Era o terceiro da chuvosa noite. O movimento já era conhecido por seus impotentes rivais, treinado até a exaustão desde criança, quando ouviu pela primeira vez a profecia enunciada por seu Zeca:
– Um dia, meu neto, seu chute será tão forte que você nem sentirá o peso da bola!
De novo testada, de novo comprovada. O som do balaço certeiro morrendo na rede foi abafado pelo rugido ensurdecedor de 69999 rubro-negros.
Enquanto corria vitorioso de braços abertos a receber a energia agradecida do estádio, o sorriso arrogante, reflexo da estrela do time, desapareceu. Olhou para o assento vazio do profeta. Estancou, ajoelhando-se, tomado pelas lágrimas. Pela primeira vez, seu Zeca não viu a realização de sua profecia
Olá, Givago!
Que continho, hein. Pequeno em forma, mas gigante em sentimento. Você conseguiu condensar num rápido momento toda uma vida de luta. E a dor do jogador, ao perceber que um dos motivos de sua batalha não está mais presente, é real. Sua narrativa sempre foi boa, mas conseguiu fazer um mini-conto arrebatador.
Perfeito na forma, perfeito no tom, perfeito em quase tudo.
Parabéns!
Ah, sim, a frase final poderia ser descartada. Quando vemos o lugar vazio e as lágrimas do jogador, percebemos que o profeta estava em outro plano. Acaba sendo um reforço desnecessário e não tem tanto impacto. Poderia mudar por outra coisa, talvez ressaltando a vitória agridoce, etc.
Fora isso, está tudo ótimo!
O conto em si é bom por que tem apelo tanto político como sentimental e dá pra entender o que você quis dizer.
O conto em si é bom, mas acho que não causa um impacto muito grande por duas razões:
1 – Uma proximidade maior entre o neto e o avô poderia ser melhor retratada.
2- Aprendi que cada palavra do final de um conto tem que ser pensada com cuidado.
E tenho uma dica que tomei pra mim e acho importante: “Escrever é reescrever.” é o nome do titulo de um livro de Raquel Salek Fiad, cujo não li, mas concordo e tenho feito do meu jeito.