O vento soprou pela fresta da janela no quarto da mãe. Ítalo arrepiou-se com o som e se encolheu sob a coberta azul. Em um movimento automático, o rapaz tapou o rosto com ela e aspirou o perfume de Ângelo. Fora um excelente presente pelos quatro meses de namoro. Voltou a atenção para o tablet e continuou assistindo a série sobre uma bruxa adolescente. Já estava terminando a segunda temporada e seu estômago roncou.
Havia passado as últimas seis horas assistindo. Se sua mãe ou Ângelo soubessem, iam reclamar o dia seguinte inteiro, seria um domingo muito longo. O celular vibrou duas vezes, o jovem pegou o aparelho ao lado do travesseiro e esticou o braço deslizando o dedo sobre a tela do tablet para pausar o episódio. Xingou baixinho por conta da interrupção.
A primeira mensagem era da mãe explicando que voltaria apenas na terça e não no dia seguinte como havia prometido. Mais reuniões no início da semana fariam ela ficar presa na outra cidade. Ítalo não respondeu, pois não queria ser grosseiro com a mãe. O trabalho dela o chateava muito.
A segunda mensagem era de Luana, ele leu o texto que terminava com uma promessa, caso ele enviasse o mesmo pra dez amigos. Era melhor não arriscar ter o azar que citava na mensagem, e ele tratou de marcar as pessoas e enviá-lo depressa.
Sem o som do tablet, ele podia ouvir melhor o assobio do vento na janela do quarto ao lado. No silêncio cada barulhinho ficava tão alto. O desconforto aumentava e ele se sobressaltou quando o celular vibrou de repente, avisando que havia mais mensagens. Tentando respirar mais devagar, ele repetia a si mesmo que estava tudo bem. Leu as palavras de Ângelo dizendo que ia à missa com os pais e passaria na casa dele rapidinho na volta. O garoto desejou que o namorado não fosse tão teimoso. Se ele alugasse o quartinho dos fundos poderiam ficar juntos mais tempo, principalmente quando a mãe de Ítalo estivesse fora. Mas tudo dependia da reação dos pais de Ângelo quando ele revelasse que era gay.
Jogou o celular para o lado e voltou a olhar o tablet. Não querendo continuar a assistir por enquanto, ele deslizou os dedos sobre a tela para ler os comentários das pessoas.
O primeiro era um elogio para um dos atores coadjuvantes. Ele não concordou, Ângelo era muito mais gato que muita celebridade. Ítalo se perguntou se Não seria o amor falando mais alto.
Ainda pensando no namorado ele leu o segundo comentário. A garota dizia que não achava legal usarem palavras de feitiços de verdade. Quem garantia que não estavam amaldiçoando os telespectadores? Ítalo concordou e se sentiu enjoado. Continuou olhando os comentários, mas não havia mais nada de interessante.
Estava quase voltando ao início da página e clicando para reproduzir, quando viu um comentário com todas as letras maiúsculas: “NAO PARE DE LER! EU SOU JEYSA. MORRI EM UM ACIDENTE DE CARRO.
VOU SEGUIR ASSOMBRANDO VOCES QUE ESTAO VIVOS. MANDE ESSA MSG PARA VINTE PESSOAS ATE A MEIA NOITE, OU VOU TE ATORMENTAR ATE VIRAR UM ESPIRITO COMO EU.”.
Ele ignorou o desejo de enviar a mensagem. Conseguiu assistir mais dez minutos de série, porém os pensamentos se desviavam para o comentário da página. Ele não queria ser assombrado por nada. Clicou no tablet em enviar para o whahtsap e começou a clicar nos nomes na lista. Aproveitou os dez contatos de poucos minutos atrás, marcou a própria Luana e mais alguns amigos do curso. Fez as contas e enviou. Respirou aliviado por um momento. Lembrou da teoria de Tiago sobre o motivo de coisas estranhas acontecerem quando estamos com medo. Ele dizia que pesquisar textos ou vídeos assustadores dava espaço para que forças do mal se manifestassem. Como se facilitasse o território para elas. Ítalo sentia o coração acelerado. Detestava o silêncio. O episódio foi reproduzido só para não ficar ouvindo o estúpido assobio do vento. Sem prestar mais atenção no tablet, ele pegou o celular e procurou o vídeo que Ângelo tinha feito para ele no dia dos namorados. Tratava-se da música favorita de ambos tocando enquanto passava várias fotos do casal. Ele gostava mais da última foto. Estavam andando de bicicleta no parque e Ângelo estava sorrindo de lado, o sol iluminando o cenário ao redor. Ítalo não cansava de admirar aquele rosto, Ângelo era mais forte do que se dava conta. Não pela primeira vez, imaginou como seria bom vê-lo toda tarde, não só algumas vezes na semana. Ele tinha que conversar logo com os pais, se desse tudo errado, algo legal sairia da situação. Teria Ângelo só para si.
Sentiu nesse momento uma dor forte na barriga. Desesperado levantou-se da cama, jogou o cobertor para o lado e correu descalço para o banheiro no final do corredor. Após usar o vaso e dar descarga, levantou-se para lavar as mãos. Ficou olhando para o espelho tentando ignorar a sensação de perigo. Imaginou que havia alguém atrás dele. Era bobagem. Olhou para o espelho com o canto do olho e viu um rosto diferente. Não eram os olhos azuis que o fitavam de volta, não viu as bochechas que Ângelo adorava apertar e o nariz de batata que detestava. Viu um rosto de garota, a pele branca, olhos castanhos, cortes por toda parte e muito sangue. Ele piscou e olhou para baixo, ainda estava tirando o sabão das mãos. Tentou dizer a si mesmo que só estava assustado. Não havia nada no espelho. Ergueu os olhos outra vez para dar uma segunda olhada. O rosto ainda estava lá. Gritou de medo e saiu correndo do banheiro. Passou perto da porta da cozinha para chegar no quarto e ouviu algo caindo no fundo da pia. Era um prato ou copo. Entrou no quarto e bateu a porta, o barulho o deixou um pouco mais calmo. Lembrou que lavou a louça pela manhã e colocou tudo de qualquer jeito pra secar. Respirou fundo, pegou a toalha e secou as mãos o melhor possível. Apalpou os bolsos e notou que o celular tinha ficado no banheiro. Por que tinha a mania estúpida de mexer nele enquanto estava lá? Precisava voltar para pegá-lo, mas não tinha coragem.
O computador que estava ligado apagou-se de súbito. Ele sentiu um frio no estômago. Veio à mente uma cena de um seriado de fantasmas que assistia, onde os espíritos interferiam com aparelhos eletrônicos. O coração batia depressa e ele se sentiu enjoado mais uma vez. A parte racional do cérebro dizia que ele estava exagerando. Forçou-se a abrir a porta e deu um passo no corredor. A porta da frente bateu com força e ele ficou paralisado.
Não queria se mexer. Sentia que a casa inteira era uma zona de perigo. Imaginou um ser maléfico atrás dele, ou nas sombras do corredor, ou no canto da parede do banheiro. Tinha de pegar o celular e ligar para Ângelo. Ia sair de casa e esperar ele em algum lugar para comerem algo juntos.
Caminhou a passos rápidos para o banheiro sem pensar muito no que fazia. Era como se fugisse de alguém, embora estivesse sozinho. Entrou no banheiro, agarrou o celular e saiu correndo na direção do quarto. A um metro de distância da porta, sentiu uma onda de frio ao redor. Um nó na garganta e um grito sufocado. Diante dele, pairando no ar havia uma garota com as roupas esfarrapadas cheias de sangue. Ele podia ver as ferragens de algo que devia ser um carro atravessando o peito da menina. Os grandes olhos castanhos fitavam Ítalo com ódio. Ele respirou fundo e sentiu cheiro de sangue, tapou a boca com a mão ainda observando a garota. Ela gritou. O som dava agonia, gelou o sangue de Ítalo e ele se afastou depressa. Bateu as costas na parede do corredor e piscou. Como se tivesse acordado de um transe. As mãos tremiam sem parar e o garoto disparou para o quarto batendo a porta pela segunda vez.
Jogou-se na cama enrolando o cobertor ao redor do corpo. Tentava se acalmar dizendo a si mesmo que tinha imaginado a garota. Sentia a cabeça latejar e os sentidos não estavam normais. Fechou os olhos sentindo tontura e lembrou que não tinha comido nada a muito tempo. Se contorcendo um pouco ele alcançou o celular no bolso e o trouxe para a frente dos olhos. Clicou para desbloquear e na tela apareceu o comentário que tinha enviado para as vinte pessoas. Tentou ver a hora, mas o celular estava travado nas palavras amaldiçoadas. Sentiu então uma pressão nas costas, uma força como se uma rocha pesada fosse colocada ali. Tentou se mover e o ar não era suficiente. Se debateu o mais que pôde.
“Que conveniente. Vou morrer de bruços.”, pensou desesperado. De repente conseguiu rolar para o lado e na ânsia de afastar-se acabou caindo pela lateral da cama.
“Preciso sair daqui.”, pensou ele com urgência.
Uma onda de frio inundou o quarto. Trazia consigo uma aura maligna que deixou os extintos de Ítalo em alerta. Ele foi se arrastando na direção da porta. Dizia a si mesmo que era o mais seguro a se fazer. Porém não seria o caminho mais rápido. Portanto, perto da porta do quarto ele se ergueu e descobriu porque andar seria tão mais perigoso. O espírito varreu o ambiente com um vento forte e ele correu sentindo objetos contra as costas e ombros. O pior foi algo arremessado atrás do joelho. Ele quase se desequilibrou. Não queria olhar para trás e ver o que o espírito havia feito em seu quarto. Não compreendia porque o fantasma o perseguia. Tinha enviado a mensagem para todas as vinte pessoas.
“A menos que eu tenha contado errado.”, disse a si mesmo chegando à cozinha. Queria verificar o celular, porém ao atravessar metade da distância até a porta para o quintal, Ítalo ouviu o barulho de vidro quebrando. Olhou em volta congelando no mesmo lugar. Como se ganhassem vida, os copos e pratos se lançavam na direção dele. Ítalo se abaixou no último segundo quando a travessa de salada passou por cima da cabeça dele e se espatifou às costas do rapaz. Alguns cacos de vidro o atingiram mesmo assim. Se sentiu dentro de um filme de ação, onde projéteis, bombas e mísseis eram atirados para cima dele.
– Deus me proteja, por favor! Sai coisa ruim! – pediu assustado. Ângelo explicou sobre a fé, sobre seres que não tinham uma natureza boa e Ítalo aprendeu a orar. Não que a frase que gritou fosse uma oração. Mas Ângelo disse que não havia regras pra isso.
Percebeu que o efeito foi contrário. De algum modo a força maléfica se enfureceu com as palavras proferidas e jogou nele uma das gavetas do armário. Na hora em que Ítalo passava na frente, a gaveta voou, bateu em cheio no peito do garoto e caiu em cima do pé dele. Dessa vez ele caiu sentado com o impacto. Como se não bastasse, a segunda gaveta veio pra cima dele também. O frio, o cheiro de sangue e a presença malvada deixavam Ítalo impotente.
Ele só se deu conta do acontecido quando sentiu os cortes. A gaveta estava cheia de talheres. As facas se cravavam na pele dele por toda parte, outros talheres furando a pele. E Ítalo pensou em se entregar. Estava fraco e machucado, não ia aguentar muito.
Porém, dentro dele o extinto de sobrevivência gritava para que se levantasse, arrastasse, qualquer coisa para sair da casa.
Ítalo tentou. As mãos se apoiando nos cacos de vidro. O sangue manchando as roupas e o tapete em frente ao fogão. O frio penetrando na pele e a dor sendo a única coisa que o deixava alerta.
Ítalo chegou até a porta. Apoiou-se nela com dificuldade e se ergueu. Quando olhou para a cozinha, o espírito apareceu com olhos repletos de uma loucura satisfeita.
– Não! – ele pensou que tinha gritado, mas era só um murmúrio.
O mundo balançou de um jeito incontrolável quando ele abriu a porta e caiu pelos degraus pequenos.
Resgatou o celular finalmente, respirando fundo. Não foi fácil ler os nomes na tela. Ele foi contando todas as pessoas pra quem tinha enviado a mensagem. Faltava um nome.
– Que burro – repreendeu-se. Sabia para quem ia mandar a mensagem. A única pessoa que poderia lidar com aquilo do jeito certo.
“Desculpe amor.”, pensou procurando o contato de Ângelo.
Sentiu mãos ao redor do pescoço apertando a garganta. O celular escorregou e caiu no chão e Ítalo perdeu a consciência, o ar e as esperanças de viver.
Mais tarde naquela noite, Ângelo entrava no quarto onde Ítalo jazia sob o efeito de medicamentos. Dormia profundamente. A médica responsável ligou para a mãe do rapaz comunicando que o adolescente estava no hospital.
Ângelo tinha vindo com a ambulância. O garoto entrou na casa de Ítalo trazendo uma caixa com salgados, quando deu com o namorado caído no chão todo machucado. Pensou tratar-se de um assalto, porém a causa real foi revelada pouco depois. Ao recolher o celular de Ítalo, ele encontrou a estranha mensagem ameaçadora.
Ângelo estava parado no pé da cama do pobre Ítalo e segurava com firmeza o terço que carregava na corrente do colar. Rezou baixinho e sentiu a presença maligna furiosa com o desafio e petulância dele.
As palavras da oração eram ditas com certa hesitação. Ele se esforçava para que o medo não tomasse o controle. Respirava fundo e não permitiu que nenhum pensamento duvidoso o distraísse. Os dedos apertando o pequeno objeto preso no colar, os olhos castanhos fechados com força e uma sensação de calor e paz emanando de seu corpo. Ângelo finalizou a oração com convicção e sentou-se ao lado da cama.
Ter fé e sabedoria para mandar embora um espírito não era para qualquer um. Claro que também cobrava seu preço.
O jovem sentiu-se cansado, inquieto por Ítalo não acordar e assustado também. Não esperava que algo assim fosse acontecer bem depois de sair da missa, poucos dias após aprender a oração em latim.
Enquanto verificava a hora no celular, este começou a tocar.
– Oi mãe. Não, eu estou ocupado.
Fez-se uma pausa.
– Estou no hospital e vou ficar aqui algumas horas… – ele ouviu a pergunta e disse: – Meu namorado foi assaltado. A mãe dele vai chegar de manhã. Sim, eu disse namorado.
Ângelo afastou o celular da orelha ouvindo os gritos histéricos, suspirou e disse calmamente:
– Conversamos de manhã. Não queria te contar desse jeito. Tchau mãe.
Desligou e fitou os olhos azuis de Ítalo que o encaravam.
– Espírito… – era tudo que ele conseguia murmurar.
– Está tudo bem. Aquilo foi embora. – tranquilizou-o Ângelo grato por saber que Ítalo ficaria bem.
– Sabe… eu aceito aquele convite para o grupo de jovens da sua igreja.
Ângelo sorriu e segurou a mão do namorado agradecendo aos Céus por ele estar vivo.
Enquanto sozinho em casa, Ítalo desafia sem querer um “espírito de corrente de comentários” e conta errado o número de replicações da corrente, sendo atormentado pelo espírito da garota que morreu atropelada. Ao final ele é encontrado pelo namorado que, por sua vez, um homem de fé, expulsa o espírito do hospital ao mesmo tempo que revela para a mãe, pelo celular, que é gay.
Gostei do final, que arremata um paralelo interessante entre o espírito maléfico e a pressão que Ítalo sentia de esperar que Ângelo contasse aos pais sobre sua orientação sexual. Não foi a toa que Ítalo acordou logo depois da confissão. Foi uma adição interessante ao conto; na verdade, foi um parágrafo que mudou completamente a minha visão sobre ele.
Você escreve muito bem. Tirando a sua obsessão em escrever “extinto” ao invés de “instinto” (rs rs rs) o conto está muito bem escrito com quase nenhum erro. Além disso você teve bastante espaço para trabalhar o psique de Ítalo e o aproveitou bem. As cenas são bem narradas e ambientadas. Tudo é muito bem descrito, e num ritmo que mantém o leitor ávido pelas próximas cenas até o final.
Após ler trocentos contos de terror aqui, notei uma coisa: a maioria deles têm inspirações em filmes de terror. O seu não é diferente: sua narrativa é muito visual, como a aparição da garota no espelho, os objetos voadores, o vento soprando pela fresta da porta. Penso que isso funciona muito melhor em filmes do que em texto. Um conto tem a oportunidade de trabalhar o que o audiovisual não consegue. O psique, o impossível, o inimaginável. Em texto você consegue descrever sensações, medos e pensamentos. Talvez seja melhor focar nisso ao invés da parafernália que os filmes são obrigados a se apoiar, como a garota voadora que solta gritos.
Mas, mesmo assim, seu conto foi muito bom de ler. Um dos melhores da série B. Parabéns mesmo!
Corrente Maldita (Srta. Sombria)
Resumo: A história de Ìtalo que um dia se vê envolvido em uma maldição de correntes digitais.
Então, trata-se de um conto infanto-juvenil de terror. A história tem por base uma dessas correntes insuportáveis que recebemos habitualmente por internet e não damos a mínima. Ocorre que no presente conto o protagonista, em virtude da solidão e do momento frágil, resolve acreditar no negócio, ignorando a sabedoria ensinada pelo namorado.
Curti: O pano de fundo da história. Achei muito interessante a escolha dos personagens principais, fugindo do óbvio ou clichê. Na verdade, fiquei mais interessado em como iria acabar a história de Angelo e Ìtalo do que o lance da corrente.
Não curti: O conto inteiro é baseado em ações, “correu, atendeu, abriu, fechou” em detrimento ao fluxo de consciência, que nesse tipo de suspense psicológico é essencial. Quando a agonia está basicamente retratada em ações estamos diante de um roteiro. Ou seja, ganha o visual, perde a emoção.
Anotações: “Ítalo se perguntou se Não seria o amor falando mais alto’
“whahtsap”
“a própria Luana” quem é Luana?
“Sentia a cabeça latejar e os sentidos não estavam normais. Fechou os olhos sentindo tontura” Sentia, sentidos sentindo….
“Porém, dentro dele o extinto de sobrevivência gritava”, se estava extinto não podia gritar. Acredito que aqui o autor tenha se confundido com “instinto”.
Boa tarde! Um rapaz não segue corretamente as ordens de uma corrente de internet e acaba enfrentando um espírito, sendo machucado e resgatado pelo namorado.
A escrita é boa, sem erros e flui muito bem. Senti falta de algo mais elaborado em relação às cenas do espirito, pois as descrições são muito objetivas. É um terror infanto juvenil, que traz pitadas de romance e até mesmo um pouco de moral ao final e também traz as questões de se assumir. Um bom conto, que transita entre os gêneros do desafio e que possivelmente agradará mais o público jovem, ainda mais por trazer essa lenda urbana, que fez sucesso no passado mas que agora é um tanto caricata.
Resumo: Ìtalo, um jovem, está passando pela dificuldade de assumir o relacionamento com ngelo. Sua mãe está ausente, e ele imagina como seria a vida dos dois se pudessem ficar juntos. Está numa rede social, e recebe aquelas mensagens corrente, que se não mandar para dez pessoas, algo de ruim vai acontecer. E acontece. Ele se vê encurralado por uma presença estranha, que o maltrata de diversas formas, desde um mal estar até alucinações sangrentas. Descobre o motivo: havia mandado para apenas 9 pessoas, e ao mandar para o namorado a corrente, acabou perdendo a consciência. Foi parar no hospital, onde o namorado o vela, e assume com a família dele o relacionamento. É redimido, pelo que se depreende, por aceitar participar do grupo de jovens na igreja.
Premissa: um terror psicológico, com elementos do universo adolescente e gay. A ideia da maldição da corrente, se não é original, funcionou adequadamente como estopim da narrativa.
Técnica: o texto é bastante introspectivo, ainda que personagem e autor estejam narrativamente dissociados. O terror é o inexplicado, o misterioso, e o escapar da mão do mal foi uma escolha corajosa, principalmente por ser bastante convencional
Voz Narrativa: simples, ainda que com um contexto bastante rico, a narrativa acaba de uma forma bastante moralista e resolutiva, sem fornecer os elementos que desvendem a razão do mal.
Resumo: rapaz recebe mensagem no celular contendo uma corrente/maldição que determina o reenvio a vinte pessoas. Como ele só manda para dezenove, acaba visitado pelo espírito maligno de uma garota, que o tortura até a quase morte. No fim, o namorado dele aparece e consegue manter o fantasma distante com um terço. Os jovens conversam e decidem aderir a um grupo de igreja.
Impressões: conto que trabalha com a ideia batida de corrente amaldiçoada. Não está mal escrito, mas o uso desse argumento, tão conhecido como chato, me fez torcer o nariz desde as primeiras linhas. Foi legal, contudo, ver a questão gay inserida, mas isso não foi suficiente para trazer o ar de frescor necessário para que eu me afeiçoasse ao conto. O protagonista não encanta – na verdade suas atitudes são teatrais e exageradas. O conto se desenvolve numa sucessão de cenas dispensáveis, em que o espírito de Jeysa, como todo fantasma-do-mal, opta por torturar Ítalo sem dó nem piedade. O final também não ficou legal, com essa aura de lição de moral no sentido de que basta a proximidade com a igreja e símbolos religiosos para espantar o mal. Enfim, não gostei dada a falta de ousadia. Espero que o autor possa nos apresentar algo novo na próxima rodada. De qualquer forma, outras pessoas podem gostar. Por isso, desejo a você boa sorte no desafio.
O que entendi: Uma alma penada, que não gosta de acentos, inferniza um rapaz por ele não passar adiante para 20 pessoas a corrente virtual maligna. Ele é salvo pelo namorado, que sai do armário e expulsa o demônio do conto.
Técnica: Não é a minha preferida de ler. O uso de elementos mais descritivos do que sensoriais cansa a leitura.
Criatividade: Vemos aqui um conjunto de situações muito encontradas nos filmes de terror adolescente. Vejo talento para escrever roteiros, mas precisando praticar mais a arte do conto; que é bem diferente.
Impacto: Uma leitura de conteúdo leve. Talvez a intensão fosse escrever um conto juvenil de terror. Não sei, mas não senti tensão.
Destaque: “Se sentiu dentro de um filme de ação, onde projéteis, bombas e mísseis eram atirados para cima dele.” – Ri muito aqui!
Sugestão: Dar uma enxugada no texto. Algumas passagens são totalmente desnecessárias para um conto rápido, de ação. Por exemplo: O fato de Ítalo dar descarga fez diferença na trama? Não, né? Procure ler o texto se fazendo essa pergunta.
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RESUMO
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Rapaz é atormentado por um espírito maligno que vem atacá-lo porque ele passou a corrente para apenas 19 e não 20 pessoas.
Namorado do rapaz sabe umas reza braba e manda o espírito embora, salvando o dia.
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ANOTAÇÕES AUXILIARES
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– Rapaz sozinho em casa se assusta com o vento, depois recebe mensagem misteriosa no celular
– recado da mãe e uma corrente tipo “passe para 10 amigos, senão você vai se foder”
– nos comentários, ele vê mais uma corrente, estilo “o Chamado”
– Adivinhem… ele passa a corrente
– começa a sentir dores
– começa a ser perseguido pelo espírito da moça no espelho
– descobre que só mandou pra 19 e não 20
– Acaba fodendo o namorado (no mau sentido), mandando o espírito pra ele
– o namorado chega e entra em confronto com o espírito, através de orações
– o espírito vai embora, o namorado revela para a mãe sobre a sexualidade, tudo acaba bem
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TÉCNICA
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Consegue contar a história com fluidez e fazer algumas descrições assustadoras, cumprindo bem o papel, mas sem um “algo a mais”.
– Não querendo continuar a assistir
>>> está subentendido que é a série (Sabrina?), mas esse assistir assim, sem complemento, fica incorreto.
– deixou os extintos de Ítalo
– dentro dele o extinto de sobrevivência
>>> instinto
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TRAMA
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Muito batida. Esse lance de correntes já foi bastante explorado no cinema, em creepypastas, etc. Praticamente nenhum aspecto do conto trouxe inovação.
A batalha final de Angelo contra o espírito se resolve de modo muito fácil e o clima de final feliz de filme da Disney acabou tirando um pouco o peso das partes mais assustadoras de antes.
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SALDO FINAL
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Cumpre o papel de ser um bom entretenimento, mas não vai muito além disso na técnica e abusa dos clichês na trama.
NOTA: 3,5
Aviso prévio: Todas as notas refletem única e exclusivamente minha opinião enquanto leitor. Não entendo nada de teoria literária. E não é que seu texto seja esta nota. Apenas para os critérios que decidi levar em conta neste desafio foi assim. Se avaliasse outros aspectos, a nota poderia ser diferente. E qualquer sugestão que faço sobre a narrativa não é algo como “ficaria melhor assim”. É só um brainstorm para ajudar em uma possível reformulação, se o autor tiver interesse em reformular, ou em brincar com o texto depois.
A menor nota por critério é zero.
Resumo: Garoto que está sozinho em casa é assombrado por uma daquelas meninas que morreram em algum acidente e passam zap pedindo para os outros passarem zap falando sobre o seu acidente. É salvo pelo seu namorado ao final da história.
Protagonista/Herói: Ítalo – Nota: 0,5 de 2
Ítalo é nosso herói. Ao longo da narrativa, não descobrimos muito sobre ele, além do fato de ser um pouco impressionável, homossexual e, bem… meio jovem. A caracterização é bastante superficial. Por um lado, isso tende a afastar um pouco a conexão do leitor com o personagem. Pelo menos este leitor. A superficialidade, contudo, pode ajudar a angariar um público jovem maior. Senti que o texto, inclusive, deve ser direcionado à geração do milênio.
O grande problema do personagem, contudo, está na ausência de peso por trás de suas ações e decisões. A ação é a melhor forma que existe para definir um personagem. É o dito sem explicitar. Jaime empurra Bran da janela sem uma longa explicação da sua motivação, Roland deixa Eddie esculpir uma chave sem questioná-lo sobre isso, Jim Gordon manda que o Batman não mate o coringa mesmo depois de ter sido torturado, Gon se torna amigo de sociopatas e critica outros sociopatas. Cada uma dessas ações revela quem o personagem é e nos ajuda a nos interessar por eles.
As ações de Ítalo, contudo, são bastante genéricas e não desenvolvem nem um pouco a sua personalidade. Funciona apenas como uma força que existe para sofrer o revés do vilão. E, por falar nele…
Antagonista/Vilão: Jeysa Nota: 1 de 2
Jeysa não é muito elaborada. Isso não é necessariamente algo ruim. Ás vezes, o mal é o mal e os mistérios que o cercam tornam-no mais interessante do que explicações desnecessárias. O problema é que a mensagem da corrente, enquanto não aprofunda a personagem, solidifica sua origem como algo não muito interessante. “Morri em um acidente de carro”… fica meio… “meh”. Uma sugestão (e é apenas isso) seria suprimir o que aconteceu com a menina e passar pequenas dicas ao longo do texto através da assombração. Se isso não for feito, acredito que a narrativa pede por uma pequena orientação sobre como alguns espíritos da geração y são loucos, ou qualquer coisa do tipo. Vai dar um pouco mais de peso ao texto.
Enquanto Jeysa não é uma personagem muito interessante, ela certamente cumpre com seu principal papel de vilã, fazendo a história se mexer do ponto A para os pontos B, C e D. Por isso, deve garantir alguns pontos nesta parte.
Mudanças de valor na narrativa -Nota: 2 de 3
O principal valor que acompanha a narrativa é o binômio segurança (+) e tragédia (-).
Há certa competência durante as trocas de aspectos positivos e negativos. Começamos o texto na segurança da casa, no mundo onde os terrores são apenas ficção, um seriado de terror, uma corrente macabra, etc.
Aos poucos, faz-se uma inversão com possíveis perigos no mundo real, com as assombrações que ganham força de maneira rápida. A incredulidade de Ícaro diante das circunstâncias é, às vezes, um pouco cansativa, mas não interfere muito na troca entre segurança e tragédia que elevam a tensão na trama.
O que o texto pretendia/ o que o texto fez – Nota 1,5 de 3.
Lembrando, essa parte é acima de tudo um palpite.
Para além da tensão que as histórias de terror buscam causar, o autor optou por apresentar dois personagens homossexuais que vivem diante de um mundo que não os aceita. A sobrevivência ao ataque ao espírito vingativo é, em certa medida, a sobrevivência diante do mundo vingativo que os cerca. Assim, o ataque sem causa sensata do espírito é como o ataque sem causa sensata do mundo. Ao superar Jeysa, os personagens também se preparam para superar o mundo. É nesse sentido que podemos entender como Ângelo decide afirmar-se enquanto homossexual para a mãe, diante da quase morte do namorado.
Então por que não funcionou tão bem?
Acredito que pelo simples fato de que a maior transformação na história não se deu com o personagem que acompanhamos desde o começo, mas sim com alguém que só acabou dando as caras no final. Se foi Ítalo aquele que aguentou a maior parte dos tormentos, é razoável que seja ele quem mais sofra uma transformação com a trama. A essa altura do campeonato, não nos importamos tanto assim com Ângelo.
Síntese: Um texto que entende como as histórias de terror comumente buscam elementos de tensão pelo binômio segurança/tragédia. Peca, contudo, na caracterização dos personagens, e mesmo em seus respectivos desenvolvimentos, o que enfraquece a narrativa. No geral, achei que o texto começou muito bem, mas gradativamente decaiu (teria sido a pressa para cumprir o prazo?).
Nota final: 2,5
Corrente Maldita – Srta. Sombria
O início é o que cativa. O meio é o que sustenta. O final é o que surpreende. O título é o que resume. O estilo é o que ilumina. O tema é o que guia. E com esses elementos, junto com meu ego, analiso esse texto, humildemente. Não sou dono da verdade, apenas um leitor. Posso causar dor, posso causar alegria, como todo ser humano.
– Resumo: Ítalo está sozinho em casa e se vê vítima de uma corrente virtual e verdadeiramente maligna. Completamente isolado e preso com o espírito, vê-se quase morto, sendo salvo pelo namorado e pelo sagrado espírito de Deus.
– Início: Enfadonho. Acompanhar um rapaz comum, sem graça, sem personalidade, que se importa demais com aparências e trivialidades, não é algo muito atraente. Mas talvez tenha sido prazeroso escrever sobre isso. A paixão na escrita, apesar da técnica meio ruim, é evidente.
– Meio: Fraco. Essa é a definição ideal para o conto. Quando o terror começa a se desenvolver mesmo, de fato, tudo fica muito corrido, sem desenvolvimento. Muito afobado. A premissa é simples e o autor não explora muito bem o fator de horror apresentado. Talvez não seja tão criativo assim, aproveitando literalmente uma creepypasta bem popular, sem nenhuma surpresa.
– Final: Péssimo. Sério… Que final foi aquele? Terminei a leitura revoltado. Não bastou a narrativa morna demais e a execução preguiçosa, precisou colocar um final simplista e sem noção… Minhas sinceras desculpas ao escritor, mas acho que talvez seja um dos piores contos que já li na EntreContos no geral.
– Título: Adequado. De acordo com o texto, tendo em vista que o espírito maligno se guia pela corrente virtual.
– Estilo: Potencial. O autor não escreve mal, mas também não está num nível que podemos considerar aceitável. Eu, como leitor, quero ler coisas prazerosas. História é algo que dá pra consertar ou mudar. O estilo, a narrativa, ah, bem, o assunto é bem diferente. O autor precisa se focar em duas coisas: ler muito e praticar a formação de frases. Ele escreve de forma bem informal, como se estivesse contando um causo para um amigo. Não há uma estrutura sólida e bem definida. Deve-se focar nessas duas coisas, por agora.
– Tema: Perfeito. Um dos pontos altos do conto, de fato, é o desenvolvimento do clima. Se a escrita fosse melhor, e a premissa também (ou pelo menos sua execução), poderia se dar bem nessa área da literatura.
– Conceito: Latão.
Olá Srta. Sombria; tudo bem?
O seu conto é o sexto trabalho que eu estou lendo e avaliando.
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O QUE ACHEI DO SEU TEXTO
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Gostei da premissa e da escolha que fez ao optar mostrar a história para o leitor através dos olhos de personagens que, além da assombração “fantasmagórica” (o espírito da acidentada que se manifestou na casa do protagonista), também eram assombrados pelo “fantasma do preconceito”, demonstrado no texto pelo medo de trazerem à luz a realidade íntima que escondiam de suas famílias.
Essa dualidade narrativa também se manifesta em outras camadas, ao tangenciar a esfera religiosa; contrastando o Bem e o Mal de forma dicotômica, apresentando preceitos e ensinamentos judaico-cristãs intrinsicamente misturados à vivência de temática homoafetiva.
Talvez, o ponto de maior destaque do trabalho seja exatamente a presença dessa pluralidade, que se torna marcante por sua interseção.
Alguns errinhos ortográficos e de sintaxe se mostraram presentes, mas foram poucos e não chegaram a travar a leitura ou mesmo a imersão na história. Destaco abaixo alguns apenas com o intuito de auxiliar o/a autor/a numa futura edição do texto:
“não tinha comido nada a muito tempo” –> “há” muito tempo (no sentido de ter/existir);
“extintos” –> instintos (no sentido da frase).
Sem mais… Parabéns pelo trabalho! E boa sorte no Desafio! 🙂
Bem, pra finalizar… As regras do Certame exigem que eu faça um resuminho do trabalho avaliado, para comprovar minha leitura. Então vamos lá:
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RESUMO DA HISTÓRIA
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Rapaz que encontra-se sozinho em casa recebe uma mensagem assustadora em seu celular e acaba sendo assombrado pelo espírito de uma acidentada. Por muito pouco não vem a óbito, e acaba sendo socorrido por seu namorado, que o leva para o hospital.
Resumo: Corrente Maldita (Srta. Sombria)
Um conto que fala de uma corrente maldita… Dãaaa! Claro né, Sidney! Bem, vamos lá, eu achei mais engraçado que aterrorizante. É um cara, um homossexual que está em casa mexendo no celular e no tablet e se depara com uma daquelas correntes, precisa enviar a mensagem para 20 pessoas e ao enviar acaba contando errado e envia apenas para 19, então começa a merda!
A garota o persegue, ou melhor, o espirito e o bicho pega… até chegar seu namorado e rezar em latim e salvar a vida do seu amado… Fim… Ah, temos um final bonitinho… O namorado se revela para mãe e o outro decide ir a igreja e tudo acaba bem… Meio bonitinho demais, mas tem quem goste desses finais… Não disse que não gostei! hehe
Ítalo se perguntou se Não seria o amor falando mais alto. – Ítalo pensou se não seria o amor falando mais alto
deixou os extintos de Ítalo em alerta. – instintos
porque andar seria tão mais perigoso – tão perigoso
Muitos “porém” (5 durante o texto) … muitos “Itálos” (26 durante o texto)… repetição… A narrativa também insiste no uso do “se” (40 “se” durante o texto)… se sentiu, se sobressaltou, se perguntou… etc… atente a isso.
Clicou no tablet em enviar para o whahtsap – whatsapp
Avaliação: (Para os contos da Série A-B não considerarei o título, as notas serão divididas por 5 para encontrarmos a média. Porém teremos uma ordem de peso para avaliação caso tenha empates… Categoria/ Enredo / Narrativa / Personagens / Gramática.
Terror: de 1 a 5 – Nota: 3 (Regular)
Gramática – de 1 a 5 – Nota 2 (Pode melhorar para o próximo)
Narrativa – de 1 a 5 – Nota 2 (Não curti, achei bem adolescente, mas pode ser
opcional)
Enredo – de 1 a 5 – Nota 2 (Achei pouco original, ficou bem a reprodução de algo que já tem nas postagens pela internet, vejo muito isso em comentários)
Personagens – de 1 a 5 – Nota 3,0 (Não me cativaram, nem o Ângelo, nem o Ítalo e nem a fantasma)
Total: 12,0 / 5 = 2,4
🗒 Resumo: um rapaz recebe uma daquelas correntes, que acaba sendo de verdade. Ele esquece de mandar para uma pessoa é amaldiçoado por um terrível espírito. No fim, é salvo pelo namorado.
📜 Trama (⭐⭐⭐▫▫): a história é interessante. Se fosse eu, estaria morto nesse momento, porque nunca encaminho corrente 😅. Analisando a trama em si, tenho dois pontos de melhoria a destacar:
1) O texto possui muita gordura, principalmente no início. Muitas informações irrelevantes para a trama. Por exemplo, dizer que o trabalho da mãe incomoda ele afeta a trama de alguma forma? Costuma-se dizer que, num conto, nada deve sobrar, tudo deve servir à trama.
Separei essa frase para analisar esse ponto: “O celular vibrou duas vezes, pegou o aparelho ao lado do travesseiro e esticou o braço deslizando o dedo sobre a tela do tablet para pausar o episódio”. Repare como há informação em excesso: fato do celular vibrar duas vez, qdo bastava dizer q vibrou ou que pegou ao lado do travesseiro e deslizou o dedo pela tela ao invés de simplesmente dizer q desbloqueou, etc. Isso se repete em outros momentos. O narrador não precisa entrar nesses detalhes se eles não são importantes para a trama.
2) Tem uma coisa na resolução que poderia ter ficado melhor: qdo Ítalo está totalmente sem esperanças, o narrador faz um salto no tempo e já nos entrega que ele foi salvo por Ângelo e está no hospital. Só depois que o narrador volta e nos conta o que aconteceu do ponto de vista do namorado. Como é um conto de terror e suspense, seria bem mais interessante acompanharmos a entrada de Ângelo, seu desespero ao ver o amado sangrando, vê-lo orando, sentirmos seu medo, sua desconfiança, antes de saber se ele iria, de fato, conseguir expulsar o fantasma. Percebeu como esse salto, saber do resultado antes de saber como foi, removeu grande parte da tensão?
📝 Técnica (⭐⭐⭐▫▫): é boa, o autor é bastante eficiente em narrar as cenas, mesmo as de ação, e em construir personagens num curto espaço. Anotei, porém, alguns pequenos problemas para ajudar na revisão:
Desesperado *vírgula* levantou-se da cama (sem ela, parece que o nome dele era desesperado)
O computador *vírgula* que estava ligado *vírgula* apagou-se de súbito (sem a vírgula, parece que ele tem mais de um computador e um deles estava ligado)
Diante dele, pairando no ar *vírgula* havia uma garota
*Porém* não seria o caminho mais rápido. *Portanto* (esses dois advérbios tão semelhante não ficam bem qdo tão próximos)
*Se sentiu* (Sentiu-se) dentro de um filme (no português oficial, não e permitido iniciar frases com o pronome oblíquo átono: https://vestibular.uol.com.br/duvidas-de-portugues/te-peguei.htm)
*caiu* em cima do pé dele. Dessa vez ele *caiu* sentado com o impacto (repetição próxima)
Obs.: Um bom site para avaliar se o texto está com muita repetição próxima (o que acaba empobrecendo o texto) é o http://www.repetition-detector.com/?p=online
🎯 Tema (⭐⭐): terror [✔]
💡 Criatividade (⭐⭐▫): usa de elementos comuns do terror, como fantasmas e maldições, mas a questão da corrente e os personagens dão tempero extra.
🎭 Impacto (⭐⭐⭐▫▫): gostei do texto no geral. Acredito que tenha potencial para ser realmente excelente, fazendo alguns ajustes (talvez os apontados aqui, ou talvez outros). Falando especificamente no impacto, a questão da resolução adiantada que eu citei acima foi o que mais afetou. E é talvez o mais fácil de solucionar 😉
Corrente Maldita (Srta. Sombria)
Resumo:
Ítalo é um jovem que passa por um tormento pavoroso que tem início quando repassa uma mensagem no celular, uma corrente daquelas que dizem que se não for repassada, algo de ruim acontecerá. E aconteceu. Ele é atormentado por uma suicida, fica muito ferido e acaba no hospital ao lado do namorado Ângelo, que cuida dele. E com isso Ângelo acaba contando aos pais sobre a sua homossexualidade de maneira abrupta, diferente do que planejara fazer.
Comentário:
É um conto de terror que consegue trazer aflição ao leitor. Confesso que senti falta de um cobertor para cobrir os pés enquanto fazia a leitura. Conto bem escrito, e que, junto com a temática do desafio, extravasa a carga emocional que acomete o indivíduo que tem necessidade de declarar a sua homossexualidade. Percebe-se que existe uma intenção de “falar” sobre o assunto. Isso é bom. Interessante a narrativa vista por este lado. Há uma mescla de ternura. O desfecho é bem meigo, romântico. Acredito que este seja um trabalho de um jovem, ou de uma jovem. A linguagem é bem informal, despojada. Escrita fluente, clara.
Parabéns pelo trabalho, Srta. Sombria!
Boa sorte no desafio!
Abraços…
RESUMO: Numa noite tediosa, Ítalo assiste a uma série e mexe no celular quando é interpelado por algumas daquelas exageradas correntes. No meio da noite, o preço é cobrado e o espírito o persegue implacavelmente, até quase mata-lo, não fosse a chegada de Ângelo, seu namorado, que o salva duas vezes, uma ao chamar a ambulância e outra com uma oração.
COMENTÁRIO: A autora desenrola uma situação típica que geralmente é motivo de piada, mas aqui desenvolvida em uma ocasião aterradora, em que se luta para viver. Para tanto, acredito que a escrita tenha sido eficiente, pois soube nos informar o que o personagem sentia e pensava enquanto também nos passava o que acontecia. Ainda sobre a escrita, devo apontar para o único erro que encontrei, a escrita da palavra “extinto” quando se quis dizer “instinto”. Além disso, para um olhar sobre o estilo, acredito que embora haja bom equilíbrio entre ação, pensamento e sensação, houve necessidade de mais detalhes, especificamente sobre a fantasma. O motivo é que, embora se dite que é interessante “não ver o monstro”, aqui nos é passada uma descrição superficial da fantasma e então, toda interação entre Ítalo e criatura é mediada por essa descrição, que é um tanto genérica, não é impactante e traz à mente a figura comum de “crianças fantasmas” que encontramos em filmes, acrescentada de “algo que devia ser um carro”.
A situação é mesmo desesperadora, mas o artifício usado pela fantasma também não é tão original como também não abre espaço para um embate “interessante”, em que basicamente tivemos o garoto tentando evitar coisas sendo arremessadas contra ele. O jogo muda um pouco e fica mais “empolgante” quando a vemos atirar facas, é verdade, mas ainda assim é uma dinâmica que faz da fuga um pouco monótona, principalmente quando a situação gira em torno do número de contatos que receberam a mensagem e não de um perigo iminente de morte (mesmo com facas envolvidas, não senti esse perigo).
Se tenho criticado a tônica do conto, posso fazer apontamentos também sobre a conclusão, em que o tão citado Ângelo enfim aparece. O final concentra resoluções acertadas o que o faz dele mais marcante do que o desenvolvimento do conto, pois é nele que vemos a fé de Ângelo vir a um efeito real na história, bem como o momento é elevado com a revelação que o rapaz faz para a mãe quanto à sexualidade, reiterando o valor da relação dos dois, constantemente citada ao longo da história e, portanto, responsável por conclui-la.
Boa sorte!
Olá EntreContista,
Tudo bem?
Resumo:
Após receber uma corrente pelo whattsapp, rapaz é assombrado pela entidade que o obriga passá-la adiante. O desfecho se dá com o encontro com a fé.
Meu Ponto de Vista:
Com ótima premissa (o medo que sentimos ao receber uma corrente, ainda que nunca as passemos adiante, todo temos um medinho lá no fundo que a maldição se cumpra), este conto me parece (não entendo nada de terror, então, apenas me parece) inaugurar uma nova categoria dentro do estilo. O terror evangelizador.
Aqui, vemos um rapaz assombrado pela obsessiva corrente, até que, enfim, ele é salvo ao descobrir o mundo espiritual através das mãos de seu namorado. Nada contra religião, ao contrário, só não sei, realmente, se os apreciadores leitores do gênero terror, se agradariam com o desfecho desta trama. Narrativas de terror, quando se insinuam acabar bem, é porque têm algo guardado para o finalzinho, prometendo a volta do maligno (que é, afinal, do que se trata este gênero).
No entanto, posso estar errada. Regras foram feitas para ser quebradas, e, quem sabe um conto de terror terminando bem seja uma grande sacada.
Parabéns por escrever e por ter personalidade para subverter a “ordem”.
Beijos
Paula Giannini
Um adolescente, vivendo as agruras e os medos de contar para a família a sua homossexualidade, começa a sentir medo na noite sozinho em casa. Escuta o barulho do vento na janela do quarto da mãe. Sente dor de barriga e corre para o banheiro. Lá o medo aumenta ainda mais com a visão de uma garota ferida com ferragens de um carro atravessando seu peito. Recebe uma corrente dizendo que se não repassar para vinte pessoas terá a sua vida totalmente atribulada. Pelo sim, pelo não, resolve enviar, mas conta errado e só envia para dezenove pessoas. A maldição então o ataca ferozmente com pratos, travessas, talheres e gavetas voando sobre ele e o ferindo. É levado ao hospital e lá seu namorado o acolhe. E o conto termina com o namorado saindo do armário, ligando para a mãe e lhe dizendo que está com o namorado no hospital. O começo parece promissor. Anima a que se continue a ler a história. Já o fechamento do conto me pareceu fraco. Faltou pegada nele, na minha opinião. Senhorita Sombria, você não quis, definitivamente, ousar. Criou um enredo bem simples, linear e me conta a história a partir dele. Não vi muita criatividade na história. Achei que ela poderia ser mais e melhor trabalhada. Tudo muito reto e mesmo carregado de previsibilidade, no meu modo de ver. Aqui, Miss Sombria, você apresenta problemas. Pareceu-me que, na correria do envio do conto, quem sabe na última hora, você deixou de tomar cuidado com a revisão. Têm alguns erros que chamam muito a atenção: Fariam ela, Esperar ele, Nada a muito tempo, Extintos de Ítalo… Também faz uso de construções frasais que poderiam ser melhor trabalhadas. Em resumo, lhe digo que a sua história merece mais cuidado, mais trabalho da sua parte. Eu senti que ela poderia ser bem melhor do que se apresenta. Meu abraço.
A CORRENTE DO MAL- é a história de Ítalo, que recebe uma mensagem no celular de uma garota que diz ter morrido num acidente de carro e pede para ele mandar a mensagem para mais 20 pessoas, caso não faça, ela irá assombrá-lo. Ítalo manda, mas fica faltando uma pessoa, então, ela passa assombrar o rapaz.
Achei que a escrita é de alguém jovem. A construção de frases não é ruim, mas algumas descrições são simples demais e demonstra a imaturidade do autor, na escrita e também na construção da história. Inclusive o enredo não tem nada de inovador, de original, se parece com muitos filmes de terror, onde espíritos lançam objetos sobre o protagonista. Outra coisa, fraca, é o motivo que leva a garota morta a fazer isso. Apenas por maldade, ou talvez para se divertir, não sei. Seria melhor, mais legal e impactante, se a garota fosse uma ex namorada de Ítalo e quisesse se vingar dele por ter sido abandonada, ou outro motivo, como bullying, etc. Mas, não desista e nem fique desgostosa pelas críticas negativas, você tem potencial para ser uma boa escritora.
Fica a dica. Boa sorte no próximo tema, seja inovadora, arrojada e contundente.
Essas correntes é mesmo um pé no saco! Tenho uma bronca disso!
Parabéns pelo conto.
Olá, Srta. Sombria.
Resumo da história: Ítalo é um jovem gay, que namora secretamente Ângelo. Ítalo é fascinado por séries de suspense e, como todo jovem, está sempre conectado. Um dia, quando sozinho em casa, Ítalo recebe um email com uma corrente, citando que ele teria que passar o email adiante para vinte pessoas. Ítalo se engana e só passa a 19 pessoas e o espírito da moça que teria morrido num acidente de trânsito aparece e começa a atacá-lo. Depois de uma série de ataques, cada qual mais sério, Ítalo finalmente descobre que só passara a corrente a 19 pessoas, e envia um email adicional ao namorado. Enfim, no hospital Ítalo é consolado por Ângelo que, por ser alguém de fé, afasta o espírito com orações e assume a sexualidade com a mãe.
Prós: Escrita limpa, com poucos erros, fora algumas poucas vírgulas faltantes e minúsculas depois de “.”
Contras: na época em que eu tinha conta no Orkut, esse tema de corrente do mal era a coisa mais comum de todas. Logo, o conto perde alguns pontos por conta do tema pouco original. O final é um pouco fraco por insinuar uma lição.
Resumo:
[Terror Corrente de Internet-poltergeist com viés homoafetivo e catolicismo na veia]
Garoto sofre um fenômeno de poltergeist em casa, dá a maior confusão com coisas voando pra todos os lados, o namorado dele aparece, ambos vão ao hospital, a mãe do Ângelo (opa!) descobre que ele é gay e tem um chilique danado, mas isso fica pra depois, e os dois acabam indo parar num grupo jovem da igreja católica porque lá as coisas poderão ficar joinha pra caramba.
Comentários:
Cara Senhorita Sombria,
Um relato circunstanciado da vida de Ítalo, tomado em terceira pessoa, mas, tão pessoal, que transfere ao leitor a ideia de que é o próprio Ítalo quem conta o conto a si mesmo, em voz baixa, vendo-se como outro.
A narrativa segue a forma de um picadinho, catalogando os passos, passo a passo, dos personagens, com frases curtas e poucas vezes recursivas, o que, particularmente, acho um pouco irritante, como se me servissem um texto às colheradas. Esse tipo de abordagem construtiva pode levar a que coisas estranhas possam acontecer, como, por exemplo, na frase “Já estava terminando a segunda temporada e seu estômago roncou.”, quando a opção pelo conectivo não associa duas ideias cognatas.
Tem um tom adolescente, indicando, provavelmente, a idade do protagonista, mostrando-se afortunado quando tece comentários acerca de futilidades. “[…]Angelo era muito mais gato que muita celebridade[…].
Creio que deva haver preocupação redacional quando se lança ao leitor construções que menos elucidam que ajudam na trama, por exemplo: “Respirou aliviado por um momento. Lembrou da teoria de Tiago sobre o motivo de coisas estranhas […]”. Quem é Tiago, que só aparece uma vez no texto e some? Uma ponta solta no conjunto dos personagens. Melhor seria dizer simplesmente que “coisas estranhas acontecem quando se está com medo”, prescindindo da sabedoria do tal Tiago. Seria São Tiago? Desconheço a sabedoria dos santos.
Num conto, creio, que per se é curto – e aqui mais curto ainda -, coisas irrelevantes devem ser eliminadas. Frases como “Após usar o vaso e dar descarga, levantou-se para lavar as mãos.”, não parece ter relevância para tocar a trama adiante e merece ser retirada. Não é algo que se faça diferentemente de qualquer humano – salvo aqueles que não lavam as mãos após usar o vaso sanitário. Manter este trecho no texto é um excesso.
“Que conveniente. Vou morrer de bruços.”. Ótima frase, bem humorada. O problema veio a seguir, quando aponta um desespero. Imaginei algo como “ ‘Que conveniente. Vou morrer de bruços.’, pensou com uma ponta de humor”. Acho que seria mais próprio e interessante.
Uma frase que merece revisão, creio: “Trazia consigo uma aura maligna que deixou os extintos de Ítalo em alerta.”. Acho que o correto seria instintos – ou intestinos, dado que poderia dar um frio na barriga -, e não extintos.
Temos aqui um fenômeno de poltergeist com uma guria esfarrapada pintando o sete e o diabo na casa do Ítalo.
Caro escritor. Uma recomendação, se tenho tal direito. Limpe o seu conto, pois ele tem conceitos demais, defesas de tese demais, abordagens sensíveis demais.
Não leve Ítalo à Igreja nem a grupo jovens, isso é um perigo, salvo se você tem um objetivo qualquer a revelar no conto com essa tal ida, dando corpo literário a essa decisão. Ir até lá como medida de solução para as agonias de Ítalo, tornou seu conto um libelo religioso, o que o fez perder o tônus de pura literatura de terror para ganhar a aparência de uma adesão ao mundo católico.
Pareceu-me que o seu conto, que vinha bem na linha do terror, terminou por ser um manifesto religioso, e sob esse aspecto, acho que a narrativa poderia ter tomado um rumo bastante diferente.
Sim, eu sei, o conto é seu e nada pode mudar isso, mas não creio que a Literatura peça este tipo de abordagem.
Boa sorte no desafio.