EntreContos

Detox Literário.

Amanhã vou ao cinema (Paula Giannini)

Primeiro dia. 

É meu aniversário. Não ligo, nunca me importei. Amo a vida, mas sempre detestei essa coisa de autocelebração. Ainda assim, a Dirlene fez um bolinho de cenoura com a calda de chocolate à parte, a Pequenina tem intolerância à lactose. Não queremos causar incômodos à coitadinha. Não mesmo. 

Besteira, bem sei eu que eles não vêm. Nunca aparecem. Andam ocupados com suas vidas, e estão certos, eu assim os ensinei: lutem, corram atrás de seus sonhos, trabalhos, seus filhos. Agarrem suas vidas com as duas mãos. A Dirlene, no entanto, é persistente. Ligou para todos, convidou-os para o café, fez pão de queijo, colocou refrigerante na geladeira. 

Insisti que desistisse das velinhas, que parasse com essa bobagem, mas não, ela é teimosa, signo de touro. Na falta de números, voltou da rua com caixinhas de velas finas, dessas que se veem em filmes. A pequena gosta de apagar as chamas, foi o que disse em sua defesa. Não importa. Já passou do tempo em que eu perdia o meu, tentando colocar tudo ao meu gosto. Noventa e quatro anos. Se as crianças aparecerem, teremos um incêndio em casa só para agradar à minha bisneta e à Dirlene, claro. 

 

Segundo dia. 

Amanhã vou ao cinema. Foi sempre o meu programa preferido. Um drama leve, pipocas, alguns doces e você como companhia. Naquela época, os doces eram outros, lembra-se? Uns homenzinhos coloridos imitando a estatueta do Oscar. Acho que era isso, o Oscar. Na época eu nem pensava na questão, no que eram aquelas figuras, apenas devorava aqueles homenzinhos nus. Hoje, certamente seriam considerados imorais e ganhariam roupas. Os tempos mudaram. Sei lá. Esse aperto no peito deve ser nostalgia, ou, quem sabe, algo da idade. Quando for ao médico, verificarei. Noventa e quatro não é para qualquer uma, mas não mesmo.  

Amanhã vou ao cinema. Hoje não. Ficarei por aqui, comendo o bolo de cenoura empapado com a calda de chocolate. Eles não vieram. Telefonaram pela câmera do celular. Vídeo-chamada. Adivinhei a finalidade do aparelho quando nossa neta me veio com a novidade. Pior para eles. O bolo está uma delícia e, não fosse a Dirlene dando uma de fiscal, eu colocaria ainda mais calda.  

 

Terceiro dia.

A Dirlene voltou da rua com notícias estranhas. Disse que temos que nos manter em casa. Que não é para velho sair às ruas. É o que somos, duas velhas. Disse que há um surto de gripe. Que é mortal. Assustador. Não para os jovens, mas, aos velhos. Mal sabe ela que já não me assusto com nada. Jamais fui assim. Imagine a essa altura. 

Infelizmente terei que ligar o som da TV na hora do jornal, coisa chata, há mais de ano tomei essa decisão de não acompanhar o noticiário. Só há tragédia. Só falam de desgraças, você sabe.  O pior é que sabe mesmo. Sempre me falou da tal gripe que viria a galope ceifando o mundo. Como a Espanhola, você dizia. Ou será que foi o meu avô? Já não sei. Coisa chata. O cinema vai ter que ficar para amanhã. 

 

Quarto dia.

Fui ao cinema. Sozinha. A Dirlene ficou da janela gritando que eu voltasse. Chamou-me de louca, perdeu até a voz, acredita? Não importa. A rua estava tranquila, o dia ameno. No caminho, fui entrevistada por uma repórter da televisão, você acredita? Perguntou se eu não tinha medo. Medo de morrer. Eu? De morrer? Medo? Repeti tudo que ela disse. Lá sou mulher para temer? Aos noventa e quatro? Será que essa gente não vê que, para mim, cada dia é como um novo e lindo ano? De mais a mais, se houvesse a certeza de lhe encontrar ali, parado do outro lado, com aquele seu cheiro de lavanda, mergulharia agora mesmo em uma banheira com o tal vírus. Isso não seria suicídio. Seria? Que bobagens estou a dizer. Não importa. Deve ser o cansaço. 

 

Sétimo dia. 

Estou famosa! Apareci no Jornal e até nossos filhos vieram me ver. Todos. Filhos, netos, a Pequenina e a Luana, grávida, um barrigão. Apareceu usando máscara. Um susto. Gravidez não é doença, falei me aproximando. Não deixou que a beijasse. Que segurasse a Pequenina nos braços. Estão todos loucos. Nunca aparecem, e, quando o fazem, é em comitiva me dando ordens de confinamento. Não sou criança, argumentei. Por isso mesmo, disseram aos gritos.  

Quarentena é o que disseram. Imagine o que são, para mim, quarenta dias… Quantas vezes terei de repetir a eles que já estou morta e que não há nada de mórbido nisso? Cumpro minhas horas-extras com alegria e é só. Mas, não aceitaram meus argumentos. Trouxeram compras, álcool em gel e papel higiênico como se fossem preciosos presentes. Aceitei. Não sei o que farei com tanto papel higiênico. Deixarei de herança para eles mesmos, é o que acho. 

 

Décimo dia.

Dispensaram a Dirlene, imagine. O que uma velha de sessenta anos vai fazer da vida agora? Não sei. Sorte a dela que os fiz assinar a carteira e terão de pagar tudo direitinho. Perdi minha companheira de novela. E o que é que eu farei agora? Não sei. Eu só quero ver é alguém aparecer aqui para me ver. Fizeram escala, vão se revezar em turnos, foi o que disseram me entupindo, mais uma vez, de papel higiênico e sabonetes. Acho que pensam que a idade causa diarreia, porque a gripe não causa. De mais a mais, estou saudável, como sempre.  

Não sei como darei conta desse apartamento sozinha. Ser velha é mais difícil do que você possa imaginar. Sorte a sua, ter partido tão cedo. Azar o meu, ter ficado aqui. Velho não manda mais em si, sabia? Pensam que sou surda, falam aos berros; me arranjam uma cuidadora e, depois, dispensam a coitada assim, histéricos com a tal gripe. Era uma boa amiga. Disseram que vai voltar, tomara que sim, foi o que respondi com lágrimas nos olhos. Não sei o que farei. Fosse antigamente, vá lá, eu limpava tudo com as mãos nas costas e ainda cantando, você se lembra? 

 

Décimo quinto dia. 

Não vieram. Eu não falei? Virei vidente há anos. Aliás, adquiri o dom desde que me vi com nosso primeiro filho nos braços. Sei de tudo. Cada lágrima, suspiro, cada pequeno olhar, até sem os ver, meu peito aperta, sinto tudo. 

A Luana teve o bebê. Você é bisavô mais uma vez, parabéns. Não poderei ir vê-la, só sei que é menina. Fui proibida. Dizem que ela pode me contaminar, que mandarão fotos, farão chamadas por vídeo. Imagine… 

Pelo jeito desistiram do revezamento que, verdade seja dita, jamais foi cumprido. 

 

Trigésimo dia. 

A rua está deserta, vejo tudo da janela. Vez em quando, passa um com seu cachorro, outro com sacolas. Todos de máscaras. Luvas. O mundo enlouqueceu e começo a me cansar da voz do repórter, e da minha própria. 

O porteiro se ofereceu para fazer minhas compras. Um amor. Pediu-me desculpas e disse que deixaria as coisas a dois metros de mim, do lado de fora. Precisei fazer várias viagens para levar tudo da porta à cozinha. Trinta dias sem caminhar já surtiram seu efeito em meus músculos, se é que ainda posso dizer que os tenho.     

 

Quadragésimo dia. 

Agora é todo dia. Oito em ponto, todos vão à janela. Batem panelas, gritam foras ao Presidente. Não pensei que viveria para ver isso. Olha que fala de velha… Dei para isso agora. O fato é que a primeira batida soa e meu coração acelera. Confesso até que aguardo ansiosamente pelo momento. Deixo minha cadeira na varanda, preparada com um cobertor, é minha diversão de cada dia. Vejo o pôr do sol, em seguida as panelas que ecoam, fazendo voar os pássaros que, outra diversão, deram agora para voltar e cantar. Quando tudo é silêncio, ouvir cada som transforma-se em algo mais que dádiva. A natureza está retomando a posse do que sempre foi seu. Quem sabe, o maior dos vírus sejamos nós, os humanos. 

 

Septuagésimo dia.

Estou considerando a possibilidade de não assistir mais ao Jornal, a cada notícia a dor aumenta. Ando sentindo esse desconforto no peito, no externo, deve ser tensão, você não acha? Solidão. Não temo por mim, sigo na alegria de minhas horas-extras. Temo, entretanto, pelos nossos, por seu futuro, pela falta de trabalho, de comida, de leitos nos hospitais. Quando tudo terminar o mundo haverá de ser outro, diverso daquele que hoje conhecemos. Eu, felizmente, pouco saberei dele…  

Chega de drama. Não posso reclamar, tenho minha aposentadoria, e agora, os nossos deram para fazer as tais vídeo-chamadas diariamente, até mais de uma vez por dia. Acostumei-me à tecnologia e até gosto. A nova Pequenina é uma graça. Hoje, já se nasce de olhos abertos e até interagindo com a câmera, acredita? É o milagre da vida.  

 

Centésimo dia. 

Hoje, acordei como que para um sonho. A música invadiu o apartamento e corri para a janela a fim de espiar. Cantavam. Não os pássaros que já em profusão têm me consolado, mas os humanos, artistas, anjos sem asas que, cada qual de sua janela, davam sua contribuição para criar beleza em meio ao caos. É incrível como se pode encontrar beleza mesmo nas situações mais desesperadoras.

 

Ducentésimo dia. 

Enlouqueci. Fui à janela e gritei com o resto de ar que ainda tenho. Todos sumiram. Filhos, netos, bisnetos e até o porteiro. Só os vizinhos permanecem lá. Cada um em sua toca. Cantam, gritam como eu, brigam, choram, rezam, silenciam.

A internet também se calou, está sem sinal. Sorte a minha ainda possuir aquelas antigas antenas, lembra-se? Quem guarda tem e, vez por outra, capto um canal entre chuviscos que chegam a dar nostalgia dos bons tempos de macarronadas aos domingos. 

Não importa. Meus companheiros têm sido os cachorros. Eles uivam todos os dias em uníssono, parecendo cantar ou chorar. Talvez orem por nós. Dizem que são anjos, não é? Quando tudo isso terminar, vou adotar um. Um velhinho, como eu. 

 

Trecentésimo dia. 

Sinto-me culpada. Fico aqui reclamando, olhando para o nada, e esqueço-me que, lá fora, há quem não tenha comida, sabonete, água, nada. Há quem não tenha nada. Por que fui escolhida para ter de tudo? No fim das contas, as tais compras exageradas serviram para suprir todas as minhas necessidades. 

Dia desses, vi uma mãe e dois filhos na rua, tinham um pedaço de pau e colheram abacates da árvore da praça. Tive a impressão de os ver caçando duas pombas. Certamente já não têm comida em casa. Não é certo. Penso em abrir o apartamento para essas pessoas. O que você acha? Não acha nada. Você é apenas um pedaço de papel em um porta-retrato. O você de verdade, há muito deixou de me responder. Não importa, quem manda em mim, é meu coração. 

 

Trecentésimo primeiro dia. 

Eu saí! Sou uma aventureira, sempre fui. Estou viva, realizada, fiz a minha parte. Deixei um bilhete grudado ao abacateiro, na praça. Destranquei a porta da frente. Quem o ler, que venha, será recebido com banho, comida, boa companhia e um pouco de álcool em gel. O que você acha? Não importa, quem cala, consente.   

 

Trecentésimo segundo dia.

Eles vieram! Muitos. Somos uma família e aos poucos estão chegando outros, mais e mais. 

 

Trecentésimo sexagésimo quinto dia.

A rua está em festa, dividindo o pouco que têm, muitos, ainda com medo, começam a deixar doações na praça, para a imensa família que formei.  Talvez agora o vírus se vá. Creio até que já se foi. Percebeu que somos infinitamente mais fortes quando unidos, quando estendemos as mãos aos que, até então, viviam invisíveis à nossa volta. Talvez tenha cumprido seu papel de vírus, ensinando-nos a voltar a ser humanos.   

Se fiz o certo? Não importa. Estou feliz.  Hoje é meu aniversário e, pela primeira vez, fico feliz em comemorar. Tenho noventa e cinco anos, e planto aqui minha semente para um futuro no qual dificilmente estarei presente.  

Amanhã sim, estarei. 

E quando tudo isso acabar, irei ao cinema.  

………………………….

Post atualizado em 14/04/2020, às 17h50

72 comentários em “Amanhã vou ao cinema (Paula Giannini)

  1. Fil Felix
    18 de maio de 2020

    Boa tarde, Paula!! Um conto bastante encantador. Através de cartas (ou talvez pensamentos, memorandos internos), uma idosa vai comentando como está passando pela situação da epidemia. As ações são realistas e vamos cada vez mais adentrando na casa da protagonista, vamos sentindo sua solidão, abandono, medo, coragem, esperança. Muito boa a passagem em que ela diz que cada dia é um ano para ela. Cada dia é um mar de possibilidades que não pode ser deixado para depois. Apesar de não citar o vírus explicitamente, temos vários pontos que vão nos dando o contexto (como as paneladas) e mesmo sem entrar em méritos políticos, escancara a desigualdade social. Daqueles contos que vão representar essa época que estamos passando, no futuro.

  2. Rita Vasconcellos de Mattos
    18 de abril de 2020

    Emocionante! 😍Parabéns 👏👏👏💚

  3. Sabrina Dalbelo
    17 de abril de 2020

    Ohhhh Paulinha!
    Essa forma fluida de escrever, essa clareza, é como uma conversa.
    Teu texto é lindo. É triste, porque comovente, mas cheio de esperança e amor.
    A protagonista é puro amor. A coragem e generosidade dela – de cada um de nós – é o que pode salvar o mundo.
    Não me canso de te ler!
    Aprendo muito contigo, na forma, na estrutura, no conteúdo… obrigada!

    Beijos e parabéns!

  4. iolandinhapinheiro
    14 de abril de 2020

    Oi, Dona Paula. E mais uma vez estamos nós aqui. Vc no topo da pirâmide e eu totalmente fora dela, no papel de espectadora de mais uma vitória sua.

    Já participei vezes seguidas deste belo concurso. A despeito de muito observar eu nunca consegui decifrar a fórmula de vence-lo. Talvez realmente nem exista, ou que escrever bem (melhor do que eu consiga) seja esta fórmula. A verdade é que escrevendo do jeito que quiser vc será sempre um sucesso.

    Vc nos entregou um conto muito corajoso. Um conto sobre um assunto para lá de batido nas mídias sociais, usou uma linguagem corriqueira, não investiu em revelações ou plot twists. O seu texto era tão magnificamente simples que acho que foi por isso mesmo que nos conquistou. Ele é de uma naturalidade absurda. Vemos seus personagens com sentimentos verdadeiros, ações verossímeis, reações que muitas vezes nós mesmos temos. A sua velhinha é absolutamente sensata, carismática, deliciosamente impaciente. Ah, como me identifiquei e como identifiquei outras pessoas como ela. A sua história nos arrasta, nos emociona, nos faz sorrir. Eu me peguei torcendo por um final feliz.

    Parabéns, querida amiga. Ainda não li os outros contos mas este já é o meu favorito. Feliz por vc ter ganhado, e mais feliz ainda por existir e nos fazer ganhadores a cada vez que recebemos um conto seu como presente de leitura.

    Seja muito feliz.

    • Paula Giannini
      14 de abril de 2020

      Querida amiga,

      Obrigada por seu carinho imenso. Sempre imenso. Voltei ao Desafio e digo: ele não é o mesmo sem você.

      Você acertou em cheio no meu experimento para este conto. Escolhi a simplicidade para falar do cotidiano. Se deu certo? Parece que sim e isso até me assustou. Lembra-se que lhe disse? Estou participando com um conto simples? Era mesmo, não é?

      Obrigada pela leitura, e, sobretudo, pelo amor.

      Beijos
      Paula Giannini

  5. Ana Carolina Machado
    13 de abril de 2020

    Oiiiii. Um conto sobre o cenário atual de pandemia e quarentena contado do ponto de vista de uma idosa. No começo do conto ela está fazendo aniversário e os parentes não vem no segundo dia ela já fala do desejo de ir ao cinema . Ela vai no cinema um pouco depois sem perceber que todo o cenário mudou devido a pandemia , tanto que ela é parada por uma repórter e seus parentes aparecem logo que a vem na TV . Eles a pressionam a fazer a quarentena pela segurança dela. Após isso vemos a rotina dela durante o isolamento. O conto termina com um novo aniversário e uma reflexão sobre uma semente de solidariedade que ela plantou. Foi interessante como o texto trabalhou a questão da quarentena do ponto de vista da idosa, pois toda essa situação foi um choque muito grande para eles, principalmente os que estavam acostumados a sempre sair. É interessante também como o conto reflete sobre a questão da diferença de realidades e sobre como enquanto alguns fazem compras para estocar alguns não tem essa chance . Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio.

    • Paula Giannini
      14 de abril de 2020

      Querida Ana Carolina,

      Boa noite.

      Obrigada por sua leitura generosa. Escrevi este conto no início da quarentena aqui em São Paulo, porém, refletindo um pouco do que acompanhávamos pela TV nos outros países. Quase uma crônica, escrevi-o, naquele momento, imaginando que, se por um lado os leitores (no caso aqui também escritores) estariam já exauridos do tema explorado na mídia até a última gota, por outro, haveria distopia maior para os idosos que esta em que agora vivemos?

      Mais uma vez agradeço e desejo que por aí tudo esteja bem.

      Beijos
      Paula Giannini

  6. Sérgio António Mendes Paixão Sola
    13 de abril de 2020

    A vida de uma pandemia contada pelos olhos de uma velha, como se fora um diário. Diário de uma pandemia anunciada? Pandemia ou velhice? Anunciada ou protagonizada?

    Muito, muito bom. Escrita dura, mas de tão dura, comovente… escrita fluída, apetece que o conto não acabe. Ao melhor nível, ao nível de um escritor.

    Pontuação: 5

    • Paula Giannini
      14 de abril de 2020

      Querido Sérgio Antônio,

      Boa noite.

      Obrigada por sua leitura tão generosa.

      Sabe, é a primeira vez que classificam um texto meu como duro. Normalmente, minha escrita é adjetivada como doce, meiga e até infantil. Não que estas sejam características ruins, mas, o duro me pegou de surpresa com imensa alegria.

      Mais uma vez agradeço e desejo que, por ai, tudo esteja bem.

      Beijos
      Paula Giannini

  7. Ines Montenegro
    13 de abril de 2020

    O uso de um tema já conhecido e tantas vezes debatido/discutido/comentado (não apenas na literatura e na arte em geral, mas também em reportagens, em conversas de café, entre família, enfim, no dia-a-dia) foi bem aplicado e desenvolvido ao contexto de quarentena e vírus em que estamos. Ou seja, o inusual do momento serviu o comum da temática, conseguindo uma boa mescla.
    O pacing, o modo como a história avança, também se encontra bem conduzido; o leitor tem uma boa noção do avançar do tempo, sem que este pareça apressado ou atrofiado. Os pensamentos da narradora desenvolvem-se com detalhe suficiente para dar corpo à personagem e a tornar empática ao leitor, mas não se arrasta ao ponto de se tornar morosa.
    Notei apenas algumas gralhas e uma ou outra falha na pontuação.

    • Paula Giannini
      14 de abril de 2020

      Querida Inês,

      Boa noite.

      Obrigada pela leitura tão gentil.

      De fato, foi no cotidiano que encontrei a inspiração para este trabalho (não fosse a contemporaneidade do momento, seria quase – já – um clichê). Escrevi este conto no início da quarentena aqui em São Paulo, porém, refletindo um pouco do que acompanhávamos pela TV nos outros Países e Estados. Quase uma crônica, escrevi-o, naquele momento, imaginando que, se por um lado os leitores (no caso aqui também escritores) estariam já exauridos do tema, explorado na mídia até a última gota, por outro, haveria distopia maior para os idosos que esta em que agora vivemos?

      Agradecerei imensamente que, na próxima vez, você possa me indicar os eventuais erros. Aqui estou para aprender um pouco mais a cada dia.

      Mais uma vez agradeço e desejo que por aí tudo esteja bem.

      Beijos
      Paula Giannini

  8. Fabio D'Oliveira
    13 de abril de 2020

    Resumo: Uma senhora relata, através de cartas para seu falecido marido, a situação que viveu numa pandemia.

    Olá, Velhinha!

    Seu conto é muito bonito, sabia? Não apenas na mensagem, mas na forma também. A narrativa é tão íntima, tão própria da personagem, que é muito difícil não gostar dela. É uma senhorinha típica do meio urbano: levemente agoniada pela tecnologia e ferocidade da juventude, mas forte o suficiente para não esquecer de viver.

    O tema está meio nublado para mim, pois, apesar das muitas reminiscências ligadas ao envelhecimento, o foco da trama é outro: a situação de uma pandemia e nosso afastamento social. Fala muito sobre a solidão, sobre a empatia, sobre a partilha, sobre como lidamos com as tragédias, etc. Mas não se fala muito, infelizmente, sobre o tema. Veja, tiveram ótimas oportunidades para abordá-lo. Por exemplo, poderia falar sobre a fragilidade do capitalismo, como se a crise mostrasse que o sistema estava ruindo, ou seja, envelhecendo. Outro assunto que poderia abordar com mais profundidade: a relação “juventude X velhice”. Fica claro, em alguns momentos, como você expõe esse contraste, mas não existe uma aprofundamento, que poderia reforçar o tema da história. Você sempre prefere focar nas condições e consequências da quarentena.

    Sua técnica é excelente! Gostei muito da leitura. Achei sensível e realista, próximo da condição humana. No final, admito, esperava algo próximo de um realismo mágico, pois o tom mudou, mas ficou apenas no ato bondoso. E devo admitir, também, que torci o nariz para esse final, meio romantizado demais, mas a mensagem é bonita!

    Enfim, parabéns pelo belo conto!

    • Paula Giannini
      14 de abril de 2020

      Querido Fábio,

      Boa noite.

      Obrigada pela leitura tão gentil.

      Concordo plenamente com você no que toca o final, também lutei com ele, mas, julguei-o adequado, em tempo nos quais a realidade nos parece mais distópica que a ficção. Vale sempre lembrar, quando lemos aqui as opiniões, aquilo que pensamos em algum lugar do desenvolvimento do trabalho que, no fundo, já sabemos de tudo. Só precisamos aprender a ouvir nosso próprio e sábio “conselho”.

      Mais uma vez agradeço e desejo que por aí, tudo esteja bem.

      Beijos
      Paula Giannini

  9. Rubem Cabral
    13 de abril de 2020

    Olá, Velhinha.

    Resumo da história: senhora que vive junto com uma cuidadora vê seu mundo ficar de pernas pro ar devido à pandemia do coronavírus. Os dias vão passando e os planos da senhora são mudados: nada de cinema, a cuidadora tem que ir embora, os parentes antes meio ausentes têm medo que ela se contamine e enchem sua casa de “provisões”. O conto desenvolve-se então como espécie de diário da quarentena. Até o fim da epidemia, quando a senhora já pode planejar outra vez sua sessão de cinema.

    É um conto muito bom, com boa sacada quanto ao tema muito oportuno. A escrita é muito segura e só vi um “há” onde deveria ter um “a”.

    Boa sorte no desafio!

    • Paula Giannini
      14 de abril de 2020

      Querido Rubem,

      Obrigada pela leitura, sempre amiga e oportuna.

      Desejo que por aí, tudo esteja bem.

      Obrigada pelo toque o há, de fato, escapou, mas, já corrigi.

      Beijos
      Paula Giannini

  10. Bia Machado
    12 de abril de 2020

    Resumo: Uma velhinha quase centenária em meio à quarentena, que quer só uma coisa da sua vida: poder ir ao cinema mais uma vez.

    Desenvolvimento do Enredo: Terminei o conto chorando igual a uma doida. Só Khaled Rosseini com aqueles dois livros dele (A Cidade do Sol e O Caçador de Pipas) me fez chorar assim ao chegar ao final de um texto, eu acho. Pode ser o efeito do tema do texto, que é o envelhecer, mas em meio a “tudo isso que está aí”. O conto só ganhou com isso. E acho que outras coisas que funcionaram foi brincar com o que está por vir. Me assustei ao ler “ducentésimo dia”, “Trecentésimo dia”, de repente caiu em mim a possibilidade disso que estamos vivendo se prorrogar por muito mais tempo que isso. E eu também estou sem ir ao cinema com as filhas e lembrei que até brinquei com a filha mais velha, antes de iniciar a quarentena, no dia 18 de março no nosso caso, ela foi ao cinema com o namorado e eu falei pra eles já assistirem a dois filmes naquela tarde de segunda, porque “sabe-se lá quando vocês vão poder ir de novo”… Mas eu também quero ir. E eu espero que, caso a gente chegue a esse tanto de tempo, nessa situação que você descreveu, que seja assim como você colocou, para o nosso bem. Por isso o autor/a autora acertou totalmente em trazer a realidade atual para o conto, mas sem deixar o imaginar de lado, esse futuro que queremos crer que, apesar de tudo, fará as pessoas melhores.

    Composição das personagens: Força total na verossimilhança. Personagens bem reais, como o texto pede.

    Parágrafo inicial: Funciona, marca o texto como um início mesmo, talvez por conta de ser justo o aniversário da narradora e isso “não deve ser à toa”, rs. Além disso, a marcação “Primeiro dia” cria curiosidade: primeiro dia do quê?

    Finalização: Perfeito, lindo, melancólico e que deixa a gente com a esperança, me vi pedindo “Por favor, que seja mesmo assim, se tivermos que chegar ao 365° dia…” .

    • Paula Giannini
      14 de abril de 2020

      Bianca,

      Você é maravilhosa.

      Nem sei o que dizer…

      É sempre bom lembrar, ou observar, o quanto a vida imita a arte e vice-versa. Talvez por isso a literatura nos toque tanto. Na véspera do início da quarentena, vários teatros já fechando, eu e o Amauri fomos assistir a um espetáculo, pensando o mesmo. “Vai-se saber quando poderemos voltar a ver uma peça”…

      Espero, sinceramente, que tudo termine ante desse prazo que dei aí no texto, caso contrário, não terei como sobreviver… rsrrss

      Beijos
      Paula Giannini

      • Bia Machado
        15 de abril de 2020

        Sobreviverá, sim. Sobreviveremos. Você tem muito, muito a fazer e as coisas que pode fazer são incríveis. E não vai deixar de fazer arte. Se assim for, você vai ver. Só pra constar, hoje é o meu 29° dia.

      • Paula Giannini
        15 de abril de 2020

        Meu Deus, nem estou contando. Vou fazer a contagem regressiva, é só achar aqui o ingresso daquela peça na qual fui. rsrsrs Se cuida, amiga.

      • Bia Machado
        17 de abril de 2020

        Ah, eu só contei esses dias, quando tive que ver quantos dias de aula preciso repor e quantos estou atendendo aos alunos online… No nosso caso, ficou muito marcante porque até planejamento para a semana em que começamos o distanciamento já estava feito… E como eu dou aula até quinta e na segunda e terça já estava marcado apenas formação, sem aulas (aqui começou numa quarta), não deu tempo de me despedir “direito” dos alunos na semana anterior, se soubesse que ia ficar esse tempão todo longe, teria ficado ao menos dois minutos a mais em sala, só abraçando aquelas criaturinhas, rs. E pela primeira vez na Páscoa não pude entregar um chocolatezinho de lembrança pra eles, com a mensagem “Páscoa não é só chocolate!” hehe… O jeito vai ser incrementar a lembrancinha do Dia das Crianças… Pelo menos espero poder voltar até lá… =\

  11. Rafael Carvalho
    12 de abril de 2020

    Não tinha lido seu conto, sou do outro grupo, mas entendo porque ele se classificou. Não sei se dou os parabéns para você que escreveu, ou para a personagem, sua “velhinha” é incrível, sou fã dela, se pudesse deixaria doações em sua porta para ajudar.

    Adorei a estrutura do conto e como devido ao cenário atual ele nos representa, idosos ou não, diz muito de cada um de nós em sua linhas e entrelinhas.

    Não vi erros visíveis de gramática ou pontuação, além disso é bem fluído e de fácil leitura.

    Não possuo capacidade para contribuir com algo, sinto muito, mas termino aqui o comentário agradecido por ter lido seu texto.
    Parabéns e boa sorte!

    • Paula Giannini
      14 de abril de 2020

      Querido Rafael,

      Obrigada pela leitura tão gentil e generosa.

      Que bom que deixaria doações na porta da Velhinha. 😉 O mundo precisa de solidariedade.

      Beijos e espero que por aí, tudo esteja bem.

      Paula Giannini

  12. Eneida Ferrari
    12 de abril de 2020

    Grupo 1 – Etapa Finalistas – Amanhã vou ao Cinema (Velhinha);
    Nota 4,5
    Análise:
     Gramática – muito bem escrita, clareza nas ideias, ótima fluidez na narrativa
     Criatividade – muito boa, gostei do leve tom irônico
     pontos positivos – uma história quase real de muito conteúdo e de muita profundidade espiritual e, no final, há um desfecho maravilhoso e possível.
     pontos negativos – a história ficou um pouco longa para meu gosto

    • Paula Giannini
      14 de abril de 2020

      Querida Eneida,

      Boa noite.

      Obrigada por sua leitura atenta e gentil.

      Interessante você achar o conto longo, é algo a se pensar. Veja bem, o limite de 2000 palavras é relativamente baixo, porém, talvez o efeito da passagem dos dias em confinamento, cause essa sensação de que o tempo custa a passar… Obrigada pela clareza em suas impressões.

      Desejo que por aí, tudo esteja bem.

      Beijos
      Paula Giannini

  13. Paulo Luís
    12 de abril de 2020

    Resumo:
    Idosa, faz comentários a respeito de si própria, enquanto cronologicamente, vive dos 94º aos 95º aniversários. Sua cuidadora prepara-lhe um bolo para comemorar seu 94º aniversário. Mas ela nem se preocupa com isso, porque o que ela quer mesmo é assistir a um filme, sossegada. Empregada diz que vai convidar filhos e netos. Mas ela sabe que será inútil, eles não virão, estão ocupados com suas vidas. A empregada é despedida, em virtude da epidemia vigente. Por fim, aos 95º comemora com alegria seu aniversário, pois culmina com o fim da pandemia. E enfim vai ao cinema, que tantas vezes tentou ir durante o ano que se passou.

    Gramática:
    Apesar de a narrativa fluir sem problemas gramaticais aparente, estas duas frases a seguir complica um pouco o texto, inclusive sua compreensão: 1) A Luana teve o bebê. Você é bisavô mais uma vez, parabéns. (É um erro de digitação, ou um lapso, pois não seria bisavó?) 2) Quando tudo isso terminar, vou adotar um. Um velhinho, como eu. (Quem é o velhinho aqui? O personagem ou o cachorro?)

    Avaliação:
    Um conto mais ao modo de uma crônica, pois retrata as circunstâncias pela pandemia vivida atualmente. Culminando ao fim dos tempos. Numa superestimação de um fim escatológico, catastrófico. Como retrato de uma época e a forma posta é um bom trabalho, entretanto achei alguns termos, ora piegas, vista as atitudes samaritanas da protagonista, ora o pieguismo de engajamento político. Diante estas frases que colhi do texto: A Boa samaritana ou moralismo? 1) Penso em abrir o apartamento para essas pessoas. O que você acha? 2) Começam a deixar doações na praça, para a imensa família que formei. Pieguismo engajado: Percebeu que somos infinitamente mais fortes quando unidos, quando estendemos as mãos aos que, até então, viviam invisíveis à nossa volta. Talvez tenha cumprido seu papel de vírus, ensinando-nos a voltar a ser humanos. No mais uma narrativa bem desenvolvida e uma abordagem ao tema, original. Nota: 3

    • Paula Giannini
      14 de abril de 2020

      Querido Paulo,

      Boa noite,

      Tudo bem?

      Obrigada por seus comentários atentos. Respondendo aos seus questionamentos, lá vai:

      1) “A Luana teve o bebê. Você é bisavô mais uma vez, parabéns. (É um erro de digitação, ou um lapso, pois não seria bisavó)?”
      A personagem está falando com o retrato do marido. O texto é um solilóquio, ela fala só, sim, mas, na verdade, dialoga com o marido imaginário, portanto, Bisavô. 😉 No entanto, entendo que, se o leitor não compreendeu, a falha é minha. Preciso refletir sobre o modo de colocar algumas coisas no papel.

      2) “Quando tudo isso terminar, vou adotar um. Um velhinho, como eu. (Quem é o velhinho aqui? O personagem ou o cachorro?”
      Ambos. Ela e o cão. Você achou que aqui o texto fica dúbio? Julguei que estava claro. Vou adotar um cão, um velhinho, como eu. Até porque, ela é uma velhinha e não um velhinho. Porém, se causou dúvida, certamente há algo que leva à ambiguidade.

      Espero que por aí, tudo esteja bem.

      Beijos
      Paula Giannini

      • Vani Pampolini Kucha
        7 de janeiro de 2021

        Que interessante as leituras que podem haver. Quando li, entendi que ela conversava com a fotografia do marido falecido. Aliás, adorava “vê-la” conversar com o porta retratos. Gratidão por essa personagem encantadora, Paula!

  14. Fheluany Nogueira
    12 de abril de 2020

    Em forma de diário, a protagonista mantém um diálogo com a fotografia do falecido marido, por um ano — do aniversário de noventa e quatro anos ao seguinte. Era início da quarentena e vai ocorrendo o isolamento social. Ao final, a rebelde busca as pessoas de rua, necessitados, para dividir com eles o que tinha.

    Um conto cativante que analisa a realidade atual com muita sensibilidade. Depois de ter terminado a leitura, você ainda se pega pensando sobre as ideias discutidas e sente uma vontade forte de identificar as próprias referências.

    A lógica narrativa é construída com um claro começo, meio e fim, fazendo com que embarquemos na jornada, como parte do processo de revelações e descobertas da história ao mesmo tempo em que também passamos a refletir e questionar a legitimidade de tudo.

    A marcação de tempo tornou a leitura mais fluida e compreensível. Brinquei, logo que surgiu o tema ENVELHECER, que seguiria só contar sobre minha vida; senti que o/a autor/a procurou fazer isso aqui: o cotidiano, os relacionamentos, os tropeços, as soluções…

    Parabéns pela ideia e execução! Abraço.

    • Paula Giannini
      15 de abril de 2020

      Querida Fátima,

      Boa tarde.

      Obrigada por seu comentário, sempre tão embasado e carinhoso.

      De fato, contei a vida de cada uma de nós… De umas mais, de outras menos, de umas um pouco antes, de outras, durante. Acho que essa jornada que chama envelhecer, começa no dia em que nascemos.

      Beijos e se cuide, por favor.

      Paula Giannini

  15. angst447
    12 de abril de 2020

    RESUMO:

    Relato dos acontecimentos, pensamentos e sentimentos de uma idosa, durante um ano, entre o seu 94 ao 95 aniversário. Vai ao cinema e é entrevistada por uma TV local, os parentes ficam sabendo e a proíbem de sair de casa. Deixam de visitá-la e só fazem aparições através de vídeo-chamadas diárias. Dispensam a sua cuidadora, Dirlene. Ela fica isolada, com suas memórias, conversando com o retrato do falecido marido. Deixa um bilhete grudado ao abacateiro, na praça. Destranca a porta da frente e recebe muitos que precisam de ajuda, formam agora uma família. Os moradores da rua dividem o pouco que têm, muitos começam a deixar doações na praça, para a imensa família que ela formou. Acredita que o vírus talvez tenha cumprido seu papel, ensinando a todos a voltar a ser humanos. Seu único desejo, após tudo passar, é ir ao cinema.
    __________________________________

    F  Falhas de revisão  Esta é a parte que menos importa na minha avaliação. Só para constar mesmo.
    > à essa altura > a essa altura
    > viria à galope >viria A galope
    I  Impacto do título O título lembra o filme Matou a família e foi ao cinema. Claro que não tem nada a ver. É um bom título, cheio de esperança.
    C  Conteúdo da história  Logo que comecei a ler o conto, a lembrança de Feliz Aniversário de Clarice Lispector me veio à mente. Ao contrário do conto de C.L., que retrata a vida e o envelhecer com negativismo, o seu texto traz uma visão diferente, subentendida na forma que a narradora vê a velhice e a vida, como acredita que ainda possa ajudar aos outros e curtir os pequenos prazeres como ir ao cinema. A leitura flui com facilidade e prazer, sem entraves ou voltas desnecessárias. A lucidez de uma senhora que viveu mais do que o suficiente para entender a vida como ela é e como poderia ser melhor. Conto bem escrito, com imagens construídas de modo a trazer familiaridade ao leitor. Um sopro de esperança para estes dias tão pesados e incertos.
    A  Adequação ao tema  Perfeita adequação ao tema e aos tempos atuais.

    __________________________________

    E  Erros de continuação  A única coisa que achei estranha, foi a senhora conseguir ir ao cinema. Talvez fosse mais adequado dizer que ela tentou assistir ao filme, mas as salas estavam trancadas.
    M  Marcas deixadas  Um misto de ternura, melancolia, sentimento de abandono, e ao mesmo tempo esperança de um tempo melhor, com mais humanidade, depois dessa fase difícil.
    _________________________________

    C  Conclusão da trama  A narradora acredita que o vírus tornou todos mais humanos e que sempre haverá um amanhã para poder ir ao cinema.
    A  Aspectos quanto à originalidade do conto  Nada de muito novo, a não ser a abordagem do envelhecer em tempos de covid-19.
    S  Sugestões  Nada a sugerir, ou talvez que me empreste um pouco do seu talento. 🙂
    A  Avaliação final  Ótimo conto. Eu ficarei muito surpresa caso este conto não vença o atual desafio. Parabéns!

    • Paula Giannini
      15 de abril de 2020

      Querida Cláudia,

      Boa tarde.

      Obrigada pelo comentário tão atento, cuidadoso e gentil (sempre gentil).

      Feliz por você não ter me descoberto e, mais feliz ainda, por ter gostado.

      Agradeço imenso (rsrs) pelas correções. Já as fiz.

      Confesso que também pensei no “Feliz Aniversário” de Clarice Lispector em algum momento, logo após iniciar. Clarice é meu ideal de boa literatura, mas, mais que isso, este conto impactou e até, porque não dizer, aterrorizou minha infância, com um especial (era assim que chamavam), que foi ao ar na Rede Globo. Porém, desisti de seguir a linha da desilusão Clariceana, justamente, devido ao momento em que vivemos… Sei lá, achei que um pouco de esperança não faria mal algum. 😉

      Sobre ela ir ao cinema naquele momento, escrevi inspirada em uma experiência pessoal. Na véspera de tudo isso, aliás, também a deadline do Desafio, alguns teatros já fechando, eu e o Amauri fomos assistir a uma peça, em uma sala que ainda relutava em fechar. Lembro do que dissemos: “não sabemos quando poderemos voltar a fazer isso.” 😉

      Beijos e se cuide, por favor.

      Paula Giannini

  16. Jorge Santos
    12 de abril de 2020

    Conto perfeito, que narra a história de uma senhora idosa durante o período de quarentena de durou um ano inteiro. Os seus únicos desejos eram ver a família e ir ao cinema. Conto de um realismo assustador, que espero não se realize. No meu caso pessoal, já estou em casa há um mês e não aguento muito mais. Tenho saudades de ver a família, de ir a um bom restaurante e de ir ao cinema.As pequenas coisas que uma pessoa tinha como garantidas. Neste momento não consigo sequer ir ter com os meus pais sem ter de justificar a minha deslocação à polícia.
    Quando isto acabar, vou fazer como a personagem do seu conto e ir ver um bom filme.
    Parabéns.

    • Paula Giannini
      15 de abril de 2020

      Querido Jorge,

      Boa tarde.

      Obrigada pelo comentário tão lindo. Obrigada, também, por abrir aqui uma janelinha de sua vida para essa amiga brasileira espiar. Quando tudo isso acabar, vamos todos ao cinema.

      Beijos e se cuide, por favor.

      Paula GIannini

  17. Valéria Vianna
    12 de abril de 2020

    Nota – 5,0

    Perfeito

    • Paula Giannini
      15 de abril de 2020

      Obrigada, querida. 😉

  18. antoniosbatista
    12 de abril de 2020

    Um bom conto, mereceu a classificação de finalista. Reli novamente, é claro, observando as frases bem construídas, e a narrativa em harmonia com o jeito de falar de uma pessoas idosa. Parabéns.

  19. Catarina Cunha
    12 de abril de 2020

    Resumo — Idosa vê-se em isolamento involuntário por pandemia viral. Sua experiência de vida analisa os acontecimentos com sóbria coragem e solidão.

    Técnica — Impecável. A personagem mantém-se fiel aos seus princípios e isso é reforçado por uma narrativa consistente e vigorosa.

    Trama — A grande sacada está no contraponto entre o caos externo e a sobriedade introspectiva da personagem. Retratar o presente é sempre difícil; ninguém aqui poderia ter feito melhor.

    Impacto — “Talvez tenha cumprido seu papel de vírus, ensinando-nos a voltar a ser humanos.” – Frase de uma visão social impressionante.

    • Paula Giannini
      15 de abril de 2020

      Querida Catarina,

      Boa tarde.

      Sou tão fã, mas tão fã de seu trabalho, que este comentário deveria ser emoldurado no meu escritório. Obrigada pelo carinho.

      Beijos e se cuide, por favor.

      Paula Giannini

  20. Pingback: Envelhecer – Finalistas | EntreContos

  21. M. A. Thompson
    11 de abril de 2020

    Olá autor(a)!

    Antes de expor minha opinião acerca da sua obra gostaria de esclarecer qual critério utilizo, que vale para todos.

    Os contos começam com 5 (nota máxima) e de acordo com os critérios abaixo vão perdendo 1 ponto:

    1) Implicarei com a gramática se houver erros gritantes, não vou implicar com vírgulas ou mínimos erros de digitação.

    2) Após uma primeira leitura procuro ver se o conto faz sentido. Se for exageradamente onírico ou surrealista, sem pé nem cabeça, lamento, mas este ponto você não vai levar.

    3) Em seguida me pergunto se o conto foi capaz de despertar alguma emoção, qualquer que seja ela. Mesmo os “reprovados” no critério anterior podem faturar 1 ponto aqui, por ter causado alguma emoção.

    4) Na sequência analisarei o conjunto da obra nos quesitos criatividade, fluidez narrativa, pontos positivos e negativos, etc.

    5) Finalmente o ponto da excepcionalidade, que só darei para aqueles que realmente me surpreenderem. Aqui, haverá fração.

    Dito isso vamos ao comentário:

    TÍTULO/AUTOR: 5. Amanhã vou ao cinema (Velhinha)

    RESUMO: O dário de uma idosa que morava com a cuidadora sobre sua relação com o COVID-19.

    CONSIDERAÇÕES: É um conto contemporâneo sobre a relação de uma senhora nonagenária com o COVID-19. Na forma de diário acompanhamos um ano de “quarentena” em que ela é testemunha das pessoas sumirem das ruas, passarem fome, se enclausularem até que decide abrir a casa, compartilhar o que tem e fica a esperança de que o pior já passou, o vírus perdeu a força e tudo ficará bem.
    Não é exatamente uma história excepcional, mas não deixa de ser um alento e um registro histórico desses tempos sombrios. O ponto falho ou talvez não, talvez seja impressão, é que a personagem diz ter ido ao cinema no quarto dia e diz que ainda vai depois do 365º. Ou talvez queira ir de novo. Acho que se ficasse só na vontade teria sido melhor.

    NOTA: 4.5

    Independentemente da avaliação aproveito para parabenizar-lhe pela obra e desejo sucesso na classificação.

    Boa Sorte!

    • Paula Giannini
      15 de abril de 2020

      Olá querido,

      Boa tarde.

      Tudo bem?

      Obrigada por seu comentário com tanto método. Adorei a parte que compara o conto a um relato histórico. rsrsrs

      Respondendo à questão, de fato a personagem foi ao cinema bem no inicio da Pandemia, inspirei-me aqui em minha vida. 😉 Sobre a última ida, não, esta realmente ficou (quem sabe?) só no desejo.

      Beijos e se cuide.

      Paula Giannini

  22. Daniel Reis
    10 de abril de 2020

    5. Amanhã vou ao cinema (Velhinha)
    Tema: A grande peste para uma mulher de 94 anos de idade.
    Resumo: A narradora faz um diário, misto de reflexões com cartas ao falecido, em que conta a evolução da pandemia, desde seu aniversário até um anos depois, quando, após o afastamento gradual de todos, ela se torna líder dos sobreviventes.
    Técnica: o conto é bem escrito e terrivelmente real. Algumas vezes as reminiscências parecem um pouco “encaixadas” para construção da personagem, mas não comprometem a credibilidade narrativa.
    Emoção: interesse em saber o que aconteceria com ela. Gostei especialmente da reviravolta final, algo que precisava acontecer, apesar de, infelizmente, agora altamente improvável…

    • Paula Giannini
      15 de abril de 2020

      Querido Daniel,

      Boa tarde.

      Obrigada pelo comentário sempre gentil e generoso.

      Beijos e se cuide por aí.

      Paula Giannini

  23. Valéria Vianna
    9 de abril de 2020

    O dia a dia de uma velhinha de 94 anos durante a crise do coronavírus contada através um diário escrito por ela própria e endereçado ao falecido marido. A relação da família, filhos, netos com ela e a conclusão a que chega sobre o porquê do vírus.

    Nota: 5,0

    O autor consegue levar o leitor pelos pensamentos da protagonista de forma muito competente. Somos inseridos na vidinha interior da personagem a ponto de nos sentirmos fazendo parte da cena. Gramática impecável, narrativa leve, fluida e conectada ao momento atual. Soube capitalizar o tema do coronavírus e da quarentena a favor do tema sem escorregar para o piegas. Não vi pontos negativos.

    • Paula Giannini
      15 de abril de 2020

      Querida Valéria,

      Boa tarde.

      Obrigada por seu comentário tão generoso.

      Beijos e se cuide.

      Paula Giannini

  24. Fernanda Caleffi Barbetta
    9 de abril de 2020

    Amanhã vou ao cinema
    Resumo
    Senhora conversa com um retrato do marido durante a quarentena do que parece ser a pandemia do covid19. O texto vai mostrando o confinamento da senhora, primeiro com sua ajudante, no dia do seu aniversário, depois, sozinha, durante um ano.

    Comentário
    Mas que texto maravilhoso. Amei, do começo ao fim, todos os 365 dias. Confesso que as notícias de corona vírus têm me cansado e eu estava torcendo para que não houvesse textos sobre o tema. Mas que surpresa ver este seu conto atual e tão maravilhoso. Está tecnicamente muito bem escrito, não notei nenhum problema gramatical, é fluido, gostoso de ler. Gostei do fato de ter escolhido contar sobre o confinamento pela ótica de uma idosa, muito bom, deu leveza ao texto. Personagem muito bem trabalhado também. Parabéns.

    • Paula Giannini
      15 de abril de 2020

      Querida Fernanda,

      Boa noite.

      Obrigada pelo carinho da leitura tão amorosa.

      Beijos

      Paula Giannini

  25. Amanda Gomez
    9 de abril de 2020

    Olá,

    Resumo 📝 A história de uma senhora em sua rotina de quarentena por causa do coronavírus. Acompanhamos seus anseios, medos e escolhas surpreendentes.

    Gostei 😁👍 Gostei de bastante coisas nesse conto. Está, como alguns outros do desafio, relatando nosso momento atual:medos, quarentena, histeria. A personagem representa muito bem o que está acontecendo, sobretudo os idosos e o que eles estão passando. A personagem é muito bem desenvolvida, os aspectos de sua vida, sua família, sua forma de vivê-la. Suas reações a essa nova situação é bastante verossímil me fez lembrar de várias pessoas que conheço, que ouço falar. Todas as referências a nossa atual realidade funcionam, papel higiênico, álcool gel, filhos autoritários…ao mesmo tempo que relapsos e ausentes, a solidão… o desentendimento. As dúvidas da personagens nos aflige, seus medos, suas ideias… enfim. Tudo. Gostei da estrutura do texto, os dias se passando e o desenvolvimento deles, assusta pensar que irá demorar tanto tempo, sou otimista e acho que não. E aí temos o final, uma surpresa boa, estava torcendo pra não ser algo dramático como ela morrendo sozinha, ou o mundo acabando. Não, você nos trouxe esperanças, coragem, sabedoria. Uma belíssima mensagem.

    Não gostei🙄👎 Não sei se foi o efeito dos números, mas achei o texto demasiadamente extenso. Penso que poderia ser mais enxuto. Ou só estou dizendo isso pra não deixar sem nada aqui no meu tópico. 🙂

    Destaque📌 “Se fiz o certo? Não importa. Estou feliz. Hoje é meu aniversário e, pela primeira vez, fico feliz em comemorar. Tenho noventa e cinco anos, e planto aqui minha semente para um futuro no qual dificilmente estarei presente.”

    Conclusão = 🥰Texto muito bem escrito, inteligente, soube aproveitar bem o tema, uma ótima personagem e um final compensador.

    • Paula Giannini
      15 de abril de 2020

      Querida Amanda,

      Boa noite.

      Obrigada pela leitura tão amorosa.

      Acho que os números causaram essa questão do arrastar do tempo, porém, pensando aqui, esse é exatamente o efeito da quarentena, né? 😉

      Beijos

      Paula Giannini

  26. Fabio Monteiro
    7 de abril de 2020

    AMANHÃ VOU AO CINEMA (VELHINHA)

    Resumo: Retrato da realidade vivenciada por muitos. Os tempos difíceis com a pandemia obrigou a personagem ter de viver seus momentos favoritos de vida sem medo do que lhe pudesse acontecer. Um preocupante fim que parece que nunca pode chegar.

    Comentário: Explorar o cenário atual é boa jogada na visão de um escritor. Creio que chama a atenção pelo que está acontecendo, levando o leitor a criar um mundo diferente daquele que vem sendo colocado. Me preocupou o final que não chegou nunca. A pobrezinha nunca foi ao cinema.

    Boa Sorte neste desafio.

    • Paula Giannini
      15 de abril de 2020

      Querido Fábio,

      Obrigada pela leitura gentil.

      Espero que nossos desfechos com essa Pandemia seja outro, né?

      Beijos
      Paula Giannini

  27. Priscila Pereira
    6 de abril de 2020

    Resumo: Uma velhinha comemora seu aniversário no início da pandemia e conta como foi o anos seguinte em quarentena.

    Olá, Velhinha!

    Eu gostei do seu conto, muito atual e certeiro! Todo mundo pode se identificar e aprender alguma coisa com a sua personagem, que está muito rica, verossímil e muito simpática!

    Foi estranho imaginar que essa quarentena durará tanto, espero sinceramente que você tenha exagerado um pouco rsrsrsr, e foi bem triste notar que a família desapareceu, e que muitos idosos estão ou podem ficar logo nessa situação. Achei o texto bem real e envolvente! E Extremamente bem escrito!

    Parabéns e boa sorte!

    • Paula Giannini
      15 de abril de 2020

      Querida Priscila,

      Boa noite.

      Obrigada pela leitura tão gentil. Também espero que a Pandemia não dure tanto…

      Parabéns pelo seu conto incrível.

      Beijos
      Paula Giannini

  28. Marco Aurélio Saraiva
    5 de abril de 2020

    Uma senhora de 94 anos, negligenciada pelos filhos e netos, enfrenta a crise do COVID-19 e aguenta inesperados 302 dias de isolamento até finalmente perder a paciência salvar, ela mesma, a comunidade na qual vivia. No aniversário de 95 anos, havia trazido a comunidade toda de volta à união.

    Eu esperava ler um conto sobre a crise atual – afinal, tudo o que escrevemos é um relato dos tempos em que vivemos, mesmo que não o façamos com essa intenção. O conto é sobre duas coisas: a velhice da narradora, e o comportamento e reflexões das pessoas em isolamento. Gostei de ambas as abordagens. Em certo momento achei que o conto descambaria para a panfletagem política mas nunca aconteceu. É um conto sincero, com personalidade, e com uma personagem bem construída e real.

    A escrita está muito boa, fácil de ler, acessível, fluida. O conto tem momentos de comédia e momentos de reflexão, o que é sempre bom. tem uma leve barriga no meio da leitura, mas ela passa rapidamente e o leitor segue querendo saber o que vai acontecer.

    Gostei muito do arco que você deu à personagem. No início ela conversava com o seu marido falecido e acabamos usando isto para nos identificarmos no conto – como se o morto fôssemos nós. Nos pensamentos nostálgicos dela, eu senti meu coração apertar e, então, ela mesma falou que o coração dela apertou e senti arrepios. Depois de trezentos dias de isolamento, porém, ela perdeu a fé no seu companheiro de conversa. Tratou o marido apenas como uma foto em um porta-retratos. Estava cansada e mentalmente estafada, e este breve momento no conto demonstra isso muito bem. É o ponto de virada – quando ela tenta fazer alguma coisa e muda o mundo, mesmo com 95 anos.

    Parabéns!

    • Paula Giannini
      15 de abril de 2020

      Querido amigo,

      Boa noite.

      Obrigada pela leitura tão generosa (como sempre). Meu coração também apertou aqui, mas, foi ao ler um comentário que me fez pensar no quanto escrever é gratificante.

      Beijos e fique bem.

      Paula Gianni

  29. Elisa Ribeiro
    3 de abril de 2020

    Senhora idosa relata em uma espécie de diário, em cujo dialoga com o marido falecido, seu dia a dia durante um período de isolamento social desde seu aniversário de 94 até o de 95 anos.

    Um conto com jeito de crônica que reflete sobre a doença que no momento nos aterroriza e nos obriga ao isolamento social.

    Enquanto lia fiquei imaginando que certamente dirão que sua personagem tão lúcida e bem-disposta aos 94 não é verossímil e tal. Não é minha opinião, adorei sua senhorinha e acho que exceções existem justamente para figurar como protagonistas de nossas histórias. Além disso, a linguagem e as situações narradas contribuem para a verossimilhança da personagem.

    Achei uma história oportuna, bem narrada, de leitura escorreita e agradável. Embora sem grandes surpresas, o final esperançoso contribui para um impacto positivo no leitor.

    Parabéns pela participação. Desejo boa sorte no desafio e em tudo mais. Um abraço.

    • Paula Giannini
      17 de abril de 2020

      Querida Elisa,

      Boa tarde.

      Obrigada por ser uma leitora crítica tão maravilhosa. 😉

      Sobre a verossimilhança, interessante como encontramos situações na vida que, no papel, soam estranhas, não? Minha família super longeva é a prova disso.

      Beijos e obrigada por sua amizade.

      Paula Giannini

  30. Fernando Cyrino
    2 de abril de 2020

    ei, Velhinha, que conto mais atual! E que presságios quanto ao futuro. Tomara que não sejam proféticos, mas sei que a situação ainda se agravará muito. Adorei sua história, ficou muito legal essa sua maneira de narrar a partir de relatos da vida da velha. Mamãe, em quarentena, lá em BH, fará 95 anos no próximo 18 de maio. Estávamos programando uma grande festa que já está sendo adiada, né? Mas o que isto que lhe conto tem a ver com a sua narrativa? Coisas do meu confinamento. Bem, parabéns, Velhinha, você sabe das coisas. Sabe escrever de maneira bem bacana mesmo. Meu abraço fraterno e distante por causa do vírus.

    • Paula Giannini
      17 de abril de 2020

      Querido Fernando,

      Obrigada por sua leitura carinhosa.

      A vida imita a arte e vice-versa, não é?

      Se cuide aí no seu confiamento.

      Beijos
      Paula Giannini

  31. Cilas Medi
    2 de abril de 2020

    Olá Velhinha.
    Que saracoteio é esse todo. Uma aula de amor, carinho, devoção e, substancialmente, compreensão da própria idade e toda a sua dedicação em viver as horas extras.
    Lirico, parcimonioso com as emoções, dando um toque especial ao modo de escrever, literal, fluido, comovente sério e prestativo.
    A família?! No final, a que cuidamos, carentes, na porta de casa e longe os de sangue. Cada um(a) dá de si o que tem de melhor.
    Nesse caso, uma grata surpresa nesse envolvente laço de amor e carinho.
    Quero ver, velhinha querida, entre os primeiros e não será favor nenhum vencer. Afinal, cumpriu falar sobre o desafio totalmente, até na quantidade da idade.
    Sorte no desafio.
    Eu não precisaria ler, mas fique certo, foi uma ótima lição.
    Abraço!

    • Paula Giannini
      17 de abril de 2020

      Querido Cilas,

      Seu comentário me emocionou. Obrigada por tanto carinho. Você está certo “Cada um(a) dá de si o que tem de melhor”. 😉

      Beijos e se cuide por aí.

      Paula Giannini

  32. Felipe Rodrigues
    1 de abril de 2020

    Narração diária dos dias de uma senhora em confinamento. Passam-se as semanas e parece que sua maneira de lidar com o mundo a mantém viva. Todos se vão, restando os famintos que ao final veem na casa da senhora uma salvação e chance de vida em comunidade.

    Conto bom. Segue linearmente uma série de acontecimentos plausíveis, desembocando em um mar de esperança que todos estão precisando no momento. A força da personagem gera nossa força, foi o que senti, e seu jeito mais simples de observar e reagir ao mundo ensina muito aos mais jovens.

    • Paula Giannini
      17 de abril de 2020

      Querido Felipe,

      Boa tarde.

      Tudo bem?

      Obrigada por sua leitura e delicadeza.

      Sabe, ainda estou longe de ser velhinha como esta personagem, mas, às vezes sinto-me como ela, e fico feliz que o modo dos mais velhos possa ensinar aos mais novos de vez em quando.

      Beijos
      Paula Giannini

  33. Gustavo Araujo (@Gus_Writer)
    29 de março de 2020

    Resumo: a história de uma velhinha que se vê isolada do mundo por conta de uma pandemia viral. De casa ela testemunha a humanidade sucumbir e depois renascer.

    Impressões: é um conto aparentemente simples, mas que cala fundo em cada um de nós, dado o momento que vivenciamos. Com um ótimo senso de oportunidade, a autora nos apresenta a uma mulher nonagenária, já acostumada ao apagar das luzes mas que, de repente, se vê jogada numa atmosfera desconhecida. Interessante perceber como suas digressões refletem os temores que nós mesmos alimentamos nestes dias – a falta de abastecimento, a falta de empatia, o esquecimento dos entes queridos. Talvez tudo não passe mesmo de um acerto de contas por parte da natureza, uma manobra para desacelerar a vida, para nos recordar o sentimento básico que nos fez florescer como espécie, que é o colaboracionismo. Por seus olhos enrugados, percebemos o apagar das luzes e, em seguida, a recuperação. É, de fato, um roteiro de fábula com direito a moral da história, mas ainda assim verdadeiro e pungente. Num futuro distópico só teremos uns aos outros. Ainda é tempo de nos ajudarmos. A mensagem de esperança torna o conto memorável. Independentemente do resultado, esse é daqueles contos que merece ser compartilhado. Parabéns e obrigado.

    Nota: 5,0

  34. Pedro Paulo
    29 de março de 2020

    Maravilhoso!

    Há muito a comentar. Primeiro, casa perfeitamente com o tema. Até então, vi contos com personagens idosos que tangenciaram o tema, acabando por tratar das personagens como se fossem representativos da adequação temática. Mas aqui, não, a protagonista, também narradora, faz da sua idade um estado de constante reflexão, dessa forma fazendo o leitor assumir a sua perspectiva diante de um vírus letal que, é claro, inspira-se na nossa atual realidade, panelaços inclusos. Foi uma abordagem muito interessante de nossa atual realidade. Também estou isolado em casa.

    Nesse sentido, estruturar o conto em dias criou uma cadência para a leitura, prendendo o leitor à expectativa do que os próximos dias trariam. A esperteza de escolher o nosso contexto é que o interesse não vem só do nosso apego à personagem, sentimento este que não demora a aparecer, simpática que é a senhora, mas também de um certo medo que eu, ao menos, guardo quanto ao que vivemos. O que sucederá? Será que nos trancamos em casa para um período muito maior do que esperávamos? O conto se projeta para esse futuro, primeiro fazendo temer, sugerindo um cenário apocalítico.

    A essa altura, tememos também pela senhora abandonada, trancada em sua casa com seus mantimentos. E, por um momento, como tantas vezes parece ser agora, pareceu que o pior aconteceria. Mas não, felizmente, acho que de forma acertada, a autora optou por um desfecho otimista, um reencontrar da humanidade. Tenho lido Ensaio sobre a Cegueira, o caminho inverso de um colapso humanitário… bom, este conto não pode ser lido como apenas um alento ao romance do nobelista, mas como uma peça literária de esperança em si mesma, para nós, nesse momento.

    Dividido em dias, o enredo faz o círculo completo ao concluir onde iniciou, em mais um aniversário da protagonista, a qual, de tanto falar na própria morte, nos surpreende por viver mais um ano em tempos tão difíceis. Nesse desfecho é que ela nos apresenta à esperança, uma que não precisa ver para reconhecer a existência.

    Parabéns!

  35. Regina Ruth Rincon Caires
    29 de março de 2020

    Amanhã vou ao cinema (Velhinha)

    Resumo:

    A história de “Velhinha”, senhorinha de 94 anos que enfrenta o período da quarentena em razão do vírus. A epidemia se estende, a quarentena vai sendo ampliada e chega a durar 365 dias. Neste período, ela “fala” com seu companheiro (que morreu precocemente), como se fosse uma prosa de diário. O conto é narrado para ele. A narrativa é assim, cronologicamente retratada. Vai de um aniversário a outro. E “Velhinha” completa 95 anos.

    Comentário:

    Um texto comovente, daqueles que o leitor fica matutando, por horas, o seu conteúdo. Atual, profundo, engraçado, emotivo, de tudo um pouco. Mas nada falta e nada sobra. Na medida exata. Um primor.

    A leitura flui, a construção é lógica, a trama é inteligente, o desfecho é emocionante. Só encontrei um deslize de um “há”, e isso não significa absolutamente nada diante de tanta beleza.

    Este é um daqueles textos que, quando terminei a leitura, pensei: queria ter escrito esse trem…

    Parabéns, Velhinha!

    Boa sorte no desafio!

    Abraços…

  36. Angelo Rodrigues
    28 de março de 2020

    Amanhã vou ao cinema (Velhinha)

    Resumo: Mulher idosa tem longa conversa com seu marido (me pareceu) relatando sobre os dias que passa em quarentena. Os filhos, os netos, os vizinhos, a redenção, ao final, chegando com a solidariedade.

    Comentários: Gostei do conto. Sem dificuldades de leitura, correto quando diz o que veio para dizer.
    Fala de uma mulher de noventa e quatro anos que vê o mundo de forma pragmática. Viveu o que devia viver, e tudo mais é apenas bônus. Deseja ir ao cinema e o faz, ainda que ao final da quarenta de mais de ano.
    Conto bem atual, onde o autor aproveitou para criar uma distopia por conta do isolamento social que vivemos atualmente. Um vírus que não vai embora talvez não seja exatamente um vírus, mas o próprio isolamento dos seres humanos se transformando num vírus que os isola e afasta do convívio.
    Traz consigo, o texto, o sabor da amargura tão comum aos idosos, que, de modo geral, por decorrência das urgência dos filhos e parentes mais jovens, veem-se sós. Assim, sua família também a abandona. É quando a idosa se vê na contingência de montar uma nova família, agora com os desvalidos (talvez) como ela se tornou, abandonada.
    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio.

  37. Jorge Miranda
    28 de março de 2020

    Uma mulher de 94 anos que solitariamente conversa com seu falecido esposo através de uma foto deste. Gostei imensamente da forma como você foi construindo o texto. Sua personagem aos poucos vai sendo delineada e a maneira como o olhar dela fala das coisas que estão ocorrendo ao redor para mim é o ponto alto do texto. Percebe-se que o texto faz referência ao contexto que vivenciamos atualmente (Covid-19, isolamento social, panelaços, etc.), isso pode parecer para muitos um certo oportunismo de ocasião, mas acredito que ficou legal no texto e casa perfeitamente bem com o que a personagem vem aos poucos falando: uma espécie de resgate do humano.
    Um texto que gostei imensamente de ler e que atribuo a nota 4,0

  38. antoniosbatista
    27 de março de 2020

    Resumo: O conto é a história de uma senhora idosa abandonada pelos filhos em tempo de Pandemia, contando os dias em que passe em quarentena.

    Comentário: Achei uma boa narração, escrita é boa, boas frases, narrativa quase perfeita. A escrita em tempo verbal presente é muito difícil, é preciso manter o foco e não se distrair. No conto há dois tempos verbais, presente e passado, o que foge da regra. O certo seria um tempo só. De qualquer forma, as frases são bem criativas e lógicas. Gostei da história, apesar de ser um argumento simples, que mostra a realidade. Em alguns casos, a pessoa idosa é abandonada pelos filhos, mesmo sem quarentena.

  39. Luciana Merley
    26 de março de 2020

    Olá, autor.
    Um ano inteiro da vida de clausura forçada de uma jovem senhora. Por causa de uma epidemia, os idosos são isolados e passam a conviver com a solidão e os aprendizados desse difícil período.

    AVALIAÇÃO: Utilizo os seguintes critérios: Técnica + CRI (Coesão, Ritmo e Impacto) sendo que, desses, o impacto é subjetivo e é geralmente o que definirá se o conto me conquistou ou não.

    Técnica – Um texto bem delimitado, com narração em primeira pessoa, linguagem simples e fluída. As palavras foram usadas com cuidado para não parecer propaganda. Isso porque tratar de temas polêmicos do momento é muito difícil sem cair na cova do panfletarismo. Então, foi louvável sua forma de contar uma história da vida real e permitir que o personagem falasse ao invés de o autor.

    CRI – Uma história sem digressões desnecessárias, com um ritmo crescente de angústia como requere o tema e com um impacto muito interessante. O jeito desapegado e alegre da jovem senhora, a forma como ela observa o mundo e se adapta sem perder a lucidez, o abandono progressivo por parte da família (mesmo que numa situação de caos), as relações via mídia social… tudo bem dosado num texto muito gostos de ler. E o melhor, foge dos finais funestos tão na moda na literatura contemporânea.

    Parabéns.

  40. Rafael Penha
    25 de março de 2020

    Olá, autor,

    O conto é SENSACIONAL.

    A personagem principal é de um carisma incrível, e de uma verossimilhança perfeita. É o retrato dos nossos pais ou avós.

    Não costumo gostar de contos que abordam a vida atual, com fenômenos ou personagens da vida real atual, mas aqui a abordagem foi mansa e sutil, focando uma mensagem poderosa.

    A história avança sempre e após a primeira saída, me peguei aguardando a protagonista contrair a doença, mal acostumado com finais tristes que estou. Mas não, a história e a protagonista perseveraram apesar do clima, das expectativas das pessoas (e do leitor) e do próprio mundo, e daí evoluiu para um gesto de solidariedade, que também poderia ter acabado mal, mas mais uma vez, a história surpreende pelo otimismo. não um otimismo cego e teatral, mas cheio de necessidade, de realidade, de embasamento.

    E no final, contra todas as probabilidades, nossa protagonista, sobreviveu. Ela não é um exemplo a ser seguido na vida real, mas o conto serve para nos inspirar e comover, e nesse quesito, acertou em cheio.

    Excelente!

  41. Julia Mascaro Alvim
    25 de março de 2020

    É meu aniversário. Não me importo com isso, mas a Dirlene fez um bolo e convidou as pessoas. Amanhã vou ao cinema. Hoje comi o bolo sozinha. Ninguém apareceu. Apenas ligaram. Há perigo nas ruas devido a um vírus mortal. Fui ao cinema sozinha e entrevistada na rua. Perguntaram se eu não temia o vírus. Digo que não. Vou vivendo as consequências da doença até ser tocada pelos que têm necessidade. Me comovo e abro as portas de minha casa. Aglomeram-se muitas pessoas em festa. me senti feliz assim.
    A história vai se desenrolando através dos dias. A personagem questiona o perigo e não teme adoecer. Todo o empecilho transforma-se em ação contra o mal do vírus. E ela se realiza desta forma. nota 03

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Informação

Publicado às 22 de março de 2020 por em Contos Campeões, Envelhecer, Envelhecer - Finalistas, Envelhecer - Grupo 1 e marcado .