poderia ter sido realizado. A própria Lygia, como uma pessoa, não é muito mais do que amiga de Lorinda e o que as constrói enquanto personagens é puramente a sua amizade. Por um lado, isso basta para instigar a leitura. Por outro, as personagens ficam vazias. Passando a outro elemento, achei a ambientação bem pouco desenvolvida. A Amazônia aparece como um ponto geográfico e com uma sugestão de um poder místico, embora as descrições também consolidem o cenário amazônico. Acho que este lado poderia ter o mesmo desenvolvimento. Pelo espaço que o conto deixou sobrar, seria interessante ver, por exemplo, que desfecho o tio tomou, ou um sinal mais claro da ação da floresta. Quanto à escrita, ela é muito direta e não contém elaborações textuais de muita complexidade – o que não é ruim. O problema é que a escrita aqui é mais explicativa do que exibidora. Com isso quero dizer que, por exemplo, nos é informado que Lorinda está distante, ao invés de mostrar um momento que Lygia tenta alcança-la e é afastada pela prima. Um desencontro omo esse daria oportunidade a mostrar como as duas procedem nesse momento e como Lygia (já que é a narração dela) se sente sobre isso, mais do que apenas nos contar que ela se sente mal. Por fim, aponto dois erros gramaticais, acho que no início tem um “deveriam dá” em que o certo é “deveriam dar” e existe mais um erro desse mesmo tipo.

    Em resumo, meu argumento é que aqui existe uma boa estória, mas carecendo de um desenvolvimento que dê mais profundidade e vida ao enredo.

  7. Gustavo Araujo
    23 de junho de 2020

    Resumo: Lydia vai com a mãe visitar a prima Lorinda e a família dela, na Amazônia, uma terra cheia de lendas. Ao contrário das expectativas, a prima a trata com frieza e quando Lydia exige dela uma explicação ela diz que tem sido abusada pelo pai. Quando todos estão prestes a contar a verdade à mãe de Lydia, a floresta age como juiz e se livra do abusador, que nunca mais deu notícias.
    Impressões: é um conto escrito com linguagem simples, mas com um contexto bastante profundo e, por que não dizer, complicado. Talvez por isso funcione bem o modo simples de narrar, que contrasta com a gravidade do assunto. Interessante é que não dá para saber ao certo se o que Lydia disse é verdade. Creio que a intenção da autora foi apontar que sim, que o pai de Lydia era de fato um abusador, mas a falta de elementos mais concretos deixa essa constatação a cargo do leitor. O final, contudo, não ficou à altura do desenvolvimento do texto. Em vez de seguir a linha de provocação até então dominante, instigando a leitura, funciona mais como uma tampa indesejada numa panela fervente. O fato de a floresta ter se vingado do homem ficou um tanto abrupto e ingênuo. De todo modo, a premissa é boa e creio que vale a pena investir nela, desdobrando os personagens e os acontecimentos. Parabéns à autora e boa sorte no desafio.

  8. Amanda Gomez
    23 de junho de 2020

    Resumo 📝 A história de Lydia que vai visitar com a família parentes que vivem no amazonas. Ele está feliz por rever a prima que tanto gosta. No caminho ouve histórias e se mostra ansiosa com o reencontro. A prima está diferente e no fim descobre o motivo chocante. Ela era abusada pelo próprio pai. Tomam a decisão de contar tudo para a família. Em conexão com uma lenda o tio desaparece.
    Gostei 😁👍 Gostei bastante do texto, a escrita é muito gostosa e a personagem me cativou de imediato. A simplicidade intercalada a uma escrita muito segura deixaram o texto agradável e instigante. Sem entraves. A história por trás de tudo isso também é muito interessante. Achei que seria algo mais místico, mas a conexão com a lenda recém explicada nos parágrafos anteriores deixou o texto redondinho.
    Não gostei🙄👎 De nada em específico.
    Destaque📌 “-Lorinda! O que tá fazendo?
    -Fugindo.
    Lydia ficou sem reação e foi pega de surpresa pelo abraço de Lorinda. O gesto não parecia apenas um simples carinho, mas um pedido de ajuda. Sem que perguntasse Lorinda começou a lhe contar de uma vez só. Em uma confusão de palavras que devido a estarem guardadas há um certo tempo saíram todas de uma vez. ”
    Conclusão = 😘 Texto muito bem escrito, com uma história envolvente que ao mesmo tempo que é simples contem um peso importante e que diz muito. Muito bem ambientado.

  9. antoniosbatista
    23 de junho de 2020

    Resumo= Lydia e sua família vai visitar parentes no Amazonas. Quando chegam, Lydia percebe que a prima está diferente, que se mantém calada e afastada. Certa noite vê Lorinda sair da casa e ir para o rio. Ela a segue e ao conversarem, descobre que a prima está sendo abusada pelo pai. O homem havia saído para caçar e não volta mais. Apesar de uma busca, ele não é encontrado. Lydia acha que foi a floresta que deu um sumiço nele, por ser um homem mau.

    Comentário= Gostei da história, da escrita, das descrições do cenário. Penso que a autora é jovem, não só pelo pseudônimo, mas também pela linguagem e construção de ideias. O conto tem alguns pontos frágeis (colegas já apontaram) e uma falha logo no início: “ A mãe da menina disse que precisava dá uma respirada…” O certo seria “dar uma respirada”. Todo texto literário, mesmo sendo ideias do autor, precisa de uma certa formalidade na narração, uma linguagem formal, cerimoniosa, com gramática correta, educada e rebuscada, sem gírias. Somente os diálogos podem ser informais, com linguagem simples do jeito que alguém fala sem cerimônia, inclusive com gírias, abusar das contrações, pode dizer dá em vez de dar- pra cima, em vez de, para cima- tô cansado em vez de, estou cansado, etc. Então; narração- linguagem formal. Diálogos- linguagem informal. Eu não sou muito bom em gramática, também erro bastante e estou aprendendo. Boa sorte Garota.

  10. Anderson Do Prado Silva
    22 de junho de 2020

    Resumo: Adolescente viaja para a Amazônia e, lá, descobre que a prima é vítima de pedofilia.

    Comentário: Conto despretensioso, com linguagem clara e objetiva. O grande luxo desse conto é o título, revelador de uma veia poética. A história, em si, está bem contada, mas o autor ganhará experiência na medida em que for lendo e escrevendo mais. O autor precisa melhorar seu domínio da língua, mas os erros já foram adequadamente apontados pelos demais comentaristas. O autor terá a oportunidade, ao avaliar os textos do grupo 2, de ler “Macaco Guariba”, que aborda a mesma temática, mas está sendo mais bem avaliado: será importante e instrutivo em sua formação literária. Parabéns pela participação e boa sorte!

  11. Emanuel Maurin
    13 de junho de 2020

    Olá menina, tudo de bom.
    Resumo:
    Uma menina viajou para o interior do Amazonas para passar uma temporada. Ela tinha uma prima de 12 anos que não via há algum tempo. E chegou na casa dos parentes navegando no rio. A menina que veio da cidade encontrou a prima e ficou surpresa pelo estado abalado da menina porque ela era abusada.
    Não sou de falar sobre o título, mas “As lágrimas que o rio esconde” é lindo e tem tudo a ver com a história. A narrativa flui bem e é gostoso de ler.
    Boa sorte.

  12. angst447
    9 de junho de 2020

    RESUMO:
    Lydia, menina de 12 anos, viaja com a mãe para o interior do Amazonas. Lá, ao encontrar sua prima Lorinda, percebe que a menina está diferente e distante. Lydia tenta se aproximar, mas em vão. Durante uma noite, Lydia flagra Lorinda se preparando para entrar em uma canoa. A menina conta que era molestada pelo pai e por isso queria fugir de casa. Lydia convence a prima a ficar e resolver a questão com a ajuda da sua mãe. O pai da menina não volta de uma caçada, talvez apanhado pelo “mundiá”, reação da floresta para com as pessoas que fazem coisas erradas.

    AVALIAÇÃO:

    * T – Título: Poético!
    * A – Adequação ao Tema: O conto abordou o tema proposto.

    * F – Falhas de revisão: algumas, mas isso é o menos importante para a minha avaliação. Só levanto essas falhas para tentar ajudar em uma segunda revisão. 🙂
    […] precisavam dá uma respirada > precisavam DAR uma respirada
    […] devido devido a floresta > devido à floresta
    […] tinha atado uma rede > atado onde? Poderia trocar por “tinha armado a
    rede”
    […] Tinham narrativas > tinha narrativas > O verbo “ter” quando no sentido de “existir” é impessoal e ficará na 3ª pessoa do singular. Eu trocaria por “havia narrativas” ou “existiam narrativas”.
    […] deviam está a espera delas. > deviam ESTAR À espera delas
    […] parecia está > parecia ESTAR
    […] devido a reação > devido à reação
    […] plano das idéias > plano das ideias
    […] as vezes de forma > ÀS (crase) vezes, de forma
    […] passou a lhe dá > passou a lhe DAR
    […] o porque > o porquÊ
    Estão faltando algumas vírgulas também.

    * O – Observações:
    O conto prende a atenção com facilidade. A linguagem simples e clara, o tom de
    conversa, e a história abordada trabalham em conjunto para tornar a leitura
    bastante fluída.
    Percebe-se que o autor tem conhecimento da região abordada, ou fez uma
    pesquisa e tanto para ambientar muito bem o seu conto.
    * G – Gerador (ou não) de impacto:
    A revelação do abuso por parte do pai de Lorinda me pegou de surpresa. Além do
    final com a conversa ouvida pela natureza ter ficado muito bom!
    * O – Outros Pontos a Considerar:
    ” mundiá” vem do verbo mundiar = abolir a vontade de (algo, alguém); causar
    entorpecimento; assombrar, magnetizar. Não conhecia, achei bem interessante.A
    questão do “assoalho” também foi novidade para mim.
    O conto precisa de uns ajustes, mas a ideia é boa. Com certeza, há muito
    potencial em sua escrita. Não desista!

    Parabéns pela sua participação!

  13. Gabriela
    9 de junho de 2020

    Lydia, uma garota de 12 anos, viaja com sua mãe para o Amazonas para visitar os parentes.
    Durante a visita ela descobre que sua prima da mesma idade estava sendo abusada pelo pai que desaparece misteriosamente na floresta.
    É uma história contada de forma simples, com alguns erros de gramática.
    Não sou tecnicamente capaz de fazer avaliações literárias ou gramaticais, portanto não vou me arrisca.
    Gostei dos elementos da história por terem mostrado vários aspectos da vida real do povo da Amazônia. O barco com as redes, a casa na beira do rio, as passarelas nos barrancos e principalmente por colocar, mesmo que de forma simples, o abuso infantil.
    A região Amazônica, por características diversas, é um dos locais onde essa tristeza é mais frequente.
    Parabéns pelo tema.

  14. Priscila Pereira
    9 de junho de 2020

    Resumo: Lydia foi visitar a família no Amazonas e nota que a prima está distante, estranha, no final descobre que ela estava sendo abusada pelo pai e a ajuda, o pai da prima desaparece, e ela acha que foi a floresta que se vingou.
    Olá, Menina!
    Me pareceu, lendo o seu conto, que você é iniciante, você teve uma boa ideia mas não conseguiu desenvolver de uma forma mais interessante literariamente falando. Fiquei imaginado outras formas de contar essa história e existem várias, se quiser treinar e desenvolver sua escrita, reescreva essa mesma ideia sob outro ângulo, com outro tipo de narrativa, mostre ao invés de contar. Eu sei que é bem difícil, você pode estar comentando algo parecido do meu conto agora mesmo…rsrsr
    O conto não está ruim, só poderia estar melhor desenvolvido. Você tem muito potencial, aposte em suas ideias e treine mais! Espero te ver nos próximos desafios!
    Parabéns e boa sorte!

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Publicado às 7 de junho de 2020 por em Amazônia, Amazônia - Grupo 1 e marcado .
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