A melhor lembrança que tenho da infância foi de quando conheci o Pig. Meu pai comprava porcos para vender a carne. Quando avisavam que havia uma vara para negociar, meu pai sempre me levava. Dizia que era para ajudá-lo a escolher, mas eu sabia que era pela companhia e para eu ter a oportunidade de ver e conversar com as pessoas, aprender a negociar e substituí-lo quando chegasse a hora.
Em uma ocasião um porquinho foi posto à venda. Pedi a meu pai para ficar com ele. Meu pai deixou, mas avisou para eu não me apegar, pois o comeríamos no Natal, à pururuca.
De volta à fazenda seguimos com nossa rotina. O porco mais gordo era sacrificado e no dia seguinte a carne alimentava os churrascos e as famílias da região.
Pig foi uma exceção, pois meu pai não comprava filhotes, ainda mais de raça desconhecida. Um biólogo amigo nosso sugeriu que o Pig era um híbrido.
Pig foi o nome que escolhi para meu porquinho. Curiosamente ele conseguia andar sobre as duas patas traseiras. De tanto o exibirmos para os visitantes, ele pareceu esquecer que era um quadrúpede.
Com a repercussão de que ele podia andar em pé, feito gente, o movimento na fazenda aumentou e ninguém mais pensou em pururucar o Pig no Natal. Passamos foi a ter mais cuidado. Era tanta gente querendo comprar o Pig que, com medo de o roubarem, passou a dormir comigo no quarto.
Eu costumava brincar com as outras crianças da fazenda. Apesar de sermos só eu, minha mãe, meu pai e agora o Pig, sempre recebíamos visitas de comerciantes e familiares e as crianças se juntavam para brincarmos no imenso quintal.
Certa vez, quando brincávamos de roda, o Pig se aproximou, entrou entre mim e o Taquara, um garoto de quem eu gostava, nos deu as patinhas e fez sinal com a cabeça para que continuássemos a roda. As outras crianças já estavam acostumadas com o porquinho-que-anda-igual-gente, que era como se referiam ao Pig.
Nesse mesmo dia fizemos uma brincadeira chamada Pera, Uva, Maçã, Salada Mista. Era uma forma de experimentarmos a sexualidade. De olhos fechados escolhíamos uma fruta e cada fruta nos obrigava a fazer alguma coisa como, por exemplo, dar um beijo no rosto ou aperto de mão. Já quem escolhia salada mista tinha que fazer tudo, incluindo um beijo na boca. Só não sabíamos em quem, pois a escolha era feita de olhos vendados. O beijo poderia ser em um dos meninos insuportáveis ou até mesmo em uma menina.
Nesse dia parece que esquecemos a presença do Pig e brincamos normalmente. Eu tinha esperança de beijar o Taquara e tive a sensação de que nesse dia o beijaria.
— Salada Mista — falei bem alto e qual não foi minha surpresa ao ver que o escolhido foi o Pig.
A criançada não fez por menos: beija, beija, beija. Acabei beijando. Foi uma sensação estranha. Nunca havia beijado na boca, só mesmo no rosto e em família. Foi meu primeiro beijo e a primeira vez que beijei um porco. Isso parece ter excitado o Pig justamente na hora em que minha mãe trouxe uma bandeja com biscoitos e limonada para a gente lanchar.
Ela não gostou nem um pouco do que viu e desse dia em diante decidimos que Pig passaria a usar roupas, igual gente. E como o sol era forte na região Pig ganhou também um chapéu para se proteger. Quem o olhasse a partir de uma certa distância jamais imaginaria que não se tratava de uma pessoa e sim de um porco.
Após a conclusão dos primeiros anos na escola minha família me enviou para morar com minha tia. Era para eu terminar o Ginásio. Passei alguns meses sem ir em casa e estranhamente sempre pensava no Pig, no beijo que dei nele.
Após a conclusão do curso ginasial saí da companhia da minha tia e voltei a morar na fazenda. Estava curiosa para ver o Pig, saber do Taquara e morrendo de saudade de todos.
Na porteira me aguardava um rapaz bonito. Quando olhei com mais atenção reconheci o Pig. Nossa, como ele cresceu. E se antes parecia gente, agora estava ainda mais parecido.
Com meu retorno a relação com o Pig se estreitou. Passamos a caminhar de mãos dadas e, apesar de ele não falar, só grunhir, suas delicadas patas apontando para as estrelas era como poesia. Em poucos dias minha ligação com o Pig era tão forte que resolvi contar ao meu pai sobre a nossa intenção de ficarmos juntos e iniciar um namoro.
Ele e o Pig desenvolveram uma relação de amizade muito especial. O Pig ajudava com as coisas da fazenda, bebia e jogava truco com os rapazes. Era um porco muito querido por todos. O tratavam como membro da família e isso me encorajou a ter essa conversa.
Meu pai gostava de ficar embaixo de uma jaqueira que havia nos fundos do quintal. Aproveitei o momento de aparente tranquilidade e expliquei sobre meus sentimentos em relação ao Pig. Falei da minha vontade de ficar com ele mais do que como amigo.
Infelizmente a ideia de ver a filha namorando um porco não foi bem aceita como eu esperava. A amizade ruiu e em um acesso de fúria meu pai foi até a horta onde o Pig estava, arrancou-lhe as roupas e, se não bastasse aquela humilhação, mandou os funcionários prenderem-no a um poste. Desde o dia do beijo ninguém mais vira o Pig nu.
Em seguida, da forma mais desumana que eu já vi alguém fazer, meu pai tirou o cinto e destilou seu ódio na tenra carne do nosso querido porquinho, deixando marcas. Uma para cada açoitada.
Sem entender o que acontecia e sem soltar um só grunhido, Pig suportou tudo calado, revelando a dor por uma única lágrima que lhe escorreu pelos olhos.
Tentei intervir, mas minha mãe sugeriu que seria melhor eu entrar, me poupando de ver a cena terrífica que meu pai criou. Aceitei para não envergonhar o Pig que, a essa altura, já estava encharcado com o próprio sangue e perdendo as forças que o mantinham de pé.
Satisfeito com as chibatadas, meu pai trancou-o no chiqueiro junto com outros porcos, um local em que o Pig nunca estivera e sempre evitara, certamente para não ver como tratávamos os da sua raça.
No dia seguinte meu pai mandou tirar o Pig do chiqueiro, entregou-lhe roupas limpas e algum dinheiro e o mandou embora com gestos, sem dizer uma só palavra.
Desse dia em diante a tristeza abateu-se sobre a nossa família. Meu pai, que já estava com certa idade e a saúde não muito boa, faleceu alguns meses depois levando minha mãe em seguida, provavelmente por não aguentar viver sem o marido. E eu, de uma hora para outra, me vi órfã e dona de fazenda.
Os parentes chegaram à conclusão de que eu não poderia ficar sozinha. Apesar de termos bons funcionários eles não eram da família. Não sabíamos se continuariam a me respeitar após a morte dos meus pais.
O melhor a fazer seria aceitar o pedido de casamento do Taquara, meu namoradinho de infância. E logo marcamos a data do casamento. Eu ainda virgem, sem nunca ter tido namorado, agora estava noiva e de casamento marcado.
No dia, uns poucos parentes, meus e do Taquara, as famílias dos funcionários e alguns clientes antigos que compravam carne de porco, nos reunimos embaixo de um gazebo construído e decorado especialmente para a ocasião.
Tudo parecia perfeito. Pensei em meus pais, no Pig e nem percebi quando o padre perguntou se eu aceitava o Taquara como legítimo esposo.
Olhei para os convidados procurando coragem e foi quando vi o Pig com lágrimas nos olhos misturado a pequena multidão.
…
A notícia foi dada até nas cidades vizinhas. O Taquara virou motivo de piada por ter sido trocado por um porco. Não houve casamento. E de esse dia em diante o Pig voltou a morar na fazenda. Tornou-se meu companheiro. Encerramos o negócio da venda de carne de porco e nos dedicamos a agricultura orgânica. Vivíamos em paz.
Uma paz que durou até o dia em que souberam que eu estava grávida. Corria o boato de que viriam para nos pegar, mas nunca acreditamos nisso. Nossa rotina transcorria normalmente e toda noite eu tentava ensinar o Pig a falar. Certo dia, com muito esforço, ele conseguiu pronunciar sua primeira frase:
—Eu-u-u-u-u te-e-e-e-e amo-o-o-o-o-o..
— Eu também, Pig.
Abraçamo-nos e choramos juntos, mas eu sabia que nosso sonho não seria realizado.
Ao longe, carregando trabucos, enxadas e facões, um grupo se aproximava da casa liderados pelo Taquara.
Finalmente ele teria a sua vingança.
O que foi isso que acabei de ler? Hahahaha.
Resumo: O amor entre uma menina e um porco, que crescem juntos e se apaixonam. Pig é muito parecido com um humano. Mas, apesar do aparente final feliz, algo ruim se aproxima.
Querida autora, eu, sinceramente, não sei o que pensar desse conto…
Sério…
Tô tentando encontrar uma razão para você tê-lo escrito, mas não acho. A sua escrita é simples e até gostosa. Mas essa história, hahaha, faz-me rir de nervoso.
É uma história bem nonsense. Fiquei esperando por alguma coisa mensagem, algo surpreendente, mas não aconteceu nada. Foi até estranho, com o castigo pesado, depois a reunião feliz e o final com uma tragédia eminente. Sei lá. Parece que você teve uma série de ideias ruins e resolveu investir nela.
Desculpe, você escreve bem mesmo, mas achei esse conto horrível, hahahaha. Nossa.
🗒 Resumo: menina se apaixona por um porco que anda, age e se veste como humano. Qdo ela resolve assumir o namoro, o pai humilha o porco e o expulsa. Depois de órfã, ela aceita se casar com um o namoradinho de infância, mas desiste ao ver o porco no altar e decide viver com o porco. Qdo ela engravida, porém, um grupo liderado pelo noivo abandonado resolve caçá-los.
📜 Trama (⭐⭐⭐⭐▫): uma boa trama que na verdade é, na minha opinião, uma grande metáfora sobre amor proibido (gay, por exemplo).
Acredito, porém, que poderia ter cortado algumas partes. O texto mostra um grande período de tempo na vida da protagonista e do porco. Acabou que muitas dessas partes ficaram um pouco corridas, perdendo parte de seu impacto.
O fim, com a população ensandecida, é bom, pois é bastante verossímil para um universo onde um porco age como gente. Só achei um pouco brusco esse fim, talvez um reflexo da tentativa do autor de cortar palavras para caber no limite de desafio. Por isso acredito que poderia ter cortado mais do meio e deixado mais pro fim.
📝 Técnica (⭐⭐⭐▫▫): é uma boa técnica, com boas descrições de cenas e trabalhou bem a suspensão de descrença de um porco quase humano. Precisa, porém, de um pouco mais de atenção na gramática, principalmente pontuação.
▪ De volta à fazenda *vírgula* seguimos com nossa rotina
▪ E como o sol era forte na região *vírgula* Pig ganhou também um chapéu
▪ Após a conclusão dos primeiros anos na escola *vírgula* minha família me enviou para morar com minha tia
▪ Após a conclusão do curso ginasial *vírgula* saí da companhia
▪ Desde o dia do beijo *vírgula* ninguém mais vira o Pig nu
▪ Desse dia em diante *vírgula* a tristeza abateu-se sobre a nossa família
▪ Apesar de termos bons funcionários *vírgula* eles não eram da família
▪ E de esse dia em diante *vírgula* o Pig voltou a morar na fazenda
▪ nos dedicamos *a* (à) agricultura orgânica
🎯 Tema (🆓️): relacionamento ❤ / tabu 🐷
💡 Criatividade (⭐⭐▫): é criativo até certa parte, mas não chega a se destacar por isso.
🎭 Impacto (⭐⭐⭐▫▫): gostei da metáfora e do fim verossímil. Se esse fim tivesse mais espaço (a invasão fosse mostrada e não só citada), talvez o impacto tivesse sido bem alto, considerando a boa conexão do leitor com os protagonistas.
🔗 Links úteis:
▪ Vírgula no adjunto adverbial deslocado: https://www12.senado.leg.br/manualdecomunicacao/redacao-e-estilo/estilo/adverbio-deslocado
Uma História de Amor Caipira (Jeca Tatua)
Salve, Jeca! Enfim chego ao último conto desta série.
Resumo: A história de uma garota que se apaixona pelo porco de estimação e decide encarar as consequências do seu ato.
Uma fábula que tem um porco como personagem não é novidade, que o diga Bola de Neve, Okja, os três e presuntinho, porém do jeito que se apresenta tem originalidade sim.
Não li o texto como uma defesa da zoofilia, acho que a pessoa tem que ser muito bitolada para encarar por este ângulo.Li o texto todo como uma alegoria contra o preconceito, uma história de amor proibido. O porco cada vez mais parecido com as pessoas, com as mesmas roupas, fazendo as mesmas coisas, ou seja, se portando com alguém, que pelo preconceito jamais será um deles. Emblemática a cena em que ele escorraçado, tem sua roupa arrancada e vai viver com os outros de sua espécie. Um limite cruzado revela a real natureza humana.
Na parte técnica não vi grandes méritos, tampouco defeitos. O conto possui uma linguagem direta, acessível e de fácil assimilação. Não vi construções que me chamasse a atenção ou passagens mais inspiradas.
Um texto que vence pelo poder de reflexão. Parabéns.
RESUMO:
Fazendeiros adquirem um porco e ele começa a andar em duas patas e ter outros comportamentos de gente, inclusive, namorar a filha do fazendeiro (a narradora).
O animal é castigado e o amor proibido. Quando os pais da moça morrem, ela tenta casamento com um humano, mas abandona o homem no altar para ficar com o porco.
Ela engravida e as pessoas da região, lideradas pelo noivo abandonado, vão à casa dela sem boas intenções…
COMENTÁRIO:
Muito bom. Um conto perturbador em vários aspectos. Há um pouco de Revolução dos Bichos aqui e também um pouco de Pop-Art. Lembrei também de um conto muito bom do Jefferson Lemos, postado aqui no Entrecontos, muitos desafios atrás (criaturas fantásticas, se não me engano).
Certamente há uma metáfora aí por trás, eu não sou muito bom com essas interpretações e não sei se captei bem o espírito da coisa. Tipo, quando o pai bate no porco, imaginei um senhor de engenho descobrindo o namoro da filha com um escravo. E no final, com o povo vindo destruir o casal ao descobrir a gravidez, imaginei o ódio irracional ao casamento gay (eu não teria colocado o noivo liderando, para reforçar mais essa ideia).
Mas, independente de qualquer metáfora, acho que o grande mérito aqui é fazer com que nos afeiçoemos ao porco, assim como no citado Pop-Art nos afeiçoamos a um menino-balão. E também desperta a reflexão: e se fosse verdade, o que teríamos a ver com esse casamento?
NOTA: 4,5
O que entendi: Menina adota um porco que anda como gente e encanta a todos. Acaba se apaixonando pelo bicho, mas o pai não permite o casamento e expulsa o porco da fazenda. Os pais morrem e a moça decide casar com um amigo de infância. Mas desiste ao ver o porco no casório. Vão viver juntos e ela engravida. O ex-noivo e a cidade resolvem se vingar.
Técnica: A forma lúdica como o conto é apresentado dá o tom de uma grande história de amor trágica.
Criatividade: A ousadia venceu a mesmice do conservadorismo.
Impacto: Agradecida. Precisamos escrever mais sobre o preconceito com metáforas inteligentes. Lutar contra tudo isso que está aí sendo esfregado em nossas caras abestalhadas.
Destaque: “Ela não gostou nem um pouco do que viu e desse dia em diante decidimos que Pig passaria a usar roupas, igual gente.” – Aqui o conto dá uma reviravolta estonteante.
Sugestão: manter essa ousadia.
Resumo: A história de amor de uma menina e seu porquinho. Não exatamente cândida, mas fantasiosa, com Pig sendo o porquinho criado desde pequeno e nas brincadeiras infantis, adotando cada vez mais um comportamento humano, apesar da repressão do pai de sua paixão. Pig inclusive se veste e faz coisas de ser humano, tornando-se um “belo rapaz”, e disputando a atenção de sua dona com o Taquara, o menino que cresceu com ela e se viu abandonado no altar pela paixão que a moça nutria pelo Pig. A cidade estranhou, mas só se rebelaram quando a narradora ficou grávida do porco – Taquara à frente , em vingança.
Método de avaliação: “Análise Jacquiana”
Receita: uma fábula, análoga a uma história do macaco (que se não me engano, está entre os 100 melhores contos daquele livro famoso). Porém, essa aqui é tão “doce” que chega a elevar a glicose a 160.
Ingredientes: Uma menina, seu porco e o extraordinário dom de se transformar em “quase humano”. O ciúme e inveja do pretendente preterido. A condenação do “antinatural” pela sociedade.
Preparo: apesar de muito simples, o conto tem um elemento intrínseco que é o questionamento do que a sociedade considera “anormal”, ou fora do normal. O conto é quase um suspiro, clara de ovo em neve, mas com um elemento incômodo no final.
Sabor: doce, quase naive. Muito romântico, mesmo.
Frases motivacionais (quase aleatórias) do Eric Jacquin (ou coisas ele possivelmente diria) : “Esse bolo parrece feito con amor, não é ssas porcarrias de bol vagabundo que a gent compra em qualquier buteco”.
Criança de uma fazenda onde há criação de porcos pede ao pai que compre um filhote. Ela dá o nome de Pig ao porquinho. A família se encanta pelo animal de estimação, que consegue andar em duas patas. A menina é apaixonada por Taquara, garoto da região, mas numa brincadeira de Pera, Uva, Maçã ou Salada Mista, beija, pela primeira vez, Pig. O porquinho começa a vestir roupas como gente, incluindo um chapéu. A garota vai estudar em outra cidade e, ao voltar, encontra um Pig crescido, ainda mais parecido com gente. Eles começam um namoro, mas o pai dela não aceita. Os pais da menina morrem e a família decide que a órfã deve se casar com Taquara. No dia do casamento, porém, a noiva foge com o jovem porco. Eles abandonam a criação de porco e se dedicam à agricultura orgânica. Quando a garota engravida de Pig, os moradores locais, liderados por Taquara, partem armados para se vingar do casal feliz.
Jeca Tatua, seu conto é bem escrito, não percebi nenhum erro gramatical, embora esse não seja um foco meu. A história flui bem, você é uma boa narradora e desenvolve uma estrutura narrativa bastante satisfatória. O enredo é simples, interessante e fisga bem a atenção do leitor.
A passagem do “Pera, Uva, Maçã ou Salada Mista” me chamou a atenção. Primeiro, negativamente. Achei desnecessário aquele parágrafo explicando o que é a brincadeira. Não acredito ser necessário. Os participantes do EntreContos, em bom número, já ouviu Molejo ou Xuxa, que possuem músicas sobre o tema (bom, talvez eu seja o idoso no grupo), ou mesmo já brincou disso. Mas, mesmo que não conheça, o leitor precisar fazer uma pesquisa no Google. Esse excesso didático lhe consome algumas palavras, o que faz falta no fim do texto.
Ainda assim, o passagem é bem humorada. Imaginar a cena, um porco excitado no meio da criançada, e o espanto da mãe da menina, é bem inusitado. É um humor simples, mas ousado dentro das cartilhas atuais.
No mais, sugiro cuidado com a conclusão do conto. O ritmo ali ficou um pouco acelerado, creio que o clímax, algo fundamental na história, poderia ser melhor trabalhado, passando com mais suavidade do falso happy ending “noiva em fuga com o porco”, para a triste conclusão.
É um conto singelo e eu gostei do enredo sobre o porco antropomorfo (me lembrou um filme do Miyazaki, “Ponyo”, mas lá é um peixe que vai virando menina). E a história é tão interessante que deixa a sensação de que outros aspectos poderiam ser melhor discutidos, como o preconceito com diferentes formas de amor, humanos x direito dos animais, a imposição de um destino servil às mulheres… Enfim, se estou divagando tanto, é porque a história estimula o leitor. Parabéns e sucesso no desafio.
Bom dia/tarde/noite, amigo (a). Tudo bem por ai?
Pra começar, devo dizer que estou lendo todos os contos, em ordem, sem saber a qual série pertence. Assim, todos meus comentários vão seguir um padrão.
Também, como padrão, parabenizo pelo esforço e desafio!
Vamos lá:
Tema identificado: humor, fantasia
Resumo: a história de amor insana e proibida de uma garota e um porco que, por alguma mutação, se assemelha a um humano. Entre separações e retornos, eles ficam juntos e ela engravida, mas a região, incapaz de aceitar tal anomalia, se junta para matar os dois.
Comentário: cara, que conto maluco huahuauha. Adoro.
O enredo, que abusa do insólito-insano, me agradou pq é o tipo de coisa que gosto de ler. Digo, não me refiro especificamente a gostar de histórias de amor entre porcos e mulheres, mas sim a gostar de histórias malucas e fora do padrão.
O enredo é super bem construído. Você é muito bom de construção de narrativa, e os acontecimentos vão se desenrolando de forma rápida e estruturada. Quando vemos, já estamos habituados à ideia de ter um porco que anda igual gente e e veste, bebe, joga truco, ajuda na fazenda.
Desde o começo, já ficava uma sensação de que haveria um romance entre eles. Porém, foi muito diferente do que aparentava. De certa forma, o personagem do porco é carismático e bem construído. Assim, o que a princípio seria uma maluquice sexual entre porco e menina, se torna uma história de amor sólida entre uma menina e um homem num corpo de porco.
O desfecho é inteligente e triste.
O conto, também, parece funcionar como metáfora para a sociedade, incapaz de aceitar o amor diferente. Talvez, e pode ser que eu esteha só viajando, o romance represente de forma metafórica o amor homossexual e a forma como a sociedade o encara.
Mesmo a cena final do pré-linchamento pode ser associada aos linchamentos reais de homossexuais.
Enfim, talvez eu tenha viajado demais, mas me parece uma crítica social em forma de metáfora insana que me agradou muito.
Até mesmo a cena dele amarrado sendo chicoteado é contemporânea, né?
A escrita também é muito competente, com uma bela gramática. O ritmo é ágil e a leitura é gostosa.
Muito bom. Parabéns e boa sorte!
Resumo: Uma menina se apaixona pelo porco de estimação que tem ares de humano e contraria a família e a sociedade para ficar com ele.
Olá, autor!
Nossa… nem sei o que falar sobre esse conto… olha, eu não gostei….
Está bem escrito, a ambientação é ótima, a narrativa em primeira pessoa bem convincente, mas a história é muito ruim, causa um mal estar só de imaginar… Fiquei pensando no que você pretendia com isso… se era só uma simples história de zoofilia ou se era uma metáfora, sei lá… mas pela cena do acoite e quando o Pig foi trancado no chiqueiro, eu imaginei que se fosse mesmo uma metáfora, seria em relação aos escravos, o amor entre um escravo e uma sinhazinha, mas sob esse ponto de vista o conto ficou pior ainda, pq deixou claro que é uma coisa repugnante, que são espécies diferentes, o que em relação aos escravos, não é verdade… Desculpe… estou viajando demais aqui… desconsidere toda essa história de metáfora, só vou incluir isso no comentário para deixar claro que pensei bastante sobre o conto e que ele teve um impacto grande em mim, pena que foi um impacto negativo. Boa sorte!
Resumo: Uma jovem ganha um porco do pai quando criança. Pig, um porco de raça desconhecida começa a se parecer com gente. A família veste Pig com roupas e ele ajuda na fazenda. Depois de assumir para a família que está namorando Pig, o pai não aceita e manda Pig embora. No altar, a ponto de se casar com outro, a jovem foge para ficar com seu grande amor: Pig. Grávida de Pig, morando na fazenda da família, ela e Pig aguardam a vingança do ex-noivo da jovem.
Não vou negar que eu me assustei com o andar da carruagem (do conto). Pensei: não é possível que a “história de amor caipira” é sobre o amor de uma menina/mulher com um porco! UM PORCO! E, para minha surpresa (um conto que surpreende sempre ganha pontos positivos) era realmente sobre o porco! E o mais inacreditável: do meio pro final eu já estava torcendo para a mulher ficar mesmo com o porco! (kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk) DESCULPA, mas não resisti a risada. Evidentemente que o porco ganhou traços humanos, jeito humano, sentimentos humanos e devido a essa humanização do animal, ganhou sentido, fazendo com que eu, como leitora, esperasse a superação. O diferente, o deslocado, ganha foco e se torna o centro da atenção na história, fazendo com que o porco, e não a narradora, se tornasse o personagem principal. A narrativa simples e enxuta encaixou-se perfeitamente com a essência da história. Um conto bem interessante que eu vou indicar para outros leitores. Parabéns, Jeca Tatua, eu simplesmente amei! 😀
Resumo: a história de amor entre uma garota e um porco — e a estranheza que isso causa entre as pessoas.
Impressões: trata-se de uma fábula quee, como tal, nos convida a entrar no universo mágico, fantástico, surreal ou qualquer outr sinônimo. Pelo que entendi, a intenção do autor foi tratar de amor entre diferentes. Claro que há o exagero, mas a ideia mostra-se interessante se pensarmos que estranheza igual acontecia, provavelmente, durante a escravidão, quando brancos e negros se apaixonavam e se condenavam a viver uma relação sofrida, distante e que nunca poderia vingar. Talvez pudesse acontecer na alemanha nazista, também, quando arianos e judeus se gostavam… Aqui a relação entre a garota e o Pig é levada adiante contra tudo e contra todos, o que provoca a ira de quem está por perto. E de fato o conto, apesar de aberto no fim, permite entrever um arremate trágico para ambos. É o que ocorreria, provavelmente, se um branco e uma negra insistissem em demonstrar seu amor às claras numa sociedade racista como era a brasileira no século XIX — algo que infelizmente persiste ainda hoje.
Quero actreditar que foi essa, de fato, a intenção do autor com essa fantasia. Provocar certa reflexão por parte do leitor. Fazê-lo questionar seus princípios e seus preconceitos. É fácil gostar do porquinho do texto, tanto pela inocência como pela graça, mas será que teríamos a mesma reação se nossos filhos chegassem em casa com alguém cuja aparência, modos ou pensamentos nos causassem desconforto?
Deixo aqui meus parabéns e desejo boa sorte no desafio.
Car(x) autor(x)
Estou aproveitando esse desafio para desenvolver um sistema de avaliação um pouco mais técnico (mas não menos subjetivo). No geral, ele constitui nas três categorias propostas no tópico de avaliação: técnica, criatividade e impacto. A primeira refere-se à forma, à maneira com a qual x autor(x) escreve, desde o uso de pontuação, passando por ortografia e mesmo escolhas de estruturação. A segunda refere-se ao conteúdo, ou seja, a que o conto remete e quais as reflexões que podem ser levantadas a partir disso. Por fim, a terceira refere-se ao estilo, quais as imagens construídas e as emoções que elas evocam. Gostaria de pontuar, também, que, muitas vezes, esses critérios têm pontos de intercessão entre si, sendo que uma simples palavra pode afetar dois ou mesmo três deles. A pontuação final é dada, portanto, pela média dos três critérios, sendo que uma nota elevada em um deles pode elevar a nota final. Dito isso, prossigamos à avaliação.
Resumo: A história de uma menina que se apaixona por um porco e eles acabam por começar um relacionamento.
Técnica: A narrativa em primeira pessoa funciona muito bem aqui, permitindo uma aproximação com a protagonista. Isso também dá uma dimensão diferente aos absurdos da história, já que, ao “ouvir da boca” de quem viveu, isso se naturaliza sem deixar de ser cômico.
Criatividade: Sem dúvidas, o tema em questão é extremamente interessante. Só senti falta de uma discussão mais profunda, de maiores reflexões acerca de tal tabu. Acredito que seria possível fazer isso mesmo com um tom satírico.
Impacto: As surpresas são muitos e o conto acaba por se tornar muito engraçado justamente pelo fato de que os acontecimentos são inesperados. A risada vem instantânea.
Resumo: uma família adota um porco e o chama de Pig e, aos poucos, ele vai ganhando mais humanidade, andando sobre duas patas e até vestindo roupa de gente. A filha da família se apaixona por ele e acaba num fim trágico.
Confesso que esse foi um dos contos mais estranhos que já li aqui no EC. Aborda a questão dos animais antropomorfizados, mas não de maneira infantil ou cômica, como geralmente é tratado. Quando o Pig entra na roda de amigos e participa da brincadeira, tudo que pensei foi “WTF?”. Ou quando ele fica excitado e acabam colocando roupa nele. Essa sensação de estranheza foi me acompanhando pelo conto e não entendi muito bem onde queria chegar, além de tratar as lendas urbanas de caipira que se relaciona com animais. Mas alguns aspectos são muito interessantes. Como a questão da roupa, algo que nos diferencia dos outros animais e o que entregou certa humanidade e até civilidade ao Pig. Quando ocorre a revelação da filha e o pai tira a roupa dele, é como se estivesse tirando essa humanidade concebida: ele fica “nu”, é visto como porco novamente. É quase uma versão de Adão e Eva, que se enxergam nu. E o mais engraçado é que a “nudez” é algo super humano, já que na natureza estão todos nus.
RESUMO:
Menina, filha de fazendeiro, compra um porquinho ao qual dá o nome de Pig. O animal híbrido tem o costume de andar sobre as patas traseiras, tornando-se um bípede. Durante uma brincadeira, a menina beija o porco o que o deixa excitado. A mãe, temerosa com o ocorrido, passa a exigir que Pig use roupas. A menina vai estudar fora e quando volta se depara com um moço bonito que na verdade é o porco crescido. Os dois resolvem namorar, mas o pai da moça não aceita e o açoita e expulsa da fazenda. Quando os pais morrem, a moça decide se casar com Taquara, o namoradinho de infância. Na hora do sim, ela avista Pig chorando e abandona o noivo no altar. Ficam juntos, ela e Pig. Grávida, escuta o primeiro eu-te-amo do amado porco, mas um grupo se aproxima da casa liderados pelo Taquara, sedento por vingança.
AVALIAÇÃO:
Conto escrito na primeira pessoa do singular, com jeitão de causo caipira.
A narrativa carrega em si um tom ingênuo de conto de fadas (A princesa e o sapo) e, ao mesmo tempo, aborda um tema tabu (a zoofilia).
Portanto, apesar da linguagem ser bastante simples e a narrativa seguir linear, o conto apresenta uma certa ousadia no desenvolvimento da trama.
Não percebi falhas importantes de revisão.
A leitura flui com grande facilidade, sem entraves ou grandes sobressaltos.
Parabéns por participar da última rodada da Liga 2019. Feliz Natal e que 2020 traga muita luz, paz, amor, saúde, prosperidade e esperança. 🙂
Uma História de Amor Caipira (Jeca Tatua)
Resumo:
A estranha história de Jeca Tatua, Pig e Taquara. A paixão de uma menina pelo porco. Para surpresa, eles se casam e a protagonista engravida. Se é que entendi bem.
Comentário:
É um texto muito difícil de comentar. Peço desculpas ao autor se não compreendi a história. Da maneira que assimilei o texto, fui procurar um termo para descrevê-lo. Pensei em surreal, e coloco todos os outros sinônimos: absurdo, incongruente, incoerente, ilógico, estranho, bizarro, esquisito, kafkiano. E acrescento: assustador. Nunca, em tempo algum, fiz leitura de texto com história parecida. Posso estar totalmente fora do tempo. Se for novidade, não conheço. Não é texto infantil, não existe uma classificação em que eu possa enquadrá-lo. Volto a afirmar que peço desculpas se não compreendi a mensagem do autor. Estou totalmente incapacitada de emitir qualquer comentário. Desta maneira, não tenho como avaliar, não sei o que dizer. Desculpe-me, Jeca Tatua, não fique chateada comigo. Estou sem elementos, sem palavras. Sem entender.
Abraços…
Sinopse
Um fazendeiro retirava sua venda da produção e venda de porcos. No intuito de iniciar sua filha nos negócios e ter mais sociabilidade, ele a leva junto nas negociações e ela tem direito a escolher alguns barrões. Um dos porcos que ela escolhe (de raça indefinida) se torna seu bicho de estimação. Pig, o porquinho da protagonista começa a adquirir comportamentos humanos ao longo do tempo.
Comentário
Como analisar esse “exótico” conto? Apologia a zoofilia? Não, não serei tão inquisidor assim. Vamos tentar seguir essa linha: uma crítica social, usando um metafórico relacionamento de uma garota com um porco! Não muda muita coisa assim. Vamos começar pelo título, Uma história de amor caipira remete a ideia de que a iniciação sexual das pessoas no interior se dão apenas com animais, como se isso fosse apenas um fenômeno psicossexual de quem mora no interior. Colocar uma criança nessa posição de relação erótica e afetiva com um porco soa desconfortável. O humor no conto é escrachado, mas soa forçado. Colocar uma criança nessa posição, e olha que já li de tudo em relação a crianças (quem já leu Bukowski que o diga) retira toda e qualquer credibilidade da crítica. Esse é o tipo de humor que não me faz rir, e quando rio, não foi por ser engraçado, rio do absurdo de alguém escrever tal coisa. Se fosse tratado como caso do interior, e a protagonista não narrasse em primeira pessoa, soaria menos absurdo e mais hilário. Me pareceu no fundo que o autor queria retratar “alguém”, e talvez tenha conseguido. Assim como em a Revolução dos bichos, ficamos perdidos sem saber quem é o porco dessa história.
Notas de Leila Carmelita
– A Gata de Luvas – 4,0
– A Hora da Louca – 4,5
– A Onça do Sertão – 3,6
– A Pecadora – 5,0
– App Driver – 1,0
– Estantes – 5,0
– Famaliá – 3,5
– Festa de Santa Luzia: Crônica de uma Tragédia Anunciada – 5,0
– Lágrimas e Arroz – 1,0
– Muito Mais que Palavras – 1,5
– Na casa da mamãe – 3,5
– O Legado da Medusa – 4,5
– O que o Tempo Leva – 1,8
– O Regresso de Aquiles – 4,0
– O Vírus – 2,5
– Suplica do Sertão – 5,0
– Trilátero Ourífero – 4,5
– Uma História de Amor Caipira – 1,0
Contos favoritos:
Melhor técnica – Estantes
Mais criativo – Festa de Santa Luzia: Crônica de uma Tragédia Anunciada
Mais impactante – A Pecadora
Melhor conto – Suplica do Sertão
Resumo
Menina vai com o pai, criador de porcos, a um leilão para comprar um animal e pede ao pai que a deixe levar para casa um porquinho. O pai aceita, mas pede que ela não se afeiçoe ao animal, pois o servirá na ceia de Natal. O porco acaba demonstrando habilidades humanas, como andar sobre duas patas, e passa a ser tratado como humano. Durante uma brincadeira infantil, a menina beija o porco na boca e apaixona-se por ele. Larga o noivo no altar por causa do seu amor pelo porco, mas consegue ficar com o animal apenas quando os pais morrem.
Comentário
Nossa, nem sei o que dizer. Uma ideia bem inusitada, parabéns pela criatividade.
O texto está bem escrito e por ser tão inusitado me fez ler correndo para ver se aconteceria o que realmente aconteceu. Já na hora da brincadeira das frutas eu vi que o caminho seria estranho rsrs.
Algumas vírgulas, mesmo não obrigatórias, dariam mais fluidez ao texto. Há quem acredite que vírgulas trunquem, interrompam a leitura, porém, sou da opinião de que elas tornam a leitura mais fluida, pois facilita o entendimento e evita retornos ao trecho lido.
Não citarei os casos de vírgulas facultativas, mas sugiro fortemente o uso neste caso: “sempre recebíamos visitas de comerciantes e familiares (vírgula) e as crianças se juntavam para brincarmos no imenso quintal.
misturado a (à) pequena multidão
E de esse (desse) dia em diante
dedicamos a (à) agricultura orgânica
Uma História de Amor Caipira
Resumo:
Garota do interior se apaixona por um porco. O porco é “o cara”, mas o pai da garota dá nele um “passa-fora”. Os pais da garota morrem e ela resolve se casar com o Taquara, o amigo de infância. No dia do casamento Pig, o porco que é “o cara”, aparece e a garota não casa com o Taquara, mas fica vivendo com o porco, o Pig. A turma acha aquilo muito estranho e parte pra cima de facões, enxadas e picaretas. Era o dia da vingança, quando fariam um porco no rolete com o próprio Pig (essa parte foi excluída do texto).
Comentários:
Caro Jeca Tatu,
História legal, contada com propriedade. A fantasia da garota com a humanização do porco, a aceitação e a naturalidade com que todas as coisas acontecem foi encantadora. Mas haveria uma ruptura pelas mãos do pai da garota. Tudo bem que goste do porco, mas beijar na boca já é demais, vai que o bicho vira príncipe. E foi o que aconteceu. Embora não tomando a forma humana, o Pig já começou a falar “eu te amo”, um feito e tanto. Mas a desgraça é que as coisas desse tipo não podem ficar baratas e a rapaziada, certamente comandada pelo cornudo do Taquara, parte pra cima do Pig e da garota.
Parabéns pelo conto.
O que aconteceu aqui? hahahahah
Um porco que vive como gente, anda como gente e parece meio que um híbrido de humano e suíno e desperta paixões. Acho que não poderia ser mais bizarro. Mas quem sou eu pra falar, já escrevi a história de amor entre uma menina e um cavalo que resultou no nascimento de um centauro!
De início eu achei o conto um tanto corrido, mas depois entendi que a proposta é de uma estrutura de conto de fadas. Esse trato da história me deu a impressão de uma obra de realismo mágico (ou maravilhoso) que casou bem com a história. Confesso que ainda estou intrigado em como o conto prendeu minha atenção, mesmo começando despretensioso.
Uma coisa que achei interessante foi a neutralidade narrativa até determinado ponto. Fiquei me perguntando se era uma voz feminina ou uma voz masculina até que a própria gramática me revelasse isso. Achei um ponto bem legal na construção do texto.
Não posso dizer sobre a construção de maneira mais técnica, pois não vi muitos erros no decorrer da leitura (e tô lendo no trabalho, correria o tempo todo, nunca se sabe quando seu chefe pode te pegar no flagra lendo).
Enfim, eu gostei bastante dessa pegada surreal com toques de realismo mágico, contos de fadas e esse lance da normalização das estranhezas. Foi um conto agradável e estranho de ler.
Abraço!